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ENFERMEIRA: LEILANE

MEDEIROS
Enfermeira Onco-hematologista
Pós graduada em Cardiologia e Hemodinâmica
Especialista em Onco-hematologia pediátrica
INTRODUÇÃO
Florence (1820-1910), afirmava que a enfermagem requeria
conhecimentos distintos da medicina e também definiu as premissas de que a
profissão deveria ter como embasamento um conhecimento de enfermagem.
Com isso, foi criado o metaparadigma.
O desenvolvimento das práticas da enfermagem se deu devido à
necessidade de executar as ações com conhecimento técnico e teórico, pois em
seu início, as ações eram voltadas às medidas de alívio e à manutenção de um
ambiente limpo e próprio para a recuperação dos doentes.

Metaparadigma:
O metaparadigma pode ser compreendido como uma estrutura organizadora
de teorias,ou seja, são pilares que dão sustentabilidade à enfermagem;
Existem quatro conceitos desenvolvidos dentro de um metaparadigma: a
pessoa, a saúde, o ambiente e a enfermagem, os quais devem ser
compreendidos por todas as teorias de enfermagem.
METAPARADIGMA

Pessoa: é aquele ser que recebe o cuidado de enfermagem, podendo


incluir a família e a comunidade. É necessário incluir as necessidades
físicas, intelectuais, bioquímicas e psicossociais da pessoa. Também
deve-se reconhecer a pessoa como portadora de uma energia humana
única, um ser holístico, maior do que a soma de diversas partes, mas
sim um todo integrado, adaptável e cheio de energia humana.
Saúde: é a capacidade que uma pessoa apresenta de funcionar
independentemente de qualquer recurso extra. É uma adaptação bem-
sucedida aos estressores da vida, ou seja, a aquisição do potencial total
da vida.
Ambiente: refere-se ao conjunto de elementos internos e externos que
podem afetar a pessoa.
Enfermagem: Ciência do cuidado executado por meio de uma
metodologia assistencial;
METAPARADIGMA
❏ Ambientes externos: incluem os arredores imediatos e quaisquer
outros locais que interajam com o sujeito ou os indivíduos com quem
a pessoa interaja, ou qualquer outra situação que permita a troca de
matéria, energia e informação com os sujeitos envolvidos no cuidado.

❏ Ambientes internos: incluem as situações que dizem respeito ao


ambiente interno da pessoa, como as condições bioquímicas do
sangue, a pressão arterial, a frequência cardíaca, os níveis hormonais,
o grau de satisfação e quaisquer outras condições que alterem o
funcionamento da maquinaria da pessoa.

A compreensão de ambiente deve incluir, também, condições


externas, como socioeconômicas, culturais e políticas. O modo de viver,
de trabalhar, de se divertir e de se relacionar também são fatores que
interferem no ambiente da pessoa.
TEORIAS DE ENFERMAGEM

❏ Referenciais imprescindíveis para a fundamentação do processo de


enfermagem

❏ Apresentam bases para subsidiar a assistência, revelam propósitos e


limitações e direcionam as relações de cuidado.

❏ Elas podem ser classificadas em três grandes grupos:


❏ Teorias baseadas nas Necessidades Humanas;
❏ Teorias baseadas no Processo Interativo;
❏ Teorias baseadas no Processo Unitário;
TEORIAS DE ENFERMAGEM BASEADAS NAS
NECESSIDADES HUMANAS
Os pacientes são compreendidos como seres biopsicossociais que estão
passando por situações de doenças e precisam de cuidados de
enfermagem.

Florence Nightingale - Teoria ambientalista


Dorothea Orem - Teoria do déficit de Autocuidado
Virgínia Henderson- Teoria das necessidades
TEORIAS DE ENFERMAGEM BASEADAS NO
PROCESSO INTERATIVO
Clientes como seres em constante interação com o meio a sua volta e
acreditam que essas interações (internas e externas) possuem
influência direta ou indireta na saúde desses indivíduos.

Imogene M. King: Teoria do Alcance de Metas


Callista Roy: Modelo de adaptação de Roy
TEORIAS DE ENFERMAGEM BASEADAS NO
PROCESSO UNITÁRIO
Retratam os seres humanos enquanto unitários e sistemas de energia
inseridos no sistema de energia marco cuja composição é íntegra,
completa, aberta e livre para decidir sobre sua forma de agir. Sendo
portanto, teorias abstratas, complexas e subjetivas.

Martha Rogers: A ciência dos humanos unitários e irredutíveis


PRINCIPAIS TEORIAS DE ENFERMAGEM
TEORIAS DA ENFERMAGEM
Teoria Ambientalista
Esta teoria destaca as interferências e condições do ambiente que afetam a
vida e o funcionamento do organismo, que podem auxiliar na prevenção da
doença ou contribuir para a morte.
Segundo Macedo (2008) Florence, em suas anotações, cita os elementos do
ambiente que devem ser ajustados e controlados para a recuperação da
saúde do paciente: ar puro, claridade, limpeza, aquecimento, silêncio, fazer
as intervenções na hora certa e na oferta da dieta adequada.
Teoria do Déficit do Autocuidado
Dorothea E. Orem nasceu em 1914, nos Estados Unidos. Formou-se em
Enfermagem em 1939 e em 1945 terminou seu mestrado. A primeira
publicação da sua teoria foi em 1959 e sofreu diversas alterações nos anos
seguintes, sendo a última versão publicada em 1991.
Desenvolveu sua teoria fundamentada no conceito de que as pessoas
devem cuidar de si mesmas, desde que tenham condições. Quando a pessoa
em questão é uma criança, ela considera a capacidade para cuidar
apresentada pelos pais. Orem define que a necessidade de intervenção de
enfermagem surge quando há ausência ou diminuição da capacidade de
autocuidado, ou quando os pais não conseguem executar o cuidado de seus
filhos.
Nessa situação, a intervenção de enfermagem é considerada como
terapêutica necessária para a manutenção da condição de saúde ou para a
recuperação e enfrentamento dos processos de adoecimento.
Teoria das Necessidades Humanas Básicas
A teoria de Wanda Horta se apoia e engloba a leis gerais que regem os
fenômenos universais, como a lei do equilíbrio (homeostase): todo o universo
se mantém por processos de equilíbrio dinâmico entre os seus seres; adaptação:
os seres interagem com seu meio; lei do holismo: o ser humano é um todo, a
célula é um todo, esse todo tem potenciais próprios, portanto, individuais
(HORTA, 2005).
Compreendendo a enfermagem como uma ciência e arte de assistir o ser
humano, atendendo às suas necessidades humanas básicas preestabelecidas,
entende-se que este indivíduo tem suas peculiaridades, que são expressas na
sua percepção à assistência prestada. Essas necessidades, sendo respeitadas e
seguidas, contribuem para melhora do quadro atual deste indivíduo.
Teoria da Adaptação
“A Teoria de Callista Roy destaca-se por entender a pessoa como um sistema
adaptativo e holístico e incluir a noção de estímulos que interagem com as
pessoas e desencadeiam respostas” (MONTEIRO et al, 2016).
Esta teoria tem por base o homem, que é aquele que recebe e é o motivo do
cuidado de enfermagem, do nascimento à morte ele passa pela dicotomia
saúde-doença, pois interage com o ambiente, o que exige adaptação (tanto
pela mudança do meio à sua volta como pela sua relação com o ambiente). Por
exemplo, com a idade subir escadas pode ser determinante para quedas e
fraturas. A enfermagem dá apoio e promove a adaptação do indivíduo agindo
no processo saúde-doença (Horta, 2005).
Teoria das relações interpessoais

A teoria de Peplau foi baseada no modelo psicodinâmico, o qual visa


apreender as necessidades do cliente, identificando dificuldades e
procurando ajudá-lo a superar, através de um cuidado de enfermagem
individualizado. É uma teoria com forte pertinência à área de
Enfermagem em Saúde Mental, pois o ser humano deve ser visto como
um todo, e o enfermeiro necessita do conhecimento de outras ciências
para que possa conhecer e intervir junto a esse cliente. O papel maior
do enfermeiro é estabelecer o processo de comunicação e
relacionamento terapêutico como objetivo principal do cuidado
humano, estimulando o enfrentamento das dificuldades ou problemas e
o desejo de permanecer saudável.
Teoria das 14 necessidades básicas

Henderson propõe 14 componentes do atendimento básico da enfermagem para enriquecer


sua definição:
● Respirar normalmente;
● Comer e beber adequadamente;
● Eliminar resíduos orgânicos;
● Movimentar-se e manter posturas desejáveis;
● Dormir e descansar;
● Selecionar roupas adequadas – vestir-se e despir-se;
● Manter a temperatura corporal dentro da variação normal, adaptando a roupa e
modificando o ambiente;
● Manter o corpo limpo e bem arrumado, proteger a pele;
● Evitar os perigos ambientais e evitar ferir os outros;
● Comunicar-se com os outros, expressando emoções, necessidades, medos ou opiniões;
● Adorar de acordo com a própria fé;
● Trabalhar de forma a ter uma sensação de realização;
● Participar de variadas formas de recreação;
● Aprender, descobrir ou satisfazer a curiosidade que leva ao desenvolvimento e à saúde
normais e usar os serviços de saúde disponíveis.
Teoria da Ciência do ser humano unitário

Num mundo encarado como holístico, onde o todo é muito mais do que a
soma de suas partes, o universo de trabalho rogeriano se configura na
Ciência do Ser Humano Unitário, onde:
- O indivíduo é um todo unificado, indivisível e totalmente integrado ao
ambiente, sem que possa ser reduzido a sistemas, órgãos e células,
interagindo com infinitas dimensões que compõem o universo (universo
pandimensional);
- O indivíduo é caracterizado como um campo energético humano em
interação constante com este universo pandimensional;
- O campo energético humano é um sistema aberto em troca ininterrupta
de energia com o ambiente, ao qual está integrado, configurando um
campo energético suficientemente forte para se estender ao infinito;
• Tanto o campo humano quanto o ambiental estão sujeitos a constantes
mudanças que, ao ocorrerem, provocam alterações simultâneas nos dois
campos. Este processo contínuo de mudança é considerado por Rogers
como sendo de crescimento e atualização, configurando um processo
criativo contínuo.
Teoria de King (comunicação)

Essa teoria explica que enfermeiro e paciente precisam agir juntos,

comunicando informações, definindo metas e agindo para alcançá-las.

De acordo com King, o objetivo da enfermagem é ajudar os pacientes a

se manterem saudáveis para que eles possam cumprir seus objetivos

individuais. Já a função do enfermeiro é interpretar informações durante

o processo de enfermagem, planejar, implementar e avaliar os cuidados

com o paciente.
Teoria da Enfermagem transcultural
A teoria de Leininger é focada em fornecer cuidados que estejam em
harmonia com as crenças, práticas e valores culturais de um paciente.
Na década de 1960, ela cunhou a frase “cuidado culturalmente
congruente”, que é o objetivo principal da enfermagem transcultural.
Alguns dos princípios básicos da enfermagem transcultural incluem
uma compreensão do seguinte:

Diversidade e universalidade do cuidado cultural, que se refere às


diferenças e semelhanças entre diferentes culturas.

Dimensões da estrutura cultural e social, que inclui fatores que incluem


religião, estruturas sociais e economia que diferenciam as culturas.

Preservação ou manutenção do cuidado cultural, que se relaciona com


atividades de cuidado de enfermagem que auxiliam culturas
específicas a reterem os valores culturais centrais relacionados à saúde.
Teoria do Cuidado Transpessoal

Trata-se de uma teoria que propõe intervenção consciente nos cuidados,


potencializando a cura e a integridade. Não descarta a ciência convencional ou
práticas de enfermagem modernas, mas é um complemento às mesmas.
Descreve a conscientização voltada ao levantamento de quaisquer questões
sobre o que significa cuidar, estar enfermo e ser cuidado/curado. Prioriza a
preservação da saúde e procura meios para proteger, melhorar e preservar a
dignidade, humanidade, integridade e harmonia interior de uma pessoa.
O cuidado transpessoal é um conceito criado pela Doutora em
Enfermagem Jean Watson, o qual desvia o foco da Enfermagem de seu atual
modelo tecnicista. Propõe o domínio sobre tecnologia e processos do cuidado
sobre um eixo com ênfase mais altruísta, social e espiritual.
REFERÊNCIAS
MEDEIROS, Ana Beatriz de Almeida; ENDERS, Bertha Cruz; LIRA, Ana Luisa Brandão De Carvalho.
Teoria Ambientalista de Florence Nightingale: Uma Análise Crítica. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 19, n.
3, p. 518-524. 2015.

MACEDO, Priscila de Oliveira et al. As tecnologias de cuidado de enfermagem obstétrica fundamentadas


pela teoria ambientalista de Florence Nightingale. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 12, n. 2, p. 341-347.
2008.

MANZINI, Fernanda C; SIMONETTI, Janete P. Consulta de enfermagem aplicada a clientes portadores de


hipertensão arterial: uso da teoria do autocuidado de Orem. Revista Latino-Americana de Enfermagem.
2009.

HORTA, Wanda de Aguiar. Processo de Enfermagem. Editora Pedagógica e Universitária, São Paulo.
2005.

MONTEIRO, Ana Karine da Costa et al. Aplicabilidade da teoria de Callista Roy no cuidado de enfermagem
ao Estomizado. Rev. Enferm. Atenção Saúde, p. 84-92, 2016.

FAGUNDES, Norma Carapiá. O processo de enfermagem em saúde comunitária a partir da teoria de Myra
Levine. Rev. bras. Enfermagem, Brasília, v. 36, n. 3-4, p. 265-273, 1983.

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