Você está na página 1de 8

Frequência 1 – Iniciação à Investigação

A prestação de cuidados de saúde no contexto Requer evidências empíricas e verificáveis para validar
atual afirmações. Está sujeito a revisões e atualizações constantes
• Custos elevados; com base em novas descobertas.
• Internamentos de curta duração; - Senso comum é o conhecimento adquirido através da
• Aumento do número de pessoas com doença crónica; experiência cotidiana, sem um método formal. Pode ser
• Populações mais envelhecidas com morbidade aumentada; influenciado por crenças culturais e individuais. Geralmente não
• Acréscimo da procura e do consumo em saúde; é submetido a testes rigorosos.
• Problemas e desafios em saúde mais complexos; - O conhecimento científico e o senso comum
• Sociedade centrada no conhecimento: desempenham papéis complementares em nossas vidas. A
• Distanciamento entre a produção e a utilização do ciência oferece um método rigoroso para investigar o mundo,
conhecimento; enquanto o senso comum é útil no cotidiano. Ambos podem
Promover Cuidados de Saúde Baseados em Evidências.
coexistir e contribuir para nosso entendimento do universo.

Características da prática clínica atual O que é investigação científica?


• Ela é eficaz (efetividade) É o método/processo racional de aquisição de
• Ela é complexa (complexidade) conhecimentos que permite encontrar respostas para questões
• Ela é arriscada (risco) precisas.
• Ela é incerta (incerteza) A investigação científica distingue-se de outros tipos
• Ela é responsabilizável (accountability) de aquisição de conhecimento pelo seu carater sistemático e
• Ela é dispendiosa (custo) rigoroso (caraterizado por uma sequência de etapas e os
• Ela é percebida como solução (medicalização) resultados correspondem à realidade).
• Ela é um negócio (for-profit organizations) Consiste em descrever/explorar, explicar, predizer ou
controlar os fenómenos com vista a obter respostas a
determinadas questões que se deseja aprofundar.
A enfermagem enquanto atividade classificada no As disciplinas querendo assegurar o seu
domínio dos Especialistas das profissões intelectuais e desenvolvimento veem na investigação um meio de aquisição
científicas” necessita obrigatoriamente de ser alimentada pela de conhecimento.
disciplina, ou seja, por via da Investigação em enfermagem. A investigação está ligada a outras atividades do
Uma disciplina para ser considerada científica tem de domínio intelectual e inscreve se num conjunto de elementos
desenvolver conhecimento teórico. (filosofia, conhecimento, pensamento, ciência, teoria e prática)
No processo da tomada de decisão em enfermagem e que sustentam o seu processo e permitem estabelecer ligações
na fase de implementação das intervenções, o enfermeiro entre a concetualização (teoria) os métodos que permitem
incorpora os resultados da investigação na sua prática. desenvolver a investigação (desenho da investigação) e a sua
Reconhece-se que a produção de guias orientadores aplicação no mundo empírico/mundo prático (resultados).
da boa prática de cuidados de enfermagem baseados na
evidência empírica constitui uma base estrutural importante
3 Definições de investigação científica
para a melhoria contínua da qualidade do exercício profissional
dos enfermeiros. 1. Método empírico, sistemático e controlado que serve
para verificar hipóteses no que diz respeito a relações
presumidas entre fenómenos naturais (Kerlinger,
Conhecimento 1973).
2. Um processo sistemático de recolha de dados
O termo “conhecimento” significa “ato de conhecer". observáveis e verificáveis no mundo empírico, isto é,
Há milénios, o ato ou efeito de conhecer fascina a humanidade no mundo que é acessível aos nossos sentidos com
em busca de respostas para estabelecer as relações entre o vista a descrever, explicar, predizer ou controlar
mundo e as experiências vivenciadas nele. fenómenos (Seaman, 1987).
Historicamente, os filósofos iniciaram esta tentativa 3. Um processo sistemático visando validar
incessante de entender o mundo e tudo o que há nele, seja conhecimentos adquiridos e produzir novos que, de
concreto ou abstrato, de maneira concetual. Por isso, ao longo forma direta ou indireta, influenciarão a prática (Burns
dos anos, surgiram diversas maneiras que pudessem e Grove 2001).
desmistificar e permitir uma melhor compreensão da verdade
sobre a origem complexa da existência nos mais diferentes
aspetos.
- O conhecimento científico é baseado em métodos
sistemáticos, como observação, experimentação e análise
crítica.

1
Frequência 1 – Iniciação à Investigação

Investigação Fundamental VS Conhecimento da disciplina de


Investigação Aplicada enfermagem
Diferem pela forma como encaram a aquisição e Saberes profissionais dos enfermeiros
utilização do conhecimento. •Competências científicas, técnicas e relacionais,
A INVESTIGAÇÃO FUNDAMENTAL OU TEÓRICA é um fundamentais para o exercício da profissão;
processo científico que visa a descoberta e o avanço do •A necessidade de tomar decisões na prática clínica,
conhecimento, visa elaborar teorias e princípios não tendo leva à mobilização, para além de conhecimento resultante
a preocupação de encontrar aplicação prática imediata de outras áreas (e.g.psicologia, farmacologia, anatomia,
desse conhecimento. fisiologia, filosofia) o conhecimento disciplinar oriundo da
A INVESTIGAÇÃO APLICADA é um processo científico ciência de enfermagem;
que visa encontrar aplicações para os conhecimentos •É este último que confere a autonomia da profissão,
teóricos. Tem por objeto o estudo de problemas concretos ocupando assim o a enfermagem um espaço próprio e
e o seu papel é encontrar soluções imediatas, provocando imprescindível no seio das múltiplas profissões da saúde.
mudanças (melhoria) em situações concretas da
realidade. Florence Nightingale e origem da
Permite verificar proposições teóricas e assegurar se
da sua utilidade prática (Burns e Grove, 2001) A
enfermagem baseada na evidência
investigação realizada nos domínios psicossocial, da saúde • Colheita sistematizada de dados;
e da educação é, maioritariamente, investigação aplicada. • Estudo diferencial da mortalidade entre subgrupos
A investigação aplicada é, frequentemente, o populacionais distintos;
prolongamento da investigação fundamental e realizada no • O cuidado prestado por enfermeiras com formação vs.
ambiente natural. enfermeiras sem formação;
As TEORIAS DE LONGO ALCANCE providenciam um • Estudo da elevada mortalidade neonatal;
construto sistemático da missão natureza e objetivos da • Usar evidências para sustentar tomadas de posição políticas;
enfermagem (Teoria do cuidado humano de Jean Watson; • Colheita sistematizada de dados.
Teoria do déficit de autocuidado de Dorothea Orem; Teoria
de enfermagem transcultural de Madeleine Leininger; Prática baseada na evidência
Teoria das relações interpessoais em enfermagem de
Hildegard Peplau; Teoria de enfermagem sistêmica de Betty Tomada de decisão que considere a viabilidade,
Neuman; Teoria de enfermagem ambiental de Florence adequação, significado e eficácia das práticas. A melhor
Nightingale.) evidência disponível, o contexto em que os cuidados são
AS TEORIAS DE MÉDIO ALCANCE providenciam uma prestados, a individualidade do cliente e o julgamento
estrutura que permite descrever compreender interpretar profissional e expertise do profissional de saúde para informar
e ou explicar os fenómenos específicos da enfermagem que este processo.
refletem e emergem da prática. - Em que consiste?
No entanto nenhum dos dois tipos de teorias é Utilização conscienciosa, explicita e criteriosa de
prescritora de práticas ou providenciam linhas orientadoras informações derivadas de teorias, investigação para a tomada
da prática aspeto que cabe às TEORIAS ESPECÍFICAS de decisão sobre o cuidado prestado a indivíduos ou grupos de
relativas a um fenómeno. doentes, levando em consideração as necessidades individuais
e preferências;
Levar em considerarão evidência científica relevante e
Teoria
válida, na tomada de decisão para a prestação de cuidados;
Uma TEORIA é a articulação organizada coerente e
Tomar decisões que sejam informadas pela evidência.
sistemática de um jogo de afirmações relacionadas com
questões significantes numa disciplina.
É uma representação simbólica relativamente a
aspetos da realidade com o sentido de compreender
descrever explicar predizer ou prescrever.

2
Frequência 1 – Iniciação à Investigação

Porque advogar uma prática de enfermagem Prática baseada em evidência – Porquê?


baseada na evidência? Preocupação por uma Prática Baseada na Evidência
(PBE), pela sua relação com a melhoria dos resultados,
A defesa de cuidados de saúde seguros e de qualidade incremento da qualidade e redução dos custos.
implica a construção de uma enfermagem baseada no
conhecimento: Dificuldades no uso da evidência
- Dar resposta ao mandato e matriz social da profissão;
- Manter e aumentar a credibilidade entre as diversas Hiato entre a PBE e a sua aplicação prática
disciplinas na área da saúde;
- Argumentar a necessidade de mudanças junto dos Barreiras à PBE
decisores políticos.
Organização e a liderança têm um papel importante
na implementação da PBE
Desafio 60 30 10
- 60% segundo a melhor evidência;
- 30% são desperdício ou baixo valor; Abordagem tradicional
- 10% dano. Estudo/guia orientador concluído

Publicar/resultados atualizados

Mudanças das práticas (milagrosamente)

Necessidade de abordagem sistemática

Qual o caminho?
O cuidado não pode continuar a ser conduzido pela
TRADIÇÃO ou PREFERÊNCIA do ENFERMEIRO
Processo de TOMADA DE DECISÃO baseada:
- Na melhor evidência disponível;
- No contexto em que os cuidados são
prestados;
- Nos valores e preferências dos clientes;
- Na expertise do enfermeiro.

Translação do conhecimento

Imperativo para as Organizações de Saúde

Processo dinâmico e iterativo que inclui a síntese, a


disseminação, o intercâmbio e a aplicação do conhecimento
para melhorar a saúde, fornecer serviços e produtos de saúde
mais eficazes, e reforçar o sistema de cuidados de saúde.

A importância deste imperativo, nas organizações de


saúde, estimulou investigadores para o desenvolvimento de
teorias e modelos para a prática da translação do
conhecimento.

FAME abordagem aos cuidados de saúde


baseados na evidência (JBI)
Os profissionais de saúde exigem provas que
confirmem um vasto leque de atividades e intervenções.
Ao tomar decisões clínicas, os profissionais de saúde
estão preocupados com a possibilidade de a sua abordagem ser
viável, Apropriada, significativa e Eficaz.

3
Frequência 1 – Iniciação à Investigação

Fatores que influenciam a tomada de decisão


No Modelo JBI para os Cuidados Baseados em • Evidência de investigação atualizada;
Evidência, a Implementação da Evidência é um conjunto de • Competências clínica:
atividades intencionais e facilitadoras, desenhadas para - Educação formal;
envolver as principais partes interessadas com evidências de - Conhecimento acumulado (livros de texto, relatórios,
investigação, para informar a tomada de decisões e gerar opinião de peritos);
melhoria sustentada na qualidade da prestação de cuidados de - Experiências passadas, construída na base de caso a
saúde. caso;
Componentes da implementação: análise situacional - Experiências mais recentes,
(do contexto), facilitação da mudança de prática e avaliação do - Nível de competência.
processo e resultado. • Crenças, atitudes, valores, tradição;
• Rotina, “forma como as coisas são aqui feitas”;
• Fatores relacionados com o doente e a sua família:
- Circunstâncias clínicas, condições de co-mobilidade;
- Preferências, crenças, atitudes, experiências…;
- Necessidades.
• Fatores organizacionais:
- Políticas nacionais e locais;
- Serviços/recursos disponíveis;
- Financiamento;
- Equipamento;
- Tempo.

Tipos de decisão clínica Conhecimento de 1ª Geração


• Composto por um volume inimaginável de estudos primários,
• Intervenção / efetividade (Decisões que envolvem escolher dirigidos a questões particulares;
entre intervenções): • Apresentam-se maioritariamente pouco refinados;
- Dirigida (Subcategoria de “Intervenção / efetividade”, • O acesso a estes faz-se através de bases de dados primárias
decidindo sobre qual o cliente /doente que mais beneficiará da
intervenção);
• Preventiva (Decidindo qual a intervenção que com maior
Conhecimento de 2ª Geração
probabilidade prevenirá ocorrência de um determinado • Agrega conhecimento promovendo as sínteses dos estudos
resultado ou estado particular de saúde); relativamente a questões específicas;
• Temporal (Escolhendo o momento mais adequado para • Aplicação de métodos reprodutíveis, válidos e rigorosos que
implementar a intervenção); minimizem enviesamentos (e.g. revisões sistemáticas, meta
• Referenciação (Decidindo a quem o paciente deverá ser análises e meta-sínteses);
referenciado em função de uma determinada intervenção e ou • São asseguradas por diversos consórcios e disponibilizadas
diagnóstico); embases de dados específicas (Colaboração Cochrane).
• Comunicativa (Escolhendo sobre diferentes formas de
recolher e prestar informação por parte das pessoas, famílias ou Conhecimento de 3ª Geração
colegas. Muitas vezes relacionadas com a comunicação dos • Compostos por sinopses de conhecimento apresentadas de
riscos e benefícios de diferentes intervenções); forma clara, concisa e num formato inteligível;
• Organizacional e de gestão (Este tipo de intervenções • Recomendações explícitas que preenchem as necessidades
concernem à configuração e ao processo inerente à prestação dos diversos stakeholders, influenciando as práticas;
de cuidados); • Exemplos: Normas de Orientação Clínica e Guidelines.
• Avaliativa (Decidindo que uma determinada avaliação é
necessária ou ainda de que modo uma avaliação poderá ser Referências bibliográficas
usada);
- Artigo em revista
• Diagnóstica (Classificando sinais e sintomas como a base para
. Autor, A. A., & Autor, B. B. (ano). Título do artigo [Título
a gestão estratégica dos cuidados);
traduzido para inglês]. Nome da revista, volume(número), pag-
• Procura de informação (A escolha de procurar [ou não]
pag. http://doi.org/xxxxx
informação adicional antes de tomar qualquer decisão clínica
. Ex.: Methangkool, E., Tollinche, L., Sparling, J., & Agarwala, A. V.
adicional); (2019). Communication: is there a standard handover technique to
• Experiencial, compreensiva ou hermenêutica (Relacionada transfer patient care? International Anesthesiology Clinics, 57(3),
com a interpretação dos dados no complexo processo de 35-47. https://doi.org/10.1097/AIA.0000000000000241
cuidar).

4
Frequência 1 – Iniciação à Investigação

- Livro - Comunicação oral


. Autor, A. A., & Autor, B. B. (ano). Título do livro (xª ed.) [Título . Autor, A. A., & Autor, B. B. (ano). Título da comunicação [Título
traduzido para inglês]. Editora. DOI ou URL traduzido para inglês] [Comunicação oral]. Designação do
. Ex.: Bardin, L. (2014). Análise de conteúdo (4ªed). Edições 70. Encontro Científico, Cidade, País.
. Ex.: Martins, C. A. (2012). Procurando conciliar o papel parental
- Capítulo de livro com o de trabalhador. [Comunicação oral]. IV Simpósio
. Autor, A. A., & Autor, B. B. (ano). Título do capítulo [Título Internacional Enfermagem de Família, Porto, Portugal.
traduzido para inglês]. In A. A. Editor & B. B. Editor (Eds.), Título
do livro (xª ed., pp. xx-xx) [Título traduzido para inglês]. Editora. - Póster
DOI ouURL . Autor, A. A., & Autor, B. B. (ano). Título do póster [Título
. Ex.: Cunha, V. (2005). A fecundidade nas famílias. In K. Wall (Org.), traduzido para inglês] [Apresentação de póster]. Designação do
Famílias em Portugal: percursos, interacções, redes sociais (pp. 395- Encontro Científico, Cidade, País.
464). Imprensa de Ciências Sociais. . Ex.: Silva, C., Martins, C., Pinto, C. (2019). Man's emotional well-
being in the transition to fatherhood [Apresentação de póster].
- Dissertação International Congress of Health and Well-being Intervention,Viseu,
. Autor, A. A., & Autor, B. B. (ano). Título da dissertação de Portugal.
doutoramento ou mestrado [Dissertação de
mestrado/doutoramento não publicada]. Nome da instituição - Páginas web
que atribui o grau. . Autor, A. A. (data). Título do documento. Nome do site.
. Ex.: Silva, C. S.M. (2017). A gravidez no masculino: um olhar sobre Consultado a XX de XX de XXXX. http://xxxxx
a experiência dos homens [Dissertação de mestrado não . Ex.: WHO (2023). Diphtheria in Nigeria. Consultado a 4 de outubro
publicada]. Escola Superior de Enfermagem do Porto. de 2023. https://www.who.int/emergencies/disease-
outbreaknews/item/2023-DON485
- Artigo em livro de atas
. Autor, A. A., & Autor, B. B. (ano). Título do artigo [Título Boas práticas a cumprir na referência
traduzido para inglês]. In E. E. Editor (Ed.), Título do livro de atas bibliográfica
[Título traduzido para inglês] (pp. xx-xx). Editora. http://xxxxxx  Certificar que a sua revisão da literatura é abrangente e atual
. Ex.: Martins, C. A. (2012). Procurando conciliar o papel parental  Evitar citações excessivas da mesma região
com o de trabalhador. In J. C. Carvalho et al. (Eds.), Transferibilidade
 Verificar o formato exigido nas instruções do trabalho 
do conhecimento em enfermagem [Knowledge transferability in
Cumprir a ordem solicitada:
Family Nursing] (pp. 106-115). Escola Superior de Enfermagem do
Porto. ➢ Alfabética do primeiro autor (APA)
➢ Citação numérica no texto (Vancouver)
- Relatório  Rever o trabalho antes da submissão (evitar inconformidades
. Autor, A. A., & Autor, B. B. (ano). Título do relatório [Título com a norma de referenciação solicitada)
traduzido para inglês]. Editora. http://xxxxxx.  Verificar todas citações diretas e indiretas (evitar situações de
. Ex.: UNICEF (2022). Report Card 17 - Places and Spaces: plágio não intencional)
Environments and children’s well-being. UNICEF.  Verificar se todas as citações têm a respetiva referência
https://www.unicef.pt/media/3477/rc17-en_places- bibliográfica no final
andspaces_environments-and-childrens-well-being_report-card-  Evitar dicionários e enciclopédias
17.pdf  Não utilizar sites informativos (Wikipedia, Infoescola, etc.)
 Link não é referência bibliográfica
- Legislação (exemplo)  Evitar documentos sem autor ou data conhecidos. Se
. Decreto-Lei n.º 55/2018, de 6 de julho. Diário da República, 1.ª necessários, usar a abreviatura s.d.(sem data) ou sem autor (s.a)
série - N.º 129.
. Ex.: Lei n.º 6/84, de 11 de maio. Diário da República, 1.ª série - N.º
109. Qualidade de um bom artigo
- Clareza: para o leitor entender o que lê;
- Artigo de imprensa - Veracidade: Para não enganar o leitor;
. Autor, A. A., & Autor, B. B. (ano, dia mês). Título do artigo. Título - Elegância: Para atrair a atenção do leitor;
do periódico, pp. xx-xx. http://xxxxxx. - Concisão: Para não desperdiçar o tempo do leitor e o espaço
. Ex.: Candeias, A., Martins, C., Encarnação, P., Esteves, A., & do periódico.
Petronilho, F. (2023, 14 de março). Be+Happy: uma experiência de
Interioridade. Correio do Minho, pp. 22.

5
Frequência 1 – Iniciação à Investigação

Regras da escrita científica


 Utilizar uma linguagem clara e gramaticalmente correta: sem
discrepâncias nos tempos verbais, sem discordâncias entre
sujeito e predicado, cuidado na utilização de adjetivos, evitar
utilizar muitos complementos (diretos, indiretos, de lugar, etc.)
 Escrever frases curtas
 Frases organizadas em parágrafos. Estes devem ser bem
delimitados e representar apenas uma ideia
 Ter cuidado com o tamanho, vocabulário e conexões entre
parágrafos (evitar que excedam seis ou sete linhas)
 Ter cuidado com os verbos utilizados (crenças, perceções,
sentimentos)
 Uso adequado da terminologia científica
 Uso obrigatório de itálico em palavras estrangeiras
 Preferencialmente utilizar a voz ativa
Título
 Procurar colocar o sujeito na frase tão cedo quanto possível
 Procurar não repetir a mesma palavra na frase. Estar atento a  Atrativo e interessante
palavras sinónimas  Sintético (menor nº de palavras possível) e informativo
 Ter cuidado com a pontuação  Preciso, não enganador, sem ambiguidade, específico
 Ler, ler e reler e dar a ler  Identificar o tópico, os conceitos mobilizados ou a novidade
 Ler em voz alta que a pesquisa traz
 Procurar ser original e criativo  Evitar verbos, abreviaturas, símbolos, jargão, nomes
comerciais, metáforas e expressões desnecessárias (ex.: “um
- Uso de Maiúsculas estudo de…”; “uma investigação em…”)
 Primeira palavra de uma oração completa  Incluir as palavras-chave que possam favorecer a procura do
 Palavras principais de títulos de livros e títulos de artigos artigo em bases de dados
citados no corpo do texto
- Erros comuns:
 Palavras principais nos títulos e nos subtítulos do texto
 Demasiado longo
 Palavras principais em títulos de tabelas e legendas de figuras
 Não consistente com o assunto e a justificativa do estudo
 Nomes próprios, adjetivos e palavras usadas como nome
 Não suficientemente inteligente
próprio
 Uso de abreviaturas, siglas e jargões
 Marcas e nomes comerciais de fármacos, equipamentos, etc.
 Substantivos seguidos de algarismos ou letras que indiquem
um lugar específico em uma série numerada Autores
 Papel importante na produção do texto
- Uso de Abreviaturas  Participação ativa na concetualização ou no design da
 Usar somente as conhecidas nacional ou internacionalmente pesquisa que deu origem ao artigo, na colheita e análise dos
(ex.: OMS,UNICEF) dados e na preparação do manuscrito
 Preceder do nome por extenso na primeira vez em que  Responsabilização pelo texto final e capacidade de o explicar
aparece no texto; depois usa-se somente a abreviatura e defender
 Colocar a abreviatura entre parênteses na primeira vez que é
mencionada - Não é autor quem:
 Garante o financiamento
 Realiza testes ou recolhe dados
 Fornece supervisão geral
 Presta assistência na escrita
 “Nome académico” para facilitar a indexação/localização de
artigos
 Dois nomes é o ideal
 Evitar abreviaturas
 Identificador digital
- IMRD é o formato de artigo científico mais utilizado no mundo
editorial da ciência
 I - Introdução (3 parágrafos)
 M - Métodos (ou Materiais e Métodos) (7p.)
 R - Resultados (7p.)
 D – Discussão (6p.)
6
Frequência 1 – Iniciação à Investigação

Resumo ❖ Quais os pontos polémicos do assunto?


 “Espelho” do manuscrito completo. Não uma introdução ou ❖ Quais perguntas que se pretende responder no
apresentação do artigo trabalho?
 Informativo, preciso, coerente, conciso, seletivo e autónomo - Erros comuns:
 Sintetizar: o tema do artigo, o problema que deu origem à  Contagem de palavras superior à recomendada (>15%)
pesquisa, as hipóteses, como essas hipóteses foram testadas e  Nenhuma identificação de contexto e conteúdo
os resultados obtidos  Não citar pesquisas recentes e relevantes
 Evitar: citações e referências bibliográficas, abreviaturas ou  Omissão deliberada de estudos contraditórios
acrónimos, informações que não estão presentes no trabalho,  Fundamentação, finalidade e objetivos da pesquisa não
referências a tabelas ou figuras, frases longas ou desnecessárias, indicados
declarações generalizadas, recortes e colagens do texto
principal Métodos
 Redigido na forma de um único parágrafo (250-300 palavras)  Funções:
 Estruturado em secções: Introdução (1-2 frases), Métodos (3- ✓Permitir a avaliação do trabalho
4 frases), Resultados (3-4 frases), Discussão (1-2 frases) e
✓Permitir que possa ser reproduzido
Conclusão (a principal)
 Secção mais fácil de escrever (por onde se deve começar)
 Verificar se cumpre os 4Ws (imrd)
 Detalhes suficientes que permitam outro pesquisador repetir
- Nota: Escrever o resumo só depois do artigo completo - Erros
o estudo
comuns:
- Erros comuns:
 Contagem de palavras superior à recomendada
 Tipo de estudo não indicado
 Não estruturado de forma adequada
 Setting do estudo (local, período, datas, etc.) não revelado
 Essencialmente copiado e colado do texto principal
 Critérios de inclusão e exclusão de participantes não
 Contém informações não presentes no artigo principal
mencionados
 Citações incluídas
 Falta de descrição do tamanho da amostra e da técnica de
 Nenhuma mensagem relevante para levar para casa amostragem
 Escrito como introdução ou conclusão do artigo  Autorização ética do estudo não mencionada
 Ausência de consentimento informado dos participantes
Palavras-chave  Detalhes exaustivos para permitir a replicação não fornecidos
 Sintetizar o tema do artigo (conteúdo do artigo) e não áreas  Utilização de questionários ou instrumentos não validados
de pesquisa, teorias ou métodos utilizados  Nenhuma menção clara à análise estatística utilizada
 Mínimo de três e máximo seis  Significância estatística não definida
 Facilitar a indexação e a busca em bases de artigos académicos
(Medical Subject Headings ou Descritores em Saúde)
Resultados
 Evitar palavras muito genéricas
 Apresentar de maneira clara o novo conhecimento produzido
 Evitar palavras ou expressões muito específicas
 Escrever no passado, exceto quando se reporta a tabelas e
 Devem fazer sentido quando traduzidas para inglês
figuras
(keywords)
 Usar tabelas e figuras para clarificar os resultados
- Erros comuns:
 Utilizar os próprios dados, ao invés de tabelas e figuras de
 Palavras-chave essenciais ausentes
outros artigos
 Nenhum termo MeSH (ou DeCS)
 Não repetir no texto informações existentes nas tabelas e
 Números insuficiente no manuscrito
figuras
 Palavras-chave erradas, não relacionadas ao assunto
 Não incluir referências
investigado
 Apresentar os resultados numa ordem lógica (por ordem de
 Abreviaturas usadas
importância)
 Terminar com pequeno parágrafo sobre resultados adicionais
Introdução ou inesperados, se aplicável
 Apresentação das informações que justificam o trabalho, - Erros comuns:
acompanhadas do(s) objetivo(s) do trabalho  Resultados escritos no presente
 Resposta às perguntas-chave:  Resultados não relacionados aos objetivos do estudo
❖ De que trata o trabalho? mencionado
❖ Por que o trabalho foi realizado?  Redundância com seção de métodos
❖ O que se sabia sobre o assunto no início do  Testes estatísticos incorretos utilizados
trabalho?  Sobreposição das informações presentes em figuras e tabelas
❖ O que NÃO se sabia sobre o assunto e motivou o  Citações incorporadas
trabalho?  Uso estratificado e tendencioso de dados
7
Frequência 1 – Iniciação à Investigação

 Interpretação errada da análise estatística - Erros comuns:


 Detalhes essenciais dos dados analisados em falta  Exagera sobre o que os dados revelam
 Dados e valores ausentes nas tabelas  Vaga e não suportada pelos dados
 Unidades de medida não fornecidas adequadamente  Muito breve, sem qualquer mensagem para levar para casa
 Múltiplos formatos de significância estatística utilizados (p =  Nenhuma ligação essencial com os objetivos
0,05, 0,0001, 0,00, etc.)  Resultados essenciais do estudo sublinhados
 Nenhuma perspetiva futura da área de estudo fornecida
Discussão
- Pode ser dividida em 2 secções separadas Referências
❑ Discussão - Erros comuns:
❑ Conclusões  Demasiadas ou poucas referências face ao recomendado
- Secção mais difícil de escrever  Inclusão de estudos muito antigos (>10 anos)
- Um ponto por parágrafo = 1 ideia-chave  Formatação inadequada das referências
- Não mais de 6 parágrafos  Estudos não relacionados à área citada
- Resposta às perguntas-chave:  Estudos com resultados contraditórios deliberadamente
❖ O que significam os resultados apresentados? deixados de lado
❖ Os resultados estão de acordo com os de outros autores ou  Muitas autorreferências realizadas
são divergentes?  Referências em tabelas e figuras não incluídas
1. Principais resultados: salientar achados originais/inéditos do
trabalho Tabelas e figuras
2.Avaliação crítica da própria pesquisa:  Todas as tabelas e figuras devem ser referidas no texto
 Limitações  A palavra Tabela ou Figura, no corpo do texto, deve ter a inicial
 Aspetos positivos em maiúscula, seguida do respetivo número
3. Comparação crítica com a literatura pertinente:  Devem ser numeradas de acordo com a ordem em que
 Concordante aparecem no corpo do texto
 Discordante: porquê? - Erros comuns:
4. Interpretação dos achados  Figuras/ilustrações de baixa qualidade/baixa resolução
 Figuras sem formato adequado (JPEG,TIFF, PNG, etc.)
- Erros comuns:
 Legendas de figuras e tabelas não fornecidas
 Nem todos os dados presentes são discutidos de forma eficaz
 Ilustrações incluídas no manuscrito principal
 Exacerbação dos resultados
 Tabelas e figuras não citadas no texto principal
 Resultados não significativos discutidos exaustivamente
 Muitas tabelas ou figuras usadas (>8 em número)
 Inserção de novos dados não veiculados anteriormente nos
 Uso de fotos de pacientes sem consentimento
resultados
 Interpretações tendenciosas dos dados analisados
 Uso de citações desatualizadas (>10 anos)
 Pontos fortes ou limitações do estudo não mencionados
claramente
 Perspetivas futuras do estudo não mencionadas

Conclusão
 Resumir: último parágrafo (2 ou 3 frases) que fornece uma
mensagem descritiva, concisa e clara, evitando repetir os
conceitos já expressos
 Afirmar sucintamente porque o artigo é importante e que
significado tem, i. e., responder ao objetivo inicial

Você também pode gostar