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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP


Instituto de Ciência Humanas
Curso de Psicologia

IDELI S. R. STORK – RA F10DHC7

FICHAMENTO BIBLIOGRÁFICO
Éticas nas pesquisas em ciências humanas e sociais na saúde:
Cap II: Aspectos éticos nas pesquisas qualitativas.

Campus Chácara Santo Antônio


São Paulo – 2022
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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP


Instituto de Ciência Humanas
Curso de Psicologia

IDELI S. R. STORK – RA F10DHC7

FICHAMENTO BIBLIOGRÁFICO
Éticas nas pesquisas em ciências humanas e sociais na saúde:
Cap II: Aspectos éticos nas pesquisas qualitativas.

Trabalho apresentado à disciplina


de Temáticas de Pesquisas em
Psicologia, sob a orientação do
professor. Gustavo

Campus Chácara Santo Antônio


São Paulo – 2022
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FICHAMENTO BIBLIOGRÁFICO
Aspectos éticos nas pesquisas qualitativas

Método e ética convergem na pesquisa participante em que um dos intentos é


perceber, abrigar e pôr em discussão diferenças, principalmente entre pesquisador e
colaborador ou interlocutor e, ainda, orquestrar certa pluralidade de vozes, sem que
diferenças consolidem posições hierárquicas, valorizadas em termos de mais e de
melhor.

Os elementos que sugerem ou suscitam o conceito de ética como morada ou modo


de habitar o mundo e, mais particularmente, o mundo da produção do conhecimento
na área da saúde, mostram a concepção de ética como morada não se apresenta
como antídoto para os efeitos políticos e ideológicos produzidos na pesquisa, mas, ao
contrário, como consideração destes efeitos no âmbito das escolhas e
responsabilidades do pesquisador. As conexões entre ética, política e ideologia são,
portanto, um primeiro aspecto a apreender com e pesquisa qualitativa de tipo
participante. A ética reporta, exatamente, ao modo de lidar, tematizar e agir no interior
dessas relações, quase sempre, de partida, assimétricas e hierárquicas.

Por essa razão, o sujeito autônomo problematiza os valores hegemônicos num tempo
e lugar, julgando-os a certa distância da coação externa: autonomia é
autodeterminação.

A estreita afinidade entre ética e autonomia faz pensar que a ética da pesquisa
participante requer pesquisadores autônomos, com aptidão para assumir
responsabilidade por seus atos na condução das investigações, julgar suas intenções
e recusar a violência física ou simbólica contra si e contra os outros.

O tema da autonomia remete a um problema essencial do debate sobre ética em


pesquisa, especialmente a partir da vigência da Resolução 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde que, construída para regrar procedimentos de pesquisa médica,
passou a interferir numa vasta área de investigações em ciências sociais e humanas
(Guerriero, 2006).
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Trata-se, pois, das contradições entre o estabelecimento de normas e regras por


instâncias externas de regulamentação e controle ético e a defesa da autonomia do
pesquisador nas pesquisas qualitativas, principalmente nas que abraçam
metodologias participantes, etnográficas e com relatos orais.

compreensivas tendem a considerar estas dimensões como constitutivas do processo


de construção ou produção do conhecimento, diferentemente de outras abordagens
que tomam o método como dispositivo responsável pela exclusão ou controle dessas
dimensões.

referência para essa hipótese são ideias que localizam os problemas éticos no
momento de convocação de indivíduos ou grupos para participar como sujeitos de
pesquisa ou, posteriormente, no “uso” de seus resultados ou produtos, resguardando
os procedimentos de pesquisa como neutros ou como “legais”, caso os sujeitos da
pesquisa tenham manifestado sua autorização.

heteronomia, oposta à autonomia, define-se pela incapacidade do indivíduo de dar-se


a si mesmo regras, normas ou leis e pela necessidade de recebê-las de fora,
respondendo às suas exigências de modo irrefletido e automático, apegando-se
formalmente à ordem jurídica.

Esta contradição pode ser trabalhada a partir de perguntas cujas respostas são
verdadeiros desafios a quem se dedica à formação ética, por exemplo: como evitar
que normas e regras de conduta na pesquisa se tornem dispositivos de evasão da
responsabilidade, da reflexão e do julgamento próprios do indivíduo autônomo que
tem a ética como forma de habitar o mundo?

Como indica Chaui (1994), no texto já citado, a ética é terreno de um saber prático,
feito de deliberações e escolhas sobre o possível e sobre o que depende da vontade
dos homens: sua matéria-prima são valores e não fatos.

Parece, porém, claro que a educação tem papel a desempenhar no encaminhamento


dessas questões e, nesse sentido, a tradição das pesquisas participantes pode
oferecer subsídios interessantes para a formação ética.
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trabalho de campo, o encontro etnográfico ou a convivência com grupos e


coletividades como parte da pesquisa participante representam uma experiência
formativa preciosa, pois se constituem em experiência prática que engaja o
pesquisador em relações concretas e cotidianas com outros, como ele, autônomos,
obrigando-o a responder pessoalmente pela distribuição democrática dos lugares de
fala, escuta e

Como experiência prática, pessoal e intransferível, o trabalho de campo exibe de


modo mais contundente a insuficiência de normas e regras como determinantes por
si da ética, assim como denuncia a precariedade do método que, em geral, é
reinventado nas situações concretas de investigação.

Princípios como a busca de interlocução e diálogo, visando compreender o sentido e


os significados da experiência de outros próximos ou distantes;

empenho no esclarecimento, fidelidade, respeito e solidariedade às formas de viver


dos colaboradores e cuidado em suas transposições para texto ou outros modos de
inscrição;

antevisão e preocupação com eventuais efeitos políticos e ideológicos nocivos à


imagem pessoal e social de interlocutores individuais ou coletivos;

discussão sobre a pertinência do sigilo e sobre as formas de divulgação de resultados,


são exemplos de orientações advindas da prática da pesquisa participante.
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Referências bibliográficas

BICUDO, M. A. V.; PAULO, R. M. Em exercício filosôfico sobre a pesquisa em


Educa— ção 7\Jatemát ico no Brasil, 2009. Disponível em: <http:/
/www.sepq.org.br/traba- lhos/30/mariaaparecidalista.html>. Acesso em: 29 maio
2010.

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