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Resumo de The Future of Intervention Science: Process-Based Therapy

Por: Hugo César da Silva Salgado (Candidato à vaga de Estágio)


Para: Eslen Delanogare

O Futuro da Ciência da Intervenção: Terapia Baseada em Processos

O presente artigo destaca a história, as mudanças e o eventual futuro das terapias. Trata-se de
um estudo produzido com a intenção de analisar e propor uma mudança na prática e no
campo de conhecimento da ciência clínica atual. O estado das ciências clínicas atuais recorre
a uma nova onda de evidências, podendo haver um declínio em terapias nomeadas e grandes
escolas, e portanto, cedendo um maior espaço aos testes, estudos de mediação e moderação e
a uma prática baseada em processos.

No berço da Terapia Cognitiva Comportamental (TCC), havia uma discussão de grande porte
permeada na comunidade científica, tratava-se do questionamento da subjetivização do
tratamento para cada demanda específica de cada paciente, analisando suas circunstâncias e
como esse processo acontecia, essa discussão foi abordada por Gordon Paul, e formando
paralelo ao cenário atual da Psicologia no mundo, é um questionamento válido, o que pode
dar início a uma nova jornada desse campo de atuação, porém, com o desenvolvimento da
área acadêmica, faz-se necessárias algumas alterações nessa questão, o que tornaria uma nova
dúvida fundamental, como: “Quais processos biopsicossociais centrais devem ser
direcionados a esse cliente, dado esse objetivo nessa situação, e como eles podem ser
alterados de maneira mais eficiente e eficaz?” É possível notar, por conseguinte, uma
preocupação moderna: o ambiente e o lado biológico. Nesse cenário, a Terapia Baseada em
Processos (PBT) que pode ser definida como uma proposta científica de fim das terapias
nomeadas, dando importância para as evidências de um processo ou prática, e com o intuito
de converter a psicoterapia em uma ciência baseada nos processos mentais das distintas
psicopatologias, tem como função responder essas dúvidas científicas, visando processos
sustentados empiricamente.

É possível notar uma grande ligação entre momentos, o atual e o início da TCC, ambos foram
fases de bastante discussão científica. Atrelado a isso, a psicologia, a psiquiatria e outras
áreas da saúde são zonas de estudo interligadas, e que conversam entre si de forma linear,
logo, suas conclusões, estudos e definições são relevantes para o avanço científico. Dentro
dessa inter-relação, há uma argumentação grande enquanto a definição sobre transtorno
mental, porém, na nosologia psiquiátrica atual se caracteriza como uma síndrome
caracterizada por distúrbio clinicamente significativo na cognição, regulação emocional ou
comportamento, que reflete em uma disfunção nos processos biológicos, psicológicos ou de
desenvolvimento. Esse esclarecimento vai em direção ao avanço da ciência clínica - quando
observamos as atuações e estudos, no que tange à neurociência do cérebro em função
psicobiológica, é possível notar uma grande gama de artigos científicos buscando entender
esse processo como um conglomerado de ações químicas, físicas e biológicas, o que acaba
tornando a PBT, de certa forma, a proposta científica mais adequada para acompanhar todo
esse processo.

No levantamento, Stefan G. Hofmann e Steven C. Hayes, constantemente, abordam os


acontecimentos históricos da TCC, e também parte das teorias cognitivas. Ao dissertarem
sobre a teoria cognitiva, deixam claro que esse modelo não se faz totalmente desanexado de
uma abordagem biológica, Clark – percussor da teoria cognitiva, diz que há variáveis
biológicas que contribuem para um ataque. Essa afirmação se torna muito importante para a
história e a evolução das teorias psicológicas. É possível um olhar histórico para notar que a
psicologia nunca esteve desconectada no campo neurocientífico, tornando essa conversa entre
abordagens mais simples, entretanto, com uma importância ainda mais significativa nos dias
atuais, visto que, a ciência clínica e biológica evoluiu, tornando capaz a existência de
resultados, significativamente, positivos para a sociedade.

Em complemento, no artigo os autores citam a 3 onda da TCC, como um marco importante


de avanço científico - inclusive com debates entre os dois autores do presente artigo. Dito
isso, os autores relacionam a importância de uma onda de conhecimento, a combinação de
novas ideias, é de certa forma uma ferramenta poderosa nesse meio. Ademais, com essa nova
onda surgindo, a evidência baseada em processos expandiu expressivamente o álbum de
métodos de tratamentos.

Com todas evidências e associações entre os conhecimentos, acaba sendo notório que está
havendo um foco reduzido em protocolos para síndromes e mais foco em processos baseados
em evidências concretas. A TCC, por exemplo, está sendo um bom campo para essas
mudanças, visto que, é uma abordagem cuja está aberta para um campo mais amplo de
estudo, seja biológica, humanística ou outra social. Logo, com distintas mudanças, os autores
deixam claro que o termo TCC pode chegar a um ponto de ruptura – dito por eles, já que à
medida que o conhecimento for sendo expandido para uma magnitude de processos que
busca englobar toda a zona de processos biológicos psicossociais e contextuais.
"Não ficaríamos surpresos se o termo TCC perdesse sua importância, pois o PBT é adotado
em todas as tradições.”

No artigo, os autores abordam a questão de que com a ascensão da PBT, algumas terapias
entrariam em declínio, a própria TCC acaba se tornando “estreita” visto que, os
acontecimentos terapêuticos não se restringem ao comportamental e cognitivo, com as
evidências outros aspectos são de suma importância, como: fatores sociais, culturais,
neurobiológicos, epigenéticos etc. Por conta dessa mudança, teorias e práticas precisarão de
uma mudança clínica e científica grande, atribuindo todos esses componentes processuais em
sua forma e prática. De certa forma, o aprendizado que todo esse movimento vem tendo é que
o contexto precisa ser modificado, para que haja uma evolução nas áreas terapêuticas.

Trazendo de forma sutil a base da psicologia, os responsáveis pelo artigo levantam que a
ciência comportamental e psicológica precisa estar relacionada, tendo em vista, que o
comportamento humano é base estática da vida no geral. Atualmente, queremos saber como
os eventos psicológicos nos mudam como organismos, o que traz a prática da neurociência
para dentro desse conjunto de ciência. A relação entre o comportamental e psicológico é, de
forma inteira, um resultado de acontecimentos neurobiológicos, portanto, faz se necessária a
evolução conjunta da neurociência com a PBT. Assim, à medida que os processos de
mudança entram na PBT, podemos esperar uma interação dinâmica na pesquisa e prática
clínica que está sendo feita e que levará a novos conhecimentos rígidos e esclarecedores.

Ao falar sobre contexto, de modo nítido, a cultura é um formante importante nesse meio. Ou
seja, um processo clínico - culturalmente válido, é uma ferramenta forte para manejo
subjetivo do paciente. Além disso, a cultura mostra-se fundamental para um avanço, seja por
meio de investimentos em estudos/resultados, seja em aprovação social e apoio para a
realização de ambos. Vendo que há um desperto mundial para as necessidades de saúde, que
incluem a saúde mental e comportamental em todo planeta, o contexto social e cultural acaba
se tornando um dos principais pilares para o avanço clínico científico.

Por fim, os autores mostram-se receptivos a essa nova onda de conhecimento, mesmo que
com ela a TCC perca um pouco de seu espaço, e talvez a sigla PBT mostre-se mais cabível à
prática psicoterápica. Em outras palavras, o artigo mostra o avanço cientifico dentro da
clínica, abordando contextos sociais e neurobiológicos do ser humano, além de relacionar o
nascimento da TCC e o da PBT, os autores terminam o texto com uma frase que traz um
grande significado para a ciência psicológica: A era dos protocolos para síndromes acabou, e
o colapso dessa visão anterior dá à TCC e à EBT uma chance de reconsiderar seu futuro a
partir do zero. A agenda sugerida pelo PBT é positiva, possível e progressiva. Esperamos
que este artigo ofereça não apenas um instantâneo de onde estamos hoje, mas também
iluminem lugar poderoso e útil para onde podemos ir.

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Referência: Hofmann SG, Hayes SC. The Future of Intervention Science: Process-Based
Therapy. Clin Psychol Sci. 2019 Jan;7(1):37-50. doi: 10.1177/2167702618772296. Epub
2018 May 29. PMID: 30713811; PMCID: PMC6350520.

Resumo produzido por Hugo César da Silva Salgado - @hugocesarpsi.

Contato: hugosalgado@id.uff.br

Candidato à vaga de Estágio na nova Clínica Delanogare.

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