1. Estabeleça diferenças entre senso comum e conhecimento científico. Em
seguida, aponte as relações que estas duas formas de conhecimento possuem entre si.
O senso comum e o conhecimento científico são dois tipos de saberes
que estão presentes na vida do ser humano e possuem cada um a sua devida importância. Segundo Bock, Furtado e Teixeira (2008), fazem parte do senso comum os conhecimentos adquiridos através do cotidiano, de maneira intuitiva, muitas vezes por meio de tentativa e erro, aprendidos de forma espontânea, podendo ser passados de geração para geração, que não possuem aprofundamento teórico e dependem das experiências vividas pelo indivíduo. Em contraste, quando um saber é produzido através de um processo racional, reflexivo, no qual os estudos são específicos e sistematizados, envolvendo a elaboração de métodos que possibilitam verificar a validade das informações obtidas, trata-se de um conhecimento considerado científico, de acordo com o Livro da Filosofia escrito por Vários Colaboradores (2011, p. 14) “Construir um argumento baseado na razão envolve usar a linguagem com cuidado e precisão, examinando afirmações e argumentos para se ter certeza de que signifiquem exatamente o que imaginamos que significam.” Embora tenham diferenças significativas, o senso comum e o saber científico se relacionam constantemente no dia a dia. O primeiro permite ao indivíduo tomar decisões de maneira rápida, através da intuição ou do hábito, em situações que não exijam um aprofundamento rigoroso sobre o assunto em questão (BOCK, FURTADO e TEIXEIRA, 2018, p. 18). No entanto, na ausência de entendimento abrangente sobre determinado tema, uma investigação racional mais aprofundada pode ser necessária para o alcance de melhores resultados. Parte do que se encontra no senso comum não é possível encontrar explicação científica, porém, muitas vezes acontece de conhecimentos complexos acabarem sendo simplificados para tornar mais prático o dia a dia das pessoas, se tornando conhecimento do senso comum mediado pelo saber da ciência. Entretanto, é importante ressaltar que os saberes produzidos através do método científico não constituem a verdade absoluta sobre os fenômenos encontrados na realidade, pois tais teorias e regras sempre são passíveis de serem questionadas e modificadas através de novos estudos. Por fim, a reflexão acima evidenciou a relevância e as diferenças entre duas formas de compreender o mundo que interagem entre si e fazem parte da vida das pessoas, tendo cada uma a sua razão de ser em diferentes momentos e contextos, cabendo ao indivíduo aprender a distinguir as diversas formas de conhecimento e utilizar o bom senso para a aplicação de cada uma delas quando mais adequado for.
2. Explique a dificuldade de se definir um objeto de estudo específico para a
Psicologia.
Quando se trata das ciências humanas, é importante ressaltar que os
conteúdos emocionais, crenças e experiências do pesquisador ao longo de sua vida influenciarão inevitavelmente em seus estudos. Diferentemente das ciências exatas, nas quais o estudioso é capaz de isolar os fenômenos e analisá-los, nas ciências psicológicas, o ser humano que estuda e aquele outro que é estudado, estão carregados de significações provenientes do seu contexto histórico e social, sendo possível observar uma ampla diversidade de fenômenos psicológicos, o que torna bastante complexa e delicada a tarefa de se estabelecer um padrão quanto à maneira de interpretar, investigar, medir, controlar e descrever tais ocorrências (BOCK, FURTADO e TEIXEIRA, 2008, p. 22). Portanto, as mudanças histórias e sociais que ocorrem ao longo dos anos faz com que os padrões estabelecidos anteriormente sejam frequentemente questionados, reforçando a necessidade de se determinar um objeto de estudo para a Psicologia capaz de englobar uma abrangente variedade de fenômenos psicológicos. Diante do desafio em questão, o objeto de estudo escolhido para a Psicologia inclui diversas expressões do ser humano, sejam elas visíveis, por meio dos comportamentos, ou invisíveis, como pensamentos e emoções, sendo algo que se constrói através das relações sociais, que tanto diferencia os indivíduos, pois se manifesta de forma singular em cada ser, como os torna iguais, visto que cada sujeito possui tal qualidade, que é a subjetividade, que se transforma a cada contato com o meio social e experiências com a realidade do período histórico em que se vive (BOCK, FURTADO e TEIXEIRA 2008, p. 23).
3. Diferencie a relação de ajuda prestada pela psicóloga, da relação de ajuda
prestada por amigos ou familiares. Que elementos aproximam e distanciam as duas modalidades de ajuda?
Para esclarecer as diferenças entre a ajuda psicológica e a ajuda
prestada por amigos e familiares, é preciso compreender o que é a psicologia enquanto ciência, sua atuação e seus objetivos. Segundo Bock, Furtado e Teixeira (2008) a Psicologia é uma ciência que tem o objetivo de trazer maior clareza sobre o aspecto subjetivo do indivíduo, fazendo com que o mesmo conheça melhor a si e tenha melhores condições de ter uma experiência de vida com mais autenticidade e autonomia, contribuindo para melhorar a saúde do paciente. Além disso, é importante ressaltar que a Psicologia é uma profissão reconhecida no Brasil desde 1962, pela Lei 4.119. De acordo com Freidson (1996 apud NETO e PEREIRA, 2003, p. 20): “[...] o conceito de profissão remete, essencialmente, a um tipo específico de trabalho especializado, teoricamente fundamentado.” Dessa forma, percebe-se que o trabalho do psicólogo possui base teórico-metodológica proveniente de diversas pesquisas realizadas ao longo de toda a história deste campo de conhecimento, além de contar com um código de ética e mecanismos de fiscalização e controle para garantir o preparo e atuação adequados dos profissionais. Portanto, a intervenção realizada por um psicólogo em um processo terapêutico tem com base uma grande quantidade de conhecimentos científicos provenientes de pesquisas na área da Psicologia durante a sua história, além de elementos aprendidos pelo profissional no exercício da sua prática laboral, diferentemente da intervenção feita por um amigo ou familiar em uma conversa. Apesar das as características citadas acima indicarem um completo distanciamento entre os dois tipos de ajuda em questão, existem aspectos que as aproximam, uma vez que ambas podem auxiliar o sujeito a lidar melhor com as suas dificuldades. Assim, a ajuda prestada por amigos e familiares é também capaz de contribuir para o aumento do bem-estar físico, mental e social do indivíduo, mesmo se dando na ausência de conhecimentos e métodos científicos.
REFERÊNCIAS
BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias: uma introdução
ao estudo de psicologia. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
NETO, F.M.; PEREIRA, A. P. O psicólogo no Brasil: notas sobre seu processo de
profissionalização. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 8, n. 2, p. 19-27, 2003.
VÁRIOS COLABORADORES. O livro da Filosofia. Tradução de Douglas Kim. São