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REPÚBLICA DE ANGOLA

UNIVERSIDADE PRIVADA DE
ANGOLA

METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO MEDICA

Docente: António Armando


M.D., M.Sc. Ph.D
Objetivos da apresentação

• Discutir o conceito do conhecimento e os diferentes tipos de


conhecimentos,

• Apresentar o conceito de Método Científico, de Pesquisa e os tipos de


pesquisa,

• Apresentar os clássicos da teoria científica

• Abordar os diferentes tipos de métodos científicos e as etapas da pesquisa

• Reflectir sobre o benefícios da pesquisa para a humanidade


• Medicina Baseada em Evidencia
• Analise crítica de artigos cientificos 2
Aspetos pedagógicos

• Metodologia em ensino: Aulas expositivas e dialogadas com


visualização de um vídeo para a reflexão,

3
Conceitos

• Conhecimento: São informação ou noção adquiridas pelo


estudo ou pela experiência etc.

4
Tipos de conhecimento

 Mítico

 Senso comum
Tipos de
conhecimeto  Religioso

 Filosófico

 Científico

5
Conceito da ciência

• Ciência: É o processo de produzir conhecimento utilizando o


método científico

6
Conceitos

• Conhecimento Científico: É o conhecimento produzido através


do Método Científico.

• Método Científico: É um conjunto de abordagens, técnicas e


processos utilizados pela ciência para formular e resolver
problemas de aquisição objetiva do conhecimento, de uma
maneira sistemática.

7
Conceitos

Pesquisa
científica

É um conjunto de procedimentos sistemáticos, baseados no


raciocínio lógico, que tem por objetivo encontrar soluções
para os problemas propostos mediante o emprego de
métodos científicos.”

8
COMPETÊNCIAS DO MÉDICO

Competências
• Promoção da saúde
• Prevenção das
doenças

SAÚDE
• Tratamento das
doenças
• Reabilitação
• Ensino e pesquisa
• Gestão de serviços
de saúde
EVOLUÇÃO DA MEDICINA

IDADE
IDADE IDADE
ANTIGUIDADE CONTEPOR
MÉDIA MODERNA ÁNEA
• Renascimento:
• Medicina anatomia
• Medicina humana
Primitiva
Divina Tecnologia e
• Mitologia • Iluminismo: O
nascimento da Inovação :
Grega:
• Hospitais, Clinica: Medicina de
(Asclépio: Deus
regidos Hospitais: alta predição
da Medicina,) Locais para a
pelas ordens
• Hipócrates formação
religiosas
• Galeno médica

Revolução industrial:
Apropriação da Medicina Pelo Estado
Os clássicos do Método Científico

David Bacon René Descartes Isaac Newton

11
Os Clássicos do Método Científico

Regras da Analítica cartesiana.

Descartes, 1979
12
O Método Científico

13
Etapas do método científico
O Método Científico

14
Método Científico VS Método Religioso

15
Ciência e Causalidade

Em saúde:

• Teoria dos miasma

• Teoria uni causal (Agente etiológico-Microbiano)

• Teoria Multicausal (Epidemiologia Moderna)

• Modelo Ecológico ampliado ( Determinantes de saúde)

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Ciência e Causalidade
Determinantes da saúde
Meio ambiente

Herança
Anatomia e
Genética
fisiologia

Meio Social
HOMEM
Estilo
de vida

17
Ciência e Causalidade

18
Tipos de Métodos científicos

Particular

Método dedutivo

Universal Universal

Método indutivo

Generalização

19
Tipos de pesquisa

Principais tipos de
pesquisa

Pesquisa Pesquisa
quantitativa qualitativa

Pesquisa descritiva e Etnografia


analítica Estudo de caso

20
Tipos de pesquisa

Principais tipos
quantitativa

Pesquisa
Analítica
descritiva

Descreve frequências Estabelece hipóteses.


e distribuição Estabelece associações

21
Delineamentos de pesquisa

Principais tipos de pesquisa quantitativa: é o caminho ou a estratégia


usado na busca dos objetivos de uma investigação

Transversal Caso
controle

22
Principais Delineamentos de Pesquisa

Revisões Sistemáticas

Ensaios clínicos randomizados

Estudos de Coorte

Estudos de caso controle

Estudos transversais

Estudos ecológicos

23
24
Etapas da Pesquisa Científica
• 1. Escolha do tema
• 2. Revisão de literatura
• 3. Justificativa
• 4. Formulação do problema
• 5. Determinação de objetivos
• 6. Metodologia
• 7. Coleta de dados
• 8. Tabulação dos dados
• 9. Análise e discussão dos resultados
• 10.Conclusão da análise dos resultados
• 11.Redação do trabalho científico
• 12. Apresentação e publicação

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Quem se beneficia da pesquisa?

• Para todos nós!!!

– Comunidade científica (que produz)

– Profissionais de saúde (que utilizam)

– População geral (que se beneficia)

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Mas todos se beneficiam com os avanços
da ciência?

• Iniquidades na produção e distribuição dos avanços


tecnológicos

• Doenças negligenciadas: Malária, Dengue, etc. (Por quê?)

• Tecnologias Leves vs. Duras (SRO não deveria receber Prêmio


Nobel?)

• Organização dos serviços de saúde (Basta ter tecnologia?)

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Ética em Pesquisa

28
A pesquisa produz
verdades?

Estudar é uma tarefa difícil. Exige de quem o faz um


resposta crítica, sistemática. Exige uma disciplina
intelectual que não se ganha a não ser pratica-la.
Paulo Freire

29
Dúvidas e perguntas

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LUMANDO CONSULTORIA CIÉNTÍFICA (SU), LDA

Curso Teórico-Prático de Metodologia de Pesquisa


Metodologia de Pesquisa-Delineamentos

António Armando: M.D., M.Sc, Ph.D.


Fevereiro, Luanda

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Objetivo geral

• Apresentar e discutir os principais Tipos (delineamentos) de


pesquisa

• Apresentar as vantagens e desvantagens de cada


delineamento de Pesquisa

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Conceito da ciência

• Ciência: É o processo de produzir conhecimento utilizando o


método científico

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Conceito de pesquisa?

• Procurar respostas para indagações propostas

• É a realização concreta de uma investigação planejada,


desenvolvida e redigida de acordo com as normas da
metodologia consagradas pela ciência

• É produção de conhecimento para a interpretação de


uma da realidade

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Tipos de pesquisa

Principais tipos de
pesquisa

Pesquisa Pesquisa
quantitativa qualitativa

Pesquisa descritiva e Etnografia


analítica Estudo de caso

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Delineamentos de pesquisa

O delineamento de pesquisa: é o caminho ou a estratégia


usado na busca dos objetivos de uma investigação

Transversal Caso
controle

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Principais enfoques de pesquisa Epidemiológica

• Fator em estudo e desfecho clínico em alguns enfoques de


pesquisa clínico-epidemiológica
Enfoque de Pesquisa Fator em Estudo Desfecho
Etiologia (Dano) Fator de risco para o Doença
desenvolvimento da doença

Diagnóstico Exame diagnóstico Doença ou Padrão-ouro

Prognóstico Doença ou Evolução da doença


Fator prognóstico

Intervenção Tratamento ou Evolução da doença ou


Ação preventiva Prevenção da doença

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Para apontamentos
• _____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
38
39
Estudos transversais-Conceito

• O estudo transversal, cross-sectional ou estudo de prevalência: tem


como objetivo principal medir a prevalência de um determinado
evento ou desfecho

• Parte de um grupo de pessoas com ou sem o desfecho e com ou sem a


exposição e, somente a partir da análise dos dados serão identificados
os com condição ou sem condição estudas

40
Estudos transversais-Conceito

41
Estudos transversais- Conceito

• Principal medida obtida: PREVALÊNCIA

• Fornece informações sobre a distribuição e as características


de um determinado evento na população

• São úteis para avaliação das necessidades de serviços de


saúde e planejamento em Saúde Pública

• Pode ser usado para testar e gerar hipóteses causais

42
Estudos transversais: Planejamento e
execução

Pressupostos para realização de uma pesquisa


Factível
Interessante
Novo
Ético
Relevante

43
Estudos transversais planejamento e
execução

• Questão pesquisa: O que estudar? Exemplo “Prevalência da


HAS em Luanda”

• Relevância da pesquisa: a importância da pesquisa. Por ex:


melhorar o atendimento dos pacientes com determinada
condição

• Delineamento: Estudo transversal

• População de estudo (critério inclusão): depende da questão


de pesquisa. Quem, onde e quando ?

44
Estudos transversais planejamento e
execução
• Variáveis: de desfecho e de exposição e outras

• Tamanho da amostra : calcular com base em estudos prévios

• Aspectos éticos: consentimento e avaliar os riscos

• Recrutamento : Técnica amostral

• Análise: Razão de Prevalência (RP)

• Apresentação dos resultados: aos gestores ou a comunidade


científica
45
Estudos Transversais - Planejamento e
Execução

Amostragem

• aleatória simples
• sistemática
• estratificada
• Por conglomerado

46
Estudos Transversais - Planejamento e
Execução

47
Estudos Transversais - Planejamento e
Execução
Tabela 2/2
Condição

Exposição Sim Não

Sim A 33 B 12 A+B

Não C 234 D 229 C+D

A+C 267 B+D 241 A+B+C+D 33+234+12+241

48
Prevalência da Hipertensão Arterial Sistêmica no Rio
Grande do Sul e Fatores de Risco Associados

49
50
Alimentação infantil e morbidade por
diarreia

Jornal de Pediatria - Vol. 79, Nº5, 2003


51
Estudos Transversais - Exemplos

52
Estudos Transversais - vantagens

• Em geral é rápido e de baixo custo

• Adequado para descrever situação de saúde

• Pode estimar a proporção de expostos na população

• Permite estudar múltiplas exposições e/ou múltiplas doenças

• Fornece informações úteis para o planejamento de serviços e


programas de saúde (tomadores de decisão / Políticas de Saúde)

• Gera hipóteses

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Estudos Transversais - Limitações

• Não permite estabelecer relação temporal entre exposição e


efeito

• Dificuldade para estabelecer relação causal

• Doenças com evolução rápida têm menor chance de inclusão

• Pouco útil se o evento é raro

54
Estudos Transversais

55
56
Estudos de coorte

• Estudo de coorte ou longitudinal : é um analítico que objetiva


estabelecer uma relação causal entre a exposição e o desfecho

• Principal medida: incidência de um determinado evento entre o


grupo exposto e não expostos . pode ser prospectiva ou
retrospectiva

• Incidência: é o número de casos novos durante um período


de tempo

57
Estudos de coorte

58
Estudos de coorte

Coortes tradicionais internacionais


• British Doctors Study
• Framingham Heart Study
• Scandinavian Simvastatin Survival Study
• Nurses' Health Study
• Coorte de Pelotas
• ELSA

59
Estudos de coorte

Rev .Saúde Pública 2008;42(Supl. 2):26-33

60
Estudos de coorte – Planejamento e
execução

• Definir a questão de pesquisa

• Identificar o grupo exposto e não exposto

• Medir as variáveis de confusão

• Definir o desfecho e como medi-lo

• Análise e interpretação dos resultados (Riscos)

61
Estudos de coorte – Planejamento e
execução

Condição
Exposição Sim Não
Sim A B A+B
Não C D C+D

A+C B+D A+B+C+D

62
Estudos de coorte – Planejamento e
execução

63
Estudos de coorte – Planejamento e
execução

64
Estudos de coorte: vantagens e
desvantagens

Vantagen Desvantagen
s incidência
• Medem s
• Necessita de amostras
grandes
• Medem a exposição antes do
início da doença • Operacionalidade complexa

• Permitem estudar efeito de • As perdas de podem


mudanças na exposição prejudicar o estudo

• Permitem estudar a história • São demorados e caros


natural da doença e múltiplos
desfechos • Não servem para doenças
raras
65
Exemplos- Coorte de Pelotas
Prevalência e determinantes precoces dos transtornos mentais comuns na
coorte de nascimentos de 1982, Pelotas, RS. Rev Saúde Pública 2008;42(Supl. 2):26-33

Prevalência estimada de transtornos


mentais comuns segundo variáveis
socioeconômicas, demográficas, perinatais
e ambientais. Pelotas, RS, 1982 a 2004-5.

66
Resumo

TEMPO

Exposiçã Doença
o
Estudo
Transver
sal
Estudo de
Coorte

Estudo de Casos
casos e Controle
controles s

67
68
69
Estudo de Caso-controle

• Ao contrário do estudo de coorte, o estudo de caso-controle


origina-se do desfecho para chegar à causa

• É uma pesquisa etiológica retrospectiva.

• É o estudo mais indicado para doenças raras, podendo


também ser utilizado para doenças comuns

70
Estudo de Caso-controle

SELECIONA-SE PESSOAS COM A DOENÇA


(CASOS)

COMPARA-SE COM PESSOAS SEM A


DOENÇA (CONTROLES)

FATORES DE RISCO (EXPOSIÇÃO)

71
Estudo de Caso-controle

Exposto

Doentes
Não exposto

Exposto
Não
doentes
Não exposto

72
Estudo de Caso-controle

• O princípio lógico é verificar se o número de doentes entre os


expostos é maior do que o número de doentes entre os não
expostos : {(a / a + c) > (b / b + d) }

Casos Controles
Exposição A B
Sem
exposição C D
Total A/A+C B/B+D

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Estudo Caso-controle: planejamento e
execução

• Questão pesquisa

• Relevância da pesquisa

• População de estudo (critério inclusão): depende da


questão de pesquisa. Quem, onde e quando ?

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Estudo Caso-controle: planejamento e
execução

• Aspectos estatísticos

• Recrutamento :Seleção dos casos e controles

• Análise: Odds Ratio: Razão de chances

• Apresentação dos resultados: aos gestores ou a


comunidade científica
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Estudo de Caso-controle – Planejamento e
execução

A fonte dos casos e controles poderá ser:


Fonte dos casos:
• base populacional
• serviços médicos

Fonte dos controles:


• comunitário (exemplo: vizinho)
• hospitalar

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Estudo de Caso-controle – Planejamento e
execução

Vantagens: Desvantagens:
• Custo relativamente baixo • Dificuldade de escolher os
controles
• Número de casos não precisa
ser grande • As exposições são no
passado
• São estatisticamente eficientes
• Não medem prevalência nem
• Permitem testar hipóteses incidência

• Servem para doenças raras e • São susceptíveis a uma série


comuns de viéses

77
78
Resumo

TEMPO

Exposição Doença

Estudo
Transversal

Estudo de Coorte

Estudo de Casos
casos e Controle
controles s

79
80
Simulação de um estudo caso controle

81
armandocno@yahoo.com.br

82
83
Estudos de intervenção: Estudo
randomizado

O delineamento de pesquisa

Transversal Caso
controle

84
Estudos de intervenção: Estudo
randomizado
Com

Análise estatística
desfecho
Grupo de
intervenção Sem
desfecho
Amostra

Com
Sem desfecho
População
intervenção
Sem
desfecho
Randomização Mensuração dos
efeitos

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Estudos de intervenção: Ensaio Clínico
Randomizado (ECR) Planejamento e execução
CONsolidated Standards Of Reporting Trials
1. Questão de pesquisa:
2. Introdução: Revisão da literatura e objetivos do estudo
3. Metodologia
– Explicitar a estrutura do estudo
– Critérios de inclusão e exclusão
– Local de alocação dos pacientes
– Especificar a intervenção de cada grupo
– Definir o desfecho primário e secundário e como mensura-los
– Calcular o tamanho da amostra e explicar como foi realizado
– Explicitar a necessidade da análise interina caso seja planejada
– Informar como foi realizada a randomização
– Informar sobre o cegamento
– Análises estatísticas CONSORT 2010: BMJ 2010;340:c869

86
Estudos de intervenção: Ensaio Clínico
Randomizado (ECR) Planejamento e execução

4. Resultados:
– Descrever o numero dos participantes de cada grupo do estudo, os
que mudaram de grupo, as perdas e os que entraram na análise .
Mencionar o período médio de acompanhamento. Se o estudo foi
interrompido antes do período planejado, explicar a causa.

– Colocar os dados basais e clínicos de cada grupo

– Apresentar os resultados do desfecho primário e secundário de cada


grupo; a análise de subgrupos e os ajustes realizados. Mencionar
também as complicações.
CONSORT 2010: BMJ 2010;340:c869

87
Estudos de intervenção: Ensaio Clínico
Randomizado (ECR) Planejamento e execução

• 5. Discussão: Apresentar as limitações do estudo, comparar


com os dados da literatura e realçar as contribuições do
estudo.

• Amostragem: Geralmente é uma amostragem por


conveniência consecutiva. Pode ser uni ou multicêntrica

CONSORT 2010: BMJ 2010;340:c869

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Estudos de intervenção: Ensaio Clínico
Randomizado (ECR) Planejamento e execução

CONSORT 2010: BMJ 2010;340:c869


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Estudos de intervenção: Ensaio Clínico
Randomizado (ECR) Planejamento e execução

• Randomização: Processo de alocação de participantes para os


grupos de tratamento e controle, supondo que cada
participante tenha chance conhecida de ser alocado a
qualquer um dos grupos.

Características basais distribuídas


igualmente entre os grupos
randomizados (incluindo fatores
desconhecidos ou não aferidos)

90
Estudos de intervenção: Ensaio Clínico
Randomizado (ECR) Planejamento e execução

J Clin Oncol 22:872-880. © 2004 91


Estudos de intervenção: Ensaio Clínico
Randomizado (ECR) Planejamento e execução

• Como fazer a Randomização: existem diferentes técnicas de


randomização:
– Baralho de cartas
– Tabelas de números aleatórios
– Envelopes opacos e lacrados
– Central telefônica
– Programas e sites estatísticos específicos: exemplo
“www.randomization.org”

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Estudos de intervenção: Ensaio Clínico
Randomizado (ECR) Planejamento e execução

Tipos de Randomizacão

• Randomização Simples

• Randomização em Blocos

• Randomização Estratificada

• Randomização por Minimização (co-fatores)

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Estudos de intervenção: Ensaio Clínico
Randomizado (ECR) Planejamento e execução

• Cegamento ou mascaramento: é o método utilizado para evitar que


participantes modifiquem seu comportamento e prevenir vieses
por julgamentos subjetivos na alocação, avaliação, coleta e analise
de dados.

• Termos uni-cego, duplo-cego, triplo cego: em desuso

• Descrição no estudo: quem foi cegado

• Ensaio Clinico Aberto (Open, Open Label ):Não ha tentativa (ou é


impossível) de cegamento

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Estudos de intervenção: Ensaio Clínico
Randomizado (ECR) Planejamento e execução

Eficácia e Efetividade

• Ensaios Clínicos de Eficácia: o tratamento pode funcionar sub


circunstâncias ideais?

• Ensaios Clínicos de Efetividade: o tratamento pode funcionar


sub circunstâncias normais?

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Estudos de intervenção: Ensaio Clínico
Randomizado (ECR) Planejamento e execução

Avaliação dos Desfechos

• Ensaio Clinico Segundo a Intenção de Tratar (Intention-to-


Treat ): Os pacientes são analisados nos grupos que foram
randomizados, independente de terem completado ou não o
tratamento

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Estudos de intervenção: Ensaio Clínico
Randomizado (ECR) Planejamento e execução

Estimativas de Tamanho de Efeito

• Risco Relativo - RR

• Redução Relativa do Risco - RRR

• Redução Absoluta do Risco - RAR

• Numero Necessário para Tratar - NNT

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Estudos de intervenção: Ensaio Clínico
Randomizado (ECR) Planejamento e execução

Desfecho de interesse Risco do evento


Presente Ausente Rt=A/(A+B)
Intervenção A B
Controle C D Rc=C/C+B

Rt = Risco no grupo tratado


Rc = Risco no grupo controle
Risco Relativo (RR) = Rt/Rc = [a/(a+b)] / [c/(c+d)]
Redução Relativa do Risco (RRR) = (1- Rt/Rc)*100% =
Redução Absoluta do Risco (RAR) = Rc-Rt
Número Necessário para Tratar (NNT) = 1/(Rc-Rt) = 1/RAR

98
Desfecho de interesse
Fator em estudo Presente Ausente
Intervenção A 18 B 46 64
Controle C 29 D 36 65
47 82 129

99
Estudos de intervenção: Ensaio Clínico
Randomizado (ECR) Planejamento e execução
Resumo:
• Elegibilidade: critérios de inclusão e exclusão

• Que tratamento será avaliado

• Quais os desfechos de interesse a serem analisados

• Como a resposta de cada paciente será verificada

• Monitoramento da adesão ao protocolo

• Análise de co-intervencões

• Análises interinas

100
Estudos de intervenção: Ensaio Clínico
Randomizado (ECR) Planejamento e execução

Vantagens e desvantagens

101
Hierarquia da Evidencia

102
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LUMANDO CONSULTORIA CIÉNTÍFICA (SU), LDA

Curso Teórico-Prático de Metodologia de Pesquisa


Metodologia de Pesquisa-Delineamentos

António Armando: M.D., M.Sc, Ph.D.


Julho, Luanda

104
105
Erro aleatório e Erro sistemático

• Os estudos são susceptíveis a erros

• Os dois erros mais comuns são os:


– Aleatórios
– Sistemáticos

• Os achados da amostra são uma inferência do que acontece


na população de origem

106
Erro aleatório e Erro sistemático

• Ocorre ao acaso, por “chance”

• A forma mais comum de corrigir um erro aleatório é


aumentando o tamanho da amostra

– Aumenta a precisão

107
Erro aleatório Erro e sistemático

• Como aumentar a precisão (consistência)

– Padronizando as medidas
– Treinando os observadores
– Calibrando os instrumentos
– Tornado as medidas automáticas
– Repetindo as medidas

108
Erro sistemático

É um resultado errado por uma diferença sistemática

• Distorce o resultado em uma direção


• Pode ser a favor ou contra a hipótese
• Aumentar a amostra não concerta este erro
• O delineamento do estudo é que reduz este erro
– Aumenta a acurácia

109
Erro sistemático: Precisão versus Acurácia

.... Boa precisão


.
. . . Pobre precisão

.
Pobre acurácia Boa acurácia

. .. Pobre precisão
.... Boa precisão

. Pobre acurácia Boa acurácia

110
Erro sistemático

• Como aumentar a acurácia:


– Padronizando as medidas
– Treinando os observadores
– Calibrando os instrumentos
– Tornado as medidas automáticas
– Medindo eventos passivos (não influenciados pelo
observado ou observador)
– Cegamento

111
Erro sistemático

Principais tipos de erros sistemáticos

Viés de seleção
Viés de aferição
Viés de confusão
Viés de tempo ganho (lead time
bias)

112
Erro sistemático

Como lidar com erros sistemáticos?

• Randomização

• Restrição

• Pareamento

• Estratificação

• Ajuste Multivariável

113
Critérios de Hill
• Força da associação: quanto mais forte uma associação, mais provável que
seja causal. A força da associação é medida pelo risco relativo ou
pelo odds ratio
• Consistência: a relação deve ser condizente com os achados de outros
estudos
• Especificidade: exposição específica causa a doença
• Temporalidade: causa deve ser anterior à doença
• Gradiente biológico (efeito dose-resposta): deve ser em gradiente,
proporcional
• Plausibilidade biológica: A associação deve ter uma explicação plausível,
concordante com o nível atual de conhecimento do processo patológico
• Coerência: os achados devem seguir o paradigma da ciência atual
• Evidências experimentais: Mudanças na exposição mudam o padrão da
doença
• Analogia: com outra doença ou com outra exposição

114
115
Bibliografia
• Alexandre L B S P. Epidemiologia aplicada nos serviços de saúde. 29012.
• Duncan B, Schmidt M I. Apostilas escolares, 2012.
• Fletcher RH e Fletcher SW. Epidemiologia Clinica: Elementos Essenciais, 4ª ed., Porto Alegre: Artes
Medias, 2006
• Medronho RA. Epidemiologia. Atheneu. Sao Paulo. 2003.
• De Almeida e Filho N barreto maurício. Epidemiologia e Saúde. Fundamentos, Métodos e
Aplicações. 2011
• Pereira MG. Epidemiologia: Teoria e Pratica, 3a ed. Porto Alegre Guanabara Koogan, 2000.
• Hulley SB, Cummings SR, Browner WS, Grady D, Hearst N, Newman TB.a Pesquisa Clinica, Uma
Abordagem Epidemiologica. 2a. Ed., Porto Alegre: ArtMed, 2003.
• The CONSORT statement: revised recommendations for improving the
• quality of reports of parallel-group randomised trials. Better reporting of randomised controled
trials: the CONSORT statement.
• http://www.consort-statement.org
• K J Kenneth, Greenland S, Last T. Epedemiologia Moderna 3ª Ed. Artemed. Porto Alegre, 2911.
• De Oliveira A M. Aula sobre Estudos Clínicos Randomizados, 2011.

116
Curso Teórico-Prático de Metodologia de Pesquisa

Aspectos práticos Pesquisa:


Etapas da Pesquisa Científica

António Armando (MD, M.Sc, Ph.D)


Luanda, Julho de 2015

117
Aspectos práticos:
Etapas da Pesquisa Científica
• 1. Escolha do tema
• 2. Elaboração do projeto de Pesquisa
• 3. Revisão de literatura
• 4. Justificativa
• 5. Formulação do problema
• 6. Determinação de objetivos
• 7. Metodologia
• 8. Coleta de dados
• 9. Tabulação dos dados
• 10. Análise e discussão dos resultados
• 11.Conclusão dos dos resultados
• 12.Redação do trabalho científico
• 13.Resumos
• 14. Apresentação e publicação

Metodologia de Pesquisa 118


Etapas da Pesquisa Científica
1. Escolha do tema (questão de pesquisa)

• O que vou pesquisar?

• Um assunto que se deseja provar ou desenvolver

• Assunto interessante para o pesquisador

• Originalidade não é pré-requisito

• Fontes de assuntos: vivência diária, questões polêmicas,


reflexão, leituras, conversações, debates, discussões.

119
Aspectos práticos:
Etapas da Pesquisa Científica
Elaboração de um projeto provisório
• Tema
• Questão de pesquisa
• Delimitação do tema
• Revisão de literatura
• Justificativa
• Objetivo geral
• Objetivos específicos
• Metodologia
• Aspectos éticos
• Resultados Esperados (quando for o caso)
• Custos
• Cronograma de Execução

120
Aspectos práticos:
Etapas da Pesquisa Científica

2. Revisão de literatura

• Quem já pesquisou algo semelhante?

• Busca de trabalhos semelhantes ou idênticos

• Pesquisas e publicações na área

• Que lacunas existem sobre o tema que vou estudar?

121
Aspectos práticos:
Etapas da Pesquisa Científica
3. Justificativa

• Por que estudar esse tema?

• Vantagens e benefícios que a pesquisa irá proporcionar

• Importância pessoal ou cultural

• Deve ser convincente

Metodologia de Pesquisa 122


Aspectos práticos:
Etapas da Pesquisa Científica

4. Formulação do problema

• Que respostas estou disposto a dar?

• Definir claramente o problema

• Delimitá-lo em termos de tempo e espaço

Metodologia de Pesquisa 123


Aspectos práticos:
Etapas da Pesquisa Científica
5. Determinação de objetivos

• O que pretendo alcançar com a pesquisa?

• Objetivo geral – qual o propósito da pesquisa?

• Objetivos específicos – abertura do objetivo geral em outros


menores , operacionalização

Metodologia de Pesquisa 124


Aspectos práticos:
Etapas da Pesquisa Científica
6. Metodologia
• Como se procederá a pesquisa?
• Caminhos para se chegar aos objetivos propostos
• Qual o tipo de pesquisa?
• Qual o universo da pesquisa?
• Será utilizado a amostragem?
• Quais os instrumentos de coleta de dados?
• Como foram construídos os instrumentos de pesquisa?
• Qual a forma que será usada para a tabulação de dados?
• Como interpretará e analisará os dados os resultados?
• Explicitar a metodologia de pesquisas de campo ou de laboratório é
bastante importante
• Pesquisa bibliográfica – leitura como material primordial
• Indicar como pretende acessar suas fontes de consulta

Metodologia de Pesquisa 125


Aspectos práticos:
Etapas da Pesquisa Científica
6. Metodologia (continuação)
• Universo da Pesquisa – total de indivíduos que possuem as mesmas
características definidas para um determinado estudo
• Amostra – parte do universo
• Instrumentos de Pesquisa – instrumentos de medidas ou
instrumentos de coleta de dados. Uso de bibliografias que orientem
escolhas.

• Instrumentos de pesquisa mais utilizados:


– Observação
– Entrevista
– Questionário – perguntas abertas, fechadas e de múltipla escolha
– Bancos de dados
– Prontuários médicos

Metodologia de Pesquisa 126


Etapas da Pesquisa Científica
7.Coleta de dados

• Como será o processo de coleta de dados?

• Como? Através de que meios? Por quem? Quando? Onde?

• Paciência

8.Tabulação dos dados

• Como organizar os dados obtidos?

• Recursos: índices, cálculos estatísticos, tabelas, quadros e gráficos

Metodologia de Pesquisa 127


Etapas da Pesquisa Científica
9. Análise e discussão dos resultados

• Como os dados coletados serão analisados?

• Confirmar ou refutar hipótese anunciada

10. Conclusão da análise dos resultados

• Sintetizar os resultados obtidos

• Evidenciar as conquistas alcançadas com o estudo

• Indicar as limitações e as reconsiderações

Metodologia de Pesquisa 128


Etapas da Pesquisa Científica
10.Conclusão da análise dos resultados (Continuação)

• Apontar a relação entre fatos verificados e literatura ou a


teoria

• Contribuição da pesquisa para o meio acadêmico,


empresarial ou desenvolvimento da ciência e tecnologia

11. Elaborar o resumo

Metodologia de Pesquisa 129


Etapas da Pesquisa Científica

12.Redação do trabalho científico


• Redigir relatório de pesquisa

• Segundo normas pré-estabelecidas

13. Apresentação e ou publicação:


Monografia, dissertação, tese ou artigo científico.

Metodologia de Pesquisa 130


Projeto de Pesquisa
Elaboração de um projeto provisório
• Tema
• Questão de pesquisa
• Delimitação do tema
• Revisão de literatura
• Justificativa
• Objetivo geral
• Objetivos específicos
• Metodologia
• Aspectos éticos
• Resultados Esperados (quando for o caso)
• Custos
• Cronograma de Execução

Metodologia de Pesquisa 131


Principais delineamentos de pesquisa
quantitativa em saúde

Revisões Sistemáticas

Ensaios clínicos randomizados

Estudos de Coorte

Estudos de caso controle

Estudos transversais

Estudos ecológicos

Metodologia de Pesquisa 132


Quem se beneficia da pesquisa?

• Para todos nós!!!

– Comunidade científica

– Profissionais de saúde

– População geral

Metodologia de Pesquisa 133


Toda a população beneficia com os avanços
da ciência?
• Iniquidades na produção e distribuição dos avanços da ciência

• Patologias negligenciadas: Doenças infecciosas (Por quê?)

• Tecnologias leves vs. Duras (SRO salva muitas vidas nos países
em desenvolvimento. Não deveria ser alvo de Prêmio Nobel?)

• Organização dos serviços de saúde (Basta ter tecnologia?)

Metodologia de Pesquisa 134


Metodologia de Pesquisa 135
Sucesso nas pesquisas e na leitura de artigos científicos

Assistência Pós-curso
armandocno@yahoo.com.br

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