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Como o modelo evolutivo de Darwin nos ajuda a entender a moralidade

JOSÉ COSTA JÚNIOR

Tese
Como viver depois de Darwin? Limites e possibilidades das abordagens evolucionistas
da moralidade

Autor
José Costa Júnior

Orientadora
Telma de Souza Birchal

Área e Sub-Área
Filosofia, Filosofia moral

Local e Data
Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Minas Gerais, 07/12/2017

Esta pesquisa se debruça sobre investigações científicas a partir da teoria elaborada pelo
naturalista inglês Charles Darwin. Seu objetivo é entender como a moral e as interações
sociais entre os humanos se relacionam com o evolucionismo. Segundo o autor, existe
uma expectativa entre biólogos de que estudos sobre a evolução do comportamento
animal possam ajudar a esclarecer aspectos das relações humanas. Nessa direção,
questões sobre a moralidade e suas origens têm recebido grande atenção da ciência.

1. A qual pergunta a pesquisa responde?


A pesquisa desenvolve um diálogo entre filosofia e ciência a partir de uma análise das
investigações evolucionistas sobre a moralidade. O principal objetivo é avaliar se as
diversas investigações científicas baseadas no modelo evolutivo estruturado pelo
britânico Charles Darwin produzem exposições esclarecedoras acerca de elementos como
a capacidade humana de produzir juízos morais, o conteúdo de nossas crenças morais e o
modo como pensamos sobre a moral. O trabalho se dá a partir da apresentação e da crítica
das diferentes propostas que têm como objetivo compreender a moralidade e seus
elementos partindo da perspectiva evolucionista.

2. Por que isso é relevante?


Diversas investigações afirmam que a teoria da evolução fornece uma base para analisar
de forma mais profunda a ação humana do que qualquer outro modo de compreensão
disponível nas ciências. Sua posição parte da premissa de que, uma vez que os seres
humanos, assim como todos os outros animais, evoluíram por meio do processo descrito
por Darwin, as suas características físicas e comportamentais são compreensíveis em
termos evolutivos. Os biólogos que estudam a evolução do comportamento animal
produziram um grande corpo de literatura, e sua expectativa é de que esses estudos
possam ser valiosos na compreensão da interação social humana. Nesse contexto, o fato
de que nós seres humanos fazemos juízos morais, possuímos sentimentos morais e
buscamos suas explicações e fundamentos tem recebido crescente atenção da ciência.
Assim, a pesquisa analisa as investigações científicas que buscam compreender as origens
evolutivas da moralidade, mostrando pertinência para a compreensão de nossa condição.
3. Resumo da pesquisa
O trabalho desenvolve um diálogo entre filosofia e ciência a partir de uma análise crítica
das investigações evolucionistas sobre a moralidade. O principal objetivo é avaliar se as
diversas investigações científicas baseadas no modelo evolutivo estruturado pelo
britânico Charles Darwin produzem exposições esclarecedoras acerca de elementos como
a capacidade humana de produzir juízos morais, o conteúdo de nossas crenças morais e o
modo como pensamos sobre a moral, entre outros. Investigações empíricas sobre a
natureza da moralidade não são explicações definitivas do fenômeno moral,
principalmente em relação à prescrição de propostas sobre como devemos viver. No
entanto, elas nos ajudam a compreender como e por que somos formas de vida que
buscam regular sua sociabilidade, por meios racionais e emocionais, nas mais variadas
circunstâncias.

4. Quais foram as conclusões?


A complexidade da vida social humana fez com que certos componentes fossem criados
a partir da moral. Entre eles, o interesse em buscar condições que promovam a cooperação
segura; a sensibilidade frente a castigos e ameaças; a preocupação com a própria
reputação; disposições marcadas frente ao autocontrole e regulação e à capacidade de
adotar compromissos satisfatórios com os demais. Não compreender tais traços ou deixar
de reconhecê-los na estruturação de propostas normativas e/ou políticas faz com que essas
construções sejam pouco realistas em relação ao modo como nossa moralidade é
estruturada e também em relação àquilo que somos: criaturas que têm origem no processo
natural de desenvolvimento da vida.

5. Quem deveria conhecer seus resultados?


Sociólogos, pela compreensão mais ampla de fenômenos que envolvem a moralização,
filósofos, pela compreensão mais geral da ação humana, e cientistas políticos, que podem
se interessar pela estruturação de políticas mais viáveis e estáveis. A pesquisa também
pode atrair economistas que queiram se informar sobre modelos econômicos mais
realistas, religiosos, por conta da compreensão dos limites da ação e reação humanas e
jornalistas com interesse em contextualização de práticas sociais.

José Costa Júnior é professor de filosofia e sociologia do IFMG Campus Avançado Ponte Nova.
Doutor em filosofia pela UFMG. Mestre, bacharel e licenciado em filosofia pela UFOP. Realiza
pesquisas nas áreas de filosofia da ciência e filosofia da biologia, com ênfase na investigação sobre os
limites e possibilidades do naturalismo evolucionista.

(Nexo Acadêmico, 07/02/2018)

https://www.nexojornal.com.br/academico/2018/02/07/Como-o-modelo-evolutivo-de-Darwin-nos-ajuda-
a-entender-a-moralidade

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