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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL

CURSO DE PSICOLOGIA

DISCIPLINA: Psicologia: Ciência e Profissão

ACADÊMICA: Márcia do Nascimento Gaier

A DEVOLUÇÃO DE AVALIAÇÕES DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM


ESTUDOS LONGITUDINAIS

● Os estudos de caráter longitudinais permitem que a amostra dos participantes


seja acompanhada por um determinado período de tempo, assim processos
desenvolvimentais podem ser acompanhados à medida que evoluem.
● Além dos desafios de caráter metodológicos e operacionais, questões e
dilemas éticos particulares podem ser suscitados neste delineamento de
pesquisa, pois muitos estudos longitudinais têm o objetivo de investigar
fenômenos da psicopatologia e do desenvolvimento atípico.
● Ao selecionar a amostra considerada de risco para o desenvolvimento de
determinado fenômeno ou processo desenvolvimental, surge o primeiro
dilema ético: Os participantes do estudo devem receber a devolução da
avaliação que indicou a presença do padrão atípico? Eles devem ser
alertados sobre os prejuízos que tal fenômeno pode acarretar?
● Como abordar o encaminhamento para algum tipo de tratamento sabendo
que a intervenção pode inviabilizar a continuidade do estudo longitudinal na
medida que o tratamento pode fazer com que o fenômeno desapareça ou se
modifique.
● As autoras Dessen, Avelar e Dias (1998) defendem a possibilidade de fazer a
devolução só após a conclusão da pesquisa e sugerem que se faça
entrevistas individuais para falar sobre sua experiência no estudo sem que o
pesquisador revele os resultados da pesquisa.
● Por outro lado os princípios éticos para pesquisa com crianças preconizam a
não retenção de informações que possam colocar em risco o
desenvolvimento e o bem-estar da criança.
● Outra questão importante é a forma de como fazer tal devolução, não há
diretrizes claras na literatura, uma possibilidade é de que o pesquisador além
de informar os resultados, e apontar a necessidade e os benefícios do
tratamento esteja disponível para conversar em grupo e individual prestando
esclarecimentos.
● A condição de aflição e desamparo gerada nos pais pode se tornar mais
angustiante nas populações de baixa renda, que geralmente dispõem de
pouca informação e recursos emocionais mais precários para lidar com o
problema, além de pouco acesso a serviços de atenção à saúde de
qualidade.
● Nesses casos, o pesquisador deveria dispor de uma lista de serviços gratuitos
ou com valores acessíveis, manter contato telefônico ou disponibilizar
atendimento psicológico pelos membros da equipe.

Considerações finais

O objetivo do presente estudo foi discutir alguns dilemas éticos da pesquisa


em Psicologia do desenvolvimento, concluindo que para alguns dilemas ainda não
há soluções ou respostas satisfatórias, sendo necessário o bom senso pautado na
legislação vigente e na prática em pesquisa.
O mais importante é que a atitude de reflexão e questionamento ético esteja
sempre presente na concepção de nossas pesquisas, a partir de uma postura crítica,
reflexiva e comprometida com questões polêmicas e de difícil manejo que venham a
surgir.

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