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O que é a avaliação

psicológica?
AULA 01
O QUE É A AVALIAÇÃO
PSICOLÓGICA?
• Avaliação psicológica é um processo complexo, porque
tem como objetivo produzir hipóteses diagnósticas
sobre uma pessoa ou grupo.
• Esta é a definição principal trazida por Hurtz, Bandeira e
Trentini (2016) em seu livro sobre psicometria.
• A principal tese dos autores é que a avaliação
psicológica está na base da atuação do psicólogo em
diversas áreas. Assim, nenhum profissional deve
começar um procedimento com pessoas ou grupos, sem
ter lançado mão de uma avaliação psicológica que lhe
confira um diagnóstico inicial.
O QUE É A AVALIAÇÃO
PSICOLÓGICA?
• Para a realização desta avaliação psicológica, é
importante desvencilhar-se do senso comum, que atribui
as questões psicológicas um corpo único, fazendo com
que comumente as expressões “problemas psicológicos”
ou “o psicológico está ruim” tenham alguma aceitação.
• Para o profissional de psicologia, é necessário entender
que existem muitos processos psicológicos atuando ao
mesmo tempo na vida psíquica de um indivíduo e o
trabalho de avaliação é justamente realizar um exame
minucioso destes processos, que são: a personalidade, a
atenção, a inteligência, a memória, a percepção etc.
O QUE É A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA?

• É preciso enfatizar que avaliação psicológica não é o mesmo


que testagem psicológica, sendo esta última uma etapa não
obrigatória da primeira.
• Ou seja, nem todos os processos de avaliação psicológica
utilizarão testes psicológicos, é possível utilizar-se de outros
métodos, como a entrevista, para a avaliação psicológica.
• No entanto, o campo da testagem psicológica é, no Brasil, de
competência do psicólogo, havendo todo um sistema de
validação destes testes o SATEPSI, de competência do
Conselho Federal de Psicologia (CFP).
O que são os testes
psicológicos?
• São instrumentos padronizados que avaliam
constructos que não podem ser observados
diretamente (HURTZ, BANDEIRA, TRENTINI,
2016).
• Essa definição dos autores precisa de algumas
elucidações.
• Primeiramente, a noção de avaliação possui um
respaldo na psicometria, uma área bem
desenvolvida na psicologia, que utiliza recursos
da estatística, para dar condições para uma
avaliação quantitativa dos constructos
avaliados.
O que são os testes
psicológicos?
• A noção de constructos, vem da noção
psicométrica de se categorizar as
variáveis que estão sendo estudadas.
• Logo, se na psiquê existe uma
interrelação entre estes elementos, é
preciso determinar, com maior precisão
a delimitação da variável que está sendo
estudada, por isso, o constructo é
definido como uma construção
puramente mental, criada a partir de
elementos mais simples, para ser parte
de uma teoria.
O que são os testes psicológicos?

• Sobre os testes psicológicos, Urbina (2014) produz uma definição


mais precisa ao dizer que o teste psicológico é um procedimento
sistemático para coletar amostras de comportamento relevantes
para o funcionamento cognitivo, afetivo ou interpessoal e para
pontuar e avaliar essas amostras de acordo com normas.
• Destaca-se a concepção de normas nesta definição, porque estas
padronizações garantem que os resultados possam ser comparados.
• Assim, um teste clássico de inteligência, tem uma padronização que
permite comparar o resultado individual com uma determinada
população.
O que são os testes psicológicos?
• Um aluno do ensino médio que é encaminhado para a avaliação psicológica
por estar com um baixo desempenho, pode ser avaliado utilizando-se uma
testagem psicológica da inteligência, produzindo um resultado comparado na
faixa de percentil 69, o que indica que seu escore é superior a 68% das
pessoas que realizaram aquele teste.
• Por si só, a testagem não resolve a demanda deste aluno, mas o psicólogo
poderá afirmar que a inteligência não é o fator que está causando o mau
desempenho, sendo necessário continuar na avaliação psicológica, para além
da testagem, para diagnosticar quais outros fatores (pessoais ou familiares)
podem estar interferindo.
O que são os testes psicológicos?
• Como vimos, os testes psicológicos possuem normas que estarão
descritas no manual do instrumento, passando pela conceituação do
constructo avaliado, fundamentação psicológica para aquela
definição, público-alvo (idade, escolarização etc.), até as tabelas de
escores padronizadas.
• Distinguem-se destes elementos, a fundamentação apresentada para
o teste que permita o profissional psicólogo entender qual ponto de
corte será escolhido naquela testagem.
O que são os testes psicológicos?
• Assim, ao aplicar os testes no contexto das organizações para
seleção de candidatos, a modificação de um ponto de corte
para outro superior, permitirá selecionar uma porcentagem
menor de candidatos que atingiram aquela pontuação.
• Em casos clínicos, é preciso determinar com auxílio da
literatura especializada, qual ponto de corte definir, porque
assim diminui a possibilidade de o teste gerar falso-positivos
ou falsos-negativos na determinação daquele transtorno.
O que são os testes psicológicos?
• O Conselho Federal de Psicologia (CFP) mantém um controle sobre os
testes psicológicos utilizados no Brasil, garantindo que eles atendam a
princípios básicos de validade e fidedignidade.
• Assim, os testes são fundamentais no processo de avaliação psicológica
por serem instrumentos objetivos que oferecem informações preciosas
sobre indivíduos.
• Entretanto, eles devem ser usados de forma adequada, ou seja, não se
deve produzir um diagnóstico com base apenas no resultado de um teste
ou mesmo nos resultados de uma bateria (conjunto) de testes.
• É preciso contextualizar a informação que se obtém dos testes com
outros métodos da avaliação psicológica.
OUTROS MÉTODOS E TÉCNICAS DE
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
Uma entrevista pode ser feita com
diferentes finalidades e com vários
objetivos.
É um procedimento complexo que
Entrevista requer treinamento especializado.

Entrevistas podem ser


estruturadas, semiestruturadas ou
informais (não estruturadas).
Entrevista
• As primeiras seguem um roteiro muito preciso, em que o
entrevistador dispõe de um conjunto de perguntas que devem ser
feitas.
• Esse roteiro é organizado com o objetivo de colher dados específicos
que permitam gerar hipóteses diagnosticas ou produzir comparações
entre todas as pessoas entrevistadas.
• O entrevistador geralmente faz anotações ao longo da entrevista.
• As questões e as perguntas feitas não costumam requerer respostas
longas e, por isso, em geral não são gravadas.
Entrevista Semiestruturada
• Entrevistas semiestruturadas, como o nome diz, também têm um
roteiro e um conjunto básico de questões, mas o entrevistador não
fica totalmente preso a esse roteiro e, em função das respostas, pode
conduzir a entrevista para outros rumos e explorar com mais
profundidade informações que o entrevistado traz.
• Contudo, há alguns tópicos que devem ser abordados ao longo da
entrevista.
• O desvio para outros temas é feito com o objetivo de entender
melhor o entrevistado e colher mais informações.
• Em geral, esse tipo de entrevista deve ser gravado.
Entrevistas informais
• Entrevistas informais, ou não estruturadas, não têm um roteiro
preestabelecido, embora o entrevistador geralmente tenha algumas
questões que deseje explorar.
• Ele ouve o entrevistado e, em função do conteúdo de sua fala, faz
perguntas ou observações.
• A principal vantagem das entrevistas não estruturadas é a possibilidade
que o entrevistador tem de descobrir novas informações ou de explorar
um tópico de forma mais aprofundada.
• A desvantagem é o tempo necessário para realizar esse procedimento.
• Entrevistas não estruturadas podem demandar um tempo muito mais
longo e devem sempre ser gravadas.
Entrevistas
• A decisão sobre que tipo de entrevista utilizar no contexto da
avaliação psicológica, tem relação com o objetivo da pesquisa e com a
abordagem utilizada pelo próprio psicólogo.
• Para uma entrevista inicial, com um cliente que procura atendimento
pela primeira vez em uma clínica ou consultório, geralmente são
usadas entrevistas não estruturadas, apesar de algumas clínicas
terem roteiros para entrevistas semiestruturadas.
• Esse aspecto tem relação com o não conhecimento prévio da
demanda trazida pelo cliente e os objetivos de acolhimento da
demanda trazida, sem especificar ainda algum aspecto específico,
como o lazer, o trabalho, os relacionamentos etc.
Contextos das entrevistas
• As entrevistas de seleção de pessoal tendem a ser estruturadas ou
semiestruturadas, dada sua natureza de permitir a comparação entre
os candidatos em quesitos relevantes àquele cargo.
• Entrevistas clínicas ou de acompanhamento podem variar de
estruturadas a não estruturadas, dependendo de seus objetivos
específicos e da formação do entrevistador.
• Há literatura substancial nessa área, e não existe realmente consenso
sobre que tipo de entrevista é melhor para cada finalidade.
• Provavelmente, a maioria dos clínicos prefira entrevistas estruturadas
ou semiestruturadas para fazer diagnósticos.
Embora a entrevista seja
fundamentalmente um processo
de interação verbal, é importante
observar atentamente o
entrevistado.

Gestos, expressão facial, tom de


Entrevistas voz, silêncios e hesitações podem
trazer informações importantes.

O entrevistador deve ser treinado


para fazer essas observações,
não importa qual tipo de
entrevista esteja sendo feito.
Entrevistas
• Manuais como o DSM 5 (APA, 2013) possuem entrevistas clínica
estruturadas para a realização do diagnóstico e precisam de um
treinamento específico para serem realizadas.
• Apesar de no Brasil qualquer profissional graduado em psicologia,
registrado no conselho regional, ter a possibilidade de atuar como
clínico ou utilizar testes e avaliações psicológicas em outros contextos,
o Código de Ética do Profissional Psicólogo adverte a necessidade da
formação e conhecimento dos métodos e técnicas utilizados.
• É importante notar que essas entrevistas para fins diagnósticos
requerem extenso treinamento e que somente devem ser realizadas
por especialistas na área.
Observação
• Outra técnica muito utilizada,
principalmente em consonância com
outras técnicas, é a observação.
• A observação é um método que gera
muitas informações, em maior ou
menor escala, e quase sempre está
presente nos processos de avaliação
psicológica, especialmente quando essa
avaliação é individual, embora também
possa ser utilizada com grupos.
Observação
Durante a avaliação psicológica ou na aplicação de um teste, o psicólogo deve prestar
atenção ao comportamento do indivíduo que responde ao instrumento.

O respondente está prestando atenção à tarefa? Ou está pensativo, olhando para cima ou
para os lados? O respondente faz comentários?

Enfim, são detalhes que, embora não sejam utilizados na pontuação do instrumento,
permitem algumas inferências sobre a atitude com relação à testagem, sobre o estado de
ânimo do testando, e podem auxiliar na interpretação dos resultados.
Nas entrevistas, como mencionado anteriormente, a observação é muito importante.

Há toda uma comunicação não verbal que precisa ser anotada e levada em consideração.
Observação
A observação geralmente é utilizada em ambientes escolares, em hospitais,
clínicas e, também, em residências ou mesmo em laboratórios, para
examinar comportamentos de crianças e interações de pais com seus filhos.

Em algumas situações, a observação não pode ser substituída de forma


adequada por testes ou entrevistas e deve necessariamente ser empregada.

A observação pode envolver muitas técnicas e, como todas as práticas de


avaliação psicológica, requer treinamento e preparação.

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