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Podcast
Disciplina: Ética e responsabilidade profissional
Título do tema: Entidade de classe e o código de ética
profissional
Autoria: Alberto Carneiro Barbosa de Souza
Leitura crítica: Juliana dos Santos Corbett

Olá, ouvinte! No podcast de hoje vamos conversar sobre questões éticas da


pesquisa em psicologia!

Os princípios éticos da prática de pesquisa tanto acadêmica quanto


comunitária objetivam preservar os direitos dos participantes e do próprio
psicólogo. Hoje em dia a observação das normas éticas em pesquisa são um
dos pontos mais importantes no processo de pesquisa em psicologia, mas nem
sempre foi assim. Até meados do século XX as regras éticas para pesquisa,
apesar de existirem, eram bastante maleáveis, mas após graves erros
cometidos por equipes de pesquisa mesmo em grandes universidades, decidiu-
se unificar as regras éticas para a investigação em psicologia em nível
internacional, ou seja, independente do lugar do mundo onde o psicólogo
realize sua pesquisa, as mesmas regras devem ser seguidas, sendo estas
reguladas pelos conselhos regionais.

No Brasil, as normas éticas para pesquisas em psicologia que incluam seres


humanos é regulada através das Diretrizes e Normas Regulamentadoras de
Pesquisas Com Seres Humanos elaboradas pelo do Conselho Nacional de
Saúde através da Resolução CNS 196/96. Entre as principais clausulas, temos
a obrigação de um documento escrito no qual conste o chamado Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), no qual o entrevistado e o
psicólogo devem assinar, concordando com os termos da pesquisa. Portanto, o
participante saberá todos os passos e procedimentos da investigação antes de
assinar o TCLE, assim como conhecerá seu direito de abandonar o processo a
qualquer tempo e requisitar a destruição de todo material onde conste sua voz,
imagem ou escrita própria.

O grande desafio do TCLE imposto aos pesquisadores se faz presente quando


a pesquisa acontece com grupos que não têm a capacidade de compreender
tais direitos ou adolescentes de 16 anos, pois o CCB (Código Civil Brasileiro)
não os considera capazes de responder por si mesmo em documentos legais.
Sendo está uma discussão ainda em aberto, no caso de adolescentes com
idade inferior a 16 anos normalmente se recorre ao consentimento do
responsável legal e termo de assentimento livre e esclarecido. Porém, em
outros casos, tais como pessoas com deficiência grave comprometimento
mental sem responsável legal constituído, ainda carecemos de uma resolução
ética definitiva. Muitas vezes recorre-se à instituição na qual o sujeito está
ligado, mas nem todas concordam com a participação destes em pesquisas.
Outra questão ética importante se refere a estudos longitudinais, ou seja, se
longa ou longuíssima duração. Estas pesquisas podem duram meses, anos ou
até mesmo décadas, onde a equipe de pesquisadores irá acompanhar o
desenvolvimento dos participantes ao longo do tempo. Pesquisas comuns
nesta categoria são as realizadas, por exemplo, com populações carcerárias,
acompanhando o sujeito durante sua estada na prisão (em totalidade ou parte
dela) e após sua saída, com o objetivo de analisar a adaptabilidade do
indivíduo à sociedade após cumprir pena em regime fechado. Outra
possibilidade é a pesquisa com pessoas acometidas com enfermidades graves,
onde o pesquisador ou a equipe acompanhará o paciente por alguns meses ou
anos a fim de compreender os impactos psicológicos da enfermidade no
participante.

Nestes casos, o dilema ético se apresenta no sentido de saber de devemos


comunicar o participante ao longo da pesquisa se houver mudanças
significativas ou somente ao fim do estudo. A devolução durante a pesquisa
seria capaz de afetar os resultados, já que um sujeito em situação similar não
terá tal privilégio? Em contrapartida, ao perceber mudanças importantes que
possam indicar prejuízo ao participante, seria dever ético do psicólogo de fazer
uma devolução, mesmo este estando no papel de pesquisador e não de
clínico?

Por fim, ao término da pesquisa, o psicólogo possui obrigação ética de se botar


a disposição para encaminhar o participante a um colega seu, caso este sinta
necessidade. Este foi nosso podcast de hoje! Até a próxima!

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