Você está na página 1de 25

TEMA 8

Aspectos Éticos e Pesquisa em


Psicologia Clínica e da Saúde
Processo Seletivo do Edital n.º13/2019 PROEN UFMA
Áreas: Psicologia da Saúde e Psicologia Clínica
Candidato: Dr. Dannilo Jorge Escorcio Halabe
PLANO DE ENSINO
• DISCIPLINA
• Pesquisa em Psicologia I (5º período);
• EMENTA
• Pressupostos epistemológicos da pesquisa em Psicologia. Principais
modelos de pesquisa experimental, não-experimental e quasi-
experimental. A relação pesquisador x objeto de estudo. Alcance e
limitações dos resultados produzidos. Questões éticas: normas e
práxis.
PERFIL x RECURSOS x OBJ. CONHECIMENTO
• PERFIL
• C) Apto a produzir conhecimentos em Psicologia: a) em sentido
estrito, na elaboração de conhecimento novo para o campo da
Psicologia; b) em sentido amplo, processo de educação permanente.
• RECURSOS
• d) Planejar e executar pesquisas utilizando os meios de produção e
divulgação técnico-científicos:
• - Atuar de forma ética em todas as etapas da pesquisa.
• OBJETOS DE CONHECIMENTO
• OC5 – Ética em Pesquisa na Psicologia
PLANO DE AULA
• CONTEÚDO
• Normas de pesquisa com seres humanos no Brasil e no mundo;
• Aspectos éticos e pesquisa em psicologia clínica e da saúde;
• GERAL
• Apto a produzir conhecimentos em Psicologia: em sentido estrito, na
elaboração de conhecimento novo para o campo da Psicologia; e em
sentido amplo, processo de educação permanente.
• ESPECÍFICOS
• Planejar e executar pesquisas utilizando os meios de produção e divulgação
técnico-científicos;
• Atuar de forma ética em todas as etapas da pesquisa, conforme normas e
legislações relacionadas à psicologia e aos contextos de atuação;
Aspectos Éticos e Pesquisa em
Psicologia Clínica e da Saúde
ROTEIRO
1. Principais Conceitos
2. Histórico das Resoluções sobre Pesquisa com Seres Humanos
3. Resoluções do Conselho Nacional de Saúde (CNS)
4. Particularidades das Pesquisas em Psicologia
5. Indissociabilidade de Papéis na Psicologia da Saúde (Intervenção x
Pesquisa)
6. Incompatibilidade de Papéis na Psicologia Clínica (Intervenção x
Pesquisa)
7. A Pesquisa Clínica em Psicanálise
1. Principais Conceitos
• Ética
• Bioética
• Ética em Pesquisa
• Termo de Assentimento Livre e Esclarecido
• Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
• Psicologia da Saúde
• Psicologia Clínica
• Pesquisa Clínica
2. Histórico das Resoluções sobre Pesquisa
com Seres Humanos
• 1833 Código de Experimentação em Homens - William Beaumont
(EUA)
• 1947 Código de Nuremberg (Tribunal de Exceção)
• 1988 Pesquisa em Saúde - Resolução CNS 01/88 (Brasil)
• 1996 Pesquisa em Seres Humanos - Resolução CNS 196/96 (Brasil)
• 2012 Diretrizes e Normas Regulamentadoras de pesquisas
envolvendo seres humanos - Resolução CNS 466/2012 (Brasil)
• 2016 Normas aplicáveis a pesquisas em Ciências Humanas e Sociais
Resolução CNS 510/2016 (Brasil)
Código de Nuremberg (1947)
• Resultado do Tribunal de Exceção que julgou os crimes de guerra dos nazistas preso pós-
segunda guerra.
• Marco para constituição da Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU, 1948)
• Um tipo singular de crime em evidência: a de experiências de pesquisa, frequentemente
fatais, realizadas em prisioneiros de guerra.
• Princípios do Código
• 1. O consentimento voluntário do ser humano é absolutamente essencial. [...]
• 7. Devem ser tomados cuidados especiais para proteger o participante do experimento
de qualquer possibilidade de dano, invalidez ou morte, mesmo que remota.
• 9. O participante do experimento deve ter a liberdade de se retirar no decorrer do
experimento, se ele chegou a um estado físico ou mental no qual a continuação da
pesquisa lhe parecer impossível.
2. Histórico das Resoluções sobre Pesquisa
com Seres Humanos
• Pesquisas com Seres Humanos
• A discussão e a implementação de normas éticas na condução de
pesquisas com seres humanos fazem-se importante na sociedade:
• Formalização de diretrizes aos pesquisadores sobre como devem proceder;
• Respeito aos princípios da Autonomia, Não-Maleficência, Beneficência e
Justiça.
3. Resoluções do Conselho Nacional de Saúde
(CNS)
• No Brasil, o primeiro mecanismo regimental com o objetivo de
normatizar as pesquisas com humanos foi a Resolução 001/1988 do
Conselho Nacional de Saúde (CNS);
• Entre as normas do CNS, destaca-se:
• - Resolução 196/1996:
• - Resolução 466/2012:
• - Resolução 510/2016:
Resolução 196/1996
• A partir dela foram criados a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa
(CONEP) e os Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs);
Resolução 466/2012
• Contempla as pesquisas genéticas;
• Inaugura a Plataforma Brasil, base de dados nacional que concentra
informações e registros de pesquisas com humanos;
• Contempla majoritariamente as necessidades de pesquisa das áreas
biomédicas (modelo biocentrista de pesquisa);
• Orienta que o pesquisador deva sempre optar pela pesquisa com
indivíduos plenamente autônomos, ou seja, não vulneráveis.
Resolução 510/2016
• Equidade em número de membros tanto nas áreas biomédicas
quanto nas de ciências sociais e humanas em todos os CEP;
• Especificação de formas de pesquisa com população considerada
vulnerável (criança, adolescente e indivíduos impedidos de forma
temporário ou não de consentir com a pesquisa).
Avanços das Resoluções do CNS
• “No que a Resolução 510/2016 avança quanto à prática de pesquisas com
indivíduos em situação de autonomia reduzida?” (COSTA; LANDIM; BORSA,
2017).
• Exemplos:
• Pesquisa experimental sobre “bullying escolar” na qual foram delineados
dois grupos: um grupo experimental que se submete a um novo método de
intervenção terapêutica e outro grupo controle, o qual está em sofrimento
e não deverá receber o atendimento.
• Investigação sobre permanência de pensamentos suicida em indivíduos
que atentaram contra a própria vida e que não se encontram em
tratamento.
4. Particularidades das Pesquisas em
Psicologia
• A heterogeneidade epistemológica e empírica caracteriza o campo da
pesquisa em Psicologia;
• Não se limita às pesquisas do contexto acadêmico, pois na própria
essência da prática profissional, todo o psicólogo é, por si só, um
investigador (COSTA; LANDIM; BORSA, 2017).
5. Indissociabilidade de Papéis na Psicologia
da Saúde (Intervenção x Pesquisa)
• A Psicologia da Saúde possui uma lógica psicossocial inerente, atuando em
contextos de promoção da saúde, na prevenção de doenças e no
tratamento.
• Promover saúde significa educar, ou seja, instaurar na população
comportamentos que sejam realmente eficazes para a construção de uma
saúde ótima.
• As intervenções realizadas em Psicologia da Saúde (RAILDA, 2011) são:
• as ações que visam à diminuição da incidência das enfermidades são consideradas
prevenção primária;
• as que visam à diminuição da prevalência são prevenção secundária;
• e a diminuição de sequelas e complicações das enfermidades são prevenção terciária
5. Indissociabilidade de Papéis na Psicologia
da Saúde (Intervenção x Pesquisa)
• Intervenções da Psicologia da Saúde:
• Estudos epidemiológicos para a população;
• Intervenções desde o favorecimento da construção de estilos de vida
saudáveis, até no acompanhamento de pacientes que passam a enfrentar
uma nova realidade em consequência da sua doença.
• Possibilidade de conciliação entre pesquisa e intervenção.
• Cuidado com os aspectos éticos de pesquisa relacionados à garantia
de assentimento e consentimento, principalmente em estudos
multidisciplinares (Resolução CNS 510/2016).
• Observância da garantia de confidencialidade dos estudos.
6. Incompatibilidade de Papéis na Psicologia
Clínica (Intervenção x Pesquisa)
• A pesquisa clínica é uma técnica que situa-se entre a prática de
intervenção (terapêutica) e a pesquisa científica (D’ALLONNES, 2004);
• A psicologia clínica utiliza métodos da ciência psicológica para
composição do diagnóstico e intervenção em prol do bem-estar do
indivíduo (D’ALLONNES, 2004);
• A pesquisa clínica busca a observação, a descrição e a explicação dos
fenômenos da clínica, além da elaboração e validação das técnicas
utilizadas pelo clínico.
• Aponta-se uma incompatibilidade de papéis, em prejuízo da ética, se
o psicólogo tentar desenvolver os dois papéis simultaneamente.
6. Incompatibilidade de Papéis na Psicologia
Clínica (Intervenção x Pesquisa)
• Pontos sensíveis da Pesquisa Clínica
• Questão do sigilo estabelecido pelo Código de Ética do Psicólogo e pela
Resolução 510/2016 do CNS;
• Redução do foco no atendimento, em favor da pesquisa e detrimento da
terapia;
• Ênfase do sujeito de pesquisa nos resultados da terapia;
• Intercorrências negativas para a terapia, quando o paciente se torna um
estudo de caso:
• Fantasia de ser um “caso singular” ou não conseguir se aprofundar na terapia, com
receio de ser exposto fora da clínica.
7. A Pesquisa Clínica em Psicanálise
• A utilização da pesquisa clínica em psicanálise ainda apresenta outros
pontos negativos:
• Prejuízo da relação transferencial (associação livre e atenção flutuante);
• Maior possibilidade de contratransferência;
• A estratégia mais aconselhada seria apenas se debruçar para analisar
cientificamente os elementos do caso clínico, comparando-o com
outras presentes na literatura, após seu encerramento.
AVALIAÇÃO DO
CONHECIMENTO
Questão asserção-razão
I. Os aspectos éticos das pesquisas com seres humanos, a nível internacional,
garantem a autonomia do pesquisador sobre o sujeito de pesquisa, relacionam-se
com os Direitos Humanos
PORQUE
II. As primeiras normativas internacionais sobre os aspectos éticos das pesquisas
com seres humanos e a Declaração Universal de Direitos Humanos foram
influenciadas pelo Código de Nuremberg.
A. A primeira assertiva está correta e a segunda incorreta.
B. A primeira assertiva está incorreta e a segunda correta.
C. As duas assertivas estão incorretas.
D. As duas assertivas estão corretas, mas a segunda não justifica a primeira.
E. As duas assertivas estão corretas, sendo que a segunda justifica a primeira.
ENADE 2018
QUESTÃO DISCURSIVA 05
• A violência contra crianças e adolescentes acompanha a história humana, expressando-
se distintamente em cada cultura. Estudo sobre a violência domiciliar realizado em uma
metrópole brasileira constatou que um em cada quatro jovens, independentemente do
estrato social a que pertença, sofre violência física na família, desde tapas, bofetadas e
empurrões até formas mais lesivas de violência, como agressões com armas. Cerca de
1,1% dos jovens dos estratos alto e médio e 2,2% dos jovens de estratos populares
vivenciaram ameaça ou foram efetivamente agredidos com arma de fogo em suas
famílias (ASSIS, 2004).
• Considerando uma proposta de pesquisa sobre a violência doméstica contra crianças e
adolescentes, redija um projeto que contemple, coerentemente, os aspectos a seguir:
A. objetivo de pesquisa;
B. critérios de inclusão dos participantes da pesquisa e os procedimentos para coleta de
dados;
C. um cuidado ético na condução da pesquisa, considerando as diretrizes e normas
regulamentadoras de pesquisas que envolvam seres humanos.
ENADE 2018
QUESTÃO DISCURSIVA 05 – PADRÃO DE RESPOSTA
• Propor pesquisa que contemple também a intervenção terapêutica
no caso de sujeitos que vivenciaram a violência doméstica, conforme
Resolução CNS 510/2016, ou com sujeitos de pesquisa;
• Se convidar menores para a pesquisa (crianças e adolescentes),
apresentar termo de assentimento e termo consentimento (pais e
responsáveis) nos procedimentos de coleta de dados;
• Garantir a autonomia do sujeito de pesquisa, bem como sua proteção
contra os riscos da pesquisa.

Você também pode gostar