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INTERDISCIPLINAR
EM ESTUDOS DE LINGUAGEM
A translinguagem no ensino de uma língua de herança: Proposta
metodológica para contextos de línguas em contato
Resumo: A l ngua de herança a l ngua falada no mbito familiar em um territ rio onde a
l ngua majorit ria distinta. Sua did tica complexa e din mica, pois associa elementos
como l ngua, cultura e identidade. Por esta raz o, as diretrizes para o trabalho com a l ngua
de herança devem ser lex veis e pass veis de adaptaç o aos diferentes contextos de ensino.
Este artigo apresenta uma proposta metodol gica para o ensino do portugu s como l ngua de
herança com base na Translinguagem. A Translinguagem uma teoria lingu stica
contempor nea, que considera os diferentes repert rios lingu sticos e culturais dos alunos. A
proposta est fundamentada em estudos pr vios sobre o uso da Translinguagem em
diferentes n veis educativos e est dirigida aos docentes, atrav s de perguntas geradores e
estrat gias em tr s dimens es: contextual, metodol gica e de materiais.
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Introdução
A l ngua de herança a l ngua familiar que se converte em “de herança” por estar em
um territ rio onde a l ngua majorit ria distinta (VALD S, 2001, POLINSKY E SCONTRAS,
2020). Os estudos sobre o portugu s como l ngua de herança se situam em contextos de
l nguas em contato e procuram compreender como as pol ticas lingu sticas, os aspectos
relativos aquisiç o pluril ngue e a inter-relaç o entre os elementos curriculares podem
contribuir no desenvolvimento de uma did tica espec ica nesta modalidade.
Neste sentido, a did tica para a l ngua de herança pode ser situada em um marco
sociolingu stico, quando pensamos na gama de l nguas e culturas que s o parte da identidade
de um falante de herança. A esta especi icidade soma-se a heterogeneidade de per is e
necessidades educativas. Portanto, estudos sobre a did tica do portugu s como l ngua de
herança apontam para a necessidade de contemplar estrat gias lex veis e que considerem
todo o repert rio lingu stico e cultural dos indiv duos (MENDES, 2012, AZEVEDO-GOMES,
2017, LIRA SANTOS, 2020).
A translinguagem (GARC A & WEI, 2014, WEI, 2018) apresenta-se como teoria
lingu stica pr tica, que compreende a complexidade dos repert rios lingu sticos e culturais de
um indiv duo bi ou pluril ngue e tem a preocupaç o de conhecer como este comunica seus
pensamentos com base em suas pr ticas de comunicaç o.
O artigo inicia com um breve hist rico sobre o movimento da l ngua de herança e do
portugu s de variante brasileira como l ngua de herança. Em um segundo momento, re lete
sobre a teoria da translinguagem, seus fundamentos e possibilidades pedag gicas. Por im,
apresenta uma proposta metodol gica estruturada para a aplicaç o da translinguagem nas
aulas de portuimgu s como l ngua de herança, em contextos formais ou n o formais.
Neste trabalho, compartilham-se as vantagens do trabalho com as translinguagem, com
o pressuposto de que esta uma opç o did tica que se ajusta s singularidades dos falantes
de herança e oferece ao professor a possibilidade de problematizar de forma signi icativa os
conhecimentos pr vios dos estudantes na promoç o da l ngua portuguesa.
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2 Termo utilizado para referir-se dispers o de um povo. Neste contexto, se refere ao ensino de portugu s em
pa ses n o luso falantes. (https://www.diasporalusa.pt/lingua-portuguesa/)
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de formar a falantes de herança. Isto porque esta compet ncia fomenta o desenvolvimento da
consci ncia sobre as l nguas e a comunicaç o, al m de ser “[...] uma compet ncia complexa e
comp sita ao serviço das necessidades e objetivos comunicativos de cada falante” (MELO-
PFEIFER & ARA JO E S (2017, p.114). Neste sentido, Andrade & Ara jo & S (2007)
complementam que o desenvolvimento da compet ncia pluril ngue e a valorizaç o da
diversidade passam obrigatoriamente pela viv ncia de distintas e novas pr ticas
comunicativas. Para isso, as autoras destacam que as aulas destacam dois princ pios que
devem ser considerados dentro da did tica pluril ngue: a valorizaç o das l nguas e dos
contatos lingu sticos e culturais em todos os contextos de comunicaç o e o desenvolvimento
da capacidade de analisar criticamente os status e funç es dos idiomas presentes na realidade
dos indiv duos.
Para compreender como ocorre a aquisiç o da linguagem em contextos de l nguas em
contato, recorremos aos pressupostos do plurilinguismo. Flores e Melo Pfeiffer (2014, p.19)
a irmam que: “[...] estudos aquisitivos na l ngua de herança consistem sobretudo em perceber
de que forma a exposiç o a uma l ngua em contexto multil ngue in luencia o
seu desenvolvimento, isto , a construç o do saber lingu stico em todos os seus dom nios
(fon tico-fonol gico, morfossint tico, sem ntico, lexical, pragm tico)”.
Com base nesses fundamentos, rati ica-se que no mbito da l ngua de herança
imperativo l ngua de herança exige que se considerem as especi icidades dos indiv duos,
falantes de herança, para plani icar uma did tica espec ica.
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Legitimando essas raz es, a investigaç o realizada por Flores et al (2013) transforma a
teorizaç o em propostas de pr ticas transl ngues para v rios n veis educativos. Dentro desse
estudo, destacam-se alguns elementos orientadores: Em primeiro lugar, a ecologia
multil ngue, que se refere criaç o de um ambiente que naturalmente promova o
multilinguismo, mas que seja um ambiente culturalmente relevante, onde os sujeitos bil ngues
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possam sentir-se realmente identi icados em sua diversidade. Em segundo lugar, a Instruç o
essencial se refere criaç o de objetivos lingu sticos multil ngues e instruç o integrada em
v rios idiomas. Em terceiro, se destaca o trabalho colaborativo, com o qual poss vel aplicar
uma s rie de estrat gias para a melhora das habilidades de fala e escuta, tanto na l ngua de
casa, como na l ngua local. Por im, os Recursos e materiais para a translinguagem promovem
estrat gias que nascem da re lex o sobre como poss vel utilizar, adaptar e criar materiais e
recursos que fomentem a consci ncia por todo repert rio lingu stico e cultural dos alunos.
Uma das cr ticas da translinguagem sobre as l nguas de herança (FLORES et al, 2016)
a vis o de que a l ngua recebida e, consequentemente, est tica, contrariando a concepç o de
repert rios lingu sticos vivos e din micos, patrim nio de cada falante de herança. No entanto,
trabalhar com translinguagem em uma aula de l ngua de herança n o decis o simples, uma
vez que a priori, este conceito est fundado no rompimento do conceito de idiomas e das
hierarquias lingu sticas (GARC A & OTHEGUY, 2019).
No ensino de uma l ngua minorit ria, romper com a concepç o de priorizar uma l ngua,
n o tarefa f cil. necess rio saber como integrar o repert rio completo dos falantes de
herança na sala de aula, concedendo o espaço necess rio para o desenvolvimento da l ngua
minorit ria, de herança. uma transformaç o da vis o digl ssica para uma vis o
heterogl ssica (LEWIS, JONES & BAKER, 2012) compreendendo que as l nguas conversam
entre si em casa, nas ruas, na escola e nas aulas de l ngua de herança tamb m.
As translinguagens na l ngua de herança foram pesquisadas dentro e fora do contexto
de aula. Abourehab & Azaz (2020), em uma pesquisa com o rabe como l ngua de herança,
defendem que a utilizaç o da translinguagem favorece a negociaç o de signi icados na
comunicaç o e na construç o da identidade, legitimando seus repert rios. Wu & Leung (2020)
trazem uma importante re lex o sobre o papel do professor na promoç o das pr ticas
transl ngues, permitindo a entrada de diferentes dialetos chineses para a aula de mandarim. A
partir dessa estrat gia, os falantes de herança foram capazes de criar textos escritos bil ngues,
al m de desenvolver estrat gias de traduç o entre colegas. Pacheco & Miller (2016) trazem a
experi ncia de utilizar a l ngua de herança para o processo de alfabetizaç o na l ngua local e
defendem as pr ticas de translinguagens como favorecedoras para a utilizaç o do repert rio
completo e para a criaç o de signi icados nas aulas.
No mbito extraescolar, Song (2016) demonstra em um estudo com coreanos vivendo
nos Estados Unidos, que o fato da fam lia reconhecer e acolher os idiomas presentes da vida
das crianças, utilizando-os de forma lex vel no mbito familiar, ajudou a ampliar o
vocabul rio lingu stico na sua l ngua de herança. Com respeito s pr ticas transl ngues, Zhao
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& Flewiit (2020) ressaltam o valor das redes sociais para enriquecer as oportunidades dessas
pr ticas emergentes de translinguagem entre crianças pluril ngues, residentes em Londres
com ascend ncia chinesa e portuguesa. Moreno & Garc a (2018) a irmam que a
translinguagem deveria ser utilizada de forma mais abrangente, considerando n o somente os
recursos lingu sticos, mas tamb m as aç es suportadas pelo uso da tecnologia, que s o parte
do repert rio semi tico dos indiv duos.
Ao plani icar uma proposta metodol gica pautada na translinguagem para o ensino do
portugu s em contexto de di spora, se utilizar o os fundamentos do Guia de CUNY – NYSIEB
(FLORES et al, 2013), resultado de uma investigaç o sobre estudos de linguagem em
sociedades urbanas, da Universidade de New York. Neste guia, apresentam-se pr ticas de
translinguagem aplic veis a contextos de educaç o prim ria, secund ria e universit ria.
Em um primeiro momento, a proposta para o uso da translinguagem no ensino do
portugu s como l ngua de herança est estruturada em tr s dimens es, que se sistematizar o
em uma proposta tem tica, seguida de perguntas geradoras aos docentes e de exemplos de
estrat gias para serem utilizadas nas aulas de portugu s como l ngua de herança.
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Dimensões P e r g u n t a s g e r a d o r a s a o s Estratégias
docentes
Ecologia multil ngue 1. Como criar uma aula com um a). Realizar um estudo da comunidade.
a m b i e n t e q u e re c o n h e ç a e
promova as l nguas e culturas dos b). Criar um ambiente culturalmente
falantes de herança? relevante.
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Trabalho 3.Como plani icar um trabalho c). Trabalho multil ngue colaborativo
colaborativo colaborativo onde os falantes de
h e r a n ç a p o s s a m u t i l i z a r d). Duplas de leitura multil ngues
conscientemente seus diferentes
idiomas nas aulas de l ngua de e). Duplas de redaç o multil ngues
herança?
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utilizar os idiomas que j conhecem para aprofundar determinado conceito que n o est claro
etc. O trabalho do professor conduzir as propostas e trabalhar por observaç o sistem tica,
analisando os pontos onde pode explorar a l ngua portuguesa e reelaborar suas intervenç es
de forma personalizada. Importante ressaltar que n o necessariamente obrigat rio
trabalhar com textos escritos e alunos alfabetizados. poss vel oferecer diferentes g neros
textuais e inclusive sem texto para que os alunos possam interpretar e criar sua pr pria
hist ria.
e) Duplas de redação multilíngues: na mesma abordagem das duplas de leitura, as
duplas de redaç o est o dirigidas a crianças j alfabetizadas e/ou fase de desenvolvimento da
escrita. Neste caso, poss vel trabalhar a partir dos idiomas locais e/ou da l ngua portuguesa
e propor uma s rie de atividade que se desenlaçam da proposta de escrita: ampliaç o de texto,
resumo, traduç o, textos mistos (em mais de um idioma), etc. O prop sito favorecer um
espaço de construç o de conhecimentos na l ngua portuguesa, utilizando como base todo o
repert rio lingu stico dos alunos. Neste caso, cabe ao professor unir as duplas de acordo com
seu per il e realizar as intervenç es que considere pertinentes para ajudar aos alunos a
avançarem nos conhecimentos da l ngua portuguesa. uma proposta democr tica, onde os
alunos poder o escolher entre v rias estrat gias de aprendizagem, a melhor maneira de
realizar a atividade.
f) Utilização de textos multilíngues: conforme os preceitos da translinguagem, o
trabalho com textos multil ngues possui como im m ximo o desenvolvimento da consci ncia
lingu stica por parte dos alunos sobre seus conhecimentos em todos os idiomas que conhece.
Trata-se de uma estrat gia de valorizar a heterogeneidade presente na vida desses alunos e as
compet ncias variadas que apresentam em portugu s e em outros idiomas (MORONI, 2020).
Al m disso, uma estrat gia que colabora no desenvolvimento da autorregulaç o3,
importante na construç o da identidade do indiv duo. Devem ser utilizados uma ampla
variedade de g neros textuais e a aplicaç o da estrat gia pode ser realizada individualmente
ou em grupo.
g) Criação de dicionários ilustrados multilíngues: no mbito da adaptaç o e elaboraç o
de materiais aut nticos, a criaç o de um dicion rio multil ngue ilustrado uma estrat gia a
ser realizada tamb m de forma colaborativa. Neste caso, os pr prios alunos ir o produzir o
dicion rio, com base nos conte dos trabalhados em aula, seus interesses, conhecimentos etc.
Se considera de especial utilidade conceder liberdade aos alunos para que possam escolher as
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Considerações inais
4 A utilizaç
o da estrutura morfossint tica de l nguas aprendidas no mbito formal para a aprendizagem de
portugu s foi comprovada nos estudos de Azevedo-Gomes (2017), onde as l nguas espanhola e catal serviam
como base para a compreens o da estrutura morfossint tica da l ngua portuguesa.
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particularizaç o das estrat gias did ticas em funç o das singularidades do grupo.
fundamental o reconhecimento que o portugu s na modalidade de herança, n o caminha
sozinho. O portugu s, neste contexto, vive um encontro permanente com outros idiomas e
inclusive, com outras variantes da l ngua portuguesa.
Este artigo traz a translinguagem como uma proposta metodol gica contempor nea,
vinculada ao paradigma p s-estruturalista, que reconhece a complexidade na construç o da
identidade e da compet ncia comunicativa em indiv duos que crescem entre dois ou mais
idiomas e culturas. A proposta, criada com base nos fundamentos do ensino de uma l ngua de
herança, tem o objetivo de facilitar ao professor de portugu s um caminho para trabalhar com
seus alunos, valorizando os demais idiomas e culturas que permeiam seu cotidiano.
O uso da translinguagem favorece o desenvolvimento da consci ncia metacognitiva do
estudante, Al m disso, cria um espaço de construç o dial gica, onde o professor apenas o
condutor das estrat gias, no entanto, s o os alunos os respons veis pelo produto inal, que
sempre ser aut ntico e original. O trabalho com a translinguagem favorece o envolvimento
dos alunos atrav s da motivaç o, uma vez que sempre conceder um espaço para a criaç o
individual e coletiva.
Com base na produç o dos alunos, o professor tamb m recebe subs dios para seguir
plani icando sua pr tica no ensino do portugu s como l ngua de herança, em um processo
espiral de an lise diagn stica e melhoria cont nua. Neste caso, nos referimos utilizaç o da
translinguagem como metodologia democr tica, criativa e sistem tica. A proposta tamb m
suscita algumas quest es, a serem respondidas em estudos futuros. Como formar um
professor de portugu s como l ngua de herança para trabalhar com a translinguagem? Como
conceder espaço su iciente para o desenvolvimento dos conhecimentos da l ngua portuguesa
utilizando os demais idiomas? Qual a melhor maneira de avaliar os novos conhecimentos
constru dos com base nessas estrat gias?
Independentemente das respostas que encontraremos, a translinguagem a teoria e a
metodologia que permite a viv ncia aut ntica na l ngua portuguesa em todas suas variantes e
culturas em um espaço de construç o din mica e signi icativa.
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