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Inês Gonçalves- nº 22101313

GUIA DE RECOLHA DE INFORMAÇÃO/REFERENCIAL


TEÓRICO
1. TEORIA DO DÉFICE DE AUTOCUIDADO DE DOROTHEA OREM

Para Dorothea Orem o autocuidado é definido como “a prática de atividades que


favorecem o aperfeiçoamento e amadurem as pessoas que iniciam e desenvolvem dentro
de espaços de tempos específicos, cujo objetivos são preservação da vida e o bem-estar
pessoal.”

A Teoria do Défice de Autocuidado em Enfermagem é composta por três teorias: a


Teoria do Autocuidado, a Teoria do Défice de Autocuidado e a Teoria dos Sistemas de
Enfermagem. A Teoria do Autocuidado refere como e porquê de as pessoas cuidarem de
si próprias, esta engloba o autocuidado, sendo este uma função humana reguladora que
as pessoas desempenham por si próprias ou que alguém a execute por estas, de forma a
preservar a vida, a saúde e bem-estar. Esta Teoria compreende as limitações e condições
das ações que podem beneficiar com a enfermagem, existindo um equilíbrio entre o
excesso e défice de cuidados para a pessoa ser capaz de realizar o autocuidado.
(Tomey & Alligood, 2002, como referid
Esta Teoria contém os
seguintes conceitos: o Agente de Autocuidado (em que a pessoa realiza de forma
independente as suas ações), os Requisitos de Autocuidado, os Requisitos de
Autocuidado Universais (que são comuns a todos os seres humanos ao longo do ciclo de
vida), os Requisitos de Autocuidado de Desenvolvimento (associados aos processos de
desenvolvimento humano) e os Requisitos de Autocuidado por Desvio de Saúde
(utilizados em situações de doença ou lesão que leva à incapacidade).

A Teoria do Défice de Autocuidado explica como as pessoas podem ser ajudadas em


Enfermagem. O enfermeiro intervém de forma a minimizar os efeitos deste défice,
sendo que é associada à maturidade das pessoas em relação às limitações de ação que as
tornam total ou parcialmente dependentes. Para Queirós (2010) a pessoa pode variar na
necessidade dos cuidados, na capacidade autónoma da sua satisfação e das necessidades
de apoio nas situações de transição.
A Teoria dos Sistemas de Enfermagem refere as relações que devem ser criadas de
forma a produzir enfermagem, dando resposta às necessidades de autocuidado
terapêutico, sendo o enfermeiro agente deste autocuidado. Esta teoria divide-se em três
sistemas: o sistema totalmente compensatório, onde a pessoa não consegue realizar o
autocuidado dependendo inteiramente de outros para o seu bem-estar; o sistema
parcialmente compensatório, em que a pessoa apresenta capacidade para realizar
algumas ações, e por último, o sistema de apoio educativo, na qual o individuo
apresenta capacidades para o autocuidado, precisando apenas de educação e
supervisionamento por parte dos enfermeiros.

2. TEORIA DAS TRANSIÇÕES DE AFAF MELEIS

Ao longo da vida, as pessoas passam por certas transições e mudanças, sendo que o
enfermeiro deve identificar estes momentos e torna-los mais saudáveis. A transição é a
“passagem ou movimento de um estado, condição ou lugar para outro”, existindo quatro
tipos de transições: de desenvolvimento, saúde/doença, situacional e organizacional.
Estas podem ocorrer de forma simultânea, num momento único ou numa sequência
podendo ou não estar relacionadas.
(Meleis, 2010, como referido por Carvalho, 2019, p.5)

As transições de desenvolvimento é quando ocorre um período significativo na vida da


pessoa (como a maternidade, adolescência, infância). As transições de saúde/doença são
associadas a uma situação de doença, isto é, quando passa de um estado saudável para
um estado de doença, ou vice-versa. As situacionais ocorrem devido a alteração de
papeis antes desempenhados (como o desalojamento, mudanças familiares como
situações de viuvez). Por último as transições organizacionais indicam mudanças que
ocorrem no seu ambiente, podendo ser sociais, políticas, económicas e
intraorganizacionais (como a reorganização de uma empresa).

As propriedades universais das transições, isto é, os aspetos comuns que caracterizam


uma transição são: o processo, a desconetividade, a perceção, o consciente e os padrões
de resposta. Os condicionantes de transição podem ser pessoais, da comunidade e da
sociedade podendo ser cada um, uma condição facilitadora ou inibidora.

Os enfermeiros, como cuidadores, assistem a mudanças da vida dos seus utentes como
da saúde à doença ou da doença à saúde, auxiliando na compreensão de fatores que
surgem no processo de transição de um individuo, proporcionando o bem-estar de
ambos.

3. PROCESSO DE ENFERMAGEM

O processo de enfermagem é definido como um processo intelectual e deliberado,


estruturado segundo etapas logicamente ordenadas, sendo utilizado para planificar
cuidados personalizados visando a melhoria do estado de saúde da pessoa cuidada.
(Phaneuf, 2003)

Este é processo que abrange cinco etapas: a recolha de dados, o diagnóstico de


enfermagem, o planeamento, a implementação e a avaliação. O objetivo deste é
diagnosticar e tratar as respostas humanas em relação aos problemas de saúde.

Segundo Potter et al (2017), a primeira etapa do processo de enfermagem realiza-se com


base na observação, exame físico e entrevista clínica. A recolha de dados envolve a
colheita de informação, validação dos dados e análise e interpretação destes, os
familiares e amigos, a equipa de saúde e o processo clínico ajudam a validar os dados.
Na segunda etapa, o diagnóstico de enfermagem, ocorre o julgamento clínico que
constrói uma resposta da pessoa face aos problemas de cuidados de saúde, a
identificação das necessidades da mesma e a formulação do diagnóstico.

O planeamento constrói um plano de ação que estabeleça os objetivos e os resultados


esperados pela a pessoa e descreva as suas prioridades nos cuidados, este é mudado à
medida que os problemas anteriores são resolvidos.

Na penúltima etapa, a implementação, são desenvolvidas intervenções de forma a


promover um autoconceito saudável e ajudar o utente a cumprir as suas metas,
assegurando a qualidade da prática de cuidados de saúde. Antes de implementar uma
intervenção, é necessário reavaliar a pessoa, rever o plano de cuidados, organizar os
recursos e prestar cuidados, realizar uma prevenção de complicações e estar consciente
das habilidades de implementação.

Por último, a avaliação do processo, ocorre antes, durante e depois de cada


procedimento. Esta etapa verifica se os resultados foram alcançados, comparando os
ganhos obtidos com os resultados esperados, nesta ainda são identificados os obstáculos
que prejudicam a progressão para alcançar os objetivos e caso seja necessário modifica-
se o plano de cuidados de saúde.
4. MODELO DE AVALIAÇÃO FAMILIAR DE CALGARY
O Modelo de Avaliação Familiar de Calgary (MAFC) é uma estrutura
multidimensional, sendo interativo na área saúde familiar, tendo a perspetiva da família
como contexto e como foco de cuidados. Este modelo abrange três dimensões que nos
permitem compreender melhor a estrutura de cada família, estas dimensões são:
estruturais, desenvolvimentais e funcionais.
Tendo em conta este modelo, a dimensão estrutural refere-se à estrutura familiar, isto é
quem faz parte dela e o seu contexto. Esta dimensão contém três aspetos. Os elementos
internos, que tem em conta a composição familiar, a orientação sexual, ordem de
nascimento, os subsistemas e os limites. Os elementos externos abordam sobre a família
extensa e os subsistemas, por último o contexto que identifica a etnia e a raça, classe
social, religião e ambiente.
A dimensão desenvolvimental refere-se à informação recolhida sobre estágios (que
ocorre desde a formação da família até à sua dissolução), as tarefas (como a educação e
atividades domésticas) e os vínculos ( como a relação entre os membros da família).
Relativamente à estrutura funcional, esta divide-se em instrumental que se relaciona
com as atividades diárias (como alimentar-se, dormir) e no funcionamento expressivo,
que esclarece aspetos como os estilos de comunicação, crenças, regras, alianças, solução
de problemas e poder.

5. MODELO CONCEPTUAL DE VIRGINIA HENDERSON


Virginia Henderson refere que os enfermeiros são indispensáveis na saúde, pois estes
substituem as pessoas, em caso de incapacidade, nas suas necessidades básicas. Assim
elaborou as catorze Necessidades Humanas Fundamentais (NHF), que todos nós
partilhamos em comum.
Segundo a avaliação inicial em linguagem CIPE Beta 2, apresento as NHF segundo o
Modelo de Virginia Henderson.
De acordo com a linguagem CIPE a primeira NHF é a Respiração e Circulação,
correspondendo a Respiração ao tipo de função com características específicas:
processo contínuo de troca molecular de oxigénio e dióxido de carbono dos pulmões
para oxidação celular, regulada pelos centros cerebrais da respiração, recetores
brônquicos e aórticos bem como por um mecanismo de difusão. A Circulação é um tipo
de função com as características específicas: movimento do sangue através do sistema
cardiovascular como o coração e os vasos sanguíneos centrais e periféricos.
O Autocuidado Comer e Beber, sendo que o Autocuidado de Beber é um tipo de
Autocuidado com as características específicas: encarregar-se de organizar a ingestão de
bebidas durante as refeições e regularmente ao longo do dia ou quando tem sede, beber
por uma chávena ou copo ou deitar os líquidos na boca utilizando os lábios, músculos e
língua, beber até saciar a sede. O Autocuidado Comer é um tipo de função com as
características específicas: encarregar-se de organizar a ingestão de alimentos sob a
forma de refeições saudáveis, cortar e partir os alimentos em bocados manejáveis, levar
a comida à boca, metê-la na boca utilizando os lábios, músculos e língua e alimentando-
se até ficar satisfeito.
A Eliminação também corresponde a uma das NHF, sendo que é um tipo de função com
as características específicas: movimento e evacuação de resíduos sob a forma de
excreção.
O Autocuidado Atividade Física é um tipo de Autocuidado com as características
específicas: encarregar-se dos comportamentos de atividade física, assegurar o local e
oportunidade de praticar exercício na vida diária.
A próxima Necessidade Humana Fundamental é o Autocuidado Comportamento Sono-
Repouso, sendo um tipo de Autocuidado com as características específicas: assumir as
necessidades de um sono reparador, arranjar local e oportunidade para dormir, organizar
as horas de sono e repouso.
O Autocuidado Vestuário é um tipo de Autocuidado com as características específicas:
encarregar-se de vestir e despir as roupas e sapatos de acordo com a situação e o clima,
tendo em conta as convenções e códigos normais do vestir, vestir e despir a roupa pela
ordem adequada, apertá-la convenientemente.
A Temperatura Corporal é um tipo de função com as características específicas: calor
corporal relacionado com o metabolismo do corpo mantido a um nível constante com
uma ligeira subida na temperatura corporal durante o período diurno em comparação
com a temperatura corporal durante o sono e em repouso.
O Autocuidado Higiene/Proteger os tegumentos fazem parte das NHF, sendo que o
Autocuidado Higiene é um tipo de Autocuidado com as características específicas:
encarregar-se de manter um padrão contínuo de higiene, conservando o corpo limpo e
bem arranjado, sem odor corporal, lavando regularmente as mãos, limpando as orelhas,
nariz e zona perineal e mantendo a hidratação da pele, de acordo com os princípios de
preservação e manutenção da higiene. O Tegumento é um tipo de função com as
características específicas: revestimento da superfície corporal (pele, epiderme,
mucosas, tecido conjuntivo e derme, incluindo glândulas sudoríparas e sebáceas, cabelo
e unhas), tendo como funções: a manutenção da temperatura corporal, a proteção dos
tecidos subjacentes da abrasão física, a invasão bacteriana, a desidratação e radiação
ultravioleta, o arrefecimento do corpo quando a temperatura sobe; a deteção, através dos
órgãos sensoriais, de estímulos relacionados com a temperatura, tacto, pressão e dor; a
eliminação, pela respiração, de água, sais e compostos orgânicos através dos órgãos
excretores; a secreção do suor e do sebo; a síntese da vitamina D e a ativação dos
componentes do sistema imunitário.
A Consciência é um tipo de sensação com as características específicas: capacidade de o
pensamento responder a impressões e que resulta de uma combinação dos sentidos em
ordem a manter o pensamento alerta, acordado e sensível ao ambiente exterior. A
Emoção é um tipo de Autoconhecimento com as características específicas: disposições
para reter ou abandonar acções tendo em conta sentimentos de consciência do prazer ou
da dor; os sentimentos são conscientes ou inconscientes expressos ou não expressos; os
sentimentos básicos aumentam habitualmente em períodos de grande stress, perturbação
mental ou doença, e durante as várias fases de transição da vida. A Precaução é um tipo
de Comportamento de Adesão com as características específicas: proteger-se ou manter-
se a salvo de alguma coisa.
A Comunicação é um tipo de Ação Interdependente com as características específicas:
ações de dar ou trocar informações, mensagens, sentimentos ou pensamentos entre
pessoas e grupos de pessoas, usando comportamentos verbais e não verbais,
conversação face a face ou medidas de comunicação remota como o correio, correio
eletrónico e telefone. A Sensação é um tipo de função com as características específicas:
sentimento subjetivo do estado ou condição do corpo que resulta da estimulação de um
recetor sensorial, da transmissão de um impulso nervoso ao cérebro ao longo de uma
fibra nervosa aferente e do sentimento do estado mental, que pode ou não resultar numa
resposta ao estímulo externo. A Interação Social é um tipo de Ação Interdependente
com as características específicas: ações de intercâmbio social mútuo, participação e
trocas sociais entre indivíduos e grupos.
A Crença é um tipo de Autoconhecimento com as características específicas:
disposições para reter e abandonar ações tendo em conta as próprias opiniões.
A Interação de papéis/bem-estar: a Interação de Papéis é um tipo de Ação
Interdependente com as características específicas: interagir de acordo com um conjunto
implícito ou explícito de expetativas, papéis e normas de comportamentos esperados
pelos outros. O Bem-estar é um tipo de Autoconhecimento com as características
específicas: imagem mental de estar bem, equilibrado, contente, bem integrado e
confortável por orgulho ou alegria e que se expressa habitualmente demonstrando
relaxamento de si próprio e abertura às outras pessoas ou satisfação com independência.
O Autocuidado Atividade Recreativa é um tipo de Autocuidado com as características
específicas: encarregar-se de procurar atividades com o objetivo de se entreter, divertir,
estimular e relaxar.
A última NHF apresentada é a Aprendizagem, sendo esta um tipo de Autoconhecimento
com as características específicas: processo de adquirir conhecimentos ou competências
por meio de estudo sistemático, instrução, prática, treino ou experiência.
Referências:

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Centro Hospitalar do Tamega e Sousa. HYPERLINK
"https://www.researchgate.net/publication/337313131"https://www.researchgate.net/
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www.elsevier.com.br
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