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AJUDA NA MANUTENÇÃO DE VIDA

GUIA DE ESTUDO
3º SEMESTRE
CLE 2016-2020

Ana Guerreiro de Almeida| Nº 7731


Conteúdo
1. Conceitos fundamentais aos cuidados de Ajuda na Manutenção da Vida ...............................1
1.1 O cuidado de enfermagem na Ajuda na Manutenção da Vida ...............................................1
1. Conceitos fundamentais aos cuidados de Ajuda na Manutenção da Vida
Antes de iniciarmos o estudo propriamente dito da UC, considera-se fulcral definir alguns
conceitos que são o subsídio da mesma. Entre os quais se destacam os seguintes:

Ajuda na
Manutenção de
Vida

Pessoa
Conceitos Cliente
Intencionalidade
fundamentais Beneficiário de
Cuidados

Enfermagem

1.1 O cuidado de enfermagem na Ajuda na Manutenção da Vida

Antes de nos debruçarmos sobre os cuidados de enfermagem que são, efetivamente, aquilo que
ajuda a manutenção da vida importa definir o vocábulo “enfermagem” e a noção de “ajuda na
manutenção de vida”.

 Enfermagem – o que faz a enfermagem pelas pessoas?

Para Virginia Henderson enfermagem é definida pela sua


função: “a função singular da Enfermagem é assistir [suprir o
que falta complementar] o indivíduo doente ou não [um todo
complexo com 14 NHF concretizados em necessidades
particulares], na realização daquelas atividades que
contribuem para a saúde ou a recuperação (ou para uma
morte tranquila) e que ele realizaria sem auxílio se para tal
tivesse a força, a vontade ou os conhecimentos necessários.
E fazer isto de tal modo que o ajude a adquirir independência [intencionalidade na ação] o mais
rapidamente possível. “ (Henderson, 1994, p. 21).

Para tal, os enfermeiros: “devem prover um serviço de 24 horas por dia que ajude os seres
humanos nas suas atividades diárias essenciais quando lhes falta a força o conhecimento ou a
vontade para as desempenhar sem ajuda, e trabalhar em direção ao desenvolvimento de uma
independência saudável” (Henderson, 2006, p. 31).” Por outras palavras podemos dize que: “A

1
enfermagem assiste a pessoa, que não consegue realizar sozinha as atividades que contribuem
para a saúde ou não consegue satisfazer as suas necessidades humanas particulares.”

Assistir, por definição, consiste em ‘suprir o que falta’ ao outro, sendo complementar… é ajudar
a pessoa à qual falta algum elemento (origem da dificuldade) (Adam, 1994) que a impede de tal
realização por si só. MAS ATENÇÃO: Esta ajuda não é uma substituição do outro, antes um
complemento do outro, como refere VH “(…) considero a enfermagem como um complemento
do paciente, dando-lhe o que necessita quanto ao conhecimento, vontade ou força para levar a
acabo as suas actividades diárias e seguir o tratamento prescrito pelo médico” (Henderson,
1994, p. 31).

Através de um cuidado individualizado e altamente pessoal - conceito que irá ser abordado em
diante.

Porque a enfermagem e o seu cuidado visa ‘suprir, no doente, aquilo que lhe falta para ser
completo, total ou independente’ (Henderson 1969 citada por Adam,1994, p. 40), ou seja, a
enfermagem tem consequências ou resultados desejados para a sua ação – tem intenções
subjacentes aos cuidados, para no fim, o cliente se sentir… melhor, mais
confortável/aliviado/tranquilo… mais satisfeito, entre outros resultados – intenção: satisfação
das NHF1 e a independência ou uma morte tranquila), prever as suas necessidades ou tornar as
suas vidas tão normais e produtivas quão possível, mesmo durante a doença.

SINTETIZANDO…

Enfermeira ... Resultados


... de um Cuidado
•funções, a fim de desejados
Individualizado
alcançar... através...

 Por isso, pode-se afirmar que: o cliente é, então, um elemento central dos cuidados,
sendo este o decisor, o gestor da sua saúde e o agente potencial de mudança. – o
conceito de cliente será abordado pormenorizadamente em seguida.

1
NHF (necessidade humana fundamental) é uma exigência (requirement) mais do que uma carência
(lack). Tem sentido positivo (Adam, 1994: 37); “exigências ou imperativos fundamentais. Cada
necessidade é uma actividade essencial a todo o ser humano, para que seja completo ou íntegro”
(Adam, 1994: 115).

2
 Ajuda na manutenção de vida - o que é o cuidado de ajuda na manutenção de vida?

Segundo Collière (autora que introduziu a noção de ‘cuidados de manutenção da vida’):

“os cuidados quotidianos e habituais ou cuidados de sustento e manutenção da vida: cuidado (care)
representa todos estes cuidados permanentes e quotidianos que não têm outra função para além de
sustentar a vida, reabastecendo-a em energia, seja de natureza alimentar, a necessidade de água, (…),
calor, luz, ou de natureza afetiva, psicossocial, etc., cada um destes aspetos interferindo entre si. (…) estes
cuidados representam o tecido, a textura da vida e asseguram a sua permanência, a sua duração (…)
representam todo esse conjunto de atividades que asseguram a continuidade da vida, como: beber, comer,
evacuar, lavar-se, levantar-se, mexer, deslocar-se, bem como tudo o que contribui para o desenvolvimento
da vida do nosso ser, construindo, mantendo, a imagem do corpo, estimulando as trocas com tudo o que
fundamental à vida, porque fonte de energia vital: a luz, o calor, a relação com as pessoas conhecidas, os
objetos familiares, etc. (…) “são todos os cuidados que a mãe presta ao filho, que somos levados a prestar
a nós próprios, cada dia, à medida que adquirimos autonomia [independência], que outros devem
compensar quando esta autonomia [independência] é limitada, diminuída, ou quando a perdemos.
(Collière, 1999, p. 237- 238).”

A noção de ‘cuidados de manutenção da vida’ está muito próxima da de cuidados de


enfermagem básicos de Henderson, quando afirma que “a enfermeira é a maior autoridade em
cuidados básicos de enfermagem (…) por cuidados básicos [“básico” significa primordial,
essencial, fundamental: sem estes cuidados básicos, por tão fundamentais que são, não há vida
que se mantenha] de enfermagem refiro-me a ajudar os clientes nas seguintes atividades ou
dar-lhes os conhecimentos necessários para que possam levar a cabo sem ajuda: respirar
normalmente, comer e beber adequadamente (…)” (Henderson, 1994: 23), (ou seja, os cuidados
que ajudam a satisfazer as NHF).

“Compensando uma capacidade defeituosa ou de uma incapacidade parcial ou total, temporária


ou definitiva, em um ou vários domínios dados. Esta compensação é indispensável para todas as
actividades que a pessoa, ou família, não pode suprir, ela exige, nesse caso, cuidados de
manutenção da vida”. (Collière, 1999, p. 307).

Mas a situação de doença do cliente pode requerer, adicionalmente, outro tipo de cuidados,
que se dirijam à doença e aos seus efeitos; “esta ajuda pode ser insuficiente e precisar ser
completada por um tratamento, são os cuidados de reparação. O tratamento não ganha sentido
se não actuar em complementaridade com os cuidados de manutenção da vida, e não em
substituição ou em vez deles” (Collière, 1999, p. 307).

Contudo, é importante salientar que: não só os enfermeiros prestam cuidados de ajuda na


manutenção da vida, pois “a ajuda prestada por uma pessoa pode ser da enfermeira, mas
também pode ser de outra, como um membro da família com o apoio da enfermeira” (Collière,
1999, p. 307). Esta perspetiva está em consonância com a conceção de enfermagem de Collière
(1999).

Portanto, pode-se afirmar que os cuidados são de natureza diversa conforme a finalidade dos
mesmos (por outras palavras pode-se dizer que é a finalidade dos cuidados que define a sua
natureza), podendo ser cuidados de:

✓ Estimulação
✓ Confortação
✓ Do parecer

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✓ Compensação
✓ Apaziguamento
✓ Manutenção da vida (sentido estrito) - de sustentação e manutenção das capacidades
adquiridas para fazer face às necessidades da vida quotidiana (…) permitem estar atento
para evitar as perdas das aquisições realizadas (…) assegurando a sua manutenção e o
seu reforço” na criança. Na pessoa idosa, permitem devem manter as capacidades,
discernindo as reais capacidades da pessoa para as aproveitar/usar em proveito da sua
manutenção.

 “Os cuidados quotidianos e habituais ou cuidados de sustento e manutenção


da vida: care, representa todos estes cuidados permanentes [ex.: preciso de
respirar sempre] e quotidianos que não têm outra função para além de
sustentar a vida, reabastecendo-a em energia (…).” (Collière, 1999, p. 237)

> Há, portanto, uma compensação de uma capacidade defeituosa ou de uma


incapacidade parcial ou total, temporária ou definitiva em um ou vários domínios.
> É indispensável para todos as atividades que a pessoa ou família não pode suprir, ela
exige, um cuidador na manutenção da vida.

Por fim, é fulcral salientar e acentuar esta grande distinção:

Cuidados de Manutenção ≠ Cuidados de reparação

•Care •Cure
•Finalidade: manter a vida diária e •Finalidade: reparar aquilo que constituí
quotidiana, isto é, asseguram a um obstáculo ou entrave à vida
continuidade da vida

CONCEÇÕES DE ENFERMAGEM E DE CUIDADOS – CONVERGÊNCIA DE PERSPETIVAS:


VIRGINIA HENDERSON E COLLIÈRE

Existe muita proximidade entre estas duas linhas de pensamento. Para ambas as autoras:

 Existe um tipo de cuidados de enfermagem que é essencial à pessoa humana (cuidados


básicos ou de manutenção da vida) – que são prestados por cada um a si mesmo, quer por
outros, e em certas situações – de falta de capacidade/força vontade/conhecimento –
prestados pela enfermagem. Para ambas as autoras, estes são cuidados dirigidos ao que é
fundamental à prossecução da vida, mesmo na ausência de doença;
 perspetivam a enfermagem como ajuda ou assistência – compensação do que falta ao outro,
complementaridade das capacidades do cliente;
 o cuidado de enfermagem (e não só) ao ser complementar das capacidades (conhecimentos
e vontade) do cliente, deve visar a sua independência, isto quando a independência é
limitada, diminuída, ou quando a perdemos – quando somos imaturos, quando estamos
menos capazes, por exemplo, por doença, desconhecimento ou quando a independência
diminui. Isto representa afinal o traço do desenvolvimento e crescimento humano ao longo
do ciclo de vida.

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1.2 O autocuidado, capacidade e deficiência; independência, parceria e empowerment

Anteriormente enumerou-se conceitos fundamentais sem os definirmos. Vejamos, agora, cada


um deles em detalhe, antes de prosseguirmos:

Autocuidado - “função humana reguladora que os indivíduos têm, deliberadamente, de


desempenhar por si próprios ou que alguém a desempenhe por eles para preservar a vida, a
saúde, o desenvolvimento e o bem-estar” (Taylor, 2004)

 São requisitos universais de autocuidado:


✓ A manutenção de ingestão suficiente de ar, água, comida
✓ Prestação de cuidados associados à eliminação
✓ A preservação do equilíbrio entre atividades e descanso
✓ A preservação do equilíbrio entre solidão e interação social
✓ A prevenção de riscos para a vida, o funcionamento e o bem-estar

A promoção do funcionamento humano nos grupos sociais de acordo com o potencial, as


limitações e o desejo humano (…) (Taylor, 2004, p. 214) A procura de independência na
satisfação das NHF (de Henderson) e o ser agente de autocuidado (Orem) não sendo sinónimos
entre si, contudo, são conceitos próximos, ou que partilham alguns elementos, até porque “o
autocuidado universal envolve a satisfação de necessidades humanas básicas” (Orem, 1983,
p.146) e ambos requerem força/capacidade, vontade/ação deliberada e
conhecimento/aprendizagem.

Capacidade - aptidão de um individuo para executar uma tarefa ou ação. Este constructo visa
indicar o nível máximo provável de funcionalidade que a pessoa pode atingir num dado domínio
num dado momento. (OMS, 2004, p. 17)

Incapacidade - diminuição da estrutura ou função corporal, limitação da atividade e/ou restrição


da participação na sociedade, associada a dano passado ou presente (OMS, 2011, p. 15);
Incapacidade é um termo que inclui deficiências, limitação da atividade ou restrição na
participação. (OMS, 2004, p. 7).

Deficiência - Os problemas (dos indivíduos) são problemas de dependência “isto é, da sua falta
de força, de vontade ou de conhecimento” (Adam, 1994. p. 76).

Independência - “satisfazer sozinho as suas necessidades” ou seja, satisfaze-las sem depender


de ninguém. (Adam, 1994); “a capacidade de realizar algo com os seus próprios meios” (Freitas et
al, 2002). Maior capacidade para realizar funções com a vida diária de viver com independência
na comunidade sem ajuda ou com uma pequena ajuda de outrem. (DGES, 2006: 16: WHO 2002:
13), ou como “a capacidade de realizar algo com os seus próprios meios” (Freitas et al, 2002, p.
11).

Dependência - “falta de força, de vontade ou de conhecimento” (Adam, 1994)  os problemas


dos indivíduos são problemas de independência.
Deficiências são problemas nas funções ou nas estruturas do corpo, tais como, um desvio
importante ou uma perda. (OMS, 2004, p.49).

Parceria - “negociação em que a autonomia da pessoa é respeitada acima de tudo” (Hesbeen,


2000); “A parceria pressupõe um processo de negociação em que a autonomia da pessoa é
respeitada acima de tudo”. Outras definições de parceria seriam possíveis, mas como referiu

5
Gomes (2003, p. 19) “uma noção é comum em todas as definições, é o respeito pela
individualidade e subjetividade do doente enquanto pessoa o que pressupõe uma ação comum
negociada no processo de cuidados “.

Empowerment - para os utentes dos serviços de saúde, empowerment significa os doentes, seus
cuidadores e familiares passarem a ter uma voz na organização, a adotarem uma postura mais
ativa no tratamento, discutindo e fazendo perguntas ao médico, buscando informação credível
e de qualidade, assumindo também a responsabilidade pela própria saúde, além de serem
informados e, eles próprios tomarem decisões durante o período de tratamento. Tornam as
pessoas capazes de exercer a sua autonomia.
Por outras palavras, nas instituições de saúde, a participação do utente passa, basicamente,
pelos seguintes elementos: maior democratização da informação; reconhecimento dos utentes,
por parte dos profissionais, como sujeitos no processo do cuidado com a saúde e não somente
como objeto de práticas e prescrições; consciencialização dos utentes quanto aos seus direitos
e ao seu papel na defesa dos próprios interesses. O sentido de uma estratégia de empowerment
é pôr em causa o papel do utente, enquanto tal, e transformá-lo num codecisor e num
corresponsável pelas decisões e pelos serviços que as instituições proporcionam à comunidade.

 EM SUMA: o empowerment do doente e do cuidador tem estado associado a


melhoria na gestão da doença, na utilização de serviços de saúde, na melhoria
da saúde e da qualidade de vida (Plano Nacional de saúde 2011/16, p. 95).

Autonomia - “lidar com as situações e tomar decisões sobre a vida do dia-a-dia, de acordo com
as próprias regras e preferências” (DGS, 2006) É um principio ético.

1.3 O Cliente, ao longo do ciclo de vida: do cliente pediátrico ao cliente grande idoso

 Pessoa/ cliente/ beneficiário dos


cuidados
O beneficiário de cuidados, quer
para Henderson como para Collière Cuidados
é uma pessoa em qualquer fase do
ciclo de vida (e família) com um
contexto sociocultural, uma idade,
condição saúde-doença, que age de
acordo com as suas crenças de
modo a preservar a independência e Pessoa
Cliente
autonomia. É um ser uno, complexo, (centro dos cuidados)
que visa a independência… que ser individual, único e uno. Um
todo complexo, ser que usa a sua
satisfaz as suas 14 NHF/atividades força, conhecimento e vontade
para conduzir a sua vida quotidiana
diárias essências; recorre à vontade,
ao conhecimento e à força para tal.
De acordo com a OE o cliente é,
também, um sujeito participante
ativo, ou seja, deve ter um papel de
troca ativa com o profissional
durante a prestação de cuidados.
“todos os membros da equipa devem considerar a pessoa (cliente) como figura central e
devem compreender que antes de tudo estão ‘atendendo-o’.

6
“O cliente, alvo de cuidados dos enfermeiros, é o ser humano, pessoa, família [“respeitar a
família como unidade e os seus recursos, partilhar informação, fomentar a sua colaboração e
participação.”] e outros grupos, que têm necessidades e estão em constante interação com o
ambiente e têm a capacidade para se adaptar ao mesmo (Chick & Meleis, 1986). Uma vez que o
cliente é o elemento central dos cuidados, ele apresenta-se como decisor, gestor da sua saúde
e agente potencial de mudança, sendo que a sua saúde se constitui como um recurso para a
vida e não uma finalidade de vida. Porém “face às transições que vive, experiencia um
desequilíbrio ou está em risco de o experienciar” (Meleis, 2007, p. 469).” ESEL (2012).

Se o cliente não entende, aceita e participa no programa elaborado com ele e para ele, o esforço
da equipa médica se desaproveita em grande parte” (Henderson, 1994, p. 22). Por seu lado,
Collière o poder (e direito) de participação nos cuidados é inquestionável. Aliás, ela introduz a
noção de que os cuidados veiculam poder – que reside no cliente – e que esses cuidados devem
assumir-se como um poder libertador, em vez de constituir um poder redutor.

O cliente pode ser desde o recém-nascido (até 28 dias), ao lactente, o cliente em período de
infância (até aos 12 meses), ao toddler (entre os 12 e os 36 meses), à criança em idade pré-
escolar (dos 3 aos 5 anos), escolar (dos 6 aos 12 anos), ao adolescente (dos 11 aos 18/19 anos)
(Whaley & Wong, 1997, p. 613); pode ser um adulto e ainda uma pessoa idosa (dos 65 aos 74
anos), o médio idoso (dos 75 aos 84 anos) ou mesmo o designado grande idoso (com 85 anos
ou mais) (Wold, 2004, p.3).

Como podemos depreender, podendo o cliente apresentar-se num tão variado leque de idades
– o que geralmente corresponde a um padrão de desenvolvimento e crescimento humano
esperado, é esperado que a capacidade para satisfazer por si as NHF seja muito variável, ou seja,
é expectável existirem diferentes graus de dependência/independência face à pouca
maturidade ou à perda de capacidades do cliente, pelo que a curva da maturação e
envelhecimento descreve um trajeto oposto e aproximadamente proporcional à da
dependência de cuidados por terceiros.

Na verdade, ao longo da sua vida, uma pessoa varia na sua capacidade de cuidar/ser cuidada,
numa evolução em que nas idades extremas precisa ser cuidada: “ser cuidado… cuidar-se…
cuidar… (…) este verbo abraça todas as principais passagens da vida, traduzindo a indispensável
necessidade dos cuidados sem que para isso haja doença”.

Um recém-nascido, um lactente necessitam ser cuidados, “para suprir tudo o que o bebé não
sabe fazer ou a criança ainda não consegue fazer, mas ainda mais, para lhe permitir adquirir e
desenvolver as capacidades de fazer o que é indispensável para continuar a viver, crescer,
despertar para o mundo”.

Mais tarde o adolescente passa a ser capaz de cuidar-se, pelo menos em parte, ao assegurar os
cuidados diários indispensáveis à vida.

Quando adulta a pessoa torna-se capaz de cuidar dos outros – das crianças e dos idosos. Nesta
fase alguns adultos optam por cuidar profissionalmente “para suprir temporariamente aquilo
que alguns adultos não podem fazer por si próprios, devido ao seu estado (no fim da gravidez,
durante o parto) ou a perturbações causadas pela idade, doença ou acidente.” (Collière, 2003,
p. 178).

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Mas esta transformação do ser cuidado, cuidar, cuidar-se continua e “com a idade, mas também
em função da forma de viver, do meio social, da pertença de classe, dos recursos económicos,
as capacidades de se cuidar diminuem e há necessidade de recorrer novamente à família, aos
próximos, mas também aos prestadores de cuidados para ser cuidado, ou seja, não só para vigiar
ou manter as capacidades que permanecem, mas também, para tentar diminuir a aceleração
das perdas sensoriomotoras e psicoafectivas, assim como para manter despertas as capacidades
restantes” (Collière, 2003, p. 178).

Atente, agora, no seguinte gráfico de Collière (1999) que ilustra as afirmações anteriores:

Importa, agora, introduzir a noção de fragilidade da pessoa idosa:

“embora o envelhecimento nos acompanhe e molde ao longo da vida, é na sua etapa final de
desenvolvimento que as insidiosas perdas aos níveis biológico, social, psicológico e cognitivo, se
acumulam e potenciam; isto afeta variavelmente cada pessoa, fazendo emergir progressivas
dificuldades de adaptação ao meio, com consequente aumento da vulnerabilidade à doença e à
limitação funcional. Este estado de crescente vulnerabilidade física, cognitiva e psicossocial,
sendo independente de doença, determina a fragilidade da pessoa idosa (Street, 2004)”

Mas nem todos os idosos podem ou devem ser considerados frágeis.

Contudo, os critérios de
fragilidade da pessoa idosa
devem ser atendidos, pois “são Envelhecimento
preditivos de hospitalização
prolongada, de mortalidade,
de perda funcional,
institucionalização e de perda Perdas insidiosas a nível
de função após uma Progressiva dificuldade de biológico, social, psicológico e
adaptação ao meio cognitivo que se acumulam e
hospitalização (DGS, 2006: 15). potenciam…

As capacidades de ser cuidado,


cuidar-se, cuidar vão-se
sobrepondo, isto é, a
… uma vulnerabilidade crescente a
capacidade para cuidar-se ou a nível físico, cognitivo e psicossocial,
determinando, deste modo, a sua
necessidade de ser cuidado O aumento da vulnerabilidade fragilidade; devido a uma
à doença e limitação funcional Hospitalização prolongada levando
não é absoluta ou não atinge a uma perda funcional
consequente, mortalidade e, ainda,
institucionalização.
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todas as necessidades humanas de igual modo ao mesmo tempo. A pessoa pode necessitar de
ser cuidado em alguns aspetos, e ser contudo, capaz de se cuidar noutros. Sugere-se que sejam
analisadas as ilustrações apresentadas por Collière sobre a variação da dependência de cuidados
ao longo do ciclo de vida (Collière, 1999, p. 23) e sobre a evolução da capacidade para ser-
cuidado/cuidar-se/ser-cuidado (Collière, 2003, p. 179).

De notar que o poder e direito do cliente de participação nos cuidados é inquestionável desde
que tenha competência de decisão. Contudo, muitas das vezes tal não se verifica, sendo que
“somos herdeiros de uma sociedade paternalista” e tende-se a adotar esse mesmo modelo nos
cuidados de saúde.

Destarte, uma parceria como processo de negociação em que a autonomia da pessoa é


respeitada acima de tudo, isto é, há, efetivamente, um respeito por a individualidade e
subjetividade do doente enquanto pessoa, é o que se pretende. – atente na definição do conceito
de parceria apresentado anteriormente.

Pode-se, portanto, afirmar, mais uma vez que os cuidados de enfermagem são compostos pelos
mesmos componentes indispensáveis, mas esse devem ser modificados e prestados de
diferentes maneiras de acordo com as necessidades de cada pessoa, isto é, deverá de existir
uma individualização dos cuidados.
Define-se individualização dos cuidados como sendo o grau de personalização do cuidado pela
enfermeira, de acordo com os sentimentos e preferências do cliente e o nível de envolvimento
no cuidado desejado para ele, sendo esta personalização uma forma de sustento das ações de
enfermagem.

 Antecedentes da individualização da intervenção


1. As enfermeiras apreciam e recolhem informação acerca das preferências, necessidades e
perceção do cliente
2. As enfermeiras adequam, individualizam ou fazem à medida o cuidado de enfermagem para
as características e situação do paciente, reações [às] respostas a uma preocupação/
problema de saúde do paciente e as características físicas e sócio ambientais.
3. Os pacientes têm controlo na decisão sobre a sua intervenção de cuidado (…) o paciente
processa, de modo a responder às intervenções antes que o cuidado prossiga.

 Para que o cuidado de enfermagem veicule um poder libertador e seja


individualizado, é necessário que o enfermeiro construa um ambiente e uma
relação baseada no empowerment do cliente, sem o qual não há possibilidade
de agir em parceria.

Individualização dos
Empowerment Parceria
cuidados

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1.4 A intencionalidade dos cuidados e alguns resultados relevantes em enfermagem

A intencionalidade na ação é um indicador da profissionalidade em enfermagem, sendo um


elemento condicionante na ação do enfermeiro. Podemos defini-la da seguinte forma:

 Relação da consciência com o mundo exterior, pela qual os pensamentos são dirigidos
para um objeto intencional (um resultado desejado).
 A imagem mental desse resultado desejado (intenção) remete para a ação subsequente.
Ex.: higiene – ação dirigida para a independência, conforto, higiene, há portanto, uma
intencionalidade na ação/ uma meta a atingir.
 A intencionalidade possibilita dirigir os pensamentos e ação a fins determinados ou a
resultados desejados pelo enfermeiro e pelo cliente → resultados sensíveis aos cuidados
de enfermagem (resultados desejáveis).
 Marca um agir profissional dos enfermeiros.

Quais os resultados/consequências desejados nos cuidados?

✓ Os desejados pela enfermagem Resultados sensíveis aos cuidados de enfermagem →


✓ Os desejados pelo cliente forma como os clientes e as suas condições são
afetadas pelas situações do enfermeiro

No que concerne aos resultados desejáveis existem padrões para avaliar os cuidados de
enfermagem, nomeadamente:

✓ Satisfação do cliente
✓ Promoção de saúde
✓ Prevenção de complicações
✓ Bem-estar no autocuidado Intencionalidade
✓ Readaptação funcional
✓ Organização dos cuidados de enfermagem
Resultado ou
Hoje, o conhecimento em enfermagem permite identificar consequências Pensamento
alguns resultados ou indicadores de resultado em saúde desejados
como relevantes ou mesmo como sensíveis aos cuidados de
enfermagem. Um resultado sensível aos cuidados de
enfermagem é definido como …“como os clientes e as suas Ação
condições, são afetadas pelas suas interações com os
enfermeiros”

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Os resultados sensíveis ao cuidado de enfermagem podem ser classificados em quatro grupos:

1. Funcional 2. Clínico 3. Percetivo 4. Segurança 5. Conforto e


• Funcionamento físico e • Gestão e controlo de • Satisfação com os cuidados • Ausência de incidentes e Desconforto
psíquico e habilidades para sintomas de enfermagem e com os complicações • Associado aos indicadores
o autocuidado resultados de satisfação - conforto
• Associado ao controlo de
sintomas - Desconforto

Quando falamos destes resultados sensíveis estamos a referirmo-nos a:

1. Capacidade para o autocuidado (Funcional)

O autocuidado refere-se ao desempenho de atividades ou comportamentos relacionados com


a saúde; o autocuidado é operacionalizado como o envolvimento atual nas atividades (Sidani,
2011, p. 82). Inclui capacidades cognitivas (conhecimento e habilidades cognitivas), emocionais
(valores, atitudes, motivação…), físicas e comportamentais (habilidades/saber fazer) (Sidani,
2011, p. 82). O enfermeiro desenvolve um cuidado de enfermagem que promova a gradual
recuperação das atividades de autocuidado de modo a que aquando do regresso a
casa/transferência, o cliente tenham feito progressos significativos em direção à independência
funcional” (Doran, 2011, p. 68).

2. Gestão de sintomas (Clínico)

O resultado final da gestão dos sintomas é o controlo de sintomas. O controlo de sintomas


refere-se à resolução de um sintoma presente ou à atenuação do seu nível de severidade e/ou
distresse (Sidani, 2011, p. 131).

3. Satisfação (Percetivo)

Satisfação do cliente pode ser definida como ‘o grau no qual o cuidado de enfermagem vai ao
encontro das suas expectativas em termos de arte do cuidado, qualidade técnica, ambiente
físico, disponibilidade e continuidade do cuidado, e eficácia/resultados do cuidado’ (Mrayan,
2006 citado por Laschinger, Gilbert & Smith, 2011, p. 362). São considerados atributos críticos
para a satisfação do cliente: suporte afetivo, informação sobre saúde, controlo na decisão, e
competências profissionais/técnicas (Wagner & Bear, 2009 citado por Laschinger, Gilbert &
Smith, 2011, p. 363).

Nos Padrões de Qualidade dos Cuidados de Enfermagem (Conselho de Enfermagem, 2001, p.


11-12), são elementos importantes da satisfação dos clientes relacionada com os processos de
prestação de cuidados de enfermagem, entre outros:

 O respeito pelas capacidades, crenças, valores e desejos da natureza individual do cliente;

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 a procura constante da empatia nas interações com o cliente;

 o estabelecimento de parcerias com o cliente no planeamento do processo de cuidados;

 o envolvimento dos conviventes significativos do cliente individual no processo de cuidados;

 o empenho do enfermeiro, tendo em vista minimizar o impacte negativo no cliente, provocado


pelas mudanças de ambiente forçadas pelas necessidades do processo de assistência de saúde.

4. Ausência de incidentes (Segurança)

As ocorrências adversas – “complicações ou prejuízos não esperados que são causados pela
gestão de cuidados de saúde, mais do que pela doença subjacente do cliente, e que conduzem
à morte, incapacidade no momento da alta ou prolongam a estadia hospitalar” (Baker et al., 2004,
p. 1678 citado por White, Hall & Lalonde, 2011, p.240). Os eventos adversos incluem quedas, úlceras por
pressão, erros na terapêutica, infeções nosocomiais [IACS] e erros terapêuticos e mortalidade
(ANA, 1995 citada por White, Hall & Lalonde, 2011, p. 241-2).

5. Conforto e Desconforto

O conforto é definido como “a experiência imediata de ser fortalecido por ter as necessidades
de alívio, tranquilidade e transcendência satisfeitas em quatro contextos (físico, psicoespiritual,
social e ambiental)”.; “ o desejo de ou o défice no alívio/tranquilidade/transcendência, do
paciente ou famílias, nos contextos físico, psicoespiritual, sociocultural e ambiental da
experiência humana”.

Como ficou dito, as consequências desejadas (da enfermagem) são, a curto prazo, a satisfação
das necessidades do utente; a médio e a longo prazo, elas são a recuperação da independência,
através dessa satisfação ou, em determinadas situações, uma morte tranquila” (Adam, 1994: 41).
Diríamos que numa linguagem atualizada: a curto prazo os resultados deverão ser a satisfação
das suas necessidades, demonstrada por, entre outros resultados não designados de “sensíveis
aos cuidados de enfermagem”, o controlo de sintomas, a satisfação e o conforto do cliente,
acompanhada da ausência de incidentes; a médio prazo, pela recuperação da independência na
satisfação daquelas NHF ou, noutro registo, pela capacidade para o autocuidado

 EM SUMA – ideias principais a reter


“A enfermagem assiste a pessoa, que não consegue realizar sozinha as atividades que contribuem
para a saúde, ou seja, a impedem de satisfazer as suas necessidades (humanas particulares). Esta
ajuda não é uma substituição do outro, antes um complemento do cliente, daquilo que lhe falta ou
que necessita: conhecimento, vontade ou força para levar a acabo as suas atividades diárias;
Através de cuidados individualizados, dirigidos àquele cliente específico – que é central nos cuidados
–, que deem resposta às suas necessidades particulares (preferências, necessidades e perceções do
paciente e capacidades), dado que o cuidado é “uma construção específica de cada situação,
elaborada entre quem presta e quem recebe cuidados, a partir dos elementos da situação”. Esta
individualização exige que o enfermeiro considere a voz do seu cliente, quer para saber o que
pretende e como pretende e do que é capaz sozinho, como para avaliar a intervenção em curso ou
realizada. Assim, o enfermeiro cria condições e oportunidades para:

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• Dar ao cliente informação consistente, oportuna e completa, ajudando-o a consciencializar os seus
direitos e a assumir responsabilidade (empowerment);
• Incentivá-lo a participar nas decisões sobre a sua saúde e cuidados, de modo negociado (parceria).
Os cuidados de sustento e manutenção da vida são cuidados quotidianos e habituais (cuidados
básicos de enfermagem) (care) que se destinam a sustentar a vida ou a assegurar a continuidade da
vida, reabastecendo-a em energia, seja de natureza alimentar, a necessidade de água, (…), calor, luz,
ou de natureza afetiva, psicossocial, etc., cada um destes aspetos interferindo entre si, através de
atividades como: beber, comer, evacuar, lavar-se, levantar-se, mexer, deslocar-se… e outras, de
natureza diversa, como comunicar com os outros, distrair-se, aprender…, em que o enfermeiro
assiste, complementa… isto é, ajuda – compensando uma capacidade defeituosa ou de uma
incapacidade parcial ou total, temporária ou definitiva, em um ou vários domínios dados. Dir-se-ia,
afinal, que a ajuda é o assistir, o complementar ou compensar a capacidade que falta… depois de se
perceber qual a capacidade remanescente para proporcionar a maior independência possível, a cada
momento. Mas não só os enfermeiros prestam cuidados de ajuda na manutenção da vida, pois “a
ajuda prestada por uma pessoa pode ser da enfermeira, mas também pode ser de outra, como um
membro da família com o apoio da enfermeira… para a mobilização e desenvolvimento das
capacidades da pessoa, da família, dos que a cercam, visando torná-la competente e capaz
[independente, diria Henderson (2007, p.4)] de utilizar os recursos afetivos, físicos, sociais e
económicos de que dispõe. A capacidade produz assim, “um comportamento observável” (Pereira,
2011, p. 263).
O beneficiário de cuidados é para Henderson e Collière uma pessoa em qualquer fase do ciclo de vida,
em qualquer condição de saúde-doença, pessoa situada num contexto sociocultural e familiar
próprio, que age de acordo com as suas crenças, de modo a preservar a sua independência e
autonomia. O cliente é indissociável da família, em particular quando o cliente primário é uma
criança; contudo, a família de qualquer cliente, e por maioria de razão, da pessoa idosa, deve
beneficiar da filosofia do cuidado centrado na família.
Como podemos depreender, podendo o cliente apresentar-se num tão variado leque de idade – o
que geralmente corresponde a um padrão de desenvolvimento e crescimento humano esperado, é
esperado que a capacidade para satisfazer por si as NHF seja muito variável, isto é, é expectável
existirem diferentes graus de dependência/independência face à pouca maturidade ou à perda de
capacidades do cliente, pelo que a curva da maturação e envelhecimento descreve um trajeto oposto
e aproximadamente proporcional à da dependência de cuidados por terceiros. Ao longo da sua vida,
uma pessoa vareia na sua capacidade de cuidar/ser cuidada, numa evolução em que nas idades
extremas precisa ser cuidada: “ser cuidado… cuidar-se… cuidar… e ser-cuidado.
As capacidades de ser cuidado, cuidar-se, cuidar vão-se sobrepondo, ou seja, a capacidade para
cuidar-se ou a necessidade de ser cuidado não é absoluta ou não atinge todas as necessidades
humanas de igual modo ao mesmo tempo. A pessoa pode necessitar de ser cuidado em alguns
aspetos, e ser contudo, capaz de se cuidar noutros.
O conceito “cliente” sublinha o papel de participante ativo do beneficiário de cuidados no quadro da
relação de cuidados, o papel de troca com o profissional. Este conceito é o adotado pela Ordem dos
Enfermeiros e também nesta UC.
Cabe ao enfermeiro criar uma ambiente de cuidados que veicule um poder libertador, isto é, que
permita aos utilizadores utilizar o poder que lhes resta, mobilizar tudo aquilo que ainda são capazes,
incluindo o desejo e ver com eles o que permite e/ou limita a realização; restitui ou aumenta o poder
de ser, de autonomia e independência reconhece o saber das pessoas tratadas, utiliza esse saber e
permite o seu crescimento; permite aos utilizadores exercerem, eles próprios, um poder terapêutico
sobre os outros; isto não acontece se o cuidado não for individualizado! Se não aconteceu
empowerment e se não for dada oportunidade ao cliente de estar em parceria com o enfermeiro.
A intencionalidade na ação é um indicador da profissionalidade em enfermagem. A enfermeira age
com intencionalidade, ao dirigir os seus pensamentos e ação a fins determinados ou a resultados
desejados.
A intencionalidade possibilita dirigir os pensamentos e ação a fins determinados ou resultados
desejados – isto é marca de um agir profissional do enfermeiro.

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As consequências desejadas (da enfermagem) são, a curto prazo, a satisfação das necessidades do
utente; a médio e a longo prazo, elas são a recuperação da independência, através dessa satisfação
ou, em determinadas situações, uma morte tranquila” ou seja, o objetivo da enfermagem é manter
os pacientes numa situação o mais parecida com a sua própria vida – mantê-los no ‘rio da vida’ – até
onde seja possível segundo o plano terapêutico. Mas, hoje, estão identificados alguns resultados (dos
cuidados) que parecem ser sensíveis ao cuidado de enfermagem, isto é, que demonstram quanto os
clientes e as suas condições são afetadas pelas suas interações com os enfermeiros, nomeadamente:
o autocuidado (a habilidade para), a gestão e controlo de sintomas, a satisfação com os cuidados e
com os resultados e a ausência de incidentes; também o conforto surge como um resultados ora
associado à satisfação, ora ao controlo de sintomas. Conhecer resultados sensíveis aos cuidados,
habilita-nos a procurar intervir com essa intencionalidade, ou seja, dirigir os nossos pensamentos e
ações para tais fins… para:
• favorecer a capacidade para o autocuidado… promover a independência e a autonomia do cliente
• prestar cuidados prevenindo incidentes… seguindo as diretrizes de uma boa prática de
cuidados/rigor técnico-científico
• gerir e controlar sintomas desagradáveis… aliviar o desconforto ou criar condições para que ele seja
mínimo
• contribuir para a satisfação do cliente/família. … com isto, o cliente sentirá que estamos lá por ele
e para ele. Terminamos com Henderson, como começámos, para sublinhar a ideia de que a
independência do cliente é uma consequência desejada do cuidado de enfermagem: “embora a
enfermeira pretenda ajudar o paciente a satisfazer as suas necessidades durante um período de
dependência, também tenta encurtar este período. Antes de fazer qualquer coisa pelo paciente, se
pergunta primeiro se o pode fazer por si mesmo.” (Henderson, 1994, p. 37). Mais, refere a autora e
nós sublinhamos que o enfermeiro só consegue contribuir para resultado se considerar a pessoa do
seu cliente/família e as capacidades destes.”

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CONSOLIDAÇÃO DE CONHECIMENTOS

Resultados de aprendizagem

 Explicar o pensamento de enfermagem de VH e de Collière sobre os cuidados de


enfermagem e o cliente;
 Relacionar o pensamento de enfermagem de VH e de Collière sobre os cuidados de
enfermagem com a ação intencional da enfermagem para a obtenção de resultados
relevantes;
 Definir NHF, NH Específicas, ajuda e cuidados de manutenção da vida, bem como resultados
sensíveis aos cuidados de enfermagem, autocuidado, satisfação com os cuidados, conforto,
controlo de sintomas e ausência de incidentes adversos; independência, capacidade,
deficiência;
 Relacionar a natureza dos cuidados segundo Collière e as etapas do ciclo de vida/transições
de desenvolvimento;
 Mobilizar os conceitos enunciados na descrição e fundamentação da intervenção de
enfermagem na AMV, à pessoa ao longo do ciclo vital

Trabalho autónomo e Bibliografia

Textos de leitura obrigatória

Collière, M-F. (1999). Promover a vida. Da prática das mulheres de virtude aos
cuidados de enfermagem. Lisboa: Lidel, SEP. (Capítulo: Interrogações sobre a
natureza dos cuidados de enfermagem; pp.235-242):

1. Explique o que são os ‘cuidados de manutenção da vida’. (página 5)

2. Explique como este conceito se entrecruza com a conceção de enfermagem de V.


Henderson. (página 6)

3. Sobre resultados dos cuidados de enfermagem:

a. Quais os resultados (consequências) pretendidos para o cuidado de


enfermagem segundo o pensamento de V. Henderson?

b. Dê exemplo de um resultado considerado sensível ao cuidado de enfermagem


e que possa estar relacionado com os cuidados na manutenção da vida;

4. Explique porque é que o cliente idoso pode precisar de cuidados de manutenção da


vida por parte do enfermeiro, com base no pensamento de Collière.

Textos de leitura de aprofundamento

Oliveira, Célia S. & Pereira, Isabel F. (2017). Conceitos fundamentais aos


cuidados de Ajuda na Manutenção da Vida. ESEL (Texto de Apoio à UC Ajuda na
Manutenção da Vida). (Bb).

15
2. Instrumentos básicos de enfermagem
Instrumentos básicos são ferramentas que os
enfermeiros utilizam como forma/ auxílio de
prestação de cuidados. Independentemente do tipo
de suporte que se utiliza as regras são sempre as
mesmas. Esta escrita apresenta objetivos claros.

2.1 A documentação

 Definição
● “Um registo é uma comunicação escrita, legal e definitiva que inclui informações sobre os
cuidados de saúde prestados a um dado cliente (…) é um relato contínuo do estado de
saúde do cliente e pode ser consultado por qualquer elemento da equipa”
 Verba volant, scripta manent – “palavras faladas voam, a escrita permanece”

● (Documentar) escrever é parte integrante do cuidado, facilita a conceptualização do


cuidar e da prática de enfermagem e contribui para o desenvolvimento pessoal e
profissional dos enfermeiros (Soveral, 2007). Por isso:
✓ A documentação é um Instrumento Básico de Enfermagem (IBE)
✓ A escrita envolve um processo e resulta num produto. Na verdade, um enfermeiro
deve de selecionar as palavras para dizer as coisas segundo as regras da
documentação da melhor forma possível.

 Porquê escrever?
Porque documentar a prática de cuidados é muito importante
✓ Para o cliente
✓ Para o enfermeiro
✓ Para a organização
✓ Para a enfermagem (enquanto disciplina do conhecimento, pois a
documentação é algo definitivo que propicia uma fonte de dados, a fim de
mostrar à sociedade a missão e o contributo dos enfermeiros.)
 Os documentos são os nossos pilares!!

 Importância e finalidade da documentação


● Permite o desenvolvimento de uma linguagem comum
● Facilita a comunicação (acesso à informação) entre os membros (cooperação
interdisciplinar) da equipa e de saúde  passagem da informação que por vezes as
palavras durante a passagem do turno não são apreendidas ou entendidas, pois esta por
vezes é apenas um flash; e mais do que isso a responsabilidade dos cuidados! Destarte,
não se perde as informações nem a fidedignidade da mesma.
 É uma partilha de informação, forma de funcionar em toda a equipa.
● Possibilita a planificação (decisão) - contribui para individualizar os cuidados - e a
avaliação dos cuidados de enfermagem
 Os enfermeiros têm intervenções autónomas (onde se identifica a
necessidade, o problema e o que é suposto acontecer de forma autónoma; é
isso que define a enfermagem enquanto curso superior, pois os enfermeiros
não fazem o que os outros lhes mandam) e interdependentes. Logo, a

16
documentação é o que fundamenta e nos ajuda a tomar uma dada decisão,
sendo que são os dados que vão sendo acumulados dia a dia, turno a turno,
tendo consequentemente um filme dos cuidados do doente (ex.: saber se a
pessoa pode ou não estar sentada, se a senhora x pode ou não ir à WC ou se
necessita de cuidados de higiene na cama…)
● Possibilita a continuidade dos cuidados, evitando omissões ou repetições
desnecessárias na prestação de cuidados
 Por exemplo: a administração terapêutica possui uma documentação própria,
sendo face a esse registo que o enfermeiro que se segue a seguir pode decidir
se o medicamento foi administrado ou não!
● Contribui um documento jurídico-legal sobre os cuidados de enfermagem prestados
(responsabilidade profissional – responder pelo documentado e não documentado) →
“o que não está escrito não foi feito”, portanto tem de respeitar as regras
● Proporciona uma apreciação da qualidade e da efetividade dos cuidados prestados
● Fornece dados para cálculo de custos associados aos cuidados e cálculo de dotação
necessária
 Os registos devem de ser um calculo real e não podem ser inflacionados!
● Fornece dados para a formação/desenvolvimento de competências e a investigação em
enfermagem (ex.: frequência de perturbações clínicas, uso de terapias médicas,
complicações pós-operatório…)

 Tipos de registos
● Registo de Admissão
● Apreciação inicial
● Registo de Evolução ou Diário de Enfermagem
✓ Os diários de enfermagem/registos de evolução (notas de evolução) são
registos onde se descrevem e relatam as intervenções interdependentes e
autónomas do enfermeiro, para o qual de dialogar consigo próprio, evocando
as experiências vividas com o utente ao longo do turno e articulando os
conhecimentos previamente adquiridos.
✓ Registos de toda a informação de que o enfermeiro dispõe acerca da pessoa e
da referente a cada turno (interação/situação de cuidados completa) 
experiências vividas pelo cliente, pois o registo deve de dar voz ao cliente
> Que descrevem o estado e a evolução do cliente
> Relatam as experiências vividas com o utente ao longo do turno
> Descrevem os cuidados prestados quer sejam intervenções autónomas
ou interdependentes
> Evolução/ respostas do cliente face às intervenções e acontecimentos
 São registos contínuos (internamentos) ou em continuidade (outros)
● Registo (Carta) de Transferência ou Alta
● Registo de evolução diário de enfermagem

 Princípios da documentação em enfermagem


● Rigor
✓ Ser exata (verídica, fiel)
✓ Ser identificável (autoria e alvo) – o registo é sobre quem e é feito por quem?
✓ Ser correta (termiologia. sintaxe) – tem que ver com as questões formais; frases curtas,
objetivas  escrita clínica. A falta de uma vírgula pode fazer a diferença!

17
✓ Ser datada (dimensão temporal exata), pois esta delimita

● Objetividade (informação inequívoca, percetível, clara)


✓ Ser inequívoca (quantificada; discurso direto)
✓ Ser legível
✓ Ser organizada (com sentido lógico, esta pode ser de diferentes tipos, desde que
seja lógica, limpa quanto possível)

●Relevância – nem tanto nem tão pouco, para que, de facto, se consiga dar
continuidade aos cuidados
✓ Ser concisa (dispensar palavras/ ideias desnecessárias)
✓ Ser abrangente (excessividade/ ser completa)

● Segurança (não ser alterável, ser legalmente válida)

NOTA: os registos podem ser consultados pelos utentes, desde que não exista uma razão
plausível como achar que a informação é prejudicial, é um direito do utente!

 Regras na elaboração de registos em enfermagem


● Tipos de dados

o Dados Observáveis e Não mensuráveis (Comunicar, escutar, relação. Ex: dados


comportamentais)
o Dados observáveis mensuráveis (documentação objetiva examinar, auscultar,
palpar, percutir, testar, medir, pesar, calcular, monitorizar, inspecionar,
supervisionar. Ex: débito urinário)
o Dados não observáveis nem mensuráveis - Ex: Sentimentos

● Linguagem

> Valorativa – não se deve de usar


o Períodos de tempo indefinidos
o Quantidades indefinidas
o Qualidade sem base objetiva

Ex.: “A D. Maria Silva hoje não está nada colaborante”; “


O senhor António Antunes pede medicação para as dores vezes de mais” (juízo de valor);
“O senhor António esteve agitado durante a noite” (informação incompleta)  (…) tentou
saltar da cama, tentou remover a ligadura…
“Sr. Fernando Rocha hoje conseguiu bons resultados no treino da marcha
“O Sr. Pedro Soares está bem-disposto”
“A ferida da D. Albertina Palhão tem mau aspeto”
“O Sr. Gomes urinou pouco durante o turno”
“O Sr. Carlos Lopes está a melhorar” (incompleto) (…) andou de canadianas com
supervisão do enfermeiro, a todo o comprimento do corredor duas vezes durante a manhã

18
> Linguagem Descritiva
o Períodos de tempo mensuráveis (1 vez numa hora)
o Quantidades mensuráveis (ex: 200 ml urina, 500 cc de conteúdo gástrico, 3l de
água)
o Qualidade com base objetiva

o Utilizada na documentação em enfermagem

 usa-se para que qualquer pessoa possa aceder aos dados, pois eu não
interpreto, eu descrevo!
Contudo existe um problema:
Pequena
Nem tudo conseguimos quantificar! Só em casos em que não se pode quantidade
ou não é importante medir objetivamente
Ex.: o sr. Ferreira apresentou sudação intensa, tendo sido necessário Moderada
trocar o pijama ou teve uma dejeção no WC; fazes: moldadas, quantidade
castanhas, cheiro sui generis, em pequena quantidade.
Grande
quantidade

● Siglas

Só as aprovadas pela instituição ou as internacionais (ex: DLD – Decúbito Lateral Direito)

● Verbos

De modo a transmitir com rigor a informação necessária

Mantem
Refere

Tem/
Manifesta
possui
Descrever
dados Descrever
observacionais
dados
subjetivos

Descreve Relata
Evidencia Apresenta

● Tempos verbais – de modo a transmitir objetividade a quem lê, há


efetivamente uma sequencia de tempo
o Passado → se o problema não se mantém aquando da documentação
o Presente → se se mantiver o problema (mantém, evidência, tem, possui,
apresenta, manifesta)
o Ou eventualmente o futuro

19
● As fontes de informação
o Quando os dados não são avaliados ou presenciados pelo enfermeiro

Exemplos:

“O Sr. Carlos Rodrigues referiu sentir formigueiro ma região plantar do pé esquerdo


(sic)”

“Segundo o Dr. Pedro Santos (…)”

“Segundo o processo clínico, a avaliação psiquiátrica revelou (…)”

● Organização
o Sequenciação cefalo-caudal: cabeça, tronco, membros.  sistematização de
todas as situações da pessoa
o Sequenciação cronológica: 12,25h, 12h45,…: 15h05…  Para situações que
exigem vigilância constante ou havendo intercorrências
 Caso contrário pode haver erros de comunicação entre os profissionais
o Sequenciação mista: cabeça, tronco, membros
12,25h, 12h45,…: 15h05…

● Sistema de registo: o formato Focus DAR para a documentação em


enfermagem

O sistema de registo selecionado por um serviço de enfermagem reflete a filosofia desse


mesmo serviço. Existem diferentes formatos de registo de informações em saúde entre os
quais se destacam o Focus DAR.

Em formato de focus centra-se nos aspetos do cliente que é o alvo de atenção do


enfermeiro :

D – Dado(s) objetivo(s) e subjetivo(s)

A – Ações de enfermagem realizadas

R – Resultados alcançados/reação esperada

Exemplo:

“O sr. António Silva referia dores… formigueiro no pé… e chorava” –


Foco: estado neuro circulatório e emocional do cliente

D- Dado(s) objetivo(s) e subjetivo(s)

Dados subjetivos: “sensação de formigueiro” [porque não é um termo técnico coloca-se entre aspas]
e dor no pé direito, tipo compreensão contínua, que exacerba ao andar, EVA 4

Dados objetivos: apresentava-se a chorar e com cianose dos cinco dedos do pé direto, com pele
fria ao toque (…)

20
A – Ações de enfermagem realizadas

Foi avaliado o pulso pedioso, que se encontra presente e refeita a ligadura em espiral conversou
com o cliente (…)

R - Resultados alcançados/reação esperada

“O Sr. António refere ausência de dor (EVA 0), desaparecimento da “sensação de formigueiro”
e diz-se estar bem-disposto. À observação, os cinco dedos do pé direito têm, coloração rosada
e a pele está quente”

ATENÇÃO: Registo das intervenções de enfermagem planeadas mas não realizadas  registo da
sua não execução com a respetiva justificação, SEMPRE!

● Timing da elaboração do registo


o Escrito ao longo do turno circunstancialmente ou escrito no final do período de
cuidados, mas sempre posterior ao cuidado a registar.
o Em caso SOS => Timing da comunicação de evento/ registo. Portanto o R, é sempre feita
no timing necessário.

● Abrangência VS concisão: o que registar sem duplicar


o Registar o que é necessário e suficiente para possibilitar a continuidade dos cuidados
o Evitar repetições desnecessárias (de dados já registados em instrumento acessível/
contíguo ao registo de evolução)
o Quando existe registo do dado noutro instrumento, pode evitar-se repetir por
extenso passando a registar o juízo clínico do enfermeiro – a interpretação feita sobre
o dado
Ex.: registo de sinais vitais: temperatura timpânica 37,2ºC
registo de evolução: sr. X manteve-se apirético

● Operacionalizando os princípios e regras de documentação


o Rigor
> precisão no tempo: 22.09.2015 – 8/16h
> Informação rigorosa e factual
> Nome completo e número de cama (registos não académicos) – ISBAR (forma dos
profissionais pensarem para que o registo seja feito e se for oral seja transmitido
sem falhar nenhum dado)
> Nome e apelido legíveis/ password pessoal e intransmissível; (título profissional;
nº mecanográfico)
> Escrita sempre posterior ao cuidado
> Registo de não execução e justificação de ação planeável, se aplicável (ex.: recusa
de cuidados)
> Escrita gramaticalmente correta

o Objetividade
> Legibilidade – letra legível e cor: preto

21
> Uso de siglas – só as autorizadas pela organização
> Objetivar – (…) refere que ….” (sic- segundo a informação do cliente); coerência
entre fontes e dados
> Organizar – organizador selecionado + lógica factual e argumentativa

o Relevância
> Usar fontes relevantes (ex.: outros utentes)
> Não omitir dados relevantes (continuidade e segurança)
> Evitar repetições sem prejudicar a relevância

o Segurança
> Correção de erros – não apagar/ não usar corretor ou não rasurar. Traçar o erro
(permitindo ler o inutilizado) ou não escrever “sem efeito”, assinar e completar;
não escrever entre as linhas
> Espaços em branco – não! Trancados – texto contínuo
> Responsabilidade – redigir notas de enfermagem apenas dos clientes de quem
se cuidou; nome e apelido legíveis password intransmissível; não ceder acesso
aos dados (processo clínico em papel ou informatizado/ fechar sessão); Respeitar
a privacidade do cliente e a confidencialidade dos dados

22
CONSOLIDAÇÃO DE CONHECIMENTOS

Resultados de aprendizagem

 Definir documentação em enfermagem


 Justificar a importância da documentação em enfermagem e da escrita nos cuidados de
enfermagem
 Explicar os princípios de elaboração dos registos em enfermagem
 Descrever as regras da elaboração de registos: Registos de evolução com vista a assegurar
o cumprimento de princípios da documentação
 Caracterizar o formato FOCUS DAR
 Elaborar registos de evolução com base em situações, respeitando os princípios e regras
de elaboração de documentação
 Identificar incorreções e omissões em registos de evolução de enfermagem

Trabalho autónomo

a) Defina Documentação em Enfermagem.


b) Quais as finalidades da documentação?
c) Explique três dos princípios para a elaboração de registos.
d) Refira que regras contribuem para preservar o princípio ‘segurança’ na elaboração de
documentação. E para promover o rigor?
e) Potter, P. & Perry, A. (2006). Documentação e Registo (cap. 7). – ver exercícios também
f) Análise e identificação de omissões e imprecisões nos registos disponibilizados em Bb.
(exercício para ser discutido na aula TP7, na 3ª semana)

Bibliografia

Textos de leitura obrigatória

Potter, P. & Perry, A. (2006). Documentação e Registo (cap. 7). In Potter P. & Perry, A
(2006). Fundamentos de Enfermagem. Conceitos e Procedimentos, 5ª edição. Loures:
Lusociência, [p. 117-131].

Textos de leitura de aprofundamento

Ferraz, I. (1995). Manifestação das intervenções de cuidar independentes e


interdependentes em Enfermagem. Revista Servir, vol. 43 (5), p. 240-250

De Marinis, MG, Piredda, M., Pascarella, MC, Vincenzi, B, Spiga, F, Tartaglini, D, Alvaro, R &
Matarese, M. (2010). ‘If it is not recorded, it has not been done!’? Consistency between
nursing records and observed nursing care in an Italian hospital. Journal of Clinical Nursing, 19,
1544–1552, doi: 10.1111/j.1365-2702.2009.03012.x. Soveral, M. (2007). Escrita e formação.

O pensamento e a linguagem dos enfermeiros. Tese de Doutoramento em Ciências de


Educação, na vertente Educação e Desenvolvimento. Faculdade de Ciências e Tecnologia,
Universidade Nova de Lisboa, Monte da Caparica

23
2.2 A habilidade instrumental em enfermagem

 Modelo de desempenho de habilidades práticas de enfermagem (Nursing Practical Skill)

● Habilidade prática de enfermagem é um instrumento básico de enfermagem.


“os recursos fundamentais ”

● Considerandos:
1. intervenções que requerem habilidade instrumental constitui uma função nuclear da
profissão (murphy, 2007)

2. o cliente, geralmente, valoriza o conforto físico e as intervenções manuais da enfermeira


 porque eles não conseguem mobilizar-se, expelir as secreções….
Eles esperam isso e medem a forma dos cuidados por isso; é a
forma como colocamos o cuidar na ponta dos nossos dedos que
eles sentem o cuidado. (murphy, 2007)

Bons cuidados

3. as intervenções de enfermagem devem ser seguras, efetivas e respeitando os direitos e a


dignidade do cliente, ou seja, têm que se promotora da individualização e resultados
relevantes para o cliente: satisfação, conforto, gestão de sintomas, independência (…)
 resultados que são vários e que nos importam, porque somos profissionais e temos um
horizonte de objetivos na ação , não apenas o imediato

● A intervenção de enfermagem tem que contribuir para:


✓ A segurança
✓ A efetividade
✓ A demonstração do respeito

● Por isso exige:


> Conhecimentos – científicos, éticos, sobre o cliente
> Valores – valores éticos próprios da profissão
> Habilidade – HABILIDADE PRÁTICA DE ENFERMAGEM
(HPE)

 Habilidade prática de enfermagem (HPE)


● Definição
As habilidades práticas são ações complexas que envolvem habilidade nos movimentos,
intenções de cuidado, conhecimento teórico e prático e deliberação ético moral (valores)

24
No contexto da prática de cuidados de enfermagem…

Em enfermagem não há habilidade


prática sem comunicação, sendo que
Habilidades- dimensões esta encontra-se presente ao nível do
ou características: diferentes componentes A apropriada, correta e harmoniosa
utilização dos gestos, da informação e da
1. Compreensão instrução da combinação de:
Informações – material (ou
disciplinar – compreensão
dados) partilhado, ao cliente,
do cliente como um todo ✓ Substância – é aquilo que é ais
que aumenta o
independente e relevante
conhecimento e a sua
autónomo ✓ Sequência - ordenação, passos,
compreensão face ao seu
sendo que esta não é irrelevante;
2. Intenção – ação estaod e sobre o que vai
importa qual é o momento em que
motora, ajudar o cliente acontecer gerando um
eu digo as coisas; ordem lógica
em necessidades, aumento do conhecimento e
✓ Rigor – exatidão: posso comprimir
contribuir para um a compreensão, pois há:
os passos mas sem rigor =>
resultado; correção/ exatidão
>Controlo cognitivo
se esta não estiver ✓ Fluência – fluidez dos gestos,
presente corremos o risco >Controlo afetivo habilidade; destreza/ fluidez
de nos tornarmos ✓ Comportamento cuidador –
>Ex. da autonomia
máquinas, as coisas que ambiente do cuidado, a forma
são >Capacidade instrumental como nos relacionamos
manuais correm o risco de (Autocuidado) nomeadamente durante o
se tornarem basais procedimento  demonstrar o
Instruções – orientação
3. Eficiência/ desempenho direta, no momento comportamento cuidador, porque
–individualizar sem adequado, sobre o momento por vezes os nossos
prejudicar a segurança; a e como o utente pode procedimentos desconfortam
habilidade prática participar; melhora a  Atmosfera de respeito e cuidado
resulta no real, sentido obtenção de resultados; ✓ Integração – perspetiva “do todo”
prático da maior interiorização da – ser capaz de fazer o anterior
individualização informação por parte do preservando o todo, atitude
cliente; mais participação cuidadora

 É um 25
comando
momentâneo
 Na verdade, “Nada se faz com os olhos fechados”

Ex.: norma do procedimento de aspiração de secreções

Sequência/ substância

Informação,
compromisso de
cuidado

Gestos

Comportamento
cuidador (para poder
fazer a integração

instrução

Integração para
perceber se a pessoa
está bem

Rigor

Informação,
compromisso cuidadoso

26
╞ EM SINTESE:

3 características essenciais
Compreensão disciplinar,
inteção e eficiência

3 componentes
Modelo HPE Gestos, informação e
instruções

6 elementos
Sequencia, rigor, substância,
fluência, comportamento
cuidador, intenção

>controlo cognitivo
>controlo afetivo
>exercício da autonomia Independência
>capacidade (Autocuidado) Individualização
>interiorização da Sentir-se cuidado
informação
> participação
>obtenção de resultados

 A primeira coisa que a pessoa necessita para ser mais independente e autónoma é de
receber informação, dar-lhes instruções no momento certo; a independência é promovida
quando diz que os clientes são pessoas autónomas, outra forma de promover a
independência é fazer o uso da fluência em prol da independência

27
CONSOLIDAÇÃO DE CONHECIMENTOS

Resultados de aprendizagem

 Define Habilidade Prática de Enfermagem


 Caracteriza o modelo de Desempenho de Habilidades Práticas de Enfermagem, de
Bjørk & Kirkevold (2000);
 Explica a função e articulação das dimensões, componentes e elementos/categorias do
modelo;
 Fundamentar a utilização do modelo na prática de cuidados, à luz das características
do mesmo, na promoção da independência do cliente e na promoção da
individualização dos cuidados

Trabalho autónomo:

Após a leitura de BJØRK, I. T. & KIRKEVOLD (2000) e de BJØRK, I. T. (1999)

1. A partir duma norma de Procedimento já trabalhada em aulas TP e PL, faça o exercício


de identificar os elementos do Modelo de desenvolvimento de HPE; que componentes
do modelo estão expressão nessa Norma? Através de que itens?
2. O que entende por “comportamento cuidador”?
3. O que significa o elemento “rigor” no modelo?
4. Explique como é que a HPE, como Bjørk & Kirkevold (2000) a apresenta, permite a
promoção da independência do cliente

Bibliografia

Leitura obrigatória:

Bjørk, I. T. & Kirkevold, M. (2000). From simplicity to complexity: developing a


model of practical skill performance in nursing. Journal of Clinical Nursing. Vol. 9, p.
620-631. (Bb.)

Leitura recomendada:

Bjørk, I. T. (1999). What constitutes a nursing practical skill? Western Journal of


Nursing Research. Vol. 21 (1), p. 51-70.

Research in nursing Skills. Disponivel em http://www.rins.dk/practical-skills.html

The Model. Disponivel em


http://www.rins.dk/uploads/1/5/1/3/15136454/folderengelsk1_1.pdf

28
3. A Intervenção de enfermagem de ajuda na manutenção da vida: a ajuda na
satisfação das NHF ao longo das fases do ciclo de vida
3.1 Ajudar a Evitar os perigos no ambiente e evitar magoar os outros

3.1.1 Conceitos associados, padrão e dimensões da NHF ao longo do ciclo de vida,


capacidades e problemas relevantes

Dimensões Fatores que podem influenciar a sua satisfação


Biofisiológica Limites sensoriais
Imunidade/Inflamação
Infeção/ contaminação
Prevenção da Doença e dos Acidentes
icológica Predisposição para acidentes
Falta de atenção
Ansiedade/medo
Perturbações do pensamento
Sociologica Regulamentação para prevenir os perigos e preservar a saúde do
trabalhador
Medidas de segurança no trabalho
Medidas para prevenção e controlo das doenças
Cultural/ Espiritual Exposição aos perigos em consequência de certas ideologias
Disciplina de vida para manter o equilíbrio físico e mental

 “Faz parte dos cuidados básicos de Enfermagem ajudar os doentes a protegerem-se contra
traumatismos, como as quedas, os perigos físicos (ex.: fogos), perigos químicos (ex.: tóxicos),
de animais e insetos nocivos e de microrganismos patogénicos, sempre presentes no
ambiente. “

 ” As enfermeiras (…) devem compreender e conhecer os métodos de controlo das infeções”.

● A segurança do doente
o é uma componente da qualidade de prestação dos cuidados de saúde que visa
a redução do risco de danos desnecessários e preveníeis.
o assenta na identificação dos riscos, na gestão e prevenção dos incidentes e
eventos adversos, admitindo e aceitando que os mesmos podem ocorrer mas
também são, na maioria dos casos, evitáveis.

● Incidente de segurança do Doente


o é um evento ou circunstância que pdoeria resultar, ou resultou em dano
desnecessário para o doente
● Evento adverso
o É um incidente que resulta em dano para o doente

 A Infeção Associada aos Cuidados de Saúde (IACS) é considerada um


acidente ou evento adverso

Mas afinal o que é uma infeção associada aos cuidados de saúde (IACS)?

29
● Infeção associada aos cuidados de saúde (IACS)
o É uma infeção adquirida pelos doentes em consequência dos cuidados e
procedimentos de saúde prestados e pode, também, afetar os profissionais de
saúde durante o exercício da sua atividade.
o Conceito alargado de infeção associada á prestação de cuidados, onde quer que
estes sejam prestados independentemente do nível de cuidados (agudos,
reabilitação, ambulatório, continuados, domiciliário).

3.1.2 A prevenção e controlo das infeções associadas aos cuidados de saúde.

● Ambiente seguro
o Espaço que nos rodeia e no qual as Pessoas (doentes, visitas e profissionais)
não correm risco de infeção ou outros riscos.
o No contexto das Unidades de saúde refere-se às práticas ou processos de
eliminação, remoção ou destruição da contaminação existente no ambiente e
que pode atingir o hospedeiro suscetível.

NOTA:

● Infeção
o Presença e multiplicação de microrganismos em locais do corpo humano
normalmente estéreis ou de microrganismos que não se encontram
normalmente presentes nos locais do corpo humano com flora própria,
havendo, por parte do hospedeiro, uma resposta clínica e/ou imunitária à
presença desses organismos.
o Relativamente à sua origem esta pode ser:

Endógena Exógena

•Origem na própria flora do doente •Origem numa flora externa ao


por quebra de barreiras naturais, doente
por alteração da virulência da
própria flora ou alterações dos
mecanismos de defesa do próprio
(microrganismos que existem na
pele, nas vias respiratórias
superiores, no trato GI e no trato
gastro-urológico)

30
● Risco de infeção
o Condição ou situação que predispõe à infeção

● Agente infecioso
o Microrganismo capaz de produzir infeção/ doença infeciosa

● Fonte (reservatório) de Agentes Infeciosos


o Reservatório é o local onde o microrganismo se mantém, metaboliza e
multiplica
o Reservatórios possíveis

● Microrganismo
o Organismo vivo com dimensões de micra µ (não visíveis a olho nu)
o São patogénicos os que, em determinadas condições, são capazes de provocar
doenças
o São responsáveis pelas infeções nos seres visos
o Podem ser bactérias (1 a 2 µ), parasitas e fungos, vírus/ priões

Fatores que afetam o risco de transmissão de Cadeia epidemiológica da


microrganismos nas Unidades de saúde infeção

Microrganismo/ agente infeciosos:


> Presença de grande número de microrganismos
(inóculo)
> Mesmo com baixo inóculo, pode causar infeção Agentes Infeciosos
(ex.:
> Alta patogenicidade/ virulência
> Transmissão por via aérea
> Capacidade de sobrevivência no ambiente
> Capacidade de colonizar os dispositivos
médicos
> Capacidade de se manter num hospedeiro
assintomático (portador)

Fontes/ Reservatórios:
> Incontinência de fezes não controlada com os
materiais comuns à incontinência
> Lesões da pele com exsudado ou feridas não Reservatório
contidas pelo material de penso
> Screções respiratórias capiosas, não
controladas
> Inabilidade de adesão às PCI/ PBVT
> Doente em Unidade de Cuidados Intensivos ou
que requer muita manipulação

31
Ambiente
> Limpeza inadequada Porta de saída
> Partilha de equipamentos inadequadamente Reservatório
limpos entre utentes
> Sobrelotação
> Quartos com estruturas comuns a todos os
doentes (ex.: casa de banho, lavatório, chuveiro)
> Under

Suscetibilidade Hospedeiro
> Doente em Unidades de Cuidados Intensivos ou Porta de Entrada
que requer muita manipulação
> Doente submetido a múltiplos dispositivos e
procedimentos invasivos
> Utente com pele não intacta (ou profissional)
> Utente: debilitado com comorbilidades graves e
múltiplas, com idade elevada ou prematuros,
com tratamento antibiótico recente,
imunossuprimidos, com défice de imunidade
> Inadequada formação/ treino ou NÃO adesão
dos profissionais às boas práticas

De acordo com o quadro apresentado anteriormente podemos inferir o seguinte


relativamente aos modos de transmissão:

32
Modos de transmissão

A maior parte dos agentes


Alguns agentes infeciosos podem Outros agentes infeciosos são transmitidos por gotículas (vírus da gripe), outros por via aérea (bactéria da
infeciosos são transmitidos por
Variam de acordo com o agente infecioso ser transmitidos por mais de uma contacto direto ou indireto (vírus, tuberculose), outros por outras vias (água, alimentos, medicamentos, vetores inanimados )
via bactérias)

Vias de Transmissão

Contacto direto Contacto Indireto Contacto Gotículas Via aérea Outras vias

ocorre qd os MO são Tranferência de um MO Disseminação de partículas (<=


Embora a roupa 5 µm) de tamanho respirável, c/
transferidos da pessoa infetada através de um objeto Forma de transmissão
contaminada não tenha sido agentes infeciosos que podem Nem todos os agentes infeciosos são
para outra sem um objeto intermédio contaminado ou por contacto, sendo
implicada diretamente na infetar ao longo do tempo e transmitidos de uma pessoa para
intermédio contaminado ou de uma pessoa (difícil de dos AI transmitidos
transmissão, existe o risco dispersas por correntes de ar, outra
uma outra pessoa determinar qd ocorre) por gotículas
potencial dos fardamentos Implica a percorrendo grandes distâncas,
transferirem agentes respiratórias, geradas
utilização de em extensão e tmb para dentro
infeciosos em caso de tosse,
proteção facial da árvore respiratória)
respiração ou fala ou
(mucosa nasal,
durante a execuação
conjuntiva e
p de procedimentos.
boca) e alguma
Pode ocorrer a
distância de
Ex.: mãos que depois de tocar transmissão de um
segurança (≈ Ex.: Contaminação alimentar,
Ex.: sangue ou fluido corporal num local do corpo de um doente infetado para
1,5m) Mycobacterium contaminação por medicamentos
de um doente direta/ para um doente colonizado ou infetado Ex.: fardamento/ a superfície da
tuberculosis (fluídos intravenosos, alimentação
profissional através do para outra pessoa ou equipamento de proteção mucosa de um
equipamento de cuidados individual (EPI) podem ficar recertor, geral/ a parentérica), contaminação com
contacto c/ a membrana
partilhados sem contaminados com agentes pequenas distâncias. origem em vetores de agentes
mucosa ou uma lesão na pele
descontaminação infeciosos depois dos infeciosos (mosquitos, ratos, moscas,
cuidados baratas...)

33
 Infeção Nosocomial/ Hospitalar/ infeção associada aos cuidados de saúde (IACS)
 Evolução do termo
O termo Infeção nosocomial/ infeção hospitalar é substituído por Infeção
associada aos cuidados de saúde (IACS). Por mudança na administração de
cuidados de saúde: internamentos do doente mais curtos e aumento da
prestação de cuidados no ambulatório,
Este termo (IACS) deve abranger as infeções que ocorrem em pessoas em
qualquer instituição de prestação de cuidados de saúde.

 Fatores que contribuem para a sua frequência


▪ Os doentes internados:
✓ Estão frequentemente imunodeprimidos
✓ São submetidos a procedimentos invasivos
✓ As praticas de prestação de cuidados aos doentes assim como o
ambiente hospitalar podem facilitar a transmissão de
microrganismos entre os doentes
✓ O uso intenso de antimicrobianos promove a resistência a estes
fármacos

 Fatores de risco no hospedeiro


▪ Idade (idades extremas)
▪ Estado imunitário
▪ Doença de base
▪ Desnutrição (ex.: idosos que se alimentam mal)
▪ Intervenções diagnósticas e terapêuticas

 Outras considerações
▪ As IACS:
✓ São a causa major de morbilidade e de mortalidade
✓ Têm uma taxa elevada de ocorrência de IACS evidencia uma má
qualidade na prestação de cuidados de saúde e leva a gastos
evitáveis  é um dos principais indicadores da qualidade da
prestação dos cuidados de saúde.

▪ Consequências (das IACS)


✓ Agravam o prognóstico da doença de base, prolongando os
internamentos, associando mais doenças às que já estavam
presentes e aumentando a mortalidade. Simultaneamente,
aumentam os custos.

▪ Alguns dados do estudo nacional de prevalência de infeção adquirida


no hospital (IH) e do uso de antimicrobianos (AM) nos hospitais
portugueses – inquérito 2012
╚ Local:
✓ Vias respiratórias: 29,3%
✓ Vias urinárias: 21,2%

34
✓ Infeções do local cirúrgico: 18%
✓ Corrente sanguínea: 8,1%

╚ Uso de antimicrobianos (AM) e prevalência


✓ Utilização em 45,4% dos doentes
✓ Maior utilização nas UCI – 24,5%
✓ Taxa de prevalência de infeção adquirida na UCCI (unidade de
cuidados continuados integrados) foi de 8,1%
✓ Predomínio das infeções da pele, tecidos moles e feridas (35,6%),
seguindo-se as infeções das vias respiratórias (25,1%) e infeções
das vias urinárias (24,2%)
✓ Menos utilização nos serviços de Psiquiatria, Obstetrícia (inclui
partos eutócitos) e Ginecologia e Pediatria (inclui neonatologia)

Prevalência de infeção hospitalar

Portugal UE

Homem 12,4% 7,2%

Mulher 5,8% 5,4%

População Global 10,5% 6,1%

▪ Mortalidade associada a IACS VS mortalidade associada a


acidentes de viação
Num estudo realizado em 2014, salvaguardando algum viés
possível, o número de óbitos associados a IACS destaca-se
nitidamente quando comparado com o número de vítimas por
acidente de viação.

 Precauções
 Precauções universais: princípios orientadores
▪ Todas as pessoas são consideradas como potencialmente
infeciosas
▪ Assumir que todo o sangue e outros fluídos corporais podem estar
contaminados com o vírus da Sida (HIV) ou da Hepatite
▪ Assumir que todas as agulhas e outros instrumentos cortantes
usados estão contaminados

35
 Evolução do conceito de precauções básicas no controlo da infeção

 Precauções básicas
▪ É fundamental que em todos os momentos da prestação de
cuidados ao doente, existam ações que atuem simultaneamente
na área:
✓ Da prevenção
✓ Do controlo da transmissão cruzada de organismos
▪ Estas ações são:
✓ Os alicerces do controlo da infeção
✓ São a primeira “barreira de segurança nos cuidados de
saúde”

╚ Precauções básicas de controlo infeção (PBCI)


• Devem ser aplicadas por todos os Profissionais de Saúde
nos cuidados a todos os doentes em todas as situações
(mesmo sem se conhecer o seu diagnóstico!!)
• Ajudam a prevenir e a controlar a transmissão cruzada de
MO, a infeção e a resistência aos AM:
o De um doente para outro doente
o Do doente para o profissional de saúde
o Do profissional de saúde para o doente
o De um profissional de saúde para outro

╚ Precauções baseadas nas vias de transmissão (PBVT)


• Aplicadas em doentes com infeção confirmada ou suspeita
depende da via de transmissão

 As precauções baseadas nas vias de transmissão (PBVT) complementam as


Precauções básicas de controlo infeção (PBCI), mas não as substituem!

36
Precauções
básicas de
controlo de
infeção

PBCI PBVT

Aplicam-se a Aplica -se aos


utentes qd já já
todos os utentes, Vias de
diagnóstico da
qd se prevê patologia infeciosa transmissão
contacto com: ou MO alerta
- sangue (inclui
sangue seco)
- fluídos
corporais,
secreções, Precauções de Precauções de Precauções de via
excreções contacto (PC) gotícula (PG) aérea
- pele não intacta
- membranas
mucosas

Vejamos, agora, quais são as precauções básicas:

1. Colocação dos Doentes


 Doentes que representem um risco acrescido de transmissão cruzada (p. ex.:
sintomas de diarreia) devem se colocados num local que minimize esse risco
 Deve evitar-se as deslocações desnecessárias do doente entre enfermarias ou
entre serviços

2. Higiene das mãos

Ignaz phillip semmelweis – médico obstetra (1818, Hungria – 1865)

Enquanto médico no Vienna General Hospital e após a morte de um amigo em 1847


Patologista Forense, verificou no relatório da autopsia que a situação patológica era
semelhante à das mulheres afetadas por Febre Puerperal. Verificou também que a
maioria dos casos de Febre Puerperal surgia em Mulheres observadas por médicos que,
imediatamente antes, tinham estado a realizar autopsias e que não lavavam as mãos
entre os procedimentos.

Assim, este médico ordenou que os médicos lavassem as mãos com soluções cloretadas
antes de examinarem as mulheres e a taxa de mortalidade por febre puerperal baixou
de 10-35% para 1-2%

 As mãos contaminadas dos Profissionais de saúde são responsáveis pela


transmissão de microrganismos entre doentes e ambiente – infeção cruzada.

37
 De salientar que existem locais com uma maior colonização. Atente na seguinte
imagem:

 Recomendações:

Retirar todos os objetos e adornos Não usar verniz nas unhas nem unhas
Usar unhas curtas e limpas
incluindo anéis, pulseiras e relógios falsas (gel)

As feridas devem ser cobertas com Aplicar regularmente creme


adesivos impermeáveis dermoprotetor nas mãos

 Cinco momentos para a higiene das mãos:


Antes de Após o contacto
Antes do Após risco de
procedimentos Após o contacto com o ambiente
contacto com o exposição a
limpos/ com o doente envolvente do
doente fluídos orgânicos
assépticos doente

Atente na seguinte imagem que ilustra o diagrama apresentado:

38
Vejamos, agora, cada um deste momentos em detalhe e as suas características:

1. Antes do contacto com o doente

Quando • Higienizar as mãos antes de


tocar num Doente, enquanto
se aproxima dele

Porquê • Para proteger o doente de


microrganismos que
transportamos nas mãos

EXEMPLOS

Contacto • Cumprimentar o doente


direto • Ajudar o doente na mobilidade
• Ajudar o doente na higiene

Observação • Avaliar o pulso, a TA, a respiração


clínica • Auscultação pulmonar
• Palpação abdominal

2. Antes de procedimentos limpos ou assépticos

Quando • Antes de qualquer tarefa


envolvendo o contacto
direto ou indireto com
mucosas, pele com soluções
de confinuidade, dispositivos
médicos invasivos (cateter,
sonda) ou equipamentos/

39
produtos dos cuidados de
saúde

Porquê • Para proteger o doente de


microrganismos que
transportamos nas mãos e
dos da sua própria flora

EXEMPLOS

Contacto com • Higiene oral


mucosas • Aspiração de secreções
• Cuidar de lesões da pele
• Cuidar de feridas

Contacto com • Injeção subcutânea


dispositivos • Inserção de cateter
médicos • Aceder ao sistema vascular ou sistemas de drenagem

Equipamentos • Preparação de alimentos, de medicamentos e dispositivos médicos


ou produtos
dos cuidados
de saúde

3. Após risco de exposição a fluidos orgânicos

Quando • Após qualquer


procedimento que
potencialmente envolva a
exposição das mãos a um
fluído orgânico,
independentemente de se
usarem luvas ou não
Porquê • Para proteger o profissional
de saúde e o ambiente da
disseminação de
microrganismos do doente
EXEMPLOS

• Higiene oral
• Aspitação de secreções

40
• Cuidar da pele, feridas
• Injeção subcutânea
• Colher e manipular produtos orgânicos
• Colocação e remoção de tubo endotraqueal
• Limpeza de urina, fezes, vómito, manipulação de resíduos hospitalares e risco
biológico
• Limpeza de áreas ou material (…) contaminados

4. Após o contacto com doente

Quando • Higienizar as mãos


imediatamente após ter
contactado com um doente,
quando deixa o ambiente
envolvente do mesmo

Porquê • Para proteger o profissional


de saúde e o ambiente da
disseminação de
microrganismos do doente

EXEMPLOS

• Cumprimentar o doente
• Ajudar o Doente na mobilidade
• Ajudar o doente na higiene
• Avaliar o pulso, TA, respiração
• Auscultação pulmonar
• Palpação abdominal

5. Após contacto com o ambiente envolvente do doente

Quando • Ocorre quando o profissional


de saúde abandona o
ambiente envolvente do
doente após ter tocado em
equipamento, mobília,
dispositivos médicos,
pertences pessoais ou outras
superfícies inanimadas, sem
ter estado em contacto com
doente

Porquê • Para proteger o profissional


de saúde e o ambiente da

41
disseminação de
microrganismos do doente

EXEMPLOS

• Mudar a roupa da cama


• Ajustar ritmo das perfusões
• Monitorizar alarmes
• Manusear as grades da cama
• Limpar as mesas de apoio ao doente

 Estas preocupações devem estar presentes em TODAS as situações de


prestação de cuidados, exemplo:

3. Etiqueta respiratória
 Conjunto de medidas destinadas a conter as secreções respiratórias de forma a
minimizar a
transmissão
de agentes
infeciosos
por via aérea ou
através de gotículas.
 Consiste em:

42
✓ Cobrir a boca e nariz ao tossir ou espirrar
✓ Utilizar toalhete/ lenço de papel de uso único ou, em alternativa, tossir e
espirrar para o braço e não para as mãos
✓ Colocar, imediatamente, o lenço de papel usado nos recipientes do lixo
✓ Lavar as mãos com água e sabão após
contacto com secreções respiratórias
e objetos contaminados
✓ Evitar tocar nas mucosas dos olhos,
boca ou nariz

4. Utilização de equipamento de proteção


individual (luvas, bata/ avental, máscaras,
protetores oculares e respiradores de
partículas, touca)

 Uma variedade de barreiras, utilizadas


sozinhas ou em conjunto com o objetivo de proteger as mucosas, pele e a roupa
do contacto com agentes infeciosos.
Profissional  Incluem luvas, máscaras, respiradores, óculos, viseiras e aventais ou batas.
Doente
 Deve-se de selecionar o EPI de acordo com a avaliação do risco de transmissão
de microrganismos para o doente e o risco de
contaminação da pele, mucosas e vestuário
dos profissionais pelo sangue, fluídos
corporais, secreções e excreções do doente
 Os utilizadores dos EPI têm que
conhecer e perceber as consequências de uma
exposição sem proteção, a necessidade de se
protegerem, as razões pelas quais um
equipamento é utilizados e as vantagens que
daí advêm.
 Todos os trabalhadores de saúde devem
tornar o seu uso numa prática constante e
apropriada quando realizam atividades/
procedimentos que os coloquem em contacto
direto com o sangue e fluidos corporais dos
doentes. Esse contacto pode produzir-se
durante a manipulação de instrumentos ou de
materiais extraídos para fins diagnósticos,
como é exemplo a realização de
procedimentos invasivos.
 Os EPI reduzem mas não eliminam o risco de transmissão
 Os EPI só são efetivos se usados corretamente e em cada contacto
 O uso de EPI não substitui as medidas básicas de higiene, nomeadamente a
lavagem/ desinfeção das mãos
 Deve ser evitado todo o contacto do EPI com superfícies, roupas ou pessoas

43
 Os EPI utilizados nos doentes devem ser considerados de risco biológico e
eliminados para autoclavagem, incineração ou método alternativo.
 Princípios de utilização:
✓ Manter as mãos afastadas da face
✓ Trabalhar da zona “mais limpa” para a “mais suja”
✓ Limitar as superfícies de toque
✓ Mudar os equipamentos quando danificados ou fortemente
contaminados
✓ Efetuar a higiene das mãos, antes de colocar as luvas e depois de as
retirar
✓ Quando as luvas são usadas em combinação com outros EPI proceder
de forma a não contaminar as zonas e proteger/ protegidas

 Luvas – indicações/ recomendações para o seu uso


 Indicações para o seu uso
A avaliação do risco para decisão sobre o uso adequado e para
seleção do tipo de luvas deve ser efetuada antes do
procedimento a realizar e inclui:
✓ A natureza da tarefa
✓ A probabilidade de contacto com fluidos corporais
✓ A necessidade (ou não) de isolamento de contacto
✓ A necessidade de técnica assética: luvas estéreis/ não
estéreis
✓ Ponderação de alergia ao latex (utente e profissional de
saúde)

As luvas de uso único esterilizadas estão indicadas nas


seguintes situações:
✓ Procedimentos cirúrgicos
✓ Parto vaginal
✓ Exame vaginal em obstetrícia se houver rotura da bolsa
✓ Procedimentos radiológicos invasivos
✓ Colocação de acessos venosos ou cateteres centrais
✓ Drenagem de fluídos corporais (toracentese,
paracentese, drenagem suprapubica, nefrostomias,
outras)
✓ Punção para colheita de fluidos orgânicos (líquido
cefalorraquidiano, líquido sinovial, hemoculturas,
outros)
✓ Punção lombar e abdominal
✓ Preparação de nutrição parentérica
✓ Preparação de fármacos citostáticos

 Recomendações no seu uso


No que concerne à substituição/ mudança/ remoção de luvas,
os profissionais de saúde devem:
✓ Trocar as luvas entre utentes quando danificadas

44
✓ Trocar as luvas entre procedimentos num mesmo
utente, sempre que seja necessário prevenir a
contaminação de uma zona mais suscetível (ex.:
mudança de fralda e posterior manipulação da sonda
gástrica)
✓ Retirar as luvas imediatamente após terminar a tarefa
ou o procedimento para o qual foram usadas. Não
devem ser usadas para escrever ou tocar em qualquer
superfície limpa ou outras pessoas (incluindo o
próprio)
✓ Conjuntamente com outros EPI, as luvas devem ser
removidas em primeiro lugar
✓ Higienizar as mãos imediatamente após retirar e
inutilizar as luvas, uma vez que o uso de luvas não
substitui este procedimento

 Boas práticas na utilização das luvas


✓ Proceder a uma avaliação de risco e, com base nesta,
selecionar um tipo apropriado de luva para a tarefa que
irá realizar
✓ As luvas devem ser adequadas ao procedimento e ao
utilizador de modo a não interferir com a destreza, não
provocar transpiração excessiva, nem provocar fadiga
muscular dos dedos e das mãos
✓ O uso de luvas de punho alto para cobrir o antebraço
pode ser necessário em determinadas situações, em
que a exposição a fluídos corporais ou sangue é
provável (ex.: partos) e deve ser considerado na
avaliação do risco
✓ As luvas devem ter um tamanho que se ajuste ao da
mão do profissional, de modo a não interferir com a
performance e destreza do utilizado.
✓ Efetuar sempre as tarefas na sequencia do mais limpo
para o mais sujo substituindo as luvas e higienizando as
mãos entre casa um deles
✓ Não usar joias durante o uso de luvas, porque estas
danificam a sua integridade, tal como as unhas, que
devem ser mantidas curtas e limpas
✓ Qualquer reação da pele adversa às luvas (Quer do
utente quer do profissional) deve ser reportada ao
serviço de higiene, saúde e segurança no trabalho.
✓ As luvas não devem ser utilizadas por longos períodos
de tempo ou sujeitas a reutilização
✓ Verificar se as luvas têm defeitos e, se for o caso,
substituir de imediato.
✓ As luvas devem ser removidas e as mãos higienizadas
entre cada procedimento, e entre cada utente, e
rejeitadas para o contentor de resíduos adequados ao

45
grau de contaminação (biológico, químico ou
equiparado a urbano)
✓ Quaisquer cortes ou lesões devem ser cobertos por
pensos à prova de água, independentemente da
utilização de luvas
✓ No caso de serem usadas luvas látex, não devem ser
utilizados cremes hidratantes de mãos à base de óleo,
uma vez que não são compatíveis com o látex (devem
ser à base de água).

 Avental de plástico
✓ Devem ser utilizados durante procedimentos que
envolvam contacto direto com o doente
✓ Utilizados para proteção dos uniformes/ fradas quando se
considera provável a contaminação
✓ Substituídos no final do procedimento e entre doentes
(Ex.: entre os cuidados de higiene e a realização de penso
de ferida)

 Máscaras/ respiradores de partículas


✓ Máscara” é um termo que se refere aos equipamentos
utilizados para cobrir a boca e o nariz e inclui tanto as
máscaras cirúrgicas como as máscaras de procedimentos
✓ O uso de máscara está indicada em procedimentos com a
Máscara bico de pato capacidade potencial de produção de salpicos ou de
aerossóis de fluidos orgânicos para a arvore respiratória
✓ As máscaras devem ser bem ajustadas à face cobrindo
totalmente a boca e o nariz
✓ Devem de ser selecionas de acordo com as patologias e o
Máscara com elásticos tipo de eficácia de filtragem necessária de acordo com as
mesmas patologias (gotículas, partículas)
✓ A máscara deve ser removida e substituída: no final do
procedimento, quando a integridade da máscara estiver
comprometida, por exemplo acumulação de humidade ou
contaminação significativa; de acordo com as instruções
Máscara com atilhos
do fabricante

 Máscara cirúrgica
✓ Equipamento destinado a cobrir a boca e o nariz pelo
pessoal da equipa cirúrgica no Bloco operatório
durante procedimentos cirúrgicos e destina-se a
proteger, tanto os doentes como os profissionais, da
contaminação com microrganismos ou fluídos
orgânicos
✓ As máscaras cirúrgicas também são usadas para
proteção do pessoal do contacto com got´iculas
potencialmente infeciosas

46
✓ As máscaras cirúrgicas não protegem da inalação de
pequenas partículas e não devem ser confundidas com
respiradores de partículas (Recomendados para
situações em que o agente infecioso se transmite por
via aérea.

 Respirador
✓ Equipamento de proteção destinado a proteger o
utilizador da inalação de partículas de pequenas
dimensões
✓ Recomendado em casos em que o agente infecioso se
transmite por via área (ex.: mycobacterium
tuberculosis) ou é transitoriamente transportado por
esta via (ex.: aspergillus sp. transportados pelas
partículas de pó, durante a renovação de edifícios).

 Touca/ barrete/ cobertura do pelo


✓ Protege o cabelo do profissional de aerossóis ou
protege o doente em procedimentos invasivos
prolongados da flora existente no cabelo
 Deve:
✓ Estar bem ajustada à cabelo e cobrir todo o cabelo
✓ Ser utilizada nas áreas protegidas (bloco operatório,
zona limpa da central de esterilização e cozinha) e
durante procedimentos asséticos (p.ex.: colocação de
cateter vascular central)
Barrete cirurgico ✓ Ser utilizada durante procedimentos potencialmente
geradores de grande quantidade de aerossóis e
salpicos de fluídos orgânicos (Ex.: sessões de
balneoterapia, partos, autópsias)
✓ Ser substituída/ eliminada entre sessões ou se estiver
contaminada com fluídos orgânicos
Touca universal

5. Descontaminação de equipamento clínico

Classificação de Spaulding
Nível de risco Risco Tipo de descontaminação Exemplos

47
Material crítico ALTO Esterilização (limpeza Implantes
Todo o material que penetra nas prévia) Instrumentos cirúrgicos
cavidades estéreis ou no organismo Agulhas/ cateteres
do doente por rutura das camadas Sistemas de soros
da pele e mucosas Material penso
Material semi-crítico Esterilização (limpeza Lâminas de laringoscópio

INTERMEDIO
Todo material que entra em prévia) Endoscópios
contacto com mucosas ou pele não Ou Arrastadeiras e urinóis
integra Desinfeção de alto nível Loiça
(produtos químicos ou Roupa
calor)
Material não crítico BAIXO Limpeza Braçadeiras
Todo material que entra em Marquesas
contacto com a pele íntegra ou que Mesas de apoio
não entra em contacto com o Chão
doente

6. Controlo ambiental

Florence Nightingale – enfermeira (1820, Florença – 1910)

Dos escritos de Florence o meio ambiente emerge como conceito principal, sendo
considerado como conceito principal, sendo considerado como todas as condições e influências externas
que afetam a vida e o desenvolvimento de um organismo capazes de prevenir «m suprimir ou contribuir
para a doença e a morte. Dedica maior enfase ao ambiente físico dos que aos ambientes psicológico e
social (embora estes aspetos estejam englobados pelo primeiro)

 É necessária uma limpeza de rotina que assegure um ambiente hospitalar visivelmente


limpo, livre de pó e sujidade, arejado e aceitável para doentes, as suas visitas e pessoal
(constituição do pó/ controlo dos sistemas de ventilação
 Deve haver políticas que especifiquem a frequência da limpeza e os produtos de
limpeza utilizados para as paredes, tetos, janelas, camas, cortinas, biombos, objetos,
móveis, casas de banho e retretes e todos os dispositivos médicos utilizáveis
 Os métodos devem ser adequados à probabilidade de contaminação e ao nível de
assepsia requerido
 A limpeza no hospital é obrigatoriamente executada a húmido ou por aspiração com
filtros no ar de saída do aspirador.
 Utilizar álcool a 70%, dado que tem mais água levando à rotura dos
microrganismos, nomeadamente do seu invólucro.

7. Manuseamento seguro da roupa


 Manipular o menos possível
 Não misturar roupa limpa com roupa suja
 Guardar a roupa limpa, protegida de pó, em local limpo e seco
 Proteger a roupa limpa das superfícies sujas
 Não agitar as roupas de forma a evitar a formção de aerossóis de agentes infeciosos
 Evitar o contacto do corpo do profissional com roupas sujas

48
 De preferência, aproximar o carro da roupa seja para junto da unidade do doente
 Fazer triagem ou separação seletiva da roupa de acordo com as condições da roupa
 Lavar as mãos quando se manipula a roupa (antes e depois)

8. Recolha de Resíduos Hospitalares


 “resíduos resultantes de atividades médicas desenvolvidas em unidades de prestação
de cuidados de saúde em atividades de prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação
e investigação, relacionadas com seres humanos ou animais, em farmácias, em
atividades médico-legais, de ensino e em qualquer outras que envolvam procedimentos
invasivos, tais como acupunctura, piercings e tatuagens”

 Constitui objetivo prioritário da política de GESTÃO DE RESÍDUOS evitar e reduzir os


riscos para a saúde humana e para o ambiente, garantindo que a produção, a recolha e
transporte, o armazenamento preliminar e o tratamento de resíduos sejam realizados
recorrendo a processos ou métodos que não sejam suscetíveis de gerar efeitos adversos
sobre o ambiente, nomeadamente poluição da água, do ar, do solo, afetação da fauna
ou da flora, ruído ou odores ou danos em quaisquer locais de interesse e na paisagem.

 Triagem dos resíduos hospitalares


✓ Esta é a fase fulcral para uma correta gestão integrada de RH
✓ Se o processo de triagem for mal executado, comprometerá todos os processos
que se seguem
✓ Uma vez mal triado e depositado incorretamente num saco/ contentor, um RH
não será mais daí retirado para ser recolocado no saco/ contentor correto
✓ O acondicionamento dos resíduos hospitalares deverá ser efetuado de modo a
permitir uma identificação clara da sua origem, do seu grupo e destino.
Atendendo às suas características e perigosidade, o acondicionamento dos
resíduos hospitalares deverá ser efetuado em sacos diferenciados.
✓ Em Portugal, para os resíduos dos grupos I e II é admitida a gestão conjunta com
os resíduos urbanos, sendo exigidos tratamentos específicos para os resíduos
dos Grupos III e IV. Neste contexto, os resíduos do Grupo III podem ser tratados
por incineração ou, em alternativa, descontaminados, seguindo-se a deposição
em aterro para resíduos não perigosos. Relativamente aos resíduos do grupo IV,
é considerado obrigatório o recurso à incineração.

49
Grupo I Grupo II
• Resíduos equiparados a urbanos • Resíduos hospitalares não perigosos
• São aqueles que não apresentam exigências no seu tratamento • São aqueles que não estão sujeitos a tratamento específico, podendo ser

Resíduos não
equiparados a urbanos

perigosos
Resíduos hospitalares

Grupo III Grupo IV

perigosos
Resíduos
• Resíduos hospitalares de risco biológico • Resíduos hospitalares específicos
• São resíduos contaminados ou suspeitos de contaminação suscetíveis de • São resíduos de vários tipos de incineração obrigatória
inceneração ou de outro pré-tratmento eficaz, permitindo posterior eliminação • Citostásticos, produtos químicos, cadáveres de animais, fetos, amputação de
como resíduo urbano membros
• Sangue e seus derivados, seringas, sacos de plasma e de transfusão, sistemas de
soros (exceto os que têm citostásticos - saco vermelho), saco de produtos
orgânicos (com perigo de drenagem), fraldas, produtos provenientes de quartos
de hemodialise, bloco operatório etc.

9. Práticas seguras na preparação e administração de injetáveis


 As principais formas de exposição dos profissionais de saúde são as picadas
acidentais com agulhas contaminadas, ferimentos com outros instrumentos
contaminados, ou através do contacto dos olhos, nariz, boca ou pele com
sangue ou outro líquido biológico.
 Os acidentes com agulhas são os mais comuns
 o sangue e certos líquidos biológicos como esperma, secreções vaginais, líquor,
líquido sinovial, pericárdico, pleural e amniótico, e tecidos orgânicos são
considerados potencialmente infeciosos.
 A saliva, suor, lágrimas, urina, conteúdo gástrico, secreções nasais e brônquicas
e fezes têm um risco desprezível, exceto se contiverem sangue.

50
 O acidente com exposição ao sangue (AES) é uma exposição acidental, que
ocorre por contacto com sangue ou outros produtos biológicos potencialmente
infeciosos provenientes de um doente e da qual poderá resultar uma doença
provocada por agente biológico de transmissão sanguínea
 A vigilância destes acidentes tem como objetivo controlar e prevenir doenças
transmissíveis pelo sangue, como as infeções pelo vírus da Imunodeficiência
(VIH) e pelos vírus das hepatites B (VHB) e C (VHC).

 Prevenção dos acidentes por picada/ corte


 Existem duas formas de exposição:
✓ Por inoculação percutânea, sendo que após uma exposição destas o
risco médio de se infetar com …
… VIH é cerca de 0,3%
… VHC é cerca de 3% (contrariamente ao VIH e ao VHB, este raramente
se transmite através da exposição a membranas mucosas ou a pele não
íntegra)
… VHB é cerca de 30%
✓ Por contacto com mucosas e pele não integra

 A maioria das exposições não resulta em infeção

 Formas de prevenção
✓ Quando vai efetuar um procedimento que envolva agulhas, leve sempre
um contentor de corto perfurantes consigo
✓ Evite interrupções durante o procedimento
✓ Explique o procedimento ao doente de forma a obter a sua colaboração
durante o mesmo e evitar gestos bruscos
✓ Peça a colaboração de outro profissional nos doentes que podem não
cooperar (por ex.: crianças ou pessoas idosas agitadas)
✓ As agulhas não devem ser partidas nem dobradas antes ou após a sua
utilização nem se deve recoloca-las no invólucro protetor
(reembainhar)
✓ Ter atenção que as luvas não previnem os acidentes por exposição ao
sangue mas devem ser usadas luvas para manipular os corto
perfurantes
✓ Cobrir todos os cortes/ feridas/ abrasões com pensos impermeáveis

 Evitar
✓ Locais de trabalho com muita pressão/ stress
✓ Interrupções frequentes e distração durante a execução da técnica
✓ Contentores de cortantes/ perfurantes demasiados cheios

 A entidade patronal deve zelar para:


✓ Melhoria das condições da trabalho, nomeadamente da iluminação
✓ Melhoria da organização do trabalho – por exemplo, mediante a
redução da fadiga (associada, nomeadamente, a turnos longos), que
pode prejudicar os trabalhadores-, e da supressão destinada a garantir
o respeito dos métodos de trabalho

51
✓ Providenciar a imunização contra o vírus da hepatite B

 Como proceder se tiver um acidente com material corto-perfurante – para limitar


o risco de infeção:
✓ Notifique imediatamente o seu superior hierárquico (não espere pelo
fim o turno)
✓ Não aplique pressão para hemóstase mas, pelo contrário, deixe sangrar
livremente (Sem espremer)
✓ Lave o local com água e sabão (sem esfregar)
✓ Identifique o doente envolvido para que possa ser avaliado em termos
de infeção
✓ Dirija-se ao Gabinete de saúde ocupacional/ medico
✓ Siga as indicações em termos de testes analíticos, vacinação ou
medicação para prevenir a infeção
✓ Notifique por escrito o acidente

10. Exposição a agentes microbianos no local de trabalho

 Colocação dos doentes


✓ Entende-se por isolamento o estabelecimento de barreiras físicas de modo a reduzir
a transmissão dos MO de um individuo para outra
✓ O cumprimento das recomendações de isolamento é uma necessidade incontrolável
e insubstituível.
✓ Há dois tipos de isolamento:
Protetor – tal como o nome indica, este
isolamento é estabelecido para proteger das
infeções um indivíduo imunocomprometido
De contenção – quando o que se pretende é a
prevenção da transmissão dos agentes
infeciosos de um indivíduo para os outros
 Isolamento dos doentes
✓ A correta prescrição de qualquer tipo de isolamento pressupõe:
✓ Conhecimento tão precoce quanto possível do agente, da via de
transmissão, do período de contágio (sua evolução natural sob
terapêutica eficaz) período de incubação
✓ O conhecimento das características da doença e dos seus eventuais
contactos: imunização natural/ vacinação; quimioprofilaxia ou
administração profilática de imunoglobulina; imunossupressão,
comportamentos.
✓ O tipo de isolamento aplicável a cada doente deve fazer parte da
prescrição terapêutica e essa informação deve ser fornecida aos
profissionais que prestam serviço normal ou pontualmente na unidade
✓ O isolamento deve ser mantido apenas no período estritamente
necessário. As precauções básicas têm que ser mantidas sempre
✓ As barreiras de proteção disponíveis tais como: máscaras, aventais,
luvas, óculos e outras, devem ser usadas criteriosamente para evitar
falsas seguranças e custos desnecessários. – EPIs

52
✓ É essencial manter entre as camas um espaço mínimo de 1m que
permita a normal prestação de cuidados e evite a transmissão de
gotículas de um doente para o outro
✓ As manipulações dos doentes e as entradas no quarto devem de ser
restringidas ao estritamente necessário
✓ Os doentes devem de ser sempre individualizadas dentro do possível
✓ A circulação dos indivíduos com DST deve efetuar-se de forma
minimizar os riscos
✓ Deve de ser feito o ensino ao doente e ao pessoal que o acompanha e
ser alertado o serviço de departamento que o irá atender, bem como
os equipamentos de segurança a utilizar aquando da visita aos doentes
✓ Áreas de isolamento devem possuir todos os matérias e equipamentos

 Precauções adicionais para vias de transmissão específicas

Categorias de isolamento de contenção


Precauções básicas São aplicadas em todas as situações
● Contacto Quando a transmissão das infeções ocorre através do contacto direto entre a
fonte de infeção e o recetor ou contacto indireto através de objetos
contaminados. Deve-se:
Colocação do doente
- colocar o doente num quarto individual
-colocar na porta placa identificadora do tipo de isolamento
- Se não for possível colocar o doente num quarto individualizado, deve-se
considerar a epidemiologia do MO e a população de doentes
Uso EPI
-calçar as luvas (limpas, não esterilizadas) antes de entrar no quarto ou área de
isolamento
- durante a prestação de cuidados ao doente trocar de luvas após contacto com
PRECAUÇÕES ADICIONAIS

material infetante que possa conter grande concentração de MO (material fecal


ou exsudado de feridas, por exemplo)
- realizar as luvas antes de abandonar a área de isolamento e lavar as mãos
imediatamente usando sabão antisséptico ou descontaminando-as com uma
solução alcoólica com antisséptico
- assegurar-se que não toca em superfícies ou objetos na área do doente
- usar bata (limpa, não esterilizada), quando entrar no quarto, se é previsível que
a farda, roupa contacte substancialmente com o doente, superfícies envolventes
ou objetos ou se o doente está incontinente ou tem diarreia, íleo ou colostomia,
ou exsudado de feria não contido em penso
- retirar a bata antes de abandonar o ambiente do doente assegurando-se que a
sua roupa não contacta com superfícies ou objetos potencialmente
contaminados
- proceder à higiene das mãos
Limpeza rotina
- com água e detergente, sendo a última sala a ser limpa e os equipamentos
utilizados descontaminados a seguir. Os equipamentos, idealmente de uso
exclusivo para o isolamento, devem ser lavados preferencialmente em máquina
com ciclo de desinfeção pelo calor. Não sendo possível, lavar e deinfetar com
solução de 1% de cloro livre, logo após a sua utilização
Limpeza terminal

53
- com água e detergente
- superfícies descontaminadas com solução de 1% de cloro livre (Deve ser dada
especial atenção aos manípulos da porta e janelas)
- paredes descontaminadas até 2/3 da altura
- deixar atuar o desinfetante durante cerca de 10min e passar depois com água
limpa
- o quarto deve manter-se encerrado, se possível com porta fechada e janela
aberta durante 24h
Educação visitas e doente
- sensibilização para o usar as medidas de proteção
- ressalvar a importância da higiene das mãos com solução antisséptica de base
alcoólica ou com sabão contendo antisséptico
- não partilhar objetos pessoais, revistas, outros
- manter a porta fechada
- não visitar outros doentes ou serviços depois de ter visitado esse, em
isolamento
● Gotículas Quando a transmissão se faz através de gotículas respiratórias expelidas a curta
distância (<1m) pela tosse, espirro, fala e procedimentos como aspiração de
secreções, broncoscopia e cinesioterapia respiratória. Não permanecem
suspensas no ar. Deve-se:
Colocação do doente
- colocar o doente num quarto individual
-colocar na porta placa identificadora do tipo de isolamento
- Se não for possível colocar o doente num quarto individualizado, o doente deve
de ser colocado num quarto com outros doentes que tenham infeção ativa com
o mesmo MO, mas nenhuma outra infeção. Se também não for possível deve-se
de manter separação de pelo menos 1m, entre o doente e outros doentes e
visitas (uso de cortinas separadoras)
Uso EPI
- além do uso de máscara recomendado nas precauções básicas, deve ser
utilizada masca com viseira, óculos pata a proteção das membranas mucosas dos
olhos, nariz e boca durante procedimentos potencialmente geradorss de salpicos
de sangue, fluídos coirporais, secreções ou excreções o quando se prestam
cuidados a uma distância de 1m ou menos (por vezes questões logísticas
recomenda-se a utilização de máscara de entrar no quarto)
Transporte doentes
- o acompanhamento e transporte de doentes para fora do quarto deve
restringir-se ao essencial. Se for necessário deve-se avaliar a dispersão de
gotículas colocando uma máscara ao doente se for possível.
● Via aérea Quando a transmissão se faz por pequenas partículas (<= 5µm) que permanecem
suspensas no ar durante períodos longos e podem ser disseminadas à distância
através de correntes de ar. Deve-se de:
 Colocação do doente num quarto individual com:
- pressão negativa, relativamente às áreas contiguas, controlada;
- 6 a 12 renovações de ar p/ hora e
> Aerossois - exaustão para o exterior, afastada das entradas de ar, ou
- filtração de alta eficiência (filtros HEPA) do ar do quarto antes da sua circulação
p/ outras áreas
- colocar na porta placa identificadora do tipo de isolamento
- manter a porta do quarto fechada e o doente no quarto

54
 Se não for possível colocar o doente num quarto individualizado, deve ser
colocado num quarto c/ outros doentes que tenham infeção ativa com o
mesmo MO, mas s/ outra infeção a não ser que haja outra recomendação
Uso EPI
- usar proteção respiratória (respirador de partículas com o mínimo de 95% de
capacidade de filtragem P2 ou P3), sempre que entrar no quarto de isolamento
- nos casos de suspeita ou confirmação de tuberculose por mycobacterium
tuberculosis multirresistente, os respiradores a utilizar devem de ser P3
- se o doente tiver diagnóstico ou suspeita de rubéola ou varicela os profissionais
suscetíveis não devem entrar no quarto ou se o fizerem devem usar um
respirador de partículas como o atrás referido. Nessas situações as pessoas
imunes não necessitam de usar proteção respiratória.
Transporte do doente
- o movimento e o transporte de doentes para fora do quarto deve restringir-se
ao essencial. Se necessário deve minimizar-se a possibilidade de dispersão de
partículas colocando uma máscara cirúrgica ao doente, se tal for possível
- deve informar-se o local de destino do doente, assim como o profissional que o
acompanha, acerca da situação e medidas de proteção
 Resíduos
- resíduos do grupo III colocados juntos ao doente e o material cortoperfurante
em contentor apropriado
Limpeza
- com água e detergente, sendo a última sala a ser limpa e os equipamentos
utilizados descontaminados a seguir. Os equipamentos, idealmente de uso
exclusivo para o isolamento, devem ser lavados preferencialmente em máquina
com ciclo de desinfeção pelo calor. Não sendo possível, lavar e deinfetar com
solução de 1% de cloro livre, logo após a sua utilização
Limpeza terminal
- com água e detergente
- superfícies descontaminadas com solução de 1% de cloro livre (Deve ser dada
especial atenção aos manípulos da porta e janelas)
- paredes descontaminadas até 2/3 da altura
- deixar atuar o desinfetante durante cerca de 10min e passar depois com água
limpa
- o quarto deve manter-se encerrado, se possível com porta fechada e janela
aberta durante 24h
Educação das visitas
- lavar as mãos ao entrar e sair do quarto
-colocar máscara antes de entrar no quarto
- abrir a porta o mínimo de vezes possível
- restringir o número de visitas
Educação do doente
- utilizar lenços de papel para expetorar e tapar a boca quando tosse ou espirra
- colocar máscara quando sai do quarto
- higienizar as mãos após tossir, espirrar, assoar-se
NOTA:Um microrganismo pode ter mais do que uma via de transmissão, requerendo mais do que um tipo
de isolamento

Exemplos de situações em que se deve utilizar os diferentes tipos de isolamento

55
Tipo de isolamento Situações
Aerossois Tuberculose pulmonar, laríngea ou brônquica
(via aérea) Na situação específica da suspeita ou diagnóstico confirmado de tuberculose pulmonar,
sem informação de terapêutica efetiva no período de 14 dias anterior à admissão
Varicela, Sarampo
Herpes zoster disseminado ou localizado em doentes imunodeprimidos
Gotículas Meningite, pneumonia, epiglotidite, e sepsis por haemophilis influenze tipo b
Meningite, pneumoniae sepsis por neisseria meningitidis
Outras infeções respiratórias bacterianas importantes:
- mycoplasma pneumonia
- tosse convulsa (B. pertussis)
- faringite, oneumnia, escarlatina por estreptococo do grupo A
- infeções virais onde esta via de transmissão é importante
- Adenovirus
- gripe
- rubéola etc.

Contacto ● Infeções ou colonizações das vias respiratórias pele ou feridas, aparelho GI com
bactérias multirresistentes, indicadas pelo programa de controlo da infeção como
tendo especial significado clínico ou epidemiológico
● Infeções entéricas com dose infeciosa baixa ou sobrevivência prolongada no
ambiente incluindo:
- Clostridium difficile
- Escheruchia coli/ rotavírus/ Shigella/ vírus da hepatite A/ rotavírus em doentes
incontinentes ou com fraldas
- vírus respiratório sincicial, vírus parainfluenza ou enfeções por enterovirus em
crianças
● Infeções da pele altamente contagiosas incluindo:
- difteria (cutânea)
- herpes simples (neonatal ou mucocutâneo)
- impetigo
- celulite, abcesso, úlcera de decúbito extensa ou outras feridas com exsudado não
contido
- pediculose (piolhos)
- escabiose (Sarna)
- Furunculose estafilocócica em crianças
- Zoster disseminado ou em doentes imunocomprometidos
- conjuntivite hemorrágica viral
● Infeções virais hemorrágicas (ébola, Marburgo- febre hemorrágica, lassa)

 As precauções dependentes das vias de transmissão são um componente e


não substituem as precauções básicas

56
CONSOLIDAÇÃO DE CONHECIMENTOS

Resultados de aprendizagem

 Define termos associados à prevenção de acidentes e ao controlo e prevenção da infeção


 Descreve as Precauções Básicas de Controlo da Infeção (PBCI)
 Seleciona os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) de acordo com a avaliação do risco
de transmissão de microrganismos para o cliente e o risco de contaminação do profissional
de saúde
 Executa a técnica da higiene das mãos, de colocar e retirar luvas limpas, máscara e avental
assim como colocar e retirar luvas esterilizadas e manuseamento de material esterilizado
 Identifica as Precauções Básicas de Controlo da Infeção (PBCI) e as Precauções Baseadas nas
Vias de Transmissão (PBVT): contacto, aérea e gotículas
 Enumera as atribuições das comissões de controlo de infeções
 Descreve a importância da vigilância epidemiológica como estratégia para prevenção e
controlo das IACS
 Conhece os objetivos do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência
aos Antimicrobianos assim como as estratégias específicas de intervenção.
Trabalho autónomo

a) Enumerar as medidas de intervenção das Comissões de Controlo de Infeção


b) Definir Vigilância Epidemiológica
c) Conhecer os objetivos do Programa de Prevenção e Controlo da Infeção e Resistência
aos Antimicrobianos assim como as estratégias específicas de intervenção.
Teste formativo

1- Defina Infeção Associada aos Cuidados de Saúde (IACS)


2 - Distinga a via de transmissão por contacto direto da por contacto indireto
3 - Distinga Precauções Básicas do Controlo da Infeção e as Precauções Baseadas nas Vias de
Transmissão ( contato, aérea e gotículas)
4 - São 3 as técnicas de higiene das mãos. Descreva cada uma delas.
5 - Distinga os vários métodos de descontaminação
6 - Quais os momentos em que deve proceder à higienização das mãos?
7 - Indique 3 situações em que deve utilizar luvas limpas e outras 3 para o uso de luvas
esterilizadas
8 - Refira 3 princípios a respeitar na manipulação da roupa utilizados durante os cuidados de
saúde.
9 - Os resíduos hospitalares são objeto de tratamento apropriado e diferenciado consoante os
grupos a que pertencem.
a) Quais os resíduos a que corresponde cada grupo?
b) Qual o tipo de acondicionamento que deve ter os resíduos de cada grupo?
10 - Na prestação de cuidados de saúde, um dos maiores riscos de exposição a sangue advém
da utilização de instrumentos cortantes e perfurantes. Indique 2 cuidados a ter na manipulação
de agulhas.

57
11 - De acordo com a classificação de Spaulding, refira 3 dispositivos de alto risco de infeção
12 - Que precauções adoptaria na abordagem dum doente com risco de transmissão por via
aérea

Bibliografia

Textos de leitura obrigatória

Circular Normativa nº 18/DSQC/DSC de 15 de outubro (2007). Comissão de


controlo da infeção. Lisboa: Direção Geral de Saúde
Circular Normativa nº 13/DQS/DSD de 14 de junho (2010). Orientação de Boa
Prática para a Higiene das Mãos nas Unidades de Saúde. Lisboa: Direção Geral de
Saúde
Despacho n.º 242/96 de 13 de agosto. Diário da República nº 187/96- II série. Ministério da
Saúde. Lisboa – classifica os RH em 4 grupos e define os princípios para a sua gestão.
Direção Geral da Saúde (2007). Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Infeção
Associada aos Cuidados de Saúde (p. 4-9) (em linha). Direção Geral da Saúde (DGS) Web site.
Acedido em 1 de agosto de 2014 em http://www.dgs.pt/directrizes-dadgs.aspx?v=b5ef3dfe-
6f5f-4ce3-8e86-fabad33830bf
Direção Geral da Saúde (2007). Prevenção de Infeções Adquiridas no Hospital. Um Guia Prático
(p. 7- 9; 11; 52-55; 66-69) (em linha). Direção Geral da Saúde (DGS) Web site. Acedido em 14
de setembro de 2015 em
https://www.dgs.pt/ms/3/pagina.aspx?codigoms=5514&back=1&codigono=00140018A
Direção Geral da Saúde (2015) microsite do. Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e
de Resistência aos Antimicrobianos (em linha). Direção Geral da Saúde (DGS) Web site.
Acedido em 14 de Setembro de 2015 em https://www.dgs.pt/programa-deprevencao-e-
controlo-de-infecoes-e-de-resistencia-aos-antimicrobianos.aspx
Materiais técnicos e promocionais;
-Poster – cadeia epidemiológica
Poster A3 PBCI-PBVT
Algoritmos PBCI-PBVT
PPCIRA-Poster PBCI-2015 Poster iniciar e terminar as PBVT
Norma nº 029/2012 de 28 de dezembro (2012). Precauções básicas do controlo da infeção
(atualizada em 31/10/2013). Lisboa: Direção Geral de Saúde
Norma nº 013/2014 de 25 de agosto (2014). Uso e gestão de luvas nas Unidades de saúde
(actualizada em 7/8/2015). Lisboa: Direção Geral de Saúde
Potter, P. A. & Perry, A.G,(2006). Fundamentos de Enfermagem. Conceitos e procedimentos.
5ª edição. Loures : Lusociência (cap.10- Controlo de Infeção, p. 178, 185-198).
World Health Organization (2009). WHO Guidelines on hand hygiene in health care. First global
patient safety chalenge clean care is safer care (pg. 140)(em linha). World Health Organization
(WHO) Web site. Acedido a 14 de Setembro de 2015, em
http://whqlibdoc.who.int/publications/2009/9789241597906_eng.pdf

58
Textos de leitura de aprofundamento

Associação dos Enfermeiros de Sala de Operações Portuguesas (2013). Práticas


recomendadas para o Bloco Operatório. 3ª edição. Lisboa: Associação dos Enfermeiros de Sala
de Operações Portuguesas. (pg. 31-39).
Direção Geral da Saúde (2013). Prevalência de Infeção adquirida no Hospital e do uso de
antimicrobianos nos Hospitais Portugueses. Inquérito 2012 (p.4) (em linha). Direção Geral da
Saúde (DGS) Web site. Acedido em 1de agosto de 2014, em
http://www.dgs.pt/upload/membro.id/ficheiros/i019020.pdf

Outros textos

Decreto-Lei nº 84/97 de 16 de abril. Diário da República nº 89/97-I Série A.


Ministério para a qualificação e o emprego. Lisboa. Direção Geral da Saúde (2007).
Recomendações para controlo do ambiente – Princípios básicos (p.2 e 3) (em linha).
Direção Geral da Saúde (DGS) Web site. Acedido em 1 de agosto de 2014, em
http://www.umcci.minsaude.pt/SiteCollectionDocuments/AmbientePrincipiosBasicos.pdf
Direção Geral da Saúde (s/d). Sistema Nacional de Notificação de Incidentes e de Eventos
Adversos- Questões e respostas orientadas aos Cidadãos (em linha). Direção Geral da Saúde
(DGS) Web site. Acedido em 1 de agosto de 2014, em www.dgs.pt/ficheiros-deupload-3/snniea-
guia-cidadaos-pdf.aspx
Friedman, C.; Newson, W. (Ed) (2007) - Basic Concepts of Infection Control. International
Federation of Infection Control, N. Ireland, UK (Cap. 9 - Isolation Precautions; cap.10 - Cleaning,
Disinfection and Sterilisation).
Norma nº 017/2012 de 19 dezembro (2012). Taxonomia para notificação de incidentes e eventos
adversos. Lisboa: Direção Geral de Saúde Pina, E. et al (2010) - Infecões associadas aos cuidados
de saúde e segurança do doente. Rev Port Saúde Pública, Vol Temat (19); 27-39.
Recomendação do Conselho EU nº 2009/C 151//01 de 9 junho de 2009. Jornal oficial da EU.
Web site. Acedido em 1 agosto de 2014, em
http://ec.europa.eu/health/patient_safety/docs/council_2009_ro.pdf
Siegel, J. et al,.(2007). Guideline for Isolation Precautions: Preventing Transmission of Infectious
Agents in Healthcare Settings. Centers for Disease Control and Prevention – Healthcare Infection
Control Practices Advisory Committee (p.14-20; 47-62; 66-73). Acedido em 20 maio de 2013.
Disponível em http://www.cdc.gov/hicpac/pdf/isolation/Isolation2007.pdf

59
3.1.3 A promoção de um ambiente seguro e prevenção dos acidentes ao longo do ciclo de
vida

3.1.3.1 A promoção da adaptação do RN ao meio extrauterino

 Enquadramento de enfermagem

Tudo o que rodeia o nascimento, o parto e o trabalhado de parte condiciona o indivíduo para o
resto da vida.

● Cuidar: a primeira arte de vida (Collière, 2003)


 Quando a vida surge os cuidados existem, já que é necessário tomar conta
da vida para que esta continue e permaneça; os cuidados surgiram face à
necessidade de manter, de desenvolver a vida
● Nascimento do bebé
o Cuidados de estimulação
o Cuidados de manutenção  Ajuda na Manutenção de vida
 Pretende-se que haja um parto absolutamente natural, sem que haja
interferência. Ex.: não cortar o períneo.  o que é natural é mais fácil e
fisiológico.

Cuidar a primeira
arte de vida

O nascimento do
bebé

Ajudar Cuidados prestados


Cuidados prestados pelos enfermeiros
pela mãe, pais, Orientar
(intencionalidade
família terapêutica)
Ensinar

Capacitar

Coparticipantes no processo de cuidados

60
O momento do parto é um momento íntimo que requer um envolvimento favorecedor
da confiança, bem estar e relaxamento da mulher

Exige o direito à dignidade, à intimidade e à confidencialidade que merecem todos os


cidadãos.

Ambiente silencioso, pouca luz, portas fechadas, intimidade e controlo térmico do RN,
com o número mínimo necessário de profissionais e um acompanhante significativo
para a mãe.

 Ambiente seguro
● É desejável que bebés saudáveis e vigorosos se mantenham sobre o abdómen e tórax
materno pelo menos durante 60s sem nenhuma interrupção, se o estado da mãe e do
bebé assim o permitirem e a mãe o deseja
● Esse contacto poderá ser prolongado até 120s
● Estes bebés não precisam de nenhuma reanimação e a fonte de calor é a própria mãe
● Este procedimento deve ser oferecido a todas as mães, incluindo as que tenham decidido
não amamentar
● Contacto com a mãe/ pai desde o nascimento
o Habitat mamíferos

Corpo da mãe

Maior freq e duração Evidência Efeito benefico na


do aleitamento científica vinculação
Diminuição do tempo Estabilidade
de choro cardiorrespiratória

> Menor dor e ingurgitamento mamário materno


> Menor ansiedade materna

Nota: estudos provavam que os bebés encontram no máximo em 56min a mama da mãe.
Favorecer o contacto pele a pele com a mãe terá melhores resultados ao nível da autoestima,
autoconfiança e cognição- algo positivo e benéfico para o bebé a longo prazo.

Transição para a vida extrauterina: período de 6 a 8 horas após o nascimento, durante as


quais o RN alterna períodos de reatividade com fases de repouso:

61
> Primeiros 15’ a 30’ vida – 1º período de reatividade 

- RN alerta e pronto a explorar e interagir

-  FC e FR

> 30’ a 120’ voda – decréscimo na atividade motora/ repouso

- 90’ sono

-  FC e FR

> 2 a 8 horas de vida – 2º período de reatividade, com duração entre 10’ e várias horas

- RN alerta e interessado no que o rodeia

IMPORTANTE:

- favorecer o contacto com a mãe durante os períodos de reatividade

- Reduzir a quantidade e qualidade do stress antes, durante e após o nascimento, de modo a


não perturbar a adaptação precoce do RN ao meio extrauterino

 Intervenções de enfermagem que visam adaptação fisiológica do recém-nascido

Sistema Cardiovascular

A circulação do feto inclui um desvio: as artérias umbilicais levam o sangue usado até à
placenta onde se dão as trocas vasosas e o sangue retorna oxigenado através da veia
umbilical – o contrário de nós.
Quando o bebé nasce todos esses desvios são encerrados e o bebé fica com uma
circulação semelhante à nossa sem haver mistura de sangue arterial e sangue venoso.
o Transição da circulação fetal para circulação neonatal:
- Primeiras inspirações do RN >>> INSUFULÇAÇÃO DOS PULMÕES >>> reduz a
resistência vascular pulmonar ao fluxo sanguíneo
- A pressão na artéria pulmonar baixa >>> faz diminuir a pressão na AD
- O aumento do fluxo sanguíneo no lado esquerdo do coração aumenta a pressão
na AE >>> encerramento do forâmen ovale (membrana que encerra após o
parto)
- Encerramento do canal arterial até às 24h de vida
- clampagem do cordão: as artérias e veias umbilicais encerram transformando-
se posteriormente em ligamentos

62
NOTA: Quando a placenta sai o útero contrai-se e por isso ocorre uma compressão dos <vasos
que sangram  mulher não tem hemorragia  importante apalpar após as 2h para ver se o
útero está contraído.

Hoje sabe-se que o sangue que está no cordão pertence ao bebé. Um bebé (3,5Kg) tem 250mL
de sangue. Por isso quando se quer fazer uma análise ao recém-nascido tira-se sangue do
cordão. Quando se corta o cordão logo após o nascimento estamos a privar o bebé dos GV, GB,
células estaminais… Por isso, os bebés que se cortam logo ficam com anemia, pelo menos
apenas no 1º ano de vida.

As circulações só se completam, quando o sangue atinge uma dada pressão e aí as


transformações terminam e o bebe está pronto para começar a respirar e manter-se sozinho!

• Circulação fetal – o sangue vem pela veia umbilical (placenta)  sobe ao coraçao,
passando de um lado para outro  desce pela aorta e desvia-se para as artérias
umbilicais e volta para a placenta e retorna ao bebé pela veia umbilical
• Placenta  corte da circulação  coração onde o forâmen ovale encerra (não há mais
mistura de sangue)  aorta, desce, sem haver já ligação à placenta: volta aos pulmões
do bebe para ser oxigenado.

63
Intervenções de enfermagem

╚ Laqueação do cordão umbilical


• Deixar pulsar o cordão umbilical até parar (+/- 3 minutos)
• Permitir a transfusão natural das células estaminais (não se sabe ao certo para que
serve, mas diz-se que serve para reparar lesões que podem ocorrer durante o processo) ,
presentes no sangue do cordão umbilical e localizadas junto do abdómen do
RN.
• Permite a transfusão natural do sangue contido no cordão, cerca de 5 a 10%
do volume total de sangue do RN (=250/280ml num RN de 3.500Kg)
o Não deve ser colhido volume de sangue superior a 5% do volume total
de sangue da criança em menos de 24 horas.
• Clampar e cortar o cordão umbilical

Nota: Para a crio preservação das células estaminais é necessária a laqueação imediata do
cordão, privando desta forma o RN do sangue contido no cordão umbilical.

Sistema Respiratório

• Primeira inspiração resulta de um reflexo que é desencadeado por


alterações de pressão, arrefecimento, ruído, luz, ect.
• Algum líquido (amniótico) que preenche as vias aéreas é drenado durante o
parto vaginal, ou com expressão manual. O restante é drenado por via
linfática
• Espiração maioritariamente diafragmática
• Os alvéolos pulmonares são revestidos por surfactante (permite que os
alvéolos não colapsem e até para isso é importante que o sangue tenha
atingido uma dada pressão de modo a que os alvéolos fiquem mais abertos)
no RN de termo (proteína produzida nas células pulmonares), o que diminui
a tensão superficial e previne o seu colapse durante a expiração
• Movimentos respiratórios profissionais irregulares (FR 30 a 60/min,
períodos de apneia < 15’’  mais do que isso não é normal)

Intervenções de enfermagem

• Vigiar a respiração do recém nascido


• Avisar o pediatra se:
o FR > 60 ciclos/minuto ou <30 ciclos/minuto
o Apneia > 20 segundos

64
Sistema Gastrointestinal

● O RN de termo é capaz de deglutir, digerir, metabolizar e absorver proteínas, hidratos


de carbono de cadeia curta e gorduras emulsionadas;
● Ao nascer o RN não possui bactérias no tubo digestivo. Esta colonização faz-se após o
nascimento, através dos orifícios oral e anal. A flora intestinal normal estará
estabelecida na primeira semana;
● A capacidade do estomago do RN varia segundo o seu tamanho, cerca de 5-7ml ao
nascer (22-27 ml a partir do 3º dia, 45-60ml ao 7º dia de vida)
● O tempo de esvaziamento gástrico é afetado pelo tipo de alimento (leite adaptado ou
materno), hora e quantidade de leite;
● O esfíncter cardia é imaturo, pelo que pode ocorrer regurgitação nos primeiros dias de
vida
● Eliminação intestinal – primeiras fezes constituídas por mecónio (formado durante a
vida fetal, composto por liquido amniótico, secreções intestinais e células da mucosa).
Os RN alimentados com leite materno têm dejeções mais líquidas e mais frequentes do
que os alimentados com leite adaptado.
 Os bebés evacuam nas primeiras 24h e por vezes quando não acontece pode
ser necessário administrar um clister próprio para RN

Intervenções de enfermagem

● Evitar sobrealimentação, favorecer a eructação e colocar o RN com cabeira ligeiramente


elevada, sendo que o esfíncter cardia é imaturo
● Vigilância de dejeções
● Administração vitamina K
 O intestino é estéril, logo não tem capacidade para sintetizar vitamina K
● Apoio à amamentação na 1ª hora de vida
o Amamentação: definida como “padrão alimentar ou de ingestão de líquidos
com as caraterísticas especificas: estabelecimento de uma relação maternal
adequada com a criança enquanto a alimenta, dando-lhe leite da mama ao
mesmo tempo que a encoraja, estabelece contacto e compreende o ser
temperamento e os sinais precoces de fome”; alimentar exclusivamente de leite
materno, excluindo outros tipos de alimentos nos primeiros quatro meses de
vida. Importante a amamentação na 1ª hora de vida.

O nível de vitamina K é bastante baixo, >>> tempo de protrombina e de coagulação prolongados


(passa pequena quantidade de vitamina K, através da placenta e baixo conteúdo de vitamina K,
no leite materno)

A vitamina K sintetizada através da flora intestinal, sendo necessária para a formação dos fatores
de coagulação (o intestino do RN é estéril ao nascer- exceto em situações de BAR > 24h, são
necessárias 24h para a colonização do intestino e início da sintetização da vitamina K.

A sua administração previne a doença hemorrágica do RN

65
Posologia e via de administração: “logo após o nascimento deve ser administrada vitamina K
(fitonadiona) por via IM para profilaxia da doença hemorrágica do RN, na dose 1 mg se o peso
ao nascer for superior a 1Kg e entre 0,3-0,5 mg se for inferior a 1Kg, providenciando a
quantidade necessária desta vitamina para as primeiras duas semanas pós-natais ”

Sistema Urinário

● O RN normal pode eliminar urina logo após o nascimento, e deve fazê-lo até às
24h de vida, necessitando ingestão suficiente de líquidos.
● O RN que não urina nas 24h após o nascimento deve ser examinado para
pesquisa de eventual obstrução, estenose uretral ou ausência de rim ou
ureteres.
● Antes das 6 semanas devida o rim do RN não concentra eficazmente a urina,
pelo que esta é geralmente quase incolor e sem cheiro
● Cada micção tem cerca de 15 ml, o que pode passar despercebido numa fralda
descartável. Vigiar atentamente se há suspeita de não produção de urina.
● Diurese do RN: 30 a 60 ml nos dois primeiros dias. Cerca de 300 ml ao fim da
primeira semana (5 a 6 micções por dia)
● Nos primeiros dias a urina pode ser rosada ou turva, devido à presença de
cristais de ácido úrico que se forma na bexiga durante a vida fetal – não
representa qualquer problema
● Até à maturação dos glomérulos renais pode haver um certo grau de proteinuria
nos primeiros dias

Intervenções de Enfermagem:

● Observação do jato de urina pode confirmar obstrução: RN masculinos devem


produzir um jato com força suficiente para descrever “um arco”, enquanto
que os RN femininos devem ter um fluxo contínuo e não gotejamento.
● Avaliação das micções: a fralda pode ser pesada para confirmação de
presença de urina ou pôr uma compressa dentro da fralda que fica molhada
se urinar.
● Alertar as mães para possibilidade de surgir macha avermelhada/alaranjada
na fralda

Sistema Imunitário

● O RN está suscetível à infeção devido à sua dificuldade em produzir


anticorpos antes dos dois meses de idade
 Razão pela qual a maioria das vacinas são administradas apos aquela
idade, com exceção da tuberculose e hepatite B
● Proteção imunológica é conferida anticorpos passivos (Imunoglubina G)
transmitidos pela mãe (placenta e leite materno).

66
Intervenções de Enfermagem:

● Únicas vacinas administradas ainda durante o internamento pós-parto: vacina


anti hepatite B e vacina BCG (contra tuberculose), sendo que esta ultima
apenas é administrada em grupos de risco atualmente.
● Devem ser usados todos os cuidados na manipulação dos RN para prevenir a
transmissão de infeções contra as quais possam não ter anticorpos: herpes
simplex, por ex. – higiene rigorosa das mãos.
● Profilaxia da infeção ocular:
o A todos os RN limpeza com uma compressa de algodão estéril e água
fervida/destilada ou soro fisiológico, do canto interno do olho para o externo,
num movimento único e para cima para não arrastar para o canal lacrimal
A pomada é colocada no saco lacrimal sem tocar na córnea
NOTA: este cuidado só deve de ser feito após o contacto da mãe e do pai
o Utilizar uma compressa para cada olho
o Em caso de infeção materna por Clamydia: Independentemente do tipo de
parto, pomada de Oxitetaciclina, preenchendo o saco conjuntival inferior do RN
e percorrer a linha das pálpebra (1 min e depois retirar excesso)

Sistema Neuromuscular

● A função pode ser apreciada observando os movimentos das


extremidades, as tentativas de controlo dos movimentos da cabeça, o
choro forte ou a presença dos reflexos inatos
● A ausência de resposta muscular à manipulação do RN nunca é normal,
e pode ser devida a medicação administrada à mãe durante o trabalho
de parto, a choque do RN ou lesão cerebral

Intervenções de enfermagem
● Alguns RN podem apresentar tremores ou alguns movimentos involuntários
dos membros na ausência de estimulação: devido à imaturidade do sistema
nervoso; pesquisar reflexos
o Reflexos no RN: de Moro (simulamos a queda de um bebe e este faz abdução,
fazendo um C entre o primeiro dedo e os outros, como se fosse um abraço),
preensão palmar e plantar (fazemos pressão na raiz dos dedos), dos pontos
cardeais (a mãe com o mamilo, por exemplo deve de tocar nos lábios do bebe),
de sucção e deglutição (visualizar durante a amamentação ou então colocar o
dedo na boca do bebé), de extrusão, de marcha automática (colocar o bebe
numa superfície plana e colocar as nossas mãos debaixo das axilas e o bebé
simula uma marcha), tónico do pescoço (bebé está deitado e colocar o bebé
com a cabeça para um lado e ele faz extensão dos membros – inferiores e
superiores- desse mesmo lado e do outro lado fica em extensão), Babinsky
(desde do calcâneo até à raiz dos dedos e o RN vai fazer flexão dos dedos),
glabela (bebe pestaneja), entre outros

67
 Da termogénese e termorregulação
● Termogénese – capacidade do RN produzir calor
● Termorregulação – manutenção de equilíbrio entre a produção de calor, ganho de calor
e a perda de calor

MODOS DE PERDA DE CALOR:

✓ Convecção
✓ Radiação
✓ Evaporação
✓ Condução

Mecanismos para a produção e conservação de calor:

Gordura castanha - Só está presente no RN.

> Mais vascularizada do que a gordura comum.


> O calor produzido pela atividade metabólica dos lípidos da gordura castanha provoca
um aumento da produção de calor que aumenta a temperatura do RN
> As reservas esgotam rapidamente com a exposição ao frio.
> Pode durar até várias semanas após o nascimento.
> Depósitos de gordura castanha
- Depósitos superficiais: na região interescapular e axilar
- Depósitos mais profundos: no tórax, ao longo da coluna vertebral e dos rins

Intervenções de enfermagem

Intervenções de enfermagem que visam avaliar a adaptação do RN – índice de APGAR

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● Definição:
o Avaliação da adaptação física do RN ao meio extrauterino, através de
apreciação de 5 sinais objetivos, aos 1’, 5’ e 10’ (minutos) após o nascimento.
o Atribui-se a cada um dos sinais uma pontuação de 0 a 2. Os sinais avaliados
são: FC, respiração (esforço respiratório), tónus muscular, irritabilidade reflexa
e cor de pele – ordem de importância
o O somatório da pontuação, (no mínimo zero e no máximo dez), resultará no
índice de Apgar (IA) do RN.
o No momento do nascimento, o Índice de Apgar é útil para avaliar as condições
do RN e tolerância ao processo de nascimento; orientar nas medidas a serem
tomadas quando necessárias – Avaliar a Vitalidade

NOTA: irritabilidade reflexa pode ser feita ao aspirar

Normalmente ao primeiro minuto um bebé nunca Scores AGAR


tem um APGAR de 10. Avaliamos de novo aos 10min, exceto aos 5´e 10
se inicialmente tiver logo um índice de APGAR de 10.
Sem asfixia IA – 8 a 10
Asfixia leve IA – 5 a 7
Asfixia IA – 3 a 4
Em 2009 foi modificado o índice de APGAR 12 moderada
acrescentando-se: Asfixia grave IA – 0 a 2
Proposta de 0 1 2
parâmetro
adicional
Bem-estar Ausência de choro; Abertura
Mimica facial espontânea dos
relaxada olhos
Movimentos lentos Busca ativamente o
dos membros peito
Sorriso ou
expressão de
relaxamento

Sorriso – endógeno

69
O mesmo autor defende que os bebés podem nascer tensos ou
relaxados:

RN tenso vs RN relaxado:

Ir mais além da adaptação física do RN, apoiando os seus esforços


de equilíbrio para ajudá-lo a ser competente.
Recém nascido tenso
 “Quando olho um RN nos olhos e ele me olha a
mim, eu confirmo-lhe que ele já nasceu e ele
responde-me que já o tinha compreendido ou
intuído…”

Recém nascido relaxado

Intervenções de enfermagem que visam a avaliação do peso, estatura e PC (após as 24h)

● Intervenções não prioritárias


o Se possível realizados à vista da mãe ou na presença do pai
o Não justificam que se impeça ou atrase o contacto pele – a pele com a mãe ou o pai.

> Perímetro cefálico: a seguir ao parto pode ocorrer o “cavalgamento” das suturas para
conseguirem passar pelo canal de parto, e assim diminuir o perímetro cefálico, por isso
após 24h repete-se a medição. ↪ 33 a 35cm
> Comprimento normal: 50 ± 2 cm (48 a 52cm)
> Peso normal: 3,500kg (bebé leve para a idade gestacional: <2,500kg; bebé grande para
a idade gestacional/macrossómico: > 4kg)
NOTA: Importante para ver a dose que se pode administrar, perda ponderal que pode ir até
10% do peso.

De frisar, uma vez mais, a importância de respeitar as “2 horas de ouro” imediatamente após o
nascimento  benefício máximo
Para o bebé
Para a mãe

• O toque, o cheiro e a temperatura são estímulos vagais que • Favorece a sincronia com a mãe
libertam ocitocina (melhiora as respostas sociais – mais • Favorece o início da amamentação e contribui para o
comportamentos de apego), diminui a ansiedade e aumenta sucesso do aleitamento materno
a temperatura do tórax • Melhor termorregulação
• Glicémia mais elevada e frequência respiratória mais baixa –
melhora a conservação dae energia
• Favorece a colonização do RN por bactérias maternas para as
quais já possui anticorpos
• Um bebé nasce estéril e tem de ser colonizado pelas
bacterias preferencialmente pelas bactérias dos pais porque
já tem os anticorpos necessários.
• Método canguru – permite que os bebés tenham um
contacto com a mãe, promovendo a vinculação, não têm
tantas infeções

70
NOTA: A espécie humana tem características comuns e específicas: primeiro as mães veem as pontas dos dedos e só
depois os agarram devidamente

Intervenções de enfermagem

● Promover o alojamento conjunto desde o nascimento

Intervenções de enfermagem que visam a identificação do recém-nascido

Sempre que possível junto da mãe

● Preencher as pulseiras e o cartão corretamente, com todos os dados: nome da mãe, nº


do processo clínico, data e hora do nascimento e peso do RN
● Pulseira eletrónica = maior segurança?

 Registos de enfermagem

*Hora e tipo de
parto: Eutócico
(normal) ou
Distócico (fórceps,
ventosa ou
cesariana)
Intercorrências:
Diabetes
gestacional, infeção
urinária,
hipertensão (…)
Nº de horas de BAR:
se a bolsa de águas
se rompeu há >18h
(ex. 18 BAR) pode
haver risco de
infeção
Caraterísticas do
Liquido Amniótico
(LA): se o líquido
amniótico tem
mecónio, se é
transparente, se
tem cheiro, etc

O momento do parto e logo após envolve uma experiencia emocionalmente intensa para a
díade, repleta de desafios de adaptação principalmente de dimensão fisiológica e emocional. As
intervenções de enfermagem facilitam e capacitam para a transição de nascimento e
parentalidade. Na verdade, “Momento do parto… o ambiente influencia a experiência de
transição da díade mãe/ recém-nascido”

71
CONSOLIDAÇÃO DE CONHECIMENTOS

Resultados de aprendizagem

 Analisa as adaptações fisiológicas realizadas pelo recém-nascido (RN) durante a transição


do ambiente intrauterino para o meio extrauterino
 Conhece os mecanismos de termorregulação do RN
 Fundamenta as ações para prevenir a perda de calor
 Descreve as adaptações comportamentais observáveis no RN durante o período de
transição
 Justifica a importância da promoção do contacto estreito entre a mãe e o RN, de forma a
facilitar a adaptação ao meio extrauterino, favorecer a vinculação mãe-filho, o início da
amamentação e a segurança do RN
 Conhece a evidência científica e mobiliza-a para fundamentar as suas decisões nos
cuidados ao RN no período imediato pós parto
Trabalho autónomo

a) Compreender os objetivos da promoção de um ambiente seguro para a melhor transição


do RN para o meio extrauterino;
b) Identificar quais os fatores que podem interferir negativamente no ambiente durante o
trabalho de parto, o parto e o pós-parto imediato;
c) Identificar as adaptações fisiológicas do RN ao meio extrauterino;
d) Compreender a importância do contacto precoce (pele a pele se possível) do RN com a
mãe ou pai, e os benefícios do alojamento conjunto

Teste formativo

1. Diga em que consiste a termorregulação do RN.


2. De que formas pode o RN perder calor?
3. Que importância tem o contacto pele a pele após o parto para o sistema imunitário do RN?
4. Refira outras duas vantagens do contacto pele a pele para a mãe e para o RN
5. Qual a vantagem da administração de vitamina K ao RN?
6. Quais as intervenções de enfermagem no período pós-parto para favorecer o aleitamento
materno?
7. Quais as intervenções de enfermagem no período pós-parto para favorecer a vinculação da
tríade?

Bibliografia

Textos de leitura obrigatória

Lowdermilk, Deitra L.; Perry; Shannon E. (2006). Enfermagem na Maternidade, 7ª


ed. Loures: Lusodidacta. (Unidade 6, capítulos 18 e 19, pág. 557-647)

Textos de leitura recomendada

Pilliteri, Adele (2007). Maternal and Child Health Nursing: Care of the Childbearing
Family, 5ª ed. (Capítulo 24, pág. 679-721).

Volta, Alessandro (2009). APGAR 12 – Para una experiencia positiva del


Nacimiento. Madrid: Mandala Ed.

72
3.1.3.2 A promoção de um ambiente seguro e prevenção dos acidentes na
criança.

A vacinação

 Imunização durante a infância


• A vulnerabilidade do sistema imunitário, à nascença, exige uma proteção contra a doença
muito acentuada nos primeiros 18meses de vida, com recurso a medidas de promoção de
um ambiente seguro. A vacinação generalizada das crianças iniciada no século XX conduzir
a um declínio das doenças Infeciosas.

 Mecanismo desencadeado pela vacinação

Introdução de Resposta Imunidade celular Proteção contra a


Vacinação Indivíduo
antigénios imunólogica e/ou humoral doença

 Devido a essa imunidade a pessoa fica protegida contra a doença.

73
Antes dos 2m de idade só é vacinado contra a hepatite B.

• A resposta imunológica – fatores que dependem e respetivas intervenções de


enfermagem que visam administração de vacinas
o Da organização do esquema vacinal/ PNV
o Condições do hospedeiro
> Idade – sistema imunitário
> Situação de saúde

 Contraindicações para todas as vacinas


> Doença febril aguda até à sua cura
> Risco de descompensação de doença neurológica (Se a
vacina puder provocar febre)
> Alergia aos compostos da vacina (ovo – ex.: vacina do
sarampo, antibióticos…)
> Reação grave ou de hipersensibilidade a uma dose anterior
da mesma vacina
 Contraindicações especificas para as vacinas vivas
> Gravidas até aos 4m
> Pessoas com doença oncológica ou imunodeficiente
> Terapêutica imunossupressora
> Administração de sangue, plasma ou imunoglobulina há menos de 3 meses

o Condições da vacina (nomeadamente as condições de conservação da vacina)


> Composição (1 antigénio, 2 solvente, 3, conservantes, antibióticos, estabilizadores
e 4. Adjuvante)
> Conservação
▪ respeitar os prazos de validade
▪ não expor os preparados à luz direta ou dfontes de calor
▪ Não guardar nas portas do frigoríufico
▪ Seguir as instruções relativamente à conservação
▪ Manter a temperatura entre 2º a 8ºC e não congelar
▪ As vacinas anti-sarampo, anti-parotidite, anti rubéola e anti-hepatite B,
quando diliídas devem ser utilizadas no prazo de 1h e dentro de 8 dias se
forem mantidas entre 2º a 8ºC.

> Administração
As vacinas do PNV são administradas por injeção

•Anti-meningococo •anti-hepatite B •Anti-sarampo


do tipo C •anti-tétano •Anti-rubéola
•Anti- papiloma •Tetra, penta e •Anti-sarampo
•Vírus hexavalente •Papeira
•Pn13 •Antipoliomielite •Rubéola (VASPR)
Intramuscular Subcutânea
IM ou SC
(IM) (SC)

74
> Doses
O NUMERO DE doses depende da imunidade conferida pela vacina
> Local
▪ Onde seja menor o risco de lesão local, nervosa, vascular ou dos tecidos
▪ Administração subcutânea: as injeções subcutâneas são administradas na
coxa dos latentes ou na face superior externa do braço nas crianças maiores
▪ Administração intramuscular de vacinas: as injeções intramusculares são
administradas no vasto lateral da coxa (no terço médio para evitar necrose
do nervo ciático) nos latentes ou no deltoide nas crianças maiores
▪ Administração intradérmica de vacinas

> Intervalos entre a administração das vacinas


▪ Vacinas mortas ou inativas (Sem restrições)
▪ Vacinas vivas atenuadas (4 semanas de intervalo)
- 3 semanas no caso das vacinas anti cólera e anti febre amarela (não incluídas no
PNV)

• Intervenções de enfermagem que visam minimizar a dor e o desconforto durante a


vacinação
> Proporcionar um ambiente pediátrico, mundo imaginário infantil, ambiente seguro
e cuidador
> Ter em conta a expressão de preocupação dos pais com a saúde da criança, ouvir
as preocupações de forma empática, explicar/informar para tranquilizar
> Envolver os pais na minimização da dor e desconforto, e efeitos colaterais
▪ Administração de dose apropriada de
paracetamol 45 minutos antes
▪ Aplicação de analgésico tópico como EMLA
(local de punção)
▪ Respeitar os desejos dos pais de
participação durante a vacinação
▪ Promover a sua presença (dado que o
momento é invasivo e doloroso)
▪ Promover o toque afetivo e outras formas
de consolo

75
NOTA: para uma boa vacinação – introduzir o líquido aquecido (na mão); introduzir o líquido
lentamente, de modo a causar menos dor.

• Intervenções de enfermagem que visam o ensino dos pais/familiares sobre a vacinação


o Clarificar falsas contraindicações ou mitos para as vacinas
> Alergia, asma ou outras manifestações atópicas
> Antecedentes familiares de convulsões
> Tratamento com antibióticos, ou na fase de convalescença de doenças, sendo que
a contraindicação formal é a doença febril aguda
> Dermatoses– eczemas ou infeções cutâneas localizadas  procurar um local
correto mas alternativo para a administração
> Doenças crónicas cardíacas, pulmonares, renais ou hepáticas
> Aleitamento materno
> Gravidez da mãe ou de pessoas de contato próximo
> História anterior de tosse convulsa, sarampo, parotidite ou rubéola
> Casos de morte súbita na família
> História de alergia à penicilina
> Prematuridade ou baixo peso ao nascer – a não ser que seja inferior a 2 Kg
> Malnutrição (condição prioritária para ser vacinada)
> Vacinas combinadas

o Informar sobre efeitos colaterais


> Ocorrem algumas horas ou dias após a administração (após as primeiras 24h ou 48h
depende da vacina)
> Pode surgir sensibilidade no local, eritema, tumefação (aumento de volume numa
parte de num tecido orgânico), febre alta, sonolência, má disposição, diminuição do
apetite, choro prolongado ou não habitual
> Reações mais severas para as vacinas da tosse convulsa e varicela
> Febre baixa e reações locais moderadas para vacinas Hib
> Envolver os pais na minimização dos efeitos

o Esclarecer sobre benefícios


> Informar sobre a doença que cada vacina previne
> Entregar antecipadamente panfletos com informação
> Ajudar a tomar uma decisão informada quanto à administração de cada vacina
> Entregar antecipadamente folhetos com informação
Não vacinar até aos 3 meses de preferência para não atrasar as doses do PNV.

• Registos de enfermagem
o Escrever a lápis no BIS as datas da próxima vacina
o Registar a vacina administrada, o laboratório, o lote, a dosa na
ficha central de vacinação da criança – programa informático
SINUS (ou outras aplicações)
o Verificar ou/e atualizar os registos anteriores registar qualquer
reação alérgica ou outro dado relevante
o Verificar e/ou atualizar os registos anteriores

76
• Intervenções de enfermagem que visam a administração das vacinas
o Cuidados gerais a observar na prática da vacinação
> Certificar-se da vacina a administrar, em função da idade e do Boletim Individual de
Saúde (BIS), assim como na ficha central de vacinação da criança
> Assegurar o respeito pelos prazos de validade, condições de armazenamento e local
de disponibilidade das vacinas Preparar a vacina de acordo com as regras de
administração de terapêutica
> Preparar a criança e/ou informar os pais para o procedimento – o que vai fazer,
como, objetivo - elogiando-a no fim
> Informar sobre os efeitos secundários possíveis
> Escrever a lápis no BIS a(s) data(s) próxima(s) vacina(s)
> Registar a vacina administrada, o laboratório, o lote, a dose na ficha central de
vacinação da criança, através do programa SINUS
> Aconselhar a criança a permanecer 20 minutos no Centro de Saúde.

Os cuidados não traumáticos e a preparação da criança face a procedimentos técnicos. A


prevenção dos acidentes na criança

Ambiente: Perspetiva multidimensional

✓ Ambiente Físico;
✓ Ambiente Humano-afetivo;
✓ Ambiente Hospitalar;
✓ Ambiente Natural;
✓ Ambiente Familiar, Profissional;
✓ Ambiente Externo vs Interno

Intervenções de enfermagem: Promotoras de um ambiente seguro

Segundo a CIPE: define ambiente como as condições ou influências sob as quais as pessoas ou
grupos vivem ou se desenvolvem

Enquadramento de enfermagem

AMBIENTE – conceito central em enfermagem – desde


Nightingale (1860) e Jean Watson na atualidade

METAPARADIGMA – ambiente, saúde, pessoa,


intervenções de enfermagem

OUTROS CONCEITOS CENTRAIS NA ATUALIDADE:

✓ Cuidar
✓ Holismo
✓ Humanismo
✓ Compreensão da experiencia humana nos
processos saúde-doença

77
 Ambiente seguro na relação enfermeiro- cliente elementos ambientais que
minimizam o sofrimento

AMBIENTE SEGURO – cuidado humano afetivo – ambiente cuidador - CUIDAR

Os cuidados não traumáticos e a preparação da criança face a procedimentos técnicos.

● Cuidados não traumáticos -definição


o Cuidados que minimizam ou eliminam oi distress físico e ou psicológico na criança e
sua família tendo em conta o ambiente.
o Orientação preconizada e generalizada na pratica de enfermagem de saúde infantil
e pediátrica:
> Minimizar a separação entre a criança e o cuidador familiar
> Estimular um sentimento de controlo – por parte da criança e por parte dos pais
> Minimizar ou prevenir a dor

Intervenções do Enfermeiro que visam preparar, apoiar e valorizar a criança e a família nos
procedimentos técnicos:

● Compreender a fase de desenvolvimento, o temperamento da criança, as experiências


anteriores e as respostas padrão;
● Conhecer a sua história de dor e experiências da dor – toda a experiencia vivida anterior
● Conhecer as suas estratégias de Coping (lidar com);
● Identificar os stressores sobre o procedimento que se vai executar;
● Distrair a criança – por vezes as crianças têm algum boneco;
● Permitir que a criança escolha, quando tal for possível;
● Apoiar e consolar a criança durante o procedimento;
● Dar reforço positivo à criança, elogiando a sua capacidade de ultrapassar um momento
tão difícil para ela - ex.: dar um diploma, como reforço positivo do seu comportamento
● Presença dos pais:
o Filosofia dos cuidados centrados na família (FCCF) – respeito pela vontade e
capacidade de os pais estarem presentes ou não, durante os procedimentos (ex.
na punção lombar não costumam estar presentes)
o Pais como parceiros nos cuidados – conhecem as crianças, descodificam a
linguagem

Estratégias de preparação não farmacológica e farmacológica (de acordo com a fase de


desenvolvimento da criança)

Farmacológica Não farmacológica


Utilização de anestésicos tópicos – EMLA Utilizar brinquedos com som e movimento
Utilização de anestésicos locais Utilizar histórias
Utilização de anestésicos sistémicos - Utilizar vídeos e outros meios de multimédia
Midazolan (tablet, televisão)
Utilizar negociação
Utilizar bonecos para demonstração
Explicar os procedimentos com linguagem
acessível
Utilizar termos rigorosos

78
● Imobilização da criança para execução:
o Técnica da contenção
> Enfermeira contêm (segura/agarra) os membros da criança para que a
enfermeira consiga injetar/realizar o procedimento Minimiza tempo de
sofrimento

o Técnicas de imobilização em “Múmia”:


> O lactente é colocado no canto dobrado de uma manta
> Um canto da manta é puxado sobre o corpo e fixado por debaixo dele
> O outro canto é passado sobre o corpo e preso e o canto inferior é dobrado e
preso na dobra formada ou fixado

o Contenção em múmia modificada – com o tórax descoberto


o Distração – contas histórias, televisão, música, palhaços, vídeos/ tablets, brinquedos e
brincadeiras

A prevenção dos acidentes na criança

● Acidente: é todo o acontecimento não premeditado que provoca dano corporal, dano esse
diretamente relacionado com o acontecimento que o provocou.
Acontecimento independente da vontade humana, provocado por um força exterior que
atua rapidamente sobre o individuo com consequente dano físico ou mental.
“Novo paradigma considera o acidente com um evento previsível resultante da transmissão
rápida de um tipo de energia dinâmica, térmica ou química de um corpo para o outro,
podendo provocar lesões ou até morte”.
“Os acidentes constituem uma importante causa de morbimortalidade infantil e de recursão
ao serviço de urgência pediátrica”
A nível nacional conhecem-se apenas alguns dados epidemiológico.
Coorte idade igual ou < a 14 anos observadas no SU por acidente entre 1 março e 30 de
novembro. Resultados 22502 admissões de crianças até 14 anos – 1746 (7.8% 9 foram por
acidente)
Maioria sexo masculinho e tinha mais de 5 anos  exterior escola (29.1%) e interior de casa
(25%)  queda (55.5%) e contusão (54.2%
Conclusões
Os acidentes representem um motico muito frequente de recurso ao SUP
Os acidentes, incluindo os graves, ocorrem com maior frequência no sexo masculino
A queda é o tipo de acidente mais frequente em PD ou em PSD.
Consumo de recursos e de custos em saúde exagerado maior acessibilidade ao CSP.

• Acidentes na infância
Os traumatismos e as lesões são a principal causa de morte das crianças e dos adolescentes
do 0 aos 19 anos, em Portugal.
Quando comparado com os 31 países que participarem nos relatórios e avaliação a da
segurança infantil em 2012, Portugal ocupa o 7º lugar para os rapazes e o 8º para as
raparigas

79
Na europa os traumatismos são a 1ª causa de morte em crianças e adolescentes, sendo
responsáveis por mais mortes do que todas as outras causas combinadas

• Intervenções de enfermagem que visam prevenção de acidentes na criança


o Cuidados centrados na família
o Cuidados antecipatórios no decorrer das Consultas de
Enfermagem de vigilância infantil
o Educação para a saúde  PROMOÇÃO

• Acidentes na infância e adolescência


o Síndrome da morte súbita no latente SMSL)
A síndrome da morte súbita do latente (SMSL) é a morte
súbita sem explicação de um bebe durante o sono, no
primeiro ano de vida.
Algumas medidas simples podem reduzir
significativamente a taxa de mortalidade por SMSL.
Fatores de risco: fumadores, prematuridade, sexo masculino, pode acontecer ater 1 ano de
idade mas a incidência é entre os 2 e 4 meses. A posição que o bebe se encontra a dormir
também é um fator de risco, como tal, atente na seguinte imagem:

Contudo, pode acontecer que o bebe bolse e faça uma aspiração de leite aquando da posição de decúbito dorsal,
mas se se forem tomadas as medidas/ cuidados antecipatórios, o risco de ocorrer diminui.
Na verdade, este síndrome diminuiu 67% ao fim de um ano quando foram ensinadas as mães
esta posição de decúbito dorsal.

Algumas medidas simples podem reduzir significativamente a taxa de mortalidade por SMSL:

Posição do latente no leito

Posição para colocar o latente a dormir – decúbito dorsal

O risco de SMSL aumenta muito se os bebes dormirem em decubito ventral

Dormem em DV não é tão seguro como o DD

Quando são deitados em decúbito dorsal, os bebes não bolsam em aspiram mais o vómiyo
do que se estiverem em qualquer outra posição

Manter a cabeça do bebe destapada durante o sono

✓ Não cobrir a cabeça do bebe com a roupa da cama


✓ Não usar edredões nem almofada ou peças que o possam cobrir
✓ Deitar o bebe com os pés próximos do fundo cama (porque o bebe ao mexer-se pode-se
arrastar para dentro das cobertas  menor teor de O2 conduzindo a uma asfixia)

80
✓ Colocar o bebe num berço seguro em colchão firme e bem
adaptado ao berço (não deve de haver um intervalo entre o
mesmo, porque o bebe na vida intrauterina tinham um
ambiente seguro

Não fumar durante a gravidez… nem depois…

✓ O risco do SMSL aumenta se a mãe fumou durante a


gravidez e se continua a fumar
✓ Se o pai também fuma o risco agrava-se ainda mais
✓ Não deixar ninguém fumar no ambiente que o seu filho respira - Quarto, casa, carro ou pode
quer que ele permaneça. ATENÇÃO A QUEM FUMA (ROUPA CHEIRO INALADO

Não dormir com o bebe na sua cama

✓ Dormir com o bebe é mais perigoso se fuma, se estiver cansado, se bebeu álcool, se tomou
medicamento que afetam o sono
✓ O bebé deve dormir num berço apropriado, colocado ao
lado da cama dos pais
✓ NUNCA adormecer com o bebe no sofá

Não aquecer demasiado o bebé

✓ O risco de SMSL pode estar associado ao aquecimento


excessivo
✓ Vestir o bebe de forma a estar confortável e a não quente
✓ Verificar a temperatura colocando o dorso da sua mão na
nuca ou abdómen do bebe
✓ Se o bebe tem febre precisa de menos roupa – não
agasalhar
✓ A temperatura ideal do quarto devera de ser de 18º-21º

Colocar o bebe acordado noutras posições

✓ Quando está acordado o bebé pode ser colocado de


barriga para baixo para brincar.
✓ Assim fortalece os músculos do pescoço e das costas.
✓ Ensine o seu bebé a dormir de barriga para cima e a
brincar de barriga para baixo.

Parece que o uso da chupeta pode ser um fator protetor

✓ Ofereça uma chucha ao bebe para dormir mas se ele a


rejeitar não force
✓ Se o bebe for amamentado, a chupeta não deve ser
oferecida nas primeiras semanas de vida, pois pode
prejudicar a adaptação de bebé à mama.

81
• Intervenções de enfermagem

Relação entre a fase de desenvolvimento e os riscos de acidentes: RN, latente, toddler, pré-
escolar, escolar, adolescente

o Capacidades/ desenvolvimento motor


- alimentação
- sono
- banho
- comportamento social: vestir e despir
- brincar (normas de segurança e orientações para o fabrico dos brinquedos
o Acidentes domésticos e de lazer:
- quedas
-queimaduras
- asfixia e afogamento
- intoxicações
-lesões corporais

 Decúbito ventral
▪ Acidentes RN: queimaduras, asfixia, quedas e lesões cutâneas
 Posição de sentado (a partir de 7/8 meses)
▪ Quedas: queimaduras, afogamento, envenenamento e/ou intoxicação, asfixia e/ou
engasgo, choque elétricos, acidentes de carro, lesões cutâneas
 Acidente de pé
▪ Quedas, afogamento, lesões cutâneas
 Locomoção
▪ Quedas, afogamento, lesões cutâneas, queimaduras, intoxicação
 Escadas
▪ Quedas, lesões cutâneas
 Alimentação
▪ Asfixia (aspiração)
▪ Queimaduras
▪ Lesões cutâneas
▪ Intoxicações
 Higiene
▪ Afogamento
▪ Lesões cutâneas
▪ Queimaduras

 Comportamento social
▪ Queimaduras
▪ Afogamento
▪ Lesões cutâneas
▪ Asfixia

 Brincar e atividades lúdicas


▪ Quedas

82
▪ Afogamento
▪ Lesões cutâneas
▪ Asfixia
▪ Intoxicações

• Acidentes rodoviários nas crianças


o Passageiro sistemas de retenção
o Pesão acompanhado/ autónomo
o Condutor: capacete, joalheiras, cotoveleiras

GRÁFICO

83
CONSOLIDAÇÃO DE CONHECIMENTOS

Resultados de aprendizagem

 Identifica as vacinas constantes do PNV e as condições de que depende a resposta imunitária


às mesmas
 Descreve a intervenção de enfermagem na preparação, administração e registo das vacinas,
assim como a orientação do sujeito de cuidados face aos efeitos secundários possíveis das
vacinas
 Relaciona os acidentes potenciais com a fase de desenvolvimento da criança
 Descreve a importância da orientação antecipada face à prevenção do acidente
 Define cuidados não traumáticos
 Refere princípios a ter em conta no desenvolvimento de cuidados não traumáticos
 Justifica o recurso à filosofia dos cuidados centrados na família no cuidado à criança
 Descreve estratégias de preparação da criança, em parceria com os pais, de acordo com a
idade e as experiências anteriores

Trabalho autónomo

a) Relacionar imunidade e idade da criança com o PNV;


b) Rever as aquisições da criança ao longo do desenvolvimento infantil;
c) Contextualizar os acidentes com a morbilidade e mortalidade infanto-juvenil;
d) Relacionar supervisão, educação e autonomia face à prevenção do acidente na criança e no
jovem;
e) Mobilizar os programas e as orientações da DGS, e outras, neste âmbito;
f) Contextualizar os cuidados não traumáticos
g) Compreender os objetivos e princípios dos cuidados não traumáticos
h) Identificar os stressores da criança face ao procedimento, de acordo com o grupo etário
i) Sistematizar as estratégias a desenvolver de acordo com a idade, p.e. durante a vacinação,
no âmbito dos cuidados não traumáticos
j) Explicitar a intervenção do enfermeiro antes, durante e após a execução de um
procedimento, no âmbito do cuidado não traumático

Teste formativo

1. Enuncie a orientação a fazer face aos efeitos secundários possíveis das vacinas
2. Caracterize globalmente uma das vacinas do PNV.
3. Diga quais os dados a ter em conta para preparar uma criança para um procedimento técnico.
4. Refira o objetivo dessa recolha de dados.
5. Explicite o tipo de cuidados a implementar e os princípios a respeitar.
6. Como define acidente?
7. Qual a causa do acidente?
8. Em que consiste a orientação antecipada do cliente face ao acidente?
9. Quais as intervenções de enfermagem no sentido da prevenção do acidente?
10.Quais os recursos nesta área?

84
11.Nomeie as estratégias a utilizar nessa preparação, no apoio e no consolo da criança. Mobilize
o referencial dos cuidados não traumáticos no caso de ter de vacinar uma criança toddler
Bibliografia

Textos de leitura obrigatória

Casey, A. (1995) – Partnership nursing: influences of involvement of informal carers.


Journal of Clinical Nursing 22 (6): 1058-1062.

Diggle, L. & Richards, S. (2007). Best practice when immunizing children. Primary
Health Care. 17(7), 41-46. 10

Direcção Geral de Saúde (2011) - Programa Nacional de Vacinação 2012. Norma


040/11, 21/12712. Lisboa: Direcção Geral de Saúde.

Direcção-Geral da Saúde – Orientações técnicas sobre o controlo da dor nos recém-


nascidos, Orientação 024/12, 18/12/12. Lisboa. Direcção-Geral de Saúde.

Direcção-Geral dos Cuidados de Saúde Primários – Orientações técnicas sobre o


controlo da dor em procedimentos invasivos nas crianças (1 mês a 18 anos),
Orientações 022/12, 18/12/12.

Textos de leitura recomendada

Direcção Geral de Saúde (2012) – Programa Nacional de Vacinação - PNV 2012. VASPR
(Vacina combinada contra o sarampo, a parotidite epidémica e a rubéola) e a alergia ao
ovo. Orientações 006/12, 19/03/12. Lisboa: Direcção Geral de Saúde.
Direcção Geral de Saúde (2012) – Programa Nacional de Vacinação - PNV 2012. Doença
meningocócica pelo serogrupo C e estratégia vacinal. Informação 004/12, 4/2/12.
Lisboa: Direcção Geral de Saúde.
Direcção Geral de Saúde (2010) – Elementos estatísticos. INFORMAÇÃO GERAL. SN
0872- 1114 SAÚDE / 2008. LISBOA. Dezembro.
Faria, Helga Pedro Caeiro da Silva de (2012). Interação e perfis de comportamentos das
crianças, pais e enfermeiros durante a vacinação pediátrica. Lisboa: Universidade de
Lisboa. Tese de Doutoramento.
Hockenberrry, M.J.; Wilson, D. (2007) – Wong's Nursing Care of Infants and Children,
8th ed., Canada, Mosby Elsevier, p:534-552 Plumridge, Elizabeth; Goodyear-Smith,
Felicity; Ross, Jim (2009). Nurse and parent partnership during children’s vaccinations:
a conversation analysis. Journal of Advanced Nursing. Vol. 65 (6) 1187-1194.
Testes cutâneos e punção venosa em criança de 5-6 anos. Disponível em
http://www.youtube.com/watch?v=L9SH3vzs518
WHO (2011). 10 facts on global road safety.

(…)

85
3.1.3.3 A promoção de um ambiente seguro e prevenção dos acidentes na
pessoa idosa: segurança e prevenção de acidentes de lazer e domésticos

 Envelhecimento e acidentes
• A população mundial está a envelhecer! Os idosos
• com mais de 80 anos representam 8,6% da população dos países da OCDE.
• Em Portugal 50% das pessoas acima dos 65 anos apresentam algum grau de
dificuldade na satisfaço das NHF
• Prevê-se que em 2020 as pessoas idosas representem 20,4% e em 2030, 24,2%
da população nacional.
• Na EU morrem 105.000 pessoas/ ano vítimas de acidentes
• 85.000 são acidentes “não intencionais” (acidentes de viação, queda,
queimaduras, intoxicações, afogamento)
• 20.000 são “intencionais” (suicídios, homicídios, entre outros).
• O grupo etário mais de 65 anos representa 14% das vítimas de acidentes de
trânsito, representando as pessoas idosas 29% dos peões mortos
• No que se refere aos acidentes domésticos (devido a má iluminação, espaço
condicionado – mobília, tapetes, gás…) e de lazer, 14% das vítimas são pessoas
idosas, sendo muito mais frequente nas mulheres e “a casa” o principal local de
ocorrência
• Estima-se que esta percentagem triplique nos próximos anos pelo
envelhecimento populacional.

1. Acidentes domésticos e de lazer com pessoas idosas


• Os acidentes são a 5ª causa de morte na população acima dos 65 anos
• A queda é o acidente que mais contribui para o aumento da taxa de mortalidade
 Os acidentes com a população idosa são um desafio para a intervenção dos
enfermeiros.
• A transição demográfica em curso configura uma alteração nos problemas de saúde
publica.
• Em 2007 a OMS declara a queda na população idosa como um problema ade saúde
pública

•Comorbilidades
•Dor crónica
•Incapacidades
Acidentes •Declínio funcional
• da qualidade de vida
•Dependência
•Sobrecarga familiar
• dos custos em saúde

Custos direitos

Custos indiretos

86
 Quedas na pessoa idosa
• Conceito
o Queda – de acordo com a OMS (2007) evento que leva a pessoa
inadvertidamente ao solo ou um nível inferior
o Cair - descida de um corpo de um nível superior para um nível inferior
devido ao desequilíbrio, desmaio ou incapacidade para sustentar pesos
e permanecer na vertical
o Risco de queda – é um diagnóstico de enfermagem, operacionalizando
através da aplicação da escala de Morse e por tomada de decisão de
Enfermagem, nas primeiras 24 horas de internamento do doente.
o Escala de Morse - escala preditiva (ou seja de acordo com aqueles itens
vê-se se a pessoa tem elevado risco ou não de cair) de queda do doente
adulto durante o período de internamento.
o Dano - implica na estrutura ou funções do corpo e/ou qualquer efeito
pernicioso daí resultante incluindo doença, lesão, sofrimento,
incapacidade ou morte e pode ser físico, social ou psicológico.
o Grau de danos (nenhum, ligeiro, moderado, grave, morte) - gravidade e
duração de qualquer dano e as implicações no tratamento, resultantes
de uma queda.

• Classificação das quedas

Ocasionais Intercorrentes Recidivantes


Repetem-se duas ou mais
ligadas a fatores extrínsecos.
vezes num espaço de 6 meses
Associadas a doença aguda
(podem ser previsíveis ou
imprevisíveis)
São quedas "não intencionais" Associadas a fatores de risco
ou "acidentais" intrínsecos

o Acidentais 14% - não evitáveis


o Fisiológicas 86% - 78% são previsíveis e 8% são imprevisíveis

• Fatores de risco

Biológicos

Socio
económic
Fatores Comporta
de risco mentais
os

Ambientais (desnível entre as ruas e


Ambientai os passeios, dificuldades de
87 s acessibilidade aos diferentes
edifícios, falta de iluminação…)
o Queda Acidental
✓ Fatores extrínsecos à pessoa
- Risco ambiental
- Comportamentos de Riscos

o Queda Recorrente
✓ Associadas a fatores etiológicos intrínsecos

 Determinantes dos acidentes com pessoais idosas


• Comportamento humano:
o Mau julgamento do risco de uma dada atividade
o Falta de conhecimento, de motivação ou de aceitação para utilizar produtos de
apoio para a realização das AVD, tais como: auxiliares de marcha

- dificuldade de aceitação da incapacidade, limitações decorrentes do processo de


envelhecimento

- culturalmente o acidente é visto como algo inevitável, fruto do azar ou do infortúnio

 Medidas preventivas
• A determinação dos idosos que têm alto risco de queda é o primeiro passo para
ajudar os profissionais a prevenir as quedas e as lesões associadas (Wagner, Scott &
Silver, 2011)
• A avaliação do risco deve prever as intervenções associadas (ACSQH, 2009)

A combinação da avaliação do risco com intervenções apropriadas diminui a


probabilidade de ocorrência de quedas

 Avaliação do risco de queda

Podem ser utilizados instrumentos diferentes para avaliar o risco de queda:

 ESCALAS
• Escalas de Morse (é a mais utilizada em Portugal)
• STRATIFY Tool
• Escala de Hendrich
• Escala de Downton

 TESTES DE AVALIAÇÃO FUNCIONAL

88
• TUGT
• Teste de quilíbrio de Berg
• Escala de BARTHEL (mede a capacidade de realizar as Atividades Básicas de Vida
Diária)

 TESTES PARA DETERMINAÇÃO DE DECLÍNIO COGNITIVO


• MMSE – Mini Mental Status
• NEECHAM - escala de confusão

Vejamos, agora, em detalhe a escala de Morse

ESCALA DE MORSE

o Tempo de preenchimento: cerca de 3 minutos


o Frequência de aplicação
> A avaliação inicial deve de ser feita nas primeiras 24h após a admissão do
doente (porque ficam desorientados, há uma adaptação primeiramente ao
espaço)
> A reavaliação do risco de queda deverá ser efetuada de 7 em 7 dias ou após
qualquer alteração verificada nas condições do Doente (incluindo a ocorrência
de uma queda).

89
 Consequências das quedas

 Prevenção da queda
• As intervenções preventivas de queda podem ser singulares (para o controlo de um
único fator de risco) ou múltiplas (controlo de vários fatores de risco)
• As intervenções múltiplas podem ser destinadas a todos os idosos – oferecendo o
mesmo programa de prevenção a todos, mas combinando intervenções individualizadas
em função do risco
• A prevenção de acidentes na população idosa é um desafio para os cuidados de
enfermagem;
• Implica a parceria com outras instituições na comunidade (autarquias, PSP, grupos
desportivos…);
• Enquanto sociedade temos de repensar aspetos do planeamento urbanístico,
acessibilidades e criação de uma sociedade segura para uma população em franco
processo de envelhecimento;
• Enquanto cidadãos temos de nos preparar para envelhecer ativamente…

• Medidas preventivas de quedas


INTERVENÇÕES MULTIFATORIAIS COM EFICÁCIA COMPROVADA NA REDUÇÃO DA
INCIDÊNCIA E PREVALÊNCIA DAS QUEDAS
✓ Intervenção multiprofissional;
✓ Avaliação do idoso e avaliação dos fatores de risco individual de queda
✓ Formação dos profissionais (hospitais e ERI)
✓ Exercícios que melhorem o equilíbrio (Tai-Chi, ioga, hidroginástica)
✓ Revisão da medicação
✓ Controlo dos fatores de risco ambiental (introduzindo adaptações)
✓ Utilização de protetores da anca (diminui o risco de fratura, mas não de queda)
✓ Controlar medo de nova queda
✓ Avaliação periódica e acompanhamento profissional do idoso que já sofreu uma
queda – prevenir declínio da funcionalidade e auto-restrição de atividade

90
INTERVENÇÕES SINGULARES COM EFICÁCIA COMPROVADA NA REDUÇÃO DA INCIDÊNCIA E
PREVALÊNCIA DAS QUEDAS

✓ Suplementos de vitamina D – avaliação médica


✓ Utilização dos protetores de anca
✓ Revisão da medicação

 Prevenir acidentes na pessoa idosa no domicílio


• Tornar a casa segura
o Manter uma boa iluminação em toda a casa e uma luz acesa na entrada principal !
o As lâmpadas devem ser de fácil manutenção e substituição !
o Nunca deixar os fios de telefone e eléctricos desprotegidos. Devem ser presos á
parede !
o Evitar tapetes soltos no chão, principalmente nas escadas. Se os usar, fixar ao
chão!
o As escadas devem ter degraus com piso antiderrapante (ou tiras). Se possível
assinalar (com uma mudança de cor) o primeiro e o último degrau!
o Equacionar a necessidade de colocar um corrimão (barra de apoio)

• Manter comportamentos seguros


o Não usar camisolas e roupões demasiado compridos, para evitar tropeçar,
principalmente se tiver que se levantar no meio da noite !
o Ao deitar, deixe uma luz de presença acesa para auxiliar a visão, caso acorde a
meio da noite !
o No quintal evitar a acumulação de folhas e flores húmidas no chão !
o Ter atenção ao(s) animal(is) de estimação, principalmente gatos e cães. Colocar um
guizo na coleira que tente avisar a presença do animal, antes que se “enrodilhe”
nas pernas
• Estratégias para prevenir acidentes
o No quarto
> Se possível, utilizar uma cama larga, com altura suficiente para que, sentada,
a Pessoa Idosa consiga apoiar os pés no chão !

91
> Quando deitada, a Pessoa Idosa deve apoiar a cabeça num travesseiro que
apoie a cabeça e os ombros !
> Quando se levantar do leito, a Pessoa idosa deve fazê-lo, devagar, sem
precipitações, de forma a evitar a ocorrência de tonturas devido à súbita
mudança de posição de deitado para ortostática – ensinar a sentar alguns
segundos antes de levantar !
> Não ter tapetes no chão
> No quarto deve existir uma cadeira (estável) ou uma poltrona para que a
Pessoa Idosa possa sentar-se para calçar as meias e os sapatos !
> Os interruptores devem estar ao alcance da mão quando estiver deitado na
cama, para evitar ter de se levantar no escuro !
> Evitar colocar objetos em prateleiras muito altas ou muito baixas, para
diminuir o esforço físico de ter de os procurar !
> A mesa de cabeceira deve ter os bordos arredondados e ser fixa à parede ou
ao chão de forma a que não se desloque, caso a Pessoa Idosa tenha
necessidade de se apoiar nela

o Na casa de banho
> O piso da casa de banho deve ser antiderrapante !
> Evitar prateleiras de vidro e superfícies cortantes que possam lesionar a
Pessoa Idosa, caso tenha uma perda de equilíbrio !
> É absolutamente proibido a presença de esquentador a gás instalado na casa
de banho !!!
> O espaço útil da casa de banho deve ser suficiente para duas pessoas. Nunca
fechar a porta da casa de banho á chave, caso venha a precisar de ajuda!
> Os interruptores e as tomadas elétricas devem estar em áreas secas da casa
de banho
> Na banheira ou polibã, colocar tapete de borracha antiderrapante. Colocar
também barras de apoio. Se necessário, utilizar banco próprio para que a
Pessoa Idosa tome o seu banho sentada e estável !
> Se a Pessoa Idosa tiver dificuldade em se elevar da sanita, colocar um alteador
de sanita que facilite a elevação. Colocar igualmente, barras de apoio !
> Limpar imediatamente o chão quando se derramarem líquidos !
> Esperar que o chão seque depois da lavagem

o Na cozinha
> Os armários não devem ficar em locais muito altos. Guardar preferencialmente
os objetos que utiliza pouco nos armários superiores e os de uso frequente, em
locais de fácil acesso !
> Se o Fogão (e esquentador) forem a gás, instalar sempre a botija fora da
cozinha !
> No frigorifico, arrumar os viveres nas prateleiras de forma a evitar que a Pessoa
Idosa baixe ou eleve demasiado os seus braços. Evitar colocar muita carga
(peso) na porta do frigorifico
> Os fornos eléctricos e os microondas devem ser colocados em local de fácil
acesso !
> Se possível, a placa de fogão deve ter um sistema que apague automaticamente
caso haja derrame de líquidos (e assim evitar as fugas de gás) !

92
> A Pessoa Idosa deve ser alertada para desligar os aparelhos depois de os usar
(ferro de engomar, forno, microondas)

o Na sala de estar
> Procurar utilizar cores claras nas paredes e uma boa iluminação !
> Os sofás e poltronas devem ser confortáveis mas os assentos não devem ser
demasiado macios para que a Pessoa Idosa se consiga levantar e sentar com
facilidade !
> Evitar esquinas de vidro, metal ou materiais cortantes em mesas de apoio !
> Não usar tapete em baixo da mesa da sala de jantar e deixar um espaço de
circulação ao redor da mesa !
> Preferir pisos antiderrapantes

o Escolha de um calçado seguro


O que torna um calçado seguro?

o Luz de presença
o Protetores de anca
o Material de proteção

 Prevenir acidentes na pessoa idosa internada ou institucionalizada


• Algumas intervenções de enfermagem gerais para a prevenção de quedas em
doentes internados
o Monitorizar queda através da Escala de Morse ou Downton (CHLN)
o Ensinar sobre prevenção de quedas
o Instruir sobre a utilização de equipamento para prevenir as quedas
o Treinar a utilização de equipamento para prevenir as quedas
o Assistir a Pessoa a identificar condições de risco para a queda
o Assistir o Prestador de cuidados a identificar condições de risco para a queda
o Vigiar a Pessoa nas suas deslocações
o Gerir o ambiente físico
o Monitorizar comportamentos inseguros

93
• Gerir o risco de queda em estruturas residenciais para idosos

 Saber levantar-se após uma queda


• Deve tentar dobrar-se sobre o estômago, pôr-se de gatas e gatinhar até uma peça de
mobília que se encontre perto. Colocar as mãos sobre ela e pôr um dos pés á frente,
bem assente no chão. Fazer o esforço de se levantar. Se possível, sentar-se ou nessa
peça de mobiliário ou numa cadeira ou cama para descansar e adquirir alguma
serenidade. !
• Se após a queda lhe doer os joelhos e não puder gatinhar, deve arrastar-se sentado
até á peça de mobiliário e proceder com anteriormente descrito

94
 Prevenção da queda
• As intervenções preventivas de queda podem ser singulares (para o controlo de um
único fator de risco) ou múltiplas (controlo de vários fatores de risco)
• As intervenções múltiplas podem ser destinadas a todos os idosos – oferecendo o
mesmo programa de prevenção a todos, mas combinando intervenções
individualizadas em função do risco

95
CONSOLIDAÇÃO DE CONHECIMENTOS

Objetivos

 Identifica os fatores determinantes dos acidentes domésticos e de lazer na pessoa idosa


 Identifica os fatores de risco para ocorrência de quedas
 Descreve as medidas preventivas a nível pessoal e a nível ambiental
 Explica as consequências das quedas na pessoa idosa a nível fisiológico, psicológico e social
 Utiliza um instrumento validado para a avaliação do risco de queda
 Relaciona as intervenções a implementar em função dos fatores de risco avaliados
 Descreve estratégias de prevenção de acidentes a implementar nos diferentes ambientes
(casa do idoso, hospital e estruturas residenciais para idosos

Teste formativo

1. Relacione as alterações secundárias ao processo de envelhecimento com a ocorrência de


quedas.

2.Descreva as finalidades e estratégias do programa nacional de prevenção de acidentes com


pessoas idosas.

3. Identifique as intervenções multifactoriais que diminuem a prevalência de quedas.

4. Refira as intervenções singulares que diminuem a incidência de quedas.

5. Descreva as alterações ambientais que têm impacto na diminuição dos acidentes na casa do
idoso.

6. Descreva as intervenções de enfermagem a implementar em meio hospitalar com a finalidade


de prevenir acidentes com os idosos.

Bibliografia

Leitura obrigatória

Australian Comission on Safety and Quality in Health Care (ACSQHC). (2009).

Preventing falls and harm from falls in older people: Best Pratice Guidlenes for
Australian Residential Aged Care Facilities. Australian Health Ministers. Austrália.
Dísponivel em: http://www.safetyandquality.gov.au/wp-content/uploads/2012/01/Guidelines-
RACF.pdf

Amann, G P. Programa Nacional de Prevenção de Acidentes. Projecto: COM MAIS CUIDADO -


Prevenção de acidentes domésticos com pessoas Idosas. Manual de Apoio e Formulário.
(2012) Direcção-Geral da Saúde e Fundação MAPFRE, Lisboa.

Leitura para aprofundamento

Berger, L.; Mailloux-poirier, D. – Pessoas Idosas: uma abordagem global.


(1995).Loures. Lusociência. Portugal.

Ministério da Saúde. Direcção Geral da Saúde - Como prevenir as quedas:


recomendado aos prestadores de cuidados informais. (2000) Lisboa: DGS. Guias para
as Pessoas Idosas.

96
3.2 Ajudar a Respirar normalmente

 Objetivos
✓ Caracterizar os fatores que influenciam a satisfação da NHF respirar ao longo do ciclo
vital
✓ Identificar medidas de promoção da satisfação da NHF respirar
✓ Caracterizar intervenções de enfermagem que permitem a satisfação da NHF respirar
ao longo do ciclo vital

3.2.1 Conceitos associados, padrão e dimensões da NHF ao logo do ciclo de vida,


problemas e capacidades relevantes

A respiração é influenciada por as seguintes dimensões:

Dimensão espirtual Dimensão sociocultural

•Recursos económicos
•reforma
•poluição
•existência de espaços verdes
•Disponibilidade de equipamentos desportivos
•Programas formais de atividade física
•Tabagismo
•Agir segundo as suas crenças

Dimensão psicológica

•Autoestima e autoconhecimento
•Depressão e eprturbações mentais
•Medo
•Ansiedade
•Internamento VS institucionalização
•Stress
•Fatores comportamentais => estilo de vida

Dimensão biofisiológica

•Idade
•sexo
•doenças
•exercício físico
•alimentação
•hidratação
•IMC
•Medicação
•Dor
•Integridade física
•integridade neurológica - que comprometem o sistema nervoso central
•imobilidade - funçao respiratória menos eficaz
•alterações músculo-esqueléticas

97
 Conceitos

● Limpeza das vias aéreas

Processo do sistema respiratório para manter aberta ao fluxo de ar uma passagem até aos
alvéolos pulmonares através da capacidade para limpar as secreções ou obstruções do trato
respiratório

● Expetorar

Limpeza das vias aéreas: expulsão de muco, material mucopurulento ou líquidos da tarqueia,
brônquios e pulmões, tossindo ou cuspindo.

● Tosse

Processo do sistema respiratório comprometido: expulsão súbita do ar dos pulmões para limpar
a via aérea

 É um reflexo protetor, contudo este pode levar a uma extenuação da pessoa


e como tal devemos de alterar as características da tosse, para que depois
das secreções se encontrarem no sítio certo com a tosse as pessoas
conseguiam, efetivamente, limpar a via aérea.

● Aspiração

Processo do sistema respiratório comprometido: inalação de substâncias gástricas ou externas


para a traqueia ou pulmões

● Dispneia

Processo do sistema respiratório comprometido: movimento laborioso da entrada e saída de ar


dos pulmões, com desconforto crescente, falta de ar, associada a insuficiência de oxigénio no
sangue circulante, sensações de desconforto e ansiedade.

 Nem todas as dispenias se tratam com oxigénio, pois depende do tipo de


dispneia em si.

o Dispneia funcional

Falta de ar associada com atividade física, tal como exercício e marcha

o Dispneia em repouso

Falta de ar quando em repouso ou posição confortável

o Ortopneia
Dispneia em repouso: falta de ar quando deitado em posição dorsal e em supina

● Trocas gasosas
Processo respiratório: troca alveolar de oxigénio e dióxido de carbono, equilíbrio na
perfusão ventilatória associada a efeitos sobre a respiração, cor da pele e nível de
energia

98
● Hipoxia

Processo do sistema respiratório comprometido: redução da tensão do oxigénio celular


associada a cianose, taquicardia (mecanismo de homeostasia), vasoconstrição periférica, sons
respiratórios diminuídos, acompanhados de tonturas e confusão mental.

● Asfixia

Processo respiratório comprometido: interferência com a entrada de ar nos pulmões, cessação


da respiração e sufocação

De notar que as IACS interferem com estas dimensões ou pelo menos algumas delas.

 Características da respiração

Frequência Recém nascido: 30 a 80 cr/m

Criança: 20 a 30 cr/m

Adulto: 12 a 20 cr/m

Ritmo Regular ou irregular (ex.: doentes com apneia do sono)

Tipo de Torácica
localização
Toraco-abdominal

Diafragmática

Amplitude Superficial (num minuto uma pessoa respira 25x)

Profunda

 Intervenções de enfermagem promotoras da satisfação NHF RESPIRAR na Mulher grávida

99
 A gravidez provoca alterações importantes na fisiologia da respiração
 Em resposta às necessidades de oxigenação a ventilação materna aumenta cerca de 50%
✓ Manter um registo das características da respiração e do pulso antes e ao longo da
gravidez
✓ Na realização do exame físico “despistar” a presença de sinais e sintomas tais como:
taquicardia, sibilos, dispneia a pequenos médios esforços
✓ “Caracterizar” ingestão hídrica
✓ Nas grávidas com hábitos tabágicos implementar estratégias para diminuir ou
eliminar o consumo tabágico
✓ Implementar estratégias promotoras do alívio da ansiedade
✓ Estabelecer um programa de atividade física: nas gravidas sedentárias iniciar um
programa de intensidade moderada e gradualmente avançar para outros níveis,
evitando, sempre a fadiga (compromete a perfusão uterina e a oxigenação feto-
placentária)
✓ Educar a mulher grávida para manter os princípios da biomédica na opção de pé e
sentada
✓ Articular-se com a enfermeira de saúde materna para
determinar exercícios específicos a ser mantidos
(nomeadamente o controlo da respiração
 A gravidez provoca alterações importantes na circulação:
✓ Avaliar edema dos MI
✓ Avaliar sinais e sintomas de complicações
(troboembolismo)
✓ Evitar permanecer longos períodos parada
✓ Alternar períodos de atividade com períodos de repouso
✓ ~promover a caminhada e subir/ descer escadas, várias
vezes ao longo do dia
✓ Elevar os membros inferiores, em declive, sempre que possível
✓ Promover mobilizações ativas da articulação tibioblástica (fazer a
rotação da mesma para estabelecer o retorno venoso)
✓ Assessorar na escolha de meias de contensão adequadas
✓ Sugerir o uso de cinta da gravidez: o apolio e elevação do útero
facilita a drenagem linfática e venosa
✓ Aconselhar sobre à escolha do vestuário (evitar roupa apertada na
região unginal)
✓ Alertar para evitar a posição de decúbito dorsal: o débito cardíaco pode diminuir até
20%
✓ Promover a ampla ingestão de líquidos

 Intervenções de enfermagem promotoras da satisfação NHF RESPIRAR na criança

 Instruir aos pais sobre:


✓ Posições de relaxamento e descanso
✓ Evitar mudanças súbitas de temperatura
✓ Sono e repouso
✓ Hidratação e alimentação adequada

100
✓ Não fumar perto do bebé/ criança ( inalação passiva de fumo de cigarro aumenta a
frequência e a gravidade da tosse, infeções de ouvido, infeções dos seios nasais,
laringites e asma
 Promover um ambiente seguro:
✓ Higiene dos diferentes espaços da casa
✓ Arejar o quarto
✓ Instruir acerca da roupa da cama, higiene e secagem da roupa
✓ Assessorar a escolha de brinquedos (devido à tinta, às peças que estes contêm, etc.)
✓ Lavar/ desinfetar com regularidade os brinquedos
✓ Promover a realização de atividades físicas
✓ Aconselhar os pais na escolha da atividade física mais
adequada à criança (idade, situação clínica da
criança, disponibilidade de oferta na comunidade).
Ex.: estar em grupo e ter brincadeiras de grupo,
caminhadas, brincar na praia (ampla superfície),
natação (útil porque para além do ensino da
atividade como forma de permitir a sua segurança,
permite um controlo respiratório)

 Intervenções de enfermagem promotoras da satisfação NHF RESPIRAR no adulto


 Ensino sobre a importância de evitar a inalação de:
✓ Poeiras
✓ Gases
✓ Venenos
✓ Radiação
 Ensino sobre a importância da evitação tabágica
 Ensino sobre a importância da atividade física
 Ensino técnicas/ exercícios de relaxamento
 Ensino sobre benefícios de manter um IMC adequado
 Em função da atividade profissional e dos riscos associado, educar promover a utilização
de EPI para evitar a inalação de substâncias irritantes ou tóxicas (ex.: carpinteiros, pin
tores…)
 Os enfermeiros com funções nas áreas de higiene e segurança no trabalho devem
monitorizar a utilização sistemática deste material de proteção, por mais incomodo que
seja.

 Intervenções de enfermagem promotoras da satisfação NHF RESPIRAR na idosos


 Perda de elasticidade dos tecidos (alvéolos/ pulmões)
 Diminuição da atividade ciliar
 Limitação da capacidade de expensão torácica
✓ calcificação das cartilagens costais
✓ Debilidade muscular
✓ Alterações posturais/ diminuição da mobilidade
 Aumento do volume residual (ciclo de ar no pulmão)
 Diminuição da capacidade vital
 Tosse menos eficaz

101
 Promover prática de atividade física regular/ prevenção do sedentarismo
 Promover hidratação adequada
 Insistir na correção postural
 Instruir sobre exercícios de expansão torácica
 Instruir sobre exercícios de higiene brônquica (tosse, assuar o nariz…)

3.2.2 A consciencialização da respiração, a dissociação dos tempos respiratórios e tosse.

Diagnóstico de enfermagem Desobstrução das vias aéreas


“Estado no qual o cliente experimenta a incapacidade de eliminar aas secreções ou
obstruções”
Resultados esperados/ objetivos ● Promover a limpeza das vias aéreas
● Demostrar tosse eficaz e troca de gases
● Restabelecer o padrão respiratório da
pessoa

Avaliar sinais/ sintomas da alteração do padrão da NHF respirar


● Conhecer “história respiratória” e ● Avaliar:
antecedentes de alteração do padrão da ✓ Incapacidade para remover, por si só,
NHF respirar as secrções das vias aéreas
● Consultar exames laboratoriais (ex.: ✓ Tosse ausente ou ineficaz
gasimetria) ✓ Presença de sinais de hipoxia
● Avaliar SPO2 (cianose)
● Efetuar exame físico ✓ Ruídos respiratórias anormais
(roncos, sibilos, estertores,
crepitações)
✓ Alteração de uma ou mais
características da respiração
(frequência e ritmo)
✓ Dispeneia, ortopeneia,
✓ Agitação

DESOBSTRUÇÃO INEFICAZ DE VIAS AÉREAS


INTERVENÇÕES AUTÓNOMAS DE ENFERMAGEM
● Intervenções fatores causais
● (infeções, alergias, tabagismo, exposição a produtos químicos, doença pulmonar ou
cardíaca, imobilidade por doença ou trauma do SN)
● Posicionar a pessoa em posição de fowler/ semi-fowler
● ATENÇÃO: a pessoa tem que estar bem deitada na cama/ posição confortável
● Na criança, em decúbito dorsal, manter a cabeça com ligeira extensão do pescoço, mas
evitando a hiperextensão
● Monitorizar o padrão respiratório, a pressão arterial e o pulso
● Monitorizar a saturação do O2 – não substitui a avaliação da frequência respiratória (não
utilizar o aparelho com unhas de gel ou com verniz, alternar local)
● Promover a ampla ingestão de líquidos (1500/ 2000 cc)
● Promover a humidificação do ar, pois o ar muito seco danifica a libertação das secreções
● Promover a mobilização e alternância de decúbitos:
✓ Melhora qualidade respiração

102
✓ Repara os músculos respiratórios
✓ Promove capacidade suportar atividade física
✓ Reduz risco de atelectasias – diferentes posições (=) drenagem postural, conhecendo
os lóbulos do pulmão de modo a que as secreções cheguem a uma zona de modo a
que o doente consiga expelir as secreções que irão ser expetoradas através da tosse
✓ Promove tosse e a progressão muco
✓ Estimula tosse e expetoração
✓ Favorece a circulação
● Instruir a pessoa e/ ou cuidador sobre a adoção de posições de técnicas facilitadoras do
relaxamento e da respiração (sentado e de pé)
● Instruir a pessoa sobre a conscientização da respiração através do controlo e
dissociação dos tempos respiratórios
● Avaliar a tosse – identificar fatores causais e característicos

● Minimizar os fatores irritantes no ar inspirado (poeiras, alergénios)


● Avaliar as características da expetoração (cor, volume, odor)

 Tosse
Processos inflamatórios Cansaço e dispneia Frequência
Fatores etiológicos

Complicações

Avaliar a tosse
Desidratação das Exaustão Fatores precipitantes
mucosas Cianose intensa Eficácia
Inspiração de ar frio Lesões das paredes da Interferência com
Inspiração de partículas traqueia e da laringe atividades da vida diária
irritantes físicas ou Disseminação de Tipo
químicas expectoração infetada Fatores que aliviam
Processos infeciosos para os alvéolos
Produtividade
Influência sobre o
cansaço

DESOBSTRUÇÃO INEFICAZ DE VIAS AÉREAS


INTERVENÇÕES AUTÓNOMAS DE ENFERMAGEM (continuação)
● Aplicar medidas que promovam a fluidificação das secreções
✓ Hidratação
✓ Humidificação do ar
✓ Atmosfera húmida
● Remove as secreções da boca e orofaringe (com espátula ou aspirando as secreções)
- para diminuir meio de cultura, prevenir atelectasias, hipoxemia, dispneia

● Aspirar secreções: apenas quando a pessoa é incapaz para proceder à eliminação das
secreções
● Proceder aos cuidados de higiene oral
● Oferecer às crianças as medidas de conforto preferidas (embalar, acariciar…)
● Despista sinais de complicações: dispneia; troca de gases prejudicada
● Avaliar sinais de hipoxia
● Otimizar a ventilação através de técnicas de posicionamento
● Executar técnicas de relaxamento

103
● Assistir nas técnicas de relaxamento
● Instruir sobre técnicas respiratórias
● Supervisionar execução de técnicas respiratórias

 Características da expetoração
Cor/ tipo ● Mucosa
● Purulenta
● Muco-purulenta
● Serosa
● Hemoptoica

Odor ● Sem cheiro


● Fétida

Quantidade ● Pequena
● Média
● Grande
● Regular
● Abundante

Consistência/ ● Seca ou espessa


Viscosidade ● Hidratada ou fluída

 Posições de descanso e relaxamento


● Clientes com dispneia
Antes de iniciar a realização de qualquer procedimento tenho de garantir que o utente
se encontra numa posição de descanso e relaxamento.
As grandes vantagens destas posições ajudam:
✓ Reduzem a tensão psíquica (muitas das vezes consequência dos pais) e
muscular (tensão muscular elevada: consequência de hipoxia)
✓ Facilitam o controlo da respiração e a colaboração
✓ Reduzem a sobrecarga muscular
✓ Facilitam a respiração diafragmática

Estas posições são extremamente básicas que muitas das vezes as pessoas por si só
adquirem estas posições.

1
2

1- Normalmente nos hospitais não há necessidade de colocar almofadas, devido às camas


existentes nos mesmos, contudo se for numa situação domiciliária é extremamente
importante a utilização destas.

104
Assim, devemos de colocar as almofadas ou cobertores encostados ao estrado da cama, por
baixo do colchão de modo a que as almofadas não se movam.

2- O diafragma vai elevar e ajudar no período expiratório – o ciclo que as pessoas têm
dificuldade
3 4

4- posição de relaxamento utilizada preferencialmente em crianças. Contudo, atualmente


não se usam as almofadas mas sim bolas de pilates, de modo a realizarem a posição de dorso
ventral. Os enfermeiros seguram nas pernas das crianças para que estas andem.

5 6

5/6 – IC (no período expiratório assobiam mesmo), DPOC, asma – posições de alívio. Esta
posição também é muito usada por quem tem dispneia funcional associada às pessoas que
dificuldades de mobilidade  apoiam-se no andarilho, para tal é fulcral que este não tenha
rodas ou estas estejam travadas.

A seguir às posições de respiração seguem-se os exercícios respiratórios. Estes podem ter


três técnicas básicas (incluem técnicas para melhorar a ventilação e a oxigenação).
Estes exercícios respiratórios inserem-se no conjunto de técnicas de RFR (reeducação
funcional respiratória), isto é: uma terapia que utiliza fundamentalmente o movimento na
sua intervenção. Esta atua sobre fenómenos mecânicos da respiração (sobre a ventilação
externa, visando melhorar a ventilação alveolar). Pode ser utilizada desde a criança ao idoso.
Uma das suas principais funções é manter ou melhorar a permeabilidade das vias aéreas,
facilitando a eliminação de secreções quando há, efetivamente, problemas obstrutivos.

MAS, ANTES DE ENSINO DAS TECNICAS BASICAS:


● Avalie a respiração do cliente
● Verifique a história respiratória do cliente
● Controle o ambiente

105
● Avalie a capacidade do cliente executar o procedimento
● a colaboração do cliente e do cuidador
● Reavalie o cliente ao longo de todo o procedimento
● Adeque as estratégias de comunicação à idade, à cultura e à individualidade do cliente
e do seu cuidador
● Em algumas situações, nomeadamente crianças e pessoas idosas, pode ser necessário
envolver o cuidador principal para dar continuidade ao procedimento. Nesta situação
deve ser sempre validada a motivação, a capacidade e a disponibilidade
● Garanta a execução do procedimento em condições de segurança para si e para o
cliente

1. Consciencialização (controlo da respiração) e dissociação dos tempos respiratórios

● O cliente deve de estar sentado, deitado em semi flower ou em decúbito dorsal


● A pessoa tem que perceber que a respiração se realiza em dois tempos: inspirando pelo
nariz e expirando pela boca
o INSPIRAÇÃO profunda pelo nariz
o Seguida de EXPIRAÇÃO prolongada pela boca, com os lábios semicerrados
o O tempo de EXPIRAÇÃO é mais demorado do que o de INSPIRAÇÃO (2/3 x) – caso
seja um mergulhador este numero aumenta 5/6x
Ex.: “o Sr. X vai inspirar como se estivesse a cheirar uma flor e expirar como se
estivesse a soprar uma vela/ estivesse uma palhinha na boca”  nas crianças pode-
se dar uma “língua da sogra” para que ele consiga desenrolar- desafio para a criança
– ou até mesmo pedir para este soprar bolhas, um apito, balões… Partir os períodos
respiratórios, com o auxílio da mão no diafragma, suavemente, indo acompanhando
o período expiratório, aumentando a pressão.

NOTA: a consciencialização assume assim, uma importância preponderante da RFR, na medida


em que permite um auto-cuidado.

2. Respiração diafragmática

● Definição: Procedimento de carácter autónomo que consiste na instrução da pessoa


para a utilização do diafragma (principal músculo respiratório) de um modo mais eficaz.
● Pedir à pessoa para quando inspira colocar a barriga para fora e quando inspira colocar
a barriga para dentro
● Assim, as finalidades são:
1. Promover um padrão respiratório fisiológico
2. Melhorar a coordenação e eficiência dos músculos
respiratórios (tudo o que é músculos acessórios encontram-se
a trabalhar, levando a uma tiragem intercostal)
3. Reduzir o trabalho respiratório
4. Aumentar o volume corrente, porque o nosso organismo durante o tempo que a pessoa está
com dispneia, vai buscar todas as reservas existentes de modo a repor essas mesmas necessidades
5. Melhorar a ventilação alveolar
6. Promover a ventilação da base dos pulmões
7. Prevenir complicações respiratórias pós-cirúrgicas (dores provocadas por suturas,
por exemplo, sendo que aumenta a probabilidade de virem a ter problemas
respiratórios)
8. Prevenir complicações respiratórias associadas à imobilidade prolongada.

106
● De notar que este procedimento requer uma preparação, como tal:
✓ Explique o procedimento ao Cliente e/ou ao cuidador;
✓ Proceda à higiene das mãos;
✓ Providencie privacidade, correndo as cortinas da unidade;
✓ Se necessário, coloque equipamento de proteção individual;
✓ Se o Cliente estiver na cama e se esta o permitir, elevar a cama ao nível das cristas
ilíacas do profissional para uma melhor ergonomia;
✓ Posicione corretamente o Cliente;
✓ Peça ao Cliente para consciencializar-se dos tempos respiratórios (Inspiração e
Expiração).

● Procedimento:
1. Ensine o cliente a dissociar os tempos respiratórios (etapa anterior)

sendo que a dissociação dos


tempos respiratórios permite:
✓ Controlar a expiração e facilitar o esvaziamento máximo dos alvéolos;
✓ Aumentar o volume corrente;
✓ Diminuir a frequência respiratória e controlar uma eventual
dispneia;
✓ Aumentar 3 a 4 % a SPO2.
2. Solicite à pessoa uma respiração “abdominal” (não
exceder 6 a 10 ciclos/ por minuto):
✓ Colocar uma mão no tórax e outra no epigastro
(ou no espaço entre o umbigo e o apêndice
xifoide procurando o local onde se sente maior
amplitude de movimento)
✓ Relaxar a parte superior do tórax, ombros e M.S.
✓ Inspirar pelo nariz conduzindo o ar para o abdómen, tentando não
mobilizar o tórax (o abdómen eleva-se)
✓ Expirar com os lábios semicerrados, contraindo os músculos abdominais
(o abdómen desce suavemente)

● Avaliar a eficácia (comparando antes e após a realização dos exercícios):


✓ Características da respiração
✓ Coloração da pele e mucosas
✓ Simetria dos movimentos da caixa torácica
✓ Presença (ou melhoria) de Dispneia
✓ Tosse associada
✓ SPO2
✓ Validar com o Cliente o conforto e bem-estar

● Após o procedimento:
✓ Posicione o Cliente confortavelmente (se necessário e de acordo com o plano
de posicionamento terapêutico);

107
✓ Efetue a higiene das mãos;
✓ Registe: ensino, monitorização, avaliação (intercorrências, resultados obtidos e
alterações dos valores da SPO2 avaliadas através do oxímetro)

Após a pessoa realizar a respiração diafragmática, pode-se ensinar a pessoa a tossir, consoante
a necessidade da pessoa.

3. Tosse (Ensino)

● Definição: Procedimento de carácter autónomo que consiste na instrução da pessoa


para a promoção de uma tosse eficaz.
● Execução/ preparação
1. Explique o procedimento ao Cliente e/ou ao cuidador;
2. Proceda à higiene das mãos;
3. Prepare o material necessário (resguardo, lenços de papel ou celulose);
4. Feche as cortinas da unidade;
5. Coloque equipamento de proteção individual, se necessário;
6. Se o Cliente estiver na cama e se esta o permitir elevar a cama ao nível das cristas
ilíacas do profissional;
7. Posicione corretamente o Cliente – sentado;
8. Peça ao Cliente para consciencializar-se da sua respiração, no que diz respeito ao
ritmo, frequência, amplitude e localização / tipo.

● Consiste num recurso a movimentos respiratórios amplos com ênfase na fase


expiratória

● Ter em atenção:
✓ Necessário promover relaxamento físico e psíquico para aumentar a eficácia
✓ O Cliente deve ser ensinado a sentar-se para tossir
✓ Evitar o aparecimento de fadiga durante a realização do procedimento
● Finalidades:
✓ Manter a permeabilidade das vias aéreas;
✓ Remover secreções brônquicas;
✓ Remover substâncias estranhas das vias aéreas;
✓ Otimizar a eficácia das trocas gasosas;
✓ Prevenir complicações associadas ao efeito da retenção de secreções
(atelectasia, obstrução, infeções respiratórias, deficit de oxigenação /
perfusão) comuns no período pós-operatório, no Cliente com imobilidade e nas
doenças neuromusculares

● Ensino da tosse: Promover relaxamento físico e psíquico para aumentar a eficácia (pelo
posicionamento e consciencialização e dissociação dos tempos respiratórios)

108
 Validar com o Cliente se está confortável

● Passos:

1. Peça ao Cliente para realizar uma inspiração profunda Seguida de uma expiração prolongada.
(utilizando, se possível, a RESPIRAÇÃO DIAFRAGMÁTICA)

2. Solicite que feche a glote (suster a respiração alguns segundos) e contraia os músculos
abdominais e intercostais (fase de compressão).

3. Efetuar uma expiração rápida, forçada, com abertura da glote e contração dos músculos
abdominais e intercostais (fase de expulsão). (PARA AUMENTAR A EFICÁCIA O CLIENTE PODE
REALIZAR PRESSÃO, SUAVE E BILATERAL NA REGIÃO DA GRELHA COSTAL INFERIOR)

4. Avalie a eficácia da tosse e resultados obtidos:

✓ Avaliar se a tosse é produtiva ou não


✓ Características da expetoração
✓ Características da respiração
✓ Coloração da pele e mucosas
✓ Simetria dos movimentos da caixa torácica

109
✓ Presença (ou melhoria) de Dispneia
✓ SPO2
✓ Validar com o Cliente o conforto e bem-estar

5. Pondere sobre a necessidade de repetir ou não o procedimento.

● Após o procedimento:
✓ Posicione a pessoa (se necessário e de acordo com o plano de posicionamento
terapêutico)
✓ Efetue lavagem higiénica das mãos;
✓ Registe – ensino, monitorização, avaliação (intercorrências)

3.2.3 Ajudar a respirar: O cuidado de enfermagem na lavagem nasal e na aspiração de


secreções

 Aspiração de Secreções
● Definição: Procedimento de carácter autónomo que consiste na remoção invasiva das
secreções das vias aéreas superiores e inferiores por meio de vácuo, através de uma
sonda, quando a pessoa não as consegue expelir por si, total ou parcialmente, por
alteração dos mecanismos de defesa naturais, deficiente higiene brônquica ou
imobilidade.

● Finalidades:
✓ Restabelecer ou manter a permeabilidade das vias aéreas;
✓ Desobstrução das vias aéreas no recém-nascido; ü Substituir e estimular a tosse
eficaz;
✓ Prevenir complicações associadas ao efeito da retenção de secreções (atelectasia,
obstrução, infeções respiratórias)
✓ Otimizar a eficácia das trocas gasosas;
✓ Proceder à colheita de secreções para análise laboratorial.

● Orientações gerais:
o Avalie a necessidade de aspiração de secreções:
1) avaliação dos sinais vitais, com enfoque nas características da respiração
(frequência, profundidade, ritmo e predominância);
2) observação do padrão respiratório;
3) avaliação auditiva do padrão respiratório;
4) avaliação táctil do padrão respiratório.

o A aspiração de secreções é um procedimento que só se deve realizar após a


implementação e ineficácia das intervenções de enfermagem não invasivas;
o Avalie antecedentes de hemorragia nasofaríngeas, traumatismo ou cirurgia nasal,
terapêutica anticoagulante e problemas com hemostase…;

110
o A opção da via adequada para a aspiração deve ter em conta a permeabilidade e a
integridade das mucosas, de modo a reduzir a possibilidade de traumatismos;
o O tamanho da sonda de aspiração nunca deve exceder metade do diâmetro da via
aérea natural ou artificial;
o Verifique a pressão de segurança para a força de sucção exercida pelo aspirador;
o Na aspiração de um bebé, criança instruir os pais (ou cuidador principal) na
colaboração durante o procedimento, na sua ausência solicitar a colaboração de
um assistente operacional.
o Na aspiração de um adulto/idoso com alteração do estado de consciência avaliar a
necessidade de colaboração do cuidador ou de um assistente operacional.
o Observe sempre a pessoa durante o procedimento; ü A duração de cada sucção
deve ser inferior a 10 a 15 segundos;
o Para prevenir o traumatismo da mucosa e a hipóxia nunca aspire durante a
introdução da sonda e avalie a necessidade de utilização do tubo de Mayo;
o Determine os equipamentos de proteção individual necessários;
o Execute o procedimento em segurança:
> Avalie EPI
> Planeie os seus movimentos para prevenir as LMELT (lesões músculo-esqueléticas ligadas
ao trabalho)

● Material
✓ Equipamento de proteção individual; (luvas limpas, avental ou bata e máscara facial
com ou sem viseira) – avental  máscara  luvas
✓ Copo/taça com água;
✓ Celulose ou compressas limpas;
✓ Resguardo descartável;
✓ Estetoscópio;
✓ Lubrificante hidrossolúvel;
✓ Conexão em Y/T;
✓ Material para realização de higiene oral;
✓ Saco para lixo contaminado ou caixote de lixo para resíduos hospitalares;
✓ Tubuladura para conectar aspirador à sonda – de 2 ou 3m;
✓ Tubo nasofaríngeo ou de Mayo ou” espátula montada” – se necessário;
✓ Aparelho portátil de aspiração de secreções ou rampa de vácuo de alta pressão;
✓ Oxímetro de pulso;
✓ Sondas de aspiração: 2

111
● Preparação do procedimento
✓ Explique o procedimento à pessoa e/ou ao cuidador;
✓ Proceda à lavagem das mãos;
✓ Feche as cortinas da unidade da pessoa.

● Posicionamento
o Recém-nascidos: Decúbito dorsal com a cabeça em posição neutra.
o Crianças e adultos: Semi-fowler, com a cabeça virada para o lado do enfermeiro que está a
realizar o cuidado; Se contra-indicado a elevação da cabeceira – colocar em decúbito
lateral.

● Procedimento
1. Adapte a extremidade da tubuladura ao frasco do aspirador e verifique se o
equipamento funciona.
2. Ligue o aspirador e regule a pressão adequada à idade do cliente
Lactente: 50-90 mmhg (67-120 mbar)
Criança: 95-110 mmhg (127-146 mbar)
Adolescente: 100-120 mmhg (133-160 mbar)
Adulto: 100-120 mmhg(133-160 mbar)
Idoso: 100-120mmhg (133-160 mbar)

3. Abra a extremidade inicial da sonda

4. Conecte a sonda à tubuladura

5. Remova a sonda da embalagem. Meça a porção de sonda a introduzir desde a


comissura labial ao lobo da orelha, fixando os seus dedos ao local da sonda
que corresponde à distância encontrada

ASPIRAÇÃO OROFARÍNGEA
6. Solicite à pessoa que lateralize a cabeça, abra a boca e baixe a língua.

7. Com a sua mão dominante, introduza a sonda de


aspiração junto à comissura labial, durante a inspiração, sem
vácuo

112
8. Com a sua mão não dominante proceda à aspiração das secreções premindo
intermitentemente o orifício de controlo do vácuo, ou a conexão em Y/T

NOTA:

● No recém-nascido aspira-se SEMPRE primeiro a boca e só depois, se necessário, o


nariz.
● A aspiração de secreções deverá ser executa com suavidade: prevenção da apneia.
● A sonda deve ser introduzida só para aspirar as bochechas (não introduzir
demasiado).
● A pressão de sucção não pode exceder os 100 mmHg.

9. Avalie as características da expeturação no interior da tubuladura do aspirador


10. Deite fora a sonda utilizada
11. Lave a tubuladura, aspirando água para o interior da mesma
12. Proteja a extremidade do aspirador com uma compressa limpa;
13. Avalie o padrão respiratório, sinais vitais, sons inspiratórios, SPO2 e se
necessário proceda à auscultação;

113
14. Informe a pessoa que o procedimento terminou e valorize a sua colaboração;
15. Assista a pessoa na realização da higiene da boca e nariz.
16. Posicione a pessoa confortavelmente, atendendo às suas preferências e
necessidade de alternância de decúbitos.
17. Proceda à remoção adequada das luvas, máscara facial, avental ou bata. Faça
uma correta triagem dos resíduos.

18. Proceda à lavagem das mãos

● Registos
✓ motivo da aspiração;
✓ via aérea superior escolhida e justificação;
✓ hora e pressão de vácuo utilizada;
✓ nº de aspirações por cada uma das vias;
✓ colaboração e reação da pessoa;
✓ características visuais, auditivas e tácteis do padrão respiratório e sinais vitais
antes e após a intervenção;
✓ características das secreções: cor, odor, quantidade, consistência;
✓ posição da pessoa antes e após a intervenção;
✓ intercorrências/ complicações;
✓ se foi realizada colheita de secreções para exame laboratorial…

114
CONSOLIDAÇÃO DE CONHECIMENTOS

Objetivos

 Caracterize o padrão da NHF respirar;


 Descreva os fatores que interferem na satisfação da NHF na perspetiva do percurso
dependência/ independência ao longo do ciclo vital;
 Enumere as condições da dimensão biofisiológica, psicológica, sócio-cultural e espiritual da
NHF que: 1) justifiquem a aquisição de conhecimentos para a satisfação da necessidade; 2)
comprometem a capacidade de satisfazer a necessidade; 3) restringem a capacidade de
satisfazer a necessidade; ao longo do ciclo vital;
 Explicite as Intervenções de Enfermagem que permitam a satisfação da NHF, ao longo do
ciclo vital;
 Enumere as intenções do enfermeiro para a satisfação da NHF, ao longo do ciclo vital;
 Descreva as intervenções autónomas de enfermagem para a satisfação da NHF Respirar;
 Identifique as intervenções de enfermagem especificas face ao problema de desobstrução
ineficaz das vias aéreas
 Enumere as posições e técnicas facilitadoras do relaxamento e da respiração;
 Caracterize a técnica de lavagem nasal;
 Descreva técnica de controlo e dissociação dos tempos respiratórios;
 Identifique as posições e técnicas facilitadoras do relaxamento e da respiração;
 Caraterize a técnica de respiração diafragmática;
 Descreva como ensina a técnica da tosse, atendendo às especificidades culturais e ao longo
do ciclo vital;
 Demonstre o ensino da respiração diafragmática em contexto de PL;
 Demonstre o ensino da tosse em contexto de PL;
 Simule a aspiração de secreções em contexto de PL;
 Enumere os efeitos da alteração da NHF Respirar nas outras necessidades fundamentais.

Trabalho autónomo

Leia os artigos:
a-“Intervenções de enfermagem para o diagnóstico de enfermagem Desobstrução ineficaz de
vias“ de Martins& Gutiérrez; Acta Paul Enferm. 2005;18(2):143-9
b-“Aplicabilidade de intervenções prioritárias da NIC para o Diagnóstico de enfermagem
desobstrução ineficaz de vias aéreas” de Napoleão&Carvalho, Cogitare Enferm 2007; 12(1):9-19
Responda às seguintes questões:
1 – Que ações de enfermagem são valorizadas, pelas enfermeiras de prática clinica, nas
situações de desobstrução/limpeza ineficaz das vias aéreas.
2 – Que intervenções estão identificadas como facilitadoras da “remoção” de secreções?
3 - Porque considera que essas intervenções são eficazes? (justifique com base nos textos e
aprofunde com outras leituras a sua resposta)
4 – Que intervenções são implementadas pelas enfermeiras, do estudo “b”, para promover a
Tosse?
5 – Quais as complicações que podem ser prevenidas pela correta utilização da técnica da tosse?
(justifique com base no texto “b" e aprofunde com outras leituras a sua resposta)

115
Bibliografia

Leitura obrigatória

Martins, I., Gutiérrez, Mª. Intervenções de enfermagem para o diagnóstico de enfermagem


Desobstrução ineficaz de vias, Acta Paul Enferm. 2005;18(2):143-9

Napoleão, A., Carvalho, E. Aplicabilidade de intervenções prioritárias da NIC para o Diagnóstico


de enfermagem desobstrução ineficaz de vias aéreas. Cogitare Enferm 2007; 12(1):9-19

Potter, Patrícia; Perry, Anne – Fundamentos de Enfermagem – Conceitos e Procedimentos.


Lusodidacta. Loures, 2003. p. 721-763.

Simões, I. et al. (2001) – Diminuição das trocas gasosas R/C presença de secreções e/ou
fornecimento inadequado de oxigénio – algumas intervenções de enfermagem. Referência. 6.
61-69.

Sorensen & Luckman – Enfermagem Fundamental. Abordagem Psicofisiológica. 1ª Edição.


Lisboa: Lusodidacta.1998. p.215 - 244.

Leitura facultativa

Cruz, A.; Henriques, F.; Afonso; J.; Ferreira, M.ª; Costa, M.ª; Coimbra, Mª.Técnicas de
reabilitação II. 1ª edição. Coimbra. 1997.

Hoeman, Shirley P. Enfermagem de Reabilitação: Processo e Aplicação. 2ª ed.. Lisboa:


Lusociência. 2000.

116
3.3 Ajudar a Mover-se e a manter uma postura adequada

3.3.1 Conceitos associados, padrão e dimensões da NHF ao logo do ciclo de vida,


capacidades e problemas relevantes

117
 Ergonomia na prestação de cuidados de enfermagem
● Definição
o Aplicação de informação científica associada ao ser humano na conceção de
objetos, sistemas e ambientes
o Corresponde à cinética do trabalho:
> Das pessoas que o realizam e da forma como o realizam
> Das ferramentas e equipamentos
> Dos locais em que trabalham
> Da forma como sentem acerca da sua vida de trabalho
o A ergonomia diz mais respeito ao ajustamento do trabalho às pessoas do que as
pessoas ao trabalho. Centrada na conceção de sistemas de trabalho seguros.

● Componentes da ergonomia

Ergonomia lida com a interação das situações de trabalho e tecnológicas com o ser
humano. As ciências humanas básicas incluídas são anatomia, fisiologia e psicológica

o Três objetivos principais:


> Utilização mais produtiva das capacidades humanas
> Manutenção do bem-estar e saúde humana
> Riscos associados ao transporte e levante

A tarefas de manusear e erguer ocasionam três tipos de riscos:

Lesão acidental

Excesso de esforço

Sobre utilização por acumulação

 Epidemiologia dos problemas dorso lombares

Três grandes estudos efetuados com enfermeiros levaram a duas conclusões centrais:

1) A incidência e prevalência da dor no dorso lombar nos enfermeiros é significativamente


maior que na população em geral

2) A incidência subiu dramaticamente durante as ultimas 2 décadas.

 Biomecânica do movimento humano

A biomecânica é o estudo da estrutura e função dos sistemas biológicos tais como os seres
humanos, animais, plantas, órgãos e células, utilizando princípios da mecânica e recorrendo à
análise:

✓ movimentos ✓ pressões nos discos vertebrais


✓ ações de levantamento através ✓ forças de compressão entre as
de: vertebras
✓ forças dentro dos músculos

… Com a finalidade de terminar a segurança do movimento.

118
Adquirir um movimento eficiente do corpo humano, mais que a aprendizagem de técnicas,
envolve a aplicação de princípios:

Alguns destes princípios são baseados na mecânica:

● Centro de gravidade
o Pode ser grosseiramente definido como o centro do espaço que um corpo
ocupa. Apenas será linear com corpos que seja uniforme (cubos, cilindro, etc)
o O corpo humano não tem uma forma regular nem uniforme. O centro de
gravidade move-se à medida que o corpo muda de posição
o Quando em pé com os braços ao longo do corpo, o centro de gravidade coincide
com o centro das suas dimensões físicas.
o O centro da gravidade encontra-se no interior da pélvis, de modo que estar de
pé exige um esforço maior
o Para andar o corpo deve de ser capaz de deslocar a pélvis para um lado,
alterando o centro de gravidade e permitir que o membro que não suporta o
peso oscile para a frente.
o Quanto mais afastado está do corpo, maior é o esforço necessário para manter
o corpo estável
o Elevar os membros superiores origina uma elevação do centro da gravidade
o Também quando me sento o centro da gravidade alteara-se
o As pessoas que têm problemas nos músculos abdominais (idade avançada,
gravidez) sente dificuldade em realizar esta manobra, na medida em que o
corpo tem de ser capaz de se inclinar para a frente.
o Estabilidade – linha de gravidade
╚ A linha de gravidade corresponde à direção vertical do centro de
gravidade até ao solo
╚ Ao andar normalmente o centro de gravidade move-se de um lado para
o outro, para que a linha de gravidade incida sobre o membro que
suporta o peso, tornando o pé a base de suporte (base de sustentação)
– equilíbrio.
╚ Quanto maior for a base de sustentação mais facilmente a pessoa está
em equilibro. Esta por vezes não é suficientemente alargada para lhe
dar equilíbrio e por isso tem-se que usar outras bases de sustentação:
andarilho, bengala… - meios artificiais se a estabilidade foi perdida.

╚ Estar inclinado para frente é uma das posturas mais commumente


adotadas pelas pessoas e aí a pessoa fica instáveis porque o centro de
gravidade move-se para a frente e a linha de gravidade passar a incidir
fora da base de sustentação

119
● Alavancas
Braço da alavanca
Como não há movimento para a frente, o contrapeso que se opõe à tendência para
tombar é fornecido pelo esforço das estruturas internas dos ligamentos e
músculos lombares.
As forças exercidas por estes músculos têm de ser suficientemente fortes para
acompanhar os princípios da alavanca: o peso do corpo desloca-se para a frente
os músculos e ligamentos contêm-no
Esta situação levanta dois problemas principais:
como os músculos se contraem, a coluna vertebral é comprimida e os discos
intervertebrais são sujeitos a maior pressão se a posição for mantida por mais de
dois ou três segundos existe fadiga muscular e é necessário recrutar força de
outros grupos musculares. Como consequência, quanto maior for a alavanca
externa a puxar o corpo para a frente, maior será a força que os músculos e
ligamentos necessitam de produzir para manter o corpo estável nessa posição.

As distâncias a que estas forças são exercidas – os braços de alavanca – têm


diferentes comprimentos.

O braço da alavanca dos músculos (A)


é muito mais curto do que o braço da
alavanca que puxa o corpo para a
frente (B), uma vez que os músculos
e os ligamentos raramente estão
afastados mais do que alguns cm da
estatura do esqueleto sobre a qual
atuam.

As forças exercidas para impedir que a pessoa caia são muito maiores do que a
força de tração sobre o corpo através do centro de gravidade.

Se a posição for mantida, eventualmente, todos os principais grupos musculares


terão a trabalhar intensamente para impedir que a pessoa cai e como tal este
processo é sentido como uma tensão e a pessoa encontra-se ciente disso.

O comprimento do braço da alavanca externo deve ser diminuído tanto quanto


possível:

- Flexão dos joelhos

- Afastamento dos pés

- Aumentando a base de sustentação

A linha de gravidade volta novamente a estar na base de sustentação (o corpo


permanece estável).

120
● Força – pressão, tensão

É útil considerar o corpo humano em duas partes:

> O “centro de controlo” – tórax, cabeça e abdómen


> Os anexos móveis – membros

O centro de controlo com tem os três centos neuromusculares


do movimento:

1) A cabeça inicia todo o movimento do corpo

2) Cintura escapular controla o movimento dos membros


superiores e da parte superior do corpo

3) Pélvis controla o momento dos membros inferiores e da


parte inferior do corpo

À medida que aumenta a distância ao corpo, os segmentos de cada membro passam a


estar mais associados à mobilidade do que a força – quanto mais distal o segmento,
menor a massa muscular.

o Força aplicadas em ângulos – a força num ângulo atua tanto na vertical como na
horizontal. Dependendo do ângulo em que é aplicada, a força num sentido irá ser
maior do que noutro.
A aplicação de força na vertical é um desperdício de esforço se a direção da força
necessária for horizontal (ex.: empurrar uma cadeira de rodas);
Para conseguir que a força seja o mas próximo do seu sentido mais eficiente, o condutor
deve ter a postura correta e/ ou a altura do equipamento deve ser alterada.
Qualquer força vertical pode produzir uma tendência para o objeto girar e não se mover
na posição desejada. A atitude mais sensata será, se o movimento horizontal for o
necessário, fazer com que a direção da força seja tão horizontal quanto possível.

o (Aplicação de forças) Atrito: Toda a superfície de qualquer material tem um


determinado nível de atrito. Alguns materiais são concebidos de modo a que
estes níveis de atrito contribuam para o seu objetivo:
╚ Nível baixo de atrito - se o movimento for necessário (ex.: utilização de
superfícies de atrito reduzido é um dos mais importantes princípios utilizados
em equipamentos de movimentação manual);
╚ Elevado grau de atrito - quando o movimento não é pretendido.

121
● Fricção

Toda a superfície de material tem fricção. Existem, assim, alguns materiais que contribuem
para: aumentar ou diminuir a fricção facilitando o movimento

Exemplos de equipamentos de movimentação manual:

 Princípios do Movimento Humano


✓ Avaliar a situação. O que pode ser alterado? O que manter? As dificuldades de
manuseamento manual são mais frequentemente resolvidas pelo pensamento e
planeamento do que pela técnica;
✓ Comunicar com as pessoas envolvidas sobre o resultado desta avaliação para que todos
saibam o que vai acontecer;
✓ Relaxar. Um movimento eficiente é a base de uma boa prática de manuseamento. Evite
criar tensão nos músculos antes de começar ou o movimento será ineficiente – a tensão
cria uma pressão indesejada. Se o objeto não pode ser movido sem tensão, pode ser
demasiado grande ou demasiado pesado;
✓ Procurar controlar o centro de gravidade. Se se for movimentar uma pessoa, o controle
dos centros de movimento é vital para todos. Sempre que possível, os pontos de
contacto devem ser no tronco da outra pessoa;
✓ Procurar permanecer estável. Isso provavelmente significa mover os pés – base - para
acompanhar a deslocação do centro de gravidade. Pés muito afastados ou os joelhos
muito fletidos fará com que o corpo fique instável;
✓ Tornar o braço de alavanca o mais curto possível, aproximando o peso do nosso corpo;
✓ Procure mover-se suavemente - picos de esforço significam picos de pressão que terão
de ser suportados pelos discos intervertebrais;
✓ Evite torcer ou fletir lateralmente - torcer associado a fletir para a frente cria um elevado
grau de compressão da coluna vertebral;
✓ Inicie o movimento a partir da cabeça – aplica-se a todos os envolvidos;
✓ Utilize o atrito – quanto mais atrito, menos movimento indesejado, quanto menor o
atrito, mais fácil a produção de movimentos;
✓ Não desperdice esforço na força vertical se apenas for necessária força horizontal;
✓ Utiliza os grandes grupos musculares para fazer esforço - os grupos musculares menores
e mais afastados do corpo não são feitos para suportar pesos.

122
Quanto mais estes princípios forem aplicados a qualquer situação de manuseamento mais
eficiente se torna o movimento. Todos os princípios poderão ser aplicados em qualquer
situação de manuseamento após a avaliação. Estes princípios formam as bases de um
movimento eficiente: quantos mais forem incorporados num movimento, mais eficiente o
movimento será. Um movimento eficiente é a base de uma boa prática de manuseamento

 Consequências da mobilidade

● Imobilidade – definição
Pode ser definida como a restrição, prescritas ou inevitável, do movimento (mobilidade)
em qualquer aspeto da vida do cliente. Não deve de ser confundida com a redução
transitória de mobilidade que ocorre em pessoas saudáveis (ex.: repouso após esforço
intenso).
Dentro deste conceito principal estão contidos alguns sub-conceitos com implicações
importantes para os cuidados aos doentes:
o Dimensões da imobilidade
A imobilidade tem diferentes classificações. Pode ser classificada de acordo com:
> Área – da vida da pessoa (física, emocional, intelectual e social)
> Causa – doença, tratamento (ex.: fratura do membro inferior) e por fatores próprios
dos indivíduos e do seu meio
> Extensão – pode variar entre pessoas em circunstâncias semelhantes e em relação
à mesma pessoa em momentos diferentes
> Orientação tem um potencial para originar a melhoria ou agravamento da condição
geral da pessoa
> Volição – prescrita (enfarte  repouso ou também tromboflebites que também
carecem de repouso, fraturas, etc.) ou inevitável (dor, compromisso neurológico,
etc.) desejada ou indesejada.  incentivar o doente a fazer ou a não fazer!

o Consequências da imobilidade
▪ O repoiso prolongado no leito (mais de 24h) é uma forma frequente de imobilidade
▪ É uma modalidade de tratamento, prescrita (ex.: mulheres com gravidez de alto
risco) ou imposta (ex.: clientes criticamente com condições que requerem longos
períodos de recuperação) até ao retorno da homeostasia fisiológica ou por um
período de tempo especificado.
▪ Evolução histórica
o Prescrito desde 450 AC (Hipócrates) como forma de ajudar a recuperação e
promover a cicatrização
o Na 1ª metade do século XX era prescrito rotineiramente em diversas situações
(EAM – 4 semanas; cirurgia hérnia – 3 semanas; pós-parto – 2 semanas)
o Na segunda metade do século XX o seu valore começou a ser colocados em
causa:
- nos soldados feridos (2ª GM) – efeitos da deambulação forçada por falta de
camas
- o desenvolvimento de estudos (Aeronáutica) sobre ausência de gravidade e
imobilidade e confirmam o seus efeitos adversos.

123
● Imobilidade prescrita (Causas mais frequentes)

Pós
operatório

Doença
Doença trauma
respiratória músculo-
Causas esqueléticos
mais
frentes de
imobilidade

Doença
Doença
cardio-
neurológica
circulatória

● Fatores de risco para o desenvolvimento de complicações associadas à imobilidade


✓ Idade superior a 65 anos
✓ Obesidade ou emagrecimento excessivo
✓ Hábitos tabágicos e/ ou alcoólicos
✓ Doenças neurológicas
✓ Gravidade da situação que condiciona a imobilidade

● A imobilidade tem impacto ao nível das nossas distintas dimensões, atendendo que “os
efeitos psicológicos e fisiológicos da imobilidade sobre a entidade do homem enquanto
indivíduo e ser social são interdependentes e em inter-relação”

Físico/
Cultural Psicológico Espiritual Social
biológico

 Consequências Psicossociais

Vários estudos têm relatado longos períodos de repouso absoluto têm efeitos psicológicos sobre
os indivíduos e os seus familiares:

> Sintomas de depressão


> Ansiedade
> Perca de memória
> Confusão
> Tristeza
> Revolta

Estes efeitos estão associados à falta de controlo pessoal (incapacidade de realização de tarefas
comuns) ou sobre o ambiente.

124
Na verdade, os efeitos são os seguintes:
IMOBILIDADE
1. Alterações da auto imagem

Porque a pessoa em si considera que há uma parte que


se perde (o movimento) e que isso leva a uma diferença Perda de
uma parte de
na forma como ele se vê a pessoa já não é aquilo que era) si

- alteração da imagem corporal


Alteração da
- alteração da autoestima Perda da
imagem
autoestima
corporal

2. Alterações intelectuais, cognitivas e sensoriais

A imobilidade leva a que haja um isolamento social e consequentemente, esta não convivência
com os outros, leva a que esta não seja estimulado, ou seja, há uma privação sensorial e isso
conduz a uma deterioração do processo cognitivo.

Deteorização
Imobilidade Isolamento social Privação sensorial
processo cognitivo

O estar com os outros é essencial para eu criar a minha auto estima, o meu auto conhecimento
e a minha identidade.

3. Problemas interpessoais e sociais

A imobilidade conduz, portanto, à dependência e ao isolamento.

Intervenções do enfermeiro
✓ Observação das reações comportamentais do cliente
✓ Incentivar a autoconfiança
✓ Escutar ativamente e responder às expressões verbais e não verbais do cliente
✓ Encorajar a exprimir as suas preocupações
✓ Fazer o elo de ligação entre o cliente e a família.

 Consequências da imobilidade na dimensão Bio fisiológica


Vejamos, agora, apenas alguns exemplos:

Sistema Cardiovascular

Todo o corpo humano funciona melhor de pé e o sistema circulatório não é exceção. Quando o
utente encontra-se em decúbito dorsal, o coração tem de bombear com mais força para que o
sangue possa chegar mais facilmente a todas as células do corpo. Quando o utente se encontra
de pé o coração bombeia o sangue a favor da gravidade.

Portanto, estando imobilizado e em posição decúbito dorsal existem as seguintes complicações:

✓ Aumento da FC

125
✓ Sobrecarga cardíaca
O coração trabalham30% mais na posição deitado do que em posição sentado.
As mudanças na resistência vascular e a pressão hidrostática associadas à posição
deitado alteram a distribuição do sangue no corpo. Com o desaparecimento da pressão
da gravidade, uma parte do volume sanguíneo total deixa as pernas para ser redistribuí-
da nas outras partes do corpo, aumentando assim o volume de sangue circulante no
corpo que deve ser manipulado pelo coração.
 volume de sangue
 gravidade  FC
circulante no corpo

✓ Hipotensão ortostática – é uma descida de 15 mmHg ou mais na tensão arterial sistólica quando o
utente muda duma posição de decúbito dorsal deitada ou sentada para uma posição de pé.
A deterioração da capacidade do sistema nervoso autónomo, de fornecer a quantidade
adequada de sangue quando uma pessoa que está deitada muito tempo e tenta
levantar-se. Assim, quando os doentes se põem de pé pela primeira vez depois de vários
dias de cama, eles podem sentir fraqueza, tonturas: podem mesmo desmaiar. Na
verdade, este facto deve-se a dois fatores:
1 - à perda do tónus muscular geral
2 - e ao decréscimo da eficácia dos reflexos neuro vasculares ortostáticos.

✓ Formação de trombos – há menos ingestão de água, o sangue fica mais coagulado, há


uma diminuição do tónus, os elementos figurados do sangue vão-se depositando… Há
também outra explicação:
 Ca 2+
Matéria das
• Após a imobilização  protrombina Trombina Fibrinogénio Fibrina
plaquetas

Hipercoagulabilidade

 Plasma no espaço
Efeitos Cardíacos HIPOVOLEMIA
intersticial

Edema
Imobilização dos
musculos dos • Saída do plasma para o  Viscosidade
espaço intersticial sanguínea
membros inferiores
Favorece a
trombose
venosa
Alterações do fluxo
Retorno venoso ao
de plasma
Fluxo de sanguíneo profunda
coração mais lento
intersticial

Pressão
hidrostática Estase venosa e Coagubilidade do
Estase venosa
sanguínea dos edema sangue
capilares venosos

126
 probabilidade de formação
 Volume de plasma

de coágulos (Trombose)
1. Estase venosa

Efeitos
Tríade de Visrchow
2.  Hematócrito
Hematológicos Hipercoagulabilidade % de GV no sangue

Fatores que o utente dispõe para o 3. Lesões nos vasos Viscosidade do


desenvolvimento de trombos venosos sanguíneos sangue

Porque o próprio peso dos


membros inferiores na cama,
comprimem os vasos

NOTA: os trombos venosos predispõem o utente para o risco de embolia pulmonar, uma complicação que
ameaça a vida. Na verdade, as embolias pulmonares são trombos que circulam no sistema venoso,
ocluindo uma parte do sistema arterial pulmonar comprometendo, assim, o fluxo sanguíneo pulmonar.

Intervenções de enfermagem de natureza autónoma

✓ Avaliar sinais e sintomas de intolerância à atividade


a) relato de fadiga ou fraqueza
b) Dispneia de esforço, dor torácica, diaforese, tonturas, resposta cardíaca À
atividade inadequada (aumento de 20 ppm), diminuição da frequência, ausência
de retorno à frequência em repouso 3 minutos após a suspensão da atividade,
modificação do ritmo
c) Diminuição da PA sistólica ou aumento significativo (> 20mmHg)
✓ Monitorização dos parâmetros PA e FC - NOTA: deve-se de avaliar a tensão arterial quando o
doente passa de decúbito dorsal para posição de sentado ou de pé, devido ao risco de hipotensão
ortostática.
✓ Ensino de exercícios – inclusive que previnam a perda de tónus muscular sobre as veias
para ajudar o sangue a afluir ao coração.
- extensão/ flexão pernas
- flexão dorsal/ plantar
- contrações isométricas dos quadricípites e glúteos
Nota: exercícios isométricos são atividades que envolvem tensão muscular sem contração muscular,
aumentam a tolerância à atividade.
✓ Avaliar estado de hidratação
✓ Variar gradualmente as alterações posturais
- elevar cabeceira a 45º/ 90º
- sentar cliente na beira da cama
- colocar cliente na posição de pé
- iniciar deambulação
> Quando se movimenta na cama deve expirar logo em vez de reter a respiração, prevenindo assim
perigos inerentes à manobra de Valsava (a retenção da respiração, com a glote fechada, aumenta a
pressão intratorácica e diminui o retorno venoso e o débito cardíaco; quando o esforço termina estes dois
voltam a subir rapidamente, produzindo uma bradicardia reflexa podendo levar a morte súbita – pode
ocorrer durante a defecação)
> Uma posição adequada para a defecação e a prevenção da obstipação reduzem, também, o
trabalho do coração.
> Avaliar regularmente o risco de TVP. Para prevenir a formação de trombos: utilização de
fármacos ou de meias elásticas.

127
> A preocupação major é levantar a pessoa, prevenir a sobrecarga cardíaca, e, ainda, tem cuidado
com os alimentos que esta ingere.

Sistema Respiratório  Movimento


respiratório

A imobilidade conduz: Desiquilíbro


✓  amplitude dos movimentos respiratórios
do O2 e do
Diminuição da força muscular devido à sua
CO2
não utilização ou a uma inervação reduzida Estase das
secreções
que prejudicará os movimentos respiratórios.
Para além de que alguns medicamentos
também poderão contribuir para esta diminuição,
entre os quais se destacam os fármacos que atuam sobre o SNC.

Redução da elasticidade  Ventilação normal


Redução da expansão
do pulmão eficaz

✓ Estase secreções –> pneumonia de estase


A manutenção duma passagem de ar suficiente pode estar ameaçada ou interrompida
à medida que as secreções se acumulam. Uma alimentação deficiente em líquidos, a
desidratação ou medicamentos anticolinérgicos podem tornar as secreções espessas e
prejudicar o seu movimento. Com a estase das secreções, não é surpreendente que o
doente imobilizado contraia frequentemente uma traqueite, bronquite ou uma
pneumonia hipostática. Para além disso, a acumulação de secreções imóveis, fornece
um meio ideal para o crescimento de bactérias no interior do corpo, especialmente para
os pneumococos, pseudomonas, estafilococos e estreptococos. Os anestésicos,
narcóticos e sedativos podem também contribuir para as complicações respiratórias
reduzindo a taxa e a profundidade da expansão pulmonar e a -ventilação, deprimindo o
centro da tosse e reduzindo a ação reflexa da epiglote, permitindo assim a aspiração das
secreções provenientes da nasofaringe. A acumulação dos imóveis ou o edema
inflamatório pode eventualmente obstruir a passagem de ar. A combinação da
necessidade de ultrapassar a resistência à expansão do peito, da força muscular e duma
passagem de ar obstruída, requer um maior esforço subjetivo do ato respiratório.
✓ Alterações de O2 e CO2

Porquê?

Uma diminuição do metabolismo basal, associada à imobilidade, leva a que as células


necessitem de menos O2 para realizar as suas funções, nomeadamente para a síntese de
proteínas. Assim, há, consequentemente, uma menor produção de CO2 no metabolismo celular.
A respiração é, portanto, mais lenta e menos profunda, a fim de compensar esta menor
exigência e manter a concentração necessária e constante no sangue e fluídos extracelulares
deste dois elementos.

128
 Diminuição da ventilação compromete a expansão pulmonar + A
mobilização ineficaz das secreções leva a que exista uma acumulação de
muco e de estase pulmonar. Estes ásperos conduzem a uma ventilação
ineficaz e consequentemente a pneumonias de estase e atelectasias.

Intervenções do enfermeiro de natureza autónoma

✓ Levantar o doente sempre que não existir CI


✓ Encorajar a alternância de decúbitos
✓ Levar a cabeceira a 30º
✓ Fazer reforço hídrico PO
✓ Instruir e encorajar o paciente na respiração diafragmática e na tosse eficaz  encorajar
o doente a fazer exercícios e a consciencializa-se da sua importância, nomeadamente de 1 em 2 horas, de
modo a expandir os lobos pulmonares, prevenindo a atelectasia e reduzindo a estase e secreções
pulmonares
✓ Incentivar o cliente a expelir as seções/ aspirar em SOS
✓ Administrar O2 prescrito se necessário
✓ Se necessário fazer atmosfera húmida
✓ Prevenir obstipação e a distensão abdominal para facilitar a excursão do diafragma

NOTA: a aspiração é o ultimo recurso!!

De notar que as intervenções de enfermagem são deveras importantes, uma vez que as
concentrações crescentes de CO2, nas veias e artérias, sob forma de iões O2 e CO2, produzem
uma acidose respiratória ou, eventualmente, narcose, podendo conduzir a uma paragem
respiratória ou cardíaca seguindo-se a morte.

Sistema Gastrointestinal

A imobilidade tem problemas ao nível das funções: ingestão, digestão e eliminação do sistema
digestivo.

Porquê?

o Ingestão – a pessoa não tem uma degradação tão grande da energia e o facto de não se
poder levantar à secura da boca, para além da diminuição do apetite.  HIPOVOLEMIA….
As proteínas têm uma função de manter os líquidos dentro das células, se eu não ingiro
proteínas não há condições/ forma de manter o liquido intersticial.
o Digestão – o facto de não haver movimento leva a que a digestão dos alimentos seja mais
prolongada, mais comprometida levando a mau estar –z ULCERAS
o Eliminação – a obstipação é, de facto, um dos maiores problemas. Devido à alteração dos
hábitos alimentares, medicação, dificuldade em ir à WC. Para alem de que a eliminação é
algo muito própria da pessoa e há um desconforto quando não se pode ir à WC. -
Psicologicamente e fisiologicamente, é difícil para uma pessoa defecar sentada sobre uma
arrastadeira atrás dum pequeno biombo. O cheiro inevitável, os ruídos de expulsão e a
situação embaraçosa levam a maior parte das pessoas a suprimir este acto até que se
encontre em condições mais favoráveis  DISTENÇÃO ABDOMINAL (acumulação de gases),
OBSTIPAÇÃO que poderá conduzir a uma OBSTRUÇÃO MECÂNICA INTESTINAL.

129
Seja qual for a causa, a motilidade normal do cólon está alterada e observam-se as
manifestações associadas à obstipação: dores de cabeça, anorexia, distensão, mal estar,
vertigem, dor nas nádegas e sacro.

De notar que, por vezes, a negligência continuada de responder a estes impulsos pode
conduzir à ausência completa de sensação defecatória. O facto de retardar este ato quando
os estímulos se apresentam pode também produzir uma inibição da mobilidade do cólon e
um enfraquecimento do reflexo gastro cólico.
Quando a matéria fecal permanece no intestino, a sua água é continuamente retirada, e
esta matéria tornar-se cada vez mais dura e seca

Intervenções do enfermeiro de natureza autónoma:


✓ Incentivar a alimentação (sendo que a maior parte das vezes o doente não tem fome)
✓ Proporcionar os alimentos preferidos do cliente e hidratação (deve-se de incentivar o
cliente a ingerir líquidos, nomeadamente sumos de frutas)
✓ Proporcionar um ambiente calmo e sempre que possível tomar as refeições bem
sentado e na sala de refeição
✓ Questionar o doente acerca das suas preferências
✓ Administrar suplementos/ complementos alimentares prescritos
NOTA: sumo de ameixas é considerado laxativo
✓ Vigilância da força muscular, tolerância ao esforço, evolução da cicatrização das feridas.
NOTA: a realização de exercícios por vezes não é suficiente e por isso surge a
necessidade de utilizar cintas abdominais ou coletes.
✓ Observar frequentemente a cor, a quantidade e consistência das fezes

 Peristaltismo  Ingestão de
proteínas

Atraso trânsito
intestinal
HIPOPROTEINEMIA
Formação de
fecalomas e
gases

 apetite

130
Sistema Músculo esquelético

As alterações da mobilidade ao nível do sistema musculo esqueléticos tem consequências nos


ossos, músculos e articulações – componentes/ estruturas que fazem parte deste sistema.

Porquê?
Ossos

Músculos

Articulações
• O osso é uma estrutura sólida •O musculo tem uma dada •Com a inatividade do
formada por diferentes células
(osteoblastos e osteoclastos). O massa/ volume/ força musculo as células
equilíbrio este estas duas estruturas porque ele é trabalhado. musculares perdem as
é devido sensivelmente à carga que Quando o membro fica suas capacidades:
se tem: andar, correr, saltar,
rebolar… e também devido a imobilizado há uma perda extensão, flexão... Assim
algumas hormonas (estrogénios e de massa muscular. como está sempre
progesterona). Quando a carga naquela posição as células
diminui por a pessoa se encontrar
mais tempo sentada e até mesmo musculares perdem a
acamada, ocorre um desequilíbrio, mobilidade e
este acentua-se. Assim, as células consequentemente as
que construem o osso diminuem
face àquelas que os destroem e esse articulações não exercem
facto leva à osteoporose. as suas funções.

1- Diminuição da atividade óssea

Osteoblastos
(Construção)
OSSO
Desiquilíbrio
•Descalcificação óssea ● Fraturas – aumenta o risco, devido a
este enfraquecimento ósseo
•Osteoperose (de
desuso) ● Dor
•Causada pela ● Deformações ósseas
Osteoclastos reabsorção óssea
(Destruição
mantem-se)

2- Contraturas musculares e limitações articulares

● Contraturas musculares
Imobilidade

 força muscular - Produzem-se quando os músculos já


não têm atividade necessária para
manter a integridade da sua função,
Massa muscular  coordenação isto é, toda a sua atividade de
contração e extensão das suas fibras
 resistência ● Alterações estruturais da cápsula
articular
● Limitação da amplitude articular

131
Intervenções do enfermeiro de natureza autónoma
1. Desenvolver ações para manutenção de uma mobilidade articular e função muscular
durante o período de imobilidade
a) instruir e assistir o cliente na realização dos exercícios de amplitude articular pelo
menos 3x ao dia
b) encorajar a participação das suas atividades
c) encorajar o apoio das pessoas significativas – permitir que assistam aos exercícios
2. Avaliar as queixas de limitações na amplitude de movimento
3. Implementar medidas gerais para prevenir as contraturas:
a) Manter o alinhamento corporal adequado  prancha num colchão duro
b) Desenvolver ações para manter uma mobilidade articular e função muscular
4. Implementar medidas para prevenir a osteoporose
a) Exercícios de amplitude de movimento ativos resistidos de todos os segmentos
articulares
b) levante, transferências e marcha

Os utentes com lesões músculo-esqueléticas ou doenças crónicas necessitam de massagem


cuidadosa nas articulações e membros inferiores para reduzir o desconforto.

NOTA: O aumento de cálcio no regime alimentar não é recomendado em utentes com


osteoporose porque ele não será utilizado pelos ossos do doente e juntar-se-á à grande
quantidade de cálcio excretado, precipitando, muitas vezes na urina sob forma de cálculos renais
ou depositar-se-á quer nos músculos (levando a uma miosite ossificante), quer nas articulações
(osteocartropatia).

╞ Problemas resultantes da imobilidade – em síntese


Osso

Músculo

Articulação

• Osteoperose • Menor massa • Limitação


muscular articular

Levante, marcha, mobilizações

Sistema Urinário

O Sistema urinário tem complicações, nomeadamente nos seus órgãos constituintes:


Rim e bexiga. A urina acumula-se às vezes no rim e há uma hidronefrose – complicações do
rim. Ao nível da bexiga também há complicações porque: quando a bexiga está cheia existe

132
um estímulo, contudo a bexiga tem 2 esfíncteres um interno e outro externo. Por vezes
quando a pessoa se encontra deitada, a posição não é adequada para esvaziar a bexiga.

Bexiga – retenção urinária e globo vesical; infeção urinária (às vezes há uma pequena
acumulação)
Rim- hidronefrose, cálculos renais2 e infeção renal

A anatomia do rim é tal que na posição de pé o hilo do rim emerge da parte média. Quando
o homem está em posição vertical, a urina passa do bacinete renal para o ureter, segundo a
lei da gravidade. Apenas existe uma pequena porção do bacinete renal onde se pode
produzir uma estase urinária. Mas quando o homem está em posição deitado, o hilo do rim
fica mais alto e toda a urina que se forma deve ser empurrada para o ureter contra a força
da gravidade. Atendendo a que as contrações peristálticas não têm uma força suficiente e
bastante contínua para vencer esta resistência, o bacinete renal pode encher-se
completamente antes que a urina passe para o ureter. Se esta posição de deitado é mantida,
mesmo por poucos dias, produz- se uma estase urinária. Qualquer partícula que tenha
ficado na urina pode depositar-se nos cálices e originar a formação de um cálculo renal ou
ser o foco de uma infeção.
Uma vez que a urina é levada para a bexiga, ela deve ser excretada. A micção normal
depende da ação dos esfíncteres externos e internos e do músculo da parede vesical. O
homem pode relaxar conscientemente os músculos perineais e o esfíncter externo. Isto cria
um reflexo automático que causa uma contração do músculo da parede vesical. Por sua vez,
esta contração aumenta a pressão intra - vesical e força o esfíncter interno a relaxar-se para
a micção se produzir.
Quando o homem fica na posição de deitado, tem muitas vezes dificuldade em relaxar os
músculos perineais e o esfíncter externo, de modo que a ação reflexa não se produz e a
micção não se dá. Entretanto, a sensação normal da urina sente-se e a pressão intra
abdominal pode elevar-se a níveis normais. Mas se esta sensação não é satisfeita, a bexiga
distende-se e com o estiramento demasiado grande do músculo da «bexiga» a sensação
desaparece; subsequente a esta distensão da bexiga produz-se uma incontinência por
«bexiga demasiado cheia.» Isto torna-se motivo de vergonha e embaraço para o doente. A
presença de urina na pele torna-a mais vulnerável à deterioração e à formação de escaras
de decúbito. Com o tempo, esta distensão da bexiga pode também provocar uma pressão
dorsal e danificar a função do rim: o nefrónio. Pode também produzir-se uma infeção,
especialment3 se se cateteriza o indivíduo para aliviar a distensão. Alguns estudos
demonstraram que é sempre provável uma infeção quando se faz um cateterismo
permanente durante um certo lapso de tempo, a menos que se utilize uma boa técnica e
um sistema de drenagem fechado.

2
A presença destes cálculos pode manifestar-se por uma hematúria, uma dor surda no lado ou no dorso
ou acessos intensos de dor imitando uma cólica, acompanhada de náuseas e vómitos. Se o indivíduo
permanece numa posição deitada, as pedras formar-se-ão mais provavelmente no bacinete e bexiga
enquanto que os cálculos renais que passam no ureter se vão alojar na junção uretero-pélvica. Todos
estes cálculos podem traumatizar a mucosa do canal urinário e torná-la mais suscetível à infeção

133
Intervenções do enfermeiro de natureza autónoma
✓ Melhorar o acesso aos sanitários e manter a privacidade da pessoa enquanto evacua
ou eliminar tendo sempre em atenção a sua segurança
✓ Reforço hídrico (salvo contraindicação)
✓ Prevenir a obstipação
✓ Exame periódico da distensão da bexiga
✓ Ingestão adequada de líquidos
NOTA: agua com gotas de limão para acidificar a urina

Sistema Tegumentar

As proeminências ósseas comprimem as estruturas musculares e impede que o O2 e os


nutrientes chegam a dadas estruturas e assim as células ficam privadas podendo morrer. Se
eliminar o estimulo da pressão a célula regenera-se.

Ter especial atenção a estas alterações em utentes com compromisso sensório-motor, doenças
crónicas a necessitarem de cuidados prolongados, alterações do estado de consciência,
incontinentes, problemas ortopédicos e traumatizados… pois possuem um maior risco de vir a
desenvolver ulceras de pressão.

Uma pressão constante, particularmente sobre as proeminências ósseas tais como o sacro, os
trocanteres, as tuberosidades isqueais e os calcanhares comprime e obstrui a corrente
sanguínea causando uma isquémia, ou uma anemia local do tecido. Por fim a isquémia leva a
necrose e ulceração.

Plano duro
Cama ou
cadeira
compressão
dos tecidos
moles Alterações da
•Abastecimento de integridade cutânea
O2 e nutrientes
•Quebra de
Proeminências
Homeostasia
ósseas

● Áreas corporais suscetíveis:

134
╞ EM SINTESE:
● A imobilidade é importante para a pessoa, sendo que quando ela se encontra presente
existem varias alterações na dimensão da pessoa. No que concerne à dimensão
biofisiológica é importante referir que quando uma pessoa se encontra imobilizada a
sua taxa metabólica baixa, em resposta às necessidades energéticas reduzidas das
células e ao desequilíbrio dos processos metabólicos (anabolismo  e catabolismo )
NOTA: há uma diminuição da produção de hormonas.
● Ao nível das intervenções do enfermeiro que são de natureza autónoma, deve-se de ter
em atenção o seguinte:
o Higiene
> Observação atenta da pele
> A pele deve estar sempre limpa e seca
> Lavar a pele com água morna e limpar meticulosamente sem fricção
> Aplicar creme hidratante e eliminar excesso de humidade
> Nutrição adequada e hidratação
> Avaliar nutricionalmente o cliente
> Estabelecer um plano nutricional ou/ e suplementos sob orientação do dietista
> Avaliar e registar o parão alimentar com objetividade

NOTA: hidratação  beber água, lubrificação  pôr óleo

o Mobilidade e atividade
> Elaborar um plano de reabilitação que contemple:

- Alternação de decúbitos

- Alinhamento corporal

- Exercícios de amplitude articular passivos ativos

- Não arrastar o cliente sobre a superfície de apoio

NOTA: deixar o utente vestir-se, passear, tomar conta das suas coisas, produz um estado
metabólico mais natural. Toda a pessoa imobilizada enfrenta problemas de stress. A
redução dos efeitos deste processo depende da capacidade do enfermeiro perceber,
interpretar e intervir nos mecanismos de pressão fisiológicos e psicológicos.

o Medidas de suporte adicionais


o Colchões e almofadas de prevenção de úlceras por pressão
o Outros dispositivos de redução/ distribuição de pressão

3.3.2 Ajudar a mover-se: O cuidado de enfermagem no combate à imobilidade e nos


posicionamentos de conforto no leito; na realização de mobilizações, levante e
transferência; ajuda no uso de auxiliares de marcha

 Posicionamentos de conforto nos diferentes decúbitos


● Definição
Consiste em colocar, ou ajudar a pessoa (doente ou não) a adotar uma posição na cama,
respeitando os princípios e proporcionando conforto

135
● Objetivo
✓ Redução da pressão sobre áreas afetadas - manter a integridade do tecido
cutâneo e tecidos subjacentes
✓ Prevenir alterações músculo-esqueléticas - contraturas, deformidades
✓ Promover a circulação
✓ Estimulação sensorial – táctil, alternância do campo visual, etc.
✓ Proporcionar conforto e bem-estar

● Princípios
> Distribuir o peso equitativamente pela superfície de apoio
> Manter o alinhamento do tronco com os segmentos corporais
> Manter as estruturas articulares sem tensão
> Assegurar a alternância da posição dos segmentos corporais
> Permitir uma adequada estimulação motora e sensorial

● Aspetos a ter em conta


o Informar a pessoa do procedimento que vai ser realizado
o Solicitar a sua colaboração, tendo em conta a sua capacidade
o Usar movimentos suaves e firmes
o Não usar objetos suscetíveis de provocar traumatismos, dor ou desconforto
o Usar o material auxiliar do posicionamento na medida exata da sua
necessidade
o O material auxiliar deve estar em perfeitas condições
o Assegurar que o material não provoque vincos ou pressões indevidas no
corpo da pessoa
o Assegurar que a pessoa mantenha o posicionamento em função do seu grau
de tolerância (bem-estar e condição da pele) – a tolerância da pessoa nunca é
igual; em média as pessoas toleram a mesma posição em 2h; verificar se as proeminências
ósseas se encontram vermelhas
o Assegurar uma alternância do decúbito, posicionando e alinhando
adequadamente os segmentos corporais
o Verificar se o corpo da pessoa ficou alinhado
o Validar com a pessoa o conforto proporcionado pelo decúbito

● Diferentes decúbitos
Esquerdo – quando o membro esquerdo fica
debaixo
Direito- quando o membro direito fica
debaixo

136
● Material necessário para posicionamento

Almofadas

Estar à mão
Ser impermeável Rolos
Ser maleável

Suporte de pés

 Decúbito dorsal – posicionamento no qual a pessoa tem a face posterior do corpo em repouso no leito
● De cima para baixo e do mais longe para o mais próximo
● Bom apoio ao nível da região cervical
● Membro superior com um pouco de flexão, caso haja tensão deve-se colocar uma almofada
para que haja um bom apoio
● Região trocanteriana – colocar um
rolo para que mantenha a posição e
não haja rotação do membro
inferior
● Tensão a nível da região popliteia
● O pé tem de ficar de forma a que
não haja um encurtamento do tendão
de aquiles, como se fosse andar
● Para manter o alinhamento venho
sempre à base da cama para ver
● rolo nas mãos – para manter a
funcionalidade dos dedos e a
oponência dos polegares
nomeadamente quando as pessoas
Se o doente não tiver compromisso
estão inconscientes ou em coma

 Posição de fowler ou semi-fowler – a


pessoa encontra-se em decúbito dorsal, com a
cabeceira da cama elevada 15º, 45º ou 60º,
com ligeira flexão da coxo-

137
femoral e dos joelhos (colocar almofada ou elevar o plano inferior da cama na região popliteia, com declive
na posição distal)

Semi-fowler: Cabeceira da cama elevada a 45º  facilita a expansão pulmonar

Almofada

 Decúbito dorsal
Forças de cisalhamento ou de deslizamento

 Decúbito lateral – posicionamento no qual a pessoa se encontra deitada sobre a face lateral do corpo.
Pode ser direito ou esquerdo.

Deslocar o doente para o lado oposto do posicionamento

● Decúbito lateral direito


o Braço do doente a fazer 90º, receber o
doente com almofadas

138
Ver a orelha (se não fica dobrada)

Estrutura do ombro – ajustar

Para ver se está direita coloco uma linha imaginária: lobo da orelha, acrómio e crista ilíaca
alinhados.

O doente tem que se sentir sempre bem agarrada  agarrar com o antebraço

 Decúbito semi dorsal direito – posicionamento no qual a pessoa se encontra deitada sobre a parte
posterior do hemicorpo, apoiado em almofadas. Pode ser direito ou esquerdo.

139
Semi dorsal – vantagem para
ulceras de pressão na região
sacrococcígea (de decúbito)

 Semi ventral – posicionamento no qual a pessoa se encontra deitada sobre a parte anterior do
hemicorpo, apoiado em almofadas - direito

SIMS – posição relaxada para a


limpeza retal.

140
Quando o doente não colabora deve-se de passar:

Decúbito dorsal -> decúbito lateral -> decúbito ventral

 Decúbito ventral – posicionamento no qual a pessoa tem a face anterior do corpo sobre
o colchão

Decúbito ventral – enquanto decúbito de conforto é sobretudo usado em jovens, no doente


idoso diminui a expansão torácica.

141
 Exercícios de amplitude de movimento (EAM)

Essenciais para prevenir complicações e evitar que


estas avancem ao nível do sistema músculo-
esquelético. Finalidade do
movimento
O musculo insere-se acima e abaixo da articulação e terapêutico
portanto a capacidade do músculo de flexão e
extensão permite a estimulação da articulação. As
articulações nas pessoas idosas são rapidamente
afetadas, aquando da imobilidade. Deste modo, é Manter ou
restaurar a função
crucial estimular a pessoa a movimentar-se articular e muscular

O movimento pode ser feito de várias maneiras.


Atentemos, agora, nos tipos de movimento existentes:

São produzidos por uma


força externa sem ajuda da
Passivos São feitos por outra pessoa
pessoa (ex.: enfermeiros,
fisioterapeutas)
Tipos de movimentos

São produzidos por uma


Ativos força interna sem ajuda São feitos pelo próprio
extensa

Qualquer um deles possui especificidades:

● Movimentos ativos
o Realizam-se com a ação da força da gravidade anulada, ou diminuída, quer por meios
mecânicos quer por quem os ajuda a executar ou os executa.
o Permitem à pessoa realizar movimentos que não poderia realizar quando há um défice
de força muscular.
o A assistência pode realizar-se em toda a amplitude do movimento ou só em parte
o Os movimentos podem ser:
> Movimentos ativos assistidos – é quando a pessoa necessita de ajuda para
iniciar o movimento ou para o terminar. Ex.: jovem que se encontra com gesso
na perna, necessita de ajuda para mover a articulação coxofemoral.
> Movimento ativo livre – quando a pessoa faz pela sua vontade, realizando-os
sem ajuda nem resistência.
> Movimentos resistidos – são movimentos que se realizam contra uma
resistência. Colocar a mão no calcanhar para ela empurrar, diferente dos
passivos em que metes no musculo.
 Coloco uma força que faz carga e que manter o equilíbrio entre as células
do próprio corpo

Os exercícios de amplitude de movimento ativos são realizados com a participação do cliente,


frequentemente de forma independente, movimentando uma ou mais articulações de forma a:
• Manter ou melhorar a flexibilidade articular

• Alongar e fortalecer os músculos

142
Podem ser um componente:

• de um regime de exercício em pessoas saudáveis;

• terapêutico em clientes com risco de desenvolver uma diminuição da mobilidade articular


(recuperação de lesão muscular ou articular).  finalidade terapêutica para se manter o
potencial que a pessoa tem.

• De um programa terapêutico para clientes com patologias articulares crónicas (ex.


osteoartrite).

● Movimentos passivos

Os exercícios de amplitude de movimento passivos não requerem a participação ativa do cliente.


Correspondem ao movimento realizado numa articulação específica em toda a sua amplitude,de
forma a:

o promover a flexibilidade;
o manter a circulação;
o manter ou melhorar a capacidade funcional – a articulação irá movimentar-se
devidamente

╞ EM SUMA:

Tipos de
movimentos

Ativos Passivos

Ativo Ativo
Ativo livre
assistido resistivo

Para além deste movimentos articulares, no que concerne a atividade muscular podem ser os
seguintes:

> Contrações isométricas – os músculos mantêm o mesmo comprimento (exercícios


musculares estáticos. Ex.: Contrair a barriga – movimento da fibra muscular mas não há
movimento da articulação; movimenta-se o musculo sem movimentar a articulação.
Não há alteração substancial, do seu comprimento.
> Contrações isotónicas - Os músculos contraem e encurtam-se (concêntrico) ou alongam
(excêntrico), ocorrendo movimento.  neste caso encontram-se inseridos os
movimentos articulares apresentados anteriormente.

143
● Qual é a importância da realização dos exercícios de movimentação articular
passivos?
o Os EAM Passivos têm uma indicação clara para os clientes que são incapazes de
realizar movimento de forma independente (ex. paralisia, sedação, fraqueza
generalizada) não conseguem realizar ativamente exercícios de reabilitação
o A amplitude de movimento adequada é um componente importante para o
desempenho das atividade de vida diária (ex. vestir, cuidar da sua higiene, etc.) e
para a deslocação e é relevante para que o cliente consiga regressar ao seu nível de
funcionamento tão cedo quanto possível após o episódio de doença ou cirurgia.
o Os EAM Passivos melhoram a mobilidade articular, previnem as contraturas e
ajudam a preparar o cliente para a realização de atividades de reabilitação mais
exigentes (EAM Ativos, treino de marcha, exercícios de fortalecimento, etc.)
o Os EAM Passivos no período pós-operatório da cirurgia ao joelho podem ter um
impacto duradouro na capacidade de marcha do cliente. Com frequência são
utilizados dispositivos de movimento continuo passivo durante os primeiros dias
após a artroplastia do joelho por via artroscópica. Contudo, os investigadores num
estudo envolvendo 141 clientes concluíram não haver diferença estatística entre os
que utilizaram os dispositivos mecânicos e os que fizeram EAM Passivos (Herbold
etal.,2014).
o O EAM conduzem a uma melhoria da saúde física e emocional e da qualidade de
vida nos clientes que sofreram um AVC. Num estudo, envolvendo 59 idosos
sobreviventes a um AVC, os investigadores que um programa de EAM realizado por
enfermeiros conduziu a uma melhoria da função física e psicológica (Tseng et al.,2006).

╞ SISTEMATIZANDO:

Quer sejam passivos quer sejam ativos possuem finalidades várias entre as quais se diferem.

Integridade – todas as estruturas que compõem a articulação mantêm-se integras, logo


proporcionam movimento.

O músculo necessita de ser movimentado para manter a sua mobilidade, porque ell é uma fibra
elástica.

Tónus muscular – o tónus existe porque o musculo para alem de ter a capacidade de fletir,
encontra-se inervado. O tónus é a inervação do musculo que também se perde se houver
inatividade prolongada. É o estado natural do músculo.

Força muscular – força gerada pela contração; capacidade de o músculo resistir a uma carga

Portanto, as finalidades são as seguintes:

144
Ensinar à
pessoa o
movimento a
Manter a realizar
imagem Manter a
psico- integridade
sensorial e articular
psico-motora

Melhorar a Manter a
circulação de amplitude
retorno Exercícios de articular
Amplitude de
movimento -
FINALIDADES

Evitar Aumentar/
aderência e recuperar a
contracturas mobilidade

Manter/
aumentar o Conservar a
tónus flexibilidade
muscular

● Princípios gerais:
o Rever o registo clínico e de enfermagem – conhecer a situação de saúde, alergias (ex.
latex, medicamentos ou outros produtos)
o Embora habitualmente não seja preciso nenhum material para realizar os EAM Passivos,
por vezes pode ser necessário:
> Escala de avaliação da dor
> Analgesia prescrita e meios para a sua administração
> EPI (ex. luvas) no caso de se antecipar poder haver contacto com sangue ou outros
fluidos corporais, pele não intacta, membranas mucosas ou materiais
contaminados.
o O aumento da amplitude de movimento articular para além do que é considerado
normal pode ser indicador de disfunção do tecido conjuntivo, rotura do tendão ou
fratura articular
o Os exercícios devem ser realizados lentamente. Quando realizado na totalidade do
corpo, devem ser iniciados na cabeça deslocando-se para os dedos dos pés em cada lado
do corpo de modo a mobilizar todas as articulações. A articulação não deve ser
mobilizada para alem da sua amplitude normal ou do ponto onde surge dor.
o Cada exercício deve ser repetido no máximo 5 vezes ou de acordo com a tolerância do
cliente. Cada posição limite deve ser mantida por um ou dois segundos.
o Se houver dor ainda que moderada, no caso de não haver terapêutica analgésica
prescrita, solicitar a sua prescrição

145
o Os movimentos realizam-se no plano normal dos movimentos:
> Plano sagital
> Plano frontal
> Plano transversal

Localização Tipo de Amplitude de Imagem


articulação movimento (graus)
(diartrose)
Pescoço, Pivô Flexão: 0–45
coluna (uniaxial) Extensão: 0–45
cervical Flexão lateral: 0– 45
Rotação: 0–60

Ombro Esferoide Flexão: 0–180


(escapulo (triaxial) Extensão: 0–60
umeral) Abdução: 0– 180
Rotação Interna: 0–70
Rotação Externa: 0–90
Circundução: 0–360

146
Cotovelo Charneira Flexão: 0–150
(uniaxial) Extensão: 0

Antebraço Pivô Supinação: 0–80


(Uniaxial) Pronação: 0–80

Punho Condilar Flexão: 0–80


(Biaxial) Extensão: 0–70
Abdução (desvio radial):
0–20
Adução (desvio
ulnar):0–30

Dedos Condilar Flexão (articulações


(mão) (Biaxial) metacárpicas e
Charneira interfalangicas): 0– 90
(uniaxial) Extensão das
articulações
metacárpicas: 0–45
Polegar Selar Flexão (articulação
(Biaxial) carpo metacárpica): 0–
15 Extensão (articulação
carpo metacárpica): 0–
80 Abdução: 0–70
Quadril Esferoide Flexão: 0–120
(coxo (triaxial) Extensão: 0–20
femoral) Rotação interna: 0–45
Rotação externa: 0–45
Joelho Charneira Flexão: 0–135 Extensão:
(uniaxial) 0–10

147
Tornozelo Charneira Flexão plantar
e pé (uniaxial) (Extensão tornozelo): 0–
(tibiotársic 50 Dorsiflexão: 0–20
a) Inversão: 0–35
Eversão: 0–15

Dedos (pé) Condilar Flexão (1ª articulação


(Biaxial) metatarsofalangica): 0–
45
Extensão: 0–70

148
 Meios auxiliares de marcha
● Definição
São dispositivos que têm como finalidade auxiliar pessoas com alterações (temporárias,
prolongadas e/ou permanentes) na locomoção.
 “ (…) a finalidade do uso de auxiliares de marcha é reduzir a carga na parte inferior
do corpo, devem também ser avaliadas a mobilidade e força muscular da parte
superior e, caso seja necessário, efetuar fortalecimento muscular da parte superior
do corpo (tronco e membros superiores) para permitir o uso eficaz e seguro dos
auxiliares de marcha (Donahoo & Dimon, 2008).”

Tipos

Cadeira de
Canadianas Bengalas Andarilho
rodas

Estes meios muitas das vezes têm que ser adaptados para que a pessoa possa efetivamente
utilizá-los. Estes são da responsabilidade do enfermeiro:

Evitar
Medição
complicações

Responsabilidade
do enfermeiro

Treino de
Adaptação
marcha

Muitas das vezes, antes de se ponderar o seu uso, há um conjunto de atividades preparatórias
que garantem e estimulam a função:

✓ exercícios de amplitude articular


✓ posicionamentos e mobilidade no leito
✓ levante precoce
✓ desempenho das atividades de vida diárias

149
 CANADIANAS
● Objetivos e resultados
o Formatos diferem nos pontos de apoio dos membros superiores e das mãos:

o Utilizadas por pessoas com força


suficiente nos MS com o objetivo de:
- diminuir a carga sobre os membros
inferiores (MI)
- melhorar o equilíbrio

o Resultados desejados: diminuição da dor, promoção de processos de cicatrização


e consolidação óssea (ex.: situações de fraturas, parésia dos MI, amputação)

● Ajuste adequado
O ajuste das canadianas ao tamanho da pessoa é importante para que o apoio seja
efetivo.
o Canadiana de antebraço
Com a pessoa na posição de pé. Pés paralelos e ligeiramente afastados, as
canadianas apoiadas a cerca de 15 cm à frente e ao lado dos pés.
Os apoios das mãos devem ajustar-se de tal modo que os cotovelos façam uma
flexão de 30º.
o Canadiana axilar
Deve haver um espaço de 6 cm entre a axila e o topo da canadiana

150
● O peso do corpo é transmitido ao chão através do tronco, dos MS e das canadianas,
dependendo do tipo de carga que a pessoa pode efetuar no(s) MI:
- carga total
- carga parcial
- sem carga ou descarga do membro

● O tipo de carga que a pessoa pode fazer determina os vários tipos de marcha:
o 4 pontos - é utilizada quando ambos os membros inferiores necessitam de fazer carga
parcial. O movimento executa-se em quatro tempos mas existem sempre três pontos de
apoio (OE, 2013)

o 3 pontos – quando a pessoa apenas tem um membro apoiado


é utilizada sempre que é necessário que um dos membros inferiores faça carga parcial
ou não faça carga. Existem sempre três pontos de apoio quando o membro afetado faz
carga parcial ou progride apoiado no chão sem exercer carga. Se necessário, o membro
afetado pode não tocar o solo (OE, 2013)

Sequência do
movimento:

• Avançar as duas
canadianas e, a
seguir, o membro
inferior afetado;

• Transferir o peso
do corpo para as
canadianas;

• Avançar o
membro inferior
saudável.

151
o 2 pontos – avançam 2 pontos contralateriais: 2 levantados e dois em apoio
é utilizada quando se necessita de reforçar parcialmente cada um dos membros
inferiores alternadamente. Existem sempre dois pontos de apoio (OE, 2013)

Sequência do
movimento:

•Avançam
alternadamente e
em simultâneo
uma canadiana e o
membro inferior
do lado oposto.

o Balanço oscilante - é utilizada quando um dos membros inferiores não pode tocar o solo
ou ambos os membros podem fazer carga apenas quando apoiados simultaneamente.
Existem sempre dois pontos de apoio (OE, 2013)

Sequência do
movimento:

• Avançam as
canadianas;

• Avançam os dois
membros
inferiores

152
● Subir as escadas ● Descer as escadas
•Membro inferior saudável à • Primeiro, avançam as canadianas
frente; para o degrau inferior;
•Seguido das canadianas; • Seguidamente, o membro
•Por fim, o membro afetado. inferior afetado e só depois o
membro inferior saudável.

● Complicações
o Alterações posturais
o Dor (ao nível da palma das mãos)
o Compressão nervosa
> Sobretudo nas axilares - risco de lesão dos nervos radial e braquial por
compressão prolongada na região axilar
o Complicações cardiovasculares (compromisso dos grandes vasos)
o Quedas
> Fatores relacionados com a pessoa
> Fatores externos: apertar todos os pinos; aplicar (adequadamente)novas
borrachas quando estiverem gastas; almofadar as barras

 BENGALAS
As bengalas são utilizadas quando não é possível fazer carga total; são unilaterais

Cabo

Bengala -
Haste Um pé
constituição
Três pés -
Base
tripé

Quatro pés

153
● Objetivo e modo de utilização
o São usadas do lado oposto ao MI comprometido.
o A bengala deve ser ajustada ao cliente de modo que o cabo fique ao nível do
trocânter.
o Esta posição vai colocar o cotovelo com um ângulo de flexão adequado (25 a 30º).

Sequência:

• 1º - Avança a bengala;

• 2º - Desloca o MI com
menor força muscular;

• 3º - Suporta o peso no MI
com menor força e no
equipamento;

• 4º - Desloca o MI com
maior força muscular.

 ANDARILHOS
● Definição e objetivos
o São usados por pessoas que não podem fazer carga total num ou nos dois
membros inferiores ou que têm pouco equilíbrio (p.e. em situações de
fraqueza generalizada dos MS e MI)
o Fornecem uma base de apoio mais ampla do que outros auxiliares de marcha,
rodeando o utilizador por três lados e apoiando-se no chão por quatro pontos.

Sequência:

•1º Deslocar o andarilho


para a frente;

• 2º Dar um passo em frente


com o MI afetado;

• 3º Dar um passo com o MI


saudável não ultrapassando
a base do andarilho
NOTA: O andarilho deve de ficar ao nível
das cristas ilíacas

 Treino de marcha com meios auxiliares de marcha


Na fase do planeamento, garantir: - calçado fechado, com solas
antiderrapantes
✓ Metas realistas
✓ Segurança do ambiente: ✓ Pontos de repouso
✓ Equilíbrio estático de pé
- eliminação de obstáculos
✓ Força e mobilidade da parte superior do
- piso limpo e seco
corpo
- borrachas dos meios auxiliares intactas

154
 CADEIRA DE RODAS
● Objetivo e utilização
o É utilizada como substituto da locomoção para que as pessoas possam realizar
algumas das suas atividades de vida;
o Manual ou elétrica;
o Situações (clientes paraplégicos, tetraplégicos, entre outros);
o Diferentes tipos de cadeiras.

● Princípios a ter para uma correcta postura na cadeira de rodas


o A pessoa deve estar o mais possível apoiada.
o O tronco deve estar o mais possível encostado ao encosto.
o O encosto, em relação ao assento deve fazer um ângulo de mais ou menos de
90º.
o Os joelhos devem estar fletidos, fazendo com a coxa um ângulo de 90º.

╞ CONSIDERAÇÕES FINAIS ACERCA DA UNIDADE TEMÁTICA

“A síndrome da imobilidade é uma entidade complexa que tem implicações em todos os aspetos
da vida da pessoa. Minimizar os efeitos da imobilidade implica o diagnóstico precoce e o
planeamento de intervenções que tenham como objetivo a prevenção de complicações e a
manutenção ou recuperação da capacidade funcional, o que se traduz em ganhos importantes
para a pessoa em independência e qualidade de vida.
Os cuidados de Enfermagem no âmbito da mobilização, posicionamento e treino de
deambulação, obrigam muitas vezes a movimentos e sustentação de cargas que podem resultar
em lesões para os profissionais que os executam.” (OE, 2013)

155
 Levante – transferência

Avaliar bem a pessoa, o ambiente para tomar boas decisões quer sejam para nós, quer seja
para o doente.

Grau de dependência Ajuda necessária


Independente Cliente realiza tarefas de forma segura, sem assistência de
pessoal, sem dispositivos auxiliares de transferência.
 Não correm riscos, decorrem em segurança, contudo
poderão ocorrer acidentes
 São pessoas com uma boa capacidade física, cognitiva e
funcional
Assistência parcial Cliente não necessita de mais ajuda do que estar presente,
fornecer orientação ou incentivar. O enfermeiro / cuidador pode
ser necessário para suportar até 16 Kg de peso (cliente).
 Alguém que é quase totalmente independente
 Podem ter capacidades, mas faltar-lhes orientação,
supervisão, motivação  ver se correm riscos
Dependente Cliente requer que o enfermeiro suporte mais de 16 Kg de peso
(cliente), ou não é previsível a quantidade de assistência
necessária. Neste caso, devem ser utilizados dispositivos
auxiliares de transferência.
 Se não se mobilizar as ajudas necessárias podemos
correr riscos; ajuda mecânica específica
 O nível de força que temos de fazer para perceber se
temos uma pessoa dependente  sensibilidade
subjetiva para perceber se estamos a mobilizar mais
força ou não
Deve ser realizada uma avaliação antes de cada atividade se o cliente tiver um nível de
capacidade de ajuda variável devido a razões clínicas, fadiga, medicamentos, etc. Quando
houver dúvida, assumir que o cliente não pode ajudar na transferência / reposicionamento.
Por vezes, as pessoas precisam de ser reavaliadas momentaneamente.

Em termos de avaliação concreta, tem-se que avaliar as seguintes dimensões:

Capacidade de suportar o Total


peso
Parcial
NOTA: há pessoas que não
conseguem suporatr o peso do Nenhuma
corpo, porque tiveram uma
hemiparesia, por exemplo

Força bilateral nos membros Sim


superiores
Não
Os membros superiores são
importantes para permitir o
impulso do tronco, permitindo que
haja um nível de dependência mais
baixo.

156
Nível de compreensão e Colaborante (pode ser necessário incentivar; capaz de seguir
colaboração ordens simples)
Alguém que colabore, pode ser o Imprevisível ou variável (cliente cujo comportamento muda
suficiente para orientar. Alguém frequentemente deve ser considerado como "imprevisível“)
quem colabora e compreende
apenas pode necessitar de
não colaborante, ou incapaz de seguir ordens simples.
supervisão ou de incijativa
 Pode acontecer por descompensação orgânica
associada à doença (ex.: alterações neurológicas, um
doente com uma doença hepática pode ter um
quadro de neurotoxicidade e de um momento
passar a um estado inconsciente, pode bastar
apenas 30min para que os doentes mudem do
estado dependente para independente)
 Um comportamento imprevisível leva a que a
pessoa seja considerada dependente

De notar que primeiramente, antes de levantar os doente, deve-se de sentar o doente, realizar exercícios
com os mesmos. Portanto, sistematicamente deve-se de estimular a pessoa para conscientemente as
pessoas treinarem os músculos e consequentemente ver-se os seus resultados. Estimular os doentes
primeiramente é fulcral

Exercícios da ponte – é fulcral que os membros inferiores e os pés não tenham atrito para não deslizarem
e pedir a elevação da bacia.

Primeiramente tem-se de avaliar os sinais vitais, posteriormente, perceber se a pessoa está ou não a
tolerar o procedimento, porque a pessoa pode estar com sinais de descompensação (FC baixar).

Estomas – derivações do intestino diretamente na pele. Uma colostomia contém um estoma.


Até para conseguir planear os movimentos este aspeto é crucial.

157
Edemas graves – porque o edema implica a existência de mais liquido no espaço, levando
também a um aumento do peso e para alguém já com dificuldades de mobilização pode ser
ainda uma maior dificuldade. Para além que é sugestivo de uma pessoa com patologia
cardíaca, por exemplo.

Lipotimia – pode acontecer por dificuldade do coração se adaptar à posição, bem como os
vasos e as artérias. – Adaptação vasomotora. Hipocaliemias, hipercalemias… essenciais para
uma boa contração dos músculos todos.

Cataratas – a questão da visão é crucial para a forma de se adaptar a um espaço.

 Primeiro levante – quando temos de levantar alguém quando fica muito tempo imobilizada (basta 2 dias
internadas e imobilizadas para que a pessoa comece a sofrer alterações, sendo que estas também dependem do
tipo de pessoa e da sua história prévia). Portanto, tem-se que ter muito cuidado n a avaliação da pessoa, os
cuidados que se devem de ter.

● Procedimento interdependente de enfermagem em que se muda a pessoa para


posição de sentado ou de pé após longo período de repouso no leito, cirurgia extensa
ou situação de doença aguda critica.
● Deve iniciar-se logo que a situação clínica o permita. O levante tem como objetivos:

• Prevenir complicações da imobilidade;


• Incentivar o autocuidado (forma da pessoa se levantar posteriormente para que
consegue adquirir a sua independência, Auto cuidando-se)
• Treinar o equilíbrio;
• Preparar para o treino de marcha.

● Avaliação da pessoa:
•Estabilidade dos Sinais Vitais – estáveis, instáveis (NÃO iniciar!!  polipneia,
bradipneia, taquipneia, PO2 baixa….) pois tem de haver uma boa condição fisiológica
para que se consiga iniciar a atividade.
•Capacidade sensorial e sensitiva (visão, audição, sensibilidade táctil e postural)
Há pessoas que estão em casa acamadas e tinham potencialidades para ter capacidades
motoras; quando a pessoa tem capacidades elas têm que ser motivadas, cativadas para
a sua mobilidade, para tal é fulcral a relação com o utente.
•Capacidade motora (força muscular, mobilidade/ amplitude articular, equilíbrio,
coordenação motora)
•Capacidade cognitiva (compreensão e possibilidade de colaboração)
•Motivação
•Risco de Quedas (Escala de Morse)

● Preparação do ambiente
• Espaço livre adequado para realizar a transferência
• Chão limpo/seco
•Iluminação adequada
• Roupa e calçado adequados (sapatos fechados, antiderrapantes; ter pijamas e não
camisas de dormir, por vezes pode-se utilizar um cinto que permita agarrar o doente para
se levantar)

158
• Colocação de meias de contensão elástica (se indicado)
•Meios auxiliares de marcha acessíveis (bengala, pirâmide, canadianas, andarilho) –
cadeiras de rodas fulcral para levantar doentes com AVC, porque têm uma maior
perceção que um corpo, do que um cadeirão e a cadeira permite ajustar os vários
segmentos do corpo. Na verdade, a posição numa cadeira de rodas pode facilitar a
estimular a outra parte do corpo.
Alguns doentes com AVC podem ser levantados descalços, por ser um bom estímulo sensitivo,
para sentirem os pés no chão.
A utilização de meias de contenção podem ser benéficas, não só a nível da prevenção dos trombos
(a longo prazo), mas também permitem com que o sangue não fique tanto na periferia o que é
essencial para o levante, pois assim não existe uma diminuição do retorno venoso e há menos
probabilidade de  diminuir o reservatório de sangue na periferia para que chega uma
quantidade de sangue suficiente para ser oxigenado nmão ocorrendo hipotensões e lipodemia

● Complicações
> Hipotensão ortostática
Surge associada à mudança da posição de decúbito para a posição ereta
(ortostática) e caracteriza-se pela diminuição da tensão arterial sistólica igual ou
superior a 20 mm Hg e/ou diminuição da tensão diastólica igual ou superior a 10
mm Hg nos três minutos seguintes a esta mudança (Soares, 2001; Sathyapalan & Atkin,
2011).
Uma pessoa que fique hipotensa pode começar a deixar de sentir os braços, perder o controlo da
cabeça, os olhos reviram, ficam pálidas, podem começar a transpirar, podem ter visão turva ou
distorcida. - antes de se levantar expliar a oessoa que pode ocorrer isto e alertar para que nos
informem. Levantarem-se com os olhos fechados pode ser benéfico para se levantar
● Procedimento
o O procedimento deve ser explicado à pessoa para que esta possa colaborar e
participar facilitando, assim, o procedimento e fomentando o autocuidado.
o Avaliar a tensão arterial (TA) em decúbito dorsal (plano horizontal) para encontrar
e registar o valor de referência para a pessoa;
o Para promover a adaptação gradual ao ortostatismo e detetar precocemente, em
segurança, intolerância ao ortostatismo:

- Manter a pessoa na posição de Fowler durante 30 minutos antes de realizar o


levante.

- Se o período de imobilidade tiver sido muito extenso, a elevação da cabeceira do


leito deve iniciar-se no dia anterior e evoluir progressivamente

 depende do tempo de mobilidade e da forma de levante


NOTA: doentes com lesões medulares, muitas das vezes abaixo desse nível medular deixam de ter a capacidade de
sentirem essa parte e entram numa fase de choque medular podendo ter bradicardias, porque o sistema nervoso
simpático deixa de ser capacidade de estimular a atividade cardíaca e as artérias. Estes doentes são mobilizados lenta
e gradualmente.

o Avaliar a tensão arterial em Fowler, com a cabeceira do leito entre 45º a 60º e
comparar com o valor obtido na primeira avaliação;
o Sentar a pessoa no leito com os membros inferiores pendentes para promover e
testar a adaptação ao ortostatismo;
o Avaliar a circulação das extremidades inferiores com os membros inferiores
pendentes, através da coloração das extremidades;
o Avaliar a tensão arterial e comparar com o valor obtido na primeira avaliação;

159
o Transferir ou ajudar a pessoa a transferir-se e posicioná-la na cadeira;
o Manter a pessoa sob vigilância, avaliar a tensão arterial após 10 minutos na posição
sentada e comparar com o valor de referência;
3 momentos para avaliar a TA: antes, durante e após ou quando é necessário por se
verificar alguma alteração. Uma avaliação continuada apenas é possÍvel com a
utilização de um cateter.
Nos dinamapes pode-se controlar-se a frequência da avaliação da TA
o Durante todo o procedimento avaliar sinais e sintomas de hipotensão ortostática:
- Observar a face da pessoa (pesquisar sinais de palidez e sudorese);
- Valorizar queixas de náusea, tontura ou obnubilação.
o Sempre que o doente refira qualquer um dos sintomas, seja observado qualquer um
dos sinais, e/ou se verifique haver hipotensão ortostática, deve ser colocado em
decúbito dorsal com a cabeceira do leito horizontal. No dia seguinte deverá ser feita
nova tentativa, aumentando o tempo de permanência em Fowler antes do levante

 Mobilizar-se na cama
a.Puxar para cima
i. Com supervisão e lençol de deslize

160
ii. Com
lençol de

deslize/resguardo - dois cuidadores (demonstração)

161
b.Virar de lado

162
i. Com supervisão

ii.Com ajuda - um cuidador

3. Levantar-se da cadeira

a. Com Supervisão

b. Com ajuda – um
cuidador

163
c. Com ajuda – dois cuidadores

164
4. Levantar-se da cama

a. Com Supervisão

165
Deitar-se na cama com supervisão

b. Com ajuda – um cuidador

166
c. Com ajuda – dois cuidadores

167
5. Transferências

a. Cama – cadeira

i. Com ajuda - um cuidador (demonstração)

ii.Com ajuda – dois cuidadores

168
a. cama – cadeira

b. Cama – cama/maca

i. Tábua de transferência e lençóis de deslize

169
6. utilização de elevadores- levantar/ transferir

170
171
7. Manuseamento de bebés

a. Retirar e colocar na cadeira (de refeições)

b. Colocar no carrinho (de passeio)

172
8. Algoritmos Algoritmo

1- Transferir de/para: Cama/Cadeira Algoritmo

2 -Transferir de/para: Cama/Maca Algoritmo

173
3 - Reposicionar na cama Algoritmo

4 –Reposicionar na Cadeira

174
CONSOLIDAÇÃO DE CONHECIMENTOS

Resultados de aprendizagem

 Compreender a importância do movimento/atividade para a pessoa, na satisfação de


outras NHF, contribuindo para o seu equilíbrio e bem-estar.
 Identificar alterações nesta NHF e suas implicações nas diferentes dimensões do indivíduo
/família.
 Desenvolver competências científicas e técnicas inerentes às responsabilidades do
enfermeiro na satisfação desta NHF.
 Compreender a importância dos princípios e métodos facilitadores de uma correta
mecânica corporal, como prevenção de lesões músculo-esqueléticas
 RAE - O estudante:
1. Caracteriza o padrão da NHF Mover-se e manter uma postura adequada;
2. Caracteriza as dimensões que influenciam a NHF;
3. Caracteriza a avaliação inicial à pessoa com alteração do padrão da NHF Mover-se e
manter uma postura adequada;
4. Identifica medidas de promoção da satisfação da NHF Mover-se e manter uma postura
adequada;
5. Descreve o impacto da alteração desta NHF nas diferentes dimensões da pessoa.
6. Desenvolve estratégias para prevenir as complicações da inatividade na pessoa.
7. Descreve os princípios de uma correta mecânica corporal
8. Explicita as consequências de uma postura incorreta e quais as suas consequências a
nível musculo esquelético.

Trabalho autónomo

Sendo estudante de enfermagem, responda às seguintes questões:

1 O senhor Oliveira de 80 anos de idade foi internado hoje no serviço. Está muito emagrecido,
apresenta diminuição da força a nível dos membros inferiores com dor à mobilização. (como
sabe a inatividade tem graves recursões em todas as dimensões da pessoa).

A) Refira justificando as alterações da inatividade a nível músculo-esquelético.

B) Que intervenções de enfermagem realizaria para as prevenir ou minimizar o risco da sua


instalação?

C) Refira justificando as alterações da inatividade a nível cardiovascular.

D) Que intervenções de enfermagem realizaria para a prevenir a sua instalação?

2 – O senhor Oliveira apos um período de repouso no leito teve indicação para realizar o primeiro
levante. Que cuidados deve ter em consideração?

4 – Para facilitar a marcha ao senhor Oliveira foi prescrito um andarilho. Que cuidados deve ter
em consideração no ajuste deste meio auxiliar de Marcha?

5 - Nos posicionamentos de conforto que princípios deve ter sempre em consideração?

6 - Ao mobilizar o senhor Oliveira quais os princípios gerais das exercícios de amplitude de


movimento deve ter em consideração?

175
Bibliografia

Textos de leitura recomendada

Abric. M., Dotte, M. (2002). Gestos e ativação para pessoas idosas, Loures:
Lusociência.

Carnevali, D. Brueckner, S. (1980). Imobilidade. Servir; vol. 28, pp. 129-150.

Knight J, Nigam Y, Jones A. (2009, Junho 2) Effects of bedrest 1: cardiovascular,


respiratory and haematological systems. Nursing Times. 105(21), pp16-20.

Knight J, Nigam Y, Jones A. (2009 Junho 9) Effects of bedrest 2: gastrointestinal,


endocrine, renal, reproductive and nervous systems. Nurs Times. 105(22), pp 24-27.

Nigam Y, Knight J, Jones A. (2009, Junho 16) Effects of bedrest 3: musculoskeletal and
immune systems, skin and self-perception. Nursing Times. 105(23), pp 18-22. Thomas, D.,
McMahon, A.;

Thomas, Y. (Eds) (2012) Moving and Handling People: The New Zealand Guidelines.
Acedido: http://www.acc.co.nz/preventing-injuries/at-work/industryspecific-safety/moving-
and-handling-people-nz-guidelines/index.htm

Potter, P.; Perry, A. (2006). Fundamentos de Enfermagem – Conceitos e


Procedimentos.5ª ed. Lusodidacta. Loures. (Cap. 33 – Imobilidade pp. 917-938).

Ruszala, S. (ed.) (2010) Moving and Handling People an Illustrated Guide. London:
Clinical Skills.

Norma de procedimento técnico – cientifico de enfermagem (2013). Ajudar a Mover-se


e manter uma postura adequada – Posicionamentos de conforto. Unidade Curricular Ajuda na
Manutenção da Vida. Escola Superior de Enfermagem de Lisboa.

176
3.4 Ajudar a manter a temperatura do corpo, ajustando a roupa, modificando o ambiente

BREVE INTRODUÇÃO:

Ajustar a roupa e modificar o ambiente são duas intervenções do enfermeiro. Estas modificações
são por vezes automáticas, pois qualquer pessoa sem alterações cognitivas e sensitivas
conseguem fazer este ajuste.

Vamos, então, incidir o nosso estudo essencialmente nas crianças e nos idosos, bem como
pessoas que possuem patologias do foro mental, aquelas que podem não ter capacidade de
reconhecer os estímulos internos e externos, não sabem como agir, consequentemente.

Uma má perfusão periférica, palidez, cianose, hipoxia… se a vasoconstrição for muito grave pode
avançar para anoxia e necrose dos tecidos. Conduzindo a alterações cardíacas, neurológicas.

Hipertermia – vasodilatação (o SC – mesma quantidade de sangue para um espaço maior).

De facto, estas alterações comprometem a vida e associada a outras doenças, nomeadamente


doenças cardíacas, existem riscos elevados.

• Manter a temperatura do corpo num nível normal é uma necessidade humana fundamental
VITAL!!!
• As pessoas com uma lesão vertebro medular não têm, atividade motora (motricidade), nem
sensitiva e estes podem ter alterações na regulação da temperatura, pois as estruturas
deixam de conseguir controlar as zonas que estão abaixo da lesão ( a informação sensitiva
motora não sobe, nem desce). Acima da lesão há um corpo regular: hipotálamo, abaixo do
nível da lesão tal não acontece (reflete a temperatura do ambiente.
• Para alem de ser fundamental para o conforto da pessoa….
• Raramente se sobrevive a uma temperatura central:
o Superior a 42,2ºC ou inferior a 34º
o Superior a 43ºC ou inferior a 34ºC

Este sinal vital é dos menos consensuais, para além de que existem diferentes zonas da
temperatura, o que varia os valores

• A termorregulação é inata:
o Aumentando a produção de calor no corpo quando a temperatura desce, ou
aumentando a perda quando as condições se tornam desconfortavelmente quentes;
o E geralmente eficiente fazendo ajustamentos fisiológicos e comportamentais para
manter a temperatura central do corpo em torno dos 37ºC  Os calafrios,
vasoconstrição, vasodilatação…
É portanto, fundamental reconhecer as pessoas que estão em risco

• Mecanismos de conservação do calor


o Regulação comportamental da temperatura
As pessoas influenciam a conservação ou perda de calor através de comportamentos que
são “o fundamental das atividades protetoras da termorregulação e são a primeira linha
de defesa contra o calor ou frio extremos”.
Ex.: colocar, mais roupa, beber líquidos quentes, afastar-se de um ambiente hostil.
o Vasoconstrição periférica

177
• Mecanismos de produção do calor
São dois
o Quimicamente por termogénese sem tremores
Metabolismo dos lípidos – produção de gordura castanha
O sistema nervoso simpático aumento sempre a temperatura, devido ao aumento de
produção de energia, este prepara-nos para a ação do ponto de vista CV, glândulas
sudoríparas…; mais atividade metabolisca  mais produção de Energia
o Fisicamente por “termogénese com tremores” – contração rítmica dos músculos
esqueléticos

aumenta a Aumenta o
Qualquer Incrementa a
velocidade calor
atividade velocidade
das reações metabólico
que metabólica
químicas produzido

Chids (2006: 816) – livro

Estes estímulos são percecionados perifericamente ou centralmente (hipotálamo); sempre


que há uma perceção periférica, o hipotálamo gera um conjunto de repostas que aumentam
o sistema de calor.

• Conceitos
o A temperatura central é a medida do calor interno do corpo representa o balanço entre
o calor produzido e o calor perdido
o Um autor:
 Axilar: 36,4ºC – 36,7ºC
 Oral: cerca de 37ºC
 Retal: 37,5ºC
 Não existem valores consensuais entre os vários autores
 Muitas das vezes temos que olhar para os restantes sinais vitais para perceber

• Distúrbios da Regulação da Temperatura

Ponto regulador – temperatura habitual da pessoa

Com diminuição da temperatura corporal

Hipotermia: por exposição a elementos frios (ambiente) → Diminuição da temperatura do ponto


regulador

Com aumento da temperatura corporal

Febre – subida da temperatura acima de 37,8ºC/38ºC. Esta elevação deve-se a alterações do


ponto de regulação hipotalâmico, secundárias ao efeito de pirogénicos (implica um agente
infecioso, os mecanismos associados à produção de calor ativados) → Resposta a um pirogénico
(interno – produção de citoquinas; externo – agressão de agentes externos) que leva a produção de citoquinas que
faz com que o ponto de temperatura aumente

178
Hipertermia – quando a temperatura está aumentada por dificuldades de perda de calor
(doenças provocadas pelo calor). Muitas das vezes existem alterações do hipotálamo (ex.:
doentes com traumatismos crânio encefaliso,c as meningites -respostya fisiológica e infeçlão).
Há uma incapacidade, muitad das vezes, do copor libertar calo

Biofisiologica Psicológica Sociológica/ Cultural espiritual


Ambiental
 Mecanismos  Estado  Ambiente: clima  Vestuário
fisiológicos de emocional: (externo) – (conformidade
produção e ansiedade temperatura; com crenças)
perda de calor: humidade; local
controlo interno – casa,
hipotalâmico, local de trabalho,
etc. hospital…)
 Meios
 Condição de económicos para
saúde: modificar
inflamação, condições
infeção, outras térmicas

 Atividade física As pessoas que têm


 Nível de nutrição poucos rendimentos,
podem não ter dinheiro
e hidratação para pagar a eletricidade
 Ritmos (aquecedor ligado o dia
circadianos todo); pessoas que
tentam aquecer a casa
com estratégias pouco
seguras  intoxicações
com CO2

• Sobre a temperatura da criança e a termorregulação


o A produção de calor diminui continuamente à
medida que o lactente cresce.
o “As crianças são altamente suscetíveis à
flutuação na temperatura. A temperatura
corporal (…) aumenta em caso de exercício
ativo, choro ou stress emocional”
o Infeções podem elevar rapidamente a
temperatura em lactentes e crianças mais novas
o O lactente e a criança pequena, durante brincadeiras mais ativas ou se estiver
pesadamente vestida, provavelmente estará superaquecida
o A criança consegue estabilizar a sua temperatura por volta dos 3 anos

 Importante perceber o que o que os pais sabem e de os aconselhar, nomeadamente a


proteger todas as extremidades, mas também estar atento a todas as modificações.
Atenção às alterações neurológicas da criança.

179
• Idosos
o A exposição a temperaturas extremas coloca os idosos em risco de dano ou morte
o “70% das vítimas do calor são pessoas acima dos 60 anos de idade”
o Mais sujeita a acidentes do que os adultos mais jovens,
o Fatores Internos
 Processo fisiológico de envelhecimento – vasoconstrição ineficaz, débito cardíaco
diminuído, redução do tecido subcutâneo e sudorese diminuída, menos sede
 Aumento da doença crónica
 Maior uso de medicação
 Alterações cognitivas e emocionais
o Fatores Externos
(…)
 Condições de temperatura e humidade
o Perceção mais difusa do frio e do calor – pode não encontrar estimulo para iniciar
medidas protetoras ou ter dificuldades em detetar mudanças de temperatura
o O mecanismo de sede torna-se menos eficaz – rim com menor capacidade para
concentrar urina (maior risco de desidratação relacionada com o calor)
o A inatividade e a imobilidade aumentam a suscetibilidade para hipotermia, suprimindo
os tremores e reduzindo a atividade muscular geradora de calor. A imobilidade e
desnutrição implicam menos temperatura corporal.

Nota: doentes cariacos têm mais problemas no inverno e no verão para

Por tudo isto, os idosos podem tornar-se hipo ou hipertérmicos em ambientes


moderadamente frios ou quentes

• Intervenção de enfermagem
o As atividades do paciente que visam manter a sua temperatura corporal são suscetíveis
de ser modificadas por uma intervenção do enfermeiro
o A Intenção da Intervenção do Enfermeiro é:
 Ajudar a manter a temperatura corporal dentro dos limites considerados normais
(cliente apirético)
 Identificar fatores de risco
 Manter as condições do ambiente no nível de conforto para o cliente (Henderson,
2007:43)
o Como fazer:
 Ações em complementaridade
 Ações de orientação/educação do cliente/família

 Quando o Cliente é uma Criança

o Identificar conhecimentos e fatores de risco


o Orientação dos pais para prevenir:
 Criança não antecipa riscos de exposição a temperatura externa
 Adequar a roupa de acordo com o ambiente
 Calor – inclui chapéu quando o sol, roupa fresca, larga ajustável
 Frio – camadas de roupa, usar proteções adicionais para a cabeça (roupa, luvas),
remover roupa molhada

180
 Temperatura extremas – evitar exposições

o Capacitar os pais para avaliar a temperatura da criança


▪ Quando acontece sobreaquecimento
 Não administrar antipiréticos
 Oferecer líquidos frios para beber
 Usar medidas de arrefecimento:
- Remover da fonte de calor
- Local fresco e arejado mas sem correntes de ar
- Aliviar roupa (facilitar as perdas por irradiação e convecção)
- Aplicar toalha molhada – água tépida (40ºC)
- Expor a pele ao ar (facilitar a perdas por evaporação)
- Não usar gelo nem água muito fria
- Dar banho tépido
- Secar bem a pele
- Vestir roupa ligeira
- Se surgir calafrio (tremor) interromper o arrefecimento
- Verificar temperatura

▪ Quando o Cliente é um Idoso


 Identificar os fatores de risco
 Identificar conhecimentos da pessoa idosa
 Orientação da pessoa idosa/família – prevenir sobreaquecimento ou perdas de
calor excessivas
- Sinais precoces de hipotermia e de sobreaquecimento
- As dificuldades da pessoa idosa para detetar mudanças de temperatura (EX.:
doentes diabéticos, não têm capacidade para perceber se estão muito
próximos da fonte de calor  queimaduras  difícil cicatrização, porque os
próprios leucócitos, têm propriedades quimiotaxias diferentes)
- Estar atento à temperatura externa e evitar exposição a ambientes com
temperaturas extremas
- Manter a temperatura ambiente entre os 20ºC e os 25ºC ou entre os 22ºC a
23ºC segundo outros autores
- Adequar o exercício físico às condições térmicas
- Se mais imóvel, ter cobertor
- Verificar e alertar para perdas de sensibilidades (extremidades)
- Aquecer/arrefecer o ambiente doméstico em função do ambiente externo
- Adequar o vestuário de acordo com o ambiente (dentro de casa, fora de casa):
chapéu/gorro (mesmo em casa), roupa fresca, larga, clara e ajustável, usar mais
roupa, quente, em camadas e roupa interior justa Face ao frio, remover roupa
molhada
- Alimentar-se regularmente, fazer refeições pequenas, frequentes e
quentes/com líquidos quentes
- Manter-se hidratado e no calor, se fizer mais exercício físico, precisa de beber
mais líquidos (8 a 10 copos/dia) – bom indicador: concentração da urina -,
adaptar à condição da pessoa não consumir bebidas com cafeína nem álcool
- Face ao calor excessivo, tomar duche com água fresca
Quando dependente de cuidados de terceiros, importa:

181
- Manter ambiente em temperatura confortável e sem correntes de ar
- Adequar a quantidade de vestuário e roupa de cama – atenção à quantidade
e tipo de roupa quando fora do leito
- Atenção às perdas hídricas por ambiente sobreaquecido – reforçar a
hidratação particularmente – orientar/supervisionar ou fornecer líquidos
- Destapar o mínimo possível durante o banho no leito e sacar rapidamente e
tapar para evitar exposições (irradiação)
- Atenção às perdas de calor corporal associadas a: administração de fluídos
frios (soros), às perdas de sangue, sudação intensa, taquipneia, imobilidade

• A Avaliação do Impacto da Intervenção


 A temperatura corporal e a sua variação
 Ausência de sinais de hipotermia ou hipertermia
 Sensação de conforto por parte do cliente
 A demonstração de conhecimento sobre medidas a adotar para se proteger do
frio/calor

182
CONSOLIDAÇÃO DE CONHECIMENTOS

Resultados de aprendizagem

 Descreve a intervenção do enfermeiro, ao cliente ao longo do ciclo de vida, na ajuda para


manter a temperatura do corpo num nível normal no âmbito da termorregulação
comportamental;
 Fundamenta a intervenção do enfermeiro na ajuda na manutenção da temperatura do
corpo num nível normal, com base nos processos de termorregulação e de crescimento e
desenvolvimento humano.

Trabalho autónomo

Após a leitura do capítulo de Child (2006):

− Descreva como o enfermeiro pode ajudar a pessoa idosa a “Manter a temperatura do corpo
num nível normal”: com que intenção, quais os modos de intervenção e ainda quais as ações a
desenvolver

− Justifique, com recurso aos processos de termorregulação e de crescimento e


desenvolvimento humano, porque o idoso deve estar atento à temperatura ambiente exterior,
evitar expor-se aos elementos climatéricos extremos e adotar medidas corretivas quanto ao
vestiário, face a temperaturas extremas do ambiente.

Após a leitura do capítulo de Hockenberry & Wilson (2006):

− Descreva como o enfermeiro pode ajudar a pessoa idosa a “Manter a temperatura do corpo
num nível normal”: com que intenção, quais os modos de intervenção e ainda quais as acções
a desenvolver

Bibliografia

Leitura obrigatória

Childs, C. (2006). Temperature control, in: M. F. Alexander, J. N. Fawcett & P. J.


Runcioman (Eds.). Nursing practice. Hospital and home, 3th Ed. [s. l.] Churchill
Livingstone. [p. 813-829]

Hockenberry, M.; Wilson, D. (2006). Wong’ s Fundamentos de enfermagem pediátrica. Rio de


Janeiro: Elsevier Ed. Lda. [p. 84-85; 731-733]

Potter, P. & Perry, A. (2006). Fundamentos de Enfermagem. Conceitos e procedimentos, 5ª


ed.. Loures: Lusociência. [p. 205-207; 215-217].Wold, G(2004). Basic geriatric nursing, 3th ed.
St. Louis: Mosby [p. 125-129]

Leitura para aprofundamento

Henderson, V. (2007). Princípios básicos dos cuidados de enfermagem do CIE. Loures:


Lusodidacta.

183
3.6 Ajudar a Manter o corpo limpo, com boa aparência e a proteger os tegumentos

3.6.1 Conceitos associados, padrão e dimensões da NHF ao logo do ciclo de vida,


capacidades e problemas relevantes

 Importância da higiene para a manutenção da integridade da pele


 Pele
A pele é um órgão ativo, com três camadas (epiderme – protege o tecido subjacente contra a
perda de água e evita a entrada de MO; derme – contém fibras nervosas, vasos sanguíneos,
glândulas sebáceas e sudoríferas e folículos pilosos e tecido subcutâneo – isola e amortece a pele).

● Funções da pele
✓ Proteção (epiderme: evita a entrada de microrganismo, pH ácido – 4,6 a 5,8
atrasa do crescimento bacteriano);
✓ Termorregulação (controlada por radiação, evaporação, condução e
transmissão)
✓ Sensibilidade – devido aos recetores sensoriais para o tato, dor, calor, frio,
pressão (reduzir fricção, retirar anéis, água tépida, roupa macia)  sensação do
quente, do frio…
✓ Metabolismo celular (elasticidade, manter-se hidratada, com a idade a pele
torna-se mais fina);
✓ Excreção (transpiração – perda de calor por evaporação e gordura – lubrifica a
pele e o cabelo; de notar que ambos podem fomentar o desenvolvimento de MO
daí a importância do banho, de forma a remover o excesso de secreções
corporais, embora em excesso possa causar pele seca).

 Quando ocorre alguma alteração, a pele é a que sofre o primeiro embate!


 Para que a pele desempenha adequadamente as suas funções tem que estar limpa,
cuidada, protegida e íntegra.

● Qualidades da pele saudável:


> Hidratada
> Elástica
> Firme
> Macia
> Íntegra (para nos ajudar a manter a temperatura)
> Bem vascularizada  as pessoas que têm anorexia têm problemas de
vascularização e por isso muitas das vezes têm as mãos e os pés mais frios, ou
seja, ficam pouco vascularizadas e por vezes ficam com hirsutismo.

● Assistir a pessoa a cuidar da sua higiene pessoal

184
Conhecimento Força de
Capacidade Vontade

Garantir o estado de limpeza


Prevenir danos futuros
Alteração da NHF para manter os tegumentos limpos - ação de
intervenção de enfermagem

 Assistir a pessoa a cuidar da sua higiene pessoal


● Definição

“Conjunto de procedimentos de carácter autónomo que constituem em substituir, completar e


orientar as atividades de limpeza e ou cuidado de todas ou apenas de algumas partes do corpo
(...) para as quais pessoas, apresenta um conjunto de compromisso ou dificuldade de
desempenho”.
 Na verdade, a Higiene pessoal é necessária para o conforto, proteção e sensação de bem-estar.
Numa situação de doença, as pessoas não conseguem satisfazer essa mesma necessidade e como
tal necessitam de ajuda. Contudo, antes de ajudarmos a pessoa temos que determinar, numa
primeira instância, a capacidade de um utente para a realização do autocuidado, bem como as
suas preferências. (Potter, 2006)

● Objetivos
 Proporcionar a limpeza da pele e mucosas
✓ Eliminação do odor corporal
✓ Melhorar a autoestima e autoimagem -> ser aceite pelos outros
✓ Prevenção de lesões e infeções da pele e mucosas
 Proporcionar conforto, relaxamento e repouso
 Estimular a circulação, nomeadamente quando se faz alternância de jatos de água fria e
quente.
 Prevenir outras doenças
 Promover a função articular- especialmente importante quando levamos a pessoa com défices de
mobilidade à casa de banho, tentamos mobilizar com água (movimentos atios e passivos)
 Avaliar a pele, cabelo, couro cabeludo, cavidade oral, pés unhas e genitais  momento
mais oportuno para avaliar as pessoas
 Estabelecer relação (parentalidade, enfermeiro-pessoa)
 Promover o auto cuidado
 Manter a limpeza e integridade cutânea

 Importância da relação entre enfermeiro-pessoa assistida para a satisfação da NHF;


● Cuidados de higiene

185
Relação e comunicação

Confiança/
Apreciação
segurança

Conhecimento

 Apreciação para assistir a pessoa na sua higiene pessoal


 Observação + Entrevista
● Comportamentos/Capacidades/Conhecimentos da pessoa
● Fatores que podem influenciar a satisfação da NHF
● Estado de Limpeza
● Preferências e hábitos pessoais

Processo de tomada de decisão

Individualização dos cuidados à pessoa


 A tomada de decisão é sempre conjunta com a pessoa e com a família: a pessoa tem capacidade
para o fazer?; nós temos que a capacitar e com base nessa capacitação ela decide.

 Fatores individuais que podem influenciar a satisfação da NHF

Fatores Fatores Fatores culturais e


Fatores biológicos
psicológicos sociológicos espirituais
•Capacidade física •Estado de •Salubridade do •Modos de vestir
para atender aos consciênia modo de vida e e pentear-se
próprios cuidados •Estado emocional de trabalho •Influência das
(mobilidade, (força de •Instalação crenças e da
força, integridade vontade, •Condição cultura no
dos tegumentos, ansiedade, económica significado
maturidade motivação) atribuído à
•Publicidade
psicomotora) •Pudor higiene
•Estruturas de
•Idade •Hábitos pessoais apoio social
•Menstruação de limpeza do
•Eliminação corpo e da roupa
•Diaforece •Imagem de si
(aumento da mesmo
transpiração) •Educação

186
 Apreciação para assistir a pessoa na sua higiene pessoal (continuação)- Aspetos a
avaliar para assistir a pessoa na sua higiene pessoal

● Comportamentos/capacidades da pessoa
o Capacidade para cuidar da higiene pessoal
Manter um padrão contínuo de higiene, manter o corpo limpo e bem arranjado,
sem odor corporal, lavar regularmente as mãos, limpar as orelhas, nariz e área
perineal, manter a pele macia, usando princípios de preservação e manutenção
da limpeza.
o Capacidade para tomar banho
Enxaguar o corpo ou partes dele em água, por exemplo entrando e saindo da
banheira, providenciando todo o material necessário para o banho, lavando e
secando o corpo.
o Capacidade para se arranjar
Manter-se asseado, cuidado do cabelo e da barba, barbear-se, pentearse,
escovar ou encaracolar o cabelo, lavar e arranjar as unhas, aplicar
desodorizante, cosméticos, maquilhagem, manter as roupas limpas sem odor e
em ordem, verificar a aparência ao espelho.
o Capacidade para uso sanitário
Desempenhar atividades para manter a higiene íntima, limpando-se após
urinar ou evacuar, deitar fora os produtos de eliminação, puxando o autoclismo
de maneira adequada no sentido de manter o ambiente limpo e evitar infeções.

● Condições e situações da pessoa que podem influenciar a satisfação da NHF


(condições da pessoa que aumentam a necessidade de frequência da satisfação
da NHF

● Condições da pessoa que comprometem a capacidade de satisfazer a NHF

187
Condições da pessoa que aumentam necessidade de frequência de
satisfação das NHF
•Febre
•Vómitoa
•Expetoração
•Cheiro e odores
•Transpiração
•Incontinência vesical e intestinal
•Diarreia
•Menstruação
•Halitose

Condições da pessoa que comprometem a capacidade de satisfazer a


NHF
•Fase de desenvolvimento
•Diminuição da força de vontade
•Alterações da força muscular, da amplitude articular, da coordenação de movimentos e do
equilíbrio
•Cansaço associado à atividade
•Dor

Situações da pessoa que restringem a capacidade de satisfazer a NHF


seja a pessoa dependente ou independente
•Alterações da pressão arterial, do pulso e da respiração
•Proceddos patológicos
•Determinados tratamentos instituídos

 O enfermeiro ajuda a pessoa substituindo , complementando ou assistindo-a na


satisfação desta NHF.

● Situações da pessoa que restringem a capacidade de satisfazer a NHF seja a


pessoa independente ou dependente)
● Tipos de cuidados
> Banho total – higiene oral, de todo o corpo, cabeça, lubrificação da pele,
mudança da roupa  duche, imersão
> Banho parcial – higiene de partes do corpo.

● Frequência da higiene
o Diariamente, 2 vezes por semana?

● Preferências e hábitos pessoais


o Hora do dia
o Dia da semana
o Temperatura da água
o Objeto/ produtos de higiene
o Brinquedos
● Fatores socioculturais
o Particularidades
o Tabus
o Crenças

188
 Intervenção de enfermagem na higiene total e na higiene parcial

Higiene total - leito ou duche


•Higiene oral
•Higiene de todo o corpo
•Higiene da cabeça
•Lubrificação da pele
•Mudança da roupa

Higiene parcial - leito ou casa de banho


•Higiene de partes do corpo
•Mudança da roupa
•Higiene oral

 Intervenções e intenções de enfermagem: na higiene oral, na higiene da pele, cabelo,


couro cabeludo e barba, pés e unhas, genitais

● Na higiene oral;
o Objetivos
✓ Apreciar a cavidade oral e dentes (nº de dentes, estado dos dentes, cáries,
integridade e hidratação da mucosa e língua, halitose…)
✓ Lavar os doentes e/ou prótese dentárias, contribuindo para a diminuição da
flora bacteriana
✓ Massajar as gengivas
✓ Aliviar o desconforto provocado por odores e sabores desagradáveis
✓ Estimular o apetite
✓ Promover a saúde oral
✓ Promover o bem estar

NOTA: os doentes submetidos a quimioterapia, radioterapia e fármacos imunossupressores


podem desenvolver estomatites e necessitarem de cuidados orais específicos.

189
> na higiene oral à pessoa com reflexo faríngeo diminuído

2. Separação dos 4.Aplicação de gel


1. Colocar a pessoa 3. Fazer a higiene oral
maxilares superior e lubrificante
em decúbito lateral com escova ou
inferior com espátula hidrossolúvel nos
com cama a 180º esponja dentária
almofadada lábios

 Colocá-las em posição de segurança e verificar o reflexo faríngeo.

> na higiene oral à pessoa com próteses dentárias


o Não esquecer a lavagem da boca e língua da pessoa

 Intervenções do enfermeiro: pessoas com problemas orais


Problemas Intervenções em enfermagem
Incapacidade para cuidar da
Ajudar ou substituir a pessoa na
higiene oral por diminuição da
higiene oral
mobilidade dos membros
superiores
Secura da mucosa por desidratação
Hidratar a cavidade oral da pessoa
ou por presença de sondas
nasogástricas, cateteres e Aumentar a frequência de higiene oral
máscaras de O2 no mínimo – o normal é depois das
refeições e ao deitar
Lubrificar os lábios
Úlceras na mucosa oral e mucosite
Manter a limpeza da mucosa oral
Usar alimentos moles ou pastosos
Evitar alimentos agressivos para a
mucosa – picantes e comidas condimentadas
Risco de problemas orais devido ao
Aumentar a frequência de higiene oral
uso de alguns medicamentos
(antitússicos, antiácidos,
vitaminas…)
Próteses dentárias mal adaptadas

190
● Na higiene da pele, couro cabeludo, barba, unhas e genitais:
o Objetivos:
✓ Manter a limpeza e integridade cutânea
✓ Promover o conforto
✓ Apreciar a pele e as mucosas:
- coloração, integridade, hidratação, elasticidade
- limpeza
- alterações – ex.: edema, inflamação, prurido, eczema

╚ Higiene da pele
 Lavar/ secar as mãos, o pavilhão auricular, o nariz, região perineal,
genitais e pés e o resto do corpo (lavar com produto específico – alguns
produtos podem ficar na pele mas outros produtos têm que ser bem
retirados)
✓ Cuidado com a textura e a hidratação da pele, o cuidado à boca,
ao cabelo, à barba, aos pés e unhas, à região genital, perineal e
anal
✓ Aplicar desodorizante
✓ Aplicar cremes hidratantes
✓ Aplicar cosméticos/ maquilhagem

 Intervenções do enfermeiro: pessoas com problemas na pele

Problemas Intervenções e enfermagem


Pele seca: pele descamativa e áspera
Diminuição da frequência da higiene
que pode gerar infeções se a camada
da pele
epidérmica desenvolver fissuras

191
Higiene da pele com produto rico em
óleos
Aplicação de creme hidratante
Aumentar a ingestão de líquidos, se
for possível
Pele húmida
Higiene frequente
Acne: erupção inflamatórias
Higiene da pele 2 vezes por dia e
papulopustular da pele que envolve
lavagem diária do cabelo com água
habitualmente uma lesão bacteriana
tépida e produto específico para pele
de gordura, frequentemente
acneica
localizada na face, pescoço, ombros e
costas Evitar aplicação de produtos
cosméticos não específicos
Eritema da pele
Higiene com água tépida para
diminuir a inflamação
Aplicação de produtos específicos

╚ na higiene do cabelo, couro cabeludo e barba


 Avaliar o cabelo e o couro cabeludo: limpeza, integridade, inflamações,
prurido, caspa, parasitas, alopécia, oleosidade…
NOTA: o fio de cabelo é uma estrutura inerte. As alterações na sua cor ou
estado são causadas por deficiências hormonais ou nutricionais no folículo
piloso.
✓ Lavar o cabelo
✓ Secar o cabelo
✓ Escovar e pentear
Escovar frequentemente o cabelo ajuda a mantê-lo limpo e a distribuir o
óleo, de forma igual, o longo dos fios do cabelo.
Pentear o cabelo evita que o cabeço embarace.
✓ Cortar o cabelo
✓ Barbear ou aparar a barba:
> 1 Lâmina individual ou barbeador elétrico
> Utilizar produtos para barbear- saber qual o produto utilizado
pela pessoa
> Lavar o rosto com água quente antes de barbear ou aproveitar
o momento após o banho para iniciar – amolece os pelos e
hidrata a pele
> ou então coloque uma toalha humedecida em água tépida
sobre a face durante alguns segundos

NOTA: os doentes com problemas de coagulação devem de utilizar


uma máquina de barbear

192
> Barbear no sentido do crescimento do pelo

 Intervenções do enfermeiro: pessoas com alterações do cabelo e couro cabeludo

Problemas Intervenção de enfermagem


Dermatite seborreica (caspa)
Descamação do couro cabeludo,
Usar champô específico e indicações
acompanhada de prurido, se severa pode do produto
desenvolver-se nas sobrancelhas
Pediculose do couro cabeludo
Usar champô específico e indicações
(piolhos) ou outros parasitas
Pequenos parasitas de cor branco-
do produto
acizentada que se agarram aos fios do Uso adequado das respetivas EPI (a
cabelo. transmissão dá-se através de
contacto direto)
Alopecia
Queda do cabeço, sendo que este se
Evitar práticas que danifiquem o
torna frágil e quebradiçp. cabelo (pintura, secador…)

╚ na higiene dos pés


 Avaliar os pés: limpeza, integridade, espaços interdigitais, secura,
calosidades, inflamação, dor, psurido, verrugas plantares…
✓ Lavagem dos pés
✓ Limpar os pés e os espaços interdigitais
✓ Observar o pé para despiste de lesões ou outras alterações

193
NOTA: a dor nos pés pode frequentemente alterar o modo de andar,
causando tensão em diferentes grupos musculares, para além de
provocar stress físico e emocional.

Problemas Intervenção de enfermagem


Queratopatias (caules)
Provocada pela fricção e pressão do Identificar e eliminar o que causa a
calçado, principalmente localizada nos pressão excessiva, uso de calçado
dedos dos pés, sobre as proeminências desconfortável, mergulhar pés em
ósseas, habitualmente com forma água tépida e produto específico, uso
saliente cónica saliente e arredondada. de lixas, aplicação de cremes ou
Caso o caule se desenvolva pode aderir loções específicas, uso de palmilhas
ao osso. de espuma ou de gel
Tinea pedis (pé de atleta – micose)
Infeção fúngica no pé; descamações e Manter pés arejados
fissuras nos espaços interdigitais e face Secar bem
plantar; podem surgir pequenas
vesículas contendo líquido, é Uso de meias de algodão
aparentemente provocada por calçado
apertado (ex.: de desporto). Pode Aplicação de antifúngico
transmitir-se para outras zonas do corpo,
nomeadamente as mãos. É contagioso e
frequentemente recorrente.
Onicocriptose
Mergulhar em água tépida com
(Unhas encravadas)
Crescimento das unhas dos pés ou das solução antisséptica
mãos para dentro dos tecidos moles à Remover porção de unha que cresce
volta da unha. Resultam do corte para dentro da pele, cortar as unhas
inadequado das unhas, calçado apertado
a direito
ou hereditariedade.

Onicomicose
Consulta de podologia – tratamento
(infeção fúngica das unhas – micose)
Resultam do excesso de humidade
com associação de antifúngicos orais
e tópicos ou apenas tópico
Manter os pés sempre limpos e
secos, sem esquecer os espaços
interdigitais, evitando a proliferação
dos fungos
Odor dos pés
Resultado de uma sudorese intensa que Usar calçado limpo e seco
promove o desenvolvimento de MO. Os Alternar o uso dos sapatos
maus cuidados de higiene ao pé ou o
calçado inapropriado também podem Pés bem arejados
contribuir para o odor
Secar bem
Uso de meias de algodão
Minimizar as situações de stress e
praticar atividades de relaxamento (o
stress aumenta a sudorese)

194
╚ na higiene das unhas
As unhas saudáveis são de cor transparente, lisas e
convexas com uma matriz cor de rosa e uma ponta
translúcida branca. As doenças podem alterar a forma,
espessura e curvatura das mesmas.
✓ Cortar as unhas a direito (no bebé e na pessoa
agitada segurar num dedo de cada vez)
✓ Pode ser necessário colocar as mãos dentro de água morna para
amolecer as unhas
✓ Limpar as unhas
✓ Pintar as unhas

╚ na higiene do genital feminino e masculino


 avaliar os genitais: integridade, secreções, odor, inflamação, prurido,
presença de hemorroidal…
Higiene dos genitais femininos Higiene dos genitais masculinos

Lavar os grandes lábios em sentido Lavar com movimentos circulares a


descendente, primeiro do lado mais glande, do meato para o prepúcio e dano
afastado depois o do lado mais próximo especial atenção a esta zona
✓ proceda do mesmo modo para os ✓ Posteriormente enzague a pele
pequenos lábios seguindo a mesma sequência
✓ de seguida lave com um ✓ Seque toda a pele, com especial
movimento único o introito atenção à região posterior do
vaginal do clitóris para a vagina escroto e às pregas inguinais
✓ Posteriormente enxague a pele ✓ Desfaça a retração do prepúcio
seguindo a mesma sequência ✓ Observe as características da
✓ Seque bem toda a pele, com pele sobretudo a nível do meato
especial atenção às pregas uretral, região posterior do
inguinais escroto e pregas inguinais
✓ Observe as características da
pele sobretudo ao nível do
meato uretral, introito vaginal e
pregas inguinais

195
 Cuidados de higiene: Idades e necessidades específicas
Idades Necessidades específicas
Latente ● Crosta látea – aplicar óleo (ex.: óleo de amêndoas doces) e
lavar de imediato com sabão para não obstruir os poros
capilares
● Hidratação da pele com óleo (tem efeito antidesidratante)
Pré-escolar ● Aumento da frequência da higiene devido às atividades
lúdicas, desportivas …
● Parasitoses
● Higiene oral 3x/dia (sendo uma delas ao deitar) – pasta
dentífrica com flúor só após os 3 anos
Escolar ● Aumento da frequência da higiene devido às características
lúdicas, desportivas…
● Pudor (pode levar à recusa da higiene)
● Pediculose ou outras parasitoses
● Higiene oral 3x/ dia (sendo uma delas ao deitar)
● Fio dentário a partir dos 8 anos
Adolescência ● Aumento da frequência da higiene devido ao aumento da
sudorese (alterações hormonais), atividades desportivas…
● Utilização de desodorizante
Adulto ● O estado da pele depende dos hábitos de higiene e da
exposição a produtos ambientais irritantes
Idosos ● A pele perde a sua elasticidade, a hidratação e as gladulas
sebáceas e sudoríparas tornam-se menos ativas  pele mais
seca e mais propensa a ferir
● Redução da frequência da higiene (pele fina, poucas
glândulas sebáceas)
● Lavar a pele com água morna e usar sabonetes líquidos com
pH neutro
● Aumento da hidratação cutânea (2-3x/ dia) – reduzida
reserva água na pele
● Evitar o uso de tópicos que contenham perfumes ou corantes
● Uso de cremes de barreira/ protetores (prevenção de
dermatoses) e evitar o contacto com tecidos sintéticos

 Riscos relacionados com os cuidados de higiene

196
Risco de queimadura Risco de aspiração Risco de queda

Risco de infeção Risco de hipotermia Risco traumático

 Princípios na satisfação da NHF “Manter o corpo limpo com boa aparência e proteger
os tegumentos”
✓ O conforto
✓ O controlo do ambiente (calmo, adequado, portas e janelas fechadas, sem
correntes de ar)
✓ A promoção do autocuidado
✓ A privacidade (manter a pessoa coberta durante o procedimento, uso de
cortinas, biombos, porta fechada…)
✓ O respeito:
- Pessoa/ Intimidade/ corpo/ pudor
- Preferências e hábitos da pessoa
✓ Prevenção de IACS

197
3.6.2 Ajudar a Manter o corpo limpo: o cuidado de enfermagem na higiene do recém-
nascido; na realização de banho e cuidados parciais e arranjo pessoal, por duche ou no leito
(com realização de cama ocupada); no cuidado à boca e na lavagem de cabelo

 Princípios na higiene no recém nascido/ latente e recomendações aos pais


● Ambiente
o Ambiente calmo, tranquilo
o Aquecido, com uma temperatura a rondar os 25ºC (sem correntes de ar,
portas e janelas fechadas)

● Considerações
✓ O primeiro banho é dado pela enfermeira, que ensina à mãe como se dá o
banho; o segundo banho já é dado pela mãe, com a supervisão da
enfermeira.
✓ O primeiro banho é dado conforme as maternidades e o estado do bebé;
muitas vezes é de acordo com a preferência da mãe.
✓ Devem ser envolvidos os pais no procedimento, de forma a capacitá-los
para o cuidado ao RN nesta NHF

 Princípios a ter em conta e recomendações aos pais


● Momento do banho
✓ É recomendável que a criança tome banho sempre à mesma hora
✓ A melhor hora do dia varia de criança para criança
- o mais habitual é que o banho tenha um efeito calma o que lava os pais a
proporcionar este cuidado antes da última refeição/ mamada para que a
criança acalme e durma melhor
- Os horários devem ser adequados à preferência familiar e da criança,
tendo em conta a sua resposta ao banho
✓ Antes da refeição para a criança não bolçar;
✓ Banho dado após a digestão – cerca de 2 horas
- O manuseamento excessivo do bebé pode causar regurgitação
- Em bebés que regurgitam com mais facilidade, esperar um pouco mais.
✓ Banho dado muito próximo do horário da refeição, o bebé vai ter fome e
chora.

● Frequência do banho
✓ O banho de água poderá ser dado 3 vezes por semana;
✓ Nos restantes dias poderá efetuar-se o banho parcial de água ou o
banho de loção/óleo.

● Duração do banho

Nos permaturos
•Banho deve ser rápido e observar sinais de
instabilidade - não exceder 5 min

Nos bebés de termo


•Banho não deve exceder os 7min, uma vez que o
excesso de humidade torna a pele do bebé fina
e frágil e propensa
198 a sofrer irritações
● Ter em consideração…
✓ Tentar que a criança perca o mínimo de calor;
✓ Terminar o banho se surgirem sinais de diminuição da temperatura:
• pele marmoreada;
• tremores das extremidades ou mento.
✓ Reunir todo o material antes de iniciar o banho e colocá-lo pela ordem
que vai ser utilizado;
✓ Nunca deixar a criança sozinha à se tiver que se ausentar levo-o consigo.
✓ Não colocar a criança debaixo de água corrente.
✓ Soro fisiológico morno (37º C) aquecido em banho-maria.

● Preparar a água do banho


✓ Primeiro a água fria, temperando-se com a quente à 37ºC;
✓ Verificar a temperatura da água com a face interna do punho ou
termómetro (sensação de água morna);
✓ Optar por produtos que sejam emolientes e hidratantes, de modo a
respeitar e restabelecer o filme hidrolipídico e sem detergentes ou
tensioativos agressivos;
✓ Misturar 1 a 2 colheres de sopa do óleo de banho em 1 a 2 litros de água
tépida. De seguida, junte esta mistura à água do banho.
✓ Evitar sabão ou produtos alcalinos e irritantes.

● Assistir o RN/ latente no banho de água e no de loção/óleo


✓ Higiene oral desde o nascimento, após as mamadas.
✓ Feita com dedeira de silicone ou ü com compressa embebida em água
fervida à
 Limpar com cuidado as gengivas e a língua
✓ A partir do nascimento do 1º dente, utilize uma
- escova de dentes infantil macia e só com água fervida
- realize delicadamente movimentos circulares para:
- remover resíduos de leite

199
 Banho de água

3. Manter a criança vestida


1. Preparar o material 2. Preparar a roupa pela
e sobre o lençol de banho
ordem que vai ser Utilizar compressas
usada esterilizadas e soro
fisiológico a 37ºC para a
lavagem dos olhos e face

4. Segure as compressa 5. Deite sobre a 6. Segure a cabeça do


pelos cantos (técnica do compressa soro bebé para lavar os olhos
no-touch) fisiológico a 37º

Se não tiver secreção ocular:


limpo (canto interno) → sujo
(canto externo)
Se tiver secreção ocular: limpo
(canto externo) → sujo (canto
interno)
Passe a comprassa apenas uma 7. Lave a face com soro
vez e deite fora! fisiológico a 37ºC
Com outra compressa seque o
olho lavado

8. Seque a face 9. Lave o pavilhão 10. Lave a pasrte


200
auricular posterior do pavilhão
auricular
11. Seque o pavilhão 12. Dispa a criança e 13. Seque bem a cabeça
auricular envolva-a no lençol e da criança
Repita no lado oposto lave a cabeça

14. Coloque a criança na água 15. Lave a parte anterior do 16. Coloque uma mão no tórax e
pelos pés corpo (pescoço, tórax, abdómen, rode a criança para lavar a parte
membros inferiores e genitais) posterior do corpo

17. Segure a criança pela 18. Lave as costas, 19. Seque a criança
axila membros inferiores e
região nadegueira e anûs

20. Coloque a criança 21. Coloque a fralda 22. Lave com água e
sobre outro lençol seco aberta sob a criança sabão ou faça fricção
das mãos com SABA
Assegure-se de que a criança
não fica só por risco de queda

201
23. Limpeza do coto 24. Limpe com 25. Repita se
umbilical segue movimentos necessário
norma da instituição circulares de baixo
Secar o coto umbilical com para cima
compressa esterilizada
depois do banho e manter
seca ou
Limpar com àgua
esterilizada e secar ou
Álcool a 70º ou
Outro desinfetante
segundo protocolo.

26. Limpe a extremidade 27. Feche a fralda, 28. Acabe de vestir a


do coto umbilical deixando de fora o coto criança e segure em todos
umbilical os dedos dela para a vestir

 promova a participação da mãe/ pai

● Registos
o Hora do banho
o Tipo de banho
o Reação da criança
o Observação efetuada
o Caraterísticas do coto umbilical
o Colaboração dos pais, informação transmitida e feedback dos pais
o Intercorrências/complicações

202
● Banho do recém nascido/latente/criança na banheira Shantala
 Conhecida como banheira shantala, banheira anti-
cólica, tummy tub
✓ Permite a posição fetal;
✓ Dá conforto e segurança;
✓ Promove o relaxamento e acalma;
✓ Diminui as cólicas;
✓ Precisa de menos água e pelo formato mantém a água
a uma temperatura confortável durante aproximadamente 20
minutos;
✓ A(s) mão(s) sob o maxilar inferior - apoio da cabeça

 Banho de loção/ óleo

1. Preparação do material 2. Preparar a roupa pela ordem que 3. Manter a criança vestida e sobre o
vai ser usada lençol de banho
Utilizar compressas esterilizadas e
soro fisiológico a 37ºC para a
lavagem dos olhos e da face

4. Segure a compressa pelos 5. Segure a cabeça da criança 6. Lave a face com soro
cantos - técnica no-touch, e deite para lavar os olhos fisiológico a 37º
sobre esta soro fisiológico morno
(aquecudi em banho maria)

203
7. Seque a face 8. Lave o pavilhão 9. Lave a parte
auricular posterior do pavilhão
auricular

10. Deite loção na 11. Limpe com 12. Deixe a criança


compressa movimentos circulares penteada

13. Segure a criança para 14. Dispa a criança 15. Mantenha a criança
lavar a cabeça; manter a tapada com a toalha
criança vestida

16. Limpe o pescoço, 17. Limpe o membro 18. Limpe a axila


fazer ligeira superior (braço,
hiperextensão antebraço)

19. Segure o punho 20. Limpe o tórax e o 21. Vista a parte


para lavar a mão com abdómen superior do bebé
soro fisiológico
204
22. Limpe os membros 23. Limpe o pé 24. Limpe o tórax
inferiores (coxa e perna) posterior
34. Feche a fralda, 35. Acabe de vestir a 36. Com a sua mão segure
deixando o coto umbilical criança em todos os dedos da
de fora criança para a vestir

25. Limpe a região 26. Limpe a região 27. Limpe os


nadegueira inguinal oposta genitais

Limpe a vulva com compressa esterilizada e soro fisiológico com movimento da parte
anterior para a posterior (vulva  períneo  ânus)

Nos meninos utilize uma compressa esterilizada e soro fisiológico para limpar o meato.
Limpar o corpo do pénis, o escroto e sob o escroto.

28. Coloque a fralda 29. Lave com água e sabão 30. Para limpeza do coto
aberta sob o bebé ou faça fricção das mãos umbilical compressa
com SABA esterilizada seca

31. Limpe com 32. Repita se necessário 33. Por fim, limpe a
movimentos circulares extremidade do coto
de baixo para cima umbilical

205
Registar:

• Hora do banho
• Tipo de banho
• Reação da criança
• Observação efetuada
• Caraterísticas do coto umbilical
• Colaboração dos pais, informação
transmitida e feedback dos pais
• Intercorrências/complicações

 Substituir a roupa do berço

1. Faça a base do berço 2. Faça um triângulo na 3. Coloque o lençol de


com o colchão colocado cabeceira e no fim do cima deixando espaço
sobre este colchão para a dobra

4. coloque o cobertor 5. Coloque a colcha 6. Faça uma dobra no


lençol

7. Se a crinça for para o 8. Faça um triângulo aos 9. Coloque o colchão no


berço deixe-o aberto pés com o lençol de berço
cima, cobertor e colcha

206
CONSOLIDAÇÃO DE CONHECIMENTOS

Resultados de aprendizagem

1. Explicar a importância da higiene para a manutenção da integridade da pele;

2. Descrever os fatores individuais que podem influenciar a satisfação da NHF;

3. Descrever em que consiste a assistência à pessoa a cuidar da sua higiene pessoal.

4. Descrever as intenções do enfermeiro na manutenção da limpeza do corpo;

5. Explicar a importância da relação entre enfermeiro-cliente para a satisfação da NHF;

6. Descrever os aspetos a avaliar para assistir a pessoa na sua higiene pessoal;

7. Descrever em que consiste a capacidade para cuidar da higiene pessoal, a capacidade para
tomar banho, a capacidade para se arranjar e a capacidade para usar o sanitário;

8. Descrever a intervenção de enfermagem na higiene de partes do corpo, na higiene de todo o


corpo, nos cuidados à pele;

9. Descrever as intenções do enfermeiro: na higiene oral, na higiene da pele, cabelo, couro


cabeludo e barba, pés e unhas, genitais;

10. Descrever a intervenção de enfermagem relativa à higiene oral; na higiene oral à pessoa com
reflexo faríngeo diminuído; na higiene oral à pessoa com próteses dentárias; na higiene da pele;
na higiene do cabelo, couro cabeludo e barba; na higiene dos pés; na higiene das unhas; na
higiene do genital feminino e masculino;

11. Descrever a intervenção de enfermagem à pessoa com incapacidade para fazer a sua higiene
oral por diminuição da mobilidade; com secura da mucosa por desidratação ou com presença
de sonda nasogástrica, cateteres e máscaras de O2; úlceras na mucosa oral e mucosite; risco de
problemas orais devido ao uso de alguns medicamentos (antitússicos, antiácidos,
multivitaminas); próteses dentárias mal-adaptadas;

12. Descrever a intervenção de enfermagem à pessoa com problemas de pele, nomeadamente


pele seca; pele húmida; acne; eritema da pele;

13. Descrever a intervenção de enfermagem à pessoa com problemas do cabelo e couro


cabeludo, nomeadamente dermatite seborreica; parasitas; alopecia;

14. Descrever a intervenção de enfermagem à pessoa com problemas dos pés e unhas,
nomeadamente queratopatia; tínea pedis; onicocriptose; odor dos pés;

15. Explicar as necessidades específicas do recém-nascido/lactente, na idade pré-escolar, na


idade escolar e na adolescência relativamente aos cuidados de higiene;

16. Descrever os princípios aplicáveis na higiene do recém-nascido/lactente e as recomendações


aos pais;

17. Identificar os riscos relacionados com os cuidados de higiene;

18. Assistir a pessoa a cuidar da sua higiene pessoal no leito;

207
19. Substituir a roupa da cama ocupada; 20. Assistir o recém-nascido/lactente no banho de água
e no banho de loção/ óleo;

21. Substituir a roupa do berço;

22. Elaborar registos sobre a intervenção de ajuda na satisfação da NHF

Trabalho autónomo

I - Sendo estudante de enfermagem a cuidar do Sr.º José, responda às seguintes situações: 1 - O


Sr.º José tem 60 anos e foi internado hoje no serviço. É obeso. Apresenta pele suja, cheiro
corporal intenso e halitose. A sua pele é seca e áspera. Que aspetos avaliaria para planear a sua
intervenção de enfermagem na satisfação da NHF Ajudar a manter o corpo limpo? Que
intervenções de enfermagem executaria?

2 - Imagine que passaram 3 dias desde o início do internamento do Sr.º José e este iniciou
terapêutica anticoagulante com Varfarina por problema vascular:

a) Que cuidados teria face à satisfação da NHF Ajudar a manter o corpo limpo?

b) Tendo em conta o planeamento da alta, que ensino faria ao Sr.º face à sua higiene?

3 – O Recém-nascido Miguel tem 7h de vida e pesa 3100g. Nasceu de parto eutócico e com
Índice de Apgar 10 ao 1min e 10 ao 5º min:

a) Indique 5 aspetos que deverá ter em conta antes de proceder à realização do banho de água.
b) Qual o mecanismo de perda de calor mais importante durante a realização do banho (total
ou parcial)?

c) Indique alguns cuidados que são fundamentais para minimizar a perda de calor. d) Qual a
informação a dar aos pais relativamente ao horário do banho e aos produtos a utilizar?

Teste formativo

1. Exemplificar situações de alteração da NHF manter o corpo limpo, com boa a aparência e
proteger os tegumentos face à:

a) Capacidade, b) Conhecimento, c) Vontade, d) Aos hábitos pessoais, e) Preferências e gostos


pessoais; f) Recursos;

2. Referir:

a) Condições da pessoa que aumentam a necessidade de frequência da satisfação da NHF;

b) Condições da pessoa que comprometem a capacidade de satisfazer a NHF;

c) Situações da pessoa que restringem a capacidade de satisfazer a NHF, seja a pessoa


independente ou dependente.

3. Que ensino faria à pessoa relativamente à higiene oral?

208
4. Qual a especificidade na realização da higiene oral à pessoa com reflexo faríngeo diminuído?
5. Refira as intervenções face à pessoa com úlceras na mucosa oral e mucosite.

6. Refira as intenções do enfermeiro ao realizar cuidados de higiene da pele, cabelo, couro


cabeludo, barba, pés, unhas e genitais.

7. Quais os princípios a ter em conta e recomendações aos pais na higiene do bebé?

Bibliografia

Textos de leitura obrigatória

Aldn, K. (2008). Avaliação e Cuidados ao Recém-Nascido. (cap. 19). In Lowdermilk,


D.; Perry, S. (2008). Enfermagem na Maternidade. Loures: Lusociência, p. 634-642.
Direção Geral da Saúde. Precauções Básicas do Controlo da Infeção (PBCI). Norma N 029/2012
de 28/12/2012 atualizada a 31/10/2013. Acedida 25-09-2014. Disponível em
http://www.dgs.pt/ms/3/paginaRegisto.aspx?back=1&id=24914

Downey L, Lloyd H (2008) Bed bathing patients in hospital. IN Nursing Standard. 22 (34) , p. 35-
40. Disponível em
http://web.b.ebscohost.com/ehost/pdfviewer/pdfviewer?vid=5&sid=1631d19f-21c5-4f69-
8aaafa133a41fc3a%40sessionmgr110&hid=106

Martins, S. I. G. (2009). Cuidados de Higiene: o banho no leito. (Capítulo III-1.1). In: Martins, S. I.
G. (2009). O banho no leito em contexto de internamento Hospitalar. Vivências de pessoas
idosas. Dissertação de Mestrado em Ciências de Enfermagem do Instituto de Ciências
Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto, p. 92-97. Acedido13/09/7.

Disponível em:
http://repositorioaberto.up.pt/bitstream/10216/19116/2/O%20banho%20no%20leito%20em
%20contexto%20de %20internamento%20hospitalar.pdf

Norma de procedimento técnico-científico de enfermagem (2013 revista em 2017). Ajudar a


manter o corpo limpo, com boa aparência. Escola Superior de Enfermagem de Lisboa

Pinheiro, Luis A.; Pinheiro, Ana Ehrhardt (2007). A pele da criança. A cosmética infantil será um
mito? Acta Pediátrica Portuguesa. Sociedade Portuguesa de Pediatria. 38 (5), p. 200-208.

Potter, P. & Perry, A. (2006). Higiene (cap. 26). In Potter P. & Perry, A (2006). Fundamentos de
Enfermagem. Conceitos e Procedimentos, 5ª edição. Loures: Lusociência, p. 671-720

Timby, Barbara Kuhn (2013) Fundamental Nursing Skills and concepts.10th ed. Lippincott,
Williamson and Wilkins; p.345-373

209
3.6.3 Ajudar a proteger os tegumentos: cuidado de enfermagem à pessoa na
manutenção e recuperação da integridade cutânea

3.6.3.1 A interrupção da integridade cutânea: tipos de feridas. Classificação das


úlceras por pressão e avaliação da evolução do processo de cicatrização

3.6.3.2 Tipos de apósitos utilizados na promoção da cicatrização da ferida ~

3.6.3.3 O cuidado à pessoa com ferida – úlcera por pressão

3.6.3.4 O cuidado na fixação de penso: princípios gerais e procedimento de


aplicação de algumas ligaduras de contenção

A úlcera de pressão é uma alteração da pele que surge por um fator externo que em qualquer
local do corpo da pessoa se encontra a provocar a lesão. Para além deste fator extrínseco há
outros fatores: cisalhamento, humidade, fricção, idade, nutrição…

Diminuição da tolerância tecidular devido a fatores extrínsecos (aumenta a humidade, a fricção,


cisalhamento, aumento pressão) e intrínsecos (diminui a nutrição, aumento da idade, diminui a
pressão arteríola, entre outros…)

Leva ao desenvolvimento de ulceras por pressão, vejamos o seguinte diagrama explicativo:

 mobilidade

 atividade PRESSÃO

 perceção sensorial
Desenvolvimento de úlceras por
pressão (UPP)

Fatores extrínsecos:

 Humidade

 Fricção
Tolerância tecidular diminuída
 Cisalhamento

Fatores intrínsecos:

 Idade

 Nutrição
 Pressão Arteriolar

210
• Fatores de risco extrínsecos à pessoa

o PRESSÃO: intensidade e duração

A partir do momento em que há pressão tanto no osso numa direção como numa superfície
dura noutra diminuição leva à diminuição do lúmen dos capilares podendo os capilares colapsar,
deixando de haver circulação. Este aspeto é crucial do ponto de vista da intervenção do
enfermeiro

o FRICÇÃO

Muito comum de ocorrer nos calcanhares. As macas da urgência têm uma superfície de
borracha, plastificada pouco comoda e a pessoa escorrega, tentando reposicionar-se leva a que
haja uma fricção continua. Há um excesso de pressão e ocorre o colapso do capilar, não havendo
O2 nem nutrientes leva a necrose.

o FORÇAS DE DESLIZAMENTO OU CISALHAMENTO


Força interna que ocorre quando os vasos são estivados, torcidos, rasgam-se e ocluem-
se
 A elevação da cabeceira deve de ser primeiramente acompanhada de elevação da
poplítea para que não existam estas forças, tal como na cadeira de rodas: se não
houver um ângulo de 90º, leva a que haja uma prega nas omoplatas e o resto do
corpo vai deslizar  rompimento de alguns vasos alterando a circulação naquele
mesmo local.

o CAUSAS IATROGÉNICAS (tampas, tubuladuras, O2 por óculos e máscara – na zona de encaixe


da máscara, adesivo, asas nariz…)
 A sonda nasogástrica tem de ficar bem presa ao nariz da pessoa, porque vai
deslizando, levando a ulceras de pressão.

Combinação das anteriores. Na realidade, podem existir pressão, fricção e cisalhamento e


ainda os dispositivos médicos que aumentam o risco, daí a importância de estar atenta a
estes fatores, de modo a minimizar estes aspetos.

211
• Fisiopatologia do aparecimento das UPP

O enfermeiro deve de então, controlar estes fatores, caso não dê tentar tornar reversível a
diminuição do aporte sanguíneo

Hiperemia reativa Hiperémia não


ou hiperemia reatia oiu naõ
branqueável branqueável

Vasodilatação para compensae A vasodilatação persiste como


os períodos da anóxia rersposta à anóxia

Hiperemia, a apele fica A zona lesada da pele surge


ruborizada (avermelhada) com um tom vrmelho vivo ou
A zona apresenta-se quente e escuro e quando comprimida
com dor não empalidece
Saituação reversível com alívio Ao toque a área não
da pressão empalidece

Antes de prosseguirmos para as intervenções de enfermagem é crucial determos a noção de


úlcera por pressão (UPP)

• Úlceras por pressão (UPP)


o Definição

Lesão localizada na pele ou no tecido subjacente normalmente sobre uma proeminência óssea
em resultado da pressão ou de uma combinação entre esta e forças de torção.

Surge devido a uma insuficiência venosa (etiologia dos fatores de risco associadas a esta) ou
insuficiências arteriais; pode também haver ulceras mistas. Estas pessoas são mais suscetíveis à
pressão.

“Todas as ulceras são feridas, mas nem todas as feridas são ulceras”

o Etiologia

Advém da pressão exercida sobre a pele, o que ocasiona a oclusão do fluxo sanguíneo do
paciente que permanece na mesma posição no leito. À medida que a pressão se mantem e/ou
aumenta, maior será o risco de instalação e desenvolvimento das UPP

A tolerância do tecido à pressão é algo muito próprio do cliente. Há doentes que estão acamados
há anos em decúbito dorsal e nunca desenvolveram ulceras por pressão, ao passo que há
pessoas que estão em macas há 2horas e já se encontram a desenvolver uma UPP.

212
• Intervenção de Enfermagem à pessoa na prevenção das UPP

A- AVALIAÇÃO DO RISCO DE DESENVOLVIMENTO UPP

Primeiramente deve-se de recorrer à Escala de Braden

o Zonas de maior risco de UPP:


▪ Dorsal – Occipital, omoplata, cotovelo, sacrococcígea, calcâneo
▪ Lateral – Pavilhões auriculares, ombro, região ilíaca, troncantes, côndilos, maléolos
▪ Sentada – Calcâneos, região isquiátia, região sagrada, omoplata, região occipital

Por isso quando selecionamos as almofadas temos que ter atenção em quais são os locais
onde as vamos colocar.

Cadeira de rodas: região poplítea, região isquiática, sacrococcígea; se o calcanhar ficar mal
apoiado também pode levar a uma UPP.

Contudo, as cadeiras têm pontos positivos no ponto de vista da ergonomia.

B- CUIDADOS PREVENTUVOS COM A PELE

o Levante
o Mudanças de decúbito da pessoa no leito
o Manter pele limpa e seca, pois há um maior risco de maceração da pele
o Utilizar ph equilibrado para limpeza da pele  NÃO ph neutro!! Mas sim manter o Ph da
pele (5.5 – ideal porque é o intermedio para toda a gente, pois o ph da pele é de 4.5 a 6.5)
o Não massajar vigorosamente a pele que esteja com risco de UPP, porque ao fazer fricção
há uma maior pressão e um aumento do risco de quebrar os capilares e espalhar metabólicos
tóxicos da própria destruição capilar para os tecidos secundários
o Desenvolver e implementar um plano individualizado de tratamento da incontinência
Muitas das vezes quando temo uma pessoa com incontinência estas necessitam de
fraldas, contudo estas devem de ser boas, no sentido em que absorvem a água. Deste
modo, é importante escolher uma fralda com características absorventes (ex.:
capacidade de absorção diferente, absorção na vertical – o períneo fica sempre seco;
ter em conta a absorção ao longo do dia: quando é que perde mais ou menos urina,
durante o dia ou à noite e consoante essa característica escolher a fralda; em casa
muitas das vezes o idoso encontra-se em casa com outro idoso e por isso há dificuldade
em mudar as fraldas. De notar que também já existem pensos para homens.
o Utilizar produtos de barreira
o Considerar a utilização de emolientes em pele seca

213
C- TERAPIAS EMERGENTES PARA A PREVENÇÃO DE UPP

o Controlo microclimático – considerar o uso de superfícies de apoio com capacidade de


controlar a humidade e temperatura, não aplicar dispositivos de aquecimento sobre
superfícies cutâneas ou UPP
o Uso de pensos de proteção – considerar a aplicação de pensos de espuma de
poliuretano nas proeminências ósseas – requer uma ponderação risco – benefícios,
sobretudo devido aos custos inerentes.
o Considerar a utilização de tecidos do tipo de seda em vez de tecidos de algodão ou de
mistura de algodão. Contudo, o tecido de algodão impede o deslize.

• Intervenção de Enfermagem à pessoa na prevenção e tratamento das UPP

A- LEVANTE E MUDANÇAS DE DECÚBITO DA PESSOA NO LEITO

B- NUTRIÇÃO ADEQUADA

C- SUPERFÍCIES DE APOIO PARA REDISTRIBUIÇÃO DA PRESSÃO

o Superfícies de apoio para redistribuição da pressão


▪ São dispositivos especializados de redistribuição da pressão concebidos para gerir
as cargas teciduais, o microclima e/ou outras funções terapêuticas (ou seja, colhões,
sistema integrado na cama, substituição de colchões, colchões de sobreposição,
almofadas de assento ou sobreposições de almofadas de assento”) (NPUAP, 2007)
▪ Os dispositivos devem ser escolhidos de forma individual dependendo de:
 Nível de imobilidade e inatividade
 Necessidade de controlo de microclima e redução do
cisalhamento
 Altura e peso da pessoa
 Risco de desenvolvimento de novas UPP
 Nº, gravidade e localização das UPP existentes
 Condições económicas da pessoa e contexto
ambiental (ex.: características da cama no domicilio)
▪ Seguir as recomendações do fabricante na manutenção e utilização dos dispositivos.
Ex.: utilização de lixivia para limpar o colchão que elimina o microclima existente.

o Tipos de dispositivos
▪ Colchões anti-escaras
 Colchões de silicone
 Colchões de pressão alternada – têm que ter mais 11cm de diâmetro os faros
(imagem ao lado)

 Colchões de espuma
NOTA: o fecho da capa do colchão tem de ficar para baixo, porque se cair água
do banho ou urina passa para baixo e não se torna um reservatório.

▪ Almofadas anti escaras

214
▪ Outros dispositivos de redução de
pressão
 Calcanheira
 Cotoveleira
 Almofadas próprias para cadeirão e
cadeira de rodas

MAS ATENÇÃO

Não eliminam por completo a pressão sobre a superfície corporal

Não substituem e Não minimizam os cuidados de enfermagem na prevenção de UPP

• Intervenção de Enfermagem no tratamento da pessoa com UPP

A- AVALIAR A PESSOA COM UPP

o Valores e objetivos dos cuidados da pessoa e/ou significativos


o Impacto da ferida na qualidade de vida (instrumento de avaliação da ferida) – esquema de
Cardiff de impacto da ferida na vida diária
o Conhecimentos e crenças sobre a prevenção e tratamento de UPP
o Historia clinica: idade, doenças cronicas, diabetes, doença oncológica, IC, DHC, doenças
imunológicas, medicação habitual, alores analíticos
o Exame físico - fatores que afetam a cicatrização (perfusão tecidular, edemas, hipóxia,
incontinência, estado da pele…)
o Saúde psicológica da pessoa, comportamental e cognitiva
o Capacidade funcional
o Avaliação nutricional
o Dor associada a UPP
o Risco de desenvolver outras UPP
o Recursos sociais e económicos
o Eliminar fatores de risco modificáveis (uso de equipamento especializado)
o Capacidade de aderir a um plano de prevenção e de tratamento de UPP
o Avaliação da UPP

PONDERAR CUSTOS/ BENEFÍCIOS DO TRATAMENTO PARA A PESSOA

B- PREPARAÇÃO DA PESSOA PARA O TRATAMENTO DA UPP

o Consentimento informado
o Administrar analgésicos em SOS
o Proporcionar privacidade:
▪ Puxar as cortinas
▪ Descobrir apenas a área para ter acesso ao local do penso

215
o Posicionar as pessoas confortavelmente
o Se possível, fazer o penso após os cuidados de higiene
o Informar a pessoa e/ou significativas sobre o processo de cicatrização, como identificar
sinais de cicatrização ou deterioração da ferida, os sinais/sintomas que devem ser
comunicados aos profissionais de saúde
o Identificar sinais de cicatrização ou deterioração da ferida, os sinais/ sintomas que
devem ser comunicados aos profissionais de saúde

C – AVALIAR A UPP

o Localização
o Categoria/ grau
 Classificação das UPP – NPUAP/ EPUAP/ PPPIA (2014)
▪ Categoria/ Grau I – eritema não branqueável em pele intacta (início da UPP)
▪ Categoria/ Grau II – perda da integridade cutânea (epiderme e/ou derme),
ferida superficial rasa com leito vermelho-rosa e sem tecido desvitalizado –
flictena, úlcera brilhante ou seca
▪ Categoria/ Grau III – perda total da espessura da pele (tecido subcutâneo
visível mas sem exposição do osso, tendões e músculos). Pode ter tecido
desvitalizado mas não oculta a profundidade dos tecidos lesados. Podem ser
cavitadas ou fistulizadas.
▪ Categoria/ Grau IV – perda total da espessura dos tecidos (músculos e ossos
visíveis). Pode ter tecido desvitalizado (húmido) ou necrose (Seca).
Frequentemente cavitadas ou fistulizadas.
▪ Não graduáveis/ inclassificáveis – perda total da espessura dos tecidos, na
qual a base da UPP está coberta de tecido desvitalizado ou necrótico  não
se consegue determinar a verdadeira profundidade.
▪ Suspeita de lesão nos tecidos profundos: profundidade indeterminada – área
vermelho escura ou pupura em pele intacta e descolorada ou flitena
preenchida com sangue. Área pode estar rodeiada por tecido doloroso, firme,
mole, húmido, mais quente ou mais frio.

o Dimensão – profundidade, largura e comprimento (área), perímetro


o Ausência/ presença de exsudado – seroso, fibrinoso, hemático, purulento
o Tipo de tecido da ferida – epitelização, granulação, fibrinoso, desvitalizado e
necrosado
o Cor
o Condição da pele perilesional
o Bordos da ferida
o Cavitações, tunalizações
o Ausência/ presença de dor
o Ausência/ presença de MO patogénicos
o Odor
o Presença de complicações (hemorragia)  atenção as pessoas que se encontram aa
tomar anticoagulantes

Avaliação da ferida: MEASURE (Dealey, 2006)

M (measure) – comprimento, largura, profundidade e área


E (exsudate) – quantidade e tipo de exsudado

216
A (appearence) – aspeto da ferida, tipos de tecidos, cor inflamação
S (suffering) – tipo e intensidade da dor
U (undermining) – presença ou ausência de locas ou sinus tractus
R (re-evaluate) – monitorização regular de todos os parâmetros
E (edge) – condição dos bordos da ferida e pele circundante
o Deve de ser feita uma avaliação inicial que serve de ponto de partida
o A partir daí devem fazer-se avaliações regulares:
▪ Cada vez que se muda o penso  procurar sinais que indiquem necessidade de
mudança de tratamento
▪ Reavaliação completa pelo menos semanal (espera-se sinais de cicatrização no
espaço de 2 semanas)  documentar todas as avaliações
o Devem ser usados instrumentos de avaliação do estado de cicatrização da ferida
▪ Instrumento de avaliação do estado da ulcera por pressão (PSST PT)
 Permite a leitura rápida da regeneração ou degradação da ferida
 Avaliação de 13 dimensões
 Score 13-65 (quanto mais elevado o score, pior o estado da UPP)
 Só pode ser usado em úlceras por pressão
▪ Escala de cicatrização da úlcera por pressão (PUSH TOOL PT)
 Avaliação de 3 dimensões: comprimento x largura, quantidade de
exsudado e tipo de tecido
 Score 0-17 (quanto mais elevado pior o estado da ferida
 Pode-se usar para outras feridas além das úlceras por pressão (UPP)
o Deve-se reavaliar a pessoa e o plano de tratamento da ferida assim que se observem
sinais de deterioração na ferida e/ou pessoa.

D- PREPARAR O LEITO DA FERIDA DA UPP – LIMPEZA DA UPP

o Limpar sempre que se substituir penso com SF é o soluto de limpeza ideial pelas suas
propriedades isotónicas e por não interferir no processo de cicatrização´
 Ver se é uma ferida aguda ou crónica.
o Água potável, mas desde que corra durante 15s antes de ser utilizada e, deve ter em
conta a natureza da UP e o estado geral da pessoa
o Há autores que não recomendam a água potável no contexto hospitalar pelo risco de
infeção
o As soluções de limpeza devem estar mornas – atividade mitótica abranda com a baixa
temperatura (40min para retomar a temperatura originais e 3h para a atividade
mitótica retomar na sua plenitude)
o Considerar a utilização de técnica asséptica (sobretudo se for uma ferida aguda)
quando a pessoa, a ferida ou ambiente de cicatrização da ferida estiverem
comprometidos.
 Ferida crónica – técnica assética, mas não é utilizado soro fisiológico, porque normalmente
já tem exsudado purulento e por isso o soro não é suficiente para limpar a ferida. Assim, é
recomendado o uso de águia, nomeadamente a água corrente.
o A limpeza das UPP deve ser feita por irrigação. Esfregar não é indicado
o A pressão de irrigação deverá ser a idêntica à pressão de uma seringa de 20ml
adaptada a cateter de 18G (entre 5-8 psi)
o Não usar antissépticos em UP abertas, Só usar, com precaução, em caso de infeção e
que não mostre sinais positivos de cicatrização.

217
o Biguanida (PHMB) com Betaína, promove a gestão de odores, redução do nível de
exsudado, bem como a redução da dimensão da UPP  FERIDA ABERTA NÃO LEVA
BETADINE nem uso de corante, APENAS soro fisiológico!!
Agua oxigenada NÃO: porque tem mais uma molécula de O2 e promove a colonização
dos micróbios anaeróbicos. Em feridas muito extensas pode provocar uma embolia.
o Privilegiar o uso de luvas e compressas de tecido-não-tecido em oposição às pinças ou
compressas de gaze. Pois estas, podem deixar resíduos no leito da ferida atrasando a
cicatrização, além disso as pinças não são de fácil manejo para os profissionais e não
impedem a contaminação das UPP.

o T (tecido) IME  D (desbridamento) IM + E


• Tissue - tratamento do tecido/ controlo do tecido não viável (algumas recomendações
o Remoção do tecido necrótico e desvitalizado (desbridamento)
▪ Existem diversas técnicas de desbridamento (autolítico, enzimático, larvas,
mecânico, cortante/conservador, combinação das anteriores,
cirúrgico/cortante
▪ O tecido necrosado seco não precisa de ser desbridado se não houver
edema, eritema, flutuação ou drenagem → remoção com pensos que criam
um ambiente húmido que favorecem a autólise (hidrogéis e hidrocolóides)

Características da UPP e objetivo do tratamento Métodos de desbridamento


Quando não há necessidade urgente de remoção Mecânicos, autolíticos,
de tecido desvitalizado enzimáticos, biológicos
Necrose extensa, celulite avançada, crepitação, Cirúrgico/cortante
flutuação e/ou sépsis de uma infeção R/C UPP
Pessoas com UPP de categoria/ grau III ou IV com Encaminhar para avaliação
cavitações, tunelizações/ tratos sinusais e/ou cirúrgica
tecidos necróticos extensos que não podem ser
facilmente removidos por outros métodos de
desbridamento

• Infection - controlo da inflamação e da infeção


o Diminuição a carga bacteriana (limpeza da ferida)

Sinais/ sintomas

indicadores de fortes suspeitas de infeção local na UPP

 Ausência de sinais de cicatrização após 2 semanas


 Mau odor
 Aumento de dor na UPP
 Aumento de calor no tecido ao redor da UPP
 Aumento da drenagem da ferida
 Pior aspeto na drenagem da frida (ex.: reaparecimento de sangue, drenagem
purulenta)
 Maior quantidade de tecido no leito da UPP e/ou aparecimento de bolsa de necroses
no leito da ferida

 Eritema que se estende desde a borda da UPP


 Enduração

218
 Dor ou calor novos ou em crescendo
 Drenagem purulenta
 Aumento do tamanho da UPP
 Crepitação, flutuação ou descoloração da pele circundante
 Febre, mal-estar e linfonodomegalia
 Confusão/ delírio e anorexia (principalmente em idosos)

Determinar a biocarga bacteriana da UPP

o Fatores de risco para infeção da UPP

Fatores de risco para infeção da UPP


 Presença De tecido necrótico ou corpo estranho na UPP
 UPP já existe há um longo período de tempo
 UPP grandes em tamanho e profundas
 UPP suscetível de ser repetidamente contaminada (ex.: perto do ânus)
 Condição de saúde da pessoa: diabetes, imunossupressão

Tratamento da UPP com infeção


 Otimizar a resposta do hospedeiro: tratar os défices nutricionais, estabilizar a
glicémia, melhorar o fluxo sanguíneo arterial, reduzir terapia imunossupressora, se
possível.
 Evitar a contaminação da UPP
 Reduzir o biofilme (desbridamento e antissépticos tópicos)
 Reduzir a carga bacteriana (considerar a utilização de antissépticos tópicos não-
tóxicos adequados, compostos de iodo, compostos de prata, polihexanida e betaína,
clorexidina, hipoclorito de sódio, ácido acético
 Limitar a utilização de antibióticos tópicos (custo-benefício)
 Utilizar antibióticos sistémicos em situações de infeção sistémica

• Moisture - equilíbrio da humidade (o exsudado em grande quantidade causa maceração


da pele circundante)

o Controlo de exsudado

• Edge - avanço epitelial/margens pele circundante macerada, com calosidades –


aplicação de vaselina, cavilon…
o Pele circundante macerada?
o Pele circundante com calosidades?

219
EM SÍNTESE

3- TRATAMENTO DAS
UPP
1- PREVENÇÃO DAS UPP 2- PREVENÇÃO E
•A- Avaliar a pessoa com UPP
•A- avaliação do risco de TRATAMENTO DAS UPP •B- Preparação da pessoa
desenvolvimento UPP •A- Levante e mudanças de para o tratamento
•B- Cuidados preventivos com decúbito da pessoa no leito (esclarecimento e
a pele •B- Nutrição adequada consentimento informado)
•C- Terapias emergentes para •C- Uso de superfícies de •C- Avaliar a UPP
a prevenção de UPP apoio •D- Preparar o leito da UPP
•E - Seleção do tratamento
(materiais de penso)

E – SELEÇÃO DO TRATAMENTO
SORO FISIOLOGICO – FERIDA AGUDA + O PRODUTO A APLICAR DE ACORDO COM O TIME

• Um penso ideal é um penso que:

Nota:
Remover exsudado - se não houver exsudado, o objetivo é colocar humidade para permitir o
processo de cicatrização.
Nomeadamente a entrada de bactérias pra o leito da ferida. É importante ter em conta o
conceito de ferida aguda (porque estas têm bactérias, nem que sejam circudantes) e de ferida
cronica

220
ALGODÃO NÃO SE UTILIZA!!!  porque para além de não se encontrar esterilizado, deixa ficar
vários filamentos no meio da ferida e ao ser removido pode causar dor, para alem de causar
contaminação no leito da ferida. O algodão irá ficar agarrado ao coagulo que entretanto se
formou, em caso de estar: usar algodão com soro morno
FATORES A CONSIDERAR NA SELEÇÃO DO MATERIAL DE PENSO:

• Análise da UPP:
o Necessidade de tratar a carga bacteriana (caso haja infeção ou inflamação, para que
esta não progredida e culmine numa sptisemia)
o Natureza e volume do exsudado da ferida (seropurulentas – preocupação,m porque há
uma infeção ativa)
o Estado do tecido no leito da ferida (tecido necrosado – perioridade a ser removido; se
for tecido de epitelização a prioridade é garantir um meio húmido qb de modo a
promover a regeneraçãoda peçe> ferida totalmente cicattizada)
o Condição da pele perilesional
o Tamanho, profundidade e localização da ferida
o Presença de tunelizações e/ou cavitações
o Penso com capacidade de manter o leito da ferida húmido.
o Proteção da pele perilesional ( a apele perilesional tem de estar capaz de realizar
mitose para fechar a ferida da periferia para o centro)
o Objetivos dos cuidados (consoante o tipo de feridas, o objetivo do cuidado será
cicatrizar ou controlar o exsudado ou odor que a ferida deita. Na verdade, nem sempre
o nosso objetivo é cicatrizar a ferida, por vezes é somente garantir alguma qualidade
de vida à pessoa)
o Avaliação da pessoa na globalidade da sua saúde física e psicossocial.
o Custo do tratamento (relação custo - eficácia – durabilidade e capacidade de atuar face
à exsudação da ferida).
o Grau requerido de intervenção de enfermagem (Nem todos os pensos necessitam de
cuidados de enfermagem, contudo existem pensos que têm que ser garantidos que
mais ninguém mexe – ex.: diabético com uma pequena ferida, pode levar à amputação,
logo é crucial uma intervenção de enfermagem atenta)
o Disponibilidade dos pensos.
o Questões sociais, psicológicas, ambientais (pessoas em tratamento na comunidade ou
no hospital)

• Vantagens do material de penso atual:


o O processo de cicatrização é mais rápido.
o Capacidade de eliminação do odor, diminuição da dor e absorção de exsudado.
o Protege e esconde a ferida.
o Não causa trauma à pessoa.
o Requere menos mudanças.
o Mantém as condições de humidade na ferida - os pensos de Filme e os Pensos
Hidrocolóides estão entre os 1º a serem capazes de manter um ambiente húmido de
cicatrização de feridas
Nota: O Meio húmido – favorece a migração celular necessária para a reparação dos tecidos

• Tipos de apósito
o Apósito
o Em bisnaga
o Em pó

221
o Em gel
o Em spray
o Para feridas cavitárias

• Tipos de pensos
o Pensos Primários Pensos que entram em contato com o leito da ferida.
o Pensos Secundários Pensos que cobrem os pensos primários ou fixam o penso primário
ao local. (ajudam a fixar os pensos primários) – os apósitos não precisam de penso
secundário, contudo há pensos que não ficam colados em cima do leito da ferida e por
isso ser essencial um penso secundário,
Nota: Há vários pensos que atuam como penso primário e secundário.

• Tipos de apósitos para UPP


o Pensos de Película Transparente (filmes) – pode manter até 7 dias (depende das
indicações do fabricante e da avaliação da ferida)

222
o Polímeros acrílicos

o Hidrocolóides (pode manter de 6 a 9 dias – depende das indicações do fabricante e da


avaliação da ferida)

223
o Hidrogel (pode manter 3 dias - depende das indicações do fabricante e da avaliação da
ferida)

o Alginato (pode manter até o penso saturar - depende das indicações do fabricante e da
avaliação da ferida)

224
o Espuma (Hidropolímeros e Hidrocelulares) (pode manter até 7 dias - depende das
indicações do fabricante e da avaliação da ferida)

o Pensos impregnados de prata (pode manter até 7 dias - depende das indicações do
fabricante e da avaliação da ferida)

225
o Penso impregnados de mel (pode manter até 2 dias - depende das indicações do
fabricante e da avaliação da ferida)

o Pensos impregnados de iodo (pode manter até 3 dias (gaze impregnada) e 7 o


cadexómero de iodo) (pode manter até 4 dias - depende das indicações do fabricante e
da avaliação da ferida)

226
o Hidrofibras (pode manter até 7 dias - depende das indicações do fabricante e da
avaliação da ferida)

o Carvão ativado (pode manter até 7 dias - depende das indicações


do fabricante e da avaliação da ferida)

o Colagenase (diário)

227
o Colagénio (diário – seguir as indicações do fabricante e da avaliação da ferida)

o Poliacrilato (pode manter até 7 dias - depende das indicações do fabricante e da


avaliação da ferida)
(associado a Polihexametileno Biguanidas)
(pode manter até 3 dias - depende das indicações do fabricante e da avaliação da ferida)

228
o Ácidos gordos esterificados (pode manter até 3 dias - depende das indicações do
fabricante e da avaliação da ferida)

o Ácido hialurónico (pode manter até 3 dias - depende das indicações do fabricante e da
avaliação da ferida)

229
o Polihexametileno biguanidas (associado a poliacrilato) (pode manter até 3 dias -
depende das indicações do fabricante e da avaliação da ferida)

╞ EM SUMA

230
• Tipos de apósitos – considerações
Apósito para ferida superficial (ex: hidrocolóide…):
• A região central do penso deve ficar no leito da ferida.
• Deve ficar uma margem do apósito de cerca de 2-3 cm para fora do leito da ferida para
proteger a pele circundante.
• Não cortar o rebordo dos apósitos que os têm – sai exsudado.
• Não cortar os pensos sem rebordo porque alguns não podem ser cortados (ler
indicações do fabricante).

Apósito para feridas cavitadas (ex: alginatos, hidrofibras…):


• Estes pensos podem ser cortados.
• Deve-se preencher apenas ¾ da ferida com estes apósitos – risco de remoção de tecidos
viáveis.

Apósito em bisnaga (ex: hidrogel):


• Pode-se aplicar em feridas cavitadas e/ou na superfície.
• Deve-se usar 1 bisnaga por aplicação.

Apósito em pó (ex: colagénio…):


• Pode-se aplicar em feridas cavitadas e/ou superficiais.
• É aplicado localmente e deve ser coberto por penso.
• É absorvido pelo organismo.
• Apósito em spray (ex: cavilon,…)
• No caso do cavilon não se deve aplicar em feridas abertas. Protege a pele.

 Terapia por pressão negativa em feridas complexas e UPP – VACCUM ASSISTED CLOSURE
(V.A.C.)
• A pressão negativa atua no leito da UPP por uma esponja hidrofóbica de poliuterano
conectada por um tudo de plástico à bomba de vácuo;
• A pressão pode ser de 50 a 125 mmHg e usada de forma contínua ou intermitente;
• Coloca-se a esponja (HIDROFÓBICA que é constituída por fibras de poliuterano) no leito
da UPP de forma a cobrir toda a sua extensão e veda-se com película transparente
ficando hermeticamente fechado;
• A bomba quando ligada, produz uma pressão negativa na UPP;
• A pressão negativa promove a drenagem do excesso de fluidos do leito da UPP e do
espaço intersticial, reduzindo as bactérias e o edema, aumentando o fluxo sanguíneo
local e a formação de tecido de granulação por restauro do fluxo vascular e linfático
conduzindo a uma melhor cicatrização.

231
As esponjas podem ser de tamanhos diferentes, para conseguirem tapar o leito da ferida. As
esponjas não devem de ser cortadas, porque pode levar a que filamentos se depoistem no leito
da ferida. Depois coloca-se um plástico para que quando se liga a máquina se preencha com
vácuo.

• A V.A.C. ( a esponja) deve ser mudada a cada 48 ou 72 h ( e deve de ser feita apreciação/
caracterização da ferida); reduz o tempo de recuperação e permite melhorar as
condições locais da ferida.
• Usada em várias feridas, com perda de partes moles, em exposição ósseas, com grande
exsudado ou ainda para fixação de enxertos e retalhos.
Pode ser usada em feridas com exsudado, porque a esponja é hidrofóbica.
• Não se deve aplicar sobre tecido necrótico, osteomielite sem tratamento com AB,
cavidades abdominais ou fístulas, neoplasias ou aplicar diretamente sobre veias ou
artérias. Porque o objetivo é promover a granulação e para isso primeiro tem de ser
removido o tecido necrosado.
Em fistulas pode levar a uma peritonite.
Ter atenção aos AC ou AG para ponderar se se aplica ou não, devido ao risco de
hemorragia
• Usar cautelosamente quando há sangramento ativo da ferida, em casos de coagulopatia
ou em hemóstase difícil.

• Complicações da terapia por pressão negativa (V.A.C.)

Sindrome de choque toxico


O sangramento especialmente
devido à presença de um
Perdas das esponjas nas em pessoas com coagulopatia
corpo estranho  o
cavidades que pode causar ou quando se verifica o
organismo pode fazer reação
granulomas ao seu redor rompimento de grandes vasos
 atenção redorbrada por
ou enxertos
parte do enfermeiro

232
• Elaboração dos registos de enfermagem
Realização do procedimento;
Motivo da realização do penso;
Características do penso retirado (presença, cheiro, cor, quantidade e consistência do
exsudado);
Características da ferida (localização, forma, dimensões, bordos e tecido da região
circundante, tipo de tecidos da ferida e presença e características do exsudado);
Presença de dor e intervenções;
Presença de complicações e intervenções;
Solutos e/ou terapêutica tópica e apósitos
Colaboração e reação do cliente;
Intercorrências observadas;
Estado final/percepção pelo cliente.

Exercicio 1

A Srª Dª Maria tem 83 anos e está internada há 1 semana. Tem uma úlcera por pressão (UPP)
na região sacrococcígea. Faça a avaliação da UPP e identifique qual o seu tratamento. Faça o
respetivo registo.

 O principal objetivo é fazer o desbridamento primeiramente. Autolítico (provoca a


desidratação da placa de necrose, separando-a do tecido viável; é bom nas placas de
necrose que se encontram secas, contudo, em tecido necrosado húmido, a quantidade
de moléculas de água é muito superior e tem moléculas proteicas, logo aplicasse
enzimas porque permite a degradação do colagénio) mecânico, cirúrgico… se é mole
nunca se usa o mecânico, porque é traumático e provoca dor, logo é pouco
aconselhável. O cirúrgico também não parece ser a opção mais adequada, dado que não
se consegue perceber qual a profundidade da ulcera por pressão, nem qual o risco
hemorrágico, bem como o risco de provocar dor à pessoa ou ainda de provocar lesão
no tecido vivo que se encontra por baixo.
 Com uma lamina com bisturi com muito cuidado, tinha-se bloqueado a placa de necrose,
criar uma brechas para ajudar à aplicação do produto – ajuda no próprio processo de
desbridamento.
 Os bordos encontram-se relacionados com o processo da ferida.
 Se houvesse infeção para além de promover o desbridamento colocava-se algo para
controlar a infeção. Como não há infeção, apenas se toma decisões em relação ao
desbridamento.
 Há probabilidade de passar a infeção para o leito da ferida.
 Olhar para o controlo da humidade e o avanço das margens.

233
 O penso por cima tem de ser compatível com o que se colocou inicialmente e de seguida
tem-se que ver qual é que ajuda no processo de cicatrização.
 Pensos hidrocoloides são os mais indicados porque são capazes de manter o ambiente
húmido de cicatrização de feridas. Espuma não tem ação terapêutica.
 Pele circundante – ligeiramente macerada
 Necrose húmida
 Poliarquilado – não é indicado para a ferida em questão, porque esta tem necrose
húmida e este utiliza-se para necrose seca.
 Utilizar: colagenase + hidrocoloide

Exercício 2

O Srº José tem 90 anos, foi internado hoje e tem um penso na região trocanteriana direita.
Faça a avaliação da UPP e identifique qual o seu tratamento. Faça o respetivo registo.

 Apenas saiu epiderme


 Penso de película transparente, caso não fosse uma zona de fricção.
 Hidrocoloide
 Quer o hidrocoloide quer o biofilme têm a mesma indicação; não há sinais
inflamatórios pode-se optar por ambos. Mas, este é um trocânter, o senhor tem 90
anos, tem uma UPP, provavelmente está acamado – imobilização no leito, forças de
cisalhamento (zona mais suscetível ao atrito), logo o hidrocoloide é mais resistente a
tais pressões
 T – UPP categoria II
 I - tecido de granulação e tecido de epitelização nos bordos; sem sinais de
inflamação
 M – exsudado húmido, não há pele circundante
 E – avanço epitelial
 M – 3X 5 (O comprimento é sempre feito no sentido Céfalo caudal, é sempre a
primeira medida)
 Em relação aos bordos o leito da ferida está +/- ao mesmo nível
 Tecido de granulação e epitelização nos bordos
 Dor 5, 6, se tivesse tecido necrosado doía menos devido ao facto de as
terminações nervosas não sentirem tanto
 Humidade qb
 Não locas, nem sinus trato

234
Assistir a pessoa na prevenção e tratamento de UPP

1. Higiene das mãos


Deverá de ser efetuada sempre de forma rigorosa e com água e sabão dermoprotetor.
No domicílio utilizamos SABA, quando não há condições para a correta higienização
das mãos.

2. Preparação da pessoa assistida, explicar-lhe o que irá ser feito


Nesta explicação deverá de ser explicado o porquê de se tirarem fotografias à ferida –
consentimento para o registo fotográfico.

3. Higiene das mãos

4. Preparação do material necessário


• Tabuleiro (se necessário)
• Campo esterilizado;
• Pinça de Kocker esterilizada; (faz um V)
• Pinça de dissecção esterilizada; (parece uma tesoura para segurar a compressas
• Luvas esterilizadas, caso não se utilize pinças;
• Compressas esterilizadas;
 Pensar se vamos usar uma técnica limpa ou no toutche ou técnica cirurgia/ assetica
(utilizar o material e garantir que não contamino aquele material)
 Não contaminar as compressas – ver norma da PL 1
• Seringa esterilizada de 20 ml;
18G para controlar a saída de soro saída, quando se faz
• Cateter esterilizado de 18 G;
pressão no embolo da seringa
• Agulha EV/Diluição esterilizada;
• Transfere esterilizado;
• Aparadeira ou cuvete reniforme esterilizada;
• Taça esterilizada;
• Balão de soro fisiológico (100 ml) a 0,9% esterilizado ou outro soluto para limpeza, de
acordo com a prescrição;
• Apósitos de acordo com as características da lesão;
• Produto dermoprotetor, se adequado.
• Luvas limpas para remoção do penso;
• Luvas limpas para irrigação (se penso realizado com pinças a limpeza;
• Resguardo impermeável;
• Tesoura;
• Avental;
• Compressas limpas;
• Álcool a 70º; - para desinfetar o campo
• Adesivo hipoalergénico;
• Ligaduras adequadas, se necessário;
• Contentor de cortantes/perfurantes;
• Contentor de roupa suja com tampa e com pedal, se necessário.

[Contentores de resíduos de acordo com o grau de contaminação (biológico e


equiparado a urbano]

235
IMPORTANTE: lavagem da roupa contaminada com sangue, exsudado deverá de ser
feita isoladamente, para não contaminar a restante roupa, devido à multiplicação dos
MO.

5. Utilizar o biombo
6. Levar o material
7. Ver se a bancada esta em condições, caso contrario realizar a sua desinfeção
8. SABA
9. Ver se há uma zona de repasse na zona da ferida
10. Colocar luvas limpas, mesmo que seja um penso cirúrgico, mas fazê-lo de forma que a
mão nunca vá ao leito da ferida.
Os adesivos são retirados no sentido do crescimento do pelo. Os pelos são importantes
para o controlo de algumas infeções do sistema imunitário. Para alem de que ao
contrario do sentido do crescimento do pelo podemos causar um traumatismo cutâneo.
11. Retirar
12. Voltar a olhar para o que pode estar na compressa. Ex.: queda do alcatrão pode ter no
penso ainda bocados de alcatrão ou então fragmentos que não se visualiza inicialmente
aquando da realização do penso
13. Colocar o penso no lixo
14. Observar a ferida
15. SABA
16. Preparar o material (parte absorvente para cima)
Pacote da compressa virado para tras; taça atras
Deixar a extremidade das pinças fora do campo (2,5-3cm) e 1/3 desta dentro do campo.
– pode ser inicialmente ou após de utilizar, pois já não posso coloca dentro do campo.

O cateter sem mandril não provoca danos na pessoa, caso esta se mexa, para além de
ser esterilizado.

236
 Linhas orientadoras
• Limpar com SF sempre que se substituir penso à SF é o soluto de limpeza ideal pelas
suas propriedades isotónicas e por não interferir no processo de cicatrização.
• Limpar com Água Potável, mas desde que corra durante 15 segundos antes de ser
utilizada, e deve ter em conta a natureza das UP e o estado geral da pessoa (há centros
de saúde que têm capacidade para tal, colocando o membro da pessoa por baixo da
pressão do chuveiro. Mas ter em atenção: a pressão pode levar a uma hemorragia. Esta
pressão é importante para a remoção de exsudado, finalmentos… Em situações contra
indicadas utiliza-se a seringa.
• Há autores que não recomendam a Água Potável no contexto hospitalar pelo risco de
infeção acrescido, mesmo que seja uma ferida crónica. Contudo, no centro de saúde
pode-se utilizar água potável, se por exemplo tiver uma pessoa com uma ferida crónica,
mas antes de colocar deixar correr durante 15s.
• As soluções de limpeza devem estar mornas à atividade mitótica abranda com a baixa
de temperatura (40 min para retomar a temperatura original e 3 h para a atividade
mitótica retomar na sua plenitude).
• Considerar a utilização de técnica asséptica quando a pessoa, a ferida ou o ambiente de
cicatrização da ferida estiverem comprometidos.
• A limpeza das UPP deve ser feita por irrigação. Esfregar não é indicado.  mais importan
te do que se coloca na ferida é a técnica utilizada para tal.
Outra justificação para a não utilização de betadine é não colorir a ferida.
• A pressão de irrigação deverá ser a idêntica à pressão de uma seringa de 20 ml adaptada
a um cateter de 18 G.

• Não usar antissépticos em UPP abertas. Só usar, com precaução, em caso de infeção e
que não mostre sinais positivos de cicatrização.

• No caso da UPP ter biofilmes, desbridar ou usar solução de Polihexametileno Biguanida


(PHMB) com Betaína, promove também a gestão dos odores, redução do nível de
exsudado, bem como a redução da dimensão da UPP.
Depósitos com carvão ajudam a controlar o exsudado e o odor do mesmo.

• Privilegiar o uso de luvas e compressas de tecido-não-tecido em oposição às pinças ou


compressas de gaze. Pois estas, podem deixar resíduos no leito da ferida atrasando a
cicatrização, além disso as pinças não são de fácil manejo para os profissionais e não
impedem a contaminação da UPP.

17. Depois de decidir o que aplicar na ferida, aplicar o tratamento selecionado de acordo
com as caraterísticas da ferida e tendo em conta o acrónimo TIME

Tissue – tratamento do tecido

Infeção – controle da infeção e da inflamação

Moisture – equilíbrio da humidade

Edge – avanço epitelial/margens

237
18. Lavar as mãos
19. Registos:
- Realização do procedimento;
- Motivo da realização do penso;
-Características do penso retirado (presença, cheiro, cor, quantidade e consistência do
exsudado);
- Características da ferida (localização, forma, dimensões, bordos e tecido da região
circundante, tipo de tecidos da ferida e presença e características do exsudado);
- Presença de dor e intervenções;
- Presença de complicações e intervenções; - Solutos e/ou terapêutica tópica e apósitos
- Colaboração e reação do cliente; - Intercorrências observadas; - Estado final/perceção
pelo cliente

238
Ligaduras

 Definição de ligaduras
• Ligadura é uma tira de material que se usa para envolver determinados segmentos do
corpo
• Intervenção de enfermagem que consiste em segurar ou em proteger através de
ligaduras… determinados segmentos do corpo

 Finalidades:
✓ Fixar pensos ou talas no segmento/ local desejado
✓ Fazer pressão/ compressão
✓ Facilitar a circulação de retorno nos membros inferiores
Devido aos edemas existentes ou então em situações de alguém que vai ser submetido a
cirurgias de grande tempo, logo é essencial fazer-se para prevenir fenómenos
tromboembolicos pós cirurgia
✓ Dar suporte a membros e articulações
✓ Imobilizar um ou mais segmentos do corpo

 Tipos de ligaduras de acordo com os objetivos

Contensão

•Manter um penso
•Fixar uma aplicação terapêutica
•Fixar uma imobilização

Compressão

•Promover a hemostase
•Favorecer a reabsorção
•Suster penso compressivo

Proteção e oclusão

•Proteção de uma ferida

Imobilização

•Fraturas e entorses
•Luxação
•Correção de deformidades

Extensão

•Prover a extensão ou suspensão

• Material usado nas ligaduras


o Ligaduras de gaze
✓ Absorventes
✓ Porosas
✓ Permitem a circulação do ar
✓ Usam-se para segurar pensos principalmente volumosos
✓ Dão pouco suporte

239
✓ Só podem ser usadas uma vez, pois desfiam-se com muita facilidade, pelo que
não é habitual a sua reutilização  zonas que causam vincos/ pressão

o Ligaduras elásticas
✓ Feitas essencialmente de algodão e látex
✓ Utiliza-se para conseguir uma pressão firme, uma pressão firme, moldando-se bem
às superfícies a ligar.
✓ Previne o edema das extremidades, facilitando o retorno venoso.

o Ligaduras elásticas com adesivo


✓ Ligaduras adaptáveis e aderentes sendo um dos lados da ligadura de adesivo.
✓ Utilizam-se para aplicar uma pressão firme e uniforme, nomeadamente quando há
hemorragia e é necessário fazer compressão, para promover hemostase.
✓ Ótimas para entorses da tibiotársica, porque contem o extravasamento do liquido,
ajudando no controlo do edema
✓ Quanto maior é a contenção, maior atenção requer
✓ As ligaduras elásticas aplicadas de forma muito apertada podem causar
compromissos circulatórios e/ou neurológicos, sendo necessário uma avaliação
frequente.

o Ligaduras tubulares em forma de tubo. Ex.: rede


elástica e malha de algodão canelada
✓ Ligadura adaptável
✓ Utiliza-se para manter pensos em áreas difíceis
como as axilas e articulações
✓ A rede elástica facilita a mudança e aplica-se
muitas das vezes em pessoas que perderam pele por frequentes remoções de
adesivo e/ou alergia ao mesmo
✓ Pode também ser usada para manter cateteres venosos
✓ É muita usada em pessoas com feridas crónicas.

É mais fácil de aplicar e pode ser fácil de retirar em casa

o Ligadura tubular : de malha de algodão canelada


✓ Tem a forma tubular sendo extensível e destinada a cobrir
partes do corpo cilíndricas
✓ É muitas vezes utilizada sob os gessos para proteger a pele
dos membros, para segurar pensos e pode também ser usada
como capacete.
✓ Existem várias espessuras e o seu tamanho é determinado de
forma idêntica às ligaduras de rede.

• Princípios gerais na aplicação das ligaduras:


 Relativamente ao cliente
✓ Manter o cliente em posição confortável quando se faz a ligadura
✓ Manter a área a ligar exatamente na posição que se pretende à quando não é
necessário imobilizar uma articulação deve-se mantê-la na posição funcional.

240
✓ Ter a área a ligar limpa e seca.  porque se a pele estiver transpirada a maceração será
muito maior
✓ Proteger com algodão (para evitar que o próprio drene faça pressão levando a uma
UPP) as proeminências ósseas, os ângulos e as concavidades.
✓ Não iniciar ou terminar uma ligadura diretamente sobre uma ferida (ou
queimadura), ou uma área onde o doente provavelmente exercerá pressão.
✓ Nunca ligar duas superfícies de pele em contato uma com a outra, sem as isolar
previamente com algodão (por exemplo: entre os dedos, axilas, sob os seios e
região inguinal). - não colocar em contacto pele a pele
✓ Nas ligaduras dos membros deixar descoberta uma parte das extremidades (por
ex.: os dedos das mãos ou dos pés). Exceção: diabético com isquemia nos dedos
dos pés, mas em geral deixa-se descobertos para observar complicações neuro
circulatórias.
✓ Enquanto se faz a ligadura e após terminar observar e perguntar sempre ao cliente
como se sente. No caso de este não poder colaborar (ex: doentes inconscientes e
crianças) à observação constante das extremidades para despiste de compromisso
circulatório.
✓ Observar as áreas circunvizinhas da área ligada para despiste de sinais e sintomas
de compromisso circulatório (edema, palidez e cianos)m, compromisso
neurológico; dor, parestesias, diminuição da sensibilidade… que podem indicar
que a ligadura está demasiado apertada.
✓ Remover a ligadura pelo menos uma vez por dia – lavar e secar as superfícies da
pele subjacente e verificar se existem áreas de pressão ou lesões

 Relativamente à ligadura
✓ A ligadura deve de ser adequada à região a ligar (a ligadura deve de ter 2/3 do
diâmetro do membro a ligar)
✓ Começa a aplicar a ligadura, segurando o rolo com uma das mãos e a extremidade
inicial com a outra. Aplicar a ligadura com rolo para fora (em relação à pessoa)
✓ Ao iniciar uma ligadura fazer duas voltas circulares sobre a ponta inicial, para
assegurar a sua fixação
✓ Deve-se também terminar com duas voltas circulares.
✓ Aplicar a ligadura, exercendo uma pressão uniforme e moderada.
✓ Não se deve desenrolar mais ligadura do que a necessária
✓ A direção da ligadura deve seguir a da circulação venosa e deve-se aplicar a partir
da parte mais distal em relação ao tronco
✓ Evitar o excesso de ligadura a fum de prevenir calor excessivo nas partes cobertas
✓ Mantenha as ligaduras esticadas, limpas, firmes e funcionais por razões estéticas e
assépticas  remova e aplique de novo as ligaduras que não satisfaçam esses
critérios.

 Cuidados após a aplicação de ligaduras


• Vigiar alterações circulatórias
o Coloração das extremidades, especialmente palidez ou cianose;
o Presença de edema;
o Temperatura das extremidades (a pele fria revela diminuição da circulação);
o Caraterísticas dos pulsos periféricos;

241
o Capacidades de movimento do membro ou dedos.

• Vigiar alterações neurológicas


o Parestesias (alterações da sensibilidade, queixas de formigueiro, sensação de
“latejar” ou de adormecimento).
o Dor: As ligaduras demasiado apertadas são desconfortáveis, perigosas e podem
causar dano permanente.  Sempre que a pessoa refira algum sinal/sintoma de
compromisso circulatório e/ou neurológico à substituir a ligadura de modo a evitar a
morte dos tecidos.

 Tipo de Volta a utilizar ao executar a ligadura

O Tipo de Volta utilizada na ligadura depende essencialmente do segmento do corpo a


envolver e do material que a ligadura é feita.

Os tipos de volta podem ser:

• CIRCULAR
o Volta mais simples e mais usada.
o Utiliza-se sempre para iniciar e terminar a ligadura ->
fixar o início de uma ligadura ou o seu termo.
o Usa-se numa porção pequena
o Utiliza-se para ligar porções do corpo circulares como
um braço.
o Utiliza-se quando se deseja cobrir completamente
voltas anteriores.

• ESPIGA
o Este tipo de volta é uma variante da volta em oito.
o Todas as voltas se sobrepõem num ângulo agudo e sobem
e descem alternadamente.
o Do ponto de vista da circulação estas não são boas e em
pessoas com edema a pressão que se faz aumenta o risco
de ter vincos na pele causada pela própria pressão.

Para retirar: desfazer passamos a ligadura de mão em mão

• ESPIRAL
o Tipo de volta que apenas se sobrepõe
parcialmente à anterior (por ex. metade a três
quartos da largura da ligadura). Usa-se mais
frequentemente em porções cilíndricas.

• VOLTA RECORRENTE

Este tipo de volta utiliza-se em áreas arredondadas,


como um coto após a amputação, a cabeça ou, por
vezes, os dedos.

242
Nota: Todas as ligaduras começam-se com circulares

• Leque do cotovelo
O Leque do Cotovelo utiliza-se sobretudo para manter
um penso no cotovelo, mantendo o movimento do
mesmo. É usada a volta em oito

Fossa antecubital é o eixo central – é uma ligadura funcional para que a


pessoa consiga fazer flexão sem sair do sítio.

Utiliza-se sobretudo para manter um penso no cotovelo, mantendo o movimento


do mesmo. É usada a volta em oito.

• Leque do joelho
Utiliza-se sobretudo para manter um penso no joelho.
Material: Ligadura com 5 m x 7 cm

Leques – ótimas para proteger pensos

• Tipos de ligaduras mais usadas para proteção/


contenção
o Espiga do antebraço
• Esta ligadura destina-se à contenção tanto de
pensos do antebraço assim como de talas, no caso
de fraturas.
• Material: 2 ou 3 ligaduras com 6 m x 6-7 cm.

o Espiga da perna
• Esta ligadura destina-se à contenção de pensos
da perna
• Material: 2 ou 3 ligaduras com 5 m x 7 cm.

 Registos de enfermagem
• Após a aplicação de uma ligadura (ou quando em
vigilância dos efeitos de uma ligadura aplicada anteriormente) deve fazer-se os registos:
o Preparação da pessoa;
o Material usado;
o Qual o motivo da aplicação da ligadura;
o Quando é que a ligadura foi aplicada, removida e reaplicada;
o Situação da pele e cuidados à pele efetuados;
o Avaliação neurocirculatória e mobilidade da porção distal à ligadura /
Intercorrências
o Orientação/ensino dada ao próprio /família
o Colaboração, reação da pessoa e autoavaliação do conforto.

243
CONSOLIDAÇÃO DE CONHECIMENTOS

Resultados de aprendizagem

 Descrever fatores de risco da integridade cutânea;


 Descrever intervenções de enfermagem promotoras da integridade cutânea;
 Descrever a importância da intervenção de enfermagem na pessoa com UPP;
 Descrever os aspetos gerais da abordagem à pessoa com UPP, incluindo avaliação inicial,
objetivos da intervenção e intervenções de enfermagem
 Definir úlcera por pressão;
 Descrever os elementos fundamentais para o desenvolvimento de uma úlcera por pressão;
 Descrever os mecanismos fisiopatológicos que conduzem ao desenvolvimento de úlceras
por pressão;
 Avaliar a pessoa com úlcera por pressão;
 Identificar os apósitos adequados de acordo com as características da úlcera por pressão e
a pessoa;
 Realizar penso a pessoa com úlcera por pressão seguindo os princípios;
 Identificar os tipos de ligaduras de acordo com os objetivos de tratamento;
 Explicar os princípios na aplicação de ligaduras;
 Descrever os cuidados após a aplicação de ligaduras;
 Aplicar ligaduras seguindo os princípios;

Teste formativo

1. Quais os fatores de risco mais relevantes no que toca à manutenção da integridade


cutânea?
2. Quais são os mais importantes fatores de risco de desenvolvimento de úlcera por pressão?
3. O que significa o acrónimo MEASURE?
4. O que significa o acrónimo TIME e o DIM+E?
5. Descreva os cuidados a ter na preparação do leito da ferida.
6. Quais são as características do penso ideal segundo Turner?
7. Descreva as etapas de tratamento de uma ferida.
8. O que significa o valor 16 na escala de Braden?
9. Quais os princípios na aplicação de ligaduras?
10. Quais os cuidados a ter após a aplicação de ligaduras?

Trabalho autónomo

Falanga, V.(sd) Preparação do leito da ferida: ciência aplicada à prática. Acedido a 10/11/2016
em: http://www.gaif.net/sites/default/files/Doc%20EWMA.pdf

NPUAP/EPUAP/PPPIA (2014). Prevenção e tratamento de úlceras por pressão: guia de consulta


rápida. Acedido a 7/11/2016 em:
http://www.sociedadeferidas.pt/documentos/Prevencao_e_Tratamento_de_Ulceras_Por_Pre
ssaoGuia_de_Referencia_Rapido.pdf

Santos, V., et al (2014) DIM+E: uma visão mais abrangente da preparação do leito da ferida.
Journal of Aging & Inovation, 3 (1): 3-14. Acedido a 10/11/ 2016 em:
http://journalofagingandinnovation.org/volume-3-edicao-1- 2014/dime-uma-visao-mais-
abrangente-do-leito-da-ferida/

244
3.7 Ajudar a Comer e beber adequadamente

3.7.1 Conceitos associados, padrão e dimensões da NHF ao logo do ciclo de vida,


capacidades e problemas relevantes

3.7.2 Alimentos, nutrientes e tipos de dieta

Consultar ANEXO 1

3.7.3 Alimentação saudável e necessidades alimentares e hídricas do recém-nascido


ao idoso

3.7.4 Ajudar a comer e beber: O cuidado de enfermagem na amamentação, na


alimentação por biberão e na introdução de alimentos

“As mais recentes investigações científicas apontam para o facto de os comportamentos


tomados desde a altura da gravidez e durante os primeiros anos de vida do bebé serem decisivos
para o bebé se tornar num adulto saudável.” (Nestle, 2017)

 Necessidades nutricionais e energéticas da preconceção ao período pós natal e da criança


até aos 6 meses.

Ainda é pouco frequente existirem consultas pre concecionais. “Ser mãe ou pai é um projeto
para toda a vida”.

• O planeamento da gravidez é importante dado que ser mãe ou pai é um projeto para
toda a vida
• Uma alimentação equilibrada é imprescindível para que a gravidez e o parto e o pós
parto decorram da melhor forma
• Uma nutrição saudável antes da conceção é a melhor forma para assegurar que
nutrientes adequados estão disponíveis para o desenvolvimento embrionário e fetal
• O primeiro trimestre da gravidez é crucial para o desenvolvimento dos órgãos do
embrião/ feto (para a organogénese e por isso todosd os nutrientes já devem de estar
presentes aquando da conceção)
• Sabe-se que o ácido fólico (Vitamina B. 9) é de extrema importância no período pré
concecional e durante a gravidez.  uma mulher quando pensa que pode vir a
engravidar deve de começar logo o ácido fólico, dado que este interfere na formação do
sistema nervoso do bebé, logo no primeiro trimestre.
- 70% de ocorrências de deficiências no tubo neural, não ocorrem após a mulher tomar
o ácido fólico.
 Como é que se adquire ácido fólico?

245
o Fontes de Folato
▪ Carnes - figado de: galinha, peru, ganso, borrego, vaca, vitela
▪ Legumes - Brócolos, feijão, couve, espinafres (também na casca da batata)
▪ Frutos - abacate, laranja/sumo de laranja, Massa ou arroz cozidos
NOTA: devemos de comer os alimentos que são produzidos a um raio de distancia curto
do local onde vivemos, porque os que são distantes são apanhados ainda verdes e
podem possuir produtos que nos causam danos.
• Durante a fase da pré conceção é importante que
a grávida ingira alimentos frescos e fáceis de
digerir, isto é, os alimentos da época.
• É desejável optar por alimentos com baixo índice
de glicemia  O QUE É O INDICE GLICEMICO?
 Índice glicêmico é um indicador que nos aponta com
que velocidade um alimento que tem carboidrato
aumenta a glicose no sangue. A ingestão de alimentos
com IG alto faz com que as pessoas que não têm
diagnóstico de diabetes secretem insulina
rapidamente e em grande quantidade para não
aumentar a glicemia.
• Faça refeições fracionadas (8-10/dia), com intervalo noturno não superior a 7/8 h
(informação válida para todas as pessoas)
• Evite alimentos flatulentos (alimentos que provocam gases), fritos e/ou muito
condimentados  tem que ver com a resposta individual de cada um, sendo que cada
pessoa tem as suas bactérias no intestino

 Cuidados com a preparação de alimentos durante a gravidez


• Prevenção de Toxoplasmose nas Grávidas Sem Imunidade
o Evitar comer saladas fora de casa
o Lavar bem e em água corrente os legumes (na perpendicular com água
corrente)
o Não manipular carne crua sem luvas (pode ter feridas que sejam porta de
entrada para microrganismos)
o Não ingerir carne malpassada, fiambre ou presunto
o Amukina (parecido com a lixivia)
o Cuidado com gatos

 Informações à Grávida/Casal
• Nutrição e Aumento ponderal
o Idealmente todas as mulheres deveriam alcançar o peso ideal antes da conceção.
 porque pode ter influência no peso do bebé; a gravidez é uma fase de desequilíbrio que
pode agravar desequilíbrios já existentes
o O risco materno-fetal está aumentado quando a mãe é excessivamente obesa ou
magra.
Calorias: 1800 (+ 300)
Proteínas: 0,9 g/kg + 15g = 60 g/dia
Ferro: 30 mg/dia (60-120 mg se gestação múltipla) – adequado aos resultados analíticos
Ácido Fólico: 0,1 a 0,4 mg

246
• Aumento de peso - IMC

É importante saber o índice de massa corporal antes da gravidez:

o Peso inferior ao normal < 18,5


o Normal 18,5-24,9
o Peso excessivo – 25-29,9
o Obesidade > 30

o IMC aumenta cerca de 17 – 20%


o Primeiras 20 semanas – 34 Kg (1º trimestre sem aumento)
o Após as 20 semanas – 1,5 – 2Kg por mês

247
• Balanço do ganho total de peso

Nota: Reservas maternas de gordura – geralmente acumuladas nas coxas

 Alimentação do lactante
• De onde provem a energia para produzir o leite materno?
o 200 Calorias
o 500 Caloria
 Necessita de mais 700 calorias/ dia – é importante que a mulher que amamenta o saiba

• Necessidades nutricionais e energéticas do recém nascido/ lactente


o Leite Humano – Adaptado ao bebé
✓ É um alimento vivo, completo e natural
✓ Está adaptado à evolução do bebé (ex: diferente para o bebé prematuro)
✓ Contem micronutrientes – minerais, vitaminas; macronutrientes – hidratos de
carbono, proteínas…
✓ Contem fatores de crescimento
✓ É um pré-requisito para adaptação à alimentação complementar
Nota: O bebé prepara a sua alimentação logo no início da gravidez – se for exposto a uma alimentação
saudável durante a gravidez, o bebé estará preparado para receber um leite como tal.

o Resolução da Assembleia Mundial de Saúde


Aconselha a Estados Membros a “Apoiar a amamentação exclusiva por seis meses
como uma recomendação mundial de saúde pública…” e a proporcionar alimentos
complementares seguros e apropriados e a manter o aleitamento materno até aos
dois anos ou mais”

0 meses 24 meses

6 meses

Aleitamento materno exclusivo Aleitamento materno + Diversificação Alimentar

248
Quando a alimentação do bebé não é de leite materno exclusivo, a diversificação alimentar é introduzida
aos 4 meses.

 Anatomia da Mama
• Tecido Glandular
A quantidade de tecido é igual em todas as mulheres, a quantidade de
gordura é que difere.
o O tecido glandular é o local de produção do leite
o O leite é sintetizado pelas células epiteliais secretoras
(lactocitos), que revestem os alvéolos

 Fisiologia da Lactação
Três fases a considerar no ciclo da lactação:

Mastogénese
•compreende o desenvolvimento da mama durante o período da gravidez.
Nesta etapa há um aumento evidente da glândula mamária apesar de só a
partir do segundo trimestre de gravidez estar completamente desenvolvida e
preparada para produzir leite.

Lactogénese
•é o processo inicial da produção do leite para nutrir o recém-nascido. Começa desde a
última fase da gravidez até logo após o parto com a secreção do colostro, resultante da
estimulação dos lactocitos pela hormona lactogenia plancetaria (HLP) e pela prolactina.
Depois do parto, o sistema nervoso materno produz duas importantes hormonas –
prolactina e ocitocina – ativadas pela estimulação dos mamilos, sobretudo pela sucção.

Galactopoiese
•esta fase caracteriza-se pela manutenção da produção de leite, que ocorre
principalmente a partir do 3º dia após o nascimento. Apesar de estar presente uma
pequena concentração de prolactina, o grande interveniente desta fase é o estímulo
de sucção que é dado à mama quando o lactente suga. Normalmente a mãe já se
encontra em casa; é a fase do desafio maior, logo há um maior risco de ingurgitamento
mamário

 A ocitocina e a prolactina são produzidas na presença do bebé


 Deve-se de colocar uma peça de roupa com o cheiro da mãe ao pé do bebé e uma peça de roupa
do bebé junto à mãe
 O aleitamento deve se ser quando o bebé quiser, se estiver junto do corpo da mãe; se o bebé
estiver afastado da mãe não pede mama, logo começa a consumir as suas reservas de gordura
castanha

• Prolactina
o Entra na circulação DEPOIS da mamada para produzir leite para a mamada
SEGUINTE

249
Impulsos sensoriais Prolactina em
Sucção do bebé
sobre o mamulo circulação

o A prolactina é segregada em maior quantidade à noite


o A mãe fica mais relaxada
o Suprime a ovulação

• Latopoiese – Reflexo da ocitocina – grande responsável pelo fluxo de leite


o A ocitocina é armazenada na hipófise posterior e depois libertada quando há um
ambiente favorecer (sem stress) e:
o Atua nas células mioepiteliais, levando à contração e consequente ejeção do leite
o Também designado reflexo de ejeção de leite

Impulsos sensoriais Oxitocina em


Sucção do bebé
sobre o mamulo circulação

 Também estimulado pela secreção do bebé e provoca contração uterina

✓ Estimulam o reflexo de ocitocina: pensar ternamente no bebé, tocar, olhar ou ouvir o bebé
e Sentir-se segura de si mesma

 Bloqueiam o reflexo de ocitocina: Preocupações, stress, dor, insegurança

 Por isso o papel do enfermeiro é capacitar a mulher, reforçar a sua auto confiança
através de expressões como: toda a mulher tem leite suficiente, todas as mulheres
conseguem amamentar

Propriedades do colostro Benefícios para o bebé


Rico em anticorpos Protege contra as infeções e alergias
Muitos leucócitos Protege contra infeções (macrófagos – meio
assético e vida extrauterina
Laxantes Elimina o mecónio, ajuda a prevenir icterícia
Fatores de crescimento Ajuda a maturidade intestinal, previne
alergias e intolerância
Rico em vitaminas A Reduz a severidade de algumas infeções
(reduz a gravidade de (sarampo e diarreia) e previne doenças dos
infeções) olhos relacionados com a vitamina A

• O bebé elimina o mecónio porque tem efeito laxante.


• Capacidade do estômago do bebe: O estomago do bebé no
1º 2º 3º
primeiro dia não dilata, as paredes do estômago do bebe dia dia dia
5-7ml 22-30ml 40-60ml

250
mantem-se firmes, o leite em excesso é frequentemente expelido. A quantidade de
colostro é justamente o volume próprio para as primeiras refeições do bebé.z

Se o bebé for hiperalimentado, leva a que o tamanho do estômago aumente.  “A capacidade


gástrica do bebé é limitada. Ela varia”

• Vantagens do leite materno


o Imuno-alergológicas
> Dermatite atópica
> Asma brônquica
> Alergia às proteínas do leite de vaca – atente na
seguinte explicação:
 O leite materno apresenta três vezes mais ácido
araquidónico (AA) e ácido docasahexanóico
(DHA) que o leite de vaca
- AA: ómega 6
- DHA: ómega 3

Melhoram o desenvolvimento cognitivo


Acuidade visual
Melhoram o nível de crescimento

o Nutricionais
> Relação caseína albumina mais adequada o que facilita a digestão (20%
caseína e 80% lactoalbumina)
> Proteínas do Leite de vaca (LV):
 Caseína (formação de grandes micelas – difícil digestão)
 Beta – lactoglobulina (intolerância ás proteínas LV)
> Proteínas do Leite Humano (LH):
 Menor quantidade de proteínas em comparação com outros leites. Em
100 ml LH: 0,9 a 1 g LV: 3,5g
 Lactoferrina – atividade imunológica
 Alfa-lactoalbumina - uma das principais fontes de aminoácidos
 Lisozima adjuvante do sistema imunitário
 IgA secretora

o Psicológicas
> Ligação afetiva mãe/bebe
 A mãe e o bebé têm um estreito contacto físico e emocional
 A mãe sente apego emocional
 O bebé chora menos
 A mãe é mais afetuosa
 Bebés amamentados têm menos probabilidade de serem maltratados ou
abandonados
> Desenvolvimentos – existem estudos que sugerem que as competências
intelectuais das crianças amamentadas são mais elevadas

251
o Económicas
> Não implica a aquisição de biberões nem a sua manipulação
> Menor custo para a família com a alimentação da criança (cada lata 17
euros/semana)
> Menor custo no tratamento de cáries dentárias e da má oclusão dos dentes
> Pelo facto da criança ser mais saudável, verifica-se uma diminuição dos custo
pela menor incidência de alergias, doenças infeciosas, certos tipos de cancros,
diabetes, esclerose múltipla, doença de Crohn, entre outras
> Menor absentismo ao trabalho por parte dos pais Menos infeções
hospitalares, menos custos na aquisição de fórmulas lácteas, o aumento de
resíduos sólidos e o seu tratamento, o aumento do recurso aos serviços de
urgência dos internamentos associados

o Ecológicas
> O leite materno é um produto bio ecológico, natural, renovável, não utiliza
equipamentos nem recipientes que em muitos casos não podem ser
reciclados nem são biodegradáveis, não existe gastos energéticos nem
consome recursos para a sua produção, não origina desperdícios, libertação
de toxinas ou gases poluentes

o Orofaciais
> A pega correta favorece o normal crescimento e desenvolvimento das
estruturas maxilo-mandibular, promovendo a adequada oclusão dentária
(melhor alinhamento da dentição, diminuindo a necessidade futura do uso de
aparelhos ortodônticos) e as funções vitais intermediadas pelo sistema
estomatognático (respiração, sucção, deglutição e mastigação)
> Promove o desenvolvimento dos músculos que ajudarão na fala. Durante a
amamentação, aprende-se a respirar corretamente pelo nariz, evitando
amigdalites, pneumonias, entre outras doenças
> A amamentação prepara a criança para a mastigação, quando esta é incorreta
pode levar também a problemas de obesidade e gástricos
> Boa pega: local de transição do palato duo para o palato mole.
> Apontar o mamilo para a ponta do nariz e se o bebé não o fizer dizer “não
bebé, vamos tentar novamente”

252
 Iniciativa hospitais amigos dos bebés (IHAB) - O enfermeiro e o Cumprimento das 10
Medidas

Práticas de estabelecimentos de saúde: Hospital - números/Comunidade (apenas 7) – pontos

1. Ter uma política de promoção da AM escrita, afixada e transmitir regularmente a toda a


equipa de cuidados de saúde. Na comunidade é extamente igual.

2. Dar formação a toda a equipa de cuidados de saúde para que implemente esta política. Na
comunidade é exatamente igual.

3. Informar todas as grávidas sobre as vantagens e a prática do aleitamento materno. E,


também, a família.

4. Ajudar as mães a iniciarem o aleitamento materno na primeira hora após o nascimento. Na


comunidade: ajudar as mães a estabelecerem e manterem amamentação exclusiva até aos 6
meses.

5. Mostrar às mães como amamentar e manter a lactação, mesmo que tenham de ser separadas
dos filhos temporariamente. Na comunidade: Encorajar o aleitamento materno após os 6 meses
e até os 2 anos ou mais, conjuntamente com a introdução de alimentação complementar
adequada, apropriada e segura.

Para isto deve-se de:

✓ Facilitar permanência pais na UCIN Favorecer e incentivar Canguru care (contacto pele
a pele)
✓ Informar sobre estimulação da lactação
✓ Incentivar a recolha de leite
✓ Após alta: explicar transporte e congelação

6. Não dar ao RN nenhum alimento ou liquido além do leite materno a não ser que exista
justificação. Na comunidade/ centro de saúde: providenciar ambiente acolhedor, que favoreça
a prática do AM – cantinho da amamentação.

7. Praticar o alojamento conjunto: mãe e RN juntos 24 horas por dia. Na comunidade:


Promover a colaboração entre a equipa de saúde, grupos de apoio ao AM e a comunidade local
– dinamizar os grupos de apoio => visitas e apoio docimiciliáro

8. Dar de mamar sempre que o RN queira (horário livre), quando o bebé dá sinais para tal.

9. Não dar chupetas ou tetinas às crianças amamentadas, porque isso faz com que a criança
perca a capacidade de se adaptar e fazer uma boa pega à mama da mãe.

10. Incentivar a criação de grupos de apoio ao AM, encaminhando as mães para estes, após a
alta do hospital ou maternidade

NOTA: regresso ao trabalho: redução horário, pausas para amamentar, local para retirar o leite
e o conservar (temperatura ambiente < ou igual a 25º dura 6horas; no frigorifico deve de ser
conservado a 4º, durante 24h, na prateleira de cima; pode durar 3 meses (-19ºC) 6 meses (-
20ºC).

Há linhas de apoio: SOS grávida, SOS amamentação e mama mater. Contudo, são instituições
voluntárias.

253
3.7.4 Ajudar a comer e beber: O cuidado de enfermagem na amamentação, na
alimentação por biberão e na introdução de alimentos

 Alimentação complementar
Todos os alimentos sólidos e líquidos para além do aleitamento materno ou fórmula
infantil.
• Aspetos Biológicos e de Desenvolvimento Associados à Diversificação Alimentar

Maturação
fisiológica e
neurológica
Nutricionais • Ex.: o estimulo da cor
dos aliemntos
estimulam a sua
maturação

Influência precoce Fatores


das preferências educacionais e
alimentares sociais

• Quando começar a diversificação alimentar?


o A OMS recomenda a alimentação com leite materno exclusivo nos primeiros
seis meses de vida, seguida da diversificação alimentar em simultâneo com o
aleitamento materno, pelo menos, durante os dois primeiros anos de vida.
Toda a oferta de novos alimentos deve de ser feita até aos primeiros dois anos
de vida.
o Há um consenso de que a diversificação alimentar não deve ser introduzida
antes das 17 semanas (4 Meses + 1 semana) ou depois das 26 semanas (6 Meses
+ 2 semanas).

• Ordem de Introdução de Novos Alimentos


o Não existe uma base científica de recomendação no sentido de se respeitar
uma determinada ordem sequencial de introdução de novos alimentos.
o A cronologia da introdução dos diferentes alimentos não pode ser rígida.
o A cronologia deve de ter em consideração uma série de fatores de ordem social
e cultural (ex: costumes de cada região, questões socioeconómicas,
temperamento da criança, agregado familiar) e particularidades do lactente
(ex: características maturativas, atopia, alergias alimentares, patologia
específica).
Nota: primeira sopa – abobora, cenoura e batata

• Aspetos Práticos no Processo da Diversificação Alimentar


o Um alimento novo só deve ser introduzido quando a criança estiver de
perfeita saúde.

254
o Respeitar um intervalo de 3 a 7 dias entre a introdução de um novo alimento
e o seguinte, ou 2 semanas se existir história familiar de alergias.
o Privilegiar o uso da colher, evitando-se o biberão, pois a criança tem de
perceber que existe um intervalo/ movimento da colher e ao mesmo tempo
tem espaço para saborear os alimentos. Até mesmo a água no intervalo das
refeições deve ser dada à colher ou no copo.
o A introdução de novos alimentos deve ser feita lenta e gradualmente com
aumento progressivo da quantidade e da consistência.
Não se deve forçar o lactente à ingestão da totalidade do volume da
refeição oferecida, deixando que este controle a sua saciedade.
o Devem ser utilizadas diferentes texturas, temperaturas e gostos
o A sequência da consistência:
▪ Homogénea
▪ granulosa
▪ fragmentos de alimentos
o Não se deve adicionar sal nem açúcar à alimentação do lactente.
o O horário das refeições deve ser respeitado, não forçar
o Se a criança rejeitar um alimento não se deve lutar e insistir demasiado mas
sim repetir (oferecer o alimento) durante 8 a 9 dias
o Alimentação saudável para toda a família
o Privilegiar cozidos e estufados

• Alimentos a serem introduzidos


 Papa de Cereais - lácteas ou não lácteas
o Com glúten ou sem glúten (não introdução de papas antes dos 4 meses nem após
os 7 meses)
o A papa é o primeiro alimento a ser introduzido na alimentação complementar,
normalmente porque o lactente não fica satisfeito com o leite materno ou porque a
criança não está a ganhar peso suficiente.
o Fornecem:
▪ Hidratos de carbono (polissacarídeos amiláceos e não amiláceos)
▪ Proteína de origem vegetal (trigo)
▪ Ácidos gordos essenciais (trigo, milho)
▪ Minerais (fósforo – aveia, milho e cevada, magnésio e cálcio: trigo)
▪ Vitaminas (B1 e B6: arroz)
▪ Elevado valor energético: cerca de 400 kcal/100g
▪ Teor proteico: 12 a 18 g/100g

 Sopa de Legumes
o Podem ser introduzidas entre o 5º e 6º mês
o Estimula precocemente o treino de paladares
para sabores não doces
o A sua consistência deve ser grossa e macia,
passando gradualmente a grumosa
o Deve ser iniciada com 3 legumes: cenoura,
abóbora, batata introduzindo-se outros vegetais,
progressivamente, um de cada vez (cebola, alho,

255
alho francês, alface, curgete, brócolo, couve branca).
o A partir dos 12 meses: introduzir espinafre, nabo, nabiça, beterraba e aipo que
contêm elavdo teori de nitrtato e fitato, interferem na digestabilidade.
o Os produtos hortícolas e os tubérculos têm baixo valor energético (40-80 cal/100g).
- riscos em micronutrientes: vitaminas e minerais
o Azeite uma colher de chá no final, em cri, (5-7.5 ml) a cada dose de puré ou caldo
de legumes

 Frutos
o Nunca deve constituir uma refeição
o Rico em vitaminas, minerais, fibras e antioxidantes
o A maça e a pera (cozidas ou assadas com casca e caroço ou
em vapor) e a banana são habitualmente os primeiros frutos
a serem utilizados
o Durante o primeiro ano devem ser evitados os frutos
potencialmente alergénicos ou libertadores de histamina
(morango, amora, kiwi, maracujá)
o Devem de ser utilizadas as frutas frescas, da época, maduras
e cruas, descascando-as no momento do seu consumo
o Não adicionado açúcar ou mel na sua preparação
o Devem ser oferecidos individualmente e não sob a forma de
puré de vários frutos
o Devem ser consumidos inteiros e não sob a forma de sumo
o Deve oferecer-se em cada dia frutos de cor variada

 Carne e Peixe
o A carne deve ser introduzida aos 7 meses de idade;
o o peixe depois do 9º mês
o São importantes fornecedores de proteínas (20% de proteína de alto valor biológico por
100g de alimento, e outros nutrientes – a carne branca e vermelha é uma fonte
importante de zinco e ferro
o O peixe é rico em aminoácidos e em ácidos gordos polisaturados de cadeia longa da
série n-3 (salmão, arenque, atum, sardinha, cavala …) em iodo (peixe do mar), mas
também em ferro
o Dar preferência às carnes de aves (frango, peru e avestruz) ou de coelho e peixes magros
com a pescada, linguado, solha ou faneca.
o A sua introdução deve ocorrer no caldo/puré de legumes, com porções de 10 g e
aumentando gradualmente até atingir a dose de cerca de 25-30 g de carne ou peixe,
isentos de peles e gordura visíveis, por dia
o Oferecer toda numa refeição ou metade desta dose nas suas refeições principais
o Oferecer 4x por semana carne e 3 x peixe por semana
o Introduzir a partir dos 8/9 meses:a rroz branco ou massa, cozidos sempre com, legumes
aumentado progressivamente textura

256
 Ovo
o Rico em proteínas , lipioso e ferro
o Introduzir-se a gema a partir do 9º mês, de uma forma progressiva e lenta (1/2
gema/refeição/semana durante 2-3 semanas seguidas de 1 gema/refeição/semana por
2-3 semana)
o Não deve exceder a 2-3 gemas por semana
o Deverá ser consumida apenas 1 gema de cada vez e não deve ser excedido o número de
2-3 gemas por semana
o A utilização da gema numa refeição obriga à ausência de oferta de qualquer outra fonte
de proteína animal (carne ou peixe), mesmo na fase inicial de introdução
o A clara poderá ser introduzida a partir dos 11 meses, devendo ser protelada a sua
introdução para os 24 meses caso haja história individual de atopia

 Leguminosas Secas
o Introduzir cerca dos 9-11 meses de idade
o Ricas em:
> Proteínas (8-16g/100g) e em hidratos de carbono complexos (30-54 g/100g)
> Minerais (cobre e selénio a lentilha; magnésio e fósforo o feijão; cálcio, vitamina
B1 e fósforo e soja) e em fibra.
o Num latente a efetuar uma dieta vegetariana, a sua introdução deverá ocorrer mais
precocemente.

 Iogurte
o Introduzir aos 9 meses num lanche em alternativa ao leite ou papa
o Dose diária de 150-200 ml
o Deve ser natural, sem aromas nem quaisquer aditivos de açúcar (adocicados) ou de
natas (cremoso)
o É um alimento lácteo fresco obtido pela fermentação do leite por bactérias
(Streptococcus thermophilus e Lactobacillus bulgaricus) e contém leveduras. Contém
proteínas de alto valor biológico, vitaminas e minerais de entre os quais o cálcio
o É um alimento bem tolerado regularizador e protetor da flora intestinal.
o Tem um importante papel pré e pró-biótico.
> Probióticos são microrganismos vivos que administrados em quantidades
adequadas, conferem benefícios à saúde de quem os ingere
> Pré-bióticos são componentes alimentares não digeríveis que estimulam
seletivamente a proliferação ou atividades de populações de bactérias desejáveis
no cólon.

 Água – introduzir aquando da alimentação diversificada


o Principal regulador térmico, imprescindível à adequada realização de todas as
funções vitais, é o principal constituinte do corpo humano
o Deverá ser oferecida água, várias vezes ao dia
o Está formalmente contraindicado o uso de outras bebidas (chá ou sumo)

 Leite de Vaca em Natureza


o O leite de vaca em natureza é profundamente desequilibrado, com um baixo teor
em ferro e um conteúdo elevado em ácidos gordos saturados

257
o Utilizar “leites de crescimento” para além dos 12 meses e até aos 24 a 36 meses de
vida
o O leite da vaca tem um baixo teor em ferro e um conteúdo elevado de ácidos gordos
saturados
o À medida que o volume de alimentação complementar aumenta, o volume de leite
diminui

 Comida Comercial (em boião)


o Podem ser utilizados com recurso ocasional
o A dieta deve basear-se em alimentos frescos confecionados em casa
o Não substituir uma refeição por um boião de fruta

• Dietas Especiais – Vegetarianas e Macrobióticas


o A ESPGHAN considera inadequada uma dieta vegan.
- As crianças que efetuem uma dieta vegetariana devem receber uma quantidade diária de
cerca de 500 ml de leite (materno ou formula infantil) ou de lacticínios e, ainda, uma oferta
pelo menos semanal de produtos animais (peixe)
- Tais recomendações são suportadas pela constatação da ocorrência de desnutrição
energético-proteica ou acompanhada de carências de vitamina D, B12 e B2, bem como em
cálcio, com compromisso estatoponderal, da composição corporal e do desenvolvimento
cognitivo, associada a dietas macrobióticas em idade pediátrica

• Frequência e quantidade de alimentos

• Promoção de um Ambiente Saudável, Seguro e de Afetos Durante a Alimentação


o Ajudar os pais:
> Estimular o contacto físico durante o aleitamento materno ou artificial
> Identificar os sinais de fome e saciedade da criança
> Reconhecer as capacidades de desenvolvimento da criança e as competências
alimentares
> Equilibrar as necessidades de assistência à criança com o encorajamento e
autonomia da alimentação
> Possibilitar que a criança inicie e guie as interações relacionadas com a
alimentar

258
❖ Nutrição da Criança 1 – 4 Anos
• Preocupações Nutricionais Frequentes
o A prevalência da obesidade tem aumentado nestas idades
o As crianças que são obesas nestas idades têm maior probabilidade de se manterem
obesas na idade adulta
o As deficiências de ferro e consequente anemia são comuns nas crianças,
principalmente nas famílias com carência económica

• Intervenções de Enfermagem - Supervisão Nutricional


o Avaliação dos comportamentos alimentares, da dieta, dos recursos alimentares e da
atividade física
o Avaliação do peso, estrutura e IMC
o Avaliação da aparência da pele, cabelo, dentes, gengivas, língua e olhos
o Avaliação de fatores de risco para a anemia por insuficiência de ferro (acesso
limitado a alimentos por pobreza ou negligência, RN pré-termo ou com baixo peso
à nascença, crianças alimentadas com leite de vaca antes do 12 meses de idade,
dieta vegetariana)
o Visitas regulares ao dentista
o Avaliação do risco de cáries dentárias (ex: frequência de ingestão de alimentos e
bebidas açucaradas)
o Avaliação do tempo despendido a ver televisão ou em outras atividades
(computador, videojogos) e se durante as refeições vê televisão
o Cuidados Antecipatórios (discutir com os pais)
> Realização de escolhas alimentares saudáveis
> Recomendações:
▪ Leite (0,5l/dia) e derivados (20-30g/dia)
▪ Carne ou peixe (40-60g/dia). Ovo 1
▪ Azeite ou manteiga (20-30g/dia)
▪ Farinha, pão, arroz ou massa (100-200g/dia)
▪ Folhas verdes, cenoura, tomate batatas (150g/dia)
▪ Fruta fresca (200-300g/dia)
▪ Ingestão: Cálcio 1-3 anos: 500mg/dia. 4-8 anos: 800mg/dia
▪ 3 refeições principais e 2 a 3 snacks por dia

259
> Prevenção da aspiração de alimentos
▪ Sentar a criança enquanto come
▪ Evitar alimentar a criança no carro
▪ Evitar alimentos como amendoins, pastilhas elásticas, pipocas, batatas
fritas, rodelas de salchichas, cenouras bebes, uvas inteiras, rebuçados,
pedaços grandes de vegetais e frutas cruas, carne dura.

> Aconselhamento aos pais para expor a criança de forma continuada a uma
variedade de alimentos familiares e novos.
> Envolver as crianças na preparação dos alimentos, o que os pode ajudar a aceitar
os novos alimentos

 Nutrição da Criança 5 – 10 Anos


• Preocupações Nutricionais Frequentes
o Diminuição do consumo de leite e de outros produtos lácteos
o Aumento do consumo de bebidas adocicadas e refrigerantes
o Consumo limitado de frutas e vegetais
o Consumo de alimentos ricos em gorduras superior ao recomendado
o Aumento da pré-obesidade e obesidade
o Aumento das preocupações com a imagem corporal

• Intervenções de Enfermagem
> Supervisão nutricional
> Avaliação dos comportamentos alimentares e da dieta, dos recursos
alimentares e da atividade física
> Avaliação do peso, estatura e IMC
> Avaliação da aparência da pele, cabelo, dentes, gengivas, língua e olhos
Avaliação da Pressão Arterial
> Avaliação do risco de hiperlipidémia familiar
> Avaliação de fatores de risco para a anemia por insuficiência de ferro (dieta
vegetariana sem suplementação de ferro, ingestão insuficiente de ferro,
diagnóstico prévio de anemia por insuficiência de ferro)
> Determinação acerca de visitas regulares ao dentista
> Avaliação do risco para cáries dentárias (ex: frequência de ingestão de
alimentos e bebidas açucaradas)
> Avaliação do tempo despendido a ver televisão ou em outras atividades
(computador, videojogos) e visualização de televisão durante as refeições

> Cuidados Antecipatórios (discutir com os pais e criança)


> Período esperado de aceleração do crescimento: para as meninas 9-11 anos,
para os meninos cerca dos 12 anos
> Variação do início da puberdade nas crianças
> Mudanças físicas esperadas e preocupações específicas
> Importância de assegurar à criança que é amada e aceite como é,
independentemente do seu tamanho e forma
> Ingestão de uma alimentação saudável
> Referência de Ingestão: 4-8 anos (800 mg/d), 9-18 anos (1300 mg/d)

260
> 3 Refeições principais e 2 a 3 snacks por dia
> Tomar as refeições em família, numa atmosfera relaxada e livre de distrações
(televisão).
> Limitação de alimentos ricos em calorias e pobres em nutrientes, alimentos
ricos em gordura (batata frita) e alimentos e bebidas ricas em açúcar (doces,
bolos, sumos, refrigerantes).
> Ingerir água quando de tem sede e durante a atividade física
> Realizar 60 ou mais minutos de atividade física diária
> Utilizar equipamentos de segurança apropriado durante a atividade física.

❖ Nutrição do Adolescente 11 – 19 Anos

• Preocupações Nutricionais Frequentes


o Aumento da desnutrição e obesidade
o Diminuição do consumo de leite e produtos derivados
o Aumento do consumo de bebidas ricas em açúcares
o Insuficiente ingestão de frutas e vegetais (menos de 5 peças/dia)
o Consumo excessivo de alimentos ricos em gorduras, colesterol e sódio
o Atividade física diminuída
o Aumento de distúrbios alimentares, preocupações com a autoimagem, dietas e
métodos de perda de peso não seguros
o Prevalência de anemia por deficiência de ferro (na rapariga)
o Prevalência de hiperlipidémia
o Possível nutrição não segura em famílias com insuficiência económica

• Intervenções de Enfermagem
> Supervisão nutricional
> Avaliação dos comportamentos alimentares e da dieta, dos recursos alimentares, da
imagem corporal e da atividade física
> Avaliação do peso, estatura e do IMC
> Avaliação da aparência da pele, cabelo, dentes, gengivas, língua e olhos
> Avaliação nos adolescentes de 12 a 21 anos de fatores de risco para a anemia por
insuficiência de ferro (menstruação extensa ou outras perdas de sangue)
> Determinação acerca de visitas regulares ao dentista
> Avaliação do risco de cáries dentárias (ex: frequência de ingestão de alimentos e
bebidas açucaradas)
> Realização de escolhas de alimentos saudáveis
> Alterações físicas e preocupações
> Referências de Ingestão de Ferro:
▪ Adolescentes do sexo feminino e masculino 9-13 anos: 8 mg/dia
▪ Feminino 14-18 anos: 15 mg/dia
▪ Masculino 14-18 anos: 11 mg/dia
> Referências de Ingestão de Cálcio
▪ 9-18 Anos: 1300 mg/dia
▪ 9 e mais velhos: 1000 mg/dia

261
> Cuidados Antecipatórios (discutir com o adolescente, pais e/ou ambos)
> O corpo saudável baseado na determinante genética do tamanho e forma ao invés
do peso socialmente definido como o ideal
> Os métodos seguros para ter um peso saudável (prática de comportamentos
alimentares saudáveis, limitação de ingestão de alimentos e líquidos altamente
calóricos e pobres em nutriente, prática de exercício físico regular, redução de
atividade sedentária)
> Desencorajamento de “dietas” (ênfase na alimentação saudável)
> Imagem corporal positiva (as pessoas surgem com tamanho e formas únicas numa
diversidade de corpos saudáveis)
> Os adolescentes são amados e aceites como são, independentemente do seu
tamanho e forma
> Realização de 60 minutos ou mais de atividade física por dia
> Incorporação da atividade física nas AVD (educação física na escola e atividades com
a família e amigos)
> Procura de locais seguros para a prática de atividade física
> Ingestão de água
> Proibição da televisão no quarto do adolescente
> Limitação do tempo de ecrã (ver televisão, jogar computador ou vídeo jogos) para
não mais de 1 a 2 horas de programas de qualidade por dia
> Redução dos comportamentos sedentários (ver televisão, especialmente se o
adolescente tem excesso de peso)
> Avaliar o tempo dispendido a ver TV ou entrar atividades medias (PC, videojogos),
fazer exercício
> Perigos associados ao consumo de produtos que aumentam a performance
(suplementos de proteínas, esteroides anabólicos)
> Perigo de consumo excessivo de bebidas com cafeína (café, bebidas energéticas,
álcool, tabaco e outras drogas)

❖ Necessidades nutricionais e energéticas no adulto e no idoso


• Avaliação diagnóstica
Temos de fazer uma avaliação do individuo ao qual iremos dar informações acerca da sua
nutrição. Esta avaliação será, efetivamente, individualizada.
As necessidades dependem

A idadade leva à
perda de cálcio, de
Mastigação dentes..., por isso a
alimentação tem
que ser adaptada
História Expetatitvas
familiar da pessoa
Dieta

Valores
laboratoriais Massa
Exame físico
(ex.: muscular
creatinina)
portanto:

262
• Alimentação saudável

o É uma alimentação (3 princípios da dieta):


✓ Completa (todos os grupos)
✓ Equilibrada (cumpre as proporções dos grupos)
✓ Variada (diversificar os alimentos de cada grupo

o 10 mandamentos para uma alimentação saudável


1. Tomar sempre o pequeno almoço
2. Evitar estar mais de 3 horas e meia sem comer
3. Reduzir o seu consumo total de gordura, em especial da gordura saturada
4. Aumentar o seu consumo de hortaliças, frutas e legumes
5. Evitar ingerir açúcar e produtos açucarados
6. Consumir de preferência peixe e carnes magras
7. Diminuir o seu consumo de sal
8. Evitar os fritos e prefira métodos de culinária simples, saudáveis e saborosos, tais
como estufados, cozidos e grelhados
9. Beber água simples em abundância ao longo do dia
10. Moderar o consumo de bebidas alcoólicas

 Princípios para uma alimentação saudável – chaves para uma alimentação mais segura

• Princípios de nutrição e alimentação


o Os hidratos de carbono, as proteínas e as gorduras são os nutrientes que fornecem
energia. Esta pode expressar-se em quilocalorias, vulgarmente denominadas por
calorias
o Os valores de energia médicos aconselhados para Adultos saudáveis variam geralmente
entre 1800 e as 2500 calorias.
o Nas mulheres os valores médios variam geralmente entre 1500 e 1800 calorias.
o Nos homens estes valores podem variar entre as 2000 e as 2500 calorias.

NOTA: o funcionamento da tiroide é um aspeto que tem influência nas questões alimentares.

A absorção dos nutrientes ocorre em diferentes partes do sistema digestivo humano

Responsável Função de absorver


Estômago Alcool, água e alguns sais minerais
Intestino Cálcio, vitamina A, ferro, gordura e alguns
delgado e aminoácidos
duodeno
Intestido Vitaminas C, D, K, B1, B2, B3, B6, B12, os
delgado e jejuno açúcares, potássio, fósforo, gorduras e
aminoáciodos
Intestino Vitamina B12, sais biliares, cloro, potássio e
delgado e íleo sódio
Intestino grosso Gorduras, açucares e água
Reto Água para fazer o controlo de eliminação
das fezes (de modo a prevenir a existência
de fecalomas)

263
• Climatério
O climatério, também conhecido como peri menopausa, representa a transição da vida
reprodutiva para não reprodutiva. Dentro deste período de tempo ocorre a menopausa que
corresponde à última menstruação fisiológica da mulher.

 Recomendações nutricionais no climatério

o Alterações Bio fisiológicas


✓ A diminuição dos níveis de estrogénio afeta a textura da pele e a composição
corporal da mulher
✓ Perda de elasticidade da pele e dos vasos sanguíneos
✓ Diminuição da massa muscular
✓ Aumento da concentração de gordura corporal na região abdominal
✓ Aumentam as taxas de colesterol e triglicéridos no sangue
✓ Alteração na absorção e captação de cálcio pelos ossos

• Recomendações na Alimentação
 Ingerir diariamente 0.8 a 1g de proteínas por quilo de peso
 Avaliar regularmente a PA, glicemia, níveis de colesterol e triglicéridos
 Reduzir 200 a 400 kcal diárias (gorduras, açúcar e sódio)
- tabelas para classificação: taxa de gordura
Sexo e idade Muito baixo Saudável Excesso Obeso
♀: 20 a 39 anos < 21% 21 a 33% 33 a 39% >39%
♀: 40 a 59 anos < 23% 23 a 34% 34 a 40% >40%
♀: 60 a 79 anos < 24% 24 a 36% 36 a 42% >42%
♂: 20 a 39 anos < 8% 8 a 20% 20 a 25% >25%
♂: 40 a 59 anos < 11% 11 a 22% 22 a 28% >28%
♂: 60 a 79 anos < 13% 13 a 25% 25 a 30% >30%

 Aumentar 1000 a 1200mg consumo cálcio de cálcio/dia de fontes variadas

1 copo de leite de vaca 300 mg 96,3 mg

2 conchas de feijão cozido 50 mg 7,8 mg


(170g)

Bróculos cozidos (71g) 25 mg 21,5 mg

Couve (65g) 47 mg 27,6 mg

Espinafre (90g) 122 mg 6,2 mg

✓ Alimentos vegetais ricos no mineral cálcio


> Coentro cru (tempero): 784 mg em 100 mg
> Leite de sojo fortificado sem DNA transgénico (2 copos por dia fornecem cerca
de 500mg)

264
> Tofu ou queijo de sojo (livre de transgenia, 100mg tem 100 a 350mg,
preferencialmente, grelhado sem óleo, teperado, em patê, etc.
> Couve crua tem 131mg em 100mg, couve refogada tem 177mg
> Agrião: 1 xícara crua ou duas cozidas, tem 133mg
> Rúcula crua: 117mg em 100mg ou 160mg em 2 xícaras cruas
> Bróculos cru tem 86mg em 100g
> Figo seco
> Oleaginosas (como amêndoas e avelã)
> Sementes (como linhaça, chia, gergelim e girassol)
> Frutas: mamão, tangerina, figo e o morango. Três porções destas frutas vão
oferecer aproximadamente 150mg de cálcio num dia

• Outras recomendações
 Apanhar sol, sem protetor solar para a síntese vitamina D pela pele (20 minutos por
semana em horários de menor intensidade de calor)
 Praticar uma atividade física com impacto como a caminhada ou futebol

• Recomendações alimentares (continuação)


 Dieta rica em fibras e pobre em sal, pois preparam o intestino e facilitam a absorção do
cálcio, enquanto dieta pobre em sal ajuda a reduzir a excreção do cálcio pela urina
 A fim de melhorar a biodisponibilidade do cálcio, alimentos ricos em ferro (carnes) NÃO
devem ser ingeridos nas refeições que contenham alimentos fonte de cálcio (leite e
derivados)
 Alguns componentes da nossa alimentação podem aumentar a absorção do ferro pelo
organismo (frutose, vitamina C) ou diminuir esta absorção (fosfatos, oxalatos, presentes
em farelos de cereais e chá, cálcio presente no leite de vaca)
 Diminuir ingestão de álcool e de bebidas cafeinadas (café, chá, chá preto, coca-cola)
 Ingerir alimentos antioxidantes – são substancias capazes de agir contra danos normais
causados pelos efeitos do processo fisiológico de oxidação no tecido – vitamina E
(alface, milho, ovo) e vitamina C; o selénio (frutos do mar, carne bovina e carne de aves)
 O uso de suplementos só deve ser utilizado com acompanhamento médico e/ou do
nutricionista
• Características da alimentação que geram doença, aceleraram o envelhecimento e
encurtam a vida
o Alimentação caloricamente excedentária
o Alimentação toxica, pro-oxidante – défice de vitamina E, vitamina C, o selénio
o Bebidas alcoólicas com quantidades médias e elevadas de álcool
o Alimentação monótona, com deficiências nutricionais ocultas e prolongadas (Sejam
caloricamente excessivas)
o Subnutrição e desnutrição proteico-calórica e défice proteico prolongado

• Recomendações no idoso
 Alimentação equilibrada e adequada às suas necessidades
completa e variada, com todos os grupos da roda dos
alimentos, ingerindo as doses diárias recomendadas de
cada um dos nutrientes
 Grande parte dia dos idosos têm dificuldades de mastigação
e de digestão, por isso, é essencial que faça refeições

265
saudáveis e saborosas, fáceis de mastigar, engolir e digerir para que se sina bem
diariamente
 Deve incluir alimentos de pouco volume e calorias, ricos em proteínas, vitaminas e
minerais
 Diminuir doces e consumo de sal
 Praticar exercício físico regularmente
 Incentivar a ingestão de água
 Variar e fracionar e adequar consistência

Porquê?
> os idosos têm uma necessidade de ingestão de líquidos semelhantes à dos jovens
adultos
> o mecanismo de reposta de sede diminui com a idade, a quantidade total de água no
organismo também é menor em virtude da perda de massa muscular e ocorre
igualmente uma diminuição da função renal
• Ações de enfermagem face aos riscos e compromissos na satisfação da necessidade
comer e beber do idoso

Diagnóstico

Défice de
Risco Compromisso
conhecimento

Aspiração,
Preparar Mastigar e Gerir o regime Comer e
desidratação, Se alimentar Autocuidado
alimentos deglutir alimentar beber
desnutrição

 Riscos
> Risco de aspiração: Inalação de substâncias provenientes do exterior ou do estômago
para as vias aéreas inferiores.

Presença de
secreções
Distúrbios da
Próteses
motilidade
dentárias mal
muscular
adaptadas
DISFAGIA

Incorreta Ausência de
Fatores
colocação da peças
etiológicos
SNG dentárias

Volmes
residuais Redução da
gástricos produção de
elevados (> saliva
200ml)
Obstrução
mecânica
DISFAGIA
266
> Ações de enfermagem para prevenir aspiração
 30min de descanso antes da alimentação
 Sentar ou manter a cabeceira a 30º (durante a alimentação contínua)
 Ensinar a DEGLUTIR/ ajustar consistência da dieta
 Minimizar o uso de sedativos e hipnóticos

> Risco de desidratação

Diarreia e
vómitos
Doenças/
medicamentos
Diminuição da
que aumentam
ingestão de
a diurese/
líquidos
trânsito
intestinal

Alterações Transpiração
cognitivas excessiva
Fatores
etiológicos

Limitações Uso de mais de


físicas 4 medicamentos

Exercício físico Febre

> Risco de desidratação - Manifestações


▪ Alteração do estado de consciência
▪ Diminuição lacrimejo e saliva
▪ Língua seborreica e com fissuras
▪ Redução de debito urinário/ urina concentrada (que leva, também, a um odor mais
intenso)
▪ Globo ocular afundado (olheiras)
▪ Taquicardia/ aumento da FR/ aumento da temperatura
▪ Prega cutânea + 4 segundos/ pele e mucosas secas
▪ Hipernatremia (elevado nível de sódio no sangue)
▪  da ureia e creatinina/ aumento da osmolaridade
▪ Secreções espessas
▪ Obstipação

267
> Ações de enfermagem para prevenir desidratação
 Identificar e corrigir causas de risco de desidratação
 Educar sobre a importância da hidratação ao longo do dia
 Assegurar-se que a pessoa idosa ingere líquidos
 Adequar líquidos ao exercício

> Desnutrição: É uma doença causada pela dieta inapropriada, hipocalórica e hipoproteíca;
Também pode ser causada por má absorção de nutrientes ou anorexia; Tem influencia
de fatores sociais, psiquiátricos ou simplesmente patológicos.

> Sinais de risco de má nutrição no idoso


Órgãos Sinais
Olhos Secura dos olhos
Cabelos Baço com queda frequente
Boca Fissuras nos lábios, hemorragias nas gengivas
Língua Sem papilas, vermelha
Pele Seca, descamativa, com pouca elasticidade
Ossos Pernas arqueadas, deformações ósseas
Sistema nervoso Funções diminuídas, agitação, confusão

> Fatores etiológicos

IMC < 23

períodos de Polimedicação/
jejum tratamentos
frequente oncológicos

Compromisso
< 3 referições da capacidade
diárias para se
alimentar

Fatores
etiológicos

Stress Auto-imagem
psicológico alterada

Redução da
Alterações
ingestão
cognitivas
proteíca
Perda de
apetite

268
 Compromissos
> Capacidade para comer e beber (de se alimentar)

Depressão

Limitações
Fadiga
físicas

Fatores
etiológicos

Alterações da
Anorexia
consciência

As ações a este nível são de educação para a saúde sobre a aquisição de bens alimentares, sua
conservação, modo de preparação, higiene alimentar e de pessoas, ajudas técnicas
facilitadoras:

 Reduzir ou eliminar fatores que comprometam a satisfação de necessidade


 Estabelecer horários regulares
 Promover ambientes tranquilos e seguros para a preparação dos alimentos
 Ensinar técnicas para o planeamento e preparação de refeições por uma pessoa
 Ajudá-lo a planear as refeições e o modo de preparação
 Assistir na refeição
 Promover a independência
 Avaliar qual (ais) a (s) dificuldade(s) e as potencialidades para a resolução do problema
– envolver familiares
 Explorar com a pessoa/ família estratégias que possam ter sido adotadas em outras
situações
 Informar e treinar uso de ajudas técnicas que poderão facilitar a independência para o
comer/beber
 Avaliar necessidade de “diário alimentar”
 Controlar ambiente – prevenir acidentes
 Ensinar a avaliar sinais de fadiga durante a alimentação e como controlá-los
 Prever período de repouso antes das refeições
 Preparar tabuleiro
 Oferecer alimentos fáceis de mastigar
 Oferecer no início da refeição os alimentos mais nutritivos
 Incentivar o aumento progressivo do consumo de alimentos
 Informar e treinar ajudas técnicas para a alimentação

269
> Capacidade de mastigar

Diminuição ou
ausência de
dentes

Alterações da
Alterações
integridade da
musculares
boca

Mastigar

Diminuição da
Salivação sensibilidade
diminuída da cavidade
oral

Obstrução
mecânica

> Intervenções de enfermagem


 Posicionar a pessoa
 Avaliar a capacidade de mastigação (atenção ao ajustamento da prótese)
 Usar cola nas próteses dentárias, se necessário
 Solicitar prótese em situações de internamento
 Oferecer alimentos fáceis de mastigar
 Alimentos de consistência mole/ pastosa mas evitar triturar legumes – risco de
obstipação
 Mastigar lentamente e deglutir “pausadamente”
 Ensino da técnica de mastigação
 Ingerir água – favorece a formação do bolo alimentar

> Disfagia: Disfagia por alterações obstrutivas (sólidos) ou neuromusculares (líquidos)

> Sintomas
▪ Tossir durante as refeições
▪ Voz rouca após as refeições
▪ Babar-se
▪ Regurgitação nasal/oral
▪ Sudorese intensa
▪ Alterações respiratórias

> Intervenções de enfermagem


 Avaliar o tipo de disfagia
 Selecionar a dieta corrente
 Comer/beber na posição sentado

270
 Oferecer pequenas quantidades de alimentos moles – fáceis de deglutir
 Fracionar a dieta
 Verificar se existe uma boa adaptação dos lábios ao copo
 Usa copo com rebordo/recortado evita extensão cabeça
 Ensinar a colocar o talher na boca – depositar comida na parte posterior da língua
 Dar líquidos por colher e colocar na parte posterior da língua
 Estimular a mastigar de boca fechada

• Tipos de dietas
> Quanto à consistência

> Quanto à composição

271
• Ações autónomas de enfermagem

• Registos de enfermagem
> Tipo de dieta
> Hora
> Quantidade de alimento ingerido – sopa (totalidade: metade, 1/3), prato principal, fruta,
água (um copo 100ml)
> Tolerância alimentar
> Satisfação
> Informação proporcionada aos familiares

 Alimentação artificial da criança


• Definição
Método de nutrição através de fórmulas láteas artificiais, como substituto ou
suplemento ao Leite materno.

• Objetivo
Contribuir para a preparação das fórmulas láteas de modo adequado

• Princípios
o O leite artificial (LA) só deverá ser administrado segundo prescrição médica, pelo que
o ensino é individualizado
o A administração de LA tem em conta:
> Idade do bebé
> Peso
> Estado geral

272
• Material
o Copo graduado esterilizado
o Biberões e tetinas esterilizadas
o Se a desinfeção for com produtos químicos (passar o copo com
água esterilizada)
o Água fervida da torneira
o Leite artificial - Latas tapadas e guardadas em local seco, duração
após a abertura de 3 semanas (colocar data)

• Procedimento
o Higiene das mãos
o Cumprir a prescrição (1colher medida rasa para 30ml)
o Água fervida (durante 10m, pode ser guardada em termos
durante 8h) – Colocar 1º a água e depois o pó
o Agitar bem
o Verificar a temperatura na face anterior punho
o Avaliar a saída de leite pela tetina
o Posicionar o bebé ao colo
> se biberão - semi-fowler;
> se copo - sentado
 Se copo: manter o copo encostado aos cantos da
boca e em contacto com o lábio superior; não retirar
nas pausas do bebé
o Posicionar para o bebé eructar – Manobra de Epstein
o Após a alimentação deite fora o leite que sobrou e
providencie a lavagem do biberão

• Administração

• Posição da criança para eructar


o Manobra de Eptein

Importância devido ao facto de ainda não


ter o esfíncter cardia desenvolvido
podendo aspirar o leite aquando de uma
regurgitação.

273
• Registos
o Motivo para administração de LA
o Tipo de leite administrado
o Forma de administração
o Hora da mamada
o Características da sucção e deglutição (se tem disfagia ou não)
o Quantidade de leite ingerida (quanto é que deixou? Bebeu todo)
o Tolerância alimentar
o Informação proporcionada aos pais

3.7.5 Ajudar a comer e beber: O cuidado de enfermagem na entubação nasogástrica


e na alimentação por sonda.

3.7.5 Ajudar a comer e beber: O cuidado de enfermagem na entubação nasogástrica


e na alimentação por sonda.

 Entubação nasogástrica
• Definição de alimentação
Ingestão, digestão e absorção de água, de electrólitos e de nutrientes essenciais para a
vida.
o Oral – per os (PO)
o Entérica
> Por sonda: orogástrica ou nasogástrica
> Por sonda percutânea de gastronomia endoscópia – SPGE

 Via entérica – entubação nasogástrica


• Finalidades
o Alimentação e ou hidratação do doente
o Administração de terapêutica
o Lavagem gástrica ou aspiração de conteúdo
gástrico
o Avaliação e tratamento de hemorragia digestiva
o Descompressão gastrointestinal e alívio de
náuseas/ vómitos
o Realização de exame.

• Cuidados de Enfermagem na entubação nasogástrica


o Planear sessão de educação para a saúde (EpS)
> Informar sobre a necessidade e finalidade da
SNG, o que se vai fazer, tempo de permanência
> Solicitar o consentimento e participação no procedimento
> Executar de acordo com as normas v Avaliar conforto do doente
o Assegurar que a pessoa não se alimentou
o Explicar/ Descrever
o Avalia reação da pessoa
o Higiene das mãos

274
• Preparar o material
o Sonda gástrica (de comprimento e diâmetro adequado à finalidade)
> Tipos de sondas
 Levin – sonda nasogástrica de silicone para alimentação/ hidratação
prolongada
 Salem
 Sengstaken-blakemore
 Minnesotta
 Evald
 Miler-aboth
 Cantor
 Duken

> Mudança
De acordo com o material da própria SNG:
• 7 em 7 dias, pois são deterioradas pelo suco gástrico (as de polivinil – PVC)
• A sonda de látex ou poliuretado, duma forma geral, pode permanecer
colocada até 15 dias
• As de poliuretano – PUR - são inertes e mais resistentes ao suco gástrico,
podendo estar aplicadas até 4 semanas.
• As de silicone são as de duração mais longa, requerem substituição de 3 em 3
meses.
Estes prazos são estabelecidos de acordo com o fabricante e as normas do
serviço e devem ser ajustados às condições do cliente e do material.

> Tamanho da sonda

o Gel hidrossolúvel.
o Luvas limpas
o Avental
o Lenços de papel ou toalhetes
o Compressas
o Resguardo impermeável

275
o Adesivo hipoalérgico para fixar
o Contentores de resíduos adequados ao grau de contaminação (biológico, químico ou
equiparado a urbano
o Estetoscópio – se a sonsa estiver no estomago vai borbulhar
o Seringa de 50/60 cc com ponta adaptável à sonda gástrica; na criança pequena
seringa de 5 cc.
o Copo com água e respectiva palhinha
o Tina reniforme
o Tiras reagentes ao pH
o Clamp
o Spigot
o Tesoura
o Material de aspiração.

• Cuidados de Enfermagem na entubação nasogástrica – continuação


o Ter o sistema de aspiração preparado
o Manter privacidade
o Posicionar (30-90º)
o Coloca avental
o Avaliar a permeabilidade e integridade da narina
o Corta 3cm de adesivo hipoalérgico
o Coloca resguardo
o Higiene das mãos
o Mede comprimento da sonda – adulto: da extremidade do nariz ao lobo da orelha
até ao apêndice xifóideo
o Mede comprimendo da sonda – criança com menos de um ano: da comissura
labial ao lobo da orelha até ao apêndice xifóideo
o Lubrifica entre 6 a 10cm da ponta distal da sonda
o Inserir a sonda delicadamente pela narina
o Fletir a cabeça- oferecer água e solicitar a deglutição contínua
o Clampa a sonda
o Fixa temporariamente a sonda com adesivo
o Verifica a correta posição da sonda
o Verificar a colocação da sonda: aspira o conteúdo gástrico e confirma pH
o Verificar a colocação da sonda:
> Adulto – 20/30 cc de ar
> Criança – 2/5 cc de ar
o Verificar a
colocação da sonda

276
o Fixação da sonda nasogástrica

o Tranquiliza e avalia a reação da pessoa


o Realiza higiene oral, se necessário
o Retira luvas e faz higiene das mãos
o Retira avental e faz higiene das mãos
o Posiciona a pessoa de forma confortável

• Complicações
o Cólicas abdominais
o Diarreia
o Náuseas e vómitos
o Regurgitação
o Aspiração de conteúdo gástrico
o Obstrução da sonda
o Perfuração
o Extubação

• Registos
o Data e hora Motivo da entubação
o Via selecionada
o Características da sonda e nº Métodos utilizados para confirmação da localização
da SNG
o Características do conteúdo…
o Intercorrências/complicações
o Reação e estado de conforto da pessoa

 Procedimento alimentação por sonda nasogástrica


• Finalidade
Alimentar e ou hidratar a pessoa com incapacidade de receber alimentação por via oral
ou amamentação fisiológica normal.

Há dois tipos de alimentação: intermitente (ou em bolus) ou continua

• Alimentação intermitente ou em bolus


o Avalia necessidade
o Avalia estado nutricional
o Verifica prescrição médica

277
O nutricionista ou dietista é solicitado aquando há necessidade de alimentação.
De notar que há espessantes que podem ser utilizados, contudo, é sempre crucial
pedir ajuda/ aconselhamento, devido à textura dos alimentos que serão
administrados.
o Realiza lavagem higiénica das mãos
o Prepara o alimento
o Informa a pessoa e ajuda a posicionar

 Verifica 5-9 certos: pessoa certo, medicamento certo, a via certa, o tempo (hora
certa), a dose certa, a ação, a orientação certa, a forma certa e a resposta certa.

o Calça luvas limpas


o Avalia motilidade intestinal – devido à progressão dos alimentos
o Correta posição da sonda? Confirmar através da audição – som: BLOOCC
 NOTA: se o volume aspirado for superior a 100ml não se deve alimentar, porque há
estase, logo não iremos alimentar. Conteúdo < a 100ml pode-se alimentar.

o Coneta a seringa preenchida de alimento


o Clampar a sonda entre a administração da alimentação – para não entrar ar que é
desconfortável
o Lavar a sonda (30 ml de água)
o Clampa extremidade da sonda
o Retira luvas
o Observar a resposta da pessoa após a alimentação por sonda
o Documentar o procedimento (características do conteúdo aspirado, tipo e
quantidade de alimento, resposta da pessoa, intercorrências, glicémia…)

• Alimentação contínua
o Tabuleiro com:
✓ Frasco/ saco com alimentação
✓ Copo com água
✓ Seringa 20 cc
✓ Aparadeira
✓ Sistema de soro
✓ Bomba infusora
✓ Resguardo
✓ Tampa para clampar sonda
✓ Suporte para pendurar saco
✓ Estetoscópio
✓ Compressas
o Avalia a motilidade intestinal
o Bomba infusora e seringa infusora no caso das crianças
o Prepara o sistema
o Conecta o sistema ao saco/ frasco
o Conecta o sistema ao saco/ frasco
o Identificar saco de alimentação
> Nome
> Ata

278
> Hora (início e fim)
> Serviço
> Cama
> Assinatura de quem preparou
o Preenche o sistema – atenção rodinha fechada
o Regular o débito

Fator gota – olhar para o sistema (parte detrás do sistema) mas se não disser nada
considera-se 20 (constante)
 Tradução de uma gota para 20ml.

o Programa débito
o Vigia e verifica resÍdUos a cada 4 a h
o Mantem cabeceira elevada durante o procedimento
o No fim: lavar a sonda (30/60 ml de água) e clampa extremidade
o Retira luvas e realiza a lavagem higieniza das mãos
o Observar a resposta da pessoa antes após a alimentação por sonda
o Documentar o procedimento (tipo e quantidade de alimento, resposta da
pessoa,…)
o O sistema deve ser mudado a cada 24h ou de acordo com o/a procedimento/
norma do serviço

EXERCÍCIOS

CASO 1

Situação:

• A Dona Rosa tem 84 anos, é viúva e vive sozinha num segundo andar sem elevador.
• Ontem de manhã por apresentar alteração do estado de consciência foi levada ao
hospital tendo ficado internada.
• Na avaliação inicial foi identificado desidratação e desnutrição. Por se recusar a ingerir
a dieta prescrita foi ENG, sendo-lhe prescrita alimentação contínua 1000ml 12h.

279
• Desenvolva os cuidados necessários para responder à necessidade do cliente nesta
situação.
1000𝑥20
= 27,7 ≈ 28 𝑔𝑜𝑡/𝑚𝑖𝑛
720

12h x 60min = 720 min

Resultado: 12hx60mn= 720 mn; (1000ml x 20mn) / 720 mn = 27,7 got/ mn= 28 got/ mn

CASO 2

Situação: O Senhor João tem prescrito 2000 ml de uma solução salina via SNG nas 24h.

Desenvolva os cuidados necessários para responder à necessidade do cliente nesta situação.

Resultado: 2000 ml / 24h= 83 ml/h

CASO 3

A Dona Maria tem dificuldade em deglutir razão pela qual se encontra internada no serviço de
medicina. Está intubada por via nasogástrica desde hoje, sendo-lhe prescrito 500ml de solução
de alimentação entérica durante 12h a iniciar às 8h. Desenvolva os cuidados necessários para
responder à necessidade do cliente nesta situação.

CASO 4

O Sr. Alfredo, tem prescrito 1500ml de solução de alimentação entérica, SNG, durante 24h,
com pausa noturna de 6h. Calcule o débito da alimentação entérica contínua.

Resultado: 1500 ml /18 h = 83 ml/ h

CASO 5

Calcule o fator gota na prescrição da Dona Helena, 1200ml de s o l u ç ã o d e alimentação


entérica, SNG, durante 8h.

Resultado: (1200 ml x 20) / (8hx60 mn) = 24000 ml / 480 mn = 50 gots/mn

280
CONSOLIDAÇÃO DE CONHECIMENTOS

Resultados de aprendizagem

 Descreve em que consiste a necessidade comer e beber ao longo do ciclo vital.


 Enumera os fatores que influenciam a satisfação/independência desta NHF ao longo do
ciclo vital.
 Exemplifica situações de alteração da NHF comer e beber face à: 1) capacidade; 2)
conhecimento; 3) vontade; 4) hábitos pessoais; 5) recursos; 6) influências culturais.
 Relaciona a satisfação desta NHF com outras NHF.
 Executa ações que promovam a satisfação da NHF Comer e Bebe.
 Demonstra conhecimentos sobre o equilíbrio entre o consumo alimentar e o gasto
energético para a manutenção do peso saudável da pessoa
 Conhece as medidas preventivas e de controle, incluindo práticas de higiene que devem
ser adotadas a fim de garantir a qualidade sanitária dos alimentos.
 Enumera os cuidados na alimentação entérica – preparação do biberão.
 Caracteriza os cuidados de enfermagem na preparação, execução e avaliação do
procedimento de entubação gástrica e alimentação por sonda gástrica.
 Descreve a responsabilidade do enfermeiro na satisfação desta NHF

Teste formativo

1. A ser respondido em sala de aula na primeira aula, deste tema: Defina: Nutrição;
Nutriente; Alimento
2. Quais os nutrientes essenciais que conhece? Descreva as funções dos nutrientes essenciais
e refira-se às suas principais fontes alimentares?
3. Refira-se à importância da pirâmide alimentar enquanto instrumento no planeamento das
intervenções de enfermagem.
4. Refira qual a importância da ingestão de ácido fólico durante a pré-conceção e em que
altura deverá ser iniciado.
5. Qual o aumento ponderal desejável para a mulher grávida no final da gravidez?
6. Qual a principal hormona implicada na produção do leite humano?
7. Refira cinco benefícios do aleitamento materno para a criança.
8. Enumere 3 propriedades do colostro
9. Refira 3 intervenções do enfermeiro na promoção, proteção e apoio ao aleitamento
materno

Bibliografia

Leitura obrigatória

Amarantos, Eleni; et al (2001). Nutrition and quality of life in older adults. The Journal of
Gerontology, 56, 54-64.

American academy of pediatrics (2011). Bright Futures Nutrition, 3rd edition. AAP. Disponível
em http://brightfutures.aap.org/Nutrition_3rd_Edition.html

281
Berger, Louise; Mailloux-Poirier, Danielle (2001). Capítulo 12. pp.215-256 Pessoas Idosas – uma
abordagem global. Loures: Lusodidacta.

Dinsdale, Paul (2006). Malnutrition - the real eating problem. Nursing Older People., 18 (3), 8-
11.

Escola Superior de Enfermagem de Lisboa. Departamento de Fundamentos de Enfermagem


(2011). Norma de Procedimentos da Unidade Curricular de Fundamentos de Enfermagem II.

Hockenberry, M.J., & Wilson, D. (2011). Wong’s nursing care of infants and children, 9th ed..
St. Louis, Missouri: Mosby Elsevier.

Guerra, António, et al. (2000). Alimentação e nutrição do lactente. Acta Pediátrica Portuguesa.
2012, 43 (2), S17-S40.

Levy, L.; Bértolo, H. (2012). Manual de Aleitamento Materno. Lisboa: Unicef. Disponível em
www.unicef.pt

Perry; Hockenberry & Lowdermilk; Wilson (2010). Maternal Child Nursing Care – 4th ed.
Mosby.

Potter, Patrícia & Perry, Anne (2003). Fundamentos de Enfermagem – Conceitos e


Procedimentos. Loures: Lusodidacta

Serrão, Carla (2008).(Re)pensar o climatério feminino. Análise Psicológica , 1 (XXVI): 15-23


http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/aps/v26n1/v26n1a02.pdf

Leitura para aprofundar

Mendes, Sónia (2006). Comer em segurança é obrigatório. Revista Qualidade em Saúde. 15,
18-22.

Teo, YK & Wynne, HA (2011). Malnutrition of the ederly patient in hospital: risk factors,
detection and management. Reviews in Clinical Gerontology, 11, 229-236.

Princípios básicos para uma alimentação saudável


http://www.dgs.pt/upload/membro.id/ficheiros/i008723.pdf

Guia para a alimentação saudável


http://www.esramada.pt/pt/alunos/alimsau/alimenta%C3%A7%C3%A3o_3d.htm

Cinco chaves para uma alimentação mais segura


http://www.who.int/foodsafety/consumer/manual_keys_portuguese.pdf

282
3.8 Ajudar a Dormir e descansar

3.8.1 O Conceitos associados, padrão e dimensões da NHF ao logo do ciclo de vida,


capacidades e problemas relevantes: Rituais

3.8.2 O cuidado de enfermagem na promoção do sono e descanso

3.8.2.1 Massagem de relaxamento

283
284
3.9 Ajudar a Comunicar com os outros expressando emoções, necessidades, medos ou
opiniões

3.9.1 Conceitos associados, padrão e dimensões da NHF ao logo do ciclo de vida,


capacidades e problemas relevantes

1. NHF Comunicar, expressando as emoções – enquadramento

Virgínia Henderson (1961): Expressar emoções (enquanto necessidade) para reduzir a tensão, o
medo, a ansiedade…

Desde Virgínia Henderson até à atualidade há uma grande evolução acerca das conceções acerca
das emoções.

Jean Watson (2005, 2008): a ciência do cuidar não pode permanecer desligada ou indiferente às
emoções humanas – dor, alegria, sofrimento, medo, raiva… gestão da experiência emocional…

 Atenção que os enfermeiros deverão de ter para gerir essas mesmas emoções;

“O que é que é ser terapêutico? O que é mais macro é promover o bem estar da pessoa e aliviar
o seu sofrimento”

 Enfermagem – profissão de relação


• Ser humano enquanto ser social e a necessidade de comunicar emoções: ventilação de
sentimentos; expressão de emoções e a sua relação; capacitação para a gestão
emocional, bem estar global ou alívio do sofrimento.
• É impossível não comunicar.
• É na relação que o ser humano se constrói, se conhece, se desenvolve… Carl Rogers

 O ser humano ao longo do tempo assume a capacidade para regular as suas


emoções  desenvolvimento emocional
 Primeiramente temos que capacitar a pessoa para a sua gestão emocional, pois só
depois é que a pessoa conseguirá estar disponível cognitivamente.

• O exercício profissional de enfermagem centra-se na relação intrapessoal” (OE, 200, P.4)


• Competências relacionais: técnicas de comunicação, desenvolvimento pessoal,
habilidades emocionais (chalifour, 1993)
• Competência emocional: a expressão e a gestão de emoções inscrevem-se na relação
terapêutica: confiança, disponibilidade, envolvimento emocional, empatia, esperança
(Diogo, 2015)
• Se a pessoa necessita de expressar as suas emoções, os enfermeiros facilitam essa
expressão dando espaço e construindo uma relação de confiança e empatia,
perguntando o que se passa com a pessoa ou referindo que parece triste para dar
espaço à verbalização.  também através da empatia
 Devemos de dar espaço à pessoa.
• Se a pessoa começa a expressar os seus sentimentos, os enfermeiros escutam com
interesse, revelam disponibilidade e envolvimento, conduzindo a expressão de emoções,
visando atenuar a emocionalidade intensa.
• Se o estado emocional é de grande ansiedade, projetando no que o envolve podendo
mesmo ser agressivo (disrupção emocional), os enfermeiros fazem a gestão do conflito,

285
contêm a emocionalidade com a sua calma e disponibilidade, e desmontam o conflito
interno proporcionando um espaço físico e um ambiente propício para ventilação de
sentimentos.
• Se o estado emocional é gerador de sofrimento associado à situação de doença, os
enfermeiros ajudam a encontrar sentido para a vivência e a ter “força” para enfrentar a
situação, dando esperança, ajudando a tranquilizar e a capacitar para a gestão das
emoções dos clientes, podendo ser necessário administrar um ansiolítico ou encaminhar
para uma ajuda psicológica especializada.

 O sentimento de normalidade é extremamente importante


 Promover a esperança

“a empatia é inata, mas pode perder-se, devido, por exemplo, a uma falha na relação com os
pais, pondendo culminar em psicopatia ou pode ser no caso de autismo.”

 Perspetiva Multidimensional dos Fenómenos Emotivos


• A dimensão emocional afeta a estabilidade e o equilíbrio do todo complexo da pessoa,
numa perspetiva holística e sistémica

- Cultural, desenvolvimento, fisiológica, cognitiva (que avalia o evento como positivo ou


negativo; as emoções podem ser influenciadas pela memória afetiva) , relacional
(nomeadamente o sentimento de confiança básica de Erickson), espiritual (a questão da
esperança, pois o conceito de espiritualidade não é apenas religioso)

• As emoções estão na base das nossas significações, crenças, opiniões, decisões,


comportamentos…
 Mecanismo neurofisiológico das emoções.

 Padrões de respostas humanas


• As emoções são padrões de resposta inatas que caracterizam a condição humana.
• É o modo como regulamos e/ou reprimimos as emoções que conduz a um padrão de
expressão emocional e as respostas/comportamentos com variações ao longo do ciclo
da vida.
• Aos processos de saúde -doença estão associados habitualmente significações
emocionais negativas, e a expressão de emoções perturbadoras, independentemente
da etapa do ciclo vital.
• Quando temos consciência da nossa emoção, temos uma emoção pura.

2. Emoções e as experiências emocionais nos processos de saúde-doença

 As Emoções: área de estudo transdisciplinar


• Os primeiros escritos sobre as emoções remontam a 300 a.C.
• Obras de Filósofos:
o Aristóteles (384 a 322 a.C.) – “Retórica” – As emoções estão ligadas à ação e derivam
daquilo em que acreditamos
o Descartes (1649) – “As Paixões da Alma” – Explicação de emoções fundamentais
(espanto, desejo, alegria, amor, ódio e tristeza) em relação às suas bases
neurofisiológicas

286
o Espinosa (1675) – “Ética” – Aceitar e compreender as nossas emoções é
fundamental para ser libertado dos seus efeitos compulsivos: moderação e controlo
emocional
• Psicologos:
o James (1890)
o Mesquita & Frijda (1992)
- as bases neurofisiológicas do mecanismo das emoções
- abordagem da psicologia cognitiva: as emoções modificam-nos corporalmente
- o processo emocional: emoção como um conjunto de estados

 Etimologia
A origem da palavra emoção é molere (do latim que significa “mover”; mais o prefixo “e”,
para dar “mover para”); sugerindo que a tendência para agir está implícita em todas as
emoções.
 É muito difícil definir emoção até pela própria construção da própria palavra remete
para a ação que por sua vez é influenciada pela cognição.

 O processo emocional
Uma emoção como um conjunto de estados
Apreciação: o sujeito avalia o evento como perigosos, mau, bom, agradável…
Contexto de avaliação: o sujeito pensa em como lidar com o acontecimento, pensa em
planos…
Prontidão da ação: o sujeito prepara-se para pôr os seus planos em ação
Alteração psicológica, expressão, ação: efeitos corporais e expressivos da emoção

O processo emocional inicia-se com a apreciação cognitiva de um evento e culmina na


alteração psicológica, expressão corporal ou na própria ação.

Cognição

Ação

Emoção

 Emoções/ sentimentos
Os sentimentos são necessariamente invisíveis para o publico, tal como outras imagens
mentais, escondidas de quem quer que seja, exceto do seu devido proprietário, a
propriedade mais privada do organismo que ocorrem no cérebro.
As emoções desenvolvem-se no teatro do corpo e os sentimentos no teatro da mente.

• O que são emoções?


o Processo de sentir das pessoas, é o próprio centro da vida mental humana
o Processos que estabelecem, mantêm, alteram ou terminam a relação entre as
pessoas e o meio

287
o Dão cor e melodia às evidências … sem elas tudo seria baço … seriamos autómatos…
o Não somos meras máquinas lógicas nem simples feixes de emoções à solta, mas sim
combinação de ambos. As emoções e os sentimentos são uma parte integrante da
racionalidade. Sem as emoções a razão não é possível, porque são elas que validam
a escolha desta ou daquela estratégia de tomada de decisões. O que sentimos
influencia aquilo em que pensamos e vice-versa. As emoções e sentimentos
permitem-nos uma avaliação dos estados internos e das circunstâncias externas, o
que lhe confere um importante papel cognitivo. As emoções são os nossos atos e
pensamentos, a razão de ser e são capazes de assegurar o estabelecimento de
relações interpessoais (Damásio, 2001).

 As emoções permitem-nos avaliar as situações e tomarmos decisões, caso contrário


seriamos apenas máquinas. As emoções permitem-nos adaptar às situações
concretas.

➢ Quando começamos a ter emoções?


A partir das 23 semanas de gestação o feto já manifesta respostas fisiológicas a
estímulos dolorosos ou stressantes.

• Emoções em Enfermagem
o Cuidar em enfermagem envolve a compreensão da experiência humana associada
aos processos de saúde doença
o O desenvolvimento da relação enfermeiro-cliente que é facilitadora da expressão e
gestão emocional.

O processo relacional é um meio de comunicação e libertação de sentimentos


humanos

o Teoria de Enfermagem do cuidado humano de Jean Watson


 Fator de cuidar 5 – expressão de emoções
A relação enfermeiro-cliente depende da capacidade do enfermeiro paa
compreender e detetar sentimentos/ emoções e a condição íntima do Outro e,
ainda, a forma dos Outros estarem no mundo.

o Cuidar e o Fenómeno da Emocionalidade em Enfermagem


 Cuidado como afeto (Morse et al., 1990)
 Cuidar é estar emocionalmente aberto para o outro (Swanson, 1993)
 Cuidar é um meio de comunicação e libertação de sentimentos humanos
(Watson, 2002)
 Ausência de afeto (frieza da técnica), ligação da emoção aos cuidados “físicos”
(Collière, 2003)
 Atmosfera afectuosa e proximidade carinhosa (Mercadier, 2004)
 A situação problemática vivida pelos clientes, associada aos processos de saúde-
doença, expressa-se através de emoções com as quais os enfermeiros tÊm que
lidar na relação de cuidados e em cada interação.
o Emoções (ICN, 2015)
“Processos psicológicos, sentimentos conscientes ou subconscientes, agardáveis ou
dolorosos, expressos ou mão expressados, podem aumentar com o stress ou com a
doença ”

288
- Focos/ diagnósticos CIPE 2
Ansiedade; bem estar; Burnout, confiança, culpa, esperança, ambivalência, medo,
crise familiar, apoio da família, apoio emocional.

3.9.2 Ser humano enquanto ser social e a necessidade de comunicar. Estimulação da


comunicação na criança. Emoções e experiências emocionais nas transições de
desenvolvimento. A expressão de emoções dos clientes nas diferentes etapas do ciclo da
vida

• A Expressão de Emoções da Criança


o RN expressa emoções através do choro, agitação motora, coloração da pele ou
sudorese … “sinais de desorganização”
o O lactente e toddler respondem com choro/medo à ausência da mãe ou a qualquer
procedimento (avaliação/temperatura). As birras revelam a sua imaturidade na gestão
emocional
o O pré-escolar já expressa verbalmente as suas emoções mas é mais fácil através do
desenho. Se não gosta de uma pessoa diz “és feia!”. A brincadeira com pares é já um
espaço de expressão de emoções; manifesta medo intenso associado aos cuidados de
saúde.
o O escolar domina a linguagem e já conhece algumas emoções de modo a identificá-las;
mobiliza estratégias de gestão emocional como respiração profunda ou imaginação
guiada

Estratégias que facilitam a gestão emocional na relação com a Criança


o RN – medidas de contenção e redução da estimulação, conforto e relação precoce (pais,
cuidadores) – método de canguru, lençol para abafar a incobadora, peça de roupa da
mãe
o Lactentes e Toddler – brincar e jogos, presença de pessoas significativas
o Pré-escolar e Escolar – brincar, pintura, leitura, manusear material hospitalar,
esclarecer dúvidas, falar sobre os medos
o Programa de preparação para procedimento (adaptados ao grupo
etário/desenvolvimento)

• A Expressão de Emoções no Jovem


o Expressão/respostas emocionais variadas e extremadas: choroso, falador, nervoso,
silencioso, escarnecedor, provocador, hostil, agressivo ou calmo e confiante
o Quando pouco confiante, hostil e agressivo expressa-se por monossílabos, olhar
distante, virar a cara
o Disrupções emocionais/labilidade emocional (hormonal)
o Estados de ansiedade podem conduzir a episódios de lipotimia e mesmo alterações
cardíacas
o Expressão verbal mais fácil com pessoas “estranhas”
o Os problemas de saúde são vividos com intensidade emocional devido ao medo das
alterações da imagem, perda de controlo e possibilidade de morte

289
Estratégias que facilitam a gestão emocional na relação com o Jovem
Não interromper quando está a falar; Evitar comentários ou indicações de reprovação ou
surpresa
Reforço positivo
Disponibilidade
Falar na sua linguagem, música, modas e não interpretar “à letra”
Jornal jovem, leitura, jogos de computador, acesso telemóvel e internet, música, Espaço
Jovem
Programas de preparação para procedimentos (filmes, fotos, partilha de experiências)

• A Expressão de Emoções no Adulto


o Expressam emoções de acordo com os seus diferentes papéis (parental,
profissional, lazer, amizade…)
o As mulheres expressam mais facilmente emoções Os homens são mais contidos
(reprimem o que sentem)
o As dificuldades de expressão e gestão emocional podem gerar alterações
psicossomáticas/perturbação mental Face à situação de doença, a expressão
emocional revela a preocupação com os cuidados dos filhos – crise familiar
o A puérpera pode manifestar sinais de medo, angustia, preocupação com os
cuidados ao bebé; ansiedade face a competências (ver se á apenas
o Os pais da criança/jovem doente vivem uma situação de crise emocional
o A perda de um filho é manifestada por um sofrimento intenso

Estratégias que facilitam a gestão emocional na relação com o Adulto


o Escuta ativa, disponibilidade, encontrar sentido, “estar com..”
o Empowerment, equilíbrio de poderes
o Atividade recreativas e expressivas (leitura, escrita, pintura, exercício físico)
o Grupo de Ajuda Mútua (promoção da esperança, coping)

• A Expressão de Emoções no Idoso


o Expressa medo da solidão e de morrer
o Revela regressão na regulação e consequentemente expressão das suas emoções,
passando a ter pouco filtro nessa expressão emocional (perda cognitiva, demências)
o Apresenta labilidade emocional acentuada quando a perceção da sua vida passada
não é positiva, o presente perde sentido e é difícil perspetivar o futuro
o Estados depressivos acompanhados de expressões “Já nada vale a pena!”
o Expressão emocional de desesperança, angústia, tristeza acompanha a vivência de
doença
o O envelhecimento saudável/projeto de vida revelado pela manutenção de uma
atividade diária e alegria de viver

Estratégias que facilitam a gestão emocional na relação com o Idoso


o Escuta ativa, disponibilidade, encontrar sentido, “estar com..”
o Empowerment, equilíbrio de poderes
o Atividade recreativas e expressivas (leitura, escrita, pintura, exercício físico)
o Técnica de Validação, explorar fragmentos do discurso, facilitar a expressão de
emoções, reconhecer os sentimentos, escuta, empatia (mobilizada na relação de

290
cuidados a pessoas com demência, perda cognitiva e confusão) (Phaneuf, 2005, p.
504)  aplicada a idosos com demências

 Facilitar a gestão de emoções dos clientes


• Observação dos sinais e respostas emocionais
• Interpretação através da empata emociona
• Conhecimento E compreensão das emoções (clientes e enfermeiros)
• Ajudar a pessoa a gerir as suas emoções
o relação de cuidados
o estratégias específicas e direcionadas

(Phaneuf, 2005, p. 207-209)

3.9.3 A gestão das emoções na prática de enfermagem

• A capacidade para lidar com as emoções é influenciada pela fase de desenvolvimento da


pessoa, pelo contexto, pelas experiências anteriores, pelos modelos relacionais
(Hockenberry & Wilson, 2014)
• Os enfermeiros podem de imediato começar a gerir as emoções dos clientes; gestão das
emoções e gestão da informação (Lopes, 2006)
• Facilitar a gestão emocional – gestão de antecipação (Ambiente; afeto; relacionamento
de confiança e de suporte) e gestão reativa (acolhimento, abertura, dar espaço, fazer
pausas, deixar falar, saber ouvir – o respeito pela singularidade da pessoa). (Diogo, 2015)

• A emocionalidade associada às experiencias de saúde-doença acrescenta sofrimento à


vivência dos clientes;
• A experiência emocional de cuidar vivida pelos enfermeiros manifesta-se muitas vezes
através de stress e exaustão; burnout (Diogo, 2012)
• Tipos de envolvimento do enfermeiro na relação de cuidados face à sua resposta
emocional no confronto com o sofrimento do cliente:
o A relação parceria, proximidade, confiança permite conhecer o cliente mas os
enfermeiros experienciam as respostas emocionais do seu sofrimento
o Os enfermeiros também ficam afetados perante as respostas emocionais do
cliente
o Respostas de defesa que reduzem a nossa vulnerabilidade mas que nos mantêm
emocionalmente distantes do “outro”: distanciamento, fuga, negação,
proteção, rotulação…
• O grupo profissional de enfermagem tem dificuldades relacionadas com sentimentos:
o Angustia relacionada com a morte da pessoa
o Impotência e desvalorização do seu trabalho (alguns membros da equipa
multidisciplinar)

291
o Dificuldades profissionais e pessoais que interferem na dinâmica e na
assistência prestada aos clientes

3.9.4 O trabalho emocional com centralidade no cliente e no enfermeiro

 O trabalho emocional em enfermagem


Smith Significa mobilizar competências que muitas das vezes, são previsíveis
(1992) tais como: dar suporte e tranquilidade, delicadeza e amabilidade,
simpatia, animar.
Usar o humor, ter paciência, aliviar o sofrimento, conhecer o cliente e
ajudar a resolver os seus problemas
James Implica a gestão de sentimentos negativos de modo a que estes se
(1993) transformam numa experiência não perturbadora (que minimiza o
sofrimento) ou com resultados positivos para os sujeitos
Mc Contribuiu para estabelecer as relações e é uma simbólica expressão da
Queen preocupação com os aspetos emocionais, no cuidar, que promove nos
(2000) clientes o sentimento de segurança nas intenções da ação dos
enfermeiros
Fineman Como processo humano produzido no encontro da pessoa, que envolve
(2008) energia intensa da parte do profissional no sentido de apresentar uma
disposição emocional que conduz a transformações e promoção do bem
estar

PI: como é que os enfermeiros usam as emoções enquanto instrumento terapêutico em contexto
pediátrico?

➢ Promover um ambiente seguro e afetuoso


➢ Nutrir os cuidados com afeto
➢ Facilitar a gestão das emoções dos clientes
➢ Construir a estabilidade na relação
➢ Regular a disposição emocional para cuidar (enfermeiros)

 Trabalho emocional em enfermagem


• Definição
o Incorpora ações/ interações inscritas no processo de cuidados, de dimensão afetivo-
emocional.
o Visa transformar positivamente as vivências intensas e perturbadoras dos clientes e
dos próprios enfermeiros
o Promove o bem-estar global das pessoas envolvidas.

• Estratégias formativas para o desempenho do trabalho emocional:


o Mann (2005): análise das práticas no local de trabalho com enfermeiros experientes;
treino de competências emocionais “centradas no cliente”; treino centrado no
autoconhecimento; aprendizagem reflexiva
o Hunter & Smith (2007): técnicas dinâmicas de grupo; reflexão sobre a prática;
autoconhecimento das emoções.

292
o Huynh, Alderson & Thompson (2008): treino de autoconhecimento, sessões de
grupo para análise de situações (supervisão clínica, prática reflexiva)
o

Caso 1

A Dª Margarida Dias recorre ao serviço de urgência pediátrica om o seu filho João de 4 anos, que
deu uma queda no parque infantil, enquanto andava de baloiço. A mãe está muito ansiosa
enquanto a enfermeira punciona a criança, com um discurso agressivo e com dificuldade em
compreender as indicações. O João encontra-se choroso, muito assustado e com medo.

Como proceder, tendo em conta a expressão e gestão das emoções na perspetiva do cliente, do
enfermeiro e da

Relativamente à mãe

• Observação dos sinais e respostas emocionais


O facto de a mãe estar muito ansiosa e agressiva leva a que seja necessário acalmá-la
para não contaminar o seu filho
• Interpretação através da empatia emocional
É natural que a mãe se sinta deste modo, pois é o seu filho.

• Conhecimento e compreensão das emoções (clientes e enfermeiros)


• Ajudar a pessoa a gerir as suas emoções
1º estratégias para a mãe se acalmar  proporcionar algum espaço para a mãe
expressar aquilo que sente;

Relativamente ao menino

• Observação dos sinais e respostas emocionais


• Interpretação através da empata emociona
• Conhecimento E compreensão das emoções (clientes e enfermeiros)
• Ajudar a pessoa a gerir as suas emoções

Relativamente a mim

• Observação dos sinais e respostas emocionais


• Interpretação através da empata emociona
• Conhecimento E compreensão das emoções (clientes e enfermeiros)
• Ajudar a pessoa a gerir as suas emoções

O objetivo é ajudar a mãe a não sentir aquelas emoções

Como é que eu estou a gerir esta relação? – assentuar os aspetos que garantam uma maior
confiança em mim; que a mãe comece a acalmar-se, através do brinquedo, d cantar para o
menino (afeto para a criança)  atenuar o conflito, desmontá-lo.

293
CASO 2

Sr. Carlos, 44 anos, encontra-se hospitalizado para correção cirúrgica de uma hérnia discal.
Encontra-se muito preocupado e ansioso durante a preparação operatória realizada pelo
enfermeiro, pois os dias de baixa por doença podem por em causa o seu emprego e desconhece
se irá ficar com a situação resolvida após a cirurgia.

Como proceder, tendo em conta a expressão e gestão das emoções na perspetiva do cliente, do
enfermeiro e da relação enfermeiro – cliente?

O enfermeiro também pode recorrer a recursos externos. No serviço podem existir análises das
práticas para discutir determinadas situações – recursos internos.

294
CONSOLIDAÇÃO DE CONHECIMENTOS

Resultados de aprendizagem

 Descreve a expressão de emoções enquanto NHF e a sua inter-relação com as outras NHF
 Justifica a importância das emoções no cuidar de enfermagem
 Reconhece as emoções e as experiências emocionais na comunicação com os clientes
nos processos de saúde-doença
 Caracteriza a expressão das emoções dos clientes nas diferentes etapas do ciclo vital
 Descreve as estratégias fundamentais na intervenção de enfermagem que facilitam a
expressão e gestão de emoções dos clientes
 Identifica estratégias de gestão das emoções no processo de cuidados – Trabalho
Emocional em Enfermagem
Trabalho autónomo

Analisar os artigos e realizar ficha de leitura respetiva:


a) Diogo, P. (2012b). O trabalho emocional em Enfermagem como foco de investigação e
reflexão. Salutis Scientia, 4, 1-9.
b) Gray, B., & Smith, P. (2009). Emotional labour and the clinical setting of nursing care: The
perspectives of nurses in the East London. Nurse Education in Practice, 9, 253–261.
c) Pereira, A. M., Nunes, J., Teixeira, S., & Diogo, P. (2010). Gestão do Estado Emocional da
Criança (dos 6 aos 8 anos) através da actividade de brincar: analisando o cuidado de
enfermagem em contexto de internamento de pediatria. Pensar Enfermagem,14 (1), 24-
38.
d) Martins, M. & Melo, J. (2008). Emoção... Emoções... Que Implicações para a Saúde e
Qualidade de Vida?... Millenium - Revista do ISPV (34), 125-148
Teste formativo

1. Fundamente a asserção “Emoções… área de estudo transdisciplinar”.


2. Justifique a importância das emoções no cuidar de enfermagem.
3. Refira as principais características de expressão emocional do cliente ao longo do ciclo de
vida.
4. Descreva as estratégias fundamentais na intervenção de enfermagem que facilitam a
gestão de emoções dos clientes segundo Phaneuf (2005)

Bibliografia

Leitura obrigatória

Diogo, P. (2017). Relação Terapêutica e Emoções: Envolvimento versus Distanciamento


Emocional dos Enfermeiros. Revista Pensar Enfermagem 21(1), 20-30.
Diogo, P. (2015). Trabalho com as emoções em Enfermagem Pediátrica - Um processo de
metamorfose da experiência emocional na ato de cuidar. 2.ª ed. Loures: Lusodiacta. Capítulo 2
e 3.
Gray, B., & Smith, P. (2009). Emotional labour and the clinical setting of nursing care: The
perspectives of nurses in the East London. Nurse Education in Practice, 9, 253–261.
Henderson, A. (2001). Emotional labor and nursing: an underappreciated aspect of caring work.
Nursing Inquiry, 8(2), 130 – 138.
Martins, M. & Melo, J. (2008). Emoção... Emoções... Que Implicações para a Saúde e Qualidade
de Vida?... Millenium - Revista do ISPV, 34, 125-148.

295
3.10 Ajudar a Eliminar

3.10.1 Conceitos associados, padrão e dimensões da NHF ao logo do ciclo de vida,


capacidades e problemas relevantes

3.10.2 Estimulação do controlo dos esfíncteres

 Conceitos fundamentais
• Definição de micção
o Eliminação da urina da bexiga através do meato urinário [por vezes pode não sair pelo
meato urinário] com contração da bexiga [do detrusor] e relaxamento dos esfíncteres.
[tenho vontade de urinar mas não o faço porque não posso, porque há controlo o esfíncter
externo, portanto a micção só ocorre no momento e na condição social correta]
o O primeiro desejo de urinar é percebido pelos sensores da base da bexiga aos 150
ml e a sensação de plenitude ocorre aos 400 ml. Estes níveis podem ser alterados
pelos hábitos. Quando os impulsos nervosos são enviados à região sagrada da
espinal medula inicia-se a micção, com contração do detrusor e abertura dos
esfíncteres uretrais. A contração do detrusor aumenta a pressão intravesical e força
a urina a passar pela uretra que se contrai e encurta, ao mesmo tempo que os
músculos perineais se relaxam. Os impulsos nervosos também são enviados ao
córtex cerebral que controlam o esfíncter externo. Se a pessoa acha que o ambiente
não é adequado à micção o esfíncter externo permanece contraído interrompendo
o fluxo da urina.
 Componente automática (contração do musculo detrusor – feito de fibras
musculares cruzadas e ao mesmo tempo o relaxamento dos esfíncteres – mais
interno começa a relaxar-se, sendo que o externo é voluntário e o interno não)
 O sistema simpático impede-nos de urinar.
 Os ureteres mais o colo da bexiga denominam-se por trigono vesical
 Como é que os ureteres entram dentro da bexiga? Não entram na vertical, mas
sim na diagonal e isso faz toda a diferença! É feita obliquamente e funciona com
uma válvula anti refluxo.
 Se não houvesse uma válvula anti refluxo não existia uma limitação tão grande
da infeção
 Os barro recetores ficam ao pé do colo da bexiga; os barro recetores são
estimulados quando estão em pé.  quando os clientes rferem que não
conseguem elkiminar, coloca-los sentados na cama primeiramente

• Definição de defecação
o Eliminação de fezes e gases do intestino pelo ânus através do relaxamento dos
esfíncteres anais e contração do reto

296
1. As fezes distendem o reto e estimulam sensores locais.

2. Os recetores enviam sinais ao longo das fibras aferentes para os neurónios da espinal medula.
Produz-se um reflexo espinal que através do parassimpático estimula a contração do reto e da
sigmoide e o relaxamento do esfínter anal interno.

3. Se o momento for conveniente para defecar, os nervos voluntários são inibidos e permitem
que o esfínter anal externo relaxe para a saída das fezes

NOTA: As crianças primeiro começam a conseguir controlar as fezes e só depois a urina.

Algumas pessoas que tenham um prejuízo da condução cerebral – ex.: lesão neurológica, na
medula ou pessoas que têm espinha bífida ocorre o seguinte: há um estimulo, mas não volta
para baixo, ou seja, a pessoa pode não conseguir urinar, porque a bexiga tende a reter em vez
de disparar o seu funcionamento e como tal estas pessoas têm que aprender a algaliar-se todos
os dias. As infeções urinárias nos doentes com lesões vertebrais são uma das principais causas
de morte, porque se repetem sistematicamente.

NOTA: uma das funções do colon é reabsorver água  alterações se a pessoa se encontra
imobilizada

 Dimensões que afetam a NHF eliminar

Fisiológicas Psicológica Cultural e espiritual Social

•Alterações congénitas •Autoimagem •Hábitos de higiene •Horário


(espinha bífida) •Ansiedade •Hábitos e tradições •Educação
•Controlo de esfínteres •Depressão (Cansadas, •Custo de dispositivos
•Ingestão de alimentos fatigadas, o (os sacos são caros)
e líquidos organismo funciona •Condições sanitárias
•Peristaltismo mais devagar) •Condições
•Tolerância a alimentos •Privacidade (nem económicas
•Medicação sempre é feita •Grupos sociais
individualmente) vulneráveis
•Patologias e cirurgias
(encerramento da
uretra; hipospadia ou
epispadia)
•Equilíbrio hormonal
•Dor
•Abuso de laxantes
•Ciclo vital

 Fatores que influenciam a NHF eliminar


 Fatores que influenciam a eliminação urinária
• Fatores psicológicos e sociais
o Controlo dos esfíncteres
o Privacidade e sugestão (colocar a pessoa sentada, ouvir a água a correr ou água
fria, desencadeiam mecanismos fisiológicos que despertam a vontade de urinar)

297
o Ansiedade
o Hábitos

• Fatores fisiológicos
o Idade (ex.: as crianças geralmente têm um jato urinário forte)
o Distúrbios neurológicos
o Alterações hormonais
o Gravidez
o Tónus mucular
o Hidratação
o Medicação (ex.: anestesias)
o Traumatismos (ex.: fraturas da uretra)
o Patologias e cirurgias (hemorroidas, por exemplo)
o Parto
 Fatores que influenciam a eliminação intestinal
• Fatores psicológicos e sociais
o Estado mental
o Treino intestinal
o Hábitos culturais
o Privacidade

• Fatores fisiológicos
o Idade
o Hábitos pessoais
o Ingestão de aliemntos
o Tónus mucular
o Gravidez
o Patologias (hemorrodias crescem para dentro e o individuo está sempre com
vontade de evacuar, mas nunca expulsa; ampolas retais ou tumor que está a
crescer e a funcionar como carag)
o Cirurgias
o Exames de diagn´sotico
o Smedicação
o Distúrbios neurológicos

 Padrão de eliminação ao longo do ciclo vital


 Eliminação Urinária
• Frequência das micções
o Recém-nascidos vão aumentando a frequência até
chegar a 6 a 8 micções diárias na primeira semana
o A enurese (urinar na cama) é comum na infância
o É comum urinar ao levantar e uma ou mais vezes
durante o dia, dependendo da quantidade de líquidos
ingeridos
o Nos homens, a noctúria (urinar durante a noite) pode
significar dificuldade no esvaziamento da bexiga

298
o polaquiúria (urinar muitas vezes em poucas quantidades) pode dever-se a
estenose, a infeção ou à ação dos diuréticos

• Quantidade de urina
o A diurese (24h) varia com a idade,
Poliuria – muita volume de líquidos ingeridos e
urina, por beber perdas insensíveis
muita água o Primeira semana de vida (200-
300ml), Lactentes (+/-
≠ 60ml/kg/dia), Pré-escolar (+/-
48ml/kg/dia), Escolares (+/- 35
Poliquiuria – ml/kg/dia), Adolescente (+/-
pessoa com 18mg/kg/dia), Adultos (1000-1500ml)
infeção urinária o No adulto, a oligúria (diminuição da quantidade de urina) (< 400-500 ml) reflete
défice de líquidos, doença renal ou obstrução urinária
o Anúria (ausência de urina) indica insuficiência renal, enquanto poliúria
(eliminação de volume de urina superior ao normal) pode dever-se a doença
renal ou a diabetes ou então uma
Curiosidade: doença diabetes insipida (nome que se dava quando o problema
era ao nível da ADH)

• Cor
o Reflete a concentração da urina
o É normal variar de amarelo pálido a âmbar
o A urina exposta ao ar tende a escurecer
o Urina rosada ou vermelha sugere hematúria
o A beterraba e os corantes também podem tingir a urina de vermelho
o O caroteno torna a urina alaranjada
o Medicamentos também alteram a cor da urina

• Aspeto
o A urina normal é transparente
o Quando é turva sugere infeção urinária, presença de tecidos em suspensão ou
proteinúria

• Cheiro
o A urina recente tem um odor amoniacal
o O odor mais intenso sugere estase e infeção urinária
o Um odor adocicado sugere cetonúria

 Eliminação Intestinal
• Frequência das dejeções
o Menos de 3 dejeções por semana pode significar obstipação
o Elevada frequência pode significar diarreia
o Recém-nascidos podem apresentar até 8 dejeções diárias

299
o Os lactentes têm 3 a 5 dejeções por dia
o É comum a grávida apresentar obstipação

• Quantidade de fezes
o Geralmente de 150 a 200 g/dia no adulto
o Depende da dieta e da frequência das dejeções
o Na oclusão completa do intestino não há emissão de
gases e fezes
o Na obstipação pode haver emissão de gases (flatulência)

• Consistência
o Depende do teor de água
o A consistência pode indicar obstipação ou diarreia
o Podem ser: liquidas, moles, pastosas, moldadas, secas ou duras
o Esteatorreia significa presença de gorduras ou muco nas fezes e deve-se a má
absorção de gorduras do tubo digestivo

• Cor
o A cor normal é castanha devido aos pigmentos biliares
o Fezes acólicas devem-se à falta de bílis
o As primeiras fezes do RN são escuras e esverdeadas (mecónio)
o Durante o aleitamento artificial as fezes são amarelo-pálido ou castanho claro
o No aleitamento materno as fezes são de cor ocre ou mostarda
o A hemorragia digestiva alta causa melenas (fezes escuras tipo borra de café)
o As hemorragias baixas causam retorragia
o Os medicamentos também alteram a cor das fezes

• Forma
o A forma ideal é a da estrutura do reto
o Fezes em fita ou muito finas sugerem obstrução distal do intestino ou estenose
do esfínter anal
o Escala de Bristol
• Odor

O odor característico é acre, devido à ação das bactérias sobre os alimentos e medicamentos
ingeridos (couve flor – doentes naõ comer )

A presença de sangue acentua o odor fétido

http://www.scielo.br/img/revistas/ag/v49s1/a08dia01.jpg
Moldadas
FOTO
• (à forma interna do intestino)

 Intervenções de Enfermagem para satisfazer a NHF


eliminar Moles

 Eliminação urinária
• Colostomia do cego, típidas,
nomeadamente do transverso

• Educação para a saúde


o Manter uma boa hidratação Soltas

300 Líquidas
• Trânsito intestinal mais rápido
o Manter uma adequada higiene perineal – na mulher limpar o períneo de frente
para trás, para evitar a infeção urinária
o O duche é preferível ao banho de emersão
o A realização de exames laboratoriais de controlo (uroculturas) e a medicação
devem ser cumpridas como prescrito

• Dieta
o Ingerir cerca de 1500 ml de líquidos por dia O reforço hídrico dilui a urina, ajuda
a eliminar as bactérias da urina ao aumentar a frequência das micções Alimentos
com vitamina C ou citrinos acidificam a urina, criando um ambiente que inibe o
crescimento bacteriano

• Roupa Adequada
Evitar calças ou collants apertados, e usar preferencialmente roupa íntima de algodão

• Cateterização vesical
É um procedimento invasivo indicado para avaliar a função renal em pessoas em situação
crítica para resolver uma retenção urinária após uma cirurgia à bexiga ou à uretra, para
instilar fármacos na bexiga, ou ainda para avaliar a urina residual depois de urinar

• Exercício
Fortalece a musculatura abdominal e pélvica e promove o trânsito intestinal. Recomendar
caminhadas diárias de 30min.

• Estimulação do controlo Exercicios de Kegel

o Identificar os músculos a contrair suspendendo a micção


o Descontrair os músculos abdominais
o Contrair os músculos do períneo durante 3 a 4 segundos
o Relaxar o períneo durante 3 a 4 segundos
o Efetuar 10 a 15 vezes este exercício por dia ou
o Efetuar séries de exercícios de 5 minutos de duas a 3 vezes por dia

301
• Medicação
o Os laxantes com celulose absorvem água e aumentam o conteúdo intestinal,
estimulando o peristaltismo.
o Laxantes com sais ou açúcares pouco absorvíveis como a lactose, chamam água para o
intestino, aumentado o conteúdo intestinal e amolecendo as fezes. Em excesso podem
desencadear cólicas, timpanismo e flatulência
o Os laxantes de contacto aumentam o peristaltismo intestinal ao irritarem a muscosa
gastrointestinal
o Os emolientes lubrificam a massa fecal e limitam absorção de líquidos das fezes

• Enema; pesquisa/ remoção de fecalomas; Utilização da arrastadeira

• Obstipação
o Avaliar o padrão de eliminação
o Dieta (consumo de fibras) (se não for contraindicado)
o Reforço hídrico (se não for contraindicado)
o Treino intestinal
o Exercício físico
o Terapia de relaxamento
o Controlo da dor
o Medicação

• Incontinência urinária
o Avaliar o padrão de eliminação
o Reforço hídrico (se não for contraindicado)
o Controlo do peso
o Exercícios de Kegel
o Higiene perineal
o Medicação
o Cateterização vesical (se não for contraindicado)

 Controlo de Esfínteres - Criança


o A criança pode começar o controlo de esfínteres entre os 22 e os 30 meses
o O treino de controlo do esfínter anal é anterior ao vesical

Recomendações
Usar bacio para criança ou tampo adaptado à sanita de adulto Evitar treino de
controlo de esfínteres em fases de stress (perdas, internamento) Ajudar a
reconhecer sinais de necessidade de evacuar
Treinos de 10 minutos na companhia de um adulto que assegura a higiene
Elogiar as tentativas bem-sucedidas de evacuar e urinar
Mostrar à criança o resultado da eliminação para relacionar esforço com efeito
Lembrar à criança que o horário de tentar evacuar e urinar

302
• Idade entre os 22 e os 30meses
FÍSICA • Permanece com a fralda seca por duas horas (mínimo)
• Movimentos intestinais regulares e previsíveis
• Consegue andar, sentar-se e ajudar a despir-se (controlo motor fino)
• Revela vontade de eliminar através da expressão facial, postura e palavras
MENTAL

• É capaz de seguir instruções simples


• Mostra descontrolo com a fralda suja
• Pede roupa interior
• Deseja agradecer aos paus

PSICOLÓGICA

Consegue permanecer sentada por 5-8min, sem prostestar


• Revela curiosidade pelos hábitos de eliminação
• Demonstra desconforto/ desejo de mudar fraldas sujas

• Reconhecem as atividades da criança


• Investem o tempo necessária no treino

PAIS

Ausência do conflito ou mudança

3.10.3 Ajudar a Eliminar: O cuidado de enfermagem na colocação de fralda e


arrastadeira; na colocação de dispositivos urinários e na algaliação; na pesquisa de
fecalomas e na realização de enema

 Colocação do dispositivo urinário


• Definição: Intervenção autónoma que consiste em colocar um dispositivo seguro para
coletar e drenar a urina em utentes masculinos.
 Dispositivo externo, menos invasivo, que tem menos riscos que a algaliação. Na
verdade, a algaliação possui traumatismos (alterações ao trajeto normal da uretra),
infeção. A algaliação pressupõe que não haja um controlo dos esfíncteres, ao passo que
o dispositivo urinário continua a ocorrer uma micção (distensão da bexiga e relaxamento
dos esfíncteres)
 Indicação para: doentes com incontinência urinária, se, efetivamente, interferir com
aquilo que é a vida social do cliente.

• Objetivos:
 Diminuir o desconforto associado à incontinência urinária; bem como em doentes
em coma
 Prevenir o risco de alteração da integridade cutânea;
 Promover a segurança (questão da integridade da pele

• Indicações:
o Utentes do género masculino com:
 Incontinência urinária
 Em coma – implica uma alteração do estado de consciência induzida
farmacologicamente, pode haver uma alteração muito significativa das funções
vitais. A algaliação permite avaliar o debito urinário, mas é também um sinal de
uma boa função cardíaca (bom debito urinário boa função cardíaco); débito

303
urinário também é um bom indicador de volémia. – nos quadros onde é
necessário avaliar parâmetros é preferível algaliar
 Pessoas com UPP ou outras
feridas, de modo a
conseguir promover uma
boa cicatrização.

• Precauções:
o Reforçar a higiene (perineal e
genital; na parte da glande requer um cuidado redobrado) para reduzir o risco de
infeção urinária; perceber qual a posição natural do pénis e da glande para não
provocar nenhuma alteração; o prepúcio ao ficar retraído pode provocar alterações
na glande.
o Um adesivo (base ou corpo do pénis) mal colocado pode causar edema (ter cuidado
com a circulação periférica e a circulação de retorno  hipoxia, anoxia e
consequentemente situações de necrose  ter atenção ao garrote)
o Pode causar irritar a pele
o Necessita de avaliação da permeabilidade da drenagem (se não está permeável
pode ter deixado de funcionar; temos que perceber se existem condições para que
a drenagem continue a funcionar; nunca fase inicial as drenagem podem ser
hemáticas, depois passam para serosas… logo temos que garantir que a drenagem
não esta ocluída, não tem coágulos, não tem sedimentos; ver também se existem,
ou não, dobras para que a drenagem não deixe de funcionar)
 Para ver se a drenagem está permeável ou não temos de ver a quantidade de líquido.
 As monitorizações das drenagens são extremamente importantes.

• Material:
o Tabuleiro
o Luvas limpas
o Dispositivo urinário externo
o Saco coletor de urina
o Tesoura
o Adesivo
o Protetor cutâneo

• Procedimento
1. Avaliar o padrão de eliminação (incontinência urinária)
2. Explicar o procedimento e os cuidados de manutenção
3. Avaliar a capacidade do cliente colaborar no procedimento
4. Obter consentimento verbal
5. Preparar o material
6. Manter a privacidade
7. Lavar as mãos
8. Colocar o cliente em posição dorsal (com a elevação da cabeceira), expondo
apenas os genitais;
9. Efetuar a higiene perineal

304
10. Aparar pelos da base do pénis, se necessário (tricotomia)
11. Aplicar adesivo ou protetor cutâneo (opcional)
12. Com a mão não dominante, colocar o dispositivo sobre a glande (mantendo o
prepúcio na posição natural).
13. Com a mão dominante, desenrolar o dispositivo sobre o pénis com o mínimo
de pregas (como um preservativo);
14. Fixar o dispositivo com adesivo:
a) Dispositivo com adesivo: comprimir o dispositivo contra a pele para colar a
borracha e alisar as pregas;
b) Dispositivo sem adesivo: aplicar um adesivo sobre a borracha em redor do
pénis sem apertar
15. Conectar a extremidade do dispositivo ao tubo do saco coletor de urina. Fixar
o saco coletor de urina à pele ou prender no suporte da estrutura inferior da
cama; ter atenção ao local onde se baixa e aumenta a cama para não levar a
traumatismos. Ter atenção para o membro não ficar por cima do membro,
primeiro tem de haver um ponto de fixação.
16. Manter o sistema de drenagem permeável e sem dobras;
17. Remover as luvas e colocar o utente confortável
18. Arrumar o material;
19. Lavar as mãos;
20. Efetuar os registos

305
 Tipos de cateter vesical

Cateter / Sonda vesical: é um tubo que se insere na bexiga através da uretra, para drenar ou
recolher urina ali armazenada.

O materual reflete o tempo de permanência que pode ficar.

A- Material e Tempo de permanência

306
B- extremidade

C- fixação

D- número de vias

E- calibre

307
F- Tipos de sonda vesical

 Cateterização vesical
• Definição: Procedimento invasivo que exige técnica assética e que consiste na
introdução de uma sonda na bexiga através do meato urinário e uretra.
• Indicações:
o Avaliar a função renal em clientes em situação crítica;
o Resolver uma retenção urinária (obstrução; estenose);
o Avaliar a urina residual após a micção;
o Após cirurgia da bexiga ou da uretra;
o Para exames de diagnóstico, tratamento e lavagem vesical;
o Colheita de amostra de urina;
o Necessidade de imobilização da coluna e região pélvica;
o Incontinência urinária *
o Promover o conforto em fim de vida*

*se adequado

308
• Tipos de Cateterização vesical

Intermitente - para
esvaziar a bexiga;
colher urina
Tipos de
Curta duração
Cateterização Vesical
Permanente - exige
substituição periódica
do cateter vesical
Longa duração

• Riscos
o Infeção (exige assepsia; evitar refluxo para a bexiga)
o Perfuração / Falso trajeto
o Estenose (devido a lesão da mucosa da uretra)

• Material
o Tabuleiro;
o Taça/Tina reniforme estéril
o Luvas esterilizadas (2 pares)
o Luvas limpas (cuidado higiene)
o Campo cirúrgico sem janela
o Campo cirúrgico com janela
o Lubrificante hidrossolúvel estéril
o Solução de limpeza (NaCl a 0,9%)
o Fixador ou adesivo
o Compressas esterilizadas
o Compressas limpas
o Avental e Resguardo
o Seringa (10ml) estéril
o Agulha de diluição estéril
o Ampola de água destilada (10ml)
o Contentor (objetos corto-perfurantes)
o Sonda Vesical
o Sistema de drenagem estéril
o Suporte para saco coletor
o Contentor de resíduos adequado ao grau de contaminação

309
• Procedimento
1. Higiene das mãos;
2. Avaliar a necessidade de cateterização vesical (características da urina; última micção;
globo vesical; prescrição médica);
3. Avaliar a situação clínica do cliente (idade; estado consciência; patologias geniturinária;
mobilidade; alergias);
4. Explicar os objetivos e etapas do procedimento;
5. Obter consentimento informado;
6. Assegurar a privacidade;
7. Higiene das mãos;
8. Preparar o material e colocá-lo junto da cama;

9. Colocar EPI (Avental)


10. Posicionar o cliente

11. Colocar resguardo


12. Higiene das mãos
13. Calçar luvas limpas e efetuar a higiene dos genitais. No final remover as luvas e efetuar a
higiene das mãos.

310
14. Colocar o material esterilizado no tabuleiro com campo esterilizado

15. Higiene das mãos


16. Calçar luvas esterilizadas

17. Conectar a sonda vesical ao sistema de drenagem estéril; Fechar a válvula do saco
coletor de urina.

Aspirar para a seringa o volume de água destilada indicado pelo fabricante.

311
18. Lubrificar a extremidade da sonda vesical;

19. Limpar o meato urinário com Soro Fisiológico e remover as luvas

20. Higienizar as mãos (SABA) e calçar o segundo par de luvas esterilizadas;

21. Colocar o campo estéril com janela sobre a região suprapúbica;

312
22. Solicitar ao cliente que respire profundamente durante a introdução do cateter;

23. Introduzir o cateter vesical no meato urinário, rodando-o;

24. Confirmar a presença da sonda vesical na bexiga;

25. Fixar internamente a sonda vesical;

26. Retirar as luvas e realizar a higiene das mãos;

27. Fixar a sonda vesical externamente;

313
28. Colocar o saco coletor de urina no suporte

29. Retirar o avental;

30. Ajudar o cliente a vestir-se e a posicionar-se. Refazer a cama;

31. Avaliar a reação do cliente.

32. Arrumar a unidade,

33. Recolher o material, providenciando o correto tratamento;

34. Higiene das mãos;

35. Educar sobre a manutenção da drenagem vesical;

36. Registos

✓ Identificação do cliente;
✓ Hora;
✓ Data;
✓ Motivo;
✓ Tipo e calibre da sonda; características da urina; colaboração do cliente;
✓ Incidentes;
✓ Ensino

• Cuidados de manutenção
a) Vigiar a permeabilidade do sistema de drenagem e características da urina;
b) Reforçar a ingestão hídrica se indicado
c) Manter o saco coletor de urina sem tocar no chão
d) Despejar o saco coletor de urina no contentor limpo e desinfetar a válvula com álcool a
70º
e) Manter a higiene perineal diária e a fixação externa da sonda
f) Substituir a sonda vesical de acordo com a recomendação do fabricante;
g) Atualizar o calendário de substituição do cateter vesical;
h) Manter a drenagem vesical o mínimo tempo possível; Educar sobre a manutenção da
drenagem vesical;

314
315
CONSOLIDAÇÃO DE CONHECIMENTOS

Resultados de Aprendizagem

 Define os conceitos de defecação e de micção;


 Caracteriza as dimensões e os fatores que afetam a NHF Eliminar;
 Caracteriza o padrão de eliminação intestinal e urinário ao longo do ciclo vital;
 Caracteriza as fatores que condicionam a eliminação intestinal e urinária;
 Descreve as intervenções de enfermagem suscetíveis de ajudar a satisfazer a NHF Eliminar
ao longo do ciclo de vida;
 Fundamenta as intervenções de enfermagem suscetíveis de ajudar a satisfazer a NHF
Eliminar;
 Executa intervenções de enfermagem relacionadas com a NHF Eliminar: Cateterização
vesical, Enema de limpeza, Colocação de arrastadeira, Colocação de Dispositivo Urinário
Trabalho autónomo
a) Descrever os reflexos envolvidos na defecação
b) Analisar a dimensão social da NHF Eliminar
c) Fundamentar a forma como a alimentação influencia a eliminação intestinal
d) Relacionar a eliminação urinária com a idade
e) Explicar como a tonicidade muscular afeta a micção
f) Indicar os fatores que determinam a frequência das dejeções
g) Fundamentar a importância da cor da urina ao avaliar o padrão de eliminação.
h) Descrever quatro tipos de cateter vesical 9. Fundamentar a seleção de uma sonda de silicone
i) Justificar a ação dos laxantes
j) Justificar a necessidade de cateterização vesical
Bibliografia

Leituras obrigatórias

Bolander, Verolyn Rae (1998) Enfermagem Fundamental: abordagem psicofisiológica. Lisboa:


Lusodidacta. (1269-1303; 1360-1386; 1396-1413; 1421-1445). Escola Superior de Enfermagem
de Lisboa (2014).
Hockenberry & Wilson (2011) WONG’S – Nursing care of infants and children. 9th Edition:
Elsevier-Mosby. (1025-1028; 1135-1143; 1048).
Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (2004) Recomendações para
a prevenção de infeção do trato urinário. Algaliação de curta duração. Programa Nacional de
controlo de Infeção. Acedido em Outubro de 2013. Disponível em www.umcci.minsaude.pt
Potter, P., Perry, A. (2006) Fundamentos de Enfermagem Conceitos e procedimentos. 5 ª Edição
em português. Loures: Lusociência.

Leitura recomendada
Cristóvão, A. Filipe; Sá; Eunice (2012). O papel do enfermeiro em urologia. In SILVA et al.
Enfermagem em urologia, LIDEL, Edições Técnicas, Lisboa: 2012.
Marinez, A. P; Azevedo, G. S. (2012) Tradução, adaptação cultural e validação da Bristol Stool
Form Scale para a população brasileira. Revista Latino-Americana de Enfermagem. 20(3).
Acedido em Outubro 2013. Disponível em www.eerp.usp.br/rlae

316
317
3.11 Ajudar a Agir/praticar de acordo com as suas crenças

3.11.1.1 Conceitos associados, padrão e dimensões da NHF ao logo do ciclo de vida,


capacidades e problemas relevantes. Crenças e necessidades espirituais

3.11.2 O cuidado de enfermagem na facilitação da expressão pessoal e na busca de


sentido; na disponibilização de recursos; e na redução de obstáculos à manifestação de
crenças e práticas pessoais

3.12 Ajudar a Trabalhar em algo que proporcione um sentido de realização a Divertir-se ou


participar em várias formas de recreação e a Aprender, descobrir ou satisfazer a curiosidade
que conduz a um desenvolvimento normal e a utilizar os meios sanitários existentes

3.12.1 Conceitos associados, padrão e dimensões da NHF ao logo do ciclo de vida,


capacidades e problemas relevantes

3.12.2 O trabalho, o lazer e o aprender como determinantes do estilo de vida


saudável

3.12.3 O brincar como instrumento terapêutico de enfermagem

4. Cuidado à pessoa em processo de morte

4.1 Conceitos associados: o processo de morrer, a pessoa em fase agónica e a


individualidade no processo de morrer; o significado de cuidar de uma pessoa que está a
morrer

4.2 A ajuda na satisfação das NHF com vista a uma morte serena: a ação paliativa na
fase agónica.

318
319
320
321
322
323
ANEXO 1
Compilação dos documentos de apoio: “Alimentação”

324
 Gorduras
No contexto de uma alimentação saudável, as gorduras
provenientes de diferentes alimentos são essenciais ao bom
funcionamento do nosso organismo e, quando consumidas nas
proporções recomendadas (não excedendo os 30% do valor
energético diário), são bem toleradas e têm diversos efeitos
benéficos. Mas, quando consumidas em excesso e
desregradamente os efeitos prejudiciais são muitos e rapidamente
se fazem sentir no nosso estado de saúde.

• Gorduras alimentares
o No contexto de uma alimentação saudável, as gorduras provenientes de
diferentes alimentos são essenciais ao bom funcionamento do nosso
organismo e, quando consumidas nas proporções recomendadas (não
excedendo os 30% do valor energético diário), são bem toleradas e têm
diversos efeitos benéficos. Mas, quando consumidas em excesso e
desregradamente, os efeitos prejudiciais são muitos e rapidamente se fazem
sentir no nosso estado de saúde.

o Importância das gorduras


- Fornecem os ácidos gordos essenciais que não podem ser sintetizados pelo
nosso organismo e são fundamentais para o crescimento e desenvolvimento de
crianças e adolescentes e para a manutenção do estado de saúde físico e mental
de adultos;
- São o veículo para a ingestão de vitaminas lipossolúveis (vitaminas A, D, E, K,
que são solúveis em gordura);
- Estimulam a secreção da bílis e melhoram o funcionamento da vesícula biliar;
- Atrasam o esvaziamento gástrico e por isso regulam o trânsito do bolo
alimentar;
- Possuem grande capacidade de saciar o apetite, contribuindo assim para a
diminuição da quantidade de alimentos consumidos.

o Consequências do consumo excessivo de gorduras


- Aumentam o valor energético total consumido diariamente,
consequentemente aumentam os depósitos de gordura corporais, elevando o
risco do aparecimento de excesso de peso e obesidade;
- Aumentam o risco de aparecimento de diversas doenças como: doenças
cérebro e cardiovasculares, hipertensão arterial, arteriosclerose, colesterol
sanguíneo elevado, determinados tipos de cancro (cólon, mama, próstata,
entre outros), etc.;
- Dificultam o processo digestivo, originando indisposições e enfartamentos;

325
- Desregulam o funcionamento da vesícula biliar (especialmente quando são
gorduras sobreaquecidas), uma vez que é necessária uma quantidade muito
superior de secreções biliares;
- Alteram o funcionamento da flora intestinal e as reações por elas mediadas,
irritando a parede do cólon, aumentando a exposição deste a agentes
potencialmente carcinogénicos e favorecendo o aparecimento de lesões
estruturais;
- Quando sobreaquecidas, decompõem-se, dando origem à formação de
substâncias tóxicas e cancerígenas altamente prejudiciais à saúde.

o Que tipos de gorduras nos fornecerem os alimentos?


• Gordura Monoinsaturada
A gordura monoinsaturada reconhece-se geralmente pelo facto de ser
líquida à temperatura ambiente, podendo solidificar se submetida a
temperaturas muito baixas. Este tipo de gordura é predominantemente
constituído por ÁCIDOS GORDOS MONOINSATURADOS. Estes dizem-se
monoinsaturados porque dispõem na sua estrutura química de uma ligação livre
entre átomos de carbono para reagir com outros átomos. Os ácidos gordos
monoinsaturados são os que o nosso organismo melhor tolera. O seu consumo
está associado com a diminuição da fracção LDL do colesterol sanguíneo (“mau
colesterol”) e com a manutenção da integridade celular. Este ácido gordo
raramente origina lesões celulares, pois não promove a formação de radicais
livres (compostos que reagem com o oxigénio, tornando-se muito prejudiciais
para as células). O azeite é definitivamente o maior fornecedor alimentar de
ácidos gordos monoinsaturados, devendo por isso ser sempre preferido em
relação às outras gorduras, tanto para cozinhar como para temperar; outros
alimentos como o óleo de amendoim, os frutos oleaginosos (ex.: amêndoas,
nozes, amendoim, avelã, etc.) e o abacate fornecem também quantidades
significativas de ácidos gordos monoinsaturados.

• Gordura Saturada
A gordura saturada reconhece-se geralmente pelo facto de ser sólida à
temperatura ambiente. Este tipo de gordura é predominantemente constituído
por ÁCIDOS GORDOS SATURADOS. Estes ácidos gordos dizem-se saturados
porque não dispõem na sua estrutura química de ligações entre os átomos de
carbono livres para reagir com outros átomos.
O consumo excessivo de gordura saturada está associado ao aumento do risco
de doenças cardiovasculares, aumento do colesterol sanguíneo,
particularmente do colesterol LDL (“mau colesterol”), doença aterosclerótica,
etc. Assim, recomenda-se que a ingestão de gorduras saturadas não ultrapasse
os 10% do valor energético total.
Alimentos ricos em gordura saturada: manteiga, queijos gordos, produtos de
charcutaria gordos (chouriço, alheiras, salsichas, etc.), banha de porco, óleo de
palma, óleo de coco, gordura da carne de vaca, margarinas (sobretudo as
duras).

• Gordura Polinsaturada

326
A gordura polinsaturada reconhece-se geralmente pelo facto de ser líquida à
temperatura ambiente podendo, tal como as gorduras monoinsaturadas,
solidificar naturalmente se submetida a temperaturas ambientes muito baixas.
Este tipo de gordura é predominantemente constituído por ÁCIDOS GORDOS
POLINSATURADOS. Estes dizem-se polinsaturados, porque dispõem na sua
estrutura química de ligações livres, entre os átomos de carbono, o que lhes
permite reagir com outros átomos.
Os ácidos gordos polinsaturados são componentes fundamentais da nossa
alimentação. Desempenham papéis essenciais na resposta à infecção, são
essenciais no crescimento e desenvolvimento do nosso organismo, na
produção de metabolitos essenciais que contribuem de modo decisivo para a
modelação da resposta cardiovascular, entre muitas outras funções.
No seu conjunto, estes ácidos são considerados essenciais, porque o nosso
organismo não os consegue sintetizar a partir de outras substâncias, por isso
têm que ser fornecidos pelo regime alimentar.
Entre os ácidos gordos polinsaturados, temos os ácidos gordos da série ómega
6 e os ácidos gordos da série ómega 3, que se distinguem com base na sua
estrutura química e nas diferentes funções que cada um desempenha. São boas
fontes de gordura polinsaturada: óleos vegetais, frutos oleaginosos, cereais
integrais, sementes, gordura de peixe, óleo de fígado de peixe e hortícolas de
cor verde escura.

• Ácidos Gordos Ómega 6


Os ácidos gordos da série ómega 6, são um conjunto de ácidos gordos
polinsaturados, que quimicamente se caracterizam por possuírem uma dupla
ligação no 6.º átomo de carbono a contar do último radical metilo (ou seja a
contar do fim da molécula). Estes ácidos gordos desempenham um papel
importante no desenvolvimento cerebral, no tempo de vida e estrutura das
células, na protecção da pele, etc.
Quando consumidos em excesso, podem ter efeitos prejudiciais para a nossa
saúde, tais como o envelhecimento celular precoce, alterações estruturais das
membranas celulares, anomalias na multiplicação celular e indução do
aparecimento de carcinomas, formação abundante de compostos que facilitam
o entupimento dos vasos sanguíneos, etc. Fazendo uma alimentação diária
saudável e moderando o consumo total de gorduras, o risco de consumir
ómega 6 em excesso é praticamente nulo. São boas fontes alimentares de
ácidos gordos ómega 6 os óleos vegetais (amendoim, soja, girassol, milho, etc.),
frutos oleaginosos, cereais integrais e sementes.

• Ácidos Gordos Ómega 3


Os ácidos gordos da série ómega 3 são um conjunto de ácidos gordos
polinsaturados, que quimicamente se caracterizam por possuírem uma dupla
ligação no 3.º átomo de carbono a contar do último radical metilo (ou seja a
contar do fim da molécula).
De um modo geral, associa-se o adequado consumo destes ácidos gordos ao
melhor funcionamento do sistema cardiovascular e à protecção do indivíduo
em relação a doenças cardíacas e vasculares. Para além do importante papel
na prevenção das doenças cardíacas, é de salientar a associação entre o

327
adequado consumo deste tipo de ácidos e o normal desenvolvimento do córtex
cerebral e das capacidades cognitivas da criança. Planos alimentares pobres em
ómega 3 aumentam o risco da ocorrência de: tromboses, aterosclerose,
doenças cardíacas, alterações neurológicas, dificuldades de aprendizagem,
diminuição da acuidade visual, entre outros. Se consumidos em excesso, os
ácidos gordos ómega 3 têm efeitos indesejáveis, como por exemplo, dificultar
a resposta à infecção e alterações da coagulação sanguínea com tendência para
a hemorragia. O consumo excessivo destes ácidos é raro, mas pode acontecer,
especialmente se o consumidor ingerir suplementos de óleos de peixe e
adicionalmente consumir com regularidade alimentos enriquecidos em ómega
3, actualmente disponíveis no mercado. São boas fontes alimentares de ómega
3 a gordura e o óleo de fígado de peixes (ex.: salmão, arenque, sável, chicharro,
congro, sardinha, enguia, óleo de fígado de bacalhau, etc.) e hortícolas de cor
escura (ex.: bróculos, espinafres).

• Colesterol
O colesterol é um tipo de gordura que existe apenas nos alimentos de origem
animal e é um dos compostos pertencentes à vasta família dos esteróides.
Apesar de desempenhar funções muito importantes no nosso organismo, este
tipo de gordura, se consumida em excesso,
pode também revelar-se muito prejudicial.
Quando se ingerem grandes quantidades de
colesterol diariamente, este pode elevar os
níveis do nosso colesterol sanguíneo (do
colesterol total e do “mau colesterol”) e, por
isso, aumentar o risco do aparecimento de
doenças circulatórias e cardíacas.
As recomendações nutricionais atuais indicam que, por dia, não se deve ingerir
mais de 300 mg de colesterol. Assim é aconselhável reduzir o consumo de
alimentos ricos neste tipo de gordura: produtos de salsicharia e charcutaria
(ex.: presuntos, chouriços, alheiras, salsichas, ...), vísceras alimentares e
miúdos, banha, toucinho, massas folhadas, caldos concentrados, gema do ovo,
leite gordo, queijos gordos, manteiga, margarina, camarão, caranguejo,
lagostim, polvo fresco, enguia, amêijoa, etc.
Adicionalmente procure aumentar o seu consumo de alimentos vegetais, uma
vez que nestes o colesterol é praticamente inexistente, e, como têm um
elevado teor em fibras, contribuem para a diminuição da absorção do restante
colesterol alimentar.

• Fitosteróis
Os fitosteróis são um tipo de gordura,
estruturalmente semelhante ao colesterol, mas
que ao contrário deste, tem origem vegetal. São
elementos essenciais da componente lipídica
das plantas e da estrutura das suas membranas
celulares.

328
Os estudos actuais demonstram que os fitosteróis desempenham um
importante papel na diminuição dos níveis de colesterol sanguíneo,
contribuindo para a diminuição do risco de doenças cardiovasculares. Parecem
promover um melhor controlo das glicemias nas diabetes tipo 1 e 2 e
contribuem para a prevenção do aparecimento de diversos tipos de cancro
(cólon, mama e próstata), entre muitos outros efeitos benéficos.
As melhores fontes alimentares de fitosteróis são: hortícolas, legumes,
leguminosas secas, óleos vegetais pouco refinados, sementes e frutos
oleaginosos.
Os fitosteróis são facilmente removidos durante o processamento alimentar,
por isso procure consumir alimentos de origem vegetal pouco processados
industrialmente.
Se consumir diariamente frutos e vegetais em abundância, não necessitará de
recorrer aos produtos industrializados fortalecidos com fitosteróis e com um
preço elevado. No entanto, se o seu dia alimentar é nutricionalmente mais
pobre, estes produtos (ex.: margarinas e iogurtes enriquecidos em fitosteróis
que ajudam a diminuir o colesterol) podem ser uma alternativa útil.
Até à data não se conhecem efeitos indesejáveis, de grande gravidade,
resultantes do uso dos alimentos enriquecidos em fitosteróis. Alguns estudos
parecem mostrar, no entanto, a ocorrência de uma diminuição dos valores
sanguíneos de vitaminas antioxidantes, que pode ser compensada com o
aumento do consumo de hortofrutícolas (de preferência dos mais coloridos),
que são ricos neste tipo de vitaminas.

• Ácidos Gordos trans


Nos alimentos, os ácidos gordos mono e polinsaturados podem apresentar
duas formas estruturais diferentes, cientificamente descritas como a forma cis
e a forma trans. A que se encontra habitualmente é a forma cis. Durante a
hidrogenação dos ácidos gordos mono ou polinsaturados, estes sofrem
alterações estruturais fundamentais que levam à transformação da sua
estrutura química cis (normal) em trans (anómala). Os ácidos gordos trans
podem formar-se por 3 processos:
• Transformação bacteriana dos ácidos gordos polinsaturados no
aparelho digestivo de animais ruminantes – ex.: vaca - passando depois para a
carne, gordura e leite destes ruminantes (este é o processo que produz menor
quantidade de ácidos gordos trans);
• A hidrogenação industrial das gorduras polinsaturadas, para que estas
passem do estado líquido ao pastoso ou sólido;
• O aquecimento e fritura de óleos vegetais a altas temperaturas.

Sabe-se que estes ácidos gordos são muito prejudiciais para a saúde (mais ainda
do que a gordura saturada), porque aumentam os níveis sanguíneos de
colesterol LDL (“mau colesterol”) e triglicéridos, e diminuem os de colesterol
HDL (“bom colesterol”), estando portanto, associadas a uma maior incidência
de doenças cardíacas e vasculares. Apenas 1% do valor energético total diário
(no máximo), pode corresponder a estas gorduras. As principais fontes
alimentares dos ácidos gordos trans são os alimentos que contêm gordura

329
hidrogenada e os cozinhados em óleos vegetais submetidos a um
sobreaquecimento, ex.: pão de forma de produção industrial, bolachas,
biscoitos, fast-food, batatas fritas de pacote, aperitivos, snacks de chocolate,
alguns cereais de pequenoalmoço, produtos de pastelaria e confeitaria, bolos
embalados, refeições prontas a consumir, refeições congeladas e embaladas
prontas a consumir, alguns gelados, etc.

• Gordura Hidrogenada
Diz-se que uma gordura sofreu hidrogenação quando, por um processo natural
ou artificial, os átomos de carbono dos seus ácidos gordos reagem com o
hidrogénio e perdem as ligações livres. Ora, se possuíam ligações livres e por
algum motivo deixam de as ter, estes ácidos gordos passam de mono ou
polinsaturados a saturados, designando-se ácidos gordos hidrogenados.
Os óleos vegetais são frequentemente submetidos ao processo de
hidrogenação pela indústria alimentar, o que faz com que estes passem do
estado líquido para o estado sólido. Com este processo pretende-se obter uma
gordura consistente e macia que é mais fácil de usar na produção alimentar.
Esta gordura também parece aumentar o tempo de vida dos alimentos onde se
insere e atribui-lhes um sabor apreciado pelos consumidores. A hidrogenação
dos ácidos gordos polinsaturados é um dos processos que induz a formação dos
prejudiciais ácidos gordos trans. São imensos os alimentos que contêm gordura
hidrogenada, sendo de notar que o processo de obtenção de margarinas, e
outras gorduras para barrar de origem vegetal, é o da hidrogenação de óleos
vegetais (através da hidrogenação, os óleos alimentares passam do estado
líquido ao estado sólido/pastoso). Os alimentos muito processados
industrialmente são habitualmente ricos em gordura hidrogenada, por
exemplo: pão de forma de produção industrial, bolachas, biscoitos, fast-food,
batatas fritas de pacote, aperitivos, snacks de chocolate, alguns cereais de
pequenoalmoço, produtos de pastelaria e confeitaria, bolos embalados,
refeições prontas a consumir, refeições congeladas e embaladas prontas a
consumir, alguns gelados, etc

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• Sugestões práticas para reduzir o seu consumo diário de gordura
Procure ler o rótulo dos alimentos que compra, e sempre que a informação
nutricional estiver disponível, escolha o produto com menor quantidade de gordura;
Reduza a quantidade de gordura que usa para cozinhar, preferindo sempre o azeite
a outros tipos de gorduras de adição (ex.: óleos, margarinas, manteiga ou banha);
Evite o consumo regular dos seguintes alimentos:
• Rissóis, croquetes, bolinhos ou pastéis de bacalhau, chamuças e outros
“salgadinhos”;
• Folhados, quiches, empadas e outras tartes;
• Produtos de pastelaria e confeitaria (ex.: croissants, bolas de Berlim, natas, etc.);
• Produtos de charcutaria e salsicharia (ex.: salsichas, fiambre, chouriço, linguiças,
alheiras, paio, chourição, toucinho, etc.);
• Refeições tipo fast-food (ex.: pizzas, hambúrgueres, cachorros quentes, etc.);
• Panados de carne, peixe, queijo ou fiambre;
• Batatas fritas e outros aperitivos;
• Maionese, mostarda, molhos com natas e outros muito gordurosos, etc.
• Caldos concentrados (ex.: galinha, vaca, marisco, etc.);
• Patês (ex.: fígado, atum, etc.);
• Bolachas e biscoitos;
• Chocolates, bombons, snacks de chocolate e gorduras para barrar de chocolate;
• Determinados tipos de queijo. Limite a gordura usada para o tempero de
alimentos no prato, preferindo sempre o azeite a outros molhos;
Evite fritar os alimentos; opte por processos que requerem menor quantidade de
gordura (ex.: cozer, grelhar ou estufar). Se assar no forno adicione pouca gordura,
preferencialmente azeite, e rejeite o molho que fica na assadeira;
Retire toda a gordura visível dos alimentos, antes de os confecionar e também no
prato;
Dê preferência ao peixe e a carnes magras (ex.: aves e coelho, retirando-lhes sempre
a pele), em detrimento de carnes de mamíferos ou outras com maior quantidade de
gordura. Lembre-se que o peixe ultracongelado pode ser uma alternativa segura e
perfeitamente aceitável como substituto do peixe fresco;
Consuma leite e seus derivados com baixo teor de gordura (meio gordo ou magro);
Se habitualmente recheia o pão com manteiga ou margarina, use apenas pequenas
porções destas gorduras.

• Utilização adequada das gorduras alimentares


De acordo com a sua composição em ácidos gordos, as gorduras alimentares devem
ser usadas para diferentes preparações. O uso de cada tipo de gordura de forma
correcta evita a sua degradação, que leva à formação de compostos químicos que
são altamente prejudiciais à saúde.

• Sugestões para cozinhar com menos gordura


• Antes de cozinhar, retire a pele às aves e as gorduras visíveis das
carnes;
• Se consumir conservas de peixe (ex.: atum, sardinhas, etc.), opte
por conservas em água ou em molho de tomate;

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• Quando fizer peixe ou carne assados no forno: retire as gorduras visíveis do
alimento a assar, faça uma marinada rica em vinho, alho, cebola, ervas e especiarias
ao seu gosto; mergulhe a peça nesta marinada e deixe-a no frigorífico de um dia
para o outro em recipiente fechado, procurando rodá-la frequentemente para que
esta fique bem impregnada com o sabor da marinada. Para a levar ao forno, encha
o fundo da assadeira com rodelas de cebola e deite parte da marinada preparada
no fundo da assadeira, reservando uma porção para regar a peça no momento de ir
ao forno e outra pequena porção para deitar enquanto a peça está a assar. Coloque
a carne ou o peixe na assadeira por cima da cebola, regue-a com a marinada e
apenas um fio de azeite. Asse a peça lentamente em forno brando para que esta
fique mais tenra. Quando o assado estiver pronto, retire a carne ou peixe para fora
da assadeira e rejeite todo o molho que está no fundo - apesar dos cuidados
anteriormente referidos este molho vai ser rico em gorduras (porque contém o
azeite adicionado e as gorduras que exsudaram da própria peça).
• Faça o habitual refogado da seguinte forma: ponha a cebola a estalar, usando o
dobro da quantidade de cebola que usaria habitualmente, numa mistura de água,
com um pouco de azeite, e vá acrescentando água para a cebola não queimar. Deste
modo, o resultado final deste refogado, quer seja arroz ou um apetitoso estufado,
vai ter sempre muito menos gordura.
• Para gratinar utilize pão ralado ou queijo magro. Se não encontrar à venda queijo
magro já ralado, compre queijo magro com antecedência e deixe-o no frigorifico
durante alguns dias para que este possa secar. Quando o queijo já estiver mais seco,
rale-o num ralador comum e utilize-o normalmente nos seus gratinados.
• Para temperar saladas, opte por molhos pouco gordurosos: use sumo de limão e
um pouco de sal, ou experimente fazer um simples molho de iogurte usando iogurte
natural não açucarado, temperando-o com uma pitada de sal, pimenta, outras
especiarias e ervas a seu gosto.
• Lembre-se que nas frigideiras anti-aderentes pode cozinhar sem adição de
gordura, assim pode fazer bifes grelhados, omeletes ou ovos mexidos sem gordura,
preservando o sabor destes alimentos!

 Vitaminas
• As vitaminas são nutrientes indispensáveis ao crescimento e à manutenção da vida.
Como o nosso organismo não tem a capacidade de as sintetizar, temos que
assegurar a sua ingestão através da alimentação.
• São ativas em quantidades muito pequenas e estão envolvidas em vários processos
relacionados com a transferência e armazenamento de energia, proteção e reforço
do nosso sistema imunitário (defesas do organismo), formação de ossos e tecidos,
atividade de outros nutrientes, formação e manutenção da estrutura e funções
celulares, etc.
• As vitaminas não fornecem energia (calorias), mas como estão envolvidas em
diversos processos metabólicos são essenciais para a nossa vitalidade, vigor e
energia diária.
• Tradicionalmente as vitaminas agrupam-se de acordo com um critério de
solubilidade em hidrossolúveis (se forem solúveis em água) e lipossolúveis (solúveis
em gordura e que têm que ser veiculadas através de gorduras alimentares).

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• Cada vitamina desempenha funções próprias e específicas, por isso o excesso de
uma vitamina não pode ser usado para compensar a falta de outra. O excesso de
vitaminas hidrossolúveis é excretado principalmente na urina pois o organismo não
tem capacidade para as armazenar. O consumo excessivo de vitaminas lipossolúveis
pode conduzir à sua acumulação nos depósitos de gordura, o que tem poucas
vantagens funcionais, podendo mesmo assumir proporções de toxicidade no caso
de um consumo excessivo prolongado. No grupo das lipossolúveis incluem-se as
vitaminas A, D, E e K; todas as restantes vitaminas fazem parte do grupo de
vitaminas hidrossolúveis.

• Vitaminas – fontes alimentares e funções

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