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Departamento de Enfermagem

16º Curso de Licenciatura de Enfermagem


1º Ano – 1º Semestre

INVESTIGAÇÃO I – EPISTEMOLOGIA DE
ENFERMAGEM

Docente:
Professora Doutora Lucília Nunes
Discentes:
Jennifer Sousa Brito, Nº150528053
Jessica Sousa Brito, Nº150528040
Laura Sophia da Silva, Nº150528023

Ano Letivo 2015/2016


Jennifer Brito, Jessica Brito e Laura Silva 16ºCLE

Epistemologia  é o ramo da filosofia que estuda ao conhecimento. Estudo sobre as


fontes, a Natureza e a validade do conhecimento.
Ciência:
 É o conhecimento racional, sistemático, exato e verificável da realidade imaterial;
 O saber produzido através do raciocínio lógico aliado a experimentação prática,
caracterizando-se por um conjunto de paradigmas para a observação, identificação,
descrição, investigação experimental e explicação teórica de fenómenos;
 Visa fornecer um conhecimento que, ao menos provisoriamente, facilite a interação
com o mundo, permitindo previsões confiáveis sobre eventos futuros e indicando
mecanismos de controlo para que se possa intervir favoravelmente:
-Objetivo básico de atividade científica não é descobrir verdades ou fornecer uma
compreensão plena da realidade.
-Fazer ciência, é um processo complexo, demorado e de difícil execução Investigação.
-O seu uso é justificado pelos benefícios que traz em termos de utilidade,
transmissibilidade, verificabilidade, solidez e alcance;
A ciência não procura a verdade mas certezas a seu tempo. Finalidade é promover melhoria
na qualidade de vida dos seres vivos.
Ciência VS Tecnologia:
A ciência procura o conhecimento, enquanto a tecnologia o materializa o
conhecimento.
Investigação  Processo complexo para alcançar o conhecimento. Sendo o

conhecimento produto deste processo.

Características da Ciência:
 É o modo de abordagem: na explicação, predição, classificação e interpretação;
 É um processo cumulativo, não um produto acabado do conhecimento;

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 Abrange conhecimentos em processamento, mesmo que esses ainda não estejam


sistematizados;
 É um corpo de verdades provisórias, em que a ideia de probabilidade substitui a
noção de certeza absoluta, possibilidade e incentivado revisões constantes e novas
descobertas.
 Os indivíduos, no decorrer da vida, fazem observações e generalizações a partir de
experiencias pessoais. A diferença entre essas observações ao acaso e o
conhecimento científico é que o uso do método científico confere maior rigor às
observações, possibilita a comprovação, e garante maior validade e precisão ao
conhecimento adquirido.
 A construção do conhecimento, ocorre em diversos níveis que diferem quanto ao
grau de sistematização e de precisão.
Senso Comum VS. Conhecimento Científico

Conhecimento Popular O conhecimento científico aspira ser senso


comum, ou seja, quer que todas as pessoas o
tenham.

Dogma verdade indiscutível/absoluta


A religião tem como base dogmas Conhecimento Religioso
Conhecimento Filosófico Tipo de conhecimento
Métodos para resolução de problemas:
 Rápidos – senso comum
Processo de Investigação
 Demorados – mais viáveis

Vantagens do método científico:


 Produção de um conhecimento prático e aplicável, que pode ser usado diretamente
para a previsão e/ou controle de fenómenos;

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 Expressão objetiva e detalhada do saber que é produzido e do modo como se


chegou até ele, permitindo um conhecimento amplamente partilhável e
transmissível independentemente do conteúdo;
 Verificável e passível de quantificação do grau de confiança;
 Redução ou minimização dos viezes1 que podem surgir, na observação e
interpretação dos diversos fenómenos, que se pretende estudar;
 Fornecimento de suporte metodológico ao pensamento, permitindo o uso de
ferramentas socioculturais e tecnológicas que favorecem a transcendência das
limitações individuais do pesquisador nas suas análises e sínteses.

Produção do conhecimento científico Trabalha com dois conceitos fundamentais:


 Técnicas – são os diversos procedimentos ou a utilização dos diversos recursos
peculiares a cada objeto de pesquisa, dentro de cada etapa do método. (Refere-se
aos procedimentos concretos utilizados para levantar dados).
 Métodos (Fenomenológico, dedutivo e indutivo) – ajuda a compreender o processo
de investigação. É o caminho pelo qual se chega a determinado resultado. É uma
forma de selecionar técnicas e avaliar alternativas para a ação cientifica.
o Método dedutivo (Descartes) – parte de generalizações para os casos
concretos (do todo para as partes);
o Método indutivo (Bacon) – parte da observação de um fenómeno de
determinada classe, para todos dessa mesma classe (da parte para o todo);
o Método fenomenológico – estuda os fenómenos. É especialmente aplicado
quando se quer dar destaque para a experiencia de vida das pessoas.
Ou seja, o método científico é a tentativa de organizar o pensamento para se chegar ao
meio mais adequado de conhecer e controlar a natureza.

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Influenciam as variáveis, introduzem uma alteração no juízo sobre a variável.
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Papel da metodologia científica:


O papel da metodologia científica passa pela distinção de 3 aspetos relevantes que se
referem:
 Ao conhecimento científico (produto) produzido;
 Às atividades responsáveis pela sua produção;
 Ao uso ou às aplicações do conhecimento produzido.
Ou seja, é preciso:
 Distinguir o produto do trabalho científico;
 Distinguir a atividade que gera este produto;
 Distinguir quais são as aplicações do produto dessas atividades, isto é, as aplicações
da ciência.
Percebe-se que existe na sociedade uma espécie de crença mágica na ciência que tem
origem nos resultados obtidos com a aplicação dada aos conhecimentos científicos
produzidos.

Desenvolvimento da ciência:
Moles descreve três níveis de desenvolvimento da ciência do século XIX:
 A ciência do certo – relacionada à criação, à construção de uma ciência exata e
verdadeira, que possuísse em si as qualidades de um conhecimento unívoco e
acabado;
 A ciência do percebido - constrói uma visão de mundo a partir de uma
representação.
 A ciência do provável – crê num mundo de probabilidades, abre-se às possibilidades
para a busca do conhecimento científico. Utiliza-se na saúde.
Conhecer:
 É estabelecer uma relação entre a pessoa que conhece e o objeto que passa a ser
conhecido;

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 Quem conhece acaba por apropriar-se do objeto que conheceu, ou seja, transforma
em conceito esse objeto, reconstitui-o na sua mente;
 O conceito, no entanto, não é o objeto real, não é a realidade, mas apenas uma
forma de a conhecer;
 O objeto tal continua existindo como tal, independentemente de o facto de o
conhecermos ou não
Duas maneiras de conhecer um objeto:
 Mediante os sentidos através da sensibilidade
 Por meio de sensibilidade física. Diz respeito aos objetos físicos;
 É sensível quando é obtido mediante uma informação prestada pelos nossos
sentidos.
 Mediante o pensamento, puramente intelectual
 Sem qualquer informação da visão, audição, olfato, paladar ou tato,
podemos conhecer uma ideia, um princípio, uma lei.
Cépticos empíricos não há conhecimento universal
Conhece-se através da experiência

Dogmáticos só é possível conhecer através da razão

Tipos de conhecimento:
 Mítico – manifesta-se através de uma narrativa de significação simbólica,
geralmente ligada à cosmologia e relativa a Deuses encarnadores das forças da
Natureza;
 Filosófico – origem na capacidade de reflexão do Homem e por instrumento
exclusivo de raciocínio. É a busca do saber e não sua posse. Interroga o próprio
saber e transforma-o em problema. É especulativo, pois as suas conclusões carecem
de prova material de realidade;
 Teológico ou religioso – produto da fé humana na existência de uma ou mais
entidades divinas. Provém das revelações do mistério, do oculto, por algo que é

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interpretado como mensagem ou manifestação divina. Transmite-se por alguém,


por tradição ou através de escritos sagrados;
 Vulgar/Senso Comum– é proveniente apenas da experiência do dia-a-dia, da
observação dos fenómenos da Natureza, das sensações do contacto com o mundo
exterior;
 Científico – pretende suplantar o princípio da autoridade (saber religioso) e o
pensamento abstrato (saber filosófico), na tentativa de alcançar a distinção entre o
verdadeiro e o falso por meio de uma comprovação irrefutável.

Enfermagem disciplina do conhecimento, define um território do saber e que se


materializa numa profissão.

É possível conhecer? Há 5 respostas:


 Dogmatismo: a razão permite atingir o conhecimento. O dogmatismo é o oposto do
empirismo.
 Ceticismo: o empirismo conduz ao cepticismo. Impossibilidade de apreender o
objeto, não é possível conhecer;

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 Subjetivismo e relativismo: há uma verdade e não se consegue decidir qual verdade


é universalmente válida. A forma como cada sujeito conhece a verdade. A verdade
é relativa a cada sujeito;
 Criticismo (Kant): nem os dogmáticos nem os céticos têm razão. Têm de se juntar à
experiência. Ou seja, a razão e o conhecimento empírico levam ao conhecimento;
 Pragmatismo: interessa o critério, utilidade e eficácia. Se não for útil nem eficaz, o
conhecimento não interessa. Ou seja, só interessa a verdade se for útil.

Qual a origem do conhecimento?


 Racionalismo (Descartes) – A principal fonte do conhecimento é a razão, o
pensamento por si só. A razão conduz os verdadeiros conhecimentos
universalmente válidos e lógicamente concretos. É a priori, não é baseado na
experiência. A razão é a única fonte digna de crédito para o conhecimento;
 Empirismo (Hume) – A única fonte do conhecimento humeno válida á a experiência.
E através dos sentidos que se desenvolve o conhecimento. Ou seja, a origem do
conhecimento está na experiência (sentidos);
 Intelectualismo (Aristóteles) – Tanto a experiência como o pensamento fazem parte
da produção do conhecimento. Os conceitos não são a priori mas abstraídas da
experiência e são descodificados pela razão humana que organiza e julga as
perceções e impressões cedidas pela experiência. Ou seja, o intelectualismo está
entre o racionalismo e o empirismo e a consciência lê na experiencia os conceitos.
 Apriorismo (Kant) – razão e a experiência são os constituintes do conhecimento e
nós temos elementos a priori que nos ajudam a formular o saber (aproximação do
racionalismo). Esses elementos são formais , ou seja, recipientes que recebem o
conteúdo, que é a experiência. Ou seja, o conhecimento tem origem na
compreensão a priori através da sensibilidade.

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Teoria: Uma teoria é definida como um conjunto de conceitos e proposições, que


estabelecendo relações entre si, têm como objetivo descrever, analisar, explicar e prever
fenómenos.
Um Discurso sobre as Ciências de Boaventura de Sousa Santos
 Paradigma Dominante (diz respeito ao modelo de racionalidade do século
XIX):
- Determinismo do real – tudo está previamente determinado.
- Conhecimento tem de ser útil e funcional.
- Procurava conhecer a natureza para poder controlá-la e dominá-la.
- Considera que a única forma para atingir o conhecimento verdadeiro é aplicar os seus
princípios epistemológicos e as suas regras metodológicas.
- Uso da matemática para obter uma observação e experimentação que levasse a um
conhecimento mais profundo e rigoroso acerca da natureza.
- Modelo de racionalidade hegemónica (predomina) - não admite outras formas de
conhecer o real.
- Oposição entra ciências naturais e ciências sociais.
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Subjetivo
Único conhecimento válido,
objetivo
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-Distingue e defende duas maneiras de conhecimento não científico: senso comum e


estudos humanísticos.

 CRISE DO PARADIGMA DOMINANTE


Boaventura defende que a crise do paradigma dominante da ciência é profunda e
irreversível, sendo resultado de uma pularidade de condições, teóricas e sociais.
 Paradigma Emergente (o autor propõe um modelo emergente, o qual denomina

“paradigma de um conhecimento prudente para uma vida decente”.):


Para justificar o seu modelo, Boaventura utiliza-se de quatro princípios sobre o
conhecimento:
1. Todo o conhecimento científico-natural é científico-social: a distinção entre ciências
naturais e ciências sociais deixou de ter sentido e utilidade, pois todo o
conhecimento tende a ser um conhecimento não dualista. Como refere Boaventura,
“em vez de serem os fenómenos sociais a ser estudados como se fossem
fenómenos naturais, serem os fenómenos naturais estudados como se fossem
fenómenos sociais”.
2. Todo o conhecimento é local e total: o conhecimento de uma disciplina é afetado
por outras disciplinas, logo devemos ter uma visão global.
3. Todo o conhecimento é autoconhecimento: Actualmente, o sujeito e o objecto
estão intimamente relacionados. O objecto passa a ser, portanto, uma própria
extensão do sujeito. Afirma-se assim a ideia que a ciência não descobre, cria.
4. Todo o conhecimento científico visa constituir-se em senso comum: esta
possibilidade visa uma reaproximação do conhecimento científico com o senso
comum.

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Teorias Epistemológicas
 GASTON BACHELARD:
 Identifique e explique 3 obstáculos de Bachelard?
Obstáculos epistemológicos são uma espécie de contrapensamento que pode surgir
no momento da constituição do conhecimento ou numa fase posterior.
A opinião que é formada a partir do senso-comum e o conhecimento imediato
(também conhecido como experiência primária) são dois exemplos de obstáculos ao
conhecimento científico. Estes são a experiência inicial, “situada antes e acima da crítica”,
ou seja, a opinião não pensa, mas sim traduz necessidades em conhecimentos, acabando
apenas por designar a utilidade dos objetos e não os conhecer, daí a opinião e a
experiência primária não servirem como um apoio seguro. Outro, de vários obstáculos
epistemológicos, é a visão substancialista que visa explicar os fenómenos através de
qualidades e de virtudes adulteradas.
Todos os obstáculos de Bachelard
A experiência primeira:
• Estado pré-cientifico onde não se procura uma razão racional para um
determinado acontecimento.
• Trata de trocar pontos de vista empíricos e não científicos.
• Não procura a compreensão dos acontecimentos.
• Baseia-se numa convicção profunda e por isso mesmo, constitui um primeiro erro.
Conhecimento geral:
• Uma generalização pode converter-se num conhecimento vago.
• Podemos estar a incluir algo que pode não ser englobado nessa generalização.
Obstáculo de natureza verbal: Quando uma única palavra, ou uma única “imagem”
eneralizada de algo são a explicação para uma variedade de acontecimentos distintos.
Conhecimento pragmático e unitário:
• As experiências não podem ser colocadas em compartimentos nem se podem
contradizer umas às outras
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• Aquilo que é a verdade para o “grande” deve ser a mesma verdade para o
“pequeno” e vice-versa
• Se ocorrer alguma divergência entre os dados e as experiências, desconfia-se que
se efetuou um erro, o que pode levar à ocorrência de falsos problemas.
Obstáculo substancialista:
• É constituído por intuições disparas e até podem ser opostas.
• O estado pré-cientifico acumula num objeto os conhecimentos onde esse mesmo
objeto vai desempenhar um papel.

 Articule o sentido de validade e o modo de desenvolvimento do


conhecimento.
Segundo Gaston Bachelard, só se pode falar em validade do conhecimento se este
for aceite e validado pela comunidade onde é inserido. “O conhecimento científico
necessita ter seu valor social bem definido.”
Segundo Gaston Bachelard, o conhecimento desenvolve-se através de um processo
de contínuas ruturas com o senso comum. Estas proporcionam sucessivas evoluções entre
o conhecimento vulgar e o conhecimento científico de modo a alcançar um verdadeiro
espírito científico.
De acordo com Gaston Bachelard, a ciência avança então através de descontinuidades,
ou seja, “A ciência cresce com revoluções e não com evoluções, o seu desenvolvimento dá-
se através de rupturas e não lentas maturações (…) ”
Bachelard instaurou então uma visão da evolução epistemológica, designando-a como
descontínua, pois esta forma-se através de ruturas com as conceções anteriores e
necessita de reflexão e crítica.
A visão Bachelardiana baseia-se então em ambiguidades. Ou seja, o seu argumento,
refere que a evolução da epistemologia consiste em ruturas e rejeição dos conhecimentos
anteriores, mas no entanto, defende que se deve manter e conservar o conhecimento que
foi refutado, na história evolutiva da ciência. Ao romper com o senso-comum, o autor

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sugere novas regras e normas de aplicabilidade do saber, mais complexas mas também
mais dinâmicas.
Ou seja, existe uma necessidade de testar o conhecimento através da superação de
obstáculos que por sua vez ajudam na progressão do conhecimento que é posteriormente
apresentado à sociedade para ser validado.

Palavras Chave de Barchelar: Ruturas, Obstáculos e Espírito Científico

 THOMAS KUHN:
 Define e enquadra paradigma na teoria de Kuhn?
O conceito de paradigma apresenta dois sentidos: um geral e um restrito. Num
sentido geral, paradigma é o conjunto de compromissos de pesquisas de uma comunidade
científica”, isto é, um conjunto de valores, crenças e técnicas partilhadas por um grupo
científico. Um paradigma restrito é um subconjunto do primeiro.
Ao sentido geral foi aplicada, por Kuhn, a expressão “matriz disciplinar, disciplinar
pois é algo que os praticantes de uma disciplina particular partilham e matriz pois é
constituída por elementos de diversas espécies, sendo que cada elemento é determinado
minuciosamente.
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No período de ciência normal a comunidade científica adere a um paradigma, mas


estes períodos são interrompidos por revoluções científicas, em que há crises no
paradigma. Esta crise é superada quando surge um novo paradigma, que vem substituir o
anterior, e que posteriormente é aceite/aderido pela comunidade científica. Na
comparação do anterior com o recente paradigma surge a tese da incomensurabilidade.

 Compare o desenvolvimento da ciência de Kuhn e Barchelard.


De acordo com Gaston Bachelard, a ciência avança então através de descontinuidades,
ou seja, “A ciência cresce com revoluções e não com evoluções, o seu desenvolvimento dá-
se através de rupturas e não lentas
maturações.” Ou seja, o seu argumento,
refere que a evolução da epistemologia
consiste em ruturas e rejeição dos
conhecimentos anteriores, mas no entanto,
defende que se deve manter e conservar o
conhecimento que foi refutado, na história
evolutiva da ciência.
Segundo Kuhn, na ciência existem períodos de ciência normal em que a comunidade
científica adere a um paradigma. Esse paradigma estabelece regras acerca dos fenómenos
que os cientistas devem investigar e acerca dos métodos usados para o conhecimento.
Enquanto esse paradigma for aceite, há uma solução possível para o modo de
escolha dos problemas, formado por uma identidade científica.
Quando a ciência normal falha os efeitos produzidos não são os expectáveis, pelo que
as questões são consideradas como anomalias, e não como “quebra-cabeças”. Destas
anomalias resulta uma crise científica designada por “período de ciência extraordinária”
Um paradigma é somente considerado inválido quando existe outro que o possa
substituir. Assim a rejeição de um paradigma pressupõe a aceitação de um outro. Para
Kuhn “a transição para um novo paradigma” é designada como revolução científica.

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Numa revolução científica não existe a acumulação de ideias anteriormente vigentes,


ou seja, de paradigmas anteriores, mas sim a reformulação de conceitos e teorias e
consequentemente as suas aplicações.
De acordo com a tese da incomensurabilidade, podemos afirmar que não existem
paradigmas mais verdadeiros que outros, podendo ser os dois (o antigo e o novo)
classificados como certos.
Esta, por sua vez leva ao desenvolvimento de um novo paradigma que ao ser aceite
volta ao período de ciência normal. No entanto, segundo Tomas Kuhn, só existe evolução
científica quando há uma rutura paradigmática e uma revolução científica, pois o
paradigma até então aceite é substituído por um novo que origina um novo período de
ciência normal.

Notas:
 A persuasão é a ferramenta essencial de argumentação para "vender" um
paradigma a uma comunidade científica
 Por vezes o demonstrar de uma teoria não é o suficiente para o vincular
da mesma, e é ai que entra a persuasão, capacidade do orador de cativar
e angariar apoiantes as suas ideias, com o poder da argumentação.

Palavras Chave de Kuhn: Paradigma2, anomalias, incomensurabilidade3, revolução


científica4, crise.

2
Paradigma: O paradigma pode tomar tanto o sentido tácito como o sentido sociológico, ou ambos. O
sentido sociológico está relacionado com as crenças e valores da comunidade científica, enquanto o sentido
tácito está ligado à apresentação de problemas-exemplos à comunidade científica.
3
Incomensurabilidade:
- Quando surge um novo paradigma que vem contradizer o velho.
- Choque entre as duas teorias.
- Não é possível a coexistência dos dois paradigmas.
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A Revolução Científica é um período marcado por anomalias ou crises no paradigma até então dominante,
provocando a sua ruptura.
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 KARL POPPER
 Como se distingue ciência e não ciência, segundo Popper?
Segundo os empiristas, a divisória entre o que é ciência e o que não o é, isto é, o
que pertence ao campo da metafísica, faz-se mediante a interpretação do que tem sentido
do que não tem; do que pode ser comprovado do que não pode.
A ciência, segundo Popper, resulta de uma “construção racional”, na qual a mente
do cientista articula pressupostos e hipóteses vinculadas com o contexto do mesmo, ou
seja, é “formulada como produto das nossas atividades mentais.” Assim, como critério de
divisão entre ciência e metafísica, Popper propõe a falseabilidade ou falsidade, “toda a
proposição que possa ser empiricamente observável é científica, caso contrário, a
proposição em questão é metafísica”. Este critério de validação de uma teoria exige que
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esta seja submetida à condição de refutabilidade, sendo que “determinado sistema


científico é válido até ao momento que é refutado”.

 O que fundamenta o desenvolvimento do conhecimento?


Popper exemplifica “independentemente de quantos cisnes brancos possamos
observar, isso não justifica a conclusão de que todos os cisnes são brancos”.
No pensamento Popperiano o desenvolvimento científico não deriva de uma
acumulação de observações mas de teorias continuamente substituídas por outras
melhores, mais satisfatórias, algo que resulta da aprendizagem com os erros.
Para além disso, Popper considera que a ciência é feita através da formulação de
hipóteses, sendo estas adaptadas à realidade. Popper concebe a ciência como uma
sucessão de pensamentos, dependendo estes de cada pessoa, já que cada um tem as suas
próprias existências.
O desenvolvimento científico dá-se nas “Proposições de Verdade”.
Ou seja, não é a verificabilidade que garante a validade do conhecimento mas sim a
falsificabilidade.

Palavras Chave de Popper: 3 mundos5, falsificabilidade, conjunturas e refutações6,


enigmas7

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Os 3 mundos são:
- O mundo 1, o das coisas materiais (mundo físico), corresponde às forças físicas, aos corpos e aos estados;
- O mundo 2, o da consciência (mundo psíquico), corresponde às emoções, aos processos psíquicos e às
experiencias subjectivas;
- O mundo 3, corresponde ao produto da criatividade do homem, aos artefactos, à arte e às relações
interpessoais. É neste mundo que se dá o desenvolvimento científico.
6
Para Popper, a ciência faz-se através de conjunturas e refutações, os erros fazem falta, pois se não
errarmos não podemos corrigir nem conhecer.
7
Enigmas: são os mistérios que levam o desenvolvimento da ciência.
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Processo científico consiste na superação de teorias e consequentes substituições


destas por outras melhores, ou seja, com maior conteúdo.

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 IMRE LAKATOS
 Questão do desenvolvimento do conhecimento?
O conhecimento Lakatosiano desenvolve-se essencialmente a partir do mundo das
ideias, no Mundo 38 de Platão e Popper, ou seja, no mundo do conhecimento articulado
que é independente dos sujeitos que conhecem.
Para Lakatos a melhor maneira de começar [o jogo da ciência] não é com uma
hipótese falsificável (e, portanto, consistente), mas com um programa de investigação.
De acordo com a epistemologia Lakatiana, o conhecimento passa a ser sustentado
por uma metodologia de programas de pesquisa científica.

 Como Lakatos propõe a constituição dos programas de pesquisa?


Segundo Lakatos, um programa de pesquisa científica é caracterizado por ter um
núcleo firme (que contem a teoria científica e as suas hipóteses basilares que são
irrefutáveis, caso contrário o programa de pesquisa cai), um cinturão protector, constituído
por hipóteses, teorias auxiliares e ainda métodos observacionais, que servem de suporte às
premissas iniciais de uma teoria e uma heurística (positiva e
negativa). O cinturão protetor protege o núcleo firme, sendo
constantemente modificado, expandido ou completado.
A heurística positiva desenvolve o cinturão protetor, que é
formado por hipóteses auxiliares (que são refutáveis).
A heurística negativa protege o núcleo firme, que é formado
por Leis gerais (que são irrefutáveis).
O núcleo se encontra envolto pelo cinturão protetor.

Palavras Chave de Lakatos: Programas de pesquisa e geotopografia

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O mundo 3, corresponde ao produto da criatividade do homem, aos artefactos, à arte e às relações
interpessoais. É neste mundo que se dá o desenvolvimento científico.
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 FEYERABEND
 Articule o pluralismo metodológico e o desenvolvimento da ciência.
Anarquismo significa oposição a um princípio único, absoluto, oposição a toda e
qualquer organização. Tendo em conta o lado metodológico, não significa ser contra todos
os procedimentos mas sim, contra a instituição de um conjunto único e fixo de regras que
se pretendam instituir como método.
Tendo em conta o significado de “anarquismo” torna-se fácil de entender o
conceito de “anarquismo epistemológico”, sendo este a oposição a um método único, ou
seja, a defesa de um pluralismo metodológico.
Feyerabend opõe-se á racionalidade científica, pois esta diz que só se devem aceitar
teorias que tenham argumentos sólidos e fortes ou então que se ajustem a teorias já
existentes, não acredita que exista “a teoria”, ou “a regra”, mas sim, uma teoria ou uma
regra, uma vez que não existe nenhum método científico que em algum momento da

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história não tenha sido criticado e/ou refutado, sendo assim o conhecimento descrito
como: “o conhecimento não é uma série de teorias auto consistentes que converge para
uma concepção ideal; não é uma aproximação gradual à verdade. É, antes, um sempre
crescente oceano de alternativas mutuamente incompatíveis [grifo do autor], no qual cada
teoria, cada conto de fadas e cada mito que faz parte da colecção força os outros a uma
articulação maior, todos contribuindo, mediante esse processo de competição, para o
desenvolvimento de nossa consciência.”
No fundo, trata-se de uma afirmação clara de que “ tudo vale”, e é esse mesmo o
lema da sua teoria. É uma forma de prevenir a estagnação do pensamento e do
desenvolvimento científico, porque, segundo Feyerabend, se olharmos para o
conhecimento e a forma de obter demasiado rigidamente, podemos impedir
desenvolvimentos importantes por não serem exploradas outras possibilidades e não se
apostar em alternativas.
Feyerabend concebe que a adequação de novas hipóteses a uma teoria aceite (a
mais antiga, a que domina) provoca uma inércia do desenvolvimento científico. É
necessária a diversidade de teorias e de metodologias para ampliar o conhecimento e o
progresso, e não devem ser descartadas por não serem coerentes com a teoria aceite.

 Fundamente os benefícios da partilha dos conhecimentos.


O pensamento científico muitas vezes é dominador e autoritário sobre tradições e
culturas de determinados povos, ele acaba não sendo humanitário. A metodologia
pluralista engloba todo o tipo de pensamento, inclusive o não científico. Assim, este é
humanitário e não autoritário sobre culturas e tradições.
Tornar as teorias e ideias públicas significa que se partilha o saber. O conhecimento
que é produzido pelas várias teorias existentes, concordantes ou não umas com as outras,
é partilhado. A partilha de benefícios assenta na contribuição de cada conceção para o
progresso da ciência.

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Palavras Chave de Feyerabend: Chauvinismo da ciência; Pluralismo Metodológico,


Tudo Vale, Anarquismo Epistemológico.

 LAUDAW
 Articule os fundamentos de Lakatos e Laudaw?
Laudan faz também a distinção entre tradições de pesquisa e os “programas de
pesquisa” de Lakatos, onde fazia algumas críticas tais como: dizia que só havia progresso
empírico; num programa, uma teoria resulta de outra, ao contrário da maioria dos casos
históricos; a estrutura rígida do núcleo dos programas não admite mudanças.

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Laudan afirma ainda que as tradições de pesquisa são um conjunto de teorias em


evolução, mas que não podem ser analisadas fora do seu contexto histórico, as mesmas
apresentam duas características distintas, uma metodológica e outra ontológica.
A semelhança de Lakatos, Laudaw também defende que para que uma teoria seja
verdadeira temos de tentar refuta-la primeiro. Para ambos a teoria apenas é valida se
conseguir passar em todos os “testes” a ela impostos.

 Explicite o que tem em comum os enigmas (de Popper), os puzzles (de


Kuhn) e a resolução de problemas de Laudan.
Para Popper, os cientistas são solucionadores de enigmas, enquanto para Kuhn
estes são solucionadores de puzzles.
Ora, Popper considera que “Os problemas afloram sobretudo, quando estamos
dececionados nas nossas expectativas, ou quando as nossas teorias nos envolvem em
dificuldades, em contradições”, defendendo assim que o que cria a dificuldade é a teoria
em si, uma vez que se torna incapaz de corresponder aos desejos ou expectativas do
cientista. Por sua vez, Kuhn pensa de forma bastante diferente. Este considera que as
dificuldades ou enigmas (os quais considera “charadas”) apresentam-se aos cientistas e não
à teoria propriamente dita.
Ou seja, para Popper, a atividade científica consiste primeiro na formulação de
hipóteses para explicar os vários problemas que se colocam, e depois na sua sucessiva
anulação através de experiências. E para Kuhn, a ciência é comparada com um puzzles,
uma vez que um puzzles é uma espécie de dilema que serve para testar a competência de
um cientista quando este tenta resolver um problema.
Laudaw afirma que, a ciência trata-se de uma atividade que visa a resolução dos
problemas que, mais tarde, originam teorias.
A partir deste novo modelo, a resolução de problemas torna-se, deste modo, a
“unidade básica do progresso cientifico”, sendo que os problemas poderão ser empíricos
ou conceituais. Surge também a ideia de que a ciência “não é algo racional, mas complexa

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e diacrônica”, ou seja, a ciência é muito mais do que algo que se baseia apenas na razão e
na lógica.
Na verdade, encontra-se “submetida a eventuais mudanças e transformações ao
longo do tempo”, o que a torna dinâmica relativamente ao passar do tempo, contribuindo
para a ascensão da ideia de que a ciência é construída através da problematização,
ultrapassando deste modo a conceção empirista-indutivista, que afirma que a ciência
surge, exclusivamente, através da “observação, experimentação e indução, nunca em mera
especulações teóricas, criatividade ou pré-concepções” que poderiam “distorcer a visão
sobre a realidade e a interpretação do mundo.”

Palavras Chave de Laudaw: Modelo reticular

 POLANYI
 Articule os conceitos tácitos e naturais.
O conceito central da Epistemologia de Michael Polanyi é o conhecimento tácito
Conhecimento tácito é aquele que o indivíduo adquiriu ao longo da vida, que está
na cabeça das pessoas. Geralmente é difícil de ser formalizado ou explicado a outra pessoa,
pois é subjectivo e inerente às habilidades de uma pessoa. Para Polanyi é espontâneo,

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Jennifer Brito, Jessica Brito e Laura Silva 16ºCLE

intuitivo. Recorre a dois termos coesos entre si, o proximal (Características) e o distal
(Compreensão), com o intuito de caracterizar algo após a compreensão. Podemos analisar
um exemplo de como atuam na forma como se reconhece uma face (rosto): Confiamos em
certas características, como a cor dos olhos e o formato do nariz para tentar reconhecer
essa face. No entanto, o que queremos perceber (distal – focal – objetivo) é o rosto e não
as características (proximal – subsidiário, para chegar ao objetivo).
Este conhecimento, opera por meio da ciência e é singular e produto das
experiências e práticas de vida, que se afectarem o indivíduo, é por dificilmente
transmissível por meio de verbalização ou fórmulas (por não se encontrar formalizado em
qualquer tipo de suporte), dado que deriva da incorporação informal, de conhecimentos
inerentes às ações de cada indivíduo e das interações com o mundo, que é individual e
intransmissível.
Temos de ter em conta que o conhecimento tácito inclui o conhecimento pessoal,
na medida em que este é formado pelos indivíduos e por essa mesma razão inclui “as suas
emoções e paixões. Polanyi quis realçar que até na ciência, o intelecto está conectado ao
contributo “apaixonado” do conhecimento pessoal, tendo que as emoções são então dos
seus elementos relevantes.
No Conhecimento Pessoal não existe conhecimento que seja essencialmente
objetivo, visto ser pessoal, os factos incluem o nosso julgamento, procura ser aceite e
possui Intenção Universal .

 Qual o papel da intuição e da imaginação no desenvolvimento do


conhecimento?
Para Polanyi a intuição é fundamental na construção e no aperfeiçoamento de uma
teoria, pois cabe a esta comprovar a validade do resultado final. A intuição é a habilidade
para adivinhar, com razoável possibilidade de acerto, guiada por uma sensibilidade inata
para a coerência. A intuição é um processo espontâneo. Enquanto a imaginação é o uso

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Jennifer Brito, Jessica Brito e Laura Silva 16ºCLE

consciente e deliberado da nossa mente. Ambas são capacidades naturais do ser humano e
a interacção existente entre elas é responsável pelo processo de descoberta.
Toda a descoberta é feita, para Polanyi, através de dois movimentos, um deliberado
e outro espontâneo. “O movimento espontâneo sendo evocado em nós pela acção de
nosso esforço deliberado. O deliberado é o ato focal da imaginação, enquanto a resposta
espontânea a ele, que faz a descoberta, pertence à mesma classe de coordenação
espontânea de músculos” que respondem a um estímulo ou a uma ordem. Assim, Polanyi
vê a descoberta científica como sendo outra instância de interacção entre o focal e
subsidiário, entre o tácito e o explícito. Em que a intuição fornece indícios auxiliares para
que a imaginação possa focalizar-se num ponto a ser atingido.
A intuição diz-nos então, quando parar, ou seja, quando é que o resultado atingido
é válido. Esse resultado pode ser provisório, pois a imaginação recomeça o trabalho
iniciando um novo ciclo de problemas e descobertas. A interacção entre a intuição e a
imaginação leva a revoluções científicas. (“Ocorrem não porque os cientistas adoptem
deliberadamente um novo modelo, mas por chegar às últimas consequências que uma
teoria aceita, acreditando nelas mais concreta e literalmente do que ninguém mais”.

Notas:
- Intuição e a imaginação ajuda a resolver problemas.
-O conhecimento pessoal: sei mais do que consigo expressar/dizer e o
conhecimento pessoal nasce da experiência, imaginação e da intuição
- Diferença entre pessoal e subjetivo:
O conhecimento subjetivo apenas diz respeito à pessoa envolvida e às suas
experiências pessoais, sem que esteja presente a intenção universal. Assim, o
indivíduo tem a sua própria opinião sobre algo, sem ser influenciado pelas suas
qualidades intrínsecas, e como a intenção universal não está incluída neste tipo de

26
Jennifer Brito, Jessica Brito e Laura Silva 16ºCLE

conhecimento, não haverá qualquer verificação do facto por parte de outra pessoa
(que teria que possuir o mesmo equipamento sensorial, por exemplo).
O conhecimento pessoal, pelo contrário, pode incluir a intenção universal, e
os factos podem ser independentes do indivíduo, o que já não pode ser considerado
conhecimento subjetivo: “Na medida em que o pessoal se submete a requisitos por
ele reconhecidos como independentes de si mesmo, ele não é subjetivo nem
objetivo.”
Estes conceitos de conhecimento subjetivo ou pessoal remetem-nos para o facto
de que a ciência “é feita por um ser humano, que se compromete com uma visão da
realidade.”

 TOULMIN
 Quais os contributos do modelo argumentativo para a Epistemologia?
Stephen Toulmin desenvolveu uma teoria de argumentação que serviu como
discurso argumentativo de modo a que este seja coerente. A racionalidade de uma
argumentação depende da possibilidade de apoiar uma conclusão (declarações que servem
para apoiar as garantias) sobre um dado (facto ou prova utilizada para provar o
argumento), devido a uma lei de passagem (garantia) que estabelece uma relação entre o
facto e a conclusão.
No entanto, há a existência de possíveis refutações (contra-argumentos), razão pela
qual os argumentos, começam muitas vezes por qualificadores modais, tais como,
“presumivelmente”, “provavelmente”, ou dependendo da sua força, pode o argumento ser
antecedido do advérbio “necessariamente”.

 Articule a teoria da mudança conceptual e da evolução na Teoria de


Toulmin.

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Jennifer Brito, Jessica Brito e Laura Silva 16ºCLE

Segundo Stephen Toulmin todo o conhecimento é desenvolvido a partir do modelo


de Descartes que defende que o conhecimento é criado de uma forma gradual e não de
acordo com as ideias absolutistas e revolucionistas, ou seja, não deve ser baseado em
princípios fixos e imutáveis mas sim na interação entre o homem, os seus conceitos e o
mundo em que vive.
O autor também utiliza as ideias de Darwin de modo a comparar a evolução de
espécies evolução conceitual, garantindo assim a correlação, clarificação e o seguimento
entre as disciplinas e avaliando aquelas que mudaram e as que foram esquecidas.
De acordo com Toulmin, "as novidades intelectuais que aparecem constantemente
são comparadas às variações das espécies, pois, nem todas, mas apenas algumas delas, são
transmitidas às gerações seguintes através de um processo seletivo"
O modelo evolucionista de Toulmin defende que existe uma espécie de mecanismo
evolutivo que define quais são os conceitos aprovados pela sociedade e que se
demonstram vantajosas o que gera uma mudança conceitual e um progresso da ciência e
altera a população de conceitos tendo em conta questões intelectuais, sociais, económicas
e culturais existentes em cada época e local e atuam como filtros do desenvolvimento.
O indutivismo tem um papel muito importante nesta teoria pois os conceitos só
evoluem se ambição para os explicarem também o fizer, sendo que existe uma enorme
diferença entre os problemas teóricos dentro de uma disciplina e os conceitos já definidos.
Os problemas surgem quando não temos a capacidade de explicar as ideias. O ultrapasso
desses problemas levam a soluções que consequentemente representam mudanças
conceituais e á inovação destas.

Palavras Chave de Toulmin: Modelo argumentativo9

9
Modelo argumentativo: Processo que suporta a mudança conceptual.
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Jennifer Brito, Jessica Brito e Laura Silva 16ºCLE

 AFAF MELEIS
 Qual a importância da avaliação das teorias de Meleis (Modelo da
Avaliação)?
A avaliação de teorias é um componente essencial para a prática da Enfermagem e
para o desenvolvimento do conhecimento e está sustentada em várias razões e
argumentos citados por Meleis.
Para Meleis, a avaliação é importante para a decisão da teoria mais apropriada para
uma pesquisa, ensino, administração ou consultoria de enfermagem. Esta avaliação
permite identificar teorias que possibilitem a pesquisa de aspetos práticos ou que
constituam o fio condutor para projetos de pesquisa, comparações ou explicações de
determinados fenómenos, com vista a aumentar o potencial de desenvolvimento das
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Jennifer Brito, Jessica Brito e Laura Silva 16ºCLE

teorias, resolver problemas relacionados com a prática da Enfermagem, bem como


estabelecimento de prioridades relacionadas com o ensino ou administração de
Enfermagem.
Para garantirmos a validade e o rigor científico utilizamos o Modelo de Avaliação de
Teorias, que traz consigo critérios subjetivos e objetivos, que contribuem para a avaliação e
evolução das teorias de Enfermagem e, por consequência, que os critérios utilizados
também sejam aperfeiçoados.
Para Meleis, o Modelo de Avaliação apresenta critérios flexíveis que podem ser
utilizados para outros fins, tais como para a caracterização de uma proposta de cuidado de
Enfermagem.
Este modelo é composto por cinco etapas: a descrição, a análise, a crítica, o teste e
o suporte, cuja aplicação não precisa ser por esta ordem.
Descrição: esta etapa obriga-nos a fazer uma primeira leitura da teoria, o que nos
permite adquirir uma visão generalizada do trabalho da autora, o seu objetivo, identificar
qual ou quais perguntas feitas e quais respostas que ela pretende encontrar.
Segundo Meleis, essas perguntas nem sempre são apresentadas de forma clara e
objetiva, porém elas são respondidas pela autora por meio de proposições, que descrevem
a relação entre eventos, situações ou ações.
As proposições são o ponto crucial, ou seja, o núcleo da teoria, a partir do qual
emergem outras questões que servirão de guia para novos estudos e pesquisas.
Análise: é a etapa em que são identificadas as partes e os componentes dos
conceitos e da teoria da Enfermagem e são examinados por meio de critério
preestabelecidos.
Crítica: Nesta etapa crítica á teoria, são observados vários critérios, como: a relação
entre a estrutura e a função, o diagrama da teoria, o círculo de influência ou de adesão, a
utilidade e os componentes externos.
Teste: Segundo Meleis, esta etapa não deve ser comparada com a avaliação, pois
isso reduziria o conhecimento teórico para um contexto de justificação e excluiria o

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Jennifer Brito, Jessica Brito e Laura Silva 16ºCLE

contexto de descoberta bem como o processo de orientação. De acordo ainda com Meleis,
a etapa teste é, uma verificação, sendo um processo sistemático no qual as proposições
teóricas são submetidas ao rigor de pesquisa em todas suas formas e aproximações.
Suporte: etapa na qual se avalia o grau de extensão e aceitação da teoria. Segundo
Meleis, avaliar o suporte de uma teoria inclui aceitação de declarações, adaptação de
problemas centrais da disciplina e reconhecimento de novos fenómenos de Enfermagem.
Ainda segundo
Meleis, a autora considera importante não apenas considerar a validação da teoria
como também os seus componentes. Refere que é importante entender a experiência
individual vivida por cada individuo que recebeu cuidados de Enfermagem baseados em
determinada teoria, bem como por aquelas que prestaram cuidados (Profissionais de
Enfermagem), por isso, depoimentos, exemplos e histórias também podem ser utilizados
para validar e fundamentar uma teoria.

 Explicite o desenvolvimento do conhecimento a partir de Meleis.


Meleis estruturou o desenvolvimento da disciplina de enfermagem e a sua ligação a
paradigmas próprios em eras o que permitiu diferenciar e estruturar as principais
alterações percecionadas em enfermagem e na atuação dos seus profissionais.
As fases de enfermagem são 5: fase prática, fase de pesquisa, fase da teoria, fase
filosófica e a fase de integração.
A fase prática caracteriza-se pela ajuda e tratamento. A fase da pesquisa é
caracterizada pela aprendizagem e ensino, pelo desenvolvimento dos conhecimentos. A
fase da teoria e caracterizada pelas questões, como o porque da enfermagem, a sua
missão, o seu objetivo. A fase filosófica é caracterizada pela reflexão sobre a natureza do
conhecimento. Por fim, a fase da integração é caracterizada pela maneira como integramos
na área da enfermagem, seja na temática da integração no trabalho, na comunicação com
o paciente, na colaboração com os colegas de profissão.

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Jennifer Brito, Jessica Brito e Laura Silva 16ºCLE

Palavras Chave de Meleis: Modelo de avaliação de teorias

 CARPER
 Apresente e descreva os padrões do conhecimento de Carper?
Os padrões fundamentais do conhecimento são a ciência da Enfermagem (modelo
empírico), a arte da Enfermagem (modelo estético), a ética em Enfermagem e, por último,
o conhecimento pessoal. Barbra Carper determinou, portanto, quatro padrões do
conhecimento para validar o seu conhecimento em Enfermagem.
Ciência da Enfermagem: Trata-se de um padrão factual descritivo, discursivamente
formulado e publicamente verificável cujo objetivo é desenvolver o conhecimento abstrato
e explicações teóricas.
Segundo Carper, os objetivos do conhecimento são alcançados através da
descrição, explicação e previsão de fenómenos que estão organizados sistematicamente
em leis e teorias. A sua validade é garantida através de testes para validação das estruturas
concetuais. A fonte do conhecimento são as teorias. Este conhecimento é de natureza
descritiva, explicativa e de previsão de fenómenos.
Arte da Enfermagem: Trata-se de um padrão subjetivo e expressivo, e a ação de
cuidar é a sua materialização. É de salientar que esta forma de conhecimento sofreu uma
desvalorização por vários motivos, de entre os quais a redução da arte à simples execução
de técnicas. Este padrão está relacionado com o “saber como” que permite trabalhar com
fenómenos não quantificáveis e que não podem ser explicados por leis e teorias.
É algo abstrato, mas ao mesmo tempo específico e único. O processo estético é
semelhante ao que Dewey, refere como a diferença entre reconhecimento e perceção.
Reconhecimento é identificar, atribuir classificações segundo estereótipos ou formas de
classificação, enquanto que perceção é recolher dados, ou seja com a perceção recolhemos
os dados e com o reconhecimento estamos a classificar esses dados segundo critérios. A
perceção é por isso o que dá estética à ação. Para que o cuidar seja considerado estético
tem que se transformar o comportamento da pessoa na necessidade expressa por esse
32
Jennifer Brito, Jessica Brito e Laura Silva 16ºCLE

comportamento. A fonte do conhecimento são as técnicas utilizadas em enfermagem. Este


conhecimento é de natureza subjetiva e expressiva.
Conhecimento Pessoal: é o conhecimento mais difícil de dominar e ensinar. É o
conhecimento de si mesmo e preocupa-se com a descoberta do eu e é muito importante
em enfermagem uma vez que a forma como o enfermeiro se vê a si próprio influencia
muito as relações terapêuticas. Este conhecimento permite a expressão do individualismo.
A fonte do conhecimento é a própria pessoa. Este conhecimento é de natureza subjetiva,
concreta e existencial.

Ética em Enfermagem: Não diz respeito só ao conhecimento do código de ética


profissional. Esta forma de conhecimento envolve o exame e a avaliação do que é certo e
errado, do que é bom, valioso e desejável nos objetivos estabelecidos.
Segundo Carper, este conhecimento surge quando há uma deliberação
consequente de um dilema moral. Assim nesta deliberação têm de ser tomadas decisões
de acordo com o que é certo ou errado, não sendo por vezes possível recorrer ao código de
ética. Assim tem de ser feita a decisão de acordo com o que é bom e desejável. A fonte do
conhecimento são os dilemas morais. Este conhecimento é de natureza subjetiva.

 Relacione o conhecimento pessoal de Polanyi e o padrão de


conhecimento pessoal de Carper.
Para Carper o padrão pessoal é aquele que permite o desenvolvimento do
conhecimento sobre si mesmo de forma a consequentemente estabelecer uma relação
genuína e de reciprocidade com o outro.
33
Jennifer Brito, Jessica Brito e Laura Silva 16ºCLE

Para Polanyi o conhecimento pessoal deve ser uma forma de conhecimento que
tem como elementos relevantes as emoções de cada indivíduo, sendo que para este somos
mais do que aquilo que conseguimos expressar. Um conceito muito importante, que
pertencia ao ponto de vista de Polanyi relativamente à sua teoria, é a “intenção universal”.
Esta diz que “qualquer um que possua o mesmo equipamento, olhando na mesma direção,
deve ver o que ele vê.”
É, segundo ambos, uma forma de ultrapassar a barreira relacionada com o
conhecimento empírico que supostamente apenas se refere a grupos, expressando o
individualismo e cada um.

 Quais são os produtos do conhecimento, segundo Carper.


Os produtos da epistemologia de enfermagem não derivam de apenas um padrão
de conhecimento, pois assim não poderiam estar completos, logo necessitam de diversas
interacções entre os vários padrões de conhecimento: ciência, arte e ética de Enfermagem,
conhecimento pessoal e padrão sociopolítico.
Conhecimento Clínico é o mais predominante na enfermagem, o conhecimento que
descreve as ações na enfermagem segundo o padrão empírico, estético e pelo
conhecimento pessoal, estas ações são por sua vez, influenciadas pelo padrão ético. O
desenvolvimento deste conhecimento requere uma multiplicidade e variedade de
contextos para a prática de enfermagem, requere também uma forte compreensão das
ciências humanas e naturais, compreensão dos significados, segundo os diferentes grupos
sociais, de esperança de vida, saúde, bem-estar e doença.
O Conhecimento Conceptual usa teorias, modelos conceptuais para descrever os
padrões de fenómenos, descreve sistematicamente e de forma organizada as dimensões da
enfermagem utilizando a investigação científica, filosófica e ética. É um conhecimento que
requer tempo para ser desenvolvido já que requere a capacidade de conceptualizar a
aplicação concreta e abstrata de um fenómeno recorrendo a capacidades analíticas,
criativas e a investigação filosófica.

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Jennifer Brito, Jessica Brito e Laura Silva 16ºCLE

O Conhecimento Empirico é a informação obtida do estudo e da descoberta,


informação que é testável e validada como relevante para a ciência e prática da
enfermagem, a prática clinica e o desenvolvimento de teorias de enfermagem guiam este
conhecimento, este requere as capacidades de pensamento abstrato, critico, capacidades
de análise, lógica e conhecimento das ciências básicas.

Ou seja:
Conhecimento Clínico (significado de saúde, bem-estar e doença nos diferentes
grupos culturais; forte compreensão das ciências naturais e humanas);
Conhecimento Conceptual (capacidades analíticas, criatividade e
investigação filosófica);
Conhecimento Empírico (aprofundamento nas capacidades analíticas, lógica,
ciências básicas, e no pensamento abstrato; pensamento crítico e de descoberta)

Palavras Chave de Carper: Padrões fundamentais do conhecimento de enfermagem

 FAWCETT
 Descreva a estrutura holárquica do conhecimento de enfermagem.
Fawcett desenvolveu e analisou a estrutura do conhecimento de enfermagem que
se dispõe do mais abstracto para o mais concreto, sendo que, em primeiro lugar está
colocado o metaparadigma, de seguida, filosofias, modelos conceituais, teorias e, por
último, os indicadores empíricos. Ou seja, o conhecimento não se encontra estrururado
hierarquiamente, mas sim num todo.

Mais abstrato Mais concreto

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Jennifer Brito, Jessica Brito e Laura Silva 16ºCLE

Metaparadigma é a visão abstrata que uma disciplina tem acerca do mundo, ou


seja, é composta por conceitos, que define o foco da disciplina. Os conceitos do
metaparadigma de enfermagem são ser humano, meio ambiente, saúde e enfermagem,
sendo estes unidades essenciais para a enfermagem.
O conceito de Pessoa refere-se aos indivíduos que são reconhecidos numa cultura,
como também na família, numa comunidade ou grupos/ agregados que participam na
enfermagem. O conceito de ambiente refere-se às circunstâncias que influenciam um
indivíduo, tais como, pessoas significativas, o local em que ocorre a enfermagem, alcança
as habitações das pessoas, o serviço de saúde, e a sociedade no geral. Este conceito fala
também da situação em que vive a pessoa, as condições impostas pela cultura, a
sociedade, politica e economia que influenciam a saúde dos seres humanos. O conceito do
metaparadigma, saúde refere-se às formas da vida e morte humanas. Por ultimo, o
conceito de enfermagem diz respeito à definição de enfermagem, ao modo como os
enfermeiros agem (individualmente ou em conjunto com a pessoa) e aos resultados de
enfermagem.
As filosofias de enfermagem procuram compreender a natureza e a existência dos
fenómenos que tornam a enfermagem numa disciplina.
O modelo conceptual procura descrever conceitos com interesse em enfermagem,
ao mesmo tempo que tenta procurar uma relação entre os mesmos para uma melhor
compreensão destes e da sua importância na disciplina. A sua função consiste em observar
e interpretar os conceitos que são identificados no metaparadigma.
Uma teoria é definida como um conjunto de conceitos e proposições , que
estabelecendo relações entre si, têm como objetivo descrever, analisar e explicar
fenómenos. As teorias não têm todas o mesmo grau de abstração e alcance. Fawcett,
(distingue dois grupos de teorias: as grand theories (grandes teorias) , que são as mais
abstratas e gerais, e as middle-range theories (teorias de médio alcance), que são as mais
concretas e específicas.

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Jennifer Brito, Jessica Brito e Laura Silva 16ºCLE

Mais abstrato Mais concreto

O indicador empírico foca-se essencialmente na prática de todos os outros


componentes. Isto é, uma condição experimental, um instrumento concreto/real que é
utilizado de forma a observar e fornecer meios que permite testar e originar teorias.

Palavras Chave de Fawcett: Estrutura Holárquica do conhecimento

 Benner
 Define os 5 estádios do modelo profissional de Benner (quais são e como
se passa de um modelo para outro?
Os 5 estadios para o desenvolvimento de um enfermeiro são:

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Jennifer Brito, Jessica Brito e Laura Silva 16ºCLE

Iniciado (ou iniciante); Iniciado avançado; Competente; Proficiente e Perito. Cada


um destes estadios apresenta características específicas que os definem.
Iniciado (ou iniciante): é uma pessoa sem experiência numa determinada
área, e, para o iniciante ganhar experiência, precisa de conhecer novas situações
clínicas. Por ter pouca ou nenhuma competência, o novato age conforme o que lhe
é pedido. “O centro da dificuldade reside no seguinte facto: visto as iniciadas não
terem nenhuma experiência da situação à qual vão fazer frente, têm que lhes ser
dadas regras para as guiar nos seus actos.” (Benner, 2001:p.49)
Iniciado avançado: “quem demonstra uma performance aceitável, quem já
experienciou situações reais suficientes para notar os componentes situacionais
significativos recorrentes que são aspetos denominados da situação” (Sunkes:p.6).
Esta pessoa constrói princípios pela sua experiência e, através desta, guia as suas
ações. As enfermeiras iniciadas “Necessitam de ajuda, por exemplo, em matéria de
prioridades, porque vão agindo em função dos critérios gerais e começam agora a
conhecer situações repetitivas características no quadro da prática diária.” (Benner,
2001:p.52)
Competente: a enfermeira competente faz planos baseados, apenas, nos
aspetos relevantes da situação, e, segundo Benner, o planeamento é o que
caracteriza este nível de experiência. Projeta planos a longo prazo.
Proficiente: este tipo de enfermeiro vê a situação como um todo. Este,
através de acontecimentos passados semelhantes, sabe o que esperar de certas
experiências e como os planos precisam de ser mudados face aos acontecimentos
(Sunkes).
Perito: este enfermeiro tem um profundo conhecimento face às situações e
uma intuição perspicaz, sendo esta utilizada para determinar o que deve fazer
podendo o enfermeiro supor. Em situações novas ou suposições erradas, este terá
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Jennifer Brito, Jessica Brito e Laura Silva 16ºCLE

de recorrer a métodos analíticos para saber como deve ou não agir perante as
mesmas. (Sunkes:p.7)
A passagem feita entre os 3 primeiros estadios é feita com a ajuda de um
orientador/enfermeiro guia, que ajuda o enfermeiro a ultrapassar os estadios desde
iniciado a competente, uma vez que este lhe dá explicações de como funciona
determinado serviço e como este se organiza, orientando também o enfermeiro nas
suas práticas de enfermagem.
A passagem feita desde competente a perito é feita através da reflexão e do
pensamento sobre o conhecimento e da sua auto-formação quando reconhece que
algo correu mal/menos bem e procura a origem desse problema e como o corrigir.
 Como transformam este modelo numa afirmação epistemológica?
Apesar de Benner ser uma teórica de Enfermagem, a sua teoria aplica-se
também na Epistemologia uma vez que ela precisou de se basear nas teorias
epistemológicas existentes, apesar de ter a experiência e a racionalização sobre a
experiência. Benner é, sobretudo, racionalista. No entando, e por valorizar a
experiência, é vista também como uma intelectualista.

Nota: A aliança entre o conhecimento e a experiência tomada de decisão em


enfermagem.
Palavras Chave de Benner: Modelo Profissional de Benner

Estrutura do Teste
O teste encontra-se estruturado em 4 partes:
1º Questões de escolha múltipla
2º Resposta Curta
3º Comentar excertos

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Jennifer Brito, Jessica Brito e Laura Silva 16ºCLE

4º Questões de Desenvolvimento

Literacia científica
O que é?
A literacia científica é a capacidade de perguntar, descobrir ou responder a aspetos do dia-
a - dia; ser capaz de descrever, explicar e prever fenómenos naturais; interpretar artigos
científicos publicados discutindo a validade das conclusões apresentadas, identificar
questões científicas subjacentes a decisões nacionais e locais, assumir posições
fundamentadas em princípios científicos ou tecnológicos, avaliar a quantidade de
informação científica com base nas fontes utilizadas e nas metodologias seguidas e, por
fim, propor, avaliar e aplicar argumentos fundados em factos.

Compreender os
conceitos básicos
da ciência

Discutir as
Interpretar artigos questões
científicos Literacia Científica associadas ao
social

Avaliar a qualidade
científica dos
argumentos

• A literacia científica serve para tomar decisões.


• É um conceito multidimensional.
• Literacia não é só conhecimento.
• Interpretar é compreender e ser capaz de dizer por palavras suas.

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Jennifer Brito, Jessica Brito e Laura Silva 16ºCLE

• Aprender é apreender conhecimento e está associado a uma experiência e à


mudança. Se não mudarmos, não conseguimos aprender.

Formas de Aprender:
 Formal – há uma instituição de ensino que confere as suas habilitações (com um
diploma) – habilidades académicas.
 Informal – acontece quando a pessoa não tem intenção de aprender ( ex: ir à pesca
com o tio e o seu tio ensinar-lhe coisas de economia).
Não formal – a pessoa aprende sem fazer uma circunstância formal (ex:
autodidatas10 , os enfermeiros quando mudam de turno).
Razões para o baixo nível de Literacia em Portugal?
 Falta de incentivo para estudar;
 Só depois de 1974, é que o povo percebeu a importância do estudo;
 Só depois de 1974 é que houve a democratização do estudo11;
 No Estado Novo, não havia educação obrigatória.

Hermenêutica – ramo da filosofia que refere ao estudo da interpretação de textos


escritos, especialmente nas áreas de literatura.

Promoção da Literacia Científica


 A literacia científica pode ser estimulada através do incentivo à
autoaprendizagem, em que há uma procura e desejo de aprender.
 Redes não formais, ex: museus, centros de ciência.
 As práticas convencionais do ensino da ciÊncia revelam pouca flexibilidade e escassos
resultados.

10
Autodidata é a pessoa que tem a capacidade de aprender algo sem ter um professor ou mestre lhe
ensinando ou ministrando aulas.

11
Democratização do estudo: passou a ser possível a todos frequentar o ensino.
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Jennifer Brito, Jessica Brito e Laura Silva 16ºCLE

 Mudanças aprender
 Na vertente curricular (adaptação dos programas e conteúdos a lecionar, deixando
tempo e espaço para o aluno aprender)
 Na vertente da avaliação (criação e diversificação metodologica do ensino e
avaliação)
 Papel: do professor e do estudante. O aluno pode aprender sem se centrar apenas
no seu processo cognitivo, mas também nas suas necessidades morais, estéticas,
emocionais e espirituais. O professor deve ajudar o aluno neste processo e
adaptar a sua forma de ensino a cada estudante/grupo de estudantes.
 Vertente de recursos (disponibilização de recursos que possam facilitar a
aprendizagem, como material laboratorial, informático, audiovisual e bibliográfico).

Quais as vantagens/características de ter mais desenvolvimento da literacia?


O desenvolvimento da literacia científica é vantajoso no sentido em que permite
uma boa preparação dos jovens, pelas competências de pensamento de nível elevado
que adquirem, ao considerarem as aplicações da ciência e da tecnologia e as suas
interações com a sociedade e ao terem em atenção a necessidade de manifestar atitudes
e competências que promovam a aprendizagem ao longo da vida. Assim, a literacia

42
Jennifer Brito, Jessica Brito e Laura Silva 16ºCLE

científica torna-se importante ao possibilitar a adaptação dos jovens a um mundo em


constante mudança e cada vez mais exigente.

Investigação
1. O que é?
Método de aquisição de conhecimento que pretende encontrar respostas para questões
precisas.
2. Para que serve?
Permite adquirir novos conhecimentos, elaborar teorias ou verificá-las.
3. Como é?
Distingue-se de outros tipos de aquisição de conhecimentos pelo seu caráter sistemático
rigoroso

Investigação científica é um processo sistemático de colheita de dados observáveis e


verificáveis no mundo empírico, isto é, no mundo acessível aos nossos sentidos com vista a
descrever, explicar, predizer e controlar fenómenos.

Articular com a definição de teoria

Importância da investigação em enfermagem


o Contributos que fornece para o reconhecimento e valorização da enfermagem, para
uma prestação de cuidados fundamentada.
o Enfermagem só pode evoluir se houver investigação feita por enfermeiros sobre os
cuidados de enfermagem prestados.
Ou seja:
Uma profissão consciente dos seus deveres deve colocar questões que mereçam, suscitar
pesquisa, estar disposta a permitir investigações referentes à sua atividade e fazer passar à
prática o objetivo das suas pesquisas.

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Jennifer Brito, Jessica Brito e Laura Silva 16ºCLE

A investigação em enfermagem serve:


1. Descrever as características de uma situação especial de enfermagem, acerca da
qual pouco se conhece.
2. Explicar os fenónemos a ter em conta no planeamento dos cuidados de saúde.
3. Prever os prováveis resultados de determinados decisões de enfermagem, tomadas
em relação ao atendimento do utente.
4. Iniciar com bom grau de confiança as atividades que irão levar à obtenção de um
comportamento desejado.
REPE – criado em 1996
Ordem dos enfermeiros – 1998

Em que medida a ciência, tecnologia e sociedade se encontram?


Os domínios Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) relacionam-se na medida em
que promovem a literacia científica e garantem ao indivíduo compreender as vantagens,
limitações e ligação entre ciência, matemática e tecnologia, compreender conceitos chave
e princípios científicos, reconhecer a diversidade e unidade do mundo natural e, por fim,
utilizar os conhecimentos e processos científicos na abordagem de questões individuais e
sociais.

Quais são os riscos das pessoas se desinteressarem pela a ciência?


Não há disseminação do conhecimento.

A literacia é importante pois permite ao indivíduo:


 Compreender que a ciência, matemática e a tecnologia são interdependentes
 Compreender conceitos chave e científicos
 Reconhecer a diversidade e unidade do mundo natural;

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Jennifer Brito, Jessica Brito e Laura Silva 16ºCLE

Utilizar conhecimentos e processos científicos na abordagem de questões individuais e


sociais.

Por palavras suas, diga genericamente o que é que uma pessoa literata em ciências deve ter.
- Saber a diferença entre ciências e tecnologias
- Compreender os conceitos e princípios científicos
- A pessoa deve compreender que este processo não se restringe à vida escolar mas a todo
o desenvolvimento
- Compreende a ciência como um conjunto diversificado de competências, atitudes e valores
e as suas implicações na vida pessoal e na sociedade.
Comenta a escassa adesão às ciências. Como aumentar esta adesão? Como incentivar?

Não há muita adesão às ciências pois para isso é necessário encaminhar o indivíduo na
direção da curiosidade, do questionar-se, do interpretar, avaliar, discutir, etc. Mas as
escolas não estão preparadas para desenvolver nos alunos estes padrões.

Para aumentar a adesão às ciências:

 A escola deve:
o Divulgar e aplicar práticas adequadas ao acesso à literacia científica
o Gerir o tempo, recursos físicos e humanos e espaço

 Deve-se promover o conhecimento sobre as ciências de uma maneira mais


atractiva, interessante e de maneira a chegar a um público de todas as idades.
o A esta dimensão ligaram-se redes de ensino não formal:
 Certos canais de televisão;
 Museus
 Centros de ciência

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Jennifer Brito, Jessica Brito e Laura Silva 16ºCLE

Um Discurso sobres as ciências


O Paradigma Dominante: Composto a partir da revolução científica, século XVI, e
desenvolvido nos séculos seguintes no domínio das ciências naturais. Só no século XIX é
consolidado, abrangendo as ciências sociais emergentes.
Distingue e defende duas maneiras de conhecimento não científico:

Senso
Estudos
comum
humanísticos

Modelo totalitário:
Considera que a única forma para atingir o conhecimento verdadeiro é aplicar os seus
princípios epistemológicos e as suas regras metodológicas.
Uso da matemática para obter uma observação e experimentação que levasse a um
conhecimento mais profundo e rigoroso acerca da natureza.
1 – Quantificar para obter conhecimento, aferido pelas medições;
2 – Reduzir a complexidade do mundo, por meio da divisão e classificação sistemática.
A partir do século XVIII, os conhecimentos precursores foram aprofundados, o que criou
condições para o surgimento das ciências sociais do séc. XIX.

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Jennifer Brito, Jessica Brito e Laura Silva 16ºCLE

A crise do Paradigma Dominante


Resultado interativo de uma pluralidade de condições sociais e teóricas
- A identificação dos limites, das insuficiências estruturais do paradigma científico
moderno é o resultado do grande avanço que ele propiciou.
- O aprofundamento do conhecimento permitiu ver a fragilidade dos pilares em que se
afunda.

4 condições teóricas estimularam essa crise:


1 – A teoria da relatividade de Einstein;
2 – A mecânica quântica de Heinsberg e Bohr;
3 – A incompletude da matemática demonstrada por Gödel;
4 – A ordem a partir da desordem de Ilya Prigogine.

O Paradigma Emergente
O autor propõe um modelo emergente, o qual denomina “paradigma de um
conhecimento prudente para uma vida decente”. Este modelo estrutura-se num
paradigma científico de conhecimento prudente e num paradigma social de uma vida
decente.
Para justificar o seu modelo, Boaventura utiliza-se de quatro princípios sobre o
conhecimento:
1- Todo conhecimento científico-natural é científico-social;
2 – Todo conhecimento é local e total;
3 – Todo conhecimento é autoconhecimento;
4 – Todo conhecimento científico visa constituir-se em senso comum.

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Jennifer Brito, Jessica Brito e Laura Silva 16ºCLE

1 - Todo o conhecimento científico-natural é científico-social


No paradigma dominante, o conhecimento é obtido através da observação e
experimentação, levando a um conhecimento mais profundo e rigoroso a cerca da
natureza.
A epistemologia e metodologia das ciências está a sofrer grandes alterações, de onde
provem a aproximação das ciências naturais às ciências sociais.
Como refere Boaventura, “em vez de serem os fenómenos sociais a ser estudados como
se fossem fenómenos naturais, serem os fenómenos naturais estudados como se fossem
fenómenos sociais”.

2 - Todo o conhecimento é local e total


Na ciência moderna o conhecimento avança pela especialização.
A excessiva especialização do saber científico principalmente no domínio das ciências
aplicadas, acarreta efeitos negativos, porque aborda os objetos, não como fenómenos
totais, mas como partículas rigidamente determinadas.
O paradigma emergente procura uma conciliação entre as ciências sociais de forma a
criar totalidades universais, ou seja, procura a convergência dos vários conhecimentos em
direção a um centro.

3 – Todo o conhecimento é autoconhecimento


Relativamente ao paradigma anterior, o sujeito que investiga não se confundiria
com o objeto que estaria por ser estudado.
Toda a subjetividade do homem, juntamente com os seus valores morais ou
éticos, que pudessem interferir nos estudos, eram afastados.
Atualmente, o sujeito e o objeto estão intimamente relacionados. O objeto passa a
ser, portanto, uma própria extensão do sujeito.

4- Todo o conhecimento científico visa constituir-se em senso comum

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Jennifer Brito, Jessica Brito e Laura Silva 16ºCLE

A ciência moderna construiu-se contra o senso comum que considerou superficial,


ilusório e falso. A ciência pós-moderna procura reabilitar o senso comum por reconhecer
nesta forma de conhecimento algumas virtualidades para enriquecer a nossa relação com
o mundo.
É certo que o conhecimento do senso comum:
– Tende a ser um conhecimento mistificado e mistificador;
– É prático e pragmático;
– É transparente e evidente;
– É superficial porque desdenha das estruturas que estão para além da consciência;
– É indisciplinar e imetódico;
– É retórico e metafísico; não ensina, persuade.

Identifique três características do paradigma dominante.


- Distingue e defende duas maneiras de conhecimento não científico:
- Senso Comum
- Estudos Humanísticos
- Considera que a única forma para atingir o conhecimento verdadeiro é aplicar os seus
princípios epistemológicos e as suas regras metodológicas.
- Uso da matemática para obter uma observação e experimentação que levasse a um
conhecimento mais profundo e rigoroso acerca da natureza.

Em que paradigma se encontra a epistemologia atual?


O autor propõe um modelo emergente, o qual denomina “paradigma de um
conhecimento prudente para uma vida decente”. Este modelo estrutura-se num
paradigma científico de conhecimento prudente e num paradigma social de uma vida
decente.

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