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Universidade do Vale do Itajaí - Univali

Curso de Enfermagem
Disciplina: Práticas do Cuidado de Enfermagem
Professora: Larissa da Silva
Estudantes: Amanda Gonçalves, Carlos, Jheniffer Duarte, Júlia Curcio e Laila Alessandra

Teorias de Enfermagem de Hildegard Peplau,


Ida Jean Orlando e Dorothea Orem

As teorias de enfermagem são de suma importância para a prática da profissão,


uma vez que ‘’a enfermagem é detentora de um processo de cuidar dinâmico, sistematizado e
cientificamente embasado, e com suas teorias é capaz de relacionar os fatos e formar a base
científica para atuação profissional’’ (ALBUQUERQUE et al., 2021, p.2). Dessa forma, as
teorias delimitam e detalham os processos de enfermagem, conferindo segurança à sua
realização. Além disso, as teorias ajudam os enfermeiros a entenderem os princípios da
história da enfermagem, permitindo que haja uma ampla visão da área e de seus conceitos
através da análise do trabalho feito por grandes profissionais que fizeram parte da história da
profissão. Nesse sentido, três grandes nomes da enfermagem se destacam com suas teorias:
Hildegard Peplau, Ida Jean Orlando e Dorothea Orem.

Hildegard Peplau

Hildegard Peplau nasceu na Pensilvânia, em setembro de 1909. Ela se graduou no


programa de enfermagem em 1931, e em 1943 se formou em psicologia interpessoal e atuou
como enfermeira durante a segunda guerra mundial. Hildegard tornou-se doutora em
enfermagem psiquiátrica na Columbia, onde administrou aulas de enfermagem psiquiátrica,
Ademais, ela se formou também em psicanálise, escreveu livros sobre relações interpessoais
na enfermagem, escreveu teses e publicou suas teorias.
Peplau é responsável pela teoria das relações interpessoais. Em sua teoria ela
descreve que as relações interpessoais na enfermagem tem quatro fases: orientação,
identificação, exploração e resolução. Essa teoria é responsável pela implementação da
relação enfermeiro-paciente.
As quatro fases das relações interpessoais na enfermagem escritas por Peplau são:
- Orientação: nessa fase o profissional identifica a necessidade do paciente,
onde ele fornece informações que permitem o entendimento do problema
através de uma conversa conduzida pelo profissional de enfermagem, onde o
paciente é escutado e orientado sobre suas queixas, quaisquer queixas, de
pequena ou grande relevância sob o olhar clínico, o que permite a criação de
um vínculo com paciente.
- Identificação: na fase da identificação o enfermeiro define em que situação o
paciente se encontra e identifica a forma como o paciente interage com os
profissionais e lida com isso. Essa interação pode ser descrita como:
interdependente, isolada (dependente) ou uma total dependência dos cuidados
de enfermagem.
- Exploração: é a etapa em que o paciente vai usufruir dos serviços prestados
com o objetivo de satisfazer sua demanda e determinar seu estado, que poderá
ser de dependência ou independência, estabelecendo afinal determinadas
metas que visam integrá-lo novamente ao seu ambiente natural.
- Resolução: estágio em que o paciente desfaz os laços adquiridos durante o
processo e prepara-se para retornar para casa. Nessa fase há a necessidade de
que o paciente se desvincule gradualmente, tornando-se independente e
adquirindo a capacidade de atuar por si mesmo.

Dorothea Orem

Dorothea Orem nasceu em Maryland em 1914. Ela iniciou seus estudos em


enfermagem nos anos 30, obteve o grau de ciências em enfermagem, foi mestre em ciências
em educação de enfermagem, obteve vários títulos de doutorados e foi nomeada membro
honorário da American Academy of Nursing. Dorothea também trabalhou como enfermeira
de equipe particular, assessora do conselho de saúde do estado de Indiana e foi educadora,
consultora e administradora de enfermagem. Em 1959 publicou seu primeiro conceito de
enfermagem como autocuidado, e em 1991 deu continuidade a esse trabalho gerando quatro
conceitos. O primeiro era focado no indivíduo, o segundo na unidade multipessoais-família,
grupos e comunidades; o terceiro apresentava de forma geral a teoria de enfermagem de
Orem, constituída por três bases teóricas relacionadas autocuidado, déficit de autocuidado e
sistemas de enfermagem e o quarto dava ênfase à criança, aos grupos e à sociedade.
A teoria de Dorothea propõe que os pacientes sejam influenciados a cuidar de si
mesmos e que sejam instruídos a participar de todo esse processo de cuidado. Nesse sentido,
a enfermagem tem a responsabilidade de nortear e fornecer as informações necessárias para o
indivíduo através de implementações de práticas educativas no cotidiano e de uma boa
assistência que valorize o autocuidado. A prática de educar o paciente resulta no autocuidado,
fazendo com que o enfermeiro atue como mediador do aprendizado, o que leva o paciente a
desenvolver habilidades e competências para o autocuidado e resulta na sua independência e
autonomia.
A teoria do déficit de autocuidado de Orem é composta de três teorias inter
relacionadas: a do autocuidado, do déficit do autocuidado e dos sistemas de enfermagem.
Essas teorias englobam seis conceitos centrais: autocuidado, ação do auto cuidado, déficit de
autocuidado, demanda terapêutica de autocuidado, serviço de enfermagem e sistema de
enfermagem, sendo que os cinco primeiros se voltam aos pacientes e o último aos
profissionais de enfermagem. Além desses cinco, existe ainda um conceito periférico que tem
relação com os aspectos internos (intrínsecos) e externos (extrínsecos) que atuam nas ações
de autocuidado.
Dessa forma, Orem acredita que o ser humano tem habilidades próprias para
promover o próprio autocuidado. Sendo assim, após o enfermeiro identificar o problema no
paciente, ele deve estabelecer um plano de ação junto a ele, designando tarefas para que o
paciente consiga praticar o autocuidado, o que envolve toda a manutenção do corpo,
incluindo elementos como a alimentação, exercícios e repouso.

Ida Jean Orlando Pelletier

Ida Jean Orlando Pelletier nasceu em 1926, em Nova Jersey. Ela se formou como
enfermeira em 1974 pelo New York Medical College, e também concluiu outras graduações
como enfermagem em saúde pública e consultoria em saúde mental. Ida escreveu seu
primeiro livro em 1961, intitulado “O relacionamento dinâmico enfermeiro-paciente: função,
processo e princípios da prática profissional de enfermagem”. Ela foi educadora, consultora,
fez workshops, foi conferencista de suas teorias e lançou ainda mais um livro chamado "A
disciplina e o ensino do processo de enfermagem: um estudo avaliativo".
No ramo das teorias, Ida é conhecida pelo seu trabalho em administração e saúde
mental, com enfoque nas relações interpessoais dinâmicas. Sua teoria provém da necessidade
do paciente de procurar ajuda quando ele não está apto para isso por conta própria. Ela
destaca a importância da relação entre paciente-enfermeiro, de modo que tudo que um faz
afeta o outro, e destaca como a enfermagem deve ajudar de imediato para que o processo de
recuperação do paciente seja efetivado. Para Orlando, todo paciente que tem necessidades
que estão fora do seu alcance de resolução precisam de ajuda mais específica, seja devido às
limitações físicas, reações negativas a um ambiente ou impedimento de comunicação. Assim,
posicionar-se com imediatismo é um dos pontos principais para atender as carências do
paciente.
Com base no processo de enfermagem, Ida tem como referência três elementos
que interagem para formação da teoria:
1º - Comportamento do paciente: consiste em analisar as queixas, pedidos,
perguntas, recusas, e suas “ordens e afirmações”, pois qualquer comportamento pode indicar
uma causa.
2º - Reação do enfermeiro: como toda ação tem uma reação, as ações feitas pelo
paciente irão causar uma reação no enfermeiro que inicia o processo de enfermagem, e é de
sua responsabilidade identificar os comportamentos para tomar atitudes que sejam
direcionadas e específicas para o paciente em questão.
3º - Ações de enfermagem: a ação profissional de enfermagem é tudo aquilo que
a enfermeira diz ou faz com o paciente ou para o benefício dele, e podem ser automáticas ou
deliberadas. As automáticas se caracterizam não por satisfazer a necessidade do paciente, e
sim as queixas em si, já as deliberadas se caracterizam por sua flexibilidade e são planejadas
com a intenção de satisfazer de imediato as necessidades do paciente, a fim de satisfazê-lo.
Ambas as ações tendem a cumprir a função da enfermagem com o paciente, porém de formas
diferentes.

Em resumo, as teorias de enfermagem proporcionam ordem e direcionamento


para o processo de enfermagem, trazendo conhecimento para os profissionais de enfermagem
e criando técnicas baseadas em estudos que procuram estabelecer dinâmica e estrutura ao
trabalho.
As teorias também possibilitam ao aluno ou ao profissional a possibilidade de
conhecer as raízes da profissão e relacionar os conteúdos com a prática, possibilitando o
entendimento de como cada tipo de conhecimento é introduzido na área de enfermagem.
Dessa forma, tendo em vista que a enfermagem se baseia na prática científica, ter
conhecimento das teorias é essencial para a qualificação do trabalho. Assim, elas tornam-se
fundamentais para o processo de trabalho do enfermeiro, pois estruturam suas ações de
trabalho.

Referências:

ALBUQUERQUE, Grayce Alencar, et al. Uso das teorias de enfermagem nas teses
brasileiras: estudo bibliométrico. Cogitare Enfermagem, 2021. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/cenf/a/8sNL64btw3qBXMJYTy3SF5M/?format=pdf&lang=pt>.
Acesso em: 27 mar. 2022.

ASSIS, Maria Ângela de, et al. O puerpério identificado na teoria do autocuidado de


Dorothea Orem. Revista de Enfermagem UFPE online, 2009. Disponível em:
<5622-10347-1-PB.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2022.

BRASIL, Vanessa Rocha, et al. A importância da teoria do autocuidado de Dorothea E.


Orem no cuidado de enfermagem. Revista Rede de Cuidados em Saúde. Disponível em:
Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/cenf/a/8sNL64btw3qBXMJYTy3SF5M/?format=pdf&lang=pt>.
Acesso em: 27 mar. 2022.

GEORGE, Julia B. Teorias de Enfermagem: os fundamentos da prática profissional.


Porto Alegre, 2000, 4 ed.

PAGLIUCA, Lorita Marlena Freitag; TONIOLLI, Ana Cláudia de Souza. Análise da


aplicabilidade da teoria de Orlando em periódicos brasileiros de enfermagem. Revista
Brasileira de Enfermagem, 2002. Disponível em: <download (1).pdf>. Acesso em: 27 mar.
2022.

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