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1 Investigação Científica

O objeto de estudo da psicologia é o comportamento humano, para estudá-lo é necessário


fazer investigação cientifica. O método cientifico consiste em utilizar metodologias validadas
cientificamente de maneira a termo acesso a mais conhecimento sobre o homem.

A investigação cientifica é um método de aquisição de conhecimentos que permite encontrar


respostas para questões precisas. Ela consiste em descrever, explicar, predizer em vários
factos, acontecimentos ou fenómenos.

1.1 O que é a investigação cientifica?


É um método de aquisição de conhecimento que permite encontrar respostas para questões
precisas. Consiste em descrever, explicar, predizer e verificar factos acontecimentos ou
fenómenos. Distingue-se de outros tipos de aquisição e conhecimentos devido ao seu caracter
sistemático e rigoroso.

Kerlinger definiu investigação científica como um método sistemático controlado, empírico e


crítico que serve para confirmar hipóteses entre as relações presumidas entre os fenómenos
naturais. A investigação pressupõe neste caso a predição e o controlo dos fenómenos que são
objetos da experimentação, assim como a verificação das hipóteses. Para Kerlinger a
investigação científica parece assentar essencialmente na verificação de hipóteses. Esta
definição coloca alguns problemas para as disciplinas que têm uma função clinica social e nas
quais a descrição dos fenómenos constituiu um aspeto importante de desenvolvimento dos
conhecimentos.

Seaman definiu investigação cientifica como um processo sistemático de colheita de dados


observáveis e verificáveis no mundo empírico, isto é, no mundo acessível aos nossos sentidos,
com vista a descrever, explicar, predizer e controlar fenómenos. Esta definição tem a
vantagem de considerar diversos níveis ou funções de investigação relacionados com os
conhecimentos de que se dispõe sobre um determinado assunto.

 Descrição – determina a natureza e as características dos fenómenos e por vezes


sugere certos tipos de relações possíveis entre os fenómenos.
 Explicação – dá conta das relações entre os fenómenos e clarifica a sua razão de ser.
 Predição e controlo – Servem para avaliar a probabilidade de que um determinado
resultado se produza numa dada situação apos a introdução de um elemento exterior.

Então, a definição de Seaman tem o mérito de admitir diversas maneiras de apreender os


fenómenos, isto é, permite tanto descreve-los como explicá-los, ou ainda de os predizer ou de
os controlar.

Existem também algumas definições de investigação que são mais gerais e aplicam-se a
diferentes abordagens. Burns e Grove definem a investigação científica como um processo
sistemático, visando validar conhecimentos já adquiridos e produzindo novos que, de forma
direta ou indireta influenciarão a pratica. Engloba não somente as investigações estritamente
objetivas, mas também as que se apoiam em métodos subjetivos sendo ao mesmo tempo
rigorosas e sistemáticas.

O rigor indissociável da investigação científica, permite assegurar que a representação que é


dada da realidade seja fiel aos factos ou aos fenómenos.

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O método fornece à investigação o seu carácter sistemático – este define-se como um
conjunto de processos racionais tendentes a um fim determinado.

Todas as definições de investigação anteriormente mencionadas implicam que a aquisição de


novos conhecimentos esteja subordinada ao estabelecimento ou à verificação de teorias. A
investigação é necessária a qualquer disciplina para produzir conhecimentos que, direta ou
indiretamente, terão incidências sobre a prática.

1.3 Os elementos que sustentam a investigação científica


A investigação realizada nas diversas disciplinas implica um conjunto de elementos que
sustentam o seu processo e que asseguram a ligação entre a conceptualização, os métodos,
sobre os quais se apoia a investigação, e a aplicação de medidas concretas na pratica. A
investigação não está, portanto, separada das outras atividades intelectuais: ela tom em conta
elementos que contribuem para torna-la aplicável no mundo empírico. Assim a investigação
esta relacionada com a filosofia, o conhecimento, as operações do pensamento, a ciência, a
teoria e a pratica

 Filosofia – a filosofia fornece uma explicação global do mundo, que se exprime


através das crenças e dos valores relativos à natureza do ser humano e à sua
realidade. A filosofia constitui o elemento mais abstrato do modelo apresentado, mas
supõe um contacto com o elemento mais concreto, que é a prática. A filosofia remete
para os valores e as crenças veiculados pelos membros de uma disciplina. As
diferentes formas de conceber a realidade resultam da maneira como os indivíduos
encaram os conceitos-chave de uma disciplina e os organizam num todo coerente. A
busca de uma explicação do mundo empírico resulta da filosofia. A filosofia utiliza a
intuição. O raciocínio, a introspeção para determinar a finalidade da via humana, a
natureza do ser, a realidade e os limites do conhecimento.
Em qualquer disciplina, o processo de raciocínio enraíza-se na filosofia, nas teorias e
nas generalizações empíricas que o definem. (A filosofia diz respeito aos postulados,
às crenças e às perspetivas que orientam a investigação e a prática)
 Conhecimento – o conhecimento é uma noção que implica diversidade e
multiplicidade e dá lugar a diferenças e a semelhanças nos diversos tipos de saberes.
A investigação cientifica, que nos dá a conhecer certos factos, é um processo
metódico de aquisição dos conhecimentos, de que decorre o que se domina por
conhecimento cientifico. Outros conhecimentos provenientes de diferentes fontes
contribuem, a diversos níveis, para aumentar o saber teórico e empírico. Assim, os
conhecimentos transmitidos de uma cultura para outra ou de uma disciplina para
outra podem ser ou não fundados sobre bases científicas.
 As fontes de aquisição de conhecimentos – na maior parte das disciplinas, o
conhecimento foi adquirido no decurso da história a partir de fontes tais como a
tradição, a autoridade, a experiencia pessoal e as tentativas. A intuição e o raciocino
logico são também considerados como fontes de aquisição de conhecimentos.
 A tradição – as tradições são praticas baseadas no costume e são transmitidas pela
palavra e pela escrita. Os conhecimentos decorrentes da tradição não têm
necessidade de ser adquiridos de novo em cada geração e representam muitas vezes
formas insubstituíveis de saber.

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 A autoridade – a autoridade é uma outra fonte de aquisição de conhecimentos. Ela é,
de alguma forma, um canal de transmissão da tradição.
 Tentativa erro – as tentativas e erros podem ser considerados como uma forma de
aprender quando não se dispõe de outra fonte de conhecimento. O conhecimento
que daqui resulta é empírico e, por consequência, transmite-se dificilmente a outros.
A aprendizagem por tentativa e erro não é nem sistemática nem infalível. O facto de
multiplicar as operações, com vista a chegar a uma boa resposta ou determinar o tipo
de ação que convém executar não constitui em si um meio eficaz de adquirir
conhecimentos. Além disso, esta estratégia de aprendizagem pode revelar-se
dispendiosa e mesmo de risco nos casos em que é necessário intervir rapidamente.
 A experiência pessoal – a experiência pessoal pode constituir uma fonte apreciável de
conhecimentos no exercício de uma profissão, em particular em situações onde +e
preciso intervir junto de outras pessoas.

Entre todos os modos de aquisição de conhecimento anteriormente referidos, a investigação


cientifica aparece como a mais rigorosa e aceitável, pelo facto de que assenta num processo
racional. Este recorre tanto à indução como à dedução, assim como a outros elementos para
criar um modo de aquisição dos conhecimentos que, se bem falível, é geralmente mais válido
que a tradição, a autoridade, a tentativa erro, a experiencia ou o raciocino lógico. A
investigação distingue-se também dos outros modos de aquisição de conhecimentos pelo seu
carácter empírico, isto é, porque se apoia na observação dos fenómenos, os quais foram
colados à prova para lhe apreciar a realidade.

As operações do pensamento

Constituem com os outros elementos do conhecimento o pivô da investigação cientifica. As


duas formas de pensamento solicitadas na investigação são o pensamento concreto e o
pensamento abstrato.

 O pensamento concerto incide sobre as coisas percetíveis para os sentidos ou


acontecimentos observáveis. Diz respeito aos acontecimentos imediatos. No processo
de investigação, o pensamento concreto desempenha um papel essencial na
planificação e na realização das diferentes etapas de colheita e análise dos dados.
 O pensamento abstrato é solicitado e tudo o que se relaciona com a formulação de
uma ideia, mas que não resulta numa aplicação direta a um caso particular. Esta forma
de pensamento é independente e não é limitada no tempo. No contexto do processo
de investigação, o pensamento abstrato é essencial ao desenvolvimento da teoria e da
investigação. Ele é posto em ação na definição do problema de investigação mo
estabelecimento do desenho de investigação e na interpretação dos resultados

Segundo Burns e Grove a investigação exige aptidões para o pensamento abstrato assim
como para o pensamento concreto.

Cada elemento do conhecimento, numa dada disciplina, apela a operações de pensamento.


Procedendo do pensamento abstrato, as teorias são verificadas pela investigação e integradas
num campo de conhecimentos científicos. O pensamento abstrato preside à elaboração das
teorias. Esse pensamento permite à ciência e à teoria unirem-se para formar um conjunto de
conhecimentos suscetíveis de aplicações práticas. A intuição e o raciocínio são também
operações do pensamento.

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 Intuição – trata-se de um conhecimento que, difere da reflexão, da analise e do
raciocínio, permitindo adquirir uma certeza sem o recurso ao raciocínio. Ela é de facto
uma forma de inteligência que percebe de imediato a diversidade e a complexidade d
real e o organiza num todo coerente.
 Raciocínio – raciocinar é desenvolver e organizar as suas ideias tendo em vista chegar
a conclusões. É a partir do que se conhece para chegar a outras descobertas. É pelo
raciocínio que os indivíduos conseguem dar um significado aos seus pensamentos e às
suas experiências.
O raciocínio é utilizado na elaboração de teorias e no desenvolvimento da
investigação. O raciocínio lógico é também um método de aquisição de
conhecimentos que coloca em contribuição ao mesmo tempo a experiencia, as
faculdades intelectuais e os processos de pensamento.
Os dois principais modos de raciocínio lógico são o a) – raciocínio indutivo e b) –
raciocínio dedutivo.
a) Raciocínio indutivo conduz a passar de observações e de factos singulares a
proposições gerais. Consiste em ir do particular para o geral.
b) Raciocínio dedutivo consiste em aplicar princípios gerais e postulados a
situações particulares. O raciocínio dedutivo intervém na elaboração das
hipóteses que serão verificadas pela investigação. Consiste em ir do geral
para o particular.

Estes dois modos de raciocínio são essenciais para compreender e classificar os fenómenos e
contribuem para a aquisição dos conhecimentos. Contudo, nem um nem outro dos modos é
infalível e não pode ser utilizado, como si só, como fonte de conhecimento científico.

A ciência

A investigação é um instrumento da ciência e as teorias são a linguagem da ciência. A ciência é


um conjunto de conhecimentos baseados em observações sistemáticas e rigorosas. Ela implica
o emprego conjugado, metódico do pensamento racional e da observação empírica. A ciência
é constituída conjuntamente pelos resultados da investigação e por um certo número de
teorias verificadas. A ciência pode ser ao mesmo tempo um resultado, digamos uma
descoberta e um processo no decurso do qual diferentes conceções são examinadas. A ciência
define-se como um corpo de conhecimentos teóricos onde se encontram definidas as relações
entre os factos, os princípios, as leis e as teorias: ela comporta a possibilidade de implementar
um método de investigação apto para verificar a teoria. O cientista observa, concebe
definições operacionais, verifica hipóteses e conduz investigações, tendo em vista determinar
a regularidade dos fenómenos de maneira a chegar a um grau suficiente de certeza para poder
enunciar leis.

É graças ao desenvolvimento dos conhecimentos, provenientes da investigação que a ciência


progride constantemente. Os filósofos e os cientistas têm como objetivo comum desenvolver
os conhecimentos. Contudo, diferem na maneira de aprender a realidade. Assim, no domínio
da investigação, as questões que são colocadas não são as mesmas.

Concluímos então que a ciência é um corpo de conhecimentos teóricos em que se encontram


definidas relações entre os factos, os princípios, as leis e as teorias.

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A teoria

Uma teoria é um conjunto coerente de proposições e de definições, visando descrever,


explicar ou predizer fenómenos. Constituída por um conjunto de conceitos associados uns aos
outros, a teoria apresenta uma visão de um fenómeno. Cada teoria aplica-se a um fenómeno
concreto, ela define-o e explica-o.

As teorias representam uma forma de organizar, de integrar ou de isolar conceitos abstratos,


reportando-se à maneira como os fenómenos se ligam uns aos outros. Elas correspondem a
um modo sistemático de observação, que visa unificar num todo coerente os factos
observados, aos quais, se fossem considerados separadamente, teriam pouco significado. As
teorias podem ter como ponto de partida uma ideia, e a investigação tem por função verificá-
las. Elas podem também fundar-se sobre os resultados da investigação e as operações do
pensamento; neste caso, elas fornecem uma visão coerente dos fenómenos.

As teorias permitem explicar os resultados de investigação e demonstrar a sua utilidade na


prática. As teorias podem ser descritivas, explicativas ou preditivas e são subordinadas à
investigação pelo facto de que esta serve para verifica-las. Elas orientam a investigação e
permitem a formulação de hipóteses; em contrapartida, a investigação permite desenvolver a
teoria e verificá-la.

Concluímos então que uma teoria é um conjunto coerente de conceitos, de proposições e de


definições, visando descrever, explicar ou predizer fenómenos.

A prática profissional

A prática profissional pertence ao mundo empírico. A relação de dependência entre a


investigação, a teoria e aprática explica-se pelo facto de que a investigação reúne a disciplina
como um campo de conhecimentos, a teoria como campo de organização dos conhecimentos
e a pratica profissional como campo de intervenção e de investigação. A investigação intervém
para verificar a teoria ou para desenvolve-la, e esta união entre a teoria e a investigação
fornece uma base à pratica profissional. A aprendizagem da investigação deve ser ligada à
prática profissional.

Concluímos então que a investigação reúne a disciplina como campo de conhecimentos, a


teoria como campo de organização dos conhecimentos e pratica profissional como campo de
intervenção.

Em conclusão

É importante relembrar que a investigação é o método por excelência, que permite adquirir
conhecimentos e, por este facto, ela depende da teoria, visto que esta dá significado aos
conceitos utilizados numa determinada situação. A investigação permite elaborar teorias e
verifica-las. A investigação que visa a elaboração da teoria consiste em reconhecer a presença
de um fenómeno, em descrever as suas características e em precisar as relações que existem
entre elas. A investigação que tem por objetivo verificar a teoria procura demonstrar, com a
ajuda de hipóteses retiradas da teoria, que esta ultima possui um evidencia empírica. A relação
que existe entre a investigação e a teoria, tal como a elaboração desta última, assenta na
investigação e esta, por sua vez, assenta na teoria. A estreita dependência entre a investigação
e a teoria encontra-se também no plano do método, porque os tipos de investigação que
servem para verificar as teorias podem ser ora descritivos, ora explicativos ou preditivos.
Assim, os estudos descritivos têm como papel definir as características dos fenómenos, os

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estudos corelacionais determinam as relações entre estas características enquanto que os
estudos experimentais servem para predizer e para controlar fenómenos.

1.4 Investigação e perspetivas disciplinares


A investigação é utilizada na maior parte das disciplinas e a sua orientação varia segundo a
filosofia que a sustenta e o seu campo de aplicação. A investigação científica é sempre um
processo rigoroso de aquisição de conhecimentos.

É preciso reconhecer que existe, muitas vezes, um fosso entre o mundo da investigação e o da
pratica profissional.

É por isso que a aprendizagem da investigação deve estar ligada à pratica de maneira que o
profissional, no termo dos seus estudos, possa servir-se dos seus conhecimentos para definir
problemas particulares e ajustar consequentemente a sua ação.

Socialização profissional – atitude sobre a investigação adotada pelos membros de uma


mesma profissão.

1.5 investigação fundamental e investigação aplicada


A investigação fundamental e a investigação aplicada diferem uma da outra pela maneira
como elas encaram a aquisição e a utilização dos conhecimentos.

Investigação fundamental:

 processo cientifico que usa a descoberta e o avanço cientifico dos conhecimentos e


que não se ocupa em encontrar aplicações práticas.
 Efetua-se em contextos altamente controlados
 Trabalhos teóricos ou filosóficos realizados por investigadores nas diversas disciplinas,
tendo a finalidade de fazer progredir o conhecimento

Investigação aplicada

 Processo cientifico que visa encontrar aplicações para os conhecimentos teóricos. O


seu objeto de estudo é o estudo dos problemas.
 Tem o papel de encontrar soluções imediatas e provocar mudanças em determinadas
situações
 Inscreve-se no prolongamento da investigação fundamental
 Realizada no terreno, em meio natural

Fundamentos filosóficos e metodologias de investigação


A investigação quantitativa e a qualitativa apoiam-se em fundamentos filosóficos e em
métodos apropriados para estudar fenómenos.

Um fundamento filosófico influencia o investigador na forma de adquirir conhecimento ou de


conceber investigação.

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A este respeito predominam duas escolas de pensamento, a filosofia de orientação positivista
e a de orientação naturalista, que diferem pelos seus paradigmas (paradigma = conjunto de
crenças e de valores partilhado por um grupo ou escola de pensamento)

Um fundamento filosófico é o que serve de base ás decisões em matéria de metodologia.

As metodologias de investigação devem, portanto, adotar diferentes postulados relativamente


ao comportamento humano e à forma de encarar o conhecimento dos fenómenos.

Ao escolher uma metodologia particular de investigação o investigador adota uma visão do


mundo e um fundamento filosófico.

Paradigma de Orientação Positivista:

 realidade objetiva
 fenómenos humanos previsíveis e controláveis
 conhecimento objetivo independente do investigador (raciocínio dedutivo)
 possibilidade de descoberta de verdades (absolutas)
 ciência que tem como objetivo a compreensão do fenómeno
 raciocínio dedutivo que permite predizer e controlar fenómenos

Paradigma de orientação naturalista:

 a realidade é diferente para cada pessoa e muda com o tempo


 processo dinâmico que consiste em interagir com o meio
 o conhecimento é relativo ou contextual
 os fenómenos são únicos e não previsíveis

A metodologia de investigação pressupõe ao mesmo tempo um processo racional e um


conjunto de técnicas ou de meios que permitem realizar a investigação. A metodologia
quantitativa e a qualitativa devem estar de acordo com os diferentes fundamentos filosóficos
que sustentam uma investigação.

Metodologia quantitativa:

 decorre de forma linear, que começa pela definição do tema ate aos resultados
 o foco é a recolha de dados quantificáveis (fiáveis)
 é necessário e importante que os participantes representem a população (há um
conjunto de técnicas que devem ser utilizadas – o investigador segue um processo
racional que o leva a percorrer uma serie de etapas, ido da definição do problema de
investigação à medida dos conceitos e à obtenção dos resultados)
 apela à dedução, ás regras da logica e da medida
 é baseada na observação de factos, de acontecimentos e de fenómenos objetivos
 comporta um processo sistemático de colheita de dados observáveis e mensuráveis
 a objetividade, a predição, o controlo e a generalização são características distintivas
da metodologia quantitativa

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Metodologia qualitativa:

 serve para compreender o sentido da realidade social na qual se inscreve a ação


 faz uso do raciocínio indutivo e tem por finalidade chegar a uma compreensão
alargada dos fenómenos
 o investigador observa, descreve, interpreta e aprecia o meio e o fenómeno tais como
se apresentam, mas não os mede nem controla
 coloca a tónica no seu carater único da ação e dos fenómenos sociais
 o objetivo deste método de investigação é descritivo
 compreensão mutua do investigador e dos participantes é essencial no processo de
investigação que se apoia numa metodologia qualitativa
 visa compreender o fenómeno tal como é vivido e relatado pelos participantes

2.2 O método de investigação quantitativa


A investigação quantitativa assenta no paradigma positivista:

 a verdade é absoluta e consiste numa só realidade


 os factos existem independentemente dos contextos histórico e social
 o que existe pode ser medido
 para compreender plenamente um fenómeno é mais importante decompô-lo nos seus
elementos constituintes e identificar as relações entre eles do que considerá-lo na sua
totalidade
 o paradigma positivista é orientado para os resultados e a sua generalização

A investigação quantitativa apoia-se na crença de que os seres humanos são compostos por
partes que podem ser medidas. Assim, as características psicológicas, fisiológicas e sociais
podem ser medidas e controladas, abstraindo-se da situação em que se encontram os
participantes.

O objetivo da investigação quantitativa é estabelecer factos, pôr em evidência relações entre


variáveis por meio da verificação de hipóteses, predizer resultados de causa e efeito ou
verificar teorias ou proposições teóricas.

A concetualização do assunto de estudo numa investigação quantitativa começa com a


formulação de uma questão clara e implica uma sequencia linear de etapas bem definidas.

Um quadro teórico ou concetual é definido desde o início, de maneira a dar ao estudo uma
direção precisa.

As estratégias

O investigador define as variáveis de forma operacional, recolhe metodicamente dados


verificáveis junto dos participantes e analisa-os com a ajuda de técnicas estatísticas.

Esforça-se para eliminar todas as variáveis estranhas que sejam capazes de afetar os
resultados da sua investigação.

Os estudos quantitativos necessitam de desenhos estruturados e por vezes controlados e a sua


realização segue um plano previamente estabelecido. Os sujeitos sobre os quais se faz o
estudo são selecionados em função de critérios precisos, ou seja, devem representar a
população (determina antecipadamente o nº de pessoas que constituirá a amostra).

A confirmação de hipóteses reforça as proposições teóricas que conduziram a investigação.

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2.3 O paradigma de investigação qualitativa
A investigação qualitativa assenta no paradigma naturalista:

 os factos e os princípios são determinados pelos contextos históricos e culturais;


existem várias realidades
 o processo está na base da pesquisa
 os fenómenos são únicos e não previsíveis, e o pensamento está orientado para a
compreensão total do fenómeno em estudo
 a compressão do comportamento humano é primordial
 a descoberta é um elemento essencial do processo

O objetivo das investigações qualitativas é descobrir, explorar, descrever fenómenos e


compreender a sua essência. É considerar os diferentes aspetos do fenómeno do ponto de
vista dos participantes, de maneira a poder, interpretar este mesmo fenómeno no seu meio.

A concetualização do tema ou assunto de estudo, numa investigação qualitativa, começa


muitas vezes pela exploração de um assunto pouco conhecido ou pouco estudado do ponto de
vista da significação, da compreensão ou da interpretação.

O investigador visa compreender o ponto de vista dos participantes. Ele examina e interpreta
os dados à medida que os recolhe, depois decide o caminho a seguir, baseando-se nas suas
descobertas.

As estratégias

Numa investigação qualitativa, pode-se modificar a forma de proceder e repetir várias vezes a
amostragem, a colheita dos dados, a análise e a interpretação.

O número de participantes não é decidido previamente na investigação qualitativa. O


investigador deve assegurar.se que os dados ou resultados da investigação refletem as
experiências e os pontos de vista dos participantes e não os seus. Para verificar a validade das
suas interpretações, o investigador apresenta interpretações preliminares aos participantes e
pergunta-lhes se estas estão de acordo com as suas experiências.

3.1 A linguagem científica no processo de investigação

A investigação comporta a sua própria linguagem e utiliza vocabulário sobre o qual há


geralmente consenso na comunidade científica. Os termos observação, conceito, teoria,
definição operacional, variável, hipótese e modelo são de uso recorrente em investigação.
Estes termos têm um significado preciso no processo de investigação e o investigador deve
conhecer-lhe o significado.

3.2 - As fases do processo de investigação

Existem diversas formas de conceber o processo de investigação. Descrevemos um processo


que comporta quatro fases: Conceptual, Metodológica, Empírica e de Interpretação. Cada uma
delas engloba um certo número de etapas.

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A fase conceptual é a única que exige um voltar atrás, para delimitar com mais precisão, o
tema de estudo. A primeira etapa consiste em escolher um tema, e é no decurso da segunda e
terceira etapas que é examinado por meio dos trabalhos de investigação anteriores,
redefinido, depois inscrito num quadro conceptual ou teórico de maneira a situar o estudo em
relação aos que já foram publicados. Na quarta e quinta etapa da fase conceptual, o problema
é formulado na base dos elementos de informação que foram recolhidos.

Definições

Conceito – resume e categoriza as observações empíricas. Serve para ligar o pensamento


abstrato e a experiência sensorial. Estão na base da investigação porque, unidos entre si por
ligações lógicas, servem para formar proposições.

Construto – é elaborado pelo investigador com objetivo científico preciso e deve corresponder
a uma realidade empírica.

Definição conceptual – definição de um conceito que é tirado de um enunciado teórico.

Definição operacional – especifica as operações a fazer para colher e medir a informação,


precisa como as observações serão efetuadas e medidas. Certas variáveis são fáceis de medir
(ex. Altura, peso) e outras difíceis porque são de natureza abstrata (ex. Autoestima, solidão).

Dado – é um elemento de informação. O investigador define as variáveis de forma operacional


e colhe os dados pertinentes junto dos participantes.

Hipótese – resultado antecipado das relações entres variáveis. Estabelece uma ligação de
associação ou de causalidade entre variáveis e é objeto de uma verificação empírica.

Modelo – consiste num conjunto organizado de ideias ou conceitos relativos a um fenómeno


particular. Muitas vezes utilizado como um esquema simplificado e simbólico na elaboração de
um quadro de raciocínio que serve para descrever ou explicar uma realidade.

Observação – elemento essencial do conhecimento e está no centro do processo de


investigação. Observar é examinar com atenção acontecimentos ou situações, procurar as
causas e avançar explicações a respeito da realidade que nos cerca e está estritamente ligada à
teoria. Esta no centro da investigação cientifica e de uma maneira ou outra em cada uma das
suas etapas.

Postulado – enunciado que se admite como verdadeiro, se bem que não demonstrado
cientificamente. É uma proposição que tem valor universal.

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Proposição – enunciado que relaciona conceitos. Decorrem das teorias ou são generalizações
baseadas em enunciados formulados a partir dos escritos.

Relação – ligação que une conceitos.

Resultado – os dados brutos, uma vez analisados e interpretados, tornam-se resultados de


investigação.

Teoria – explicação cientifica das relações que unem factos, conceitos e proposições. O
investigador deduz hipóteses das teorias e prediz a ação de variáveis baseando-se em
proposições teóricas.

Variável – conceito ao qual se pode atribuir uma medida. Corresponde a uma qualidade ou a
uma característica que são atribuídas a pessoas ou acontecimentos. São ligadas aos conceitos
teóricos por meio de definições operacionais que servem para medir conceitos. Distinguem-se
em: independente, dependente, atributo e estranha.

Uma variável independente é uma variável que o investigador introduz num estudo
experimental para medir o efeito que ela produz na variável dependente. A variável
dependente sofre o efeito da variável independente e produz um resultado.

Uma variável atributo é uma característica própria do participante numa investigação (ex.
Idade, género, estado civil).

Uma variável estranha é uma variável parasita, ou seja, suscetível de influenciar


negativamente os resultados.

A fase conceptual: a documentação do tema em estudo


A fase conceptual é a fase que consiste em definir os elementos de um problema. O
investigador elabora conceitos, formula ideias e recolhe a documentação sobre um tema
preciso, com vista a chegar a uma conceção clara do problema. O processo começa com a
escolha de um tema de estudo e de uma questão apropriada, a partir da qual se orientará a
investigação. A fase conceptual reveste-se de uma grande importância porque dá à
investigação uma orientação e um objetivo.

Compreende 5 etapas:

1) a escolha do tema; 4) a formulação do problema;

2) a revisão da literatura; 5) o enunciado do objetivo, das questões


de investigação e das hipóteses.
3) a elaboração do quadro de referencia;

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A primeira etapa: a escolha do tema e da questão preliminar

O investigador deve escolher um tema relativo a um problema geral que necessita de uma
investigação sistemática. Pode ser relacionado com preocupações humanas, sociais, clínicas ou
teóricas; ele corresponde a comportamentos, observações, conceitos ou teorias.

Para delimitar o tema, o investigador procede a uma revisão inicial da literatura que lhe
permita conhecer o que foi escrito sobre o assunto e em consequência modificar a orientação
da sua investigação.

Quando o investigador escolheu o seu tema de estudo, fê-lo em função de uma determinada
população de modo que a questão, que é objeto de investigação, possa ser tratada de forma
empírica. Uma vez que circunscreveu o tema, precisa-se o que se quer conhecer a este
propósito. Para fixar a orientação e o objetivo do estudo, o investigador revê a literatura que
trata do assunto.

Segunda etapa: revisão da literatura

A segunda etapa consiste em fazer o inventario das obras ou dos artigos sobre o assunto.

A revisão inicial é um primeiro exercício de leitura que consiste me procurar nas bibliotecas os
documentos pertinentes nas bases de dados informatizados e nas obras de referência. Esta
primeira revisão deverá ajudar a delimitar com mais precisão a questão de investigação.

A revisão da literatura é essencial para conhecer o estado atual do conhecimento sobre o


assunto.

Terceira etapa: a elaboração do quadro de referência

O investigador determina o quadro de referência, isto é, as bases teóricas ou conceptuais


sobre as quais assentará a sua investigação.

É constituído por um conjunto de teorias ou de conceitos associados uns aos outros e


reagrupados em função da sua pertinência a respeito do tema de investigação. Define a
perspetiva sobre a qual será examinado o problema e insere o estudo num contexto que lhe
dará um sentido preciso.

Pode ser conceptual ou teórico. Conceptual se provém da combinação de conceitos


relacionados com a síntese dos escritos pertinentes ou com observações clínicas. Teórico se
provém de uma ou de várias teorias especificas ou ainda proposições que explicam as relações
entre os conceitos.

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Orienta o enunciado das questões da investigação ou das hipóteses e serve de base à
análise dos dados e à interpretação dos resultados. Dá uma direção à investigação e permite
ao investigador ligar, no final do seu estudo, os resultados obtidos aos adquiridos na disciplina
em que está envolvido.

Quarta etapa: a formulação do problema de investigação

Formular um problema de investigação é fazer uma síntese do conjunto dos elementos de


informação colhidos sobre o tema. É desenvolver uma ideia baseando-se numa progressão
lógica dos factos, em observações e raciocínios relativos ao estudo que se deseja empreender.
De forma metódica, enuncia o tema da investigação que se situa num contexto particular e
descreve a maneira como procederá para encontrar uma resposta à questão de investigação. A
formulação do problema consiste numa das etapas mais importantes do processo de
investigação e situa-se no centro da fase conceptual.

Quinta etapa: o enunciado do objetivo, das questões, das hipóteses e das variáveis

O objetivo – definido o objetivo, é-se conduzido a precisar os conceitos que serão estudados, a
população alvo e a informação que se deseja obter. Segundo os conhecimentos que se tem
sobre o tema, o estudo terá por objetivo descrever, explicar ou ainda predizer relações ou
determinar diferenças entre grupos.

As questões de investigação – é uma interrogação precisa, escrita no presente e que inclui o


ou os conceitos em estudo. Indica claramente a direção que se pretende tomar, quer seja
descrever conceitos ou fenómenos, como nos estudos descritivos, quer seja explorar relações
entre conceitos, como nos estudos descritivos-correlacionais.

As hipóteses – é uma predição sobre uma relação existente entre variáveis, que se verifica
empiricamente. A hipótese reporta-se à população alvo e serve para explicar e predizer os
fenómenos nos estudos correlacionais e experimentais.

As variáveis – formam as substâncias das questões de investigação e de hipóteses, devem ser


definidas ao mesmo tempo que o quadro teórico ou conceptual. Quando os conceitos são
utilizados num estudo, tomam o nome de variáveis e são-lhes atribuídos valores numéricos.

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A fase metodológica: a planificação da investigação

Compreende 4 etapas:

6) a escolha do desenho/plano de investigação;

7) a definição da população e da amostra;

8) a elaboração de métodos ou escalas de medida ou de tratamento das variáveis;

9) a escolha dos métodos de colheita e de análise dos dados.

Sexta etapa: a escolha do desenho/plano de investigação – O desenho é um plano lógico


traçado pelo investigador, tendo em vista estabelecer uma maneira de proceder suscetível de
levar à realização dos objetivos. Varia segundo o objetivo, as questões de investigação ou as
hipóteses, e o seu estabelecimento tem lugar ao mesmo tempo que a escolha do método.

Os desenhos são experimentais ou não experimentais

Desenhos experimentais Desenhos quase- Refere-se ao conjunto dos estudos


verdadeiros experimentais
descritivos e correlacionais

O desenho indica que tipo de estudo será utilizado e como serão postos em prática os
elementos do desenho. Os principais elementos do desenho são as comparações, a
intervenção (tratamento), o meio do estudo, o controlo das variáveis estranhas, a
comunicação com os participantes, os instrumentos de colheita e de análise de dados.

Sétima etapa: a definição da população e da amostra

Estando a questão do estudo documentada e associada a um desenho, o investigador está


agora em condições de definir a população junto da qual deseja obter a informação. Elabora,
então, uma lista dos critérios de seleção.

A população consiste num conjunto de indivíduos ou de objetos que possuem características


semelhantes, as quais foram definidas por critérios de inclusão. Como raramente é possível
estudar uma população por inteiro, constitui-se uma amostra, que é representativa da
população. Para reduzir o erro de amostragem, tanto se pode escolher de forma aleatória um
número suficiente de sujeitos, como apoiar-se, se for impossível constituir uma amostra
probabilística, em características conhecidas da população. A amostra é a fração da população
que constitui o objeto de estudo.

14
A população alvo refere-se à população que o investigador quer estudar e a propósito do qual
deseja fazer generalizações. A população acessível é a fração da população alvo que está ao
alcance do investigador, pode ser limitada a uma região, província, cidade, estabelecimento,
etc.

Oitava etapa: a descrição dos princípios que suportam a medida

Esta etapa consiste em determinar a maneira como os conceitos abstratos, muitas vezes
multidimensionais, serão medidos. Os conceitos são convertidos em indicadores observáveis,
os quais são expressões quantificáveis e mensuráveis dos conceitos e são muitas vezes
constituídos por instrumentos de medida.

A quantidade avaliada pode ser expressa por um valor numérico ou por um valor categorial.
Podem ser apresentadas quatro escalas de medida para avaliar variáveis: a escala nominal, a
ordinal, a de intervalos e a de proporções. A escala nominal e ordinal representam valores
discretos enquanto que as escalas de intervalo e proporções representam valores contínuos.

A fidelidade designa a qualidade de um instrumento de medida que dá, de forma constante, a


mesma indicação quando avalia um conceito ou fenómeno.

Nona etapa: a descrição dos métodos de colheita e de análise dos dados

Como a investigação se aplica a uma variedade de fenómenos, ela necessita do emprego de


diversos métodos de colheita de dados. A escolha dos métodos de colheita de dados depende
das variáveis estudadas e da sua operacionalização. Entre os principais instrumentos de
medida em uso, mencionamos a observação, a entrevista, o questionário e a escala de medida.

A fase empírica: a colheita e a análise dos dados

A fase empírica corresponde à colheita dos dados no terreno, à sua organização e à sua análise
estatística. As técnicas de análise variam segundo a natureza dos dados. Uma vez os resultados
de investigação apresentados, as etapas seguintes consistem em interpretá-los reportando-se
ao quadro teórico ou conceptual e em comunicá-los.

Esta etapa comporta duas operações: a colheita de dados e a sua análise.

Décima etapa: colheita dos dados no terreno

Os dados são os elementos de informação colhidos junto dos participantes. Existem diversos
métodos de colheita de dados. A escolha do método depende das questões de investigação ou
das hipóteses, do desenho e dos conhecimentos de que se dispõe sobre o tema estudado.

15
Precisa-se nesta etapa a maneira como se vão colher os dados, assim como as diligências a
fazer com vista à obtenção das autorizações requeridas para realizar o estudo no terreno.

Décima primeira etapa: a análise dos dados

Uma vez colhidos os dados, é preciso organizá-los tendo em conta a sua análise.

No caso de dados qualitativos, a análise consiste em reunir os dados sob a forma de uma
narrativa. Poderão ser utilizadas análises descritivas e inferenciais segundo a natureza do
estudo.

A fase de interpretação e de difusão

Na fase de interpretação, o investigador empenha-se em explicar os resultados, apoiando-se


nos trabalhos anteriores e na teoria. A interpretação tenta fazer ressaltar o significado dos
resultados.

Esta etapa distingue-se em duas sub-etapas:

1) a apresentação, a análise e a interpretação de resultados;

2) a difusão de resultados.

Décima segunda etapa: a interpretação dos resultados

O investigador apresenta os dados sob a forma de quadros e figuras acompanhados de um


resumo, logo que os tenha analisado. Os resultados são interpretados a partir das questões de
investigação ou das hipóteses. Indica-se se os resultados confirmam ou não as hipóteses que
foram formuladas. Os resultados são comparados com os de estudos anteriores que utilizaram
variáveis análogas.

Décima terceira etapa: a difusão de resultados

A difusão dos resultados de investigação é uma tarefa que os investigadores devem satisfazer
no final. Os resultados são de pouca utilidade para a disciplina e para a comunidade científica
se não forem comunicados a outros investigadores ou a eventuais utilizadores.

Os resultados podem ser divulgados de diversas formas: através de artigos científicos,


apresentações pessoas em conferências ou colóquios a nível nacional ou internacional e ainda
cartazes atraentes que resumem os pontos essenciais de uma investigação.

16
4.1 a exploração do problema de investigação

Ao tema sobre o qual incide sobre a investigação associa-se uma questão geral, depois uma
questão precisa, estreitamente ligada do problema de investigação.

Se o jovem investigador quer ser capaz de delimitar um problema preciso de o descrever ou de


o explicar, deve já possuir um conjunto de conhecimentos ou experiências.

4.2 O tema de estudo

O tema de estudo é um elemento particular de um domínio de conhecimento que interessa ao


investigador e o impulsiona a fazer uma investigação, tendo como objetivo aumentar o seu
conhecimento. Reporta-se habitualmente a uma determinada população e encerra pelo
menos um conceito.

A escolha do tema

De um modo geral, o investigador escolhe um tema de estudo relacionado com a sua disciplina
(área) ou profissão. Está frequentemente ligado a preocupações clinicas, profissionais,
comunitárias, psicológicas e sociais.

 Exemplo: uma diplomada em ciências de enfermagem pode concentrar a sua atenção


no tema de estudo que integra a saúde e a sexualidade na adolescência. Ide decidir
examinar um problema particular, como o da gravidez não desejada ou as
consequências do aborto terapêutico nas adolescentes.

As fontes

Os temas provêm de diversas fontes: contextos clínicos, observações, trabalhos publicados,


problemas sociais, conferencias sobre os resultados de investigação, das teorias e dos modelos

 Contextos clínicos – o tema de estudo pode ser inspirado por situações problemáticas
ou anomalias observadas em contextos de trabalho. A exploração empírica pode
aumentar os conhecimentos que se têm sobre questões clinicas e, por conseguinte,
estes podem ser postos em prática.
 Trabalhos publicados – os trabalhos e as publicações de investigação são fontes de
temas de estudo, visto que os problemas que eles tratam podem ser examinados sob
outro ponto de vista ou aprofundados. Do mesmo modo, as conferencias e os cartazes
podem inspirar ideias de investigação.

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 Problemas sociais – os problemas sociais tais como a violência familiar, a taxa de
tentativas de suicídio, o abandono escolar, a colocação das pessoas idosas em
instituições, etc., podem constituir temas de estudo.
 Preposições teóricas – as proposições teóricas existentes ou certos aspetos destas
podem servir como tema de estudo. Em geral, trata-se de verificar não a teoria no sei
conjunto, mas somente uma parte da mesma.
Por vezes o investigador combina ideias provindas de diferentes teorias e de
diferentes resultados de investigação de maneira a constituir um modelo, cuja
verificação devera ser objeto de investigação.
As teorias, os conceitos, e os modelos teóricos podem servir de base ao enunciado de
uma questão de investigação.
 As prioridades – as associações profissionais, os organismos subvencionários e mesmo
certos estabelecimentos de saúde determinam prioridades no que concerne aos
domínios onde convirá desenvolver a investigação. Pode-se definir um tema de
investigação com base nestas prioridades.

4.3 A população alvo

É necessário definir a população junto da qual será recolhida a informação. A população


estudada é um grupo de pessoas ou de elementos que têm características comuns

 Exemplo: se queremos estudar a taxa de utilização da contraceção em adolescentes,


convém precisar que o estudo incide sobre adolescentes que frequentam as escolas
secundarias de uma região ou de uma determinada cidade etc.

É baseando-se em critérios deste género que se obtém uma amostra representativa da


população alvo.

4.4 os conceitos

O conceito é um elemento essencial em qualquer investigação dado que é ele que é estudado
e não a própria população.

 Exemplo: no domínio da saúde, o conceito pode definir-se como uma atitude ou um


estado de espirito manifestado por indivíduos face a acontecimentos particulares
(doença, choque, luto). Assim, os termos “adaptação”, “dor” e “ansiedade”, remetem
para conceitos aos quais correspondem comportamentos particulares.

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Os conceitos resumem e categorizam as observações empíricas. Alguns conceitos podem
reportar-se a objetos concretos, tais como um livro, uma cadeira, outros pelo contrário, são
conceitos abstratos e não designam nada de percetível pelos sentidos (autoestima, ansiedade,
adaptação, locus de controlo). Para estudar os conceitos abstratos é necessário decompô-los
em factos observáveis que tomam o lugar dos indicadores.

 Exemplo: tomamos o conceito de “dor aguda” e interrogamo-nos o que caracteriza


uma pessoa que sente uma dor aguda ou quais são as manifestações observáveis
numa pessoa que a experimenta: nota-se contração do rosto, uma repiração de
sofrimento, um pulso rápido, choros ou gritos, etc.

É colocado as diversas manifestações em relação, que se deduz um conceito, que no nosso


exemplo é a “dor aguda”. O conceito organiza a realidade, unindo determinadas características
dos fenómenos.

No decurso da sua evolução, a maior parte das disciplinas elaboraram conceitos que lhes são
próprios. Diferentes conceitos orientam o investigador na forma de conduzir o seu estudo.

As razões pelas quais é necessário precisar de conceitos

A utilização de conceitos precisos facilita a pesquisa documental sobre um dado tema.

A previsão dos conceitos afina-se por um meio de palavras-chave que facilitam a investigação
documental seja informatizada ou não, e dão acesso a artigos pertinentes sobre um tema de
estudo.

5.1 revisão da literatura

A revisão da literatura é indispensável não somente para definir o problema, mas também
para ter uma ideia precisa sobre o estado atual dos conhecimentos sobre um dado tema, as
suas lacunas e a contribuição da investigação para o desenvolvimento do saber.

Definição da revisão da literatura

A revisão da literatura é um inventário e um exame crítico do conjunto das publicações tendo


relação com um tema de estudo. Faz-se em todas as etapas da concetualização da
investigação, deve proceder, acompanhar e seguir o enunciado das questões de investigação
ou a formulação de hipóteses.

19
Os objetivos da revisão da literatura

Os objetivos da revisão da literatura consistem em determinar o que foi escrito sobre um tema
e clarificar a forma como este foi estudado.

Permite delimitar o problema de investigação, verificar as lacunas e fixar o objetivo do estudo


a empreender. Ajuda a perceber o alcance dos conceitos, as relações que os unem e os
métodos empregados para os estudar. Permite distinguir a teoria que melhor explica os factos
observados, discernir sobre os conceitos que os designam e destacar as relações entre estes
conceitos. Fornece uma base de comparação para a interpretação dos resultados.

A delimitação da revisão da literatura

O tema de estudo, as fontes disponíveis e a experiência são fatores suscetíveis de influenciar a


duração da revisão. Importa saber, se queremos reduzir o tempo a consagrar-lhe, que quanto
mais preciso o tema da investigação, mais rapidamente se acede à informação desejada.

As fontes incluídas na literatura

Os estudos teóricos encontram-se nos livros e nos periódicos em suporte papel, em linha ou
em CD-ROM. Muitas vezes, os autores resumem nas introduções dos seus artigos, destinados à
publicação, os fundamentos teóricos sobre os quais estabeleceram as suas investigações.

Os estudos empíricos encontram.se nas revistas cientificas, nos relatórios de investigação, nas
dissertações e nas teses. São o resultado da observação em laboratórios ou no terreno.

Se a questão é exploratória ou descritiva, é, muito possível, que os estudos empíricos sejam


pouco numerosos, dever-se-á então, explorar escritos mais teóricos, na medida em que o
tema de estudo se prestar a isso.

Se a questão é ligada a um estudo explicativo ou preditivo, os escritos empíricos serão anto


mais numerosos quanto mais o conhecimento, sobre o tema, estiver avançado.

Fontes primárias

 Constituídas por documentos originais, provenientes diretamente do próprio autor


 Nas publicações empíricas ou teóricas é um texto redigido pelo autor da investigação
 Exemplo: documentos oficiais, as monografias de conteúdo original, que
reagrupam artigos de investigação publicados nos periódicos científicos, as
dissertações e as tesses.

20
Fontes secundarias

 São textos redigidos por outas pessoas que não o autor do documento que
constitui o objeto principal da investigação
 Facilitam o acesso às fontes primarias
 Classificam e analisam os textos de fonte primária já publicados
 Exemplo: catálogos coletivos, os índices informatizados ou em papel e as
bibliografias anotadas.

A revisão inicial da literatura

A revisão inicial da literatura permite familiarizar-te com a pesquisa de documentos,


consultado obras de referência (enciclopédias que descrevem a origem de certos fenómenos
sociais)

A revisão inicial permite ainda precisar a questão tendo em conta aspetos que foram pouco
estudados. A revisão sistemática da literatura permite ir mais além da análise, na ordenação e
na redução.

5.2 A pesquisa documental e o acesso às fontes

A pesquisa documental, manual ou informática, exige que se siga um processo racional na


consulta das fontes bibliográficas.

As principais fontes da pesquisa documental

As fontes de informação são registadas sobre diversos suportes: papel, eletrónico ou virtual
(internet). Para guiar a pesquisa documental relacionada com o tema de estudo, dispomos de
numerosos instrumentos:

1. monografias (catálogos de biblioteca) 4. as bibliografias


2. periódicos (indicies de periódicos) 5. as fontes eletrónicas (CD-ROM)
3. repertórios analíticos 6. a internet

As monografias (catálogos de biblioteca)

O catalogo de uma biblioteca é a melhor ferramenta para localizar as monografias. Ele permite
fazer uma boa ideia da coleção de documentos que a biblioteca possui e encontrar facilmente
uma obra.

21
Os periódicos

Os periódicos são uma fonte essencial para a documentação sobre um tema de estudo, visto
que o seu conteúdo é renovado constantemente. Encontram-se nos periódicos artigos de
investigação, de síntese, de opinião, etc.

 artigos de investigação – relatam os resultados de investigação


 artigos de síntese – examinam e comparam diferentes estudos que tratam do mesmo
tema ou problema e têm o objetivo de fazer o ponto da situação sobre uma questão
 artigos de opinião – contêm reflexões e opiniões sobre um determinado tema

os índices de periódicos (fontes impressas)

os índices de periódicos são listas que servem para classificar os periódicos. Apresentam-se em
suporte de papel ou eletrónico. Recenseiam, por assuntos ou por autores, os artigos de
periódicos, revistas e algumas categorias livres.

Os reportórios analíticos de artigos

Os reportórios analíticos de artigos incluem breves resumos de artigos. Dão conta do objetivo,
dos métodos e dos principais resultados obtidos.

As bibliografias de obras de referencia

Estas permitem aos investigadores documentarem-se sobre outros estudos que tratam do
mesmo assunto. Fornecem dados essenciais do que foi escrito.

As fontes eletrónicas (bases de dados e CD-ROM)

A maior parte dos documentos que acabamos de descrever têm o eu equivalente eletrónico,
que consiste numa base de dados que o utilizador pode interrogar. Pode-se procurar por
titulo, autor, assunto, coleção, editora, cota, etc.

Internet

Pode-se também utilizar, a internet para a busca de documentos, visto que esta dá acesso a
bases de dados. Esta é dotada de motores de busca que fornecem os endereções das paginas
web relacionadas com os temas.

22
5.3 A estratégia da pesquisa documental informatizada

A pesquisa documental informatizada consiste primeiramente em escolher as bases de dados


bibliográficos suscetíveis de conter referencias que se reporem ao tema da investigação.

As bases de dados bibliográficos permitem – fazer ligações entre as palavras-chave e as


palavras retiradas da analise de documentos reportados, armazenados na base de dados.

A pesquisa documental informatizada possui 5 etapas:

1. enunciar claramente a questão 4. aplicar os operadores booleanos


2. descartar/separar os conceitos 5. proceder à pesquisa com a ajuda
3. escolher as palavras-chave do servidor em linha

Enunciar claramente a questão

importa primeiro delimitar claramente o problema de investigação por uma questão que
precise os conceitos a estudar

 Exemplo: quais são as reações psicológicas das adolescentes dos 14 anos


aos 18 anos de idade que sofreram uma interrupção voluntaria da
gravidez?

Partiremos desta questão para interrogar o servidor.

Separar conceitos

Para cada um dos conceitos retidos, é estabelecida uma lista de sinónimos chamados palavra-
chave. Destacam-se três conceitos da questão acima enunciados:

 Conceito 1 – reações psicológicas


 Conceito 2 – adolescentes dos 14 anos aos 18 anos de idade
 Conceito 3 – interrupção voluntaria da gravidez

Escolher as palavras chave

Procuram.se as palavras-chave no thesaurus (reportório alfabético de termos normalizados


para a analise do conteúdo e a classificação dos documentos de informação) da base de dados
escolhida.

Escolhe-se pelo menos uma palavra-chave para cada conceito. Podemos tomar como
sinónimos de “reações psicológicas” as palavras “causa” ou “consequência” porque são muito
gerais.

A lista de sinónimos facilita a busca de informações a respeito do tema de estudo.

23
Aplicar os operadores booleanos

Constrói-se a questão juntando as palavras-chave com a ajuda de operados booleanos

Operadores booleanos:

 São uteis para as investigações profundas


 Servem para juntar as palavras-chave com a ajuda das palavras “e” “ou” “salvo” “não”
 Permitem ter acesso a um maior numero de artigos

5.4 a escolha das publicações de investigação


A estratégia de pesquisa conduziu à descoberta de um grande numero de trabalhos ou
publicações. Importa considerar que:

 Tratam de assuntos análogos ao tema em estudo e realizados sobre o mesmo género


de população (alvo)
 Delimitam os conceitos e as relações que unem
 Empregaram métodos convenientes à questão de investigação
 Descrevem modelos concetuais ou teóricos suscetíveis de serem aplicados no estudo
empreendido

Como reconhecer os níveis de investigação nos escritos?

Os níveis de investigação indicam o grau de avanço dos conhecimentos sobre o assunto. Ao


examinar os artigos de investigação, podemos estabelecer o que é conhecido sobre um tema e
orientar a nossa investigação em função do estudo atual do conhecimento.

Por que fontes de informação se deve começar?

A consulta das fontes primarias permite conhecer p estado dos conhecimentos sobre um
tema.

É possível começar pelas fontes secundarias, a fim de encontrar referencias sobre um mesmo
tema. As fontes secundarias servem então para agrupar as fontes primárias sob um mesmo
tema por meio de obras especializadas, tais como as enciclopédias, os repertórios, etc.

Quantas publicações são necessárias consultar?

É difícil estabelecer quantos artigos é necessário consultar, tratando-se de um assunto pouco


estudado os artigos poderão ser mais raros e dado que as características estão em constante
evolução, é preferível começar pelas publicações mais recentes. Em certos casos, os estudos
mais antigos são uteis para dar à investigação uma visão histórica ou orientar para outras
direções.

Localizar publicações

A leitura dos artigos selecionados permitirá enunciar uma questão mais precisa, tendo em
conta o nível atingido pelos conhecimentos no domínio do qual saiu o tema de estudo. As
bibliotecas constituem a principal fonte de consulta de documentos sendo a revisão da
literatura o cerne da concetualização da organização sistemática de qualquer investigação, é
essencial proceder de forma metódica na localização das obras de referencia, de maneira a
tirar dela os maiores benefícios possíveis.

24
O formato das publicações de investigação

Os artigos das revistas cientificas têm em geral um formato similar e comportam um numero
determinado de paginas.

Título – deve refletir claramente o conteúdo do artigo.

 Se o titulo é “descrição de” temos um estudo descritivo;


 se o titulo é “relações entre” temos um artigo que explora ou verifica relações entre
variáveis;
 se o titulo é “efeitos de” temos um estudo experimental.

Em geral o titulo dá indicações sobre os conceitos e, por vezes, também sobre a população.

O resumo – indica o objetivo de estudo, dá uma breve descrição sobre a população, descreve
o método de colheita dos dados, analisa-os e relata os principais resultados obtidos. Fornece
indicações preciosas sobre o conteúdo da publicação.

A introdução – apresenta o problema de investigação, as questões ou as hipóteses, enumera


as obras sobre as quais se apoia o autor e precisa o quadro conceptual ou teórico assim como
o objetivo do estudo. Descreve-se sucintamente o tema de estudo e explicam-se as razões
pelas quais se realizou a investigação. Expõe-se o objetivo da investigação e formulam-se
questões ou hipóteses.

Os métodos – encontram-se precisões sobre o desenho, a amostra, os métodos de colheita e


analise dos dados e os procedimentos seguidos. Descreve-se o plano de estudo. É indicado o
numero de sujeitos que fizeram parte do estudo e também os critérios de seleção. Os métodos
de colheita de dados são definidos, assim como o desenrolar do estudo.

Os resultados – apresenta os resultados do tratamento dos dados. O texto é acompanhado de


quadros e figuras.

Interpretação dos resultados – interpreta os resultados obtidos e examinar as possíveis


consequências. Discute as características de amostra tendo encontra o estudo. Tira conclusões
baseando-se no significado dos resultados. Sugere aplicações práticas e formula
recomendações para futuras investigações.

Referências bibliográficas

 tratando-se de um livro – nomes dos autores, ano da publicação, titulo do


documento, edição, local de edição e editora
 tratando-se de um artigo – titulo, nome do periódico, volume, numero e as páginas

a finalização da pesquisa de informação

uma primeira leitura oermite familiarizar-se com o conteúdo e determinar se está de acordo
com a questão de investigação. Toma-se conhecimento do resumo e, se ele se enquadra no
tema em estudo, lê-se a introdução, os títulos das secções, uma ou duas frases assim como a
conclusão.

Fazer uma leitura atenta e retirar notas – no caso de se querer fazer uma analise e síntese do
material. Quando, num texto, se retiram ideias de um autor ou se resume o seu pensamento, é
preciso indicar o nome deste e faze-lo seguir do ano de publicação entre parenteses.

25
5.5 revisão sistemática da literatura
A revisão sistemática da literatura consiste em fazer uma leitura aprofundada da
documentação recolhida sobre um tema.

A organização e a análise das fontes de informação

Uma vez que todos os documentos retidos foram examinados, o investigador pode proceder à
organização, à analise e à síntese das fontes de informação.

Habitualmente lêem-se primeiro os resumos dos artigos a fim de determinar a pertinência


destes e só depois se lê o artigo completo. – Deve-se tirar notas de maneira a recolher
informações mais pertinentes.

A analise da informação

A analise das fontes de informação permite determinar o valor de uma fonte para o estudo a
realizar.

Burns e Grove (2001) sugerem duas etapas:

Cíticas dos estudos:

 necessário estar familiarizados e fazer juízos críticos

comparação entre estudos:

 implica a critica do corpo de conhecimentos reagrupado num estudo e a sua colocação


em relação com o problema de investigação
 permite determinar proposições teóricas utilizadas – utilizadas para explicar as
relações entre os conceitos, os métodos que foram empregados no estudo, o estudo
da questão e as principais lacunas.

Síntese de informação

A síntese permite integrar melhor o significado dos trabalhos que foram retidos, devido ao seu
valor e às suas relações com o tema em estudo. Reformulam-se, de forma clara e concisa, as
ideias dos autores.

A redação da revisão da literatura

Uma vez que as publicações relacionadas com o tema do estudo foram lidas e resumidas, a
informação deve ser integrada num texto final chamado “revisão da literatura”.

Segundo o plano clássico, a revisão da literatura comporta uma introdução, um


desenvolvimento e uma conclusão. A introdução expõe o objetivo do estudo assim como os
temas que se ligam ao problema de investigação comum aos textos escolhidos. Esta secção é
geralmente breve e deve captar o interesse do leitor. O desenvolvimento pelo resumo critico
de cada um dos textos retidos, geralmente agrupados segundo os temas tratados.

São também discutidos nesta secção os aspetos teóricos do estudo. A conclusão resume o que
foi dito, ordena os textos estudados uns em relação aos outros e situa-os na problemática
geral. Apontam-se lacunas e aprecia-se sucintamente a contribuição do estudo considerado
para o avanço dos conhecimentos no domínio.

26
A escrita deve caracterizar-se pela precisão na escolha das palavras e pela concisão na
formulação das frases. Estas são curtas e exprimem claramente uma ideia.

Um texto cientifico reencaminha geralmente para outros textos que serviram de referencia ao
autor. Uma revisão da literatura deve ser outra coisa que não um encadeado de citações ou de
resumos.

Deve-se indicar o que se observou, de forma constante, como contradições notadas nos
trabalhos de investigação, e tentar explicar as incoerências, tais como as diferentes
concetualizações e ou os diferentes métodos utilizados num mesmo trabalho. Os trabalhos
que chegaram a resultados idênticos podem ser agrupados em conjunto numa frase e
resumidos como por exemplo – um certo número de estudos, que relata que a incidência de
flebites, está diretamente ligado ao método de administração das perfusões intravenosas e a
certos parâmetros do material utilizado aquando da perfusão (Rodrigo e Cooke, 1995;
D’Amours, 1997; Mornin, 1999).

A revisão da literatura nas dissertações e nas teses é muitas vezes constituída por duas partes:
uma sobre os escritos empíricos e a outra precisando os aspetos teóricos.

5.6 o exame critico da revisão da literatura


O exame crítico da revisão da literatura consiste em apreciar o seu valor geral em relação
ao problema de investigação.

A elaboração do quadro de referência


A elaboração de um quadro de referencia, adequado a um dado tipo de estudo, é muitas
vezes uma tarefa árdua.

6.1 o que é um quadro de referencia


O quadro de referencia pode ser definido como uma estrutura abstrata formada por uma ou
varias teorias ou conceitos, que são reunidos em conjunto, devido às relações que eles têm
com o problema de investigação a definir.

O quadro de referencia serve de base à formulação do problema de investigação e estabelece


a maneira como o conjunto do estudo será conduzido. Permite orientar a investigação numa
direção definida e ligar o tema de estudo ao estado atual dos conhecimentos.

O quadro de referencia dá ao estudo uma base conceptual ou teórica.

Concluímos então que, o quadro de referencia é uma estrutura abstrata formada que uma ou
varias teorias ou de conceitos reunidos em conjunto, devido às relações que eles têm com o
problema de investigação a definir.

6.2 a estrutura do quadro de referencia


Antes de apreciar a natureza dos quadros conceptual e teórico, assim como o seu papel na
investigação, convém examinar os elementos que fazem parte integrante do quadro de
referencia, isto é, os conceitos, os enunciados de relações ou proposições, os modelos e as
teorias.

27
Os conceitos

Os conceitos são omnipresentes em investigação porque eles são o objeto de estudo. O


quadro de referencia é constituído por um conjunto de conceitos de que lembramos a
definição. Os conceitos são palavras, ideias abstratas que representam comportamentos ou
características que se podem observar concretamente. Pelo seu carater abstrato, os conceitos
são os mediadores do pensamento. Eles são a representação mental de factos reais (dor,
stresse, agressividade, autoestima)

Os conceitos são elementos de base da linguagem que transmitem os pensamentos, as ideias,


as noções abstratas. Os conceitos são de uma importância primordial em investigação, visto
que são a base do saber cientifico e o reflexo de variáveis que serão medidas. As definições dos
conceitos representam a significação dada a estes conceitos, no quadro de um modelo
conceptual ou de uma teoria. Podem enunciar-se, no plano abstrato (definições conceptuais)
ou no plano concreto, no quadro da medida empírica (definições operacionais).

Concluímos então que os conceitos são ideias abstratas que representam comportamentos ou
características que se podem observar concretamente.

Os enunciados de relações

Os enunciados de relações são preposições, gerais ou particulares, que estabelecem relações


entre os conceitos de um estudo. São mais precisos nas teorias que noutras formas de
expressão de relações. O enunciado de relação está no centro de um quadro de referência,
dado que ele é essencial à sua elaboração e à sua aplicação ao problema de investigação. São
estes enunciados de relações expressos no quadro de referencia, que determinam o objetivo
do estudo, as questões de investigação ou as hipóteses, segundo se trata de descrever, de
explicar ou de predizer relações. Distinguem-se dois tipos de enunciados – os enunciados de
associações e os enunciados de causalidade.

 Enunciado de associação – exprime a existência ou a possibilidade de uma correlação


entre variáveis, como por exemplo: a intensidade e a frequência da dor influenciam a
qualidade de vida.
 Enunciado de causalidade – prediz a existência de uma relação de causa e efeito entre
as variáveis, como por exemplo: o programa de suporte diminui o esgotamento
profissional. É enunciado de uma teórica que é verificado pela investigação e não a
teoria completa.

Nas publicações de investigação, os enunciados de relação estão, por vezes, disseminados na


introdução, na revisão da literatura ou no quadro de referência.

Os modelos conceptuais

Os modelos concetuais são entidades abstratas mais amolas que as teorias existentes, visto
que tentam explicar globalmente fenómenos, e é por isso que, contrariamente às teorias
particulares, eles não podem ser verificados pela investigação. Pode definir-se o modelo
conceptual como um conjunto de conceitos e de proposições gerais que enunciam relações e
se destinam a descrever e a caracterizar fenómenos.

Os modelos conceptuais, por vezes chamados macroteorias, por causa do seu carater geral
asseguram múltiplas possibilidades para a investigação e a prática.

28
A utilidade do modelo conceptual reside no facto de fornecer diferentes perspetivas para o
estudo de conceitos que se ligam a uma dada disciplina. Os modelos concetuais podem
fornecer um quadro de raciocínio logico, próprio para justificar o problema de investigação. O
modelo conceptual permite reagrupar os conceitos pertinentes de modo a caracterizar ou a
descrever o fenómeno estudado, enquanto que a teoria serve para explicar e para predizer
relações entre variáveis.

Somente uma orientação conceptual claramente definida permite estabelecer relações logicas
entre os dados colhidos, no decurso da investigação.

Os modelos conceptuais são constituídos por conceitos, definições e enunciados de relações,


se bem que expressos de forma mais geral que nas teorias.

Concluímos então que, um modelo conceptual é um conjunto de conceitos e de proposições


gerais enunciado relações e destinados a descrever ou a caracterizar fenómenos.

As teorias

A investigação é um conjunto de atividades intelectuais tendo por objetivo o desenvolvimento


de conhecimentos e que assenta na teoria para descrever, explicar e predizer ou controlar
fenómenos ou relações ente conceitos.

As definições de teoria variam de autor para autor, no entanto todos os autores estão de
acordo em dizer que ela serve para descrever ou explicar as relações mutuas entre os
conceitos.

As teorias não são factos, mas normas de conceber a realidade. Elas são abstratas dado que
são a expressão de uma ideia, e apresentam as coisas de forma geral. As ideias abstratas
podem ser verificadas na investigação, a qual demonstra então como elas funcionam num a
situação concreta.

A teoria organiza, num todo coerente e de forma sistemática, a informação recebida tendo em
vista uma utilização em situações apropriadas.

As teorias podem servir para guiar a investigação e para organizar os conhecimentos, elas
servem de guia à investigação, pelo facto de fornecerem um quadro logico. Permitem situar o
estudo num contexto que fornece uma perspetiva específica para explicar ou predizer relações
entre conceitos. Por outro lado, elas apropriam.se em conhecimentos, geralmente bem
fundados, que influenciam a forma de conceber um problema de investigação.

Os enunciados de relações expressos numa teoria são proposições específicas respeitantes à


existência de relações entre dois ou mais conceitos.

Concluímos então que a teoria é um conjunto de proposições que estabelecem determinadas


relações entre conceitos tendo em vista explicar ou predizer fenómenos.

Os tipos de teorias

As teorias não são todas elaboradas a um mesmo nível e, por este facto, nem todas têm o
mesmo alcance; podem diferir pelo grau de abstração dos conceitos que as constituem;
definem-se em função da extensão dos factos que elas visam explicar e as aplicações que se
pode tirar delas variam consequentemente.

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As teorias descritivas servem simplesmente para classificar ou descrever fenómenos; as teorias
explicativas (ou intermediárias) têm o objetivo de explicá-los. Quanto mais geral é uma teoria
menos é possível verificá-la.

A teoria descritiva é um conjunto organizado de conceitos. Comporta definições amplas dos


fenómenos, porque servem para a descrição e para a classificação de elementos definidos ou
de características de indivíduos, de situações ou de acontecimentos. Dá conta das
características de um fenómeno; emprega-se quando se conhece pouco um fenómeno
particular. A teoria descritiva tem um papel importante na investigação qualitativa.

A teoria explicativa postula a existência de relações determinadas entre dois ou mais


conceitos. Verifica.se por meio da investigação correlacional ou experimental.

É mais precisa e mais limitada que a teoria descritiva e é isto que faz com que ela possa ser
verificada de forma empírica.

O desenvolvimento e a verificação

A verificação pode ter, particularmente, por objetivos edificar uma teoria ou verifica-la. O
desenvolvimento da teoria e a sua verificação são dois processos conhecidos pelos nomes de
indução e dedução. Estes dois processos implicam modos diferentes de investigação.

 Indução – do particular ao geral


 Dedução – do geral para o particular

A edificação da teoria

Assenta no emprego do método indutivo que conduz a generalizar a partir de observações


empíricas. Os estudos qualitativos têm por objetivo descrever em detalhe um fenómeno ou
explicar um processo. No emprego do método indutivo, recolhem-se dados numa situação real
e tenta-se de seguida enunciar proposições e dar uma explicação do que foi observado.

Algumas investigações qualitativas não têm, no entanto, por objetivo construir uma teoria, e
utilizam sobretudo modelos conceptuais como tela de fundo. A teoria é elaborada a partir de
um processo indutivo ou na base dos resultados da investigação. Tanto num caso como
noutro, a investigação deve validar a teoria.

A verificação das proposições teóricas

A verificação das preposições intervém quando o investigador se interroga sobre as


consequências da aplicação da teoria ou do quadro teórico sobre o resultado da investigação.
Procura-se saber se a teoria é capaz de predizer mudanças nas variáveis estudadas. Numa
investigação, são proposições teóricas, constituindo hipóteses, que são objeto de verificação e
não a teoria no seu conjunto. A confrontação dos resultados obtidos e da hipótese permite
avaliar a validade da proposição teórica.

6.3 as diferenças entre o quadro conceptual e o quadro teórico


Escolhe-se um quadro teórico quando os conhecimentos sobre o tema de estudo estão
suficientes avançados para que seja possível destacar proposições teóricas de uma teria e
formular hipóteses no que concerne ás relações entre os conceitos ou as variáveis. O quadro
conceptual não provem necessariamente de uma teoria determinada que explicaria as
relações previstas entre variáveis, mas é antes o resultado do agenciamento dos conceitos que
foi feito pelo investigador. Baseia-se mais sobre dados empíricos.

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O quadro conceptual

É uma breve explicação de um conjunto de conceitos e de subconceitos interligados e reunidos


em razão das suas relações com o problema de investigação.

Na elaboração do quadro conceptual, o investigador organiza os conceitos e as suas relações


de maneira a dar uma orientação precisa à formulação do problema, ás questões e à
interpretação dos resultados. O quadro conceptual é menos especifico que o quadro teórico e
não enuncia nada formal no que concerne às relações entre os conceitos.

Concluímos então que, o quadro conceptual é uma breve explicação de um conjunto de


conceitos e subconceitos interligados e reunidos em razão das suas ligações com o problema
de investigação.

O quadro teórico

É uma breve explicação das relações entre os conceitos-chave de um estudo. O quadro teórico
define as condições nas quais um conceito pode ser associado a um outro ou lhe dá origem. De
forma concreta, traduz-se pelo enunciado de uma hipótese verificável, de forma empírica, e os
resultados são interpretados referindo ao contexto teórico.

O quadro conceptual é mais conveniente quando as relações ente os conceitos são mais fracas
ou quando não estão estabelecidas solidamente nos trabalhos já publicados.

Concluímos então que o quadro teórico é uma breve explicação das relações entre os
conceitos-chave de um estudo apoiando-se numa teoria particular ou numa porção de teoria.

6.4 o papel do quadro de referencia no processo de investigação


O quadro de referencia, quer seja conceptual ou teórico, ocupa um lugar de primeiro plano no
processo de investigação.

A fase conceptual

O quadro de referencia integra-se na formulação do problema pelo facto de que o problema


está inserido numa rede de relações entre os diversos conceitos pertinentes, suscetíveis de
influenciar a analise de dados. A conceptualização permite ligar o problema de investigação ao
quadro de referência. Situa o problema num contexto conceptual ou teórico, que lhe dá uma
significação particular e permite orientar toda a investigação.

Na revisão da literatura ao mesmo tempo que se fornece uma primeira visão do modelo
conceptual ou da teoria escolhida, os conceitos considerados e as proposições do modelo ou
da teoria são definidos em função das variáveis do estudo.

A formulação do objetivo, de questões de investigação e das hipóteses decorre do quadro


conceptual ou teórico: os conceitos que retiveram a atenção do investigador são precisados e
as suas relações postas em evidencia nos enunciados, tendo por objetivo descrever, explicar
ou predizer relações.

A fase metodológica

A ligação entre o quadro de referencia e o método é assegurada pelo quadro conceptual ou


teórico, que define a natureza das variáveis a estudar. O estabelecimento desta ligação é
particularmente importante nos estudos que visam verificar proposições teóricas, porque se

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trata então de confirmar ou de infirmar hipóteses decorrentes da teoria. Os instrumentos de
medica são escolhidos em função das variáveis definidas, no quadro de referencia.

A fase empírica e a fase de interpretação

As variáveis designadas no problema de investigação, o quadro de referencia, as questões de


investigação, as hipóteses e o método aplicam-se na analise de dados.

É necessário interpretar os resultados, apoiando-se no quadro conceptual ou teórico e nos


trabalhos de investigação anteriores, a interpretação é particularmente importante quando se
trata de verificar a validade de proposições teóricas apos os resultados obtidos.

6.6 os elementos a ter em conta no estabelecimento de um quadro de referencia

Para construir um quadro de referência, parte-se de teorias existentes de modelos conceptuais


mais ou menos definidos ou de uma síntese dos escritos relacionados com o problema de
investigação. O quadro de referencia é mais fácil de elaborar quando se apoia num
conhecimento profundo sobre o fenómeno a estudar.

Para estabelecer um quadro de referência teórico ou conceptual é preciso:

1. Definir os conceitos no contexto de estudo


2. Liga-los uns aos outros por meio de proposições
3. Representar as ligações entre os enunciados de relações com a ajuda de um diagrama

O quadro de referencia descrever ou analisa os conceitos de maneira a fornecer uma base de


raciocínio para o estudo a realizar.

Quando se trata de definir conceitos, é preciso ter presente que os conceitos são escolhidos
em função das suas ligações com o problema de investigação. Os conceitos emergem do
problema e servem de trampolim para as variáveis especificas que dele se destacam para
melhor descrever ou examinar as relações. Cada conceito incluindo no quadro de referência
deve ser definido de forma conceptual apoiando-se nas teorias existentes ou nas definições
utilizadas nos trabalhos de investigação.

Todos os conceitos devem ser ligados por enunciados de relação. Os enunciados de relações
podem ser tirados dos trabalhos teóricos ou emitidos pelo investigador, com vista a um
posterior exame. Estes enunciados podem ser representados com a ajuda de um diagrama.
Um diagrama resumo e integra por vezes melhor o que é conhecido sobre um fenómeno do
que uma longa explicação. Burns e Grove distinguem um certo número de etapas no processo
de extração dos enunciados de relações. Sugerem entre outros:

 Isolar a parte da teoria que trata relações entre dois ou mais conceitos
 Formular, numa frase, um enunciado de relações que se inspira na parte da teoria que
foi retida
 Representar, sob a forma de diagrama, o enunciado de relações pondo em evidencia
os conceitos
 Repetir as operações precedentes para cada novo enunciado
 Velar para que todos os enunciados de relações sejam inscritos num diagrama

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O estabelecimento de ligações entre os enunciados representados deverá ajudar a
compreender melhor a teoria.

Na elaboração do diagrama, é importante ter em conta certos elementos, tais como a


formulação do problema, os conceitos e as suas definições, os aspetos teóricos e empíricos da
revisão da literatura, os enunciados de relações entre os conceitos e os aspetos teóricos que
sustentam as relações presumidas. O diagrama permite explicar os conceitos que são postos
em relação ou os que contribuem para a explicação.

6.7 o exame critico do quadro de referencia


O exame do quadro de referencia tem por objetivo apreciar o valor dos enunciados teóricos ou
conceptuais que servem de base à investigação e detetar as lacunas e as incoerências.

Em suma, trata-se de determinar previamente se estamos em presença de um quadro teórico


ou conceptual.

6.8 exemplos de modelos e de teorias


 A teoria da dor  A teoria da motivação
 A teoria do luto  O conceito de ansiedade
 A teoria da violência  A teoria do comportamento
 A teoria cognitiva planificado
 A teoria do papel  A teoria da família

7 A formação do problema de investigação


A etapa da formulação do problema é crucial no processo de investigação. Ela situa-se no
centro da fase conceptual, no decurso da qual se precisam as decisões relativas à orientação e
aos métodos da investigação. A formulação do problema de investigação necessita da reunião
de um conjunto de elementos que, uma vez ordenados uns em relação aos outros, darão uma
visão clara do problema.

7.1 Da definição da questão à formulação do problema


Enquanto que o tema de estudo diz respeito ao tratamento de um aspeto particular de um
domínio e que a questão de investigação reenvia à orientação que se quer dar à investigação, a
formulação do problema refere-se ao reagrupamento e à analise dos diferentes elementos do
problema.

A questão de investigação serve de base à formulação do problema de investigação a questão


de investigação tem por papel precisar os conceitos-chave e a população alvo e também
sugerir uma investigação empírica. As questões pivôs estabelecem o nível de investigação e,
função de uma hierarquia. Por conseguinte do mesmo modo que a questão, a formulação do
problema varia segundo se trata de descrever, explicar ou de predizer relações entre
conceitos. A questão de investigação pode conter um só conceito, mas, na maioria dos casos,
comporta pelo menos dois.

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Os elementos do problema

Para chagar a uma formulação mais clara e mais exata possível, importa distinguir os
elementos constituintes do problema devendo este ser considerado como entidade complexa,
os elementos a ter em conta são os seguintes:

1. A exposição do tema ou a situação problemática


2. A apresentação dos dados da situação
3. A justificação do ponto de vista empírico
4. A justificação do ponto de vista teórico
5. A solução de investigação e a previsão dos resultados

Na formulação do problema o investigador apresenta o seu tema de estudo e define as


principais características da população visada. Ele descreve os elementos do problema e os
dados de facto, emite uma argumentação que se baseia nas informações teóricas e empíricas
coligidas e tenta fornecer uma resposta à questão de investigação.

A formulação do problema

O problema de investigação formula-se por via dedutiva, a formulação do problema tem em


consideração a sucessão logica dos elementos e das relações entre estes e os conceitos aos
quais o investigador se refere. Apresenta-se o tema de estudo, explica-se a sua importância,
resumem-se os dados de facto e as teorias aplicadas no domínio e sugere-se uma solução.

A elaboração de uma argumentação

Na formulação do problema de investigação, é necessário argumentar, pois que se deve


convencer o leitor de que a maneira de encarar o problema em questão está plenamente
justificada. A argumentação permute pôr em evidencia os dados do problema, fornecer
explicações, demonstrar o interesse dos factos observados, fazer sobressair as relações
existentes entre ideias e factos, e justificar a forma como se elabora o problema de
investigação.

Concluímos então que argumentar é convencer o leitor que a maneira de encarar o problema
está plenamente justificada.

Tipos de questões e formulação

A maneira de colocar o problema varia segundo o tipo de questão. Ao nível descrito, a questão
inclui um conceito (o quê, qual, etc.).

A questão de investigação pode estar relacionada com a exploração ou a verificação das


relações entre conceitos. O estudo descritivo-correlacional visa examinar fatores, assim como
as possíveis relações entre eles.

A questão de investigação pode também reportar-se à predição de relações causais, a qual


supõe a conclusão de um estudo experimental. Reporta-se então à verificação dos efeitos de
uma variável independe sobre as variáveis dependentes: “Quais são os efeitos…? Qual a
eficácia…?”

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7.2 O plano de redação do problema
Antes de começar a redigir o problema de investigação o investigador escolhe cuidadosamente
as ideias e coloca-as em ordem; elabora o plano do texto. Este comporta três partes: a
introdução, o desenvolvimento (ou corpo da composição) e a conclusão.

 Introdução – compreende um ou dois parágrafos


 Desenvolvimento – parte principal, comporta um certo numero de secções e
subsecções divididas em parágrafos
 Conclusão – apresenta uma síntese pode não conter nenhuma secção

No plano de redação coloca-se cada um dos elementos do problema na parte do texto que
mais lhe convém. Assim o enunciado do tema de estudo faz parte da introdução. A descrição
dos dados do problema e a justificação do ponto de vista empírico ou teórico têm o seu lugar
designado no desenvolvimento, a conclusão resume os principais pontos tratos no texto e
propõe uma solução para o problema.

A introdução

Apresenta-se primeiro o tema de estudo. Recomenda-se colocar no inicio duas frases que
introduzem o tema. As primeiras frases são determinantes, porque importa captar a atenção
do leitor e de o convencer que o problema tratado é importante e que vale a pena examina-lo.
Tem também lugar explicar o porque de esta questão merecer ser estudada.

O desenvolvimento

O desenvolvimento considera três elementos:

1. os dados da situação problemática


2. Os escritos recenseados
3. Quadro teórico ou conceptual

Segundo elemento: a apresentação dos dados da situação

O segundo elemento diz respeito à descrição dos elementos de informação necessários à


compreensão dos diferentes aspetos do problema. Ao descrever o problema, é preciso
mostrar as possíveis consequências da situação atual. Pode evocar-se aqui a perspetiva da sua
disciplina.

Terceiro elemento: a justificação do ponto de vista empírico

O terceiro elemento situa o problema em relação aos conhecimentos atuais. A leitura de


trabalhos anteriores permite também encontrar conceitos ou teorias suscetíveis de serem
empregadas na elaboração do quadro conceptual ou teórico

Quarto elemento: a justificação do ponto de vista teórico ou conceptual

O quarto elemento do ponto de vista teórico ou conceptual. O quarto elemento consiste em


precisar e em justificar a abordagem teórica ou conceptual, devendo servir para descrever os
diferentes conceitos e para estabelecer relações entre os diversos elementos do problema. O
investigador indica como utilizará o quadro teórico ou conceptual.

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A conclusão

A conclusão resume as principais etapas seguidas e define a solução de investigação proposta


para estudar o problema. Apresenta um resumo das respostas às quesoes colocadas e deixa
antever se as hipóteses formuladas serão confirmadas ou refutadas.

Quinto elemento: a solução proposta e os resultados previstos

O quinto e o último elemento resumem o que foi dito ate ao presente e propõe pelo menos
uma solução com vista a mudar o desvio entre a solução considerada problemática e aquela a
que se prevê chegar no fim da investigação. Conseream.se os resultados positivos da solução
proposta.

Esta deverá ter em conta o estado atual dos conhecimentos e corresponder ao objetivo do
estudo, segundo se tem em vista desrever fatores o caracterizar conceitos, explorar ou
explorar relações de associação ou predizer relações causais entre variáveis.

Os cinco elementos propostos têm por objetivo ajudar o jovem investigador a formular um
problema de instigação que seja claro, preciso, e conforme as regras da composição de um
texto.

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