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Investigação

Introdução à UC

Carolina Pereira Nº 6959


I - INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA

1.1. CIÊNCIA,
CIÊNCIA, INVESTIGAÇÃO
INVESTIGAÇÃO E METODOLOGIA
E METODOLOGIA

A aquisição de conhecimento

Requer:

 Intuição
 Tradição/Autoridade
INVESTIGAÇÃO
 Experiência Pessoal/Tentativa e Erro
 Raciocínio Lógico

INTUIAÇÃO

 Forma de conhecimento imediato que não recorre ao raciocínio


 Raciocínio puramente inconsciente para chegar a conclusões e
decisões
 Tira partido dos conhecimentos adquiridos e assimilados e das questões
que colocamos a nós próprios
 Suficiente para algumas condutas do dia-a-dia
 Pouco fiável nas questões ligadas à atividade científica
 A intuição está sujeita à ilusão
 Pode servir de guia e adjuvar a criatividade
 Dá-nos certezas que tomamos como verdadeiras, apesar de poderem não
o ser

Exemplos:

 Trabalhos de atividade lúdica


 Áreas da investigação que partiram da intuição:
o Níveis de stress doente diabéticos em HD
o Comportamento lúdico das crianças com trissomia 21

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TRADIÇÃO/AUTORIDADE

Tradição (o
que sempre foi Autoridade
feito. Não há
desenvolvimento)

 Incluem crenças e costumes


 Têm algum valor enquanto fonte de conhecimento – Podem ser um
entrave ao conhecimento, na medida em que não ocorre o seu
desenvolvimento.
 Os costumes são mantidos pela autoridade – só poderá representar o
método científico se baseado na investigação

Exemplos:

 Utilização ou não de iodopovidona na limpeza dos órgãos genitais na


algaliação?
 Utilização de iodopovidona na limpeza da ferida cirúrgica…

EXPERIÊNCIA PESSOAL/TENTATIVA E ERRO

 Todos aprendemos com a experiência


 Com base nas nossas observações temos tendência natural para a
antecipação
 Não podemos generalizar a partir das experiências pessoais
 A aprendizagem por tentativa e erro não é sistemática

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RACIOCÍNIO LÓGICO

Raciocínio indutivo – Conduz a uma generalização a partir de observações


específicas: Particular  Generalização

Raciocínio dedutivo – Parte do geral para o particular: Generalização 


Particular

 Combinam ao mesmo tempo a experiência das faculdades intelectuais


e os processos de pensamento
 Contribuem para compreender e classificar os fenómenos
 Contribuem para a aquisição de conhecimento

O processo de Pesquisa

De que forma apropriamos e construímos o conhecimento?

 Baseia-se em processos racionais – Mais rigoroso


 Possibilita a correção ao longo da sua progressão
 Dotado de poder explicativo e descritivo dos factos, acontecimentos e
fenómenos

Ciência

- As Leis científicas são a base da construção de grandes realizações


tecnológicas (televisão, transportes, alta tecnologia, antibióticos) e de alguns
malefícios (produtos poluentes, armas de destruição, manipulação genética)

- Certas áreas científicas têm maior progresso que outras

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Investigação Científica

- É um processo sistemático que permite examinar fenómenos com a finalidade


de obter respostas para questões que merecem investigação (Fortin)

♦ Descrever, Explicar e Predizer factos acontecimentos ou fenómenos


♦ Necessário espírito ou atitude de interrogação permanente, tanto para
fazer investigação, como para a consumir (Farmier)

 Pode ser feita em qualquer área do saber


 Em qualquer local sobre diferentes fenómenos
 Com diferentes participantes (pessoas, casos)

Desenvolvimento científico de uma teoria científica tem de ser:

 Imparcial
 Objetiva
 Validada
 Válida para todos os contextos

Conhecimento Científico

Função do Conhecimento Científico

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 Objetivo – Descrever a realidade como ela é ou pode ser, mesmo que
falível e apenas temporariamente correta, mas nunca como gostaríamos
que fosse (ou seja, nunca aplicada às nossas crenças e vontades)

 Empírico – Sempre baseado na experiência, nos fenómenos e factos

 Racional – Mais assente na razão e na lógica do que na intuição

 Replicável – As mesmas condições, em diferentes locais e com


diferentes experimentadores, devem replicar os resultados, ou a sua
comprovação pode ser feita por pessoas distintas e em circunstâncias
diversas

 Sistemático – Conhecimento organizado, ordenado, consistente, e


coerente nos seus elementos, os quais formam uma totalidade coerente
e integrada num sistema mais amplo

 Metódico – Conhecimento obtido através de procedimentos, que devem


de ser respeitados e seguidos

 Comunicável – Conhecimento claro e preciso na sua significação,


reconhecido e aceite pela comunidade científica

 Analítico – Procura ir além das aparências, procura entrar na


complexidade e na globalidade dos fenómenos

 Cumulativo – Tem que acumular conhecimento (que se ensaia,


constrói e estrutura a partir dos conhecimentos científicos anteriores

CONHECIMENTO

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Contributo

Contributo da investigação para as Disciplinas e Profissões

 Utilização do processo científico no estudo de problemas específicos


com a finalidade de introduzir mudanças nas situações problemáticas
 Definição de parâmetros de uma profissão
 Desenvolvimento contínuo da profissão
 Verificação de Teorias
 Utilização dos Resultados nas Práticas

2. 2. PERSPETIVA
PERSPETIVA HISTÓRICA
HISTÓRICA DADA INVESTIGAÇÃO
INVESTIGAÇÃO EMEM ENFERMAGEM
ENFERMAGEM

• Teachers College da Universidade de Columbia - New York


• Enfermeiros contactam com professores de outras
áreas (psicologia, pedagogia, filosofia) e preparam-se
1899 para obter graus académicos
Áreas de
Investigação

• Departamento de Enfermageme e Saúde


• Curso de Pedagogia e Saúde Pública
1907

• Criação das Escolas de Enfermagem - Universidade


Minesota
1909

• Curricuum Guide for Nursing Schools


1917
USA

• Nursing and Nursing Education in the USA


• Golden Report financiado pela Funcação Rockefeller
1923
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• 36 Escolas e 70 cursos de formação inicial
1936

• Preparação dos enfermeiros na área da investigação Desenvolvimento de


• Mestrados. Iniciam-se Doutoramentos. Estudo:
1945 • Investigação na formação
- Necessidades de
enfermagem e sua
distribuição
• US Public Health Service cria a Divisão de Recursos de
- Formação
Enfermagem
1948 - Quantidade e Qualidade
- Satisfação dos Enfermeiros
e Doentes
• American Nurser Association
• Estudos: Funções e Atividades dos Enfermeiros
1950

• Edição da Revista Nursing Research


1952

• Institute of Research - Army Nurse Corps


1957

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EUROPA

 Associações de Enfermagem promovem Conferências de Investigação


 As Enfermeiras têm acesso à Universidade
 Formulação de modelo de Desenvolvimento em Enfermagem

• Início do Ensino de Investigação em Enfermagem


• Escola de Ensino e Administração
1964

• Cursos de Especialização - Enfermagem de Saúde Pública


1970

PORTUGAL
• 1º Doutoramento de uma Enfermeira Portuguesa
1982

• Associação portuguesa de Enfermeiros recebe em Portugal o WENR do


qual é membro desde 1979
1987

• Mestrado em Ciências de Educação


1990

• Mestrado em Ciências de Enfermagem - UCP


1991

• Mestrado em Ciências de Enfermagem - ICBAS - UP


1992

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Anos 90 – Portugal

 Doutoramentos nas diferentes Universidades


 Doutoramentos em Enfermagem
 Doutoramento em Enfermagem – Pareceria ESEL com a Reitoria da UL

Unidades de Investigação de Enfermagem

 ESEL - UIDE

 Com a integração do ensino de enfermagem no Sistema Educativo,


Nacional (anos 90) os bacharéis em enfermagem passaram a ter
competências para participar em trabalhos de investigação
 Com os cursos de estudos superiores especializados, os enfermeiros
passaram a ser responsáveis pela organização, coordenação e realização
de trabalhos de investigação empírica

Florence Nightingale

♦ Primeira Investigadora
♦ Através da investigação identificou diferenças na causa de morte de
soldados britânicos que eram internados em hospitais civis e militares (de
campanha)
♦ Utilizou os resultados para influenciar o poder político

 Elevadas taxas de mortalidade nos hospitais de campanha (problema)

o Revistas de Investigação – Pensar Enfermagem


o Unidades de Investigação (e Desenvolvimento) - UIDE
o Financiamentos – FCT

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Barreiras à investigação em Enfermagem

 Organizacional
 Inadequado sistema de desenvolvimento pessoal e profissional
 Pessoal
 Tempo no emprego é insuficiente para implementação de novas ideias
 Falta de tempo para ler estudos de investigação
 Sensação que as alterações resultantes de investigação na prática são
mínimas
 Administração não vai permitir a sua implementação

(Vilelas, José; Lima Basto, Marta; 2011)

 Educação baseada no desenvolvimento de habilidades práticas e


técnicas
 Educação baseada no desenvolvimento de competências para um
pensamento crítico e rigoroso, de análise e de avaliação das situações de
enfermagem
 Impacto da investigação na prática clínica
 Prática baseada na evidência científica

4. ÉTICA EM INVESTIGAÇÃO

Investigação com Sujeitos Humanos

Estudos Experimentais – Ensaio clínico: qualquer estudo que implique


intervenção clínica envolvendo seres humano, doentes ou voluntários saudáveis,
realizada de acordo com um protocolo destinado a gerar conhecimento científico.

Exemplo: Ensaios clínicos de medicamentos

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Estudos Observacionais – Recolha de dados, sobre um determinado grupo ou
sociedade, com recurso a entrevistas ou observação participante. Não há
manipulação direta! Existe uma relação que se estabelece entre investigadores
e sujeitos de investigação (onde há proteção dos envolvidos e envolvimento dos
investigadores).

Exemplo: Observação participante – Relações que se estabelecem entre


investigadores e sujeitos de investigação  Caso do estudo de William Foote
Whyte (Street Corner Society)

- É importante ter em consideração:

 Subjetividade do observador – Envolvimento dos investigadores


 Confidencialidade – Garantir o anonimato dos observados (Proteção dos
Envolvidos)

Investigação - Participação dos Enfermeiros

Enfermeiros como:

 Prestadores de cuidados àqueles que são investigados

Exemplo: Manipulação e administração de fármacos aos envolvidos no ensaio

Deve:

- Informar a pessoa participante (Proporcionar a informação) + Garantir que


a pessoa está informada (mesmo que não seja sua função proporcionar a
informação)

 Investigadores

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Human Rights Guidelines for Nurses in Clinical and Other Research (ANA,
1985)

 Direitos humanos das pessoas que são simultaneamente sujeitos de


cuidados e são participantes em investigações que interferem nos
cuidados prestados pelos enfermeiros

Relação Enfermeiro - Cliente

- A relação de confiança entre os enfermeiros e os doentes implica a obrigação


de os salvaguardar de:

 Risco
 Desconforto
 Invasão da privacidade
 Ameaça à dignidade humana
 Problemas relacionados com o consentimento informado (livre e
esclarecido)

PORQUÊ?
PORQUÊ?

 Se a investigação envolve investigadores e participantes é importante


que a ética conduza as ações de pesquisa, de modo a que não haja
prejuízo para nenhuma das partes envolvidas (Cenci, 2002)

QUEPREJUÍZOS
QUE PREJUÍZOSPODE
PODETER?
TER?

Para os investigadores:

o Direito e dever de salvaguardar as pessoas envolvidas na investigação


pode ficar comprometido
o Ter o direito ou não de realizar a investigação de forma eficaz pode ficar
comprometido

Direito de proteção das pessoas é maior do direito de se fazer investigação!

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O saber não pode, enquanto tal, ser isolado das suas consequências

Implica

Excluir riscos previsíveis para a integridade dos participantes + Ponderar a


imprevisibilidade das consequências de uma investigação

 Possibilidade da ocorrência de efeitos secundários


 Cruzamento de dados que pode pôr em causa a confidencialidade dos
indivíduos  Quebra do sigilo e do anonimato das pessoas

Ensaios Clínicos

 Possibilitam ganhos em vida, saúde, economia e bem-estar social que


resultam deste tipo de investigação

 Implicam a defesa da participação voluntária (em que não ocorre


coação da pessoa) e consciente (onde a pessoa é informada) em tais
estudos e ensaios

Incentivo à
Suborno
Investigação

 Indispensável que a atividade científica se cumpra num enquadramento


jurídico (de acordo com as leis vigentes) e que proteja ao máximo os
direitos humanos dos participantes

Princípio da Integridade da Investigação

 Tomada de consciência de que não são raros os casos de violação da


transparência, qualidade e integridade da investigação científica

(Regulamento europeu sobre ensaios clínicos de medicamentos de uso humano)

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 Os casos de violação das boas práticas científicas têm vindo a ser
descobertos, incluindo estudos clínicos e, mas precisamente, ensaios
clínicos de medicamentos
Existência de
Diretrizes Éticas
Internacionais para a
pesquisa envolvendo
seres humanos

Autodeterminação Informacional

- Direito que apenas permite o tratamento de dados pessoais sensíveis, com


são os da saúde (relativos a pessoas que já faleceram, por exemplo) se houver
consentimento expresso dos titulares desses dados, que podem ser:

 Familiares
 Instituição
 Comissão de Ética

Primado da Pessoa Humana

Na realização de estudos clínicos, é necessário:

1. Respeito pelo princípio da dignidade da pessoa humana e dos seus


direitos fundamentais

Exemplo: Quando submeto pessoas a estudos experimentais que possam


comprometer a própria vida do mesmo

2. Os direitos dos participantes prevalecem sempre sobre os


interesses da ciência e da sociedade

Exemplos: Quando submeto pessoas a estudos experimentais que possuem


muito valor para a sociedade e evolução científica mas pouco ou nenhum valor
e benefício para o indivíduo submetido ao estudo

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3. Devem ser tomadas todas as precauções para respeitar a
privacidade do indivíduo e minimizar eventuais danos

Exemplo: Acesso aos dados pode pôr em causa o anonimato das pessoas
envolvidas
O bem individual O bem-estar do ser
deve sempre humano deve ter
sobrepor-se ao bem prioridade sobre os
da sociedade em interesses da ciência
geral! e da sociedade

Avaliação de Riscos e Benefícios

 Realização de estudos clínicos depende da avaliação prévia que


conclua que os potenciais benefícios, no presente ou no futuro,
superam os riscos e inconvenientes previsíveis

No desenvolvimento da investigação científica com doentes pode existir conflito


entre obrigações e interesses:

 Interesse em gerar conhecimento científico, visando o benefício de outros


doentes
 A relação fiduciária e o dever de agir no melhor interesse do atual doente,
como indivíduo

Acontecimentos Relevantes

1947
Código de Nuremberga

 Enuncia os requisitos éticos a que toda a investigação científica com seres


humanos deve obedecer
 Inclui o consentimento livre e esclarecido dos participantes

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1964

Declaração de Helsínquia (Associação Médica Mundial)

Distingue dois tipos de pesquisa clínica:

1. Com o propósito essencialmente terapêutico do paciente


2. Com o objetivo puramente científico e sem valor terapêutico para a
pessoa submetida à pesquisa

Defende que o bem-estar do ser humano deve ter prioridade sobre os


interesses da ciência e da sociedade!

1940/50

- Nos EUA, doentes (indigentes) sem recursos financeiros foram submetidos a


experiências médicas como forma de pagamento da sua assistência de saúde

 Coerção e manipulação da pessoa, em que não há respeito pelos


seus direitos
 Não pode ser considerado como incentivo à investigação

1932 – 1939

- Em Tuskegee, EUA, durante a realização de um estudo sobre a evolução da


sífilis, 400 homens afro-americanos, pobres e iletrados (sem capacidade de
contestar os seus próprios diretos e não tendo qualquer informação sobre a
doença), foram deliberadamente privados do tratamento para a doença com
penicilina  Perda da confiança no investigador

 Há intenção de provocar um dano


 Não pode ser considerado como incentivo à investigação

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Década de 50 – EUA
 Recusa de tratamentos experimentais/inovadores a grupos de
controlo – Num ensaio clínico, a vacina contra a poliomielite não foi
administrada ao grupo de controlo, o que teve consequências dramáticas

1966

Ethics and Clinical Research (Henry Beecher) – Denuncia experiências que


colocavam em risco a vida humana sem o consentimento dos envolvidos

Esclarece:

 Necessidade de regular investigação


 Ter normas e vigilância dessas normas

1978

Comissão Nacional para a Proteção dos Sujeitos Humanos em Investigação


Biomédica e do Comportamento – Relatório Belmont

Pela 1ª vez, são estabelecidos princípios éticos e diretrizes para a proteção


de sujeitos humanos em investigação.

Propões tês princípios éticos:

 Respeito pelas pessoas


 Beneficência
 Justiça

Institucionalização da Bioética em Portugal

Comissões de Ética para a Saúde (CES)

 Competências no plano assistencial (assistência ética)

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 Elaboração de pareceres institucionais à instituição de saúde a que
dizem respeito

Comissão de Ética para a Investigação Científica (CEIC)

 Assegura a proteção dos direitos, da segurança e do bem-estar dos


participantes nos ensaios clínicos através de um parecer ético sobre
os protocolos de investigação que lhe são submetidos.

Nota: Aquando de todo e qualquer tipo de recolha de dados/informação, temos


sempre de pedir autorização:

1. Ao próprio
 Aos tutores legais (Caso a pessoa tenha menos de 16 anos) 
Consentimento Informado
 Ao próprio indivíduo (Caso a pessoa tenha menos de 16 anos) 
Consentimento Informado + Assentimento Informado (assentimento de
vontade na participação do estudo)
2. À comissão de Ética

Princípios de Integridade Científica

Código Europeu De Conduta para a Integridade na Investigação (2011)

 Honestidade – Relativamente ao propósito da investigação, aos


acontecimentos decorridos ao longo da mesma e a todo o processo de
investigação

 Segurança para os participantes na realização da pesquisa

 Objetividade das interpretações e conclusões transparentes, baseadas


nos dados obtidos

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 Imparcialidade e Independência (Exemplo: Quando ocorrem
patrocínios e financiamentos por parte de certas empresas a um
determinado estudo/ investigação)

 Abertura e acessibilidade – Discutir o trabalho, tornar os dados


acessíveis e publicar)

 Dever de cuidar dos participantes

 Justiça – providenciar referências e dar os créditos devidos aos pares

 Equidade – Discutir o principio da justiça ao privar grupos de controlo de


tratamentos experimentais/inovadores

Importância da Divulgação da Investigação em Enfermagem  Submissão


à discussão crítica pela comunidade científica através da divulgação e
acessibilidade – Importância para a credibilidade da investigação realizada
pelos enfermeiros (OE)

Importância da Divulgação da Investigação em Enfermagem

Princípios Gerais na Investigação em Enfermagem  ICN – O conhecimento


adquirido através da investigação em Enfermagem contribui para desenvolver
uma prática baseada na evidência, melhorar a qualidade dos cuidados e
otimizar os resultados em saúde

 Os enfermeiros têm a obrigação de salvaguardar os direitos humanos


em todas as situações
 O enfermeiro está obrigado a assegurar que os doentes recebem
informação apropriada para consentirem no tratamento ou
procedimentos, incluindo a participação em investigação

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A investigação enquadrada no REPE:

 Visa o progresso da enfermagem em particular e da saúde em geral


 Contributo para a melhoria e evolução da prestação dos cuidados de
enfermagem

Direitos dos Participantes Nos Estudos

 Não serem prejudicados – Avalizar o prejuízo potencial do estudo e


eliminar riscos desnecessários

 Direito de informação completa sobre o estudo – A natureza, o fim, a


duração e os métodos utilizados

 Direitos de autodeterminação – Direito de decidir livremente sobre a sua


participação ou não. Deve ser assegurado o direito a negar-se livremente,
em qualquer fase do estudo/investigação

 Direito à Intimidade – A investigação constitui uma forma de intrusão na


vida pessoal dos sujeitos – A pessoa é livre de decidir sobre a extensão
da informação a dar ao participante numa investigação e a determinar
em que medida aceita partilhar informações íntimas e privadas 
Direito de recusa a responder a certas perguntas!

 Direito ao anonimato e à confidencialidade – Os dados pessoais não


podem ser divulgados ou partilhados sem autorização expressa do sujeito
e a identidade do sujeito não pode ser associada a respostas individuais.
Os resultados devem ser apresentados de forma que nenhum dos
participantes no estudo possa ser reconhecido

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Respeito pelos Participantes

 Não identificar os locais de realização do estudo – Opção por


referência genérica, como “num hospital na zona da Grande Lisboa” ou
“num centro de saúde do sul do país”
 Não incluir caracterização ou incluir apenas dados mínimos sobre
os contextos de prática clínica – Apenas o estritamente relacionado
com o estágio/projeto
 Assegurar que a caracterização da amostra não permite identificar os
sujeitos do estudo
 Não colocar elementos identificadores nos anexos (como requerimentos
de autorização de instituições)

Todos os participantes têm direito a serem respeitados na sua vida


privada, intimidade e dignidade!

 A dignidade do ser humano é inviolável. Deve ser respeitada e


protegida
 O respeito pela dignidade da pessoa humana significa a promoção da
sua capacidade de pensar, decidir e agir
 Os participantes têm o direito de serem considerados como um fim
em si mesmos e nunca como um meio ou como instrumentos de outro
 Todas as pessoas têm direito ao respeito pela integridade física e
mental

Direito à Proteção de Dados

Proteção de dados Pessoais

1. Todas as pessoas têm direito à proteção dos dados de caráter pessoal


que lhes digam respeito
2. Esses dados dever ser objetivo de um tratamento leal, para fins
específicos e com o consentimento da pessoa interessada. Todas as

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pessoas têm o direito de aceder aos dados coligidos que lhes digam
respeito e de obter a respetiva retificação
Direito de acesso
dos participantes
ao texto integral
Proteção de Dados da investigação!
 Garantir a proteção dos dados
 Colher apenas os dados adequados e relevantes para o estudo e evitar
colher dados desnecessários
 Não guardar dados que possam identificar os participantes por períodos
prolongados
 Utilizar códigos nos ficheiros dos participantes e separar dados que
possam permitir a identificação dos participantes (nome, morada,
telefone, data de nascimento)
 Os dados devem ser processados legalmente para propósitos específicos
 Nunca colocar os nomes reais dos participantes nas transcrições das
entrevistas
 Nos casos em que houver necessidades de recorrer a transcritores de
entrevistas – Solicitar que assinem um documento escrito no qual se
comprometam a salvaguardar a proteção dos dados em questão

Direito dos investigadores à liberdade de pensamento e de investigação

 Pressuposto constitucionalmente protegido desde que não entre em


conflito com outros mais valorizados

Direito dos participantes à liberdade de pensamento e de expressão

 Construção de instrumentos de colheita de dados que não manipule as


respostas e que contemple a liberdade nas respostas
 Possibilitar condições que favoreçam a liberdade de pensamento e de
expressão: tempo para responder, condições de privacidade, clareza
das perguntas…

Toda a pessoa tem direito à liberdade de expressão!

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Todo o indivíduo que participe num estudo tem direito a ser informado da
sua finalidade e conteúdo:

 Implica a responsabilidade do investigador em proporcionar informação


aprofundada acerca da investigação (o que pode ser considerado como
pondo em causa a investigação) e em termos que sejam compreensíveis
ao participante
 No respeito pelo direito à autodeterminação, o enfermeiro assume o dever
de respeitar, defender e promover o direito da pessoa ao consentimento
informado

Consentimento Informado em Investigação

 A participação no projeto pressupõe o consentimento livre e


esclarecido dos sujeitos!

1. Obtido por escrito (após explicação das fases da investigação e das


potenciais consequências para o participante)
2. A pessoa pode anular o consentimento em qualquer momento da
investigação!

Processo pelo qual os investigadores asseguram que os participantes


entendem os riscos e os benefícios e estão cientes dos seus direitos
(incluindo o de não participar ou de abandonar a participação!

 Traduz uma vontade séria, livre e esclarecida do titular do interesse


juridicamente protegido
 Pode ser livremente revogado até à execução do facto
 É eficaz se for prestado por quem tiver mais de 16 anos e possuir o
discernimento necessário para avaliar o seu sentido e alcance no
momento em que o presta

Importante  Para consentir, a pessoa deve receber previamente a informação


adequada quanto ao objetivo e natureza da intervenção, bem como sobre as
suas consequências e riscos

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 Avaliar a situação em que se encontra o eventual participante permite que
este possa escolher livremente

 Em situações de vulnerabilidade acrescida (internamento hospitalar,


por exemplo), é necessário solicitar autorizações às CES + Avaliar a
capacidade legal do participante para consentir (caso este seja criança
ou doente mental)

Direito à Segurança

É de realçar:

 A importância de garantir a confidencialidade dos dados e o


anonimato – Inclui proteção do individuo/pessoas cujos pontos de vista
possam ser identificados

 A solicitação de autorização aos participantes para utilização de


equipamentos específicos e garantir a segurança dos dados
(câmara de vídeo, gravador áudio, máquina fotográfica…)

Código Europeu de Conduta para a Integridade na Investigação (2011)

Conduta Imprópria – Investigação fraudulenta (pode conduzir ao descrédito


nos investigadores e à produção de produtos, instrumentos ou procedimentos
indesejáveis:

Pode resultar de:

 Fabrico de resultados
 Falsificação de processos, omissão ou falsificação dados/resultados
 Plágio – apropriação das ideias, projetos, resultados ou palavras de
outras pessoas sem lhes atribuir o devido crédito
 Práticas de Investigação discutíveis
 Intimidar a participação no estudo

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 Descriminação dos participantes
o Má utilização de fundos
o Má gestão dos dados
o Publicação inapropriada

Problemas Éticos em Investigação


 Pessoas querem percorrer o caminho mais fácil e não ter de respeitar as
normas necessárias à condução de uma investigação. Por isso, existem
diversas lacunas respetivas a todo este processo

o Imputar dados aos participantes – dano físico e psicológico

Exemplo: Falhas na proteção dos dados pessoais

o Lacunas relacionadas com a obtenção do consentimento informado


o Não proporcionar informação, com a justificação de esta poder
influenciar a forma de participação e os resultados comprometendo a
investigação ou alegando dificuldades em proporcionar informação devido
à imprevisibilidade de alguns estudos
o Registar conversas ou imagens sem autorização dos sujeitos

o Deceção dos participantes – Quando os investigadores, apresentam o


trabalho de uma forma que não corresponde à realidade

o Invasão da privacidade – Apesar do consentimento informado, os


participantes devem ter salvaguardado o direito de não responderem a
algumas perguntas por considerarem que põe em causa a sua intimidade
 Garantia de anonimato e confidencialidade

o Ofertas de incentivo à participação – Os participantes têm de ser


informados sobre os riscos, obrigações e limitações inerentes e o
investigador deve manter a sua palavra

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Importante  A investigação deve ser desenhada, revista e desenvolvida
garantindo:

 Integridade
 Qualidade
 Transparência
 Condução de forma independente

Principais problemas relativos ao consentimento informado:

o Informação inadequada
o Influenciar sem respeitar a voluntariedade
o Não respeitar a falta de competência dos participantes para decidirem

Autorização Institucional da Pessoa

Abordar um profissional no âmbito das suas funções numa determinada


organização

Entrevistar ou aplicar questionários a enfermeiros, no seu contexto de trabalho,


requer autorização institucional, pela natureza institucional dos dados

Realizar estudos sobre realidades dos contextos de prática clínica requer,


obrigatoriamente, informação e autorização do órgão máximo do
estabelecimento

Direitos de Autor

Faculdades Conteúdo
Faculdades
de carácter
de carácter
pessoais e do direito
pratimonial de autor
morais

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Síntese

Requisitos Básicos a considerar na Avaliação Ética de um projeto de


Investigação:

 Relevância do estudo
 Validade Científica
 Seleção da população e da amostra
 Relação risco-benefício
 Revisão ética independente
 Garantia de respeito dos direitos dos participantes (consentimento
informado, esclarecido e livre + confidencialidade e proteção dos dados)
em todas as fases do estudo

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Aula Teórico-Prática 1 (TP) – Módulo I
Investigação em Enfermagem

Alguns apontamentos sobre a dimensão ética

Concluímos que toda a investigação científica é uma atividade humana de


grande responsabilidade ética pelas características que lhe são inerentes, desde
a seleção do problema até à publicação dos resultados.

O desenvolvimento da enfermagem é possível pelo progresso da


investigação, em que a competência, o respeito pela dignidade da pessoa
humana e sentido de responsabilidade deverão ser os pressupostos de qualquer
trabalho, que exige elevado rigor, isenção, persistência e humildade.

Verificámos que quando se pensa na ética como componente da investigação,


é comum chegar-se à ideia de que esta constitui uma limitação ao trabalho do
investigador e de que não é pertinente na investigação em enfermagem.
Contudo, percebemos que estas ideias visam, no fundo, a proteção da pessoa,
e não ser um entrave ao desenvolvimento científico.

A primeira reflexão ética deve assim surgir aquando da decisão do problema a


investigar, devendo o tema escolhido permitir o avanço da ciência ou dar
resposta a problemas concretos da prática.

É importante que o processo de investigação se baseie na dignidade da


pessoa humana e no princípio e da sua não instrumentalização, como o
defendido por Kant. Assim sendo, a participação no projeto de investigação
pressupõe sempre o consentimento livre e esclarecido dos doentes.

Por esta razão, deve de haver, desde o início, uma maior preocupação com
os grupos não autónomos e vulneráveis, por serem mais facilmente
instrumentalizáveis, como é o caso de doentes mentais, crianças e doentes em
coma. Nestes casos, o consentimento deve ser obtido junto dos familiares ou
dos tutores responsáveis pelos indivíduos.

Outro direito do doente, utente ou participante assenta no facto de este poder


retirar o seu consentimento em qualquer momento da investigação, sem

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qualquer penalização ou consequência negativa. Também não deverá ser
possível a sua identificação na divulgação de todo o trabalho.

Relativamente aos investigadores, identificámos o direito de o seu nome ser


mencionado, mesmo que estes participem no projeto indiretamente.

É essencial que durante todo o processo de investigação, os indivíduos vejam


a sua privacidade salvaguardada, sendo que a confidencialidade dos dados
recolhidos deve ser obrigatoriamente uma preocupação do investigador. De igual
modo, a seleção dos elementos da amostra deve ser justa e equitativa, tanto na
distribuição dos benefícios como dos possíveis prejuízos.

É claro que a manipulação dos dados de forma a confirmar hipóteses


formuladas ou a chegar às conclusões esperadas ou convenientes é reveladora
de um problema ético, que revelará sempre grande falta de formação pessoal,
científica e ética.

Princípios Éticos:

 Honestidade
 Não Maleficência
 Humildade

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II – EPISTEMOLOGIA E METODOLOGIA

0. PRESSUPOSTOS DE PARTIDA

Pressupostos de Partida (para o desenvolvimento do Módulo II)

 A formação disciplinas das ciências sociais


 A investigação nas ciências sociais
 Conceitos-chave

Formação das Ciências Sociais

Até ao séc. XVII

Impedimentos ao conhecer

 Saberes instituídos e dominantes, fundamentados e ligados às ciências


exatas e às conceções de natureza etiológica, religiosa e filosófica

Originando:

Saber social muito dependente destas correntes e perspetivas (filosóficas e


pouco operacionais/racionalizadas)

A partir do séc. XIX

Processo de Disciplinarização e Profissionalização do conhecimento


(criação de áreas disciplinares especificas e autónomas, com saberes
específicos)

Criação de regras e domínios específicos de cada disciplina

30
 Homem como ser pensante e de pensamento ativo, cognitivamente,
que pode então determinar como quer conhecer as coisas

Investigação sistemática de vários temas  Concentração especializada

Estudar e
racionalizar Encontrar
Criação de
a mudança uma
leis
social para Engenharia
universais
organizar a Social
sociedade

Modernidade
(iluminismo e idades
da luz) e
transformações que
vão ocorrendo ao
Homem

Produzir
conhecimento Processo que
aceite pela acompanha todo o
comunidade desenvolvimento da
científica como um História
todo

Etapas da Investigação e Desenvolvimento

Etapa 1

 Utilizar ferramentas já conhecidas das ciências exatas e de alguma


forma procurar encurtá-las para que passem a ser válidas e aplicadas no
estudo do Homem  Vontade de criação de Leis Universais!

Tentativa Falhada!

31
Séc. XIX – Institucionalização das disciplinas por graus de determinismo

 Conhecimento entre as várias ciências não fluía entre si. Não existia
partilha de conhecimentos entre os vários domínios disciplinares, por
terem determinismos muito diferentes.

- Consolidação e arrumação desses saberes, separadamente (traços contínuos)

Etapa 2

 Progressivo diálogo entre as diferentes ciências, uma vez que estas são
decorrentes de uma mesma história  Investigação como processo
construtivo deste diálogo (traços não contínuos).

32
Investigação

 Nas ciências sociais e nas ciências saúde!

Tentativa de articulação e melhoria de saberes

Angariação de conhecimentos que permitem compreender melhor os


sentidos de um acontecimento, facto ou conduta, procurando encontrar
significados individuais (próprios de cada indivíduo) e sociais (no sentido
mais amplo) dos mesmos.

Conhecimento da Realidade Produzir conhecimento


científico da realidade não é
 Válido
a apreensão da realidade
 Sistemático em si e como um todo, mas
 Rigoroso sim o tratamento de uma parte
dessa realidade, tomando-a
 Objetivo um todo  Originando uma
perspetiva

 Os conceitos e sentidos que retiramos da realidade não são a


realidade em si!

- Cada campo de conhecimento procura debruçar-se sobre a realidade de modo


a conhecê-la e aprofundá-la, a captar dela informação, por forma a torna-la
inteligível.

- Não deixando, entanto, que essa perspetiva se confunda com a própria


realidade (ou seja, que as perspetivas possam evoluir e modificar-se).

Processo de
Conhecimento modificação - Sempre
em renovação

33
 Argumentos: tornam-no válido e importante, diferente do senso-comum

 Perspetiva: útil e necessária à compreensão e adaptação à realidade

 Pode ser relativo: nós vemos o mundo como nós somos e não
necessariamente como ele é. Pode ser uma projeção que fazemos
tendo em conta o conhecimento que temos de nós próprios

 O que vemos pode ser ilusório ou influenciado pelo outro

 Todos os elementos são essenciais e válidos para a compreensão


do todo! Todas as perspetivas são válidas para a sua compreensão
também, mesmo que sejam diferentes entre si

Neutralidade axiológica –
Neutralidade do
conhecimento, para que este
seja isento de pré-
concessões.

Para a alcançarmos, temos de


ultrapassar três tipos de
Obstáculos epistemológicos obstáculos:
 Obstáculo individualista - Dizer que os indivíduos não se influenciam
uns aos outros

 Obstáculo naturalista – Dizer que tudo tem uma causa natural


(relacionada com a natureza) ou inata, e que estas são causas
necessárias para determinado tipo de acontecimento

 Obstáculo etnocêntrico – Dizer que uma perspetiva é mais válida do


que a outra

- É em todo o processo de produção de conhecimento que devemos de ter uma


atitude de vigilância epistemológica!

34
Neutralidade Axiológica – Max Webber

Enunciados valorativos (Juízos de valor) – Senso comum

Enunciados com relação a valores (Juízos de facto) – Conhecimento


científico

Investigação

A Objetividade (o Ver, o Escutar e o Escrever) – Produto que diversas etapas


que ocorrem ao longo da pesquisa.

 Começa pela colheita de diferentes dados e termina aquando da


divulgação dos mesmos

Conceitos-Chave

Metodologia

Do grego [methodos] + [logos] (estudo, discurso)

 Conjunto de conhecimentos baseados em princípios lógicos, utilizados


para alcançar objetivos de rigor na investigação científica

 “Análise crítica dos métodos de pesquisa – quer dizer, dos processos


e problemas de investigação empírica”

(Silva e Pinto, 1990: 9)

Ao longo da Pesquisa e Investigação, ocorre:

 Validação do que queremos conhecer


 Análise crítica permanente dos meios que estamos a utilizar

RIGOR na
Investigação 35
Metodologia Científica

 Conjunto de abordagens, técnicas e processos utilizados pela ciência


para formular e resolver problemas de aquisição objetiva do
conhecimento, de uma maneira sistemática

Procedimentos Metodológicos

 Pressupõem o conhecimento e a tomada de decisão sobre os vários


métodos aplicáveis, ou seja, os processos de conduzir cada projeto de
investigação específico e sobre as técnicas de investigação

 Ferramentas específicas ou abordagens que permitem a aquisição de


informações relevantes e a respetiva análise (dos dados)

 Inferências subsequentes a realizar

Procedimento Científico

Objetivos:

 Conhecer as principais características da investigação científica


 Compreender e articular as etapas do procedimento científico (por nós
próprios e não através de estudos feitos por outros)
 Conhecer os métodos e técnicas de investigação (que temos disponíveis,
adequando-os ao que estamos a estudar)
 Identificar as principais potencialidades e limitações das técnicas de
investigação em contextos de intervenção social e de saúde
 Utilizar criticamente as diferentes técnicas, tendo em vista os objetivos de
pesquisa

36
Procedimentos Metodológicos

 Conjunto de passos previstos pelo método científico (delimitação


de um problema e objetivos específicos

 Realização e Interpretação de observações, com base nas


relações encontradas, fundamentando-se, se possível, nas teorias
existentes

Método

Do grego methodos

[meta] (fim para) + [hodos] (meio, caminho)

- Modo para se chegar a um determinado fim ou objetivo

 Opera a seleção das técnicas de pesquisa a aplicar por referência ao


objeto e à teoria que o constrói, determinando os limites e as condições
de exercício, permitindo relacionar e integrar os resultados obtidos

Técnicas

 Conjunto de procedimentos bem definidos e transmissíveis


destinados a produzir certos resultados na recolha e tratamento da
informação requeridos pela atividade de pesquisa

 A incorreta seleção de uma técnica pode corromper o resultado


final de um projeto como um todo.

Exemplos:

 Inquérito por questionário


 Entrevista
 Escalas de atitudes
 Regressão simples

37
1. RELAÇÃO ENTRE TEORIA E EMPIRIA NA PRODUÇÃO
DE CONHECIMENTO CIENTÍFICO

Premissas de Partida

Pensar na evolução do pensamento do homem sobre o homem é pensar


sempre na relação que existe entre o Homem (sujeito – que procura
conhecer) e o objeto (que é conhecido)!

1. O conhecimento é um processo de adaptação crítica do Homem ao


meio envolvente, que implica articulação prática, teorias, vivências e
representações

Falar de conhecimento enquanto processo é falar de Etapas/Momentos!

Necessidade de adaptação crítica que aconteceu ao longo de toda a História e


acontece ao longo de todos os processos de evolução da ciência

2. A ciência é um saber social e culturalmente referenciado, que pode


ser diferenciado. Tanto o saber cientifico natural como o saber social
remetem-nos para algo que tem de ser pensado consoante o meio social
e a cultura envolvente.

3. A História das ciências remete para uma reconstrução analítica do


desenvolvimento das condições internas da investigação científica
(princípios, meios e resultados teóricos) e das condições sociais.

Em cada época, vão sendo encontrados novos meios, técnicas e processos


que conduzem a novos resultados, que possibilitam um questionamento e
posterior evolução.

38
4. O conhecimento é uma procura da “verdade” (conhecimento válido,
rigoroso e com sentido) e não a procura da certeza (porque nunca
chegamos a certezas absolutas) – há ma continuidade e rutura entre
teoria e empiria (assente no sujeito e no objeto)

Conhecimento como construção sempre incompleta! Certezas não dão lugar


para novas perspetivas e novo conhecimento e descobertas

5. Primado epistemológico da teoria – O que orienta qualquer


desenvolvimento de um processo de pesquisa assenta sempre num
primado epistemológico de conhecimento que tem por base a teoria e não
a empiria, na medida em que a teoria tem vários alcances

Resulta de reflexões teóricas e abstratas – “verdades” e saber que tem como


ponto de partida um referencial teórico  A ciência parte sempre da teoria!

Tomar o senso comum como elemento, mas não como totalidade, ou seja, há a
rutura com o senso comum  Existência de “verdades” que possam ser
questionadas e reconhecidas

Parte-se de conceções comuns e Juízos de Valor (enunciados valorativos,


baseados em sentidos e opiniões com falta de sentido crítico) para as criticar e
pôr à prova de modo a construir Juízos de Facto (interpretações e resultados -
explicações que relacionam sentidos entre o que vemos (informação
Comparar
comprovada) e o que lemos da realidade) e pôr lado
a lado com
outras
perspetiva
Acrescentar e s
melhorar o Excluir e
conhecimento Rejeitar Crítica à
e os seus pontos menos Teoria
sentidos, fortes
atualizando-os

39
Características do Senso Comum

 Conhecimento imediato e espontâneo – Surge da informação obtida


através dos sentidos. É aparente
 Subjetivo e relativo – Baseia-se em opiniões
 Errático – Construído aleatoriamente ao longo da vida de cada indivíduo
 Ingénuo – Assimilado sem sentido crítico
 Dogmático – Acreditamos nele como verdades inquestionáveis
 Assenta em crenças – Passado de geração em geração

Características do Conhecimento Científico

 Objetivo – Descreve a realidade como ela é ou pode ser. Procura ser


universal (entendível e compreendido por todos. Ser explícito)
 Empírico – Baseado na experiência, nos fenómenos e factos
 Racional – Assenta os seus pressupostos na razão e na lógica e
menos na intuição
 Sistemático – Conhecimento organizado, ordenado, consistente e
coerente nos seus elementos
 Metódico – Conhecimento obtido através de procedimentos e
estratégias fiáveis, mediante planos metodológicos rigorosos e
previamente definidos e conhecimentos/estudados
 Crítico – Procura questionar a realidade e questionar-se a si próprio
 Comprovável/Verificável – Pode ser testado (confirmado ou infirmado)
nas mesmas condições, em locais diferente se por diferentes
investigadores
 Comunicável – Conhecimento claro e preciso na sua significação,
reconhecido e aceite pela comunidade científica. Construção e posterior
partilha do conhecimento
 Analítico – Procura ir além das fachadas das estruturas sociais e
compreender a complexidade dos fenómenos
 Cumulativo – Conhecimento que se ensaia, constrói e estrutura a partir
dos conhecimentos científicos anteriores.

40
CONHECIMENTO
TEORIA EMPIRIA CIENTIFICO

Teoria

 Conjunto organizado de conceitos e relações entre conceitos


substantivos, isto é, referidos direta ou indiretamente ao real

Empiria

 Dados recolhidos diretamente do real. Elementos importantes que


permitem explicar os fenómenos e conceitos do real

Etapas do Procedimento Científico

Determinar
modelo de
pesquisa
para as
etapas
seguintes
Definir o que se quer conhecer

41
Fazer investigação:

 Fazer etapas que são recursivas (olhar para trás e questionar/rever se


estamos a avançar ou a não trazer nada de novo ao mundo)
 Verificação e Validação das etapas anteriores para poder avançar para as
seguintes

Epistemologia

Do grego [episteme] (conhecimento) + [logos] (estudo, discurso)

Ciência sobre o próprio conhecimento

 Reflexão sobre a ciência efetiva (pura), sobre o que se faz, aceitando


a historicidade (aquilo que se faz e que nos remete para um processo
histórico) dos princípios de que ela parte, dos processos que utiliza e
dos resultados a que chega.

Estudo da natureza do conhecimento e da sua validade  Ciência do


Conhecimento

Perceber o que se conhece e a validade do que se conhece

Instrmento Relação entre


Epistemologia essencial para Sujeito e
a Reflexão Objeto

Sujeito – O cognoscente (aquele que vem a conhecer)

Objeto – Todo o processo ou fenómeno que pode ser conhecido (sobre o


qual o sujeito desenvolve a sua atividade cognitiva)

42
 Natureza do que vai ser conhecido depende do sujeito que o pretende conhecer
e da área em que isto se verifica!

Epistemologia Moderna

Reflexão sistemática sobre:

 Condições e Implicações do trabalho científico


 Formas e momentos do trabalho científico

Interessa-se mais pelo saber que (saber proposicional) do que pelo saber
como (que meios foram utilizados e com que objetivos)

Interessa-se mais pela razão teórica do que pela razão prática!

Epistemologia – Perspetivas e Modelos sobre a Realidade

Sujeito Objeto

Questões ontológicas – Prendem-se com a natureza da realidade investigada,


com a natureza daquilo que pode ser “conhecido” (características do objeto)
PARADIGMNAS

Questões epistemológicas – Como se pode entender a natureza da realidade


investigada, relação entre a natureza daquele que conhece e daquilo que pode
ser conhecido

Questões metodológicas – Decisões a tomar pelo investigador no que


concerne às diferentes etapas de realização da investigação

43
Paradigma

 Sistema de princípios, crenças e valores – Subjetivo

 Conjunto de pressupostos interligados que definem uma visão do


mundo do investigador (mundo disciplinar de cada área e seu
entendimento e conhecimento) e que guiam a ação (definem em que é
que nos vamos centrar para conhecer certa coisa)

 Modelos organizados de cada ciência, que devem comunicar entre si

A ciência progride por substituição dos paradigmas!  Desenvolvimento e


evolução do conhecimento tendo por base o modo como cada paradigma
consegue alterar-se e ser substituído por outro

Potencialidades de riscos
do Racionalismo:
Irredutibilidade do
conhecimento teórico (muito
fechado sobre si próprio) 
Circularidade do
Conhecimento

Empirismo
Primeiras etapas de
desenvolvimento da
ciência baseavam-
se no real para
chegar ao racional

Potencialidades de Riscos
do Empirismo: Ser afetado
pelas crenças pouco
fundamentadas  Pouco
Base
controlo do sujeito face ao
que este está a observar 44
Epistemologia e Atos Epistemológicos AUTORES

GASTON BACHELARD

 Definição de princípios/atos indispensáveis para a produção de


conhecimento e sua verificação (através do confronto com a
prática/dados), assim como para o desenvolvimento e para a existência
de um saber que é válido 3 Princípios/Postulados
Importantes, fundamentais
Segundo Bachelard, o conhecimento científico é: para que possamos tomar o
conhecimento como válido e
científico

 Conquistado sobre os preconceitos – Não podemos, como ponto de


partida, construir conhecimento assentando ideias em preconceitos
 Contruídos pela razão (Isenta de preconceitos) – Construir
conhecimento tendo por base a razão e perceber se este tem alguma
importância
 Verificado nos factos – Pressupões três etapas/momentos em qualquer
processo de pesquisa/investigação:

1. Rutura e os obstáculos aos processos de pesquisa

Romper com os falsos preconceitos e as falsas evidências, que somente nos


dão a ilusão de compreendermos as coisas

 Momento/Ato epistemológico fundador de uma investigação


 Atitude de vigilância crítica e autocrítica que o método científico (modo
peculiar de formular problemas e pôr à prova interpretações sobre o
real) tem incorporado
 Resultado da aprendizagem de um conjunto de saberes (especializados)
e de uma predisposição para pôr em suspenso todas as “verdades”
de que se alimenta a nossa relação de familiaridade com o mundo

45
2. Construção do objeto de análise

O processo de construção pressupõe a rutura feita a partir de um quadro


concetual, que o investigador supõe estar na base de um fenómeno

 Novas construções – Novas teorias e novos olhares

3. Verificação

Validade das teorias pelo seu teste = Confronto com a informação


empírica

Uma proposição só adquire o estudo de dados científicos na medida em que


possa ser verificada pelos factos

 Confronto dos dados obtidos com aqueles que já existiam (de outros
autores), podendo estes ser iguais ou diferentes

46
KARL POPPER – Falsificacionismo Popperiano

A Ciência tem um caráter interminável porque os enunciados são sempre


sujeitos à prova

É na substituição de hipóteses por outras, cada vez mais adequadas, que a


ciência e o conhecimento evoluem

 Hipóteses são sempre provisórias!  Substituição sucessiva de hipóteses


por outras mais adequadas e válidas
 O que a ciência produz tem de estar sempre sujeito à comprovação

 Deve haver uma maior preocupação com a comprovação da teoria do que


com a teoria em si

- O investigador não se deve preocupar em justificar a sua teoria mas em


encontrar possíveis maneiras de refutar a sua teoria pela experiência!

 Como não podemos provar que uma teria universal é verdadeira,


podemos provar que ela é falsa

Se a teoria resiste à refutação pela experiência, então ela é corroborada


(tomada como váida)

 A cientificidade de uma teoria resultará da sua disponibilidade para se


submeter a testes empíricos (testes estatísticos) “severos” (reduzir a
margem de erro o mais possível), a experiências “cruciais” capazes de a
refutarem se não for verdadeira.

Sujeição ao teste e à comprovação!

♦ Quanto maior for a quantidade de informação e conhecimento que


possuímos sobre um determinado assunto, mais reduzida é a margem
de erro possibilitadora de ser feita

47
 As hipóteses devem ser claramente formuladas e disporem do máximo
conteúdo possível para poderem ser falsificáveis

IMRE LAKATOS

Defensor do falsificacionismo sofisticado

O objetivo da ciência é a sua capacidade de predizer factos e que a validação


da teoria integre a sua capacidade explicativa progressiva

Todas as teorias devem ser vistas como totalidades estruturadas (relação


entre estrutura e ação – modo como se pensa e como esse pensamento é
influenciado) e não descontextualizadas

Programas de investigação (núcleo duro a preservar)  Autonomia de Cada


disciplina: Existência de saberes que são autónomos, apesar da
complementaridade que se pode estabelecer entre as diferentes áreas
científicas

É importante ter em conta:

 Argumento histórico
 Significado preciso no contexto das teorias
 Necessidade de desenvolvimento da ciência e das próprias teorias (o
que interessa)

Thomas Kuhn

48
 Conhecimento e teorias do conhecimento pressupõem um processo e um
conjunto de etapas que são cíclicas

Ciência Normal – O que serve de base. Ciência que já se conhece. Banalidade.


O que se conhece de uma determinada área num determinado momento

Crise do Paradigma – Ocorre quando a Ciência Normal é posta à prova e


questionada  Entrada em crise e confronto de diversos paradigmas e ideias

Revolução Científica – Aparecimento de novas ideias e sua defensão 


Aparecimento de nova forma de abordagem

Pré-Paradigma – Aparecimento de novos paradigmas resultantes das


revoluções resultantes da revolução científica, e que leva a que estas conduzam
novamente a uma etapa de Ciência Normal

Ciência – Aproximação da verdade. A validação da teoria está na capacidade


desta resolver o maior número de problemas possíveis

 O conhecimento é sempre aproximado, falível e, por isso mesmo,


suscetível de contínuas correções

PAUL FEYERABEND

 Questiona a racionalidade científica e assume-se contra o método


(“anarquista epistemológico”)
 Crítica o positivismo – As metodologias normativas não são
instrumentos adequados de investigação

Defende o pluralismo metodológico

49
“Tudo é bom, tudo vale” – Forma de reaproximar o conhecimento a outros
modos de saber (possivelmente) não científicos.

 Tudo é bom, tudo vale para o desenvolvimento da ciência


 Todo o conhecimento é uma aproximação de diferentes modos de ser e
de conhecer
 Não se retira o rigor e a cientificidade no modo como se faz ciência

Estratégias para Controle dos Riscos de Racionalismo

Zonas de disponibilidade heurística das teorias

- As teorias possuem “zonas de disponibilidade” heurística, ou seja, zonas


identificadas como dotadas de potencialidades para serem preenchidas com
novos conhecimentos:

 Zonas que se aperfeiçoam


 Zonas que sugerem novas perguntas
 Zonas que iluminam novos problemas
 Zonas que desembocam em novas soluções

Serendipidade

 Em certas circunstâncias, a visibilidade permitida pela problemática e


pelas hipóteses básicas de pesquisa leva à serendipity, ou seja, ao
elemento imprevisto, anómalo (erro), intrigante e estratégico,
suscitando a exploração de novos caminhos
Ou seja

Permite-nos alcançar novos conhecimentos, através do surgimento de casos


novos que são dados como elementos passíveis de exploração  Visualização
da visão mais empírica  Redução do risco de racionalismo!  Alteração
da realidade

50
2. INDICADORES

Conceitos, Dimensões e Indicadores

Operacionalização de conceitos – Dos conceitos aos Indicadores


(Lazarsfeld)

Os conceitos devem ser enquadrados tendo em conta:

o Contexto
o Processo Histórico
o Intervalo de Tempo

1. Representação do conceito como imagem (socialmente partilhada e


definida por cada disciplina de forma diferente) – Inerente à interpretação
de cada um

Exemplo: Conceito de Envelhecimento; Conceito de Género

2. Especificação do conceito nas suas várias dimensões ou


componentes, uma vez que geralmente o conceito corresponde mais a
um conjunto complexo de fenómenos do que a um fenómeno simples e
diretamente observável

Exemplo: Dimensão psicológica, Dimensão física, Dimensão económica,


Dimensão social

51
3. Escolha de indicadores para cada uma das dimensões. Pelo facto de
cada indicador medir geralmente apenas uma parte da dimensão torna-
se necessário multiplicar o número de indicadores utilizáveis
 Um indicador remete para uma determinada dimensão!
 Construção de questões que pudessem ser medidas e respondidas pelo
indivíduo

Exemplo: O que faz? Que idade tem?

CONCEITOS

Que influência
psicológica tem
DIMENSÕES
o conceito de
doença para o
doente?
Dimensão Dimensão
Cobrem o indivíduo física/biológica psicológica
como um todo e
como realidade
psico-bio-social!

Dimensão
Dimensão social
cultural

INDICADORES

 Nosologia da doença (classificação da doença)


 Causas da doença (sociais, psicológicas…)
 Tipo de tratamento
 Hábitos (alimentares…)
 Meios de acesso à saúde

52
Indicadores ou Variáveis

 Conceitos operacionais e classificatórios que assumem vários valores


 São a ponte entre o universo da abstração (teoria) e o universo da
observação!

Exemplo: Conceito de Género

Indicador: Sexo Masculino; Sexo Feminino

 Correspondem a uma forma de operacionalização da teoria


 São instrumentos de categorização e inteligibilidade (tradução e
compreensão) do real

 É através dos indicadores/variáveis que medimos a realidade sociais,


suportados por teorias. Deixamos uma realidade abstrata e orientadora
da pesquisa para podermos passar para uma realidade observável e que
pode ser medida

Modelo
Método Hipotético-Dedutivo
Método Hipotético-Indutivo

Hipóteses

Conceitos

Dimensões

Indicadores

53
Modelo Hipotético – Indutivo (se estivermos numa área de investigação nova)

 A construção parte da observação (empiria)


 O indicador é de natureza empírica
 Constroem-se novos conceitos, novas hipóteses e, assim, o modelo que
se submeterá ao teste dos factos

Modelo Hipotético – Dedutivo (se estivermos numa área de investigação já


com alguns trabalhos realizados)

 A construção parte de um postulado ou conceito totalizante aceite como


modelo de interpretação de um fado fenómeno
 Este modelo geral, através de um trabalho lógico, hipóteses, conceitos e
indicadores para os quais se terão de procurar correspondentes no real

- Quando inseridos no instrumento de recolha de informação (por exemplo, o


inquérito por questionário), os indicadores designam-se como variáveis (As
variáveis têm valores)  Indicadores e variáveis são sinónimos

 A cada variável correspondem no mínimo dois valores possíveis – Os


valores da variável

Valores da Variável – “Respostas” possíveis e adequadas à variável

 São as respostas que o investigador consegue identificar logo como ponto


de partida

Exemplo:

Variável: “Género”

Valores da Variável: “Feminino”, “Masculino”

54
Tipos de Variáveis

- Existem 2 tipos de variáveis quanto aos valores que podem assumir:

 Variáveis dicotómicas (quando podem assumir apenas dois valores,


“um” ou “outro”) – Só se pode dar uma resposta

Exemplo:

Variável – “Exercício de voto nas últimas eleições”

Valores da Variável – “Sim”, “Não”

Variável – “Tomou o pequeno-almoço?”

Valores da Variável – “Sim”, “Não”

Variável – “Hoje, qual é o seu estado civil?”

Valores da Variável – “Solteiro”

 Variáveis contínuas (quando podem assumir mais do que dois valores)


– Depende do percurso de vida do indivíduo

Exemplo:

Variável – “Estado Civil”

Valores da Variável – “Solteiro”, “Casado”, “Divorciado”, “Viúvo”

 Ler os dados atendendo ao que estamos a perguntar e ao que estamos a


relacionar!
 Interpretar os dados no modelo atual ou num modelo retrospetivo

55
Classificação das Variáveis, quanto à sua natureza

Qualitativas

 Os valores possíveis de uma variável qualitativa são: qualidades ou


símbolos
 A relação entre esses valores só têm sentido em termos de igualdade e
de desigualdade

Quantitativas

 Os valores de uma variável quantitativa são representados através de


números
 Variáveis transformadas em quantitativas pelo investigador
 Passíveis de ser traduzidas em números

Tipos de Escalas (de medida dos indicadores)

Escala Nominal ou Categorial

Derivadas das variáveis que se limitam a designar situações.


 Situam-se ao nível mais elementar da medida.
 A relação entre o valor da variável e o número que a representa é
estritamente uma relação de equivalência

56
 Importantes para caracterizar – Análise descritiva! (Não é boa para
fazer uma análise interpretativa)

Escala Ordinal

 Ordena, ao longo de um continuum, os elementos do conjunto


teoricamente designado
 Ordenação que não tem informação sobre as grandezas das diferenças
entre as posições relativas (categorias) ocupadas pelos elementos do
conjunto designado
 Ordenação segundo as características dos elementos

57
Escala de Intervalos

 O valor da variável traduz-se num número


 Permite informação sobre a diferença de grandeza entre os valores
observados
 As unidades de medida são convencionais
 A localização do 0 (zero) é convencionada (0 não significa “ausência de”)
 É possível proceder a somas e diferenças com os valores destas escalas
de medida (média, desvio padrão…)

Escala de Razão ou Proporções

 Tem as características das escalas discutidas anteriormente mas possui


um zero absoluto (0 significa “ausência de”)
 É possível estabelecer relações de proporcionalidade entre os valores
destas escalas
 Uma escala de razões reflete a quantidade real de uma variável
 Todas as operações aritméticas são possíveis

 A escolha das escalas vai determinar o tipo de resultado a que se pode


chegar!

58
 Escala mal escolhida pode comprometer a validade dos dados e dos
resultados obtidos!

 As escalas ou níveis de medida têm consequências na fase de tratamento


da informação!
 Se se utilizarem modelos estatístico-matemáticos não compatíveis com o
nível de medida das variáveis consideradas, os resultados obtidos serão
inaceitáveis
 Se ficar aquém das possibilidades oferecidas pelo nível de medida em
causa, perder-se-á desnecessariamente informação

Escalas e Procedimentos Estatísticos

Caracterização das Escalas

- Hierarquização segundo um grau crescente de complexidade!

 Escala cumulativa

59
Derivadas das variáveis que se limitam a designar situações.
 Situam-se ao nível mais elementar da medida.
 A relação entre o valor da variável e o número que a representa é
estritamente uma relação de equivalência
 Importantes para caracterizar – Análise descritiva! (Não é boa para
fazer uma análise interpretativa)

IMAGENS PPT

Escala Ordinal

 Ordena, ao longo de uns contos elementos do conjunto teoricamente


designado
 Ordenação que não tem informação sobre as grandezas das diferenças
entre as posições relativas (categorias) ocupadas pelos elementos do
conjunto designado
 Ordenação segundo as características dos elementos

Escala de Intervalos

O valor da variável traduz-se

60
3. A METODOLOGIA: Métodos e Estratégias de Pesquisa

Estratégias de Investigação

1. Estratégia Extensiva

 Permite conhecer em extensão (através do conhecimento das suas


regularidades) o Método Experimental
 Lógica da representatividade
 Uso dominante de técnicas de pesquisa quantitativas (uso
preferencial do inquérito por questionário)

Vantagens:

♦ Colher informação em grande quantidade e fazer análise da mesma


através de comparações entre o que colhemos na prática e testes de
confronto de hipóteses
♦ Permitem comparabilidade dos estudos e de informação!
♦ Comparável e comprovável
♦ Utiliza ferramentas quantitativas
♦ Método experimental está incluído

2. Estratégia Intensiva

 Permite analisar em profundidade


 Privilegia a abordagem direta nos próprios contextos
 Uso dominante de técnicas de pesquisa qualitativas:
o Observação participante e não participante
o Entrevistas
o Biografias
o Histórias de vida
o Estudos de caso

61
3. Investigação de Ação

 Permite intervenção sobre o real (projetos de intervenção direta)


 Aplicação mais direta dos conhecimentos produzidos
 Possibilidade de utilização diversificada de técnicas de pesquisa
 Permite convocar permanentemente diferentes técnicas de recolha de
informação

Permitem
chegar a
dados e a
estudos!

Classificação dos Métodos de Investigação – E. Greenwod, 1965

1. Método Experimental

 Meio de testar hipóteses causais.


 Traduz-se na aplicação de um tratamento, controlado pelo
experimentador, aos sujeitos experimentais, podendo as
consequências desse tratamento ser empiricamente observáveis
(importado da física e da biologia)
 Apresenta características deterministas

62
 Método controlador e determinista – Diminui possibilidade de inovação

Apresenta 4 fases/momentos:

o Observação – Natural e científica


o Formulação de Hipóteses
o Experimentação
o Conclusão, elaboração e interpretação de resultados

2. Método de Medida ou Análise Extensiva – Quantitativo

 Implica a observação, por meio de perguntas, de populações


relativamente vastas colocadas em situações reais, a fim de obter
respostas suscetíveis de serem manuseadas mediante uma análise
quantitativa

Fases do método:

 Utiliza instrumentos de recolha de informação padronizada, como a


entrevista diretiva e, principalmente, o inquérito por questionário

Os dados são analisados

o Classificação
o Contagem
o Apresentação

3. Estudos de casos ou de Análise Intensiva – Qualitativo

 Exame, tanto em amplitude como em profundidade, de uma amostra


particular, ordenando os dados disponíveis, de forma a preservar o
caráter unitário da amostra

63
 A finalidade deste tipo de método é a de possibilitar uma ampla
compreensão do fenómeno na sua totalidade
 Utiliza instrumentos de recolha de informação flexíveis, principalmente a
observação-participante

 Através do conjunto de casos significativos e representantes 


Conhecimento da condição clínica e psicológica que possa melhorar a
qualidade de vida de um determinado grupo

Quando é mais adequado utilizar?

 Explorar situações da vida real


 Descrever a situação do contexto em que está a ser feita determinada
investigação
 Explicar as variáveis causais de determinado fenómeno em situações
muito complexas

Limitações:

 Falta de rigor metodológico


 Dificuldade de generalização
 Tempo destinado à Investigação

Três aspetos que caracterizam o método intensivo – Segundo Greenwood

1. A intensidade e profundidade
 Multiplicidade das facetas a explorar na análise da unidade de
investigação e com a profundidade do estudo que implica as dimensões
históricas dessa unidade

2. A flexibilidade do método
 Seleção e utilização mais livres e amplas da técnica

64
3. Grande quantidade de material informativo e por vezes
heterogeneidade
 Resultante de diversos níveis de análise e da utilização de diferentes
técnicas

A análise dos dados é exigente, caso contrário, pode resultar em algum


impressionismo co larga margem de arbítrio, que importa controlar

Principais Estratégias Metodológicas – António Firmino da Costa, 1999

Extensivas-Quantitativas

 O inquérito por questionário é a modalidade mais comum de


procedimento observacional neste tipo de pesquisas.

 Implica a construção de instrumentos de recolha de informação


estandardizados, possibilitando a medida segundo parâmetros
homogéneos e a respetiva aplicação extensiva, por contacto pontual com
grande número de indivíduos respondentes, abrangendo todos os
elementos do universo a estudar ou amostras apropriadas deste.

Comparativas-Tipológicas
D

 Debruçam-se sobre um número bastante mais pequeno, mas ainda assim


significativo, de unidades de análise, utilizando instrumentos de pesquisa
mais flexíveis e procedimentos de recolha de informação de média
intensidade.

65
 A técnica mais corrente é a das entrevistas, nas diversas variantes que
elas podem assumir, complementadas eventualmente por levantamentos
documentais ou períodos limitados de observação direta

Intensivas-Qualitativas

 Realizam-se tomando como terreno de pesquisa uma unidade singular –


como uma aldeia ou um bairro, um grupo ou uma organização, um espaço
público ou um movimento coletivo, entra várias outras possibilidades – ou,
eventualmente, um pequeno número delas.

 Recorrem sobretudo à observação direta, por vezes participante, de


carácter intensivo e multifacetado, em interação continuada e informal
com as pessoas integrantes dessa unidade social.

 Com frequência são acionadas, de forma complementar, outras técnicas


de recolha de informação

Níveis de Investigação

- Os níveis de investigação variam de acordo com os objetivos a que a pesquisa


se propõe.

- Assim, uma investigação pode ter um caráter:

 Exploratório
 Descritivo
 Explicativo

66
III – PREPARAÇÃO DA INVESTIGAÇÃO

1. PLANEAMENTO DE UM TRABALHO DE INVESTIGAÇÃO

Etapas da Investigação

Escolha da Área Temática

- Pode começar com:

 A identificação de um problema (sobre um problema)


 Uma questão (sobre um problema)
 Uma reflexão (sobre um problema)

 Devemos de começar sempre pela escolha de uma área de interesse


como, por exemplo:
 Melhoria da qualidade de cuidados
 Prevenção de feridas neonatais
 Avaliação do risco de quedas em idosos institucionalizados

O
O que
que vou
vou pesquisar?
pesquisar?

Revisão Teórica – Revisão de Literatura – Enquadramento Teórico

 Obtenção de informação sobre aquilo que queremos estudar!

 Ler os resultados da investigação e fazer uma análise crítica


 Verificar as implicações teóricas e práticas dos resultados da
investigação desenvolvida na área temática que quero investigar
 Verificar limitações desses estudos, no sentido de minimizar o erro no
decurso da minha investigação

Revisão Sistemática da Literatura

67
Scoping Review – Revisão que tem por objetivo explorar um tema e ver que
conceitos lhes estão associados, mas sem o rigor que está implicado numa
Revisão Sistemática da Literatura. É um processo menos complexo.

Teoria Principal vs. Teoria Auxiliar de Pesquisa

- Quadro teórico de referência – Conhecimento que temos do tema que vamos


abordar

Teoria Principal

 Quadro conceptual – Teoria de apoio ao objeto de estudo

- Uma investigação pressupõe sempre recolha de informação (e não apenas


da literatura) + Metodologia de recolha de informação

Teoria Auxiliar

 Teoria de apoio aos métodos


 Estratégia Metodológica
 Técnicas de recolha e análise de dados (instrumento, amostra,
técnicas estatísticas)

Formulação e Justificação do Problema

 Demonstração de que aquilo que queremos investigar constitui um


problema que é pertinente para a continuação do estudo da área que
queremos investigar

 Razões que me levam a estudar esta área temática (razões que


justificam a minha escolha)

68
 Pertinência da investigação face à evidência
 Justificação teórica ou com dados estatísticos
 Importância do objeto de estudo
 Definição clara do problema ou tema

Exemplo: Estudo na área da gravidez na adolescência (evidência científica


sobre este fenómeno e a relevância dos dados estatísticos nacionais a traduzir
o problema)

o Qual o impacto?
o Quais as implicações emocionais e psíquicas?
o Qual o impacto familiar?
o Qual o impacto na sociedade?

Questões e Objetivos

O que pretendemos alcançar com esta


investigação? O que pretendemos obter?

Quais os objetivos que o meu trabalho de


investigação pretende alcançar?

 Questões orientadoras dos objetivos

Objetivo geral – Traduz o fim com que se faz a pesquisa  Aponta para a
finalidade geral do trabalho de investigação

Objetivos específicos – Decomposição do objetivo geral em outros mais


específicos

 Os objetivos podem ser divididos em diversas questões às quais


pretendemos responder!
 Podem mudar em função do tempo!  Devido às mudanças nas
condições da sociedade

69
 Necessária existência de coerência entre os objetivos estabelecidos e os
resultados obtidos!

Material e Métodos - Metodologia

Como atingir os objetivos? Qual o objeto de estudo?

Necessário trabalho de campo  Recolha de dados e informação (em função


dos objetivos estabelecidos no trabalho de investigação e em coerência com o
mesmo)

Questões de investigação (interrogações)? Hipóteses de


investigação (afirmações)?

Num processo de investigação:

Colocação Colocação
de de
Questões Afirmações

 Que queremos ver confirmadas ou rejeitadas!

Utilizo toda a população? Utilizo uma amostra (conjunto


de pessoas retiradas da população)? Que tipo de amostra?

Estudo de âmbito mais alargado ou mais restrito

70
Qual a antevisão da análise de dados? Qual o tipo de
estudo? Quais os materiais e métodos a utilizar?

Metodologia Qualitativa:

 Informação dada pelos sujeitos que estamos a avaliar

Metodologia Quantitativa:

 Utilização de Técnicas de análise estatística

Recolha de Dados

Como será o processo de recolha de dados?


Que informação vou recolher?

Qual o instrumento de recolha de dados que


posso usar?

 Entrevista
 Observação
 Inquérito por questionário
 Escala: Instrumento já feito, com um conjunto de perguntas, que nos
permite avaliar aquilo que queremos avaliar
 Desenvolvimento de um instrumento ou tradução do mesmo (variável e
com a sua medida

Quem vai recolher os dados?

 O investigador
 Os indivíduos preparados para fazer essa intervenção

71
Em que local (onde)?

 Escola
 Hospital
 …

Que recursos estão disponíveis?

 Equipa de investigação alargada


 Pessoas que possam colaborar com a recolha de informação
 Só eu

Análise de Dados

 Qualquer dado, por si só, não vale nada se não for trabalhado e analisado!

Como vai ser organizada a informação?


Que tipo de análise?

 Base de dados SPSS


 EXCEL
 Epi Info – OMS
 Análise estatística descritiva ou inferencial
 Análise de conteúdo

Que recursos estão disponíveis?

 Equipa de investigação alargada


 Pessoas que possam colaborar com a recolha de informação
 Só eu

72
 Ajuda no tratamento seguro dos dados  Certeza de um tratamento
seguro e isento de erros

Apresentação e Discussão de Resultados

 Apresentação e discussão dos resultados à luz da teoria


 Confirmar ou refutar as hipóteses ou questões de investigação
 Apresentar os resultados tendo por base os objetivos (estruturação
coerente do trabalho), que devem de ser respondidos

Análise dos
dados
Apresentação (comparação dos
dos dados (de dados que
Discussão
forma encontrámos Resultados
dos dados
descritiva e com o que já foi
extensiva) encontrado
noutros trabalhos
de investigação

Conclusões

 Sintetizar as conclusões obtidas tendo por base os objetivos (estruturação


coerente do trabalho)
 Evidenciar a importância dos resultados alcançados para a investigação
e para o objeto de estudo
 Indicar as implicações para a teoria e para as práticas de cuidados

 Indicar as limitações (do ponto de vista geográfico ou temporal),


sugestões (para quem quiser estudar aquela área – análise crítica) e
dificuldades
 Perceber se a formação, resultante da área de investigação estudada,
pode ser mudada!

73
Tipos de Estudos
Dicotomização

Estudos Qualitativos vs. Estudos Quantitativos

Estudos Mistos

Situação do estudo em função das seguintes questões:

 Que tipo de resultados pretendemos obter no final?


 Queremos obter números que resumem uma grande quantidade de
informação, mas perdem o foco de cada indivíduo em si?

Estudo de âmbito quantitativo – Preocupam-se mais com o todo, não havendo


preocupação com as características individuais de cada um  Amostras de
grandes dimensões

Objetivo: Obter muita informação sobre um maior número de pessoas, mais


generalizada e menos individual

 Ou queremos obter informação mais precisa sobre menos


indivíduos?

Estudo de âmbito qualitativo – Obtenção de informação sobre menos unidades


de investigação (indivíduos)

Objetivo: Obter muita informação sobre um menor número de pessoas, mais


pormenorizada e individual

 Qual destas abordagens será melhor para o objeto de estudo, para


os objetivos e para o tipo de análise?

74
Dicotomia – Qualitativos vs. Quantitativos

 Utilização diferente dos dados!

Qualitativos – “Profundidade”

 Centramo-nos sobre uma certa realidade, querendo obter todos os


elementos que observamos, analisando-os e descrevendo-os
exaustivamente
 Procuram explorar de forma minuciosa as características específicas da
situação fenómeno em estudo
 Utilizam técnicas de análise de conteúdo
 Não têm como objetivo principal apresentar resultados de forma numérica
com recurso a técnicas de análise estatística, mas estas pode ser
utilizadas

Exemplo: Fotografia de microscópio

Quantitativos – “Extensividade”

Exemplo: Fotografia de satélite

75
Historiografia - Qualitativos

Começo – Identificação/Definição do problema

 Qual é o objetivo/tema da investigação histórica?

- Deverão ser feitas algumas questões gerais que orientam a investigação nesta
fase:

 A abordagem histórica é a mais apropriada para esta investigação?


 Esta investigação é viável?
 Os dados estão disponíveis?
 Quais e onde se encontram os recursos históricos?

76
Quantitativos – “Extensividade”

Exemplo: Fotografia de satélite

 Tentamos retirar as principais características gerais e observáveis, sem


pretender conhecer ao pormenor todos os elementos desse objeto de
estudo

 Procuram descrever um número alargado de casos. A profundidade da


informação é substituída pela sua extensão.
 Os instrumentos de recolha de dados são mais estruturados que nos
estudos qualitativos
 Utilizam técnicas de análise estatística, principalmente
 Obtenção de médias, modas e medianas, assim como frequências
absolutas ou relativas

77
Utilização de dados que já Procura-se
Recolha de
foram recolhidos no passado analisar um
informação
(presentes em arquivo)  acontecimento
ao longo do
“Olha para trás”, para um que ocorre no
tempo
fenómeno que já aconteceu presente

Estudos que acompanham


Preocupam-se com Comparação, em as pessoas ao longo do
um grupo em dois grupos tempo, tendo como objetivo
particular, mais diferentes, dos final identificar as pessoas
alargado, e não com a diversos fatores que têm um problema e as
unidade/indivíduo em de risco pessoas que não têm esse
si mesmo problema

Avaliação de pessoas
(inicialmente saudáveis e
posteriormente doentes) ao longo
Quantitativos: do tempo, avaliando-as com
pessoas sempre saudáveis,
1. Estudos descritivos
avaliando os diversos fatores e
 1º Passo na investigação! perfis de risco associados a
essa doença
 Descrevem os fenómenos ou problemas sob estudo
 Identificam, analisam e relacionam variáveis sem determinar relação de
causa e efeito
 Fazem o inventário de factos ou situações
 Analisam documentos

78
 Este tipo de estudos não tem como objetivo principal apresentar
resultados de forma numérica com recurso às técnicas de análise
estatística

1.1. Estudos epidemiológicos

Prevalência – Estudo de número de pessoas com um certo problema

o Frequência de uma doença ou condição numa população


o Índice de morbilidade das populações
o Importantes para conhecimento epidemiológico

Incidência – Estudos que permitem identificar novos casos de doença num


determinado intervalo de tempo (menos dispendioso)

Classificação em função do momento da recolha de dados – Importância da


dimensão temporal na recolha dos dados:

1.2. Estudos Retrospetivos


 Informação existente antes do início do estudo
 Os casos/indivíduos são seguidos do “efeito” para a “causa”, ou seja, o
processo de pesquisa parte de dados recolhidos anteriormente – registos
dos processos

1.3. Estudos Prospetivos


 Informação recolhida depois do início do estudo
 Os casos/indivíduos são seguidos da “causa” para o “efeito”, ou seja, é
acompanhado o processo de pesquisa que os influencia.
 É mais fácil obter um grupo controle, porém mais caro e mais trabalhoso
do que um estudo retrospetivo.

1.4. Estudos Transversais


 Uma observação única

79
1.5. Estudos Longitudinais ou de coorte
 Observações repetidas ao longo do tempo

2. Estudos Correlacionais
 Têm como objetivo  Identificar se existem correlações entre variáveis

 Procura-se identificar em que grau os fenómenos estão relacionados


 Exploratória, procura explicar a relação entre variáveis
 Relacionar variáveis e estabelecer relações de causa e efeito
 Aprecia a interação entre as variáveis
 Estabelecer as diferenças entre grupos
 Comparação de resultados entre grupos (baseia-se numa hipótese de
equivalência, superioridade e não inferioridade)

2.1. Explorar as relações entre variáveis (explorar a relação e descrever)


Estudo Descritivo Correlacional
2.2. Verificar a natureza da relação entre as variáveis (explicar ou
prever as relações)
Estudo Correlacional Explicativo ou Preditivo

80
2.3. Verificar modelos (verificar modelos teóricos – confirmação e
consolidação de modelos teóricos já existentes (paradigmas))
Estudo para Verificação de um Modelo

3. Experimentais
 Presença de informação que queremos desenvolver
 Verificar se existem diferenças significativas entre situações ou grupos
 Faz-se a comparação de um atributo de um grupo de controlo com um
grupo experimental

Exemplo 1: Verificar se a frequência de um programa de apoio às aulas de


investigação melhoram o desempenho na disciplina

Grupo controlo: Turma sem programa de apoio

Grupo experimental: Turma com programa de apoio

Exemplo 2: Verificar se a administração de silimarina às mães dos RN pré-termo


melhoram a produção mantendo a qualidade do leite materno

Grupo controlo: Mães a quem é administrada silimarina

Grupo experimental: Mães a quem é administrado placebo

 Estudos de natureza empírica que têm como objetivo identificar se


existem relações de causalidade entre variáveis:

- Se um tratamento/Intervenção X produz efeito em Y, é introduzido numa


situação controlada

Grupo experimental: grupo ao qual se aplica o tratamento/intervenção

Grupo de controlo: grupo ao qual não se aplica o tratamento

81
3.1. Quase-experimental
 Tem intervenção/experiência
 Deixamos de ter dois grupos (experimental e de controlo) para termos
apenas um grupo de estudo, que é avaliado em dois momentos: antes da
intervenção e depois da intervenção
 Estudo de natureza empírica que não cumpre dois dos pressupostos da
experimentação: a aleatoriedade na seleção dos grupos e o controlo.
 Faz-se a comparação dos grupos e controlo de algumas variáveis

82
Relatório de Investigação Empírica

Texto de Carácter Científico

Parte Pré-Textual – Elementos colocados antes do corpo do texto

 Capa (em papel mais resistente – sóbria. Protege o trabalho. Tem função
de identificar o autor e a instituição de pertença)
 Página de rosto (apresenta mais elementos do que a capa)
 Dedicatória (não obrigatória)
 Epígrafe (não obrigatória) – Pensamento
 Agradecimentos (não obrigatória)
 Resumo (Abstract, Résumé, Resument) – Apresentado em 2 línguas
(língua mãe e outra, como o inglês ou francês)
 Lista de siglas e abreviaturas
 Índice e Índice de Quadros, Tabelas e Figuras

Parte Textual – Corpo do Trabalho dividido em capítulos

 Introdução
 Enquadramento Teórico (revisão da literatura)
 Materiais e Métodos/Metodologia
 Apresentação de Resultados
 Discussão de resultados (apresentação e discussão de resultados)
 Conclusão
 Implicações Teóricas e Práticas
 Referências Bibliográficas

Parte Pós-Textual – Elementos relacionados com o corpo do texto e colocados


depois deste

 Referências bibliográficas ou Bibliografia


 Anexos – Documentos de outros autores

83
 Apêndices – Materiais produzidos pelos autores
 Notas (não obrigatório)
 Errata (não obrigatório) – Lista de erros de redação ou composição
gráfica e respetiva correção (pode ser entregue posteriormente à entrega
do trabalho, caso o erro seja detetado nessa altura)

Informação
2. FONTES DE INFORMAÇÃO E DE RECOLHA DE DADOS consultada
diretamente em
Tipos de Fontes teorias e teses
produzidas por um
autor

Primárias

Fontes de
Informação

Produção/Redação de Secundárias
(citações)
informação relativa a
informação já
FONTES
produzia por outro
autor Primárias - Dados
recolhidos pelo próprio
investigador
Fontes de recolha de
dados Secundárias -
Utilização de dados
recolhidos por outra
outra entidade,
instituição, INE ...
Fontes1.de
Fontes
Informação
de Informação

 Podem resultar da leitura e do acesso que temos à informação

Fontes primárias: Gerados pela própria avaliação de um autor

Fontes secundárias: O avaliador não foi responsável pela recolha direta dos
dados.

84
Relatórios de informação
que traduzam
investigações. Tudo o Monografias; Artigos
periódicos; Dissertações; Altas,
que traduz informação Literatura cinzenta
feita e realizada pelo (comunicações, relatórios e
próprio autor atas não publicadas);
Enciclopédias; Dicionários;
Primárias Reportórios Bibliográficos;
Coletânias; Diretórios (listas
que pretendem conter toda a
informação útil sobre
determinado tema); Anuário;
Fontes de Catálogos; Documentos de
Informação arquivo

Citações - A fonte
secundária compõe-se
Secundárias
de elemntos derivados
Informação gerada das obtas originais
de investigações e
conhecimentos
adquiridos por
outros

 Pesquisa documental – Pesquisa bibliográfica (livros, periódicos,


papers, bases de dados bibliográficas)

Locais Privilegiados para Recolha de Informação

 Bibliotecas
 Centros de Documentação
 Servições de Informação e documentação e arquivos (documentos
únicos – documentos oficiais ou privados, considerados de relevância
pela sua raridade ou singularidade)
Procura em
 Centros de Investigação
fontes
 Bases de dados on-line
credíveis!
 Repositórios institucionais

Documentação – Pesquisa Documental

Permite ao Investigador:

85
 Identificação de novas aplicações
 Facilita a abertura a disciplinas afins e a outras mais afastadas

 Sustenta a Teoria Principal


 Estabelecer com precisão o estado da questão
 Começa-se com um quadro teórico alargado – Ter uma visão inicial
ampla, que vai afunilando
 Situar comparativamente a problemática – Comparação com outros
estudos
 Conhecer resultados importantes – Ler os resultados de outros
trabalhos
 Tomar consciência da originalidade – Verificar se o trabalho é original,
comparando-o com o que já foi feito por outros
 Clarificar ideias
 Questionar: Para onde vou? Como vou? Qual o melhor caminho?

É função das fontes de informação serem suporte à teoria principal!

A procura de fontes revela diversas realidades:

 Cultura científica do investigador – Pode à partida estar dentro do tema


e ser um perito ou não
 Diferentes quadros teóricos – Vários quadros teóricos que em conjunto
vão dar suporte à teoria que vai sustentar a investigação

 Sustenta a Teoria Auxiliar


 Domínio da Investigação – Fundamentação da metodologia  Exige
do investigador conhecimentos de diferentes níveis e áreas, sendo a
documentação um auxílio fundamental.

 As hipóteses representar possíveis conclusões a testar posteriormente na


parte empírica da investigação

86
Utilização de:

 Diferentes formas de colheita e análise de resultados – Através das


fontes podem ser identificadas diferentes formas de recolha de dados que
podem nortear a nossa escolha
 Diferentes Técnicas operativas – Sustentar as técnicas que iremos
utilizar na investigação

Documentação de fundo permite ao investigador conhecer:


Nota: Utilizar
o Técnicas de pesquisa preferencialmente
fontes primárias e
o Técnicas operativas
não fontes
o Técnicas de análise crítica de resultados secundárias

 Decorre da fundamentação teórica (teoria principal) e dos objetivos


da investigação

 Análise de instrumentos de recolha de dados existentes (o uso de


instrumentos já testados ajuda a evitar erros que outros já cometeram)
 Construção de instrumentos
 Tradução e adaptação cultural dos instrumentos
 Validação estatística de instrumentos

87
Dependem da autoridade
pública – Estado

 Diário da República
 Dados Arquivo de
Identificação
 Relatórios do INE
 Relatórios de Saúde
 Contratos de Casamento

Imprensa, livros, revistas - Dão Difícil acesso – Dependem


informação política, das empresas
económica e social
 Estudos Empresariais
 Revistas técnico-  Estudos na área da
científicas Qualidade
 Livros técnicos  Estudos na área da
 Documentos da Internet Saúde
(com autor)

Objetos e vestígios materiais Iconografia (mapas, gravuras,


(lixo, jóias, brinquedos, cerâmica) caricaturas, pinturas)

Fontes Não
Escritas

Fontes orais não registadas Imagem e som registado


(testemunhos vivos, cantores de (discos, CD's, filmes,
intervanção) documentários)

2. Fontes de Recolha de Dados

 Estudo empírico!

88
Fontes Primárias: Dados que resultam da recolha através de:

 Questionários
 Entrevistas
 Observação
 Focus groups…

Fontes Secundárias:

 Estatísticas
 Bases de dados (oriundas de outros estudos)
 Indicadores económicos e de saúde
 INE
 Artigos de Jornais
 Reclamações (livro amarelo)

Fontes Secundárias

Fontes Estatísticas

1. Estatísticas Correntes
 Referentes ao País
 São reguladas e publicadas

Exemplo: Recenseamento 10 em 10 anos

 Não estão tratadas


 São descritivas
 Não analisam os dados (dão informação básica e sintética)

2. Análises Estatísticas
 Fornecem informação tratada
 Devemos utilizar esta informação com cuidado, conhecendo os objetivos,
como foi feita a colheita e o tratamento da informação

Nota: A utilização
de dados
estatísticos exige do
investigador citação
em texto ou rodapé! 89
Crítica das Fontes
Crítica dos documentos escritos

- 3 Fases de análise necessárias e complementares:

 Crítica Interna do Documento – Envolve, simultaneamente:


o Leitura atenta
o Compreensão em profundidade – “Interpretar o texto” (análise de
conteúdo)
o Simpatizar com o texto (avaliar o crédito que possa ter)
o Duvidar sistematicamente de tudo que se afirma
 Crítica Externa ou da Testemunha
o Verificar a credibilidade do documento/mapa
o Qualidade do papel, textura, formato e cor, encadernação,
composição química da tinta, assinaturas, fórmulas oficiais
o Passar esses elementos pelo crivo para os confrontar entre si e
com os resultados da análise interna permite afirmar a
autenticidade do documento e confirmar a sua proveniência
 Crítica do testemunho “confirmar a informação”
o Confirmar com os outros testemunhos independentes a
credibilidade da informação

- No final destas 3 etapas, é possível efetuar uma síntese das investigações.


Trata-se de uma operação que permite:

 Destacar as informações
 Estabelecer uma ordem de certeza sobre o essencial e sobre os
pormenores
 Identificar eventuais lacunas (falhas que deverão ser preenchidas por
outros meios que nos forneçam informação complementar!

Crítica das Fontes não escritas

- Tem como objetivo estabelecer factos!

 Critica interna e externa da “testemunha”, crítica do “testemunho”.

90
 Difere das fontes escritas nos meios a utilizar para fazer a crítica externa
(gravações, vídeos, fotografias), arte (móveis, esculturas).
 Não dispensa o procedimento crítico e a obrigação de confrontar a
informação com recurso a outras fontes

Crítica das Fontes Estatísticas


 Os algarismos podem dar a impressão enganosa de objetividade e rigor
 O próprio objeto da estatística pode ser fonte de erro

Exemplo 1: o número de desempregados em França pode variar


consideravelmente consoante as fontes (patronais ou sindicais)

Exemplo 2: Sondagens

91
IV – TÉCNICAS DE RECOLHA DE INFORMAÇÃO

1. OBSERVAÇÃO

 Observação como a base do desenvolvimento pessoal e civilizacional


 A observação é a base fundamental de todos os métodos de
investigação nas ciências sociais e comportamentais

Incide principalmente nas atividades humanas e configurações físicas

Como membros de uma sociedade, no quotidiano, através da observação,


interpretamos as ações e as reações dos outros (posturas e reações físicas).
Observando os outros, aprendemos.

 É a base fundamental de todos os métodos de investigação nas


ciências sociais e comportamentais
 Incide principalmente nas atividades humanas e configurações físicas

92
Implica a mobilização dos vários sentidos!

Apesar de a observação estar associada à colheira de dados apenas através


da visão, todos os sentidos podem estar envolvidos: desde o olfato, à
audição, passando pelo toque e pelo paladar

 Observar geralmente implica contacto direto com os sujeitos


observados, apesar de a observação remota poder ser realizada através
da gravação de dados: fotografias e filmes…

Observação Perceção Interpretação Realidade

O discurso, a realidade e a observação

o Faz-se o que se diz que se faz? “Faz o que te


o O que se faz de diferente? Como se faz? digo não aquilo
que eu faço”
o Faz-se mais? Faz-se menos?

Fases da Observação

1ª Fase – Observação descritiva  Mais abrangente

 Observações iniciais, pouco focadas e com objetivos abrangentes,


providenciam uma base, um ponto de partida

2ª Fase – Observação focalizada

 Clarifica as questões de pesquisa e os conceitos que requerem a 3ª fase


 Enquadra as observações seguintes e permite criar tipologias

93
3ª Fase – Observação seletiva  Mais aprofundada e específica

 Aprofunda características e relações entre os elementos previamente


selecionados como objeto de estudo

Progressivamente afunilando, aprofundando e orientando a atenção


dos investigadores para os elementos que emergiram teoricamente ou
empiricamente como essenciais
Dependem do objeto de estudo e dos objetivos que estabeleci para aquele
estudo!

 Uma das particularidades da observação é não ser intervencionista –


Não ocorre intervenção direta no objeto de estudo

As observações quantitativas são desenhadas para obter


estandardização (generalização) – muito diferentes dos que são
realizadas num paradigma qualitativo  Possuem um objetivo diferente –
Há quantificação de itens/ocorrências
A observação qualitativa é fundamentalmente naturalista (abordagem
aprofundada mas não quantificada) – Não há quantificação de itens

Participar na observação:

 Perda de objetividade
 Perda de distanciamento do objeto de estudo
 Problemas a nível do registo da situação, que se dificulta quando
participamos na ação (perda de registos, ou da subjetividade dos
mesmos)

94
Observação Participante

 Participação em atividades adequadas à situação


 Observar atividades, pessoas e aspetos físicos da situação a analisar
 Descrever componentes de uma situação social

 Descrição de uma cultura do ponto de vista dos seus participantes


 Extrair topologias, identificar o sentido da situação social

Observação Participante vs. Observação Vulgar

Duplo propósito: participa e observa

Consciência explícita – análise de aspetos que aparentemente explícitos


(inerente)  Romper com consciência implícita e trabalhar a consciência
explícita

Exemplos:

Como é a sala de espera do serviço?


Tem quadros
Tem TV?
Quem a frequenta?
Como se vestem os doentes?
Os doentes falam uns com os outros?

Observação com “lentes de grande angular” - Observar com uma visão mais
aberta e não estrita!

Exemplos:

A TV está ligada em que canal?


Os quadros são sobre?
Como se vestem os doentes para irem à sala de visitas?

95
Insider/Outsider da situação

 Vantagens de ser Insider – Facilidade na recolha de dados e informação;


Facilidade no acesso a espaços
 Desvantagens de ser Insider – Perda de objetividade; Possível
influência, através da participação na ação

Introspeção – Crenças, Imagens mentais, memórias visuais…

Registo – O que registar? (Frequência, duração, sequência de


acontecimentos…) Quando registar? Como registar? (Papel, vídeo…)

O conhecimento exige conhecimento das pessoas:

 Compreensão das pessoas:


o O que fazem?
o O que dizem?
o Quais os seus costumes, crenças e valores?
o Como se relacionam?
o Como atribuem significado às suas experiências? (Situações
sociais)

Grau de envolvimento:

 O envolvimento ocorre não só com as pessoas, mas também com as


atividades!

 Só pelo facto de a nossa presença física se encontrar num


determinado local, a observação já se torna participante

96
Quando o investigador faz ou
fez o papel que
investiga/situação que está a
investigar e observar 
Participação total naquele papel

Aquele que
Aquele que não participa
participa em
nem interagem, é só
algumas atividades
observador/espectador. É
considerado passivo (e
não não-participante)
Considerado como um
porque a sua presença
meio-termo entre o ser
física acaba só por si por
participante e o ser
ser uma forma de
observador  Participa,
participação, ainda que
mas esta participação não
este não entre em
é necessariamente notória
qualquer tipo de
atividades

Não há qualquer tipo


de participação
naquela circunstância

Dimensões da Observação – Polit


Através de notas de campo,
feitas em simultâneo (o que
dificilmente ocorre quando
ocorre participação
completa) ou à posteriori

Tentar não ser


visíveis

97
Observação Estruturada – Polit
 Descrição objetiva dos componentes de uma dada situação social com
vista a extrair componentes dessa situação

Exemplo: Pessoas; Lugares

Observação Não Estruturada – Polit / Observação Participante - Spradley

 Descrição de uma dada situação social com o intuito de identificar o


sentido da situação social
 Feita através das notas de campo!

Leininger, M. (1985)

o Principalmente observação
o Principalmente observação com alguma participação
o Principalmente participação com alguma observação
o Observação reflexiva

Morse, Janice (1995)

Participação completa – O observador entra no contexto como membro do


grupo e omite o seu papel de investigador

Participação como observador – O investigador negoceia responsabilidades


com a equipa (de trabalho) e salvaguarda disponibilidade para escrever notas de
campo  Assume papel de observador, e participa nas atividades, negociando
estas condições

Observados como participante – O nível de observação é maior do que o de


participação – Pode ser considerado como outsider

Observador completo – Papel passivo, não tem iteração social direta com o
contexto

98
Denzin & Lincoln (2005)
Observação Participante – Fundamentada no estabelecimento de relações
consideráveis entre investigador e comunidade. Requer imersão no campo
durante um longo período e no dia-a-dia

Observação Reativa – Baseada no pressuposto que as pessoas estão cientes


de que estão a ser observadas, mas a interação é somente para dar resposta a
elementos da investigação

Observação discreta ou não reativa – Quando as pessoas não sabem que


estão a ser observadas

Preparação para Observação Participante

 Determinar objetivo
 Determinar o que vai observar
 Determinar local de observação
 Determinar hora e dia, e o tempo necessário para… e o tempo
necessário para…  Consoante os objetivos estabelecidos e o
fenómeno em estudo, podendo variar consoante os mesmos
 Preparar equipa
 Planear notas/registos – das notas de campo às grelhas de observação

O que
observar?

99
Dimensões de observação de situações sociais – Spradley, 1980

Espaço – Lugar físico onde a cultura se desenvolve

Atores – Pessoas que fazem parte da cultura

Atividades – Ações dos membros da cultura

Objetos – Artefactos utilizados no espaço da cultura, que fornecem


compreensão da cultura

Atos – Ações executadas pelos membros da cultura

Acontecimento – Conjunto de atividades relacionadas/executadas pelos


membros da cultura

Meta – O que os membros da cultura pretendem alcançar

Tempo das Atividades – Efeito do tempo na situação social

Sentimentos observados e Emoções expressadas

100
Particularidades - Obstáculos

 Obtenção do consentimento informado – Ao informar a pessoa que vai


ser observada e estudada, podemos correr o risco que esta modele o seu
comportamento para um que deixa de ser natural, para passar a ser
“correto” na situação em que se encontra, de modo a agradar o
investigador
 Desenvolvimento de relações de empatia e de confiança
 Especificidades da participação

Independentemente do tipo de observação, o objetivo final será sempre:

Maximizar a eficácia da observação, minimizar o enviesamento do investigador,


permitir a replicação e/ou a verificação dos procedimentos, permitindo produzir
dados validados e confiáveis e consequentemente conclusões objetivas

101
2. ENTREVISTA

O que é a entrevista?

 Conversa com um objeto


 Encontro interpessoal
 Desenrola-se num contexto e numa situação social determinados,
implicando a presença de um investigador e de um participante

Escolha da entrevista como instrumento de recolha de dados – Tem a


ver com o fenómeno em estudo e com o meu objetivo!
Escolher a entrevista é optar por determinadas condições
metodológicas

Condições Metodológicas

 Relação verbal entre o investigador e inquirido


o Direta – pessoalmente
o Indireta – Telefone

- Apresenta Vantagens (porque a presença física pode inibir o entrevistado) e


Desvantagens (perda da relação e comunicação não-verbal)

 Para fins de investigação


o Diferente de entrevista de apoio ou terapêutica
o Baseada na utilização de um guião
o Numa perspética intensiva

Tipos de Entrevista e Objetivos de Investigação

 Forte teorização pode impedir a descoberta de aspetos não previstos do


problema

102
 Fraca teorização reúne elementos cujo alcance não compreendemos

O grau de elaboração teórica influencia o procedimento de entrevista

 Exploração de um domínio que não conhecemos


o O investigador adota uma maneira de questionar próxima do
participante

 Aprofundamento de um campo cujos temas essenciais conhecemos


o Mas que não consideramos suficientemente explicado num ou
noutro aspeto

 Verificação de um domínio cuja estrutura já conhecemos


o Querendo ainda saber a evolução de alguns fatores ou se eles se
modificaram

 Controlo de uma situação específica com o objetivo de validar


parcialmente os resultados obtidos por outra via
o Entrevistas pós-experimentais com o fim de verificar a
verosimilhança da situação experimental

103
Classificação segundo o Grau de Liberdade

 O entrevistador favorece a expressão mais livre – intervém o menos


possível
 O entrevistador estrutura a entrevista – a partir do objeto de estudo

Entrevista diretiva – Questões padronizadas, ordem pré-estabelecida

1. Objeto de estudo delimitado


1.1. Verificação de um problema (na sua totalidade ou em parte), tendo
recolhido previamente, e com a ajuda de diversos métodos, informações
sobre o mesmo

1.2. Controlo deste ou daquele ponto de um problema tratado de outro modo


ou com outra técnica

2. Dimensões do estudo conhecidas e determinadas com clareza

3. Nível de informação dos adquiridos sobre o assunto é conhecida

4. Estrutura cognitiva dos inquiridos em relação ao problema em causa está


constituída em termos suficientemente próximos daqueles que
encontramos ao nível da questão

5. Linguagem dos inquiridos adequada para que as questões colocadas não


apresentem obstáculos ao nível do sentido

Entrevista semi-diretiva – permite que o entrevistado estruture o seu


pensamento em torno do objeto e exige do entrevistador o aprofundamento de
pontos não explicitados pelo entrevistado

1. Adequada para investigar a estrutura do quadro de referência de um


sujeito

Exemplo: Intensidade dos afetos desse sujeito relativamente a um problema

104
2. Permite conduzir uma investigação sem que se conheça previamente
o nível de informação dos entrevistados sobre o problema

3. Se, relativamente ao problema, a estrutura cognitiva do indivíduo


não cobrir, de forma precisa ou aproximada, o quadro de referência
implicado num questionário  Entrevista livre (caso contrário, a
resposta às questões pode ser demasiado enviesada)

4. Pode, em determinadas circunstâncias, motivar o entrevistado a


responder – Situações em que o participante não tem informação sobre
o assunto, as questões precisas as questões precisas promovem risco de
o indispor porque são reveladores da sua ignorância

Entrevista não diretiva (livre) – articulada em torno de um tema geral explorado


pelo entrevistado

1. O entrevistador limita-se a apresentar o tema da entrevista (carácter


alargado e ambíguo)

“A questão aberta é mais apropriada para quando o objetivo da investigação


não é apenas descobrir atitudes ou atributos do indivíduo inquirido, mas
também aprender alguma coisa”

(Cannell e Kahn, 1967)

Linguagem utilizada nas entrevistas

♦ Acessível ao entrevistado – e por vezes até ao entrevistador que tem


que compreender o que lhe está a ser dito
♦ “Não inibidora” – que permita uma resposta
♦ Motivadora de respostas – validar todas as respostas ou discursos
possíveis
♦ O mais próxima possível do quadro de referência do entrevistado

105
Plano da Entrevista

Guião – Conjunto de pontos que queremos explorar

 Fracamente elaborado – questão indutora e eixos temáticos

Exemplo: “Que mudanças provocou o divórcio na sua vida?”

 Fortemente elaborado – em torno de temas e das hipóteses/questões


traduzidas em indicadores

Exemplo: “Que mudanças provocou o divórcio na sua vida?” – em função de


três eixos: material, pessoal e familiar)

Modo de Intervenção – Uso de um guião; O que se espera do discurso (práticas,


representações…); registo; Atitude (diretiva ou não)

Momentos Chave da Entrevista

Momentos Prévios

 Momentos que antecedem a entrevista

 Pôr o interlocutor à vontade e vencer as apreensões


 Recordas os objetivos, o quadro institucional, a seleção dos
entrevistados, a duração, o papel do entrevistador…
 Agir de modo a que o entrevistado:
o Se sinta associado à investigação
o Compreenda a importância do seu ponto de vista

O início da entrevista
 O entrevistador escolhe uma questão introdutória

Exemplo: “Começarei esta entrevista pela seguinte questão/Gostaria de


começar por lhe perguntar…”

106
 Esta questão pode aflorar o tema central do estudo como dizer
respeito a aspetos relativos à situação do entrevistado – informações
que sejam úteis para a compreensão de respostas posteriores ou para
que o entrevistador fique melhor preparado para abordas as questões de
fundo

O Corpo da Entrevista

 Suportado pelo guião da entrevista, através de intervenções


puramente incitativas (destinadas a não quebrar a continuidade do
discurso do sujeito)
o Após cada intervenção, o entrevistador acompanha a progressão
do pensamento do interlocutor, vinca o seu apoio e a sua
compreensão, convidando o sujeito a exprimir o seu pensamento
 Se o entrevistado se afastar completamente do assunto, devemos tentar
retomar o foco sobre o objeto previsto
 O entrevistador deve evitar induzir qualquer tipo de estruturação ou
valorização de certos pontos de vista

O Fim da Entrevista

 Deve ser aproveitado para perguntar ao entrevistado se, em seu


entender, não foi omitido nada de importante e sobre a sua impressão
sobre a entrevista

Exemplo: “Sentiu-se à vontade?”; “Esteve interessado?”

Procedimentos de Incentivação

Expressões Breves

- Encorajam a prosseguir o discurso, sublinham a compreensão,


testemunham uma aprovação

107
Exemplos:

 “Estou a ver!”
 “Hum! Hum!”
 “Compreendo!”
 “Sim sim!”

Pedidos neutros de Informações Complementares

- Quando existem razões para pensar o que interlocutor não exprimiu totalmente
o seu pensamento, o entrevistador pode mostrar que está interessado em saber
mais

Exemplos:

 “Pode dizer-me um pouco mais sobre o assunto?”


 “Por exemplo?”
 “Tem mais alguma coisa a dizer a este respeito?”
 “Quer falar mais sobre este ponto?”
 “… Mais precisamente?”

Manifestações de Incompreensão Voluntária

Exemplos:

 “Não percebo muito bem o que quer dizer porque não conheço”
 “Quer explicar-me um pouco mais?”
 “Essa expressão significa o quê?”
 “Que pretende dizer?”

A Técnica do Espelho

 Repetir a palavra ou um grupo de palavras que acabam de ser ditas


 Através deste procedimento, o entrevistador pode exprimir atenção,
simpatia, escuta, mas salienta as afirmações reincidentes
 A utilização com frequência desta técnica pode parecer artificial

108
A Técnica do Reflexo

 Quando se pretende tingir um nível mais profundo de expressão e é


percetível um conteúdo emocional
 O entrevistador pode aludir a atitudes subjacentes às respostas para
tentar verificar o seu teor
 Reflete os sentimentos e favorece a autoexploração

Exemplos:

 “Isto parece desagradar-lhe!”


 “Coloca-lhe problemas?”

109
3. FOCUS GROUP
 Entrevistas e análise de questões em grupo, através da recolha de
informação resultante da colocação de questões a vários indivíduos.

Entrevista em grupo, onde se avalia a opinião do grupo e não individual!

 Trata-se de uma discussão cuidadosamente preparada, que tem como


objetivo obter dados sobre as perceções dos entrevistados acerca
de uma determinada área de interesse
 Procura explorar e compreender um determinado fenómeno coletivo e
não individual, a análise é focalizada nos dados obtidos pelo grupo e
não pelos dados de cada participante  Fenómenos coletivo e não
individual!

Não se pode avaliar uma


opinião individualmente,
nem relacioná-la com
determinado fator
específico da pessoa!
Morgan e Krueger (1998)

 Técnica essencialmente qualitativa, de exploração e descoberta – estudo


exploratório (perceber certos aspetos para depois melhorar os mesmos
ou outros)
 Pode ser utilizado como técnica principal de colheira de dados (sendo
muitas vezes a mais adequada), quando é a única utilizada ou quando se
pretende explorar certo aspeto
 Distingue-se das outras técnicas por utilizar a discussão em grupo para
obter dados, favorece o envolvimento entre os participantes colocando-os
numa ativa comparação de opiniões e de experiências

Vantagens

o Possibilidade de obter respostas que nos dão uma perspetiva do


problema a investigar que dificilmente seria conseguida através
de entrevistas individuais

110
Denzin e Lincoln (1996)

o A interação entre os entrevistados associada a uma atitude não


diretiva mas provocatória do moderador (para provocar a discussão),
origina um ambiente propício à espontaneidade (devido ao facto de
os vários indivíduos terem experienciado semelhantes
acontecimentos) que desencadeiam atitudes e emoções que
dificilmente seriam verbalizadas.

Gibbs (1997)

o Esta metodologia é especialmente útil na investigação de fenómenos


de elevado nível emocional em que os participantes estão curiosos em
saber como os outros reagem em situações semelhantes às por si
experimentadas

Morgan e Krueger (1998)

o Proporciona a oportunidade de obter perspetivas individuais dos


diferentes participantes em pouco tempo e assim produzir uma maior
riqueza de dados

Harvey-Jordan e Long (2000)

Desvantagens

- Morgan e Krueger (1998) alertam-nos para o facto de que:

 Esta metodologia “sacrifica” os aspetos específicos e individuais de


cada participante (não podemos justificar certos dados ou resultados
tendo em conta as características individuais de uma pessoa)

 Alguns participantes não permitem a intervenção dos outros


elementos do grupo, por se sentirem desconfortáveis e não
conseguirem exprimir os seus pontos de vista ou terem perfis de liderança

111
Procedimentos

A chave do sucesso desta técnica está na cuidadosa preparação,


planeamento e execução de todos os passos, antes, durante e após a
realização do focus group:

1. Planeamento Geral
 Primeiro passo de todo o processo, o sucesso depende da sua
preparação e tem como objetivo antecipar todas as decisões que têm de
ser tomadas
 Sugerem que na fase inicial se dê resposta às questões: Porquê?;
Quem?; Quando?; Aonde?; Como? – Respostas que irão sustentar o
percurso e que são essenciais para as tomadas de decisão relativas aos
procedimentos utilizados

Definição de um cronograma + identificação das etapas


Definição de objetivos
Definição dos critérios de seleção dos sujeitos
Definição da composição dos grupos – 6 a 12 participantes, pequenos
grupos, mais fáceis de moderar e analisar. Criam mais oportunidades de
expressão e partilha de experiências pessoais
Definição das datas e timming’s para realizar o focus group – 90-120
minutos, incluindo a introdução e atividades de quebra-gelo

Definição de instrumentos para colheira de dados:


o Questionário para caracterização dos sujeitos
o Guião da entrevista/entrevista semiestruturada
 Facilita o processo de descoberta sem induzir a resposta
 Permite direcionar a entrevista aos objetivos do estudo
 Permite compreender determinada problemática através da
verbalização do modo como percecionam

112
 As questões são selecionadas de acordo com as funções pretendidas
podendo ser classificadas em 5 categorias de – abertura (para quebrar o
gelo), introdutórias (introduzem o tema), transição (focam-se no
assunto pretendido – Feito na 3ª pessoa), chave (foca-se na experiência
pessoal, feito na 1ª pessoa) e final (pergunta de segurança, que tem
como objetivo certificar-se que não há mais nada a acrescentar)

Definição do local para a realização do focus group


o A escolha do local deve ter em conta alguns fatores, como as
condições físicas da sala que permitam: a visibilidade entre todos
os participantes, a acessibilidade, a colocação dos gravadores e/ou
câmaras de vídeo em locais estratégicos

Definição da equipa colaboradora


o Qualquer investigação que utilize o focus group pressupõe a
existência de uma equipa colaboradora

Definição dos incentivos para os participantes


o Encorajam os participantes à participação
o Diminui o risco de não comparecerem

Definição dos custos referentes ao projeto

2. Recrutamento

- Consiste num processo sistemático e implica:

 Iniciar o processo pelo menos 3 ou 4 semanas antes da data prevista


para o focus group
 Convidar mais participantes do que necessário (para garantir o
número suficiente)

113
 Contactos telefónicos personalizados (construção de uma relação
interpessoal com os participantes)
 Divulgação dos incentivos para motivar a participação
 Responsabilização dos participantes pela sua colaboração no estudo

3. Moderação

Papel do moderador – fator fundamental para o seu sucesso. Necessita de:

 Organizar os participantes na sala (introvertidos)


 Conduzir a discussão e escutar sem participar
 Desafiar os participantes a explicar e clarificar as suas ideias através de
experiências
 Coordenar a discussão
 Estar atento ao modo como os participantes reagem à interrupção

Papel do assistente de moderador – fundamental para o sucesso do focus


group, complementa o papel do moderador de modo a garantir que os dados
recolhidos são claros e deste modo facilitar o processo de análise. Necessita de:

 Verificar os gravadores e câmaras


 Responder às prováveis interrupções (entrada de alguém, saída de algum
participante por não se sentir bem…)
 Fazer questões adicionais se solicitado pelo moderador ou perto do final,
para clarificar ou aprofundar comentários dos participantes
 Tirar notas, observar sinais de concordância ou de desacordo (através de
instrumento de registos)
 Em situações não observadas pelo moderador, no final da sessão pode
intervir pedindo informação adicional ao participante em causa
 Refletir com o moderador no final de cada sessão

114
4. Realização do Focus Group
4.1. Introdução do focus group
 Muito do sucesso do focus group pode ser atribuído aos primeiros 5
minutos introdutórios. Se for demasiado formal pode inibir os
participantes, se demasiado descontraído e brincalhão os participantes
podem não levar a sério a discussão
 Deve ser feita de um modo consistente, pequena, com instruções fáceis
que fluam facilmente e que contenha as seguintes fases:
o Receção aos participantes
o Apresentação
o Explicar a razão de estarem reunidos
o Definição das regras
o Questão de abertura

 Esclarecimento de algumas regras e considerações éticas que esta


metodologia envolve, tais como:
o Relembrar que as entrevistas irão ser gravadas (áudio e vídeo)
o Garantir a confidencialidade e privacidade de toda a informação
o Garantir o anonimato possibilitando aos participantes a utilização
de uma alcunha, pseudónimo ou nickname no identificador que
colocam na sua frente
o Enfatizar que a colaboração é voluntária, ninguém é obrigado a
falar (dá-se alternativa de escrever)
o Informar os participantes que se se sentirem desconfortáveis
podem abandonar a sala sem necessidade de justificar o seu ato

 Pedir que falem um de cada vez para que s consiga compreender depois
as gravações
 Informar que o papel do moderador e do assistente é sobretudo a escuta
ativa e não de intervenção
 Sensibilizar os participantes para uma intervenção ativa, realçando que a
opinião de todos é importante

115
 Alertar quanto à necessidade de interromper a discussão para dar a
palavra a outro participante menos interventivo ou se o assunto estiver a
desviar-se para outros que não são o objetivo deste trabalho

4.2. Moderação
 No final do focus group é feita a questão final (questão de segurança) –
“Alguém quer acrescentar mais alguma coisa ao que já foi dito?”
 A assistente de moderador deve clarificar alguns comentários ou
respostas de modo a que não surjam dúvidas no processo de análise
 O assistente de moderador faz um pequeno sumário das principais ideias
do focus group com o objetivo de validar os dados (facultativo)

4.3. Após o focus group


 O moderador e o assistente comentam e discutem alguns aspetos
relacionados com a dinâmica do grupo e a comunicação não-verbal
observada
 Identificar as cassetes e todo o material para posterior análise (registos
do assistente)
 Preparar a sala para o próximo grupo
 Proceder á marcação de uma reunião com o assistente para visualização
das gravações e dar início ao processo de análise

5. Análise dos dados


 Vários autores descrevem o processo de análise de uma forma
semelhante a outros métodos qualitativos baseada na análise de
conteúdo com algumas especificidades
 Sugerem que o investigador observe e registe todos os fatores inerentes
à comunicação não-verbal, sinais, gestos e a alteração no discurso de
cada participante (tom de voz e rapidez)
 O “corpus” da entrevista resulta da transcrição integral do focus group,
registo da comunicação não-verbal significativa (identificando todos os
participantes e respetivos grupos)

116
Especificidades:

- A análise deve ser baseada na frequência, intensidade e “extensivity” – três


medidas que ao serem separadamente partilhadas quanto ao seu significado nos
levam a uma profunda compreensão do fenómeno

♦ Frequência – número de vezes que determinado tema surge na


discussão (não está relacionada com o número de participantes que faz
o comentário mas sim ao número de vezes que ocorre)
♦ “Entensivity” – Indicador que nos revela o número de participantes
diferentes que falaram sobre determinado assunto ou que concordaram
através de comunicação não-verbal

Exemplo: Abanar afirmativamente a cabeça

♦ Intensidade (do discurso dos participantes) – Comunicada através do


volume da voz, rapidez ou ênfase em determinadas palavras, associada
a sinais decorrentes da linguagem não-verbal

Exemplo: Rubor facial; Inclinação para a frente

117
118
4. INQUÉRITO POR QUESTIONÁRIO
 Instrumento utilizado nos estudos do foro quantitativo!

Definição e Objetivos

 Instrumento de recolha de informação rigorosamente estandardizado ao


nível do texto das perguntas (instrumento muito rígido, de perguntas
fechadas com respostas alternativas), das modalidades de resposta e da
sequência, sem explicitações

Fornece informação que:

 Assegura a comparabilidade dos resultados – comparação de


resultados de diferentes amostras
 Permite a análise das relações entre variaríeis – relação entre as
variáveis (cada item do questionário)
 Permite estimar grandezas e verificar hipóteses – tirar certas
conclusões e levantar uma hipótese, verificando se esta é verdadeira e
válida ou não, tendo em conta certos fatores influentes da mesma

 A análise do conjunto das respostas sobrepõe-se à análise das


respostas individuais, de cada indivíduo (não é possível assegurar
compreensão da coerência de um só indivíduo) – O grupo é que é
estudado e não o indivíduo propriamente dito!

 A conceção e a redação do questionário são orientadas pelo quadro


teórico (comando da teoria) e pela exploração estatística que deles esteja
prevista

Necessário quadro teórico que sustente o questionário que estamos a fazer! 


Teoria principal: sustenta toda a investigação + Teoria secundária: sustenta
a escolha do método a utilizar na investigação

119
Planeamento

 Delimitação do âmbito do problema a estudar


 Definição dos objetivos
 Tipo de informação a obter
 Formulação de hipóteses teóricas (com base na teoria principal) e
tradução dessas hipóteses em conceitos classificatórios aptos à medida
(variáveis) – formulação de perguntas que vão verificar (na prática) essa
hipótese/teoria
 Procede-se ainda à delimitação rigorosa do universo ou população do
inquérito, bem como à construção de uma amostra representativa

Preparação do Instrumento de Recolha de Dados

o Redação do projeto de questionário, tentando compatibilizar os


objetivos de conhecimento a que o inquérito se propõe com uma
linguagem acessível aos indivíduos que irão ser objeto de inquirição
o Através do “pré-teste” ou “inquérito-piloto” as questões serão
previamente ensaiadas (o tipo, a forma e ordem das perguntas) que, a
título provisório, se tenham incluído no projeto de questionário

“Pré-teste” – Utilizado antes a uma população reduzida com as mesmas


características para verificar certos aspetos, como a facilidade de resposta, a
complexidade das questões ou o número de indivíduos aderentes (número de
respostas) – não se pode fazer o teste na mesma população em que se fez o
pré-teste

“Inquérito-piloto” – inquérito inicial que se faz a uma população com


características iguais à que vai realizar o teste

Trabalho no Terreno

o No caso de se optar por um inquérito de administração indireta é


necessário selecionar e formar os inquiridores – pré-requisitos.

120
o No caso dos inquéritos autoadministrados – entregues em mão ou pelo
correio – isto não é necessário, mas certos pormenores de execução
material do questionário devem ser ponderados, como o aspeto gráfico,
problemas relacionados com o envio e devolução dos questionários

Tipo de Questões - Conteúdo

- No que diz respeito ao seu conteúdo podemos distinguir duas grandes


categorias:

1. Questões que se debruçam sobre os factos


2. Questões que se debruçam sobre opiniões, atitudes, preferências,
comportamentos…

Tipo de Questões - Forma

Abertas – O participante responde livremente

 O participante responde como quer, utilizando o seu próprio vocabulário,


fornecendo pormenores e fazendo os comentários que considerar
necessários, fazendo-se a anotação integral

Fechadas – Uniformização das respostas pedido ao respondente escolher a sua


opção numa lista pré-estabelecida

121
 Apresenta-se ao inquirido uma questão com uma lista pré-estabelecida
de respostas possíveis de entre as quais lhe é pedido que indique a sua
melhor corresponde à sua opinião
 Não devem comportar qualquer ambiguidade e devem ser de fácil
compreensão.
 Apresentam, no entanto, o perigo de ditarem ou induzirem uma resposta,
dado que não permitem qualquer variante

- Na prática, quando a questão é fechada, apresentamos a lista das respostas


previstas numa ficha precisando o que se espera da pessoa inquirida. As
instruções podem ser:

 Indicar a resposta mais adequada


 Indicar várias respostas (sendo livre o número de respostas)
 Indicar várias respostas (sendo fixo o número de respostas)
 Ordenar todas as respostas (da menos à mais adequada)
 Ordenar as respostas (número fixo) das respostas mais adequadas)

Nota: O uso de um software estatístico, está preparado para variáveis quantitativas e


algumas destas respostas podem trazer mais ou menos dificuldades quando
introduzirmos e analisamos os dados

Questões abertas vs. Questões fechadas

 Uma questão aberta levanta à partida menos dificuldade na sua


elaboração, mas depois é necessário categorizá-la, e por vezes
levanta dificuldades de análise quantitativa
 Do ponto de vista da análise, as questões fechadas são à priori mais
fáceis de analisar

Em forma de estímulo – favorece uma resposta imediata, rápida e espontânea.


Facilita o tratamento dos dados. O participante responde livremente a uma
questão específica

Exemplo: “Brincar no Hospital faz-me pensar em…”

122
 Combinação de perguntas fechadas e abertas
 Submetem ao inquirido algumas possibilidades de resposta, mas deixam
em aberto uma última categoria – “Outra possibilidade. Qual?” ou “Se
concorda com a afirmação, explicite?”
 Podem dar origem a frases, fazendo-se análise de conteúdo temática
 Podem dar origem a palavras que podem ser analisadas
quantitativamente

Pré-teste

 Quando uma primeira versão do questionário fica redigida – formulação


de todas as questões e a sua ordem são provisoriamente fixados
 Importa garantir que o questionário está pronto para ser aplicável e
responde efetivamente aos objetivos

 Importa verificar se todas as questões são compreendidas, da mesma


forma por todos os inquiridos e da forma prevista pelo investigador:
o Algumas questões serão muito difíceis?
o As listas de respostas propostas às questões fechadas
cobrem todas as respostas possíveis?
o Todas as respostas serão aceites pelas pessoas?
o Não haverá alguma que provoque muitas recusas
inutilizáveis?
o A ordem das questões é aceitável?
o Não haverá demasiadas ruturas? – Passagens inesperadas e
sem motivo de um assunto para outro
o As questões não influenciam as respostas às questões
seguintes?

123
o Não existem questões inúteis? – Por falta de informações
complementar para a interpretação das respostas, seja porque a
quase totalidade das pessoas dará a mesma resposta
o Como é que as pessoas reagirão ao conjunto do questionário?
– Não o acham longo, aborrecido, difícil, indireto, parcial

A nível da A nível das


qualidade das respostas em si
respostas (conteúdo)

Análise da
qualidade e clareza
das palavras

Para adequar as
questões feitas à
amostra
populacional
pretendida

124
Versão final

Aplicação - Requisitos

Apresentação e Análise dos Resultados

Apresentação dos resultados - Redação de um relatório de inquérito, com a


apresentação estatística dos dados (quadros, gráficos) e sua interpretação.

125
Análise dos resultados - Codificação das respostas abertas, apuramento e
tratamento da informação e elaboração das conclusões fundamentais a que o
inquérito tenha conduzido.

Escalas

 Compostas por itens com diferentes formatos de medida (usadas em


psicometria)

Exemplos: Formato de medida de Likert (tem ponto médio) ou de Tipo Likert


(não tem um ponto médio – possibilidade do indivíduo responde “nem uma coisa
nem outra)

 Instrumento padronizado que permite fazer a avaliação de atitudes,


aptidões, de traços e de comportamento, por intermédio de itens
interrelacionados entre si (cada item é uma variável) cuja manipulação
algébrica (soma, subtração, média indica uma quantificação (intervalar –
em número) dos objetos medidos

Exemplo: Escala de Bournout; Escada de Stress

Estímulo

Ordinais – Têm
uma ordem

126
 Dentro das escalas temos subescalas, que vão avaliar certos
domínios específicos, que todos juntos vão avaliar um certo
parâmetro

Sensibilidade – se é
sensível ao que
queremos
avaliar/contabilizar

Validade – se está a
contabilizar mesmo
aquilo que é
Questões fundamentais de construção: pretendido

 Que constructos se pretende medir?


 Qual a dimensionalidade pretendida?
 Qual a qualidade e quantidade dos Itens?
 Pré-teste
 Qualidades psicométricas
 Instruções de preenchimento, codificação, e cotação

127
128
Modos de Recolha de Informação – Comparação de Métodos

Comparação de métodos – Referir se o método utilizado e escolhido por certos


autor é o adequado ao estudo proposto

Dica: O envio junto do questionário de um envelope RSF com a morada de retorno


aumenta a probabilidade de obter um maior nº de respostas

129
Aula Teórico-Prática 2 (TP) – Módulo IV

 Criança de 5 anos a frequentar o pré-escolar com um nível alto de


absentismo, por doença crónica e múltiplos internamentos

Observação Livre do comportamento lúdico de uma criança:

Brincadeira – Primeiro brinca com o telefone, depois na cozinha (finge que


cozinha de verdade - bem organizada e precisa no arranjo da mesa e na
colocação dos objetos), e depois com os blocos (capacidade de os montar de
forma crescente e de os contar)

Parece desinibida e alegre, movimenta-se livre e espontaneamente

Discurso – Fala sempre à medida que faz os movimentos (relato de tudo o que
faz)

Observação Sistematizada do comportamento lúdico:

 Através do registo em grelha de observação, com o auxílio de una escala


de observação

Análise Crítica entre os resultados dos dois tipos de observação efetuada

 Descrição das duas observações

Minuto 1 – Exploração do espaço mais próximo que a rodeia, toca


incessantemente no objeto (telefone), tentado perceber o seu funcionamento e
finalidades, não mostrando familiaridade com o mesmo. Só passando algum
tempo é que agarra no objeto.

 Exploração do espaço próximo


 Manipulação específica
 Inspeção + Preensão (agarra no objeto e larga-o)

Minuto 2

 Exploração do espaço próximo (explora a cozinha)

130
 Inspeção + Preensão
 Imitação Funcional
 Manipulação específica

Minuto 3

 Exploração do espaço próximo


 Preensão
 Manipulação específica
 Imitação sequencial
 Combinação num contexto mais alargado

Minuto 4

 Exploração do espaço alargado


 Preensão + Inspeção
 Manipulação específica
 Imitação sequencial
 Combinação no contexto mais alargado

Minuto 5

 Exploração do espaço mais alargado


 Preensão
 Manipulação específica
 Imitação simples
 Combinação no contexto mais amplo

Minuto 6

 Exploração no espaço próximo


 Inspeção
 Manipulação específica

131
 Imitação simples
 Combinação + Combinação no contexto mais alargado
 Construção no contexto mais amplo

 Análise crítica das duas metodologias de observação

1ª – Desorientação face ao que procurar, originando um registo breve que se


baseia essencialmente em observações óbvias de movimentos e discurso

2ª – Orientação do registo devido à presença de uma grelha de observação e de


uma escala de observação, que ajudam ao registo de aspetos mais
aprofundados e específicos

Podemos concluir que a escala de observação é o instrumento mais


adequado para estudar este caso, por permitir fazer a avaliação das atitudes,
aptidões e comportamentos da criança.

Dentro desta escala temos subescalas, que vão avaliar certos domínios
específicos. Por outro lado, dentro destas, encontra-se referidos itens
interrelacionados entre si (representativos de certas variáveis). Estes ajuda-nos
a ser precisos e a registar de forma adequada e aprofundada a observação feita.

Em adição a isto, são sensíveis ao que era pretendido avaliar/contabilizar e


válidas, no sentido em que contabilizam o que é pretendido.

Assim sendo, a utilização de escalas de observação é a melhor metodologia


a adotar neste caso, permitindo maximizar a eficácia da observação, minimizar
o enviesamento do investigador, permitir a replicação e/ou a verificação dos
procedimentos, permitindo produzir dados válidos e confiáveis e
consequentemente conclusões objetivas.

132
Aula Teórico-Prática 3 (TP) – Módulo IV

Os Preliminares

 Aspetos a realizar/verificar antes da entrevista

 Antes de começar a entrevista, o entrevistador deve pôr o interlocutor à


vontade, ajudando-o a ultrapassar as suas últimas apreensões

 Relembrar: os objetivos da investigação, o modo de seleção dos


entrevistados, a duração

 Agir de modo que o entrevistado se sinta importante e associado à


investigação

O início da Entrevista

 O entrevistador escolhe uma questão introdutória ("começarei esta


entrevista pela seguinte questão/gostaria de começar por lhe
perguntar").
 Esta questão pode aflorar o tema central do estudo
 Pode dizer respeito a aspetos relativos à situação do entrevistado, por
exemplo informações que sejam úteis para a compreensão de
respostas posteriores ou para que o entrevistador fique melhor
preparado para abordar as questões de fundo

A entrevista semidiretiva está submetida a duas exigências

 A pertinência relativamente ao objeto de estudo e a apreensão o mais


fiel possível do modo de pensamento do entrevistado

 A primeira exigência é apoiada pela utilização do guião de entrevista,


através de intervenções puramente iniciativas, destinadas a não quebrar
a continuidade do discurso do sujeito.

133
 Após cada uma das intervenções, o entrevistador acompanha a
progressão do pensamento do interlocutor, vinca o seu apoio e a sua
compreensão, convidando deste modo o sujeito a exprimir o seu
pensamento profundo.

 Acontece frequentemente que o entrevistado se afaste completamente do


assunto (reconduzir)

O fim da Entrevista

 Deve ser aproveitado para perguntar ao entrevistado se, em seu


entender, não foi omitido nada de importante e sobre a sua impressão
sobre a entrevista.

Exercício 1

 Apresentação 1º vídeo (1ª parte até minuto 4.50’’) + discussão em


grupo do que está errado

 Não se ter apresentado no início – introdução muito breve


 Falta de abordagem das questões éticas
 Ler excessivamente o papel – falta de contacto visual e gestual com o
outro
 Interrompeu a pausa
 Não fez introdução do que ia ser discutido, não havendo oportunidade
para pôr a cliente à vontade
 Não fez pergunta de segurança – entrevista acaba abruptamente: a
entrevistadora não obteve muita informação acerca do problema da
cliente
 Não promove um desenvolvimento do discurso – aceita as respostas
breves
 Mudança repentina de tópico

134
Visualização do restante vídeo (14 min)

 Põe a cliente à vontade


 Faz introdução completa, abordando os tópicos que vão ser abordados
ao longo da entrevista
 Aborda questões éticas do procedimento
 Promove o desenvolvimento do discurso
 Cliente está muito mais descontraída e à vontade, o que se nota nas
respostas dadas
 Tanto a entrevistadora e a entrevistada estão a apreciar a conversa
 Entrevistada dá um relatório muito melhor e mais pormenorizado do seu
problema
 A entrevistadora introduz um novo tópico fazendo uma pequena
introdução sobre o mesmo, e deixando a entrevistada pensar sobre as
suas respostas

 Visualização do 2º vídeo (7 min) + discussão em grupo

 Não faz contacto visual com a entrevistada


 Leitura excessiva do papel (guião)
 Deixa a entrevistada desconfortável, com movimentos e gestos
excessivos
 Interrompeu a entrevistada – não deu tempo para pensar, dando
exemplos pela entrevistada
 Fala excessivamente
 Fica distraída com o uso do telemóvel, fazendo a entrevistada repetir o
que disse – não está concentrada e interessada
 Influencia as respostas dadas
 Faz julgamentos
 Fala excessivamente rápido
 Olhou para o relógio muitas vezes, como sinal de desinteresse

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3. Ver 3º vídeo (14min) + Discussão em grupo acerca das principais
diferenças não só relativamente ao papel do entrevistador e
estratégias utilizadas, mas também relativamente ao conteúdo da
entrevista (fazendo um paralelismo com os diferentes tipos de perguntas
fechadas e abertas e o tipo de questionário)

 Introdução
 Põe entrevistada à vontade
 Dá-lhe oportunidade e tempo de responder
 Está atenta à entrevistada e ao que esta diz, com bastante contacto visual
 “Hum Hum”
 Permite desenvolvimento das respostas e promove discurso e
continuação do tema (“Can you tell me more about that?”; “For exemple?”)
 Atenta à linguagem não-verbal da entrevistada
 Confirmação do que foi dito, para ter a certeza de que percebe tudo
corretamente
 Faz pergunta de segurança

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