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FUPAP – 1º SEMESTRE - PSICOLOGIA

Muitos saberes que nos cercam no dia-a-dia são adquiridos ao longo de nossas vidas, por
meio da transmissão de pessoa para pessoa e recebe o nome de senso comum. São
conteúdos que nos são úteis e importantes nos diferentes setores de nossa vida cotidiana,
e direta ou indiretamente a está contribuindo para o seu crescimento.
A ciência busca responder questões com base em investigação organizada e
sistematizada. Usando métodos e procedimentos específicos de pesquisa, permite maior
confiança nas respostas obtidas para perguntas feitas por seus investigadores. O saber
produzido por meio de investigação científica recebe o nome de conhecimento científico.
Ciência e Senso Comum
O senso comum é um conhecimento:
• intuitivo
• espontâneo
• produzido através da experiência cotidiana (por tentativa e erro)
• que vai do hábito à tradição
• transmitido de geração a geração (pai para filho, bem como nas demais interações
sociais)
• e que mistura, recicla e integra outros saberes: o conhecimento não especializado
(teoria simplificada) e o conhecimento científico, inclusive apropriando-se de termos
científicos.
A ciência pode ser compreendida como o conjunto de conhecimento sobre fatos e
aspectos da realidade, expresso por meio de linguagem precisa e rigorosa (objetividade).
É um conhecimento passível de verificação e isento de emoções, no sentido de ser válido
para todos.
Diante disso, para que um conhecimento seja considerado científico, deverá:
• ter um objeto específico
• usar linguagem rigorosa
• usar métodos e técnicas específicas
• possibilitar o processo cumulativo do conhecimento
• priorizar a objetividade
A psicologia científica envolve a escuta, a interação, e vários outros elementos dessa
psicologia do senso comum, porém, sempre pautada no rigor que todo o conhecimento
científico necessita para fundamentar-se.
A Psicologia Científica
E qual é o objeto de estudo específico da Psicologia? Uma resposta rápida para essa
pergunta seria: o homem. Mas alguém poderia ainda questionar: “Mas Freud não estudava
o inconsciente?”
Os dois objetos de estudo estão corretos, o que levaria a uma contradição ao que foi dito
anteriormente, não fosse o fato de a Psicologia ser um campo do conhecimento que
engloba diferentes ciências psicológicas (ou correntes), e que têm, portanto, todas elas
seu objeto específico de estudo.
Considerando o homem um ser subjetivo e, portanto, tendo a subjetividade como objeto
da Psicologia é necessário contemplar o estudo do corpo, do pensamento, do afeto e da
ação (Bock, Furtado e Teixeira, 2008). Com isso, a pergunta sobre o objeto de estudo da
psicologia teria diferentes respostas de acordo com a linha seguida pelo psicólogo
questionado. A Psicologia comportamental, por exemplo, tem como objeto de estudo o
comportamento humano, a Psicanálise direciona seus esforços investigativos sobre o
inconsciente, e a Psicologia Sócio-Histórica investiga o homem dentro de seu contexto
social.
Toda essa complexidade permite verificar que a psicologia científica é muito mais
complexa do que a psicologia cotidiana do senso comum.
A psicologia não é prática adivinhatória, não é prática mística (mágico). Por ainda ser uma
ciência jovem e em desenvolvimento e, portanto, não ter todas suas perguntas
respondidas, muitas pessoas recorrem a outros setores para tentar encontrar respostas
às suas indagações, o que não auxilia o desenvolvimento das ciências psicológicas.
As raízes da psicologia científica datam da idade antiga, percorrendo a idade média e
moderna, até o século XX. Este período (Psicologia pré-científica) incluiu
questionamentos e dualismos como: conhece-te a ti mesmo (Sofistas e Sócrates), corpo
x alma (Platão), matéria x forma (Aristóteles), inatismo x empirismo, empirismo crítico x
associacionismo, entre outros elementos que contribuíram para a construção do
conhecimento científico adentrando, posteriormente, à idade contemporânea (século XXI
– Psicologia Científica).
Na segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX, a psicologia é
considerada ciência, quando Wundt (médico, filósofo e psicólogo alemão) criou o primeiro
laboratório de experimentos em Psicofisiologia em Leippzig na Alemanha. A partir deste
marco histórico a psicologia distancia-se de questões abstratas e espiritualistas, passando
a ser respeitada como campo gerador de conhecimento científico.
Com a reestruturação da psicologia no século XX é possível identificar o predomínio de
cinco escolas psicológicas: Estruturalismo, Funcionalismo, Gestalt, Behaviorismo e
Psicanálise, das quais as duas últimas ainda exercem forte predomínio.
A Psicologia como ciência e profissão no Brasil
Há quatro períodos distintos: pré-institucional, institucional, universitário e profissional. No
primeiro período (Pré-institucional) correspondente à época do Brasil Colônia, sofreu
influência forte da cultura europeia, uma vez que seus autores e estudiosos eram
essencialmente religiosos, políticos ou homens de poder ou ainda imigrantes ou
brasileiros abastados que frequentaram universidades estrangeiras. Neste período não se
buscava a construção de uma Psicologia e a criação e uso de terminologia psicológica.
Somente no próximo período (Institucional – que durou um século), a partir da criação
das Faculdades de Medicina da Bahia e Rio de Janeiro (1833) é que ocorre maior
dimensionamento acadêmico do saber psicológico brasileiro. Os primeiros estudos e
publicações brasileiras na área foram, portanto, de profissionais da medicina, o que refletiu
diretamente na história da psicologia brasileira. Outra influência marcante desse período
correspondeu à presença dos educadores com a introdução de conteúdos da psicologia
em cursos como pedagogia (noções de psicologia), direito e medicina (psicologia lógica).
Em decorrência disso, trabalhos na esfera da Psicologia Educacional (aprendizagem,
atenção, memória) também foram destaques deste período.
O Período Universitário foi marcado pela criação da Universidade de São Paulo (1934),
sendo a disciplina Psicologia considerada obrigatória em diversos cursos universitários
(pedagogia, filosofia, ciências sociais, medicina, entre outros). Embora em 1949 o primeiro
curso de Psicologia tenha sido criado (no Ministério de Guerra) e vários profissionais
tenham começado a mobilizar-se visando à regulamentação da formação acadêmica e
prática profissional da psicologia, os cursos permaneceram sendo oferecidos para
profissionais de outras áreas (pedagogia, filosofia), sendo estes de curta duração.
Em 1954 cria-se a Associação Brasileira de Psicólogos e é publicado um anteprojeto de
lei visando a formação e regulamentação da profissão prevendo o curso de Psicologia
Educacional, Clínica e do Trabalho. E pouco mais de uma década após a criação do
primeiro curso de Psicologia, a formação acadêmica e a prática da Psicologia no Brasil
foram regulamentadas (27/09/1962 – Lei 4.119), dando início ao Período Profissional.
Considerando o dinamismo do campo da psicologia e seu objeto de estudo, como visto,
você já deve estar imaginando que, desde sua regulamentação, a psicologia sofreu muitas
transformações. Seu pensamento está correto e para conversarmos um pouco sobre
essas mudanças iremos dividir os momentos históricos por décadas, seguindo ainda as
revisões de Neiva e Silveira (1998).
A década de 70 foi marcada por uma psicologia elitista, acessível a uma camada pequena
da população economicamente privilegiada. Neste período registra-se que os profissionais
da psicologia eram em sua maioria do sexo feminino, que a atividade principal destes
profissionais era clínica com atuação basicamente em consultórios particulares. Como
segunda área de atividade destacava-se o ensino, incentivado pela criação de novos
cursos de psicologia na capital e interior do estado de São Paulo, com ênfase na formação
do psicólogo clínico. Neste período eram baixos os registros de psicólogos atuantes na
Psicologia Industrial e Escolar. Outras características eram à manutenção de duas
atividades profissionais concomitantes, a predominância do trabalho autônomo e o baixo
número de psicólogos inscritos, isto é, regularmente habilitados ao exercício legal da
profissão, sugerindo que muitos se formavam, mas não exerciam a profissão de psicólogo.
Na década de 80 o perfil dos psicólogos não mudou (embora com o crescimento dos
cursos oferecidos essa fosse uma perspectiva). Dentre as motivações investigadas para
a escolha profissional deste período, identificou-se uma predominância de motivos
voltados para o outro (valor assistencial), de motivos voltados para a própria profissão e
prática profissional, e motivos voltados para si (busca de mudanças pessoais). Algumas
mudanças na situação profissional são observadas nesse período com maior número de
psicólogos formados exercendo a profissão, sendo que um percentual maior atua
exclusivamente na área, e ocorre melhor distribuição entre os profissionais autônomos e
aqueles que atuam com vínculo empregatício. Embora a atuação ainda tenha um perfil
preferencialmente clínico e em consultórios psicológicos, já se observa um aumento
expressivo dos profissionais envolvidos na Psicologia Organizacional e na Psicologia
Escolar. Registra-se ainda uma diminuição dos profissionais trabalhando no âmbito do
ensino.
Ainda neste período, com relação às atividades profissionais exercidas, os levantamentos
indicaram maior concentração de psicoterapia individual, seguida da aplicação de testes.
Já em relação à orientação teórico-metodológica verificou-se predomínio da Psicanálise,
em todas as áreas, particularmente na clínica; seguida das correntes fenomenológica e
Gestalt.
Embora o próximo período (década de 90) não tenha registros tão sistematizados como
nas décadas anteriores, a atuação e vivência profissional de estudiosos da área
permitiram verificar ainda um predomínio pela atuação clínica, embora as exigências
contemporâneas refletissem a emergência de outras áreas, dentre elas: saúde, psicologia
forense, intervenção psicossocial, psicologia do trânsito, polícia civil militar, forças
armadas, psicologia do esporte, psicologia educacional, e psicologia organizacional.
Já no século XX, porém com maior ênfase no século XXI, verifica-se ampliação do
envolvimento da psicologia no setor da pesquisa, o que pode relacionar-se ao maior
incentivo do governo na pesquisa científica em diferentes setores no país. Como verificado
nos demais momentos históricos, esta mudança de demanda possivelmente também
surtirá efeitos nas áreas de atuação do psicólogo, devendo o estudante de psicologia estar
atento a essas mudanças de cenário.

HISTÓRIA DA PSICOLOGIA
Psicologia: Formação e Regulamentação
Algumas leis e decretos constituem marcos na história da psicologia, tendo influenciado a
sua consolidação. Dentre eles podemos elencar a Lei 4.119 de 27/08/1962, que discorre
sobre os cursos de formação em psicologia e regulamenta a profissão de psicólogo;
o Decreto 53.464 de 21/01/1964, que regulamenta esta lei e dispõe sobre a profissão de
psicólogo; a Lei 5.766 de 20/12/1971, que disponibiliza todos os dados sobre a criação do
Conselho Federal de Psicologia e dos Conselhos Regionais de Psicologia; e o Decreto
79.822 de 17/06/1977, que a regulamenta e dá outras providências.
Neste primeiro momento e dada à importância desta lei para a Psicologia, nossa ênfase
recairá sobre a Lei Federal 4.119/62. A formulação dos conteúdos aqui apresentados
tomou como referência o texto da própria lei Federal. A Lei Federal 4.119/62 determina o
oferecimento da formação em psicologia em faculdades de filosofia em cursos de
Bacharelado, Licenciatura e Psicologia (Capítulo I- Dos cursos). O Capítulo II da
lei dispõe sobre a vida escolar, estabelecendo que somente pessoas com 18 anos
completos e que concluíram o ensino médio podem ingressar no curso de bacharelado e
receber, ao final do curso, o título de Bacharel em Psicologia. Já para receber os títulos
de Licenciado em Psicologia e de Psicólogo, a pessoa precisa ter o título de Bacharel em
Psicologia, ingressar e concluir os cursos de licenciado e de psicologia respectivamente.
Os direitos conferidos aos diplomados encontram-se dispostos no Capítulo III no
formato de cinco artigos, sendo um deles vetado/proibido (Art. 14). Nele, fica estabelecida
a obrigatoriedade do registro dos diplomas no órgão competente do Ministério da
Educação e Cultura para que se possa exercer a profissão. Confere-se o direito de ensinar
psicologia em cursos de grau médio aos diplomados como Bacharel em Psicologia; de
lecionar psicologia aos portadores do diploma de Licenciado em Psicologia; e de ensinar
psicologia e de exercer a profissão de psicólogo aos que receberem o diploma de
Psicólogo.
Ainda são descritas como função do Psicólogo a utilização de métodos e técnicas
psicológicas com os objetivos de: diagnóstico psicológico; orientação e seleção
profissional; orientação psicopedagógica; e solução de problemas de ajustamento.
As condições para funcionamento dos cursos encontram-se dispostas no Capítulo IV.
Para as faculdades que mantiverem curso de Psicólogo fica obrigatória a organização de
Serviços Clínicos e de aplicação à educação e ao trabalho. Institui-se ainda que esses
serviços sejam orientados e dirigidos pelo Conselho dos Professores do curso, e sejam
abertos ao público, podendo ser gratuitos ou remunerados. Visando não limitar o aluno
apenas ao espaço da instituição em que realiza o curso, a lei confere a possibilidade de
realização dos estágios e observações práticas em outras instituições, a critério do
professor do curso.
A lei dispõe ainda sobre a revalidação de diplomas no caso de diplomas expedidos por
faculdades estrangeiras com cursos equivalentes; e complementação de cursos não
equivalentes, desde que consideradas as disposições estabelecidas em lei (Capítulo V).
Disposições Gerais e Transitórias estão descritas no Capítulo VI. Dentre estas
constam garantia de registro de título como Psicólogos e ao exercício profissional aos
“atuais portadores de diploma ou certificado de especialista em Psicologia, Psicologia
Educacional, Psicologia Clínica ou Psicologia Aplicada ao Trabalho, expedidos por
estabelecimento de ensino superior oficial ou reconhecido, após estudos em cursos
regulares de formação de psicólogos, com duração mínima de quatro anos ou estudos
regulares em cursos de pós-graduação com duração mínima de dois anos”. Determinam-
se também garantias para pessoas que já exerciam a profissão anteriormente à lei (a mais
de cinco anos – atividades profissionais de psicologia aplicada).
Ressalta-se ainda que a comprovação do exercício profissional e, posterior emissão dos
documentos estará sujeita a análise dos títulos de formação, obtidos no país ou no
estrangeiro, por comissão, que emitirá parecer concedendo o registro ou denegando,
estando a pessoa condicionada ainda à aprovação por prova teórico-prática.
A lei é bastante objetiva e contempla pontos importantes relacionados desde a formação
e funcionamento dos cursos (incluindo questões relacionadas aos estágios), e a vida
escolar, não desconsiderando as pessoas formadas em outros países e aquelas que já
exerciam a profissão antes da apresentação e aprovação da lei.
Catálogo Brasileiro de Ocupações do MT (CBO)
O Ministério do Trabalho faz uso de uma classificação numérica para organizar as
ocupações das diferentes áreas profissionais. Para cada uma das categorias desta
classificação são descritas, em detalhes, as atribuições e funções dos profissionais que
se encaixam em cada uma.
Você não precisa ter todas essas informações registradas em sua memória para acessá-
la sem consulta (seja na vida acadêmica ou profissional em psicologia), mas é importante
que conheça como funciona essa classificação e compreender seus parâmetros e
conteúdos gerais.
O catálogo apresenta uma numeração para cada ocupação (ex.: 0-74: Psicólogos).
Observe que esta numeração vai do mais geral para o mais específico, ou seja, os
números com menos elementos compreendem as categorias mais gerais da psicologia,
ao passo que quanto mais específico o campo de atuação mais elementos são
incorporados.
Assim, a primeira categoria listada é a mais ampla (0-74: Psicólogos). Nesta categoria
encontram-se todos aqueles que receberam o título de psicólogo, independente do campo
de atuação. De uma maneira global, neste grupo estão aqueles que estudam a estrutura
psíquica e os mecanismos de comportamento dos seres humanos, desempenhando
tarefas diversificadas (problemas de pessoal, como processos de recrutamento, seleção,
orientação profissional e outros similares, à problemática educacional e a estudos clínicos
individuais e coletivos) em variados contextos (organizacional, educacional, clínico, saúde,
psicossocial, institucional, esportivo, entre outros).
A segunda categoria incorpora outra numeração por já considerar um tipo específico de
atuação, embora que neste caso, geral (0-74.10: Psicólogo, em geral). O grupo de
profissionais atuantes nesta esfera realizam o estudo e à análise dos processos intra e
interpessoais e os mecanismos do comportamento humano. Sua atuação, como
esperado, envolve uma ampla variedade de funções, tais como: a elaboração e ampliação
de técnicas psicológicas, formulação de hipóteses, tratamento e reabilitação de distúrbios
psíquicos, elaboração e aplicação de técnicas e exames psicológicos, participação na
elaboração de terapias ocupacionais, bem como no recrutamento e seleção. Contempla a
esfera da pesquisa, clínica, educacional, organizacional, em saúde, propaganda e
marketing, entre outros.
As demais ocupações do catálogo acrescentam uma especificidade, e,
consequentemente, mais um componente à sua classificação numérica. Com isso, as
demais categorias apresentam a seguinte classificação: 0-74.15: Psicólogo do Trabalho;
0-74.25: Psicólogo Educacional; 0-74.35: Psicólogo clínico; 0-74.45: Psicólogo de trânsito;
0-74.50: Psicólogo jurídico; 0-74.55: Psicólogo de esporte; 0-74.60: Psicólogo social; e 0-
74.90: Outros psicólogos.
Diretrizes Curriculares Nacionais
As Diretrizes Curriculares Nacionais funcionam como um manual passo a passo de como
a instituição deve proceder ao implantar um curso. Oferecem assim suporte para a
instituição, na medida em que norteiam o desenvolvimento dos cursos; para os alunos,
uma vez que garantem o cumprimento das exigências, e, consequentemente, um padrão
de ensino em termos de conteúdo, estrutura e pessoal; e para os órgãos de fiscalização,
fornecendo um material em que se apoiar na análise do cumprimento ou não das mesmas.
Estabelece como meta central para o curso de graduação em Psicologia, a formação do
psicólogo voltado para a atuação profissional, para a pesquisa e para o ensino de
psicologia, assegurando uma formação baseada em sete princípios e compromissos,
conforme segue:
a) Construção e desenvolvimento do conhecimento científico em psicologia;
b) Compreensão dos múltiplos referenciais que buscam apreender a amplitude do
fenômeno psicológico em suas interfaces com os fenômenos biológicos e sociais;
c) Reconhecimento da diversidade de perspectivas necessárias para compreensão do ser
humano e incentivo à interlocução com campos de conhecimento que permitam a
apreensão da complexidade e multideterminação do fenômeno psicológico;
d) Compreensão crítica dos fenômenos sociais, econômicos, culturais e políticos do país,
fundamentais ao exercício da cidadania e da profissão;
e) Atuação em diferentes contextos considerando as necessidades sociais, os direitos
humanos, tendo em vista a promoção da qualidade de vida dos indivíduos, grupos,
organizações e comunidades;
f) Respeito à ética nas relações com clientes e usuários, com colegas, com o público e na
produção e divulgação de pesquisas, trabalhos e informações da área da Psicologia;
g) Aprimoramento e capacitação contínuos.
CNE/CES, 2004, p. 1
Os objetivos gerais delineados para a formação em psicologia são convergentes com as
atuais exigências do mercado de trabalho que busca profissionais proativos e com
competências diversificadas. Sendo assim, tem como foco dotar o profissional de
competências e habilidades, tais como: atenção à saúde – prevenção, promoção,
proteção e reabilitação da saúde psicológica e psicossocial, tanto em nível individual
quanto coletivo; tomada de decisões – capacidade de avaliar, sistematizar e decidir as
condutas mais adequadas, baseadas em evidências científicas; comunicação –
profissional acessível e que preserva pelos princípios éticos no uso das informações a
eles confiadas, na interação com outros profissionais de saúde e o público em
geral; liderança – aptidão para assumir posições de liderança, sempre tendo em vista o
bem estar da comunidade; administração e gerenciamento – aptidão para tomar
iniciativas, fazer o gerenciamento e administração da força de trabalho, dos recursos
físicos e materiais e de informação, e aptidão para serem empreendedores, gestores,
empregadores ou líderes nas equipes de trabalho; educação permanente – capacidade
de aprender continuamente, tanto na sua formação, quanto na sua prática, e de ter
responsabilidade e compromisso com a sua educação e o treinamento das futuras
gerações de profissionais.
As diretrizes estabelecem que a proposta do curso articule os conhecimentos, habilidades
e competências em torno de seis eixos estruturantes: a) Fundamentos epistemológicos e
históricos; b) Fundamentos teórico-metodológicos; c) Procedimentos para a investigação
científica e a prática profissional; d) Fenômenos e processos psicológicos, que constituem
classicamente objeto de investigação e atuação no domínio da Psicologia; e) Interfaces
com campos afins do conhecimento; e f) Práticas profissionais voltadas para assegurar
um núcleo básico de competências.
Instituem ainda a identidade do curso de psicologia no país através de um núcleo comum
de formação, definido por um conjunto de competências, habilidades e conhecimentos,
embasados em estrutura homogênea e capacitação básica para lidar com os conteúdos
da psicologia.
Os Artigos 8º e 9º se reportam diretamente às competências básicas requeridas do
formado em psicologia, e ao conjunto de habilidades que as apoiam. Diante da importância
desses conteúdos para o estudante de psicologia estas serão transcritas aqui na íntegra.

Art. 8° As competências reportam-se a desempenhos e atuações requeridas do formado


em Psicologia, e devem garantir ao profissional um domínio básico de conhecimentos
psicológicos e a capacidade de utilizá-los em diferentes contextos que demandam a
investigação, análise, avaliação, prevenção e atuação em processos psicológicos e
psicossociais, e na promoção da qualidade de vida. São elas:
a) Analisar o campo de atuação profissional e seus desafios contemporâneos;
b) Analisar o contexto em que atua profissionalmente em suas dimensões institucional e
organizacional, explicitando a dinâmica das interações entre os seus agentes sociais;
c) Identificar e analisar necessidades de natureza psicológica, diagnosticar, elaborar
projetos, planejar e agir de forma coerente com referenciais teóricos e características da
população-alvo;
d) Identificar, definir e formular questões de investigação científica no campo da
Psicologia, vinculando-as a decisões metodológicas quanto à escolha, coleta, e análise
de dados em projetos de pesquisa;
e) Escolher e utilizar instrumentos e procedimentos de coleta de dados em Psicologia,
tendo em vista a sua pertinência;
f) Avaliar fenômenos humanos de ordem cognitiva, comportamental e afetiva, em
diferentes contextos;
g) Realizar diagnóstico e avaliação de processos psicológicos de indivíduos, de grupos e
de organizações;
h) Coordenar e manejar processos grupais, considerando as diferenças individuais e
sócio-culturais dos seus membros;
i) Atuar inter e multiprofissionalmente, sempre que a compreensão dos processos e
fenômenos envolvidos assim o recomendar;
j) Relacionar-se com o outro de modo a propiciar o desenvolvimento de vínculos
interpessoais requeridos na sua atuação profissional;
k) Atuar profissionalmente, em diferentes níveis de ação, de caráter preventivo ou
terapêutico, considerando as características das situações e dos problemas específicos
com os quais se depara;
l) Realizar orientação, aconselhamento psicológico e psicoterapia;
m) Elaborar relatos científicos, pareceres técnicos, laudos e outras comunicações
profissionais, inclusive materiais de divulgação;
n) Apresentar trabalhos e discutir idéias em público;
o) Saber buscar e usar o conhecimento científico necessário à atuação profissional, assim
como gerar conhecimento a partir da prática profissional.
Art. 9º As competências, básicas, devem se apoiar nas habilidades de:
a) Levantar informação bibliográfica em indexadores, periódicos, livros, manuais técnicos
e outras fontes especializadas através de meios convencionais e eletrônicos;
b) Ler e interpretar comunicações científicas e relatórios na área da Psicologia;
c) Utilizar o método experimental, de observação e outros métodos de investigação
científica;
d) Planejar e realizar várias formas de entrevistas com diferentes finalidades e em
diferentes contextos;
e) Analisar, descrever e interpretar relações entre contextos e processos psicológicos e
comportamentais;
f) Descrever, analisar e interpretar manifestações verbais e não verbais como fontes
primárias de acesso a estados subjetivos;
g) Utilizar os recursos da matemática, da estatística e da informática para a análise e
apresentação de dados e para a preparação das atividades profissionais em Psicologia.
CNE/CES, 2004, p. 2-3
Dentre os tipos de ênfase exemplificadas nas Diretrizes encontram-se: Psicologia e
processos de investigação científica; Psicologia e processos educativos; Psicologia e
processos de gestão; Psicologia e processos de prevenção e promoção da saúde;
Psicologia e processos clínicos; e Psicologia e processos de avaliação diagnóstica.
As diretrizes contemplam ainda a formação do professor de psicologia que deverá ocorrer
em um projeto pedagógico complementar e diferenciado, elaborado em conformidade com
a legislação que regulamenta a formação de professores no país. Deverá propiciar não
somente o desenvolvimento das competências e habilidades básicas constantes no
núcleo comum do curso de psicologia, mas também daquelas previstas nas Diretrizes
Nacionais para a formação do professor da Educação Básica, em nível superior.
Dentro do projeto do curso deverão estar explícitas todas as condições para o seu
funcionamento (carga horária efetiva global, do núcleo comum e das partes diversificadas,
inclusive dos diferentes estágios supervisionados; duração máxima do curso; os
procedimentos de auto avaliação periódica, dos quais deverão resultar informações
necessárias para o aprimoramento do curso).
As atividades acadêmicas devem fornecer elementos para a aquisição das competências,
habilidades e conhecimentos básicos necessários ao exercício profissional. Desta forma,
a aproximação teoria-prática deve ser feita de forma sistemática e gradual.
O 19º Art. responde algumas das indagações frequentes em sala de aula pelos alunos de
diferentes cursos, não sendo diferente com o estudante de psicologia.
Este artigo dispõe sobre o planejamento acadêmico do curso, o qual deve assegurar o
envolvimento do aluno em atividades, individuais e de equipe, que incluam, entre outros:
a) Aulas, conferências e palestras;
b) Exercícios em laboratórios de Psicologia;
c) Observação e descrição do comportamento em diferentes contextos;
d) Projetos de pesquisa desenvolvidos por docentes do curso;
e) Práticas didáticas na forma de monitorias, demonstrações e exercícios, como parte de
disciplinas ou integradas a outras atividades acadêmicas;
f) Consultas supervisionadas em bibliotecas para identificação crítica de fontes relevantes;
g) Aplicação e avaliação de estratégias, técnicas, recursos e instrumentos psicológicos;
h) Visitas documentadas através de relatórios a instituições e locais onde estejam sendo
desenvolvidos trabalhos com a participação de profissionais de Psicologia;
i) Projetos de extensão universitária e eventos de divulgação do conhecimento, passíveis
de avaliação e aprovados pela instituição;
j) Práticas integrativas voltadas para o desenvolvimento de habilidades e competências
em situações de complexidade variada, representativas do efetivo exercício profissional,
sob a forma de estágio supervisionado.
CNE/CES, 2004, p. 5-6
Diretrizes quanto aos estágios supervisionados também são estabelecidas, visando
assegurar o contato do formando com situações, contextos e instituições, permitindo que
conhecimentos, habilidades e atitudes se concretizem em ações profissionais.
Recomenda-se que as atividades do estágio supervisionado se distribuam ao longo do
curso, perfazendo ao todo ao menos 15% da carga horária total do curso e devendo
estruturar-se em dois níveis: básico (incluindo o desenvolvimento de práticas integrativas
das competências e habilidades previstas no núcleo comum) e específico (incluindo o
desenvolvimento de práticas integrativas das competências, habilidades e conhecimentos
que definem cada ênfase proposta pelo projeto de curso).
Ainda dispõe sobre a necessidade de documentação das atividades de estágio
supervisionado, permitindo sua avaliação, assegurando a possibilidade de realização de
atividades em outras instituições e o reconhecimento destas (desde que as mesmas
contribuam para o desenvolvimento das habilidades e competências previstas no projeto
de curso).
O projeto de curso deve prever a instalação de um Serviço de Psicologia com as funções
de responder às exigências para a formação do psicólogo, congruente com as
competências que o curso objetiva desenvolver no aluno e a demandas de serviço
psicológico da comunidade na qual está inserido.
Os cursos de especialização também seguem determinadas diretrizes e normas e assim,
como os cursos de graduação, são fiscalizados pelo Ministério da Educação com apoio
do Conselho Federal de Psicologia (CFP).
Dentre outras atribuições, o Conselho Federal responsabiliza-se por regulamentar as
especializações e pela normatização para os procedimentos do registro dos títulos. Mas
antes de entrarmos diretamente na esfera das especializações em Psicologia vamos
conversar um pouco mais sobre o CFP e também sobre os Conselhos Regionais (CRPs).
CFP – Conselho Federal de Psicologia e CRP – Conselho Regional de Psicologia
Conforme visto no início deste módulo a Lei 5.766 de 20/12/1971, discorre sobre a criação
do Conselho Federal de Psicologia e dos Conselhos Regionais de Psicologia, sendo esta
regulamentada pelo Decreto 79.822/77.
O Conselho Federal de Psicologia é uma autarquia de direito público, com o objetivo de
orientar, fiscalizar e disciplinar a profissão de psicólogo, zelar pela fiel observância dos
princípios éticos e contribuir para o desenvolvimento da psicologia como ciência e
profissão. Ainda é função do CFP, promover espaços de discussão sobre os grandes
temas da psicologia que levem à qualificação dos serviços profissionais prestados pela
categoria à sociedade.
Autarquias são pessoas jurídicas de direito público criadas por lei específica (Art. 37, XIX,
da Constituição Federal), que dispõem de patrimônio próprio e realizam atividades típicas
de Estado de forma descentralizada. Em outras palavras, são pessoas jurídicas criadas
pelo Estado e, portanto, subordinadas a ele.
Similarmente ao CFP, os CRPs têm como finalidade orientar, disciplinar e fiscalizar o
exercício da profissão de psicólogo, também em consonância à Lei Federal n°
5.766/71.Ambos os conselhos (CFP e CRP) apresentam metas e formas de trabalho
pautadas pelas deliberações do Congresso Nacional de Psicologia.
Embora respondam ao Estado e aos Municípios respectivamente, os Conselhos Federal
e Regionais de Psicologia (CFP e CRPs), conforme disponibilizado pela Lei 5.766/71, são
dotados de personalidade jurídica de direito público, autonomia administrativa e financeira.
Deste modo, é importante compreender que mesmo sendo órgãos públicos, os Conselhos
apresentam certa autonomia (embora parcial).
A Lei 5.766/71 ainda esclarece em seus artigos as atribuições e funções dos membros
dos Conselhos e como devem ser realizadas as eleições para a escolha dos novos
componentes.
O CFP apresenta um regimento interno que estabelece a forma de funcionamento deste
órgão. Assim, é esse regimento Interno que vai determinar como os Conselhos de
Psicologia devem proceder para auxiliar da melhor forma os profissionais de Psicologia
em sua área de trabalho. O CFP é a instância superior (dentro da hierarquia do campo
psicológico), devendo às demais instâncias reportarem-se a ele. Por ser o órgão central
do Sistema de Conselhos, o CFP tem sede e foro no Distrito Federal e jurisdição em todo
o território nacional.
Conforme a Resolução do CFP no 001/2012, atualmente existem 20 Conselhos Regionais
(CRPs), formados por suas respectivas zonas de jurisdição (algumas compostas por mais
de um estado) e respectivas sedes. A 1ª Região (CRP 01), por exemplo, apresenta
jurisdição no Distrito Federal e sede na cidade de Brasília. O estado de São Paulo
corresponde à jurisdição da 6ª Região (CRP 06), tendo sua sede na cidade de São Paulo.
A relação completa dos CRPs, jurisdições e suas respectivas sedes pode ser acessada
no site do CFP e diretamente na Resolução CFP no 001/2012.
Em 2005 o CFP aprovou (por meio da Resolução no 010/2005) o novo Código de Ética
do Psicólogo que está em vigor desde o dia 27 de agosto de 2005. Este código traz uma
apresentação inicial do documento, seguida da disposição dos princípios fundamentais
que o regem, das responsabilidades do psicólogo, das disposições gerais do código,
finalizando com esclarecimentos adicionais.
Pouco mais de dois anos após a aprovação do novo Código de Ética o CFP instituiu o
Código de Processamento Disciplinar, por meio da Resolução no 006/2007. Nesta
resolução fica estabelecido que as transgressões dos preceitos do novo código constituem
infração disciplinar, sendo nestes casos, aplicadas penalidades conforme a seguinte
ordem: advertência; multa; censura pública; suspensão do exercício profissional, por até
30 (trinta) dias; e cassação do exercício profissional.
Título de especialista
A Resolução CFP 13/07 institui a Consolidação das Resoluções relativas ao Título
Profissional de Especialista em Psicologia e dispõe sobre normas e procedimentos para
seu registro. Nesta resolução são descritas 11 especialidades, sendo elas:
I - “Psicólogo especialista em Psicologia Escolar/Educacional.
II - Psicólogo especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho.
III - Psicólogo especialista em Psicologia de Trânsito.
IV - Psicólogo especialista em Psicologia Jurídica.
V - Psicólogo especialista em Psicologia do Esporte.
VI - Psicólogo especialista em Psicologia Clínica.
VII - Psicólogo especialista em Psicologia Hospitalar.
VIII - Psicólogo especialista em Psicopedagogia.
IX - Psicólogo especialista em Psicomotricidade.
X - Psicólogo especialista em Psicologia Social.
XI - Psicólogo especialista em Neuropsicologia”.
CFP, 2007, p. 2-3
O registro profissional de especialista é fornecido pelo Conselho Regional no qual o
psicólogo tem sua inscrição principal. Cabe à plenária do CRP (SP) a aprovação da
concessão do título profissional de especialista.
Para habilitar-se ao Título de Especialista e obter o registro, o psicólogo deverá estar
inscrito no Conselho Regional de Psicologia há pelo menos 02 (dois) anos e atender a um
dos seguintes requisitos:
• ter certificado ou diploma de conclusão de curso de especialização credenciado ao
CFP;
• ter sido aprovado no exame teórico e prático, promovido pelo CFP, e comprovar
prática profissional na área por mais de 2 (dois) anos.
Destacamos novamente que o título de especialista em psicologia é uma referência sobre
a qualificação do psicólogo, não se constituindo condição obrigatória para o exercício
profissional. Poderão ser registrados até dois títulos profissionais de especialidade, sendo
possível o cancelamento do título, ou substituição por outro, a qualquer tempo. É
importante saber ainda que não há obrigação de solicitar o título de especialista. É um
direito que você tem.
O registro no CRP é obrigatório para todos os psicólogos que estiverem exercendo a
profissão e somente pode intitular-se psicólogo a pessoa legalmente inscrita nos termos
das Leis nº 4.119/62 e nº 5.766/71. A inscrição só é “dispensável” se o psicólogo não
estiver atuando na área da Psicologia, desde que seja encaminhado pedido de
suspensão ou de cancelamento ao CRP.
Nos casos de atividade profissional simultânea em áreas de jurisdição de diferentes
Conselhos Regionais, serão consideradas:
• Principal -a inscrição concedida pelo CRP que habilitou legalmente o exercício da
profissão;
• Secundárias -as inscrições concedidas pelos demais Conselhos Regionais, em
cujas áreas de jurisdição também atue como psicólogo. Se a atividade profissional
em outra área de jurisdição não ultrapassar 90 dias, será considerada de caráter
eventual, não sendo necessária a inscrição secundária.
Outra dúvida é quanto ao cancelamento do registro. Qualquer psicólogo(a) que não esteja
exercendo a profissão poderá requerer o cancelamento de sua inscrição, desde que não
esteja respondendo a processo ético. Em caso de falecimento, o familiar deverá realizar
o cancelamento da inscrição do(a) psicólogo(a) junto ao CRP, com cópia autenticada da
certidão de óbito.
A inscrição de Pessoa Jurídica (PJ) é necessária sempre que a empresa tiver como objeto
a prestação de serviços privativos de psicólogos. Os profissionais devem,
obrigatoriamente, ser registrados no CRP. As empresas individuais constituídas por
psicólogos legalmente inscritos não estão obrigadas ao registro de PJ, podendo ser feito,
a critério do psicólogo. Neste caso serão cobradas as taxas e anuidades devidas.
As relações de documentos necessários para realizar as inscrições de Pessoa Física e/ou
Jurídica podem ser acessadas diretamente no site do CRP SP pelo
endereço: www.crpsp.org.br

PSICANALISE FREUDIANA
Sigmund Freud (1856-1939) nasceu em Freiberg (antiga Checoslováquia) em 1856, tendo
vivido grande parte de sua vida em Viena, onde sua família mudou em 1860. Este período
histórico envolveu importante desenvolvimento das ciências naturais (Física, Biologia,
Química) e do conhecimento especializado e formação profissional (indústria e mão de
obra especializada). Também houve um aumento no número de universidades e de
pessoas que se dedicaram à docência e à pesquisa (campos ocupados na época pela
classe dominante).
O período também ficou caracterizado por problemas emergentes de um novo modo de
produção, tais como: falta de alimentos, de recursos de saúde para o proletariado,
péssimas condições de moradia, entre outros. Tais problemas associados ao novo
formato do trabalho, no qual o coletivo prevalece sobre o individualismo, conduziu ao
aumento da consciência de classes (principalmente da classe trabalhadora), dando
origem às organizações de classes e às reivindicações coletivas. Esses acontecimentos
marcaram a transição para o capitalismo.
Um momento posterior (já de maior consolidação da teoria psicanalítica) coincidiu com o
holocausto, o que levou Freud e sua família, após muita resistência dele, ser obrigados a
deixar Viena (considerando suas origens judaicas).
Diferente dos dias atuais, na época, existia basicamente três opções de formação
profissional: Medicina, Filosofia e Ciências Exatas. Freud optou pela medicina e embora
tivesse grande interesse em ingressar na esfera acadêmica (estudo científico) acabou
especializando-se psiquiatria.
Inicialmente atuou na área clínica e hospitalar, estudando o cérebro de pessoas com
patologia psiquiátrica (post mortem) e tentando vincular a observação clínica com lesões
orgânicas. Contudo, sua condição financeira não permitia dedicar-se exclusivamente aos
estudos, precisando abandoná-los.
Freud inicia sua prática em neurologia clínica, atendendo pessoas com “problemas
nervosos”. Ao final de sua residência ganha uma bolsa de estudos e começa a trabalhar
com Jean Charcot em Paris, passando a atuar no campo da histeria. A histeria era
compreendida como um distúrbio psiquiátrico com sintomas como paralisia, ausência de
memória, náuseas, distúrbios da fala e visão. Veja que aqui você já encontra uma boa
oportunidade para exercitar uma análise crítica sobre seus conhecimentos prévios sobre
a psicanálise.
Voltando ao nosso regresso histórico, foi com Charcot que Freud conheceu a hipnose e
ao retornar à Viena tinha como seu principal instrumento de trabalho a sugestão
hipnótica para a eliminação de sintomas dos distúrbios nervosos.
Em Viena associou-se a Josef Breuer (médico e cientista). Uma paciente, com sintomas
histéricos, que inicialmente era atendida por Breuer e, posteriormente foi transferida à
Freud, ofereceu subsídios importantes para o desenvolvimento de seus estudos e
construção dos paradigmas da Psicanálise. O estudo desta paciente ficou conhecido
como “O caso de Ana O.”
Como pesquisador atento que era Freud logo percebeu que nem todos os pacientes
podiam ser hipnotizados e que, em muitos casos, os sintomas histéricos reapareciam.
Diante disso, abandona a hipnose mantendo, contudo, o método catártico em seus
atendimentos. Este procedimento acabou originando posteriormente à técnica conhecida
como livre associação ou associação livre.
O método catártico consistia na liberação dos afetos e emoções ligadas a acontecimentos
traumáticos que após expressos levavam à eliminação dos sintomas (nestes casos
histéricos). De acordo com seus estudiosos, os conteúdos traumáticos por não serem ou
não poderem ser expressos no momento da vivência do episódio doloroso ficavam
armazenados/bloqueados e refletiam de alguma forma na pessoa (por exemplo, sob a
forma de sintomas histéricos). Ao liberar esses conteúdos, seja falando sobre eles em
estado hipnóticos ou por meio de livre associação os sintomas histéricos desapareciam.
A associação livre foi uma técnica desenvolvida por Freud que consistia em orientar o
paciente a falar a primeira palavra que lhe viesse à mente diante de uma palavra dita pelo
clínico/pesquisador. A palavra dita pelo paciente permitia ao clínico fazer interpretações
dentro de todo um contexto clínico de atendimentos.
Além da associação livre Freud utilizou outras ferramentas para acessar os conteúdos
traumáticos, como a interpretação dos sonhos relatados por seus pacientes e dos demais
relatos trazidos por seus pacientes em sessão terapêutica.
No início Freud entendia que todos os fatos narrados por seus pacientes haviam de fato
acontecido, porém com o decorrer de seus estudos verificou que em algumas vezes
faziam parte da imaginação deles. Assim, diferenciou entre realidade objetiva e realidade
psíquica, enfatizando, contudo, que o importante de fato é o que a pessoa assume como
realidade (seja ela objetiva ou psíquica).
A publicação do livro “Estudos sobre histeria”, em parceria com Breuer, em 1895 oficializa
o início da Psicanálise. Mas foi somente em 1900 com a publicação de seu livro “A
interpretação dos sonhos” que Freud apresenta a primeira versão de sua concepção sobre
a estrutura e o funcionamento psíquicos.
Primeira Teoria sobre a estrutura do aparelho psíquico
É neste momento que Freud apresenta as estruturas de sua primeira concepção do
aparelho psíquico explicando sobre seu funcionamento. Nesta concepção, que ficou
conhecida como 1ª Tópica, Freud apresenta o que chamou de três instâncias/sistemas do
aparelho psíquico: consciente, pré-consciente e inconsciente.
A compreensão destas instâncias constitui a base para o estudo da teoria psicanalítica.
Sendo assim, sugerimos que se dedique ao estudo desses conceitos, dentre outros que
serão pontuados ao longo deste módulo.
O consciente seria a instância do aparelho psíquico, na qual estão os conteúdos que
temos acesso pleno e direto. Ele está acessível ao mundo exterior (aberto à entrada de
informações do ambiente) e também está acessível ao mundo interior (permitindo que
também possamos guardar informações nele). Neste sistema destacam-se o processo de
percepção do mundo exterior, a atenção, e o raciocínio.
O pré-consciente é a instância intermediária. Seus conteúdos não nos são acessíveis no
momento, mas podem tornar-se. Isto é, os conteúdos pré-conscientes podem em algum
momento tornarem-se conscientes.
Já o inconsciente é a instância inacessível. É formado por conteúdos reprimidos que não
conseguimos acessar por meio dos sistemas conscientes ou pré-conscientes. Essa
inacessibilidade deve-se a um sistema de proteção do psiquismo, pois estes conteúdos,
mesmo que em algum momento possam já ter sido conscientes, foram reprimidos por nos
causar algum tipo de dor/sofrimento psíquico.
O inconsciente é a instância proposta por Freud que deu maior projeção à sua teoria por
ser a que mais se distanciava de todos os objetos de estudos propostos para a psicologia
até o momento.
Em sua atuação no campo das neuroses Freud percebe que a grande parte dos
pensamentos e desejos reprimidos tinha origem em conflitos de ordem sexual,
particularmente originários ainda nos primeiros anos de vida do indivíduo.
A sexualidade infantil
Suas descobertas colocavam a sexualidade no centro da vida psíquica, sendo que sua
formação se dava na infância. E com isso, é principalmente a partir da apresentação de
sua teoria sobre a sexualidade infantil que Freud recebe as maiores críticas. Neste período
histórico a criança era vista como um ser inocente, sendo inconcebível pensar em uma
sexualidade infantil.
Freud discordava que a sexualidade teria início somente na puberdade, acreditando em
uma função sexual desde o princípio da vida, a qual iria se desenvolvendo e ganhando
complexidade até ter o perfil de sexualidade adulta (período de associação entre
reprodução e obtenção de prazer).
Neste contexto Freud apresenta o conceito de libido. A libido, na psicanálise, seria a
energia dos instintos sexuais e estaria presente durante todo o ciclo de vida manifestando-
se de maneiras diferenciadas ao longo deste ciclo.
Aqui nos deparamos com um importante conceito muitas vezes interpretado de maneira
equivocada, o que compromete o entendimento adequado dos próximos pontos da teoria
psicanalítica. Atente-se ao fato de que energia dos instintos sexuais não é sinônimo de
instinto sexual ou de desejo sexual.
Na teoria de Freud, nos primeiros anos de vida, a função sexual está ligada à
sobrevivência e devido a isso o prazer está localizado em si mesmo, ou seja, as excitações
sexuais estão presentes no próprio corpo da criança. Freud dividiu esse período em cinco
estágios: fase oral, fase anal, fase fálica, período de latência e fase genital.
A fase oral, que compreende o período do nascimento até os 18 meses, tem a boca como
zona erógena (de gratificação/prazer). Nesta fase incluem o mamar, o desmame, a
aprendizagem do adiamento da gratificação (ex.: a criança precisa esperar para poder
mamar), desenvolvimento da imagem corporal. Neste período é iniciada a formação do
ego.
A fase anal, dos 18 meses aos três anos de idade, tem o ânus como zona erógena.
Contempla o período do treinamento do uso do banheiro e a continuação do
desenvolvimento do ego.
A fase fálica, dos três aos cinco anos, tem os genitais como zona erógena. Neste período
há uma maior consciência do corpo e dá-se a formação do superego, ocorrendo neste
período o Complexo de Édipo.
Dos cinco anos até a puberdade há um período de latência/intervalo, no qual há uma
diminuição das atividades sexuais e intervalo na evolução da sexualidade, sendo as
pulsões sexuais reprimidas.
O último estágio, fase genital, comporta o período da puberdade até o final da vida. Nesta
fase a zona erógena deixa de ser o próprio corpo, passando para um objeto externo, o
outro.
Você deve ter percebido que dentro desse conjunto de novos conceitos surgiu um termo
também bastante conhecido, mesmo fora do campo acadêmico e profissional da
psicologia, o Complexo de Édipo. Vamos nos dedicar um pouco ao estudo desse processo
descrito por Freud e que também será bastante importante para os próximos tópicos que
abordados aqui.
O que vem a ser, portando o Complexo de Édipo? Freud percebeu que dos três aos cinco
anos de idade a criança passa por um período conflituoso. Nesse período a criança tende
a identificar-se com um dos progenitores (a mãe ou o pai).
Desta forma, para a psicanálise, na fase fálica há um direcionamento da libido a um dos
progenitores, fazendo com que o menino, por exemplo, deseje tomar o lugar do outro (o
pai), ou seja, deseja substituí-lo para ficar com seu objeto de desejo (a mãe). Com isso, o
menino escolhe o pai como modelo de comportamento (por desejar ser ele/substituí-lo) e
começa a internalizar as regras e normas sociais (representadas pela figura de autoridade
paterna). Diante do conhecimento das normas e regras o menino depara-se com o fato de
que seu desejo de ter a mãe não é correto e teme perder o amor do pai (medo da
castração), e assim, desiste de seu objeto de desejo. A esse processo Freud deu o nome
de Complexo de Édipo. Para as meninas ocorre o mesmo processo, sendo apenas
invertidos os papeis, isto é, o objeto de desejo é o pai e a menina identifica-se com a mãe
(Édipo Feminino).
A elaboração desses conceitos levou Freud a aprofundar seus estudos sobre a pulsão
que se refere a um estado de tensão que busca, por meio de um objeto, ser
aliviado/satisfeito. A pulsão funciona como uma força interna propulsora, da qual não se
pode fugir e que pressiona constantemente o psiquismo na busca de satisfação.
Freud descreveu dois tipos de pulsão que se opõem: a pulsão de vida (representada por
Eros) e a pulsão de morte (Tânatos). A pulsão de vida contempla as pulsões sexuais e de
auto conservação, ao passo que a pulsão de morte pode ser autodestrutiva, podendo
manifestar-se como pulsão agressiva ou destrutiva. Estas definições geralmente
despertam polêmicas, uma vez que é mais fácil conceber um tipo de pulsão que move a
pessoa a manter-se vivo e satisfazer seus desejos. Já imaginar uma pulsão que
impulsiona o indivíduo à autodestruição, ou seja, em direção à morte é algo mais
complexo.
De acordo com a psicologia psicanalítica estas pulsões, são forças que por serem opostas
e atuarem continuamente geram forte tensão ao psiquismo. Considerando ainda que o
organismo tende a buscar um estado de excitação zero, no qual o nível de tensão seria,
portanto, nulo; é possível compreender que este é apenas um pressuposto teórico, uma
vez que havendo vida, automaticamente existe pulsão e, necessariamente tensão
psíquica.
Freud descreveu ainda três características do funcionamento psíquico que ocorrem
simultaneamente: econômico (quantidade de energia que o alimenta); tópico (constituição
por sistemas diferenciados quanto à natureza e modo de funcionamento);
e dinâmico (presença de forças conflituosas/pulsões que estão permanentemente ativas).
Como acontece nos diferentes campos do conhecimento muitos dos paradigmas
apresentados por Freud foram revistos durante sua trajetória, sendo que entre 1920 e
1923 ele reformula sua teoria sobre o aparelho psíquico, apresentando o que ficou
conhecido como 2ª Tópica.
Segunda Teoria do Aparelho Psíquico
Nesta teoria id, ego e superego são apresentados como as instâncias psíquicas do
aparelho psíquico. Freud apresenta o Modelo do Iceberg para explicar o aparelho psíquico
e como estariam dispostos seus sistemas. Vamos compreender melhor esse conceito.

Modelo Iceberg proposto por Freud para ilustração da Segunda Teoria do Aparelho Psíquico

Imagine que o aparelho psíquico seja um iceberg flutuando em um enorme oceano. A


parte mais extensa e que se encontra totalmente submersa corresponde ao id (ou isso),
não sendo possível visualizá-la. Nesta instância encontra-se, portanto, o reservatório da
energia psíquica, ou seja, é onde se localizam as pulsões de vida e de morte, sendo regido
assim pelo princípio do prazer (a busca pela satisfação/ausência de tensão). Você deve
ter percebido que o id corresponde ao que na primeira teoria (tópica) constitui o
inconsciente, o que explica sua denominação como Mente inconsciente.
As demais instâncias dividem lugar no topo do iceberg, tendo parte de seu conteúdo
submerso e parte visível, correspondendo à Mente consciente (nesta teoria).
O superego (ou supereu) faz oposição às exigências do id e origina-se com o Complexo
de Édipo. É a parte da psique onde foram internalizadas as proibições e limites ditados
pela autoridade paterna, representados pelas regras, normas e exigências morais da
família e da sociedade.
O ego (ou eu) é a instância que busca equilibrar as exigências do id e da realidade e as
“ordens” do superego. O ego é regido pelo princípio da realidade que contempla as
demandas da pessoa e do ambiente. Grosso modo é como se o id dissesse: “eu quero”;
o superego: “não pode”; e o ego: “você precisa de”. O ego funciona como um sistema
mediador na medida em que tenta regular o aparelho psíquico alterando o princípio do
prazer para poder satisfazê-lo, considerando as demandas objetivas da realidade e as
normas sociais. Dito de outra forma, quando o ego percebe que algum conteúdo/desejo
não pode chegar à consciência (é proibido), transforma-o para que possa mesmo que
parcialmente ser satisfeito. Agora vamos voltar um pouco mais na segunda instância
apresentada.
Para a compreensão do superego Freud introduziu o conceito de sentimento de culpa.
A formação do superego se dá no período de conflito, no qual a criança passa pelo
Complexo de Édipo. Embora a criança tenha internalizado a autoridade paterna (por medo
de perder seu amor) desistindo da mãe (seu objeto de desejo), não significa que ela não
mais a desejasse. Isso leva à criança sentir-se culpada por algo errado que fez ou que
não fez, mas desejou ter feito, algo considerado mal aos olhos do ego (mas não
necessariamente prejudicial), conforme nos explica Bock, Furtado e Teixeira (2008).
De acordo com essa concepção quando desejamos algo que não é possível de realizar
(pelas imposições do superego) esse sentimento retorna ao psiquismo gerando o
sentimento de culpa. Não é necessário mais um agente externo para dizer o “não” que
agora, já se encontra internalizado em nosso próprio senso de censura.
E nunca conseguimos realizar nossos desejos inconscientes? Como visto, o ego altera o
princípio do prazer para satisfazer as exigências do id. O ego faz isso para proteger a
consciência de conteúdos que lhe podem ser dolorosos. A essas alterações das
“exigências” do id Freud denominou mecanismos de defesa.
Mecanismos de defesa
Os mecanismos de defesa funcionam, portanto, como processos de deformação da
realidade (utilizados pelo ego) que permitem que determinados conteúdos inconscientes
possam ter acesso à consciência e serem, de algum modo, realizados/satisfeitos. Freud
descreveu vários mecanismos de defesa, sendo o recalque o mecanismo mais conhecido.
O recalque é o mais radical dos mecanismos de defesa. Este mecanismo suprime a
percepção do que acontece. Seria como se bloqueassem nossos sentidos nos
impossibilitando de ver e ouvir. Este mecanismo elimina uma parte da realidade, seria
como uma página arrancada de um livro, uma linha retirada de um texto ou uma palavra
faltando em uma frase, impossibilitando a compreensão total do que o escritor desejou
transmitir.
Os demais mecanismos são menos radicais e funcionam como forma de deformar a
realidade e não retirá-la totalmente da percepção. Segundo Bock, Furtado e Teixeira
(2008), dentre outros, fazem parte do amplo conjunto de mecanismos de defesa:
• formação reativa – adoção de uma atitude oposta ao desejo desviando a atenção
de seu desejo real (ex.: ternura excessiva, superproteção – a atitude esconde seu
oposto e verdadeiro desejo que pode ser bastante doloroso se chegar à
consciência);
• regressão – retorno a etapas anteriores do desenvolvimento (ex.: pessoa bastante
ponderada em situações difíceis, mas que tem uma reação exagerada ao ver uma
barata – refletindo que a barata representa muito mais do que um inseto que ela
teme);
• projeção – há distorções de aspectos dos mundos externo e interno, fazendo a
pessoa projetar algo de si no mundo externo não percebendo que o conteúdo
projetado na realidade é algo seu (ex.: pessoa que critica determinada atitude em
alguém, não percebendo que também tem determinada característica, muitas
vezes até mais forte do que em quem direciona suas críticas).
• racionalização – a pessoa constrói uma argumentação intelectualmente aceitável
para o que acontece (no caso, as demais deformações da consciência – resultado
dos outros mecanismos de defesa). Tenta explicar por meio da lógica determinadas
atitudes colocando a razão a serviço do irracional (ex.: pudor excessivo [resultado
da formação reativa] justificado com argumentos morais [racionalização]).
Os mecanismos de defesa foram amplamente estudados por Freud em seus estudos
sobre a neurose e psicose. Freud entendeu a neurose como o resultado de um conflito
entre o Ego e o Id, sem prejuízo significativo do pensamento racional (aquilo que se foi de
fato ou se deseja ser, com aquilo que se deseja realmente ser ou ter sido). Já
a psicose era compreendida por ele por um processo conflituoso similar, porém entre o
Ego e o Mundo (neste caso, com prejuízo ao pensamento racional).
Ao estudar as neuroses Freud apresentou também o conceito de sublimação.
A sublimação embora não seja um mecanismo de defesa (sendo na verdade um
processo relativo à própria pulsão) também protege o nosso psiquismo. Este processo
permite o alívio de uma pulsão sexual, impossível de ser realizada, por meio do
afastamento do objeto sexual para outra espécie de satisfação (ex.: as artes). A
sublimação é uma forma de reconciliação das exigências sexuais com as da cultura.
A corrente psicanalítica compreende um campo vasto de investigação, mas considerando
os objetivos deste módulo nos deteremos aos conteúdos apresentados até o momento.
Finalizaremos nossa discussão apresentando algumas aplicações e contribuições dessa
ciência.
Aplicações e contribuições sociais da psicanálise
O objetivo do trabalho psicanalítico consiste no autoconhecimento, possibilitando ao
indivíduo suportar o sofrimento psíquico, criando mecanismos que o auxiliem a lidar com
dificuldades e conflitos que o direcione a uma vida mais harmônica e gratificante.
Inicialmente a psicanálise era mais comumente empregada no âmbito psicoterápico,
apresentando um perfil de atuação que contemplava a presença do divã, o atendimento
em consultório, marcado por um longo processo terapêutico acessível apenas a uma
camada elitizada da população. Esse perfil de atendimento que predominou por certo
tempo levou a uma visão estereotipada da psicanálise que ainda permanece nos dias
atuais, apesar de seu campo de aplicação atualmente ser muito amplo.
Há muito tempo que a psicanálise não se restringe ao consultório psicanalítico. É
importante destacar que as contribuições da psicanálise ao longo dos anos mostrou-se
em muitos setores, tendo importantes representantes, dentre eles o enfoque em
orientações a pais iniciados via rádio durante a Segunda Guerra Mundial (D. W. Winnicott);
as contribuições de Ana Freud no campo da Educação; bem como trabalhos mais recentes
com crianças e adolescentes institucionalizados (hospitais, creches, abrigos),
representados por Françoise Dolto e Maud Mannoni (Bock, Furtado e Teixeira, 2008).
A expansão da aplicação da psicanálise em diferentes setores, entre eles o social, embora
mais evidenciado nas últimas décadas, inclusive no âmbito da pesquisa não é, contudo,
recente. As preocupações com questões sociais, refletidas nas obras de Freud como, por
exemplo, o “Mal-estar na civilização, reflexões para o tempo e guerra e morte”, são
exemplos da antiga preocupação da teoria psicanalítica com questões sociais que
levavam ao sofrimento psíquico, as quais deveriam ser abordadas e contempladas pelo
campo da psicologia.
Conforme revisado por Bock, Furtado e Teixeira (2008), os temais mais atuais de trabalhos
nesse campo relacionam-se a questões como a violência e envolvimento adolescente na
criminalidade, a drogatização, os distúrbios alimentares (particularmente a anorexia), a
síndrome do pânico, a medicalização do sofrimento, a sexualização infantil, dentre outros.

Behaviorismo – Analise do Comportamento


O behaviorismo nasce em um período histórico no qual a psicologia desejava romper com
a tradição filosófica e com objetos de estudo subjetivos como alma e mente. As frentes
teóricas emergentes no período tinham como principal objeto, o estudo da mente
(mentalismo). Embora a corrente mentalista tivesse aberto a psicologia para o mundo
científico (a partir da instalação do primeiro laboratório experimental por Wundt na
Alemanha), os métodos do associacionismo e da introspecção eram considerados ainda
muito subjetivos para as exigências da época.
Apoiado em experiências enfocando o condicionamento de cães (reflexo condicionado)
realizados por Ivan Pavlov, o americano John Watson (1878-1958) propunha em 1913
uma nova frente denominada behaviorismo. Essa corrente teórica tinha como objeto de
estudo o comportamento, sendo este passível de observação, medição e replicação,
sendo ainda controlável.
Como alertam Bock, Furtado e Teixeira (2008), o behaviorismo não era contrário ao estudo
da mente, porém para seus adeptos não era possível (pelo menos com os recursos
disponíveis no período) estudar os fenômenos mentais objetivamente. Assim, optaram por
não estudarem a mente, dedicando-se ao estudo do comportamento.
Alguns estudiosos (dentre eles Tolman e Bandura), no entanto, preferiram dedicar suas
investigações ao campo dos fenômenos mentais, estudando-os através do
comportamento observável. Esta corrente ficou conhecida como Cognitivismo e associava
o estudo do comportamento e das manifestações mentais (ex.: percepção, atenção,
memória, entre outros).
O primeiro momento do behaviorismo, que teve Watson como seu principal representante
ficou conhecido como Behaviorismo Clássico, e neste início o comportamento era
concebido como uma ação isolada da pessoa. Frente ao dinamismo da produção do
conhecimento, a compreensão sobre o objeto de estudo do behaviorismo sofreu
alterações ao longo da história. O comportamento continuou sendo o objeto de estudo
desta corrente, mas passou a ser entendido como interação entre as ações do indivíduo
e o ambiente.
As ações do indivíduo, para os behavioristas, são consideradas respostas às estimulações
(do ambiente). Com isso, introduz-se a noção “Estímulo - resposta”. Muitas vezes alunos
perguntam o porquê dessas denominações. A adoção e, posterior manutenção desses
termos segue basicamente duas razões. A primeira razão tem fundo metodológico e
fundamenta-se no compromisso desta ciência em estudar o objeto da psicologia
objetivamente. Considerou-se que isso seria possível e mais efetivo, a partir da divisão
deste objeto em unidades de análise. Já as razões históricas consistem na manutenção
dos termos em função de seu uso generalizado por outros estudiosos.
O behaviorismo logo ganhou seguidores, sendo que o sucessor mais importante de
Watson foi B. F. Skinner (1904-1990). Os enfoques dados por Skinner redefiniu sua
denominação para Behaviorismo Radical, que teve como base o comportamento
operante, investigado por meio da análise experimental do comportamento.
Nosso próximo passo é apresentar a proposta do behaviorismo para a análise de seu
objeto de estudo. É importante que cada um dos elementos dessa corrente estejam claros,
bem como a compreensão atual de comportamento: estudo das interações entre o
indivíduo e o ambiente, entre as ações do indivíduo (suas respostas) e o ambiente (as
estimulações).
Compreendendo o Behaviorismo
Alguns conceitos são importantes para a compreensão de constructos do behaviorismo,
dentre eles: reflexos inatos e aprendizado. Os reflexos inatos podem ser compreendidos
como comportamentos característicos da espécie.
Os reflexos são produzidos diante da presença de um agente/estímulo e respondem a
algumas leis ou propriedades. Quanto maior a intensidade do estímulo maior também a
intensidade da resposta (lei da intensidade-magnitude); sendo que, para todo reflexo
existe uma intensidade mínima do estímulo para que a resposta ocorra (lei do limiar); e
um tempo de exposição ao estímulo até a produção da resposta (lei da latência).
Já o aprendizado, na concepção comportamentalista, corresponde ao processo que
reflete uma alteração duradoura do comportamento baseada, sobretudo na experiência,
podendo ser adquirido ainda por tentativa e erro. O aprendizado também segue a lei do
efeito e a lei do exercício. De acordo com a lei do efeito a resposta seguida por um estado
de satisfação tende a ser repetida, sendo que o grau de satisfação fortalece a associação
entre o estímulo e a resposta. Já pela lei do exercício as associações são fortalecidas
pelo uso e enfraquecidas pelo desuso.
Condicionamento Clássico.
Ao se falar em behaviorismo, uma palavra geralmente vem à mente das pessoas:
condicionamento. Você já sabe que esse é um pensamento bastante ligado ao senso
comum, uma vez que a composição de uma ciência envolve maior complexidade que
apenas um elemento. Mas partiremos desse conceito para nos aventurarmos no campo
do comportamento. Então, afinal o que é condicionamento e como funciona?
O primeiro a falar em condicionamento foi Ivan P. Pavlov (1904-1990) que introduziu a
ideia de reflexo condicionado, a partir de seus estudos com cães. Pavlov utilizou
medidas fisiológicas em condições experimentais controladas, nas quais verificou que, por
meio da apresentação de um estímulo (ex.: comida) produzia-se uma resposta (no caso
salivação). Classificou esse tipo de resposta como reflexa e para designar esta relação
introduziu a noção “estímulo - resposta”.
Esse grupo de comportamentos reflexos passou a ser entendido por Skinner como a
primeira unidade básica de análise do behaviorismo, sendo denominada comportamento
respondente. Assim, considerou-se comportamento respondente todas as respostas
dadas involuntariamente que foram produzidas (eliciadas) por um determinado estímulo
do ambiente (estímulo antecedente – por preceder a resposta). Em função disso, o
comportamento respondente também ficou conhecido como comportamento
incondicionado. Que exemplos você conseguiria imaginar para essa categoria de
comportamento?
Imagine-se tendo que cortar cebolas na cozinha; sendo surpreendido por alguém
acendendo a luz abruptamente após você estar algum tempo no escuro; imagine-se ainda
comendo algo muito azedo. Que tipos de respostas você imagina para esses estímulos?
Acha que conseguiria controlar alguma delas? Todas essas respostas respondem a
estímulos antecedentes que desencadearam involuntariamente uma resposta. Sem
fornecer outra fonte de umidade no ambiente (além dos olhos), você não conseguiria evitar
lacrimejar ao cortar cebolas; também não conseguiria evitar a contração das pupilas, caso
já estivessem dilatadas; e provavelmente contrairia toda a musculatura do rosto
expressando desagrado ao comer algo muito azedo.
No behaviorismo, a essas e outras respostas que não podem ser evitadas e controladas
(ou seja, são reflexas, involuntárias) atribuiu-se o nome de comportamento respondente.
As interações estímulo-resposta com este perfil receberam o nome
de incondicionadas por não estarem sujeitas a nenhum fator. Em outras palavras, não
necessitam de aprendizagem para que ocorram.
Certo, mas você deve estar se perguntando: “Mas onde entra o condicionamento nisso
tudo?” Vamos voltar na história aos experimentos de Pavlov com os cães para responder
essa pergunta.
Num segundo momento de seus experimentos, Pavlov percebeu que a associação de
outro estímulo qualquer (ex.: campainha), aquele que produzia a resposta (comida)
poderia fazer com que o primeiro (campainha) produzisse resposta semelhante
(salivação) mesmo na ausência de comida. A esta relação de transformar um estímulo
inicialmente neutro (campainha) em um estímulo condicionado (gerador da resposta
inicial) atribuiu-se o nome de Condicionamento Clássico.
Retomemos agora nossos próprios exemplos. Imagine que você deseja provocar em
alguém a expressão facial característica da “careta” ao comer algo azedo, mas sem que
essa pessoa necessariamente coma algo do gênero. Os analistas do comportamento
perceberam que ao parear (associar) um estímulo aleatório a um estímulo incondicionado
por um determinado tempo, poderiam eliciar respostas semelhantes aquelas produzidas
pelo estímulo incondicionado, transformando o estímulo aleatório em condicionado.
Confuso? Vamos detalhar um pouco mais.
Imagine que você dará algumas vezes para a pessoa que está participando do seu
experimento algo muito azedo para comer (estímulo incondicionado) fazendo com que
ela produza uma “careta” típica dessa situação (respostaincondicionada/reflexa); e que,
em todas essas vezes, imediatamente após oferecer o alimento, você tocará uma buzina
(estímulo condicionado). Após repetir isso por certo tempo bastará soar a buzina para
que a pessoa produza a “careta” (resposta condicionada). Neste exemplo você terá
pareado/associado o estímulo incondicionado (comida azeda) com o estímulo
inicialmente neutro (buzina), produzindo uma resposta condicionada (“careta”). Com isso,
a buzina torna-se um estímulo condicionado (produtor da resposta – “careta”).
Um exemplo que ilustra bem esse tipo de condicionamento pode ser visto no filme
“Seabiscuit – Alma de herói” (2003 – Dirigido por: Gary Ross;e roteiro baseado no livro de
Laura Hillenbrand). Em um conjunto de cenas do filme, os treinadores de um cavalo de
corrida precisam ensiná-lo o momento exato de largada da corrida no escuro. Para isso,
associam uma campainha (estímulo inicialmente neutro) à chicotada (estímulo
incondicionado) para provocar a resposta de correr no cavalo (resposta primeiramente
incondicionada – quando eliciada somente pela chicotada, e posteriormente resposta
condicionada – após pareamento e eliciada somente ao som da campainha [estímulo
agora condicionado]).
Este tipo de condicionamento ficou conhecido como Condicionamento Clássico,
Respondente ou Pavloviano.
Treine o seu raciocínio utilizando outros exemplos. Exercite sua mente pensando sobre
alguns comportamentos respondentes (reflexos) e estímulos que os produzem. Imagine
possibilidades de pareamentos que permitam a produção da resposta apenas na presença
do estímulo condicionado.
Condicionamento operante
O comportamento operante corresponde à segunda unidade de análise descrita por
Skinner. Este tipo de comportamento corresponde a maior parte dos comportamentos
humanos (ex.: ler, escrever, andar, chorar...). Assim, como o comportamento respondente
é uma resposta a um estímulo do ambiente, porém tem ação direta ou indireta sobre ele,
ou seja, o comportamento operante age/opera sobre o mundo.
Enquanto no comportamento respondente, a resposta ao estímulo do ambiente sempre
ocorre, ou seja, diante de luz forte nossa pupila sempre irá dilatar; no comportamento
operante essa resposta pode continuar ou deixar de ser emitida dependendo do tipo de
estímulo oferecido. A resposta continua a ser emitida diante de estímulos que sejam
reforçadores para que ela ocorra.
Os exemplos mais conhecidos que ilustram o comportamento operante foram os
experimentos realizados por Skinner com ratos de laboratório em uma caixa que ficou
conhecida como “caixa de Skinner”. Skinner construiu uma caixa na qual o rato ficava
preso, sendo possível controlar mais facilmente as variáveis do ambiente.
Reforço Positivo
Em um de seus experimentos o rato permanecia fechado dentro da caixa e privado de
água. Só era possível para o rato beber água se pressionasse uma barra que liberava
uma gota de água. Ao explorar a caixa, os ratos que participavam do experimento,
pressionavam acidentalmente a barra e percebiam a liberação da água, bebendo-a.
Devido à quantidade de água ser pequena e ainda permanecerem com sede, continuavam
explorando a caixa na tentativa de conseguirem água novamente. Após certo número de
acionamentos acidentais da barra, os ratos compreendiam o mecanismo, aprendendo que
para conseguir água deveriam pressionar a barra.
A resposta dos ratos de pressionar a barra (comportamento operante) é reforçada
pelo estímulo reforçador (conseguir água), assim continuam a emitir o comportamento
(pressão à barra). Este tipo de comportamento é representado pela relação R S,
onde R é a resposta/ação (pressionar a barra) e S é o estímulo reforçador (água).
Veja que neste caso, a resposta é aprendida e pode ser emitida ou não. Há uma relação
de ação e consequência, isto é, a ação do sujeito (resposta) produz uma consequência
no ambiente (estímulo): “se eu faço isso... acontece aquilo...”. Esta relação recebe o nome
de relação funcional e, o que vai determinar sua ocorrência é o quanto a consequência
(estímulo) é reforçadora para produzi-la (aumentando ou não a probabilidade de sua
ocorrência).
Observe que fica bastante claro, por exemplo, que se o rato não estiver com sede o
suficiente, não irá explorar a caixa e, consequentemente não será exposto a situações
passíveis de aprendizagem. Nesta situação, não é possível afirmar que o rato não
aprende, uma vez que a água para ele, neste momento, não é um estímulo reforçador.
Este tipo de exemplo também nos permite refletir sobre a importância de um ambiente
adequadamente controlado para experimentos como este.
Existem consequências que aumentam a probabilidade de ocorrência do comportamento
que as produziu (reforçadoras) e consequências que diminuem a frequência de emissão
do comportamento (punidoras ou aversivas).
Sempre que uma consequência altera a probabilidade futura que a resposta ocorra, esta
recebe o nome de reforço. O reforço pode ser positivo quando aumenta a probabilidade
futura da resposta ocorrer; ou negativo quando aumenta a probabilidade de remoção da
resposta. Em outras palavras, no reforço positivo a resposta é mantida pela introdução
de um estímulo reforçador/consequência desejada (acontece algo que gostamos), ao
passo que no reforço negativo a resposta é mantida pela remoção de um estímulo
aversivo/consequência indesejada (eliminamos ou diminuímos algo que não gostamos).
Diante desses conceitos compreendemos que a água, no experimento anterior,
funcionava como um reforço positivo, ou seja, a água era a consequência que aumentava
a frequência de emissão da resposta de pressão à barra. Agora vamos pensar no reforço
negativo. A “caixa de Skinner” também nos oferece um exemplo para isso.
Reforço Negativo
Novamente preso dentro da caixa os ratos agora recebem choque no assoalho. Ao
pressionar acidentalmente a barra percebem que os choques param. Após alguns
episódios (como acontecia no experimento anterior) compreendem que para evitar os
choques (estímulo aversivo) deverão pressionar a barra. A resposta de pressionar à
barra é mantida neste caso, pela retirada de um estímulo aversivo (choque), ilustrando,
portanto, aumento da frequência de emissão de um comportamento por reforço negativo.
Existem dois processos de reforçamento negativo: esquivar-se do estímulo aversivo ou
fugir dele. A principal diferença entre esses dois processos é que na esquiva a pessoa
evita o estímulo aversivo antes que ele ocorra (ou pelo menos ameniza seus efeitos),
e na fuga a pessoa foge dele após o início de sua ocorrência. Você consegue imaginar
exemplos de fuga e esquiva?
Uma dica essencial que auxilia a pensar em exemplos de esquiva relaciona-se ao
entendimento de que para evitarmos que algo aconteça, ou seja, para nos esquivarmos,
precisamos saber que irá ocorrer. Em outras palavras, é possível esquivar-se de um
estímulo quando outro estímulo o antecede (é preciso que haja um tempo hábil entre o
primeiro e o segundo estímulo). Vamos usar o exemplo de esquiva apresentado por Bock,
Furtado e Teixeira (208): o trovão. Ao vermos um raio já sabemos que na sequência irá
ocorrer o trovão e assim, tampamos os ouvidos com as mãos nos esquivando do barulho
(atenuando os efeitos do estímulo aversivo).
Assim, aprendemos que, ao vermos um raio, e tamparmos os ouvidos com as mãos
diminuímos os efeitos sonoros do trovão (estímulo aversivo). As consequências desta
resposta farão com que voltemos a emiti-la no futuro. Neste processo, o raio recebe o
nome de reforçador negativo condicionado. É reforçador, porque aumenta a
probabilidade da resposta voltar a ocorrer; do tipo negativo, pois diminui os efeitos do
estímulo aversivo; e é condicionado, porque foi aprendido por experiência anterior.
Agora fica mais fácil pensar em um exemplo para fuga, não é mesmo? Na fuga a resposta
para evitar ou reduzir o estímulo aversivo só é emitida depois que o mesmo já iniciou. Um
exemplo de fuga seria fechar as portas e janelas diante do ruído intenso externo quando
desejamos assistir televisão. Os ruídos externos já iniciados (estímulo aversivo) começam
a competir com o que desejamos ouvir (som da TV) e para diminuir seus efeitos, fechamos
as portas e janelas de nossa casa (resposta).
Veja que uma resposta de fuga pode servir como experiência e material de aprendizado
para a criação de um estímulo reforçador condicionado. Como assim? Lembre-se do
exemplo do trovão.
Uma pessoa exposta pela primeira vez a trovões só poderá fugir deles. Isto é, não poderá
usar o raio como reforçador negativo condicionado/aprendido (por não saber que ele
anuncia que na sequência virá o trovão). Somente depois de aprender isso, a pessoa
passa a usar o raio como um aviso para poder esquivar-se do trovão.
Agora pense em outros exemplos de condicionamento operante em seu dia-a-dia. Como
conversamos, o comportamento operante contempla a maior parte do nosso repertório
comportamental, assim ficará fácil você conseguir transpor esses aprendizados para
outras situações.
Neste momento você deve estar se perguntando: “E a punição?” Afinal este parece ser
outro termo que ficou marcado na história do behaviorismo, então vamos a ele.
Punição
A punição é outra forma de controlar a ocorrência de um comportamento. Na punição o
controle é feito pela apresentação de um estímulo aversivo(apresenta-se algo que não
gostamos/desejamos) ou pela remoção de um reforçador positivo (nos tiram algo que
gostamos/desejamos). Vamos aos exemplos.
Voltando à “caixa de Skinner”, visualize outro experimento realizado, no qual toda a vez
que o ratinho pressiona a barra leva um choque. Neste caso, a resposta de pressionar a
barra é inibida pela introdução de um estímulo aversivo (choque). Em outras palavras, a
apresentação de um estímulo aversivo diminui a frequência de ocorrência do
comportamento (pressão a barra).
Veja outro exemplo. Imagine que você sinta-se muito mais disposição para as aulas após
comer um lanche, no intervalo entre a saída do trabalho e a entrada no curso. Imagine
ainda que quando chega atrasado não consegue comer esse lanche. Neste caso, o lanche
funciona para você como um estímulo reforçador positivo e, consequentemente, a retirada
dele funciona como uma punição. Consequentemente, a probabilidade de chegar atrasado
(resposta) diminuirá a frequência de ocorrência devido à retirada de um reforçador
positivo (lanche).
Entretanto, estudos demonstram que a punição só é efetiva (extinguindo o
comportamento) se for muito intensa. Isso acontece, porque se a punição estiver
concorrendo com um estímulo reforçador muito intenso para a pessoa, a resposta voltará
a ocorrer.
Um exemplo claro disso são os altos índices de multa em faróis de trânsito principalmente
em horários de maior risco de assalto. Entre pagar uma multa (punição) e evitar o assalto
(reforço negativo), a pessoa opta por infringir as leis de trânsito e receber a multa.
Extinção
Pergunta-se muito se é possível extinguir um comportamento. O que você acha? Os
analistas do comportamento analisaram que quando uma resposta deixa abruptamente
de ser reforçada diminui a frequência de sua ocorrência até ser extinta.
Você se lembra dos experimentos com cães de Pavlov descritos no início deste módulo,
não é? Vamos retomá-los na fase em que a campainha já havia se tornado um estímulo
condicionado, ou seja, capaz de provocar a salivação no cachorro mesmo na ausência da
comida. Se a campainha continuar a soar muitas vezes, sem que na sequência seja
apresentada a carne, a resposta tende a diminuir sua ocorrência até entrar em extinção.
Uma atenção especial deve ser dada a este tópico quando se deseja extinguir um
comportamento, pois se o processo de extinção não for bem realizado a resposta torna-
se ainda mais resistente de ser extinta. Pense naquela criança que chora ou faz manha
para conseguir algo. Independente de este ser ou não o método mais efetivo e adequado
para extinguir esse tipo de comportamento, pense neste exemplo unicamente como uma
ilustração para a compreensão deste conceito.
Como estudado, de acordo com os behavioristas uma resposta se mantém quando é
reforçada positivamente. Assim, em algum momento a resposta da criança (de chorar ou
fazer manha para conseguir algo) foi reforçada. Para extinguir essa resposta é preciso
que se retire o estímulo reforçador. Por mais tempo que isso leve, ao perceber que
chorando ou fazendo manha, não consegue mais ganhar o que deseja, a criança para de
emitir a resposta. Ao contrário, se em algum momento do processo alguma pessoa ceder
e fornecer à criança aquilo que ela quer (frente ao choro ou manha) ficará ainda mais difícil
eliminar o comportamento aprendido.
Outros dois processos foram descritos pelos behavioristas: a generalização e a
discriminação. A generalização consiste na transposição dos efeitos de um estímulo para
outros. Um exemplo de generalização é a criança pequena que está aprendendo sobre
os animais e inicialmente chama todos os mamíferos de “au au” e todos os pássaros de
“piu piu”. Neste caso, se a criança tem medo de cachorro também terá medo de gato e
outros animais similares (em alguns casos até mesmo de brinquedo).
A generalização também pode ser transferida aos experimentos de Pavlov, no qual
a resposta do cachorro em salivar pode ocorrer diante da campainha, da buzina ou
do apito.
Nos exemplos dados, quando a criança vai crescendo e aprendendo novos conceitos
começa a fazer a diferenciação entre diferentes tipos de animais, por exemplo. Esse
processo é conhecido como discriminação. O mesmoocorre quando o animal começa
a discriminar entre os diferentes tipos de sons.
Aplicações do Behaviorismo
Historicamente, o Behaviorismo, juntamente com a Psicanálise, foi uma das correntes
mais difundidas em nosso meio, o que permitiu um maior aprofundamento de estudo e
prática de seus conteúdos.
Embora uma das áreas que tenha apresentado maior envolvimento prático da proposta
behaviorista tenha sido a Educação (com exemplos de aplicação no âmbito da elaboração
de métodos de ensino programado, no controle e organização das situações de
aprendizagem e na elaboração de tecnologias de ensino); já visualiza-se a aplicação dos
constructos behavioristas em outras áreas também, tais como: no treinamento de
empresas, na clínica psicológica, na publicidade, bem como forte investimento no campo
da pesquisa.
Psicologia Sócio-Histórica
O contexto histórico
Vygotsky (1896 – 1934) não teve uma vida longa, o que o impossibilitou de deixar
contribuições ainda maiores sobre sua psicologia, mas alguns de seus dissidentes foram
importantes para o prosseguimento de seus estudos, dando sequência à formulação
dessa importante frente psicológica. Dentre eles destacam-se Alexandr Romanovich Luria
(1902-1977) e Aléxis Nicolaievich Leontiev (1903-1979).
Ao analisarmos algumas questões que nortearam a formação da psicologia sócio-histórica
poderíamos pensar que teve forte influência da filosofia, em função de seu cunho de
questionamentos existenciais. Seus idealizadores questionavam, dentre outras questões:
Como nos tornamos os que somos hoje? De onde provem as capacidades humanas? E
se estas são naturais ou históricas?
Contudo, a análise do contexto histórico do surgimento dessa corrente, a essência de
seus fundamentos e até mesmo os nomes pelos quais ficou conhecida não deixam
dúvidas a respeito da forte influência e contribuição do materialismo histórico dialético de
Karl Marx à psicologia sócio-histórica.
Com isso, a vertente histórico-cultural nasce na antiga União Soviética, no final do século
XIX e início do século XX, num período de grande desenvolvimento do capitalismo e fortes
questionamentos sobre o mesmo, marcado por lutas de trabalhadores reivindicando
transformações sociais.
Neste período foram importantes os questionamentos sobre a importância da coletividade
em detrimento dos interesses individuais. Entende-se que o homem influencia o mundo,
sendo influenciado por este, refletindo uma relação de interação mútua. Além disso, o
conhecimento humano produzido é cumulativo e considera a experiência e história de
cada um de seus membros, fazendo com que o contexto histórico e cultural tenha forte
influência sobre o homem, o meio e as interações sociais.
Neste contexto, Vygotsky apresenta sua teoria psicológica, entendendo o homem como
um ser atuante e consciente sobre a natureza, com capacidade de produzir seus próprios
meios de existência, o que o torna diferente dos demais animais.
Sendo assim o homem é concebido como um produtor de todos os aspectos da vida
humana, incluindo a si mesmo, o que o torna produtor de bens materiais, de relações
sociais e de conhecimento.
Questiona o modo até então selecionado para o estudo do fenômeno psicológico pelas
demais vertentes. Para Vygotsky entender as experiências pessoais dos sujeitos, como
algo abstrato e natural do ser humano, seria o mesmo que conceber que o fenômeno
psicológico é algo que existe nos sujeitos independente de suas vivências. O fenômeno
psicológico simplesmente existiria no homem, sendo dele natural, sem importar questões
sobre o seu surgimento ou sua construção, apenas seu desenvolvimento. E este não
parecia, para a psicologia sócio-histórica, o caminho para a compreensão deste
fenômeno.
A psicologia sócio-histórica
Vygotsky propõe o estudo do fenômeno psicológico como uma experiência pessoal
constituída de forma coletiva e dentro de uma cultura. A subjetividade não seria algo
natural e sim conquistado pelo homem, por meio da atividade e da sua intervenção
transformadora sobre o mundo. Para a corrente sócio-histórica a concepção de um
material psíquico só é possível diante da consideração de conteúdos construídos ao longo
de milhões de anos, ou seja, levando em consideração a história de nossos antepassados.
Diante disso, a sócio-histórica estuda o ser humano e seu mundo psíquico como
construções históricas e sociais da humanidade (Bock, Furtado e Teixeira, 2008). E como
você acha que se daria isso?
Considerando sua base no materialismo histórico dialético pense que para essa ciência
(ainda mais que para as demais) o homem e o mundo estão em constante transformação.
Não é possível que um momento seja exatamente igual ao outro, pois coisas aconteceram
e as mudanças são inevitáveis, mesmo que não percebidas num primeiro momento.
Assim, seria impossível pensar em um homem com uma estrutura psíquica semelhante à
de outro, fazendo parte de diferentes períodos históricos e inseridos em culturas
diferentes.
Para a sócio-histórica as transformações que ocorrem em cada indivíduo, em cada
sociedade, em cada cultura influenciam a estrutura psíquica que está, portanto em
constante transformação. Mesmo porque como já conversamos, essas influências e
transformações acontecem em todos os sentidos.
Imagine que você acordou (dia A), tomou café com sua família, foi trabalhar e depois para
a faculdade. Devido ao cansaço, ao chegar em casa conversou pouco com seus
familiares, comeu algo rápido, tomou banho e foi dormir. Você acha que no dia seguinte
(dia B) você é a mesma pessoa do dia anterior e que o mundo que você acordou é o
mesmo?
Não. E você não está em um filme de ficção científica. Isso é apenas um ponto de vista
da psicologia sócio-histórica. Vamos agora simular uma situação hipotética com mais
detalhes para o Dia A.
Ao acordar (dia A) você percebe que está adiantado e resolve tomar café com sua família.
Durante o café sua mãe diz que haverá uma festa no final de semana. Vocês se empolgam
conversando sobre os preparativos da festa e você acaba perdendo o ônibus para o
trabalho. Como você teve que esperar o próximo ônibus, acaba chegando atrasado, tendo
problemas com seu chefe. Ele, lhe chama a atenção na frente de seus colegas, o que lhe
irrita profundamente. Saindo do trabalho decide ir direto para a Faculdade com medo de
se atrasar como aconteceu de manhã e acaba assistindo as aulas sem muita disposição
por não ter tomado banho e jantado antes como é de seu costume. Ao voltar para casa
percebe que todos estão reunidos na sala, mas não sente vontade de conversar muito.
Você então come um lanche rápido, toma um banho e vai dormir.
É claro que as variações e possibilidades de situações diferentes, em cada um dos
contextos e com cada interlocutor com quem interagiu neste dia, são infinitas. Mas a
questão é: Tudo está igual no dia B? A resposta com certeza é: não. Cada um dos
acontecimentos geraram mudanças (mesmo que pequenas) nas pessoas envolvidas,
sendo que estas pessoas também influenciaram o meio e umas as outras.
Um exemplo é sua relação com seu chefe e com o trabalho. Imagine que esta foi a primeira
vez que aconteceu um episódio deste tipo e que você ficou decepcionado com a reação
de seu chefe. Isso pode ter alterado a forma como você o via e também sua disposição
para retornar ao trabalho no dia seguinte. Pense ainda nos diversos conteúdos estudados
na Faculdade e o quanto acrescentaram aos seus conhecimentos antes assistir cada uma
das aulas do dia A (além de todas as interações e trocas entre você e os professores e
com os demais colegas de classe).
Para a psicologia sócio-histórica é impossível imaginar que tudo (incluindo você), seriam
os mesmos no dia B. Imagine isso em uma dimensão ainda mais ampla, considerando as
mudanças e transformações ao longo de toda uma vida da pessoa, e mais ainda ao longo
de várias gerações, e ao longo da história da humanidade. Em outras palavras, as pessoas
transforma o mundo e o mundo as transforma, não sendo diferente com a psique humana
que faz parte do indivíduo.
Nesta perspectiva Vygotsky estudou as influências que alguns marcos históricos surtiram
na construção do homem e da sociedade. Dentre esses marcos históricos, Vygotsky
chama a atenção para as transformações advindas da invenção e uso de ferramentas e
instrumentos pelo homem (instrumentos de corte, da roda, o uso do fogo). Dentre os
instrumentos construídos pelo homem destacou-se à linguagem, considerada como uma
das principais ferramentas de atuação do homem no mundo.
Essa evolução do funcionamento humano permitiu que o homem desenvolvesse a técnica
de desmembrar a tarefa em etapas/estágios, possibilitando também a capacidade de
planejamento.
Hoje em dia instrumentos ainda mais elaborados e sofisticados vêm sendo construídos e
utilizados pelo homem em diferentes áreas. Na saúde aparelhos modernos possibilitam
diagnósticos mais precisos e tratamentos mais eficazes (ex.: diagnósticos por imagem:
ressonância magnética, tomografia computadorizada, análises clínicas refinadas, entre
outros); no campo da informática, computação e comunicação (ex.: invenção do
computador, diferentes softwares com variadas funções, o advento da internet e das redes
sociais etc).
A cada dia o mundo se transforma mais rapidamente do que achamos ser possível
acompanhar, mas não podemos esquecer que fazemos parte desse mundo, e assim,
também o transformamos e estamos em constante transformação.
Para a psicologia sócio-histórica,
o mundo psicológico é esse mundo de registros e possibilidades que acompanham e
possibilitam as intervenções do ser humano no mundo. Se o mundo muda, é porque o
humano mudou, e ao mudar o mundo o humano se transforma. Um movimento incessante
de transformação.
Bock, Furtado e Teixeira 2008.
Psicologia Sócio-Histórica e seus paradigmas
Assim como nas demais psicologias, ao formular sua teoria Vygotsky apresentou uma
série de princípios importantes para se compreender e estudar a subjetividade humana e
este sistema de interação indivíduo-social. Aqui vamos abordar seus principais elementos.
Conforme visto, nesta teoria não é possível compreender o indivíduo sem conhecer o seu
mundo. Contudo, não significa que por estarem relacionados e intercomunicando-se, que
individual e social não apresentam suas particularidades. Seria como dizer que depois do
casamento o casal passa a ser uma única pessoa. Diante desse pressuposto surgem dois
conceitos da psicologia sócio-histórica: a subjetividade individual e a subjetividade social.
A subjetividade individual compreende a síntese das relações sociais do sujeito dentro
de seu sistema individual. Representa a construção de sentidos individuais de cada
pessoa frente às suas vivências dentro de uma determinada sociedade.
Já a subjetividade social comporta integralmente os sistemas das subjetividades grupais
e individuais, articulando-as nos diferentes níveis da vida social.
Sendo assim, conforme agimos no mundo e o mundo age sobre nós vamos nos
apropriando do mundo social e de seus conteúdos (linguagem, demais instrumentos etc)
e, com base em nossa atuação direta nesse mundo também atribuímos significado a
essas apropriações, ou seja, refletimos sobre ela, atribuindo-lhe um sentido pessoal,
conforme nossa realidade.
Um dos elementos de fundamental importância para a compreensão da teoria psicológica
sócio-histórica é o conceito de funções psicológicas superiores. As funções psicológicas
superiores seria o conjunto de estruturas mais refinadas utilizadas pelo homem como
ferramenta para sua ação transformadora no mundo. Dentro dessas funções estariam o
pensamento e a linguagem. Para esta corrente essa seria a porta para a compreensão
das diferenças entre o homem e os demais animais.
Considerando a importância do social e cultural e das funções psicológicas superiores na
formação do psiquismo humano, para essa corrente, a explicação de alcançarmos a
compreensão das funções superiores do homem nos demais animais, se deve ao fato dos
animais não terem vida social e cultural, e não possuírem instrumentos tão refinados com
o pensamento e a linguagem humana.
Na sócio-histórica compreende-se que as funções psicológicas superiores não podem ser
entendidas como apenas uma maturação do organismo, ou seja, como algo que já está
dentro do indivíduo (inato), uma vez que estas têm origem social. Assim a cultura está
envolvida também no desenvolvimento do pensamento e da linguagem.
A apropriação dessas funções pelo homem se daria, portanto, por meio de dois tipos de
relações: intrapsíquicas e interpsíquicas. Para esta corrente toda aquisição e apropriação
que o homem faz ocorre primeiro no mundo social, por meio de sua relação social/com os
demais membros da sociedade (relações interpsíquicas); para posteriormente
passarem ao nível individual, ou seja, para a subjetividade de cada pessoa (relações
intrapsíquicas).
De acordo com a psicologia sócio-histórica consciência e comportamento humanos se dão
a partir das funções psicológicas superiores (linguagem e pensamento). Nesta teoria não
é possível separar comportamento do psiquismo, pois fazem parte de um todo que
compõem o indivíduo (associado ao seu contexto social e cultural).
Conforme descrevem Bock, Furtado e Teixeira (2008), algumas categorias de análise que
auxiliam a observar e compreender esse processo de movimento e transformação
humana: atividade, consciência, identidade, afetividade, linguagem, sentido e significado.
Esses elementos também são fundamentais para essa corrente. Então fique atento!
As três primeiras constituem as categorias básicas do psiquismo e as três últimas
correspondem a instrumentos que o homem utiliza ao seu benefício. A atividade é a
principal ferramenta de ação do homem no mundo, sendo o que possibilita o processo de
transformação (no mundo e em si próprio), sendo uma categoria do psiquismo.
A consciência relaciona-se à subjetividade individual. Desenvolve-se no cérebro humano
como capacidade superior. Na sócio-histórica a consciência não corresponde a uma
atividade meramente cognitiva, podendo ser compreendida como uma síntese dos
materiais das experiências individuais e das vivências em seu grupo social. De acordo
com Bock, Furtado e Teixeira (2008) a consciência mescla conhecimentos, sentimentos,
imagens, palavras que representam a forma como o sujeito vive, sente e pensa o mundo.
A última categoria básica do psiquismo (a identidade) consiste na representação que a
pessoa faz de si mesma (ações, projetos, relações, noções e julgamentos sobre si). É o
que torna a pessoa única.
A linguagem, como importante instrumento de expressão para formação da consciência.
Ela é fundamental no processo de mediação das relações sociais. É por meio da
linguagem que o processo de significação torna-se possível. Com suas palavras é um dos
mais importantes veículos de transporte do campo objetivo para o campo da subjetividade
e vice e versa (Bock, Furtado e Teixeira, 2008). Tente imaginar como seria o mundo sem
a linguagem.
A significação consiste no processo de atribuição de valores, na compreensão e
apropriação do mundo por meio de signos e comporta os dois últimos princípios:
o sentido (soma de todos os fatos psicológicos que a palavra desperta em nossa
consciência) e o significado (uma das zonas do sentido que a palavra adquire no
contexto de algum discurso).
Em sua teoria Vygotsky falou ainda sobre zonas de desenvolvimento. Para ele o processo
de desenvolvimento e aprendizagem humana envolve três zonas/níveis: zona de
desenvolvimento proximal, zona de desenvolvimento real e zona de desenvolvimento
potencial.
A zona de desenvolvimento proximal refere-se a distância entre o nível de
desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento potencial. Ainda não está claro?
Vamos conversar um pouco mais sobre isso.
A zona de desenvolvimento real é tudo o que já sabemos, tudo o que nos apropriamos
em nossas relações sociais e elaboramos em nossa subjetividade, o que já temos
consolidado (nossa bagagem para novos aprendizados).
Já a zona de desenvolvimento potencial contempla habilidades que já possuímos, mas
ainda encontram-se em fase de consolidação, ou seja, aquilo que no futuro poderá fazer
parte de aprendizados já consolidados (compor a zona de desenvolvimento real).
Agora vamos retornar ao início dessa conversa. A zona de desenvolvimento proximal é a
distância (percurso) a ser percorrido entre a zona de desenvolvimento real e o proximal
(para que um potencial conteúdo torne-se efetivamente parte de nossas experiências).
Estes e outros constructos da psicologia sócio-histórica contribuíram bastante para o
campo da educação, contudo, aqui não nos aprofundaremos neles. Sugerimos com isso,
que aprofunde seus conhecimentos com outras leituras que ajudarão a complementar os
conteúdos apresentados neste módulo.
Aplicações da Psicologia Sócio-Histórica
Psicologias de ontem e hoje
Nos três módulos anteriores apresentamos a você a Psicanálise, o Behaviorismo e a
Psicologia Sócio-Histórica. Compreendemos que diante de outras discussões sobre a
psicologia científica você sabe que estas são apenas algumas das poucas ciências
psicológicas construídas ao longo da história. A opção pela seleção dessas três ciências
para enfocar nossos aprofundamentos deveu-se principalmente à sua maior disseminação
no contexto brasileiro, quando comparadas a outras correntes.
O processo de construção do conhecimento é contínuo e constante, então assim como
essas correntes tiveram como base outros modelos teóricos, elas também contribuíram
para a formação e apresentação de algumas teorias que se mantiveram e outras que
acabaram não tendo muitos adeptos, embora possam ter contribuído para a formação de
outras frentes teóricas.
A presença de diferentes abordagens da psicologia, embora gere algumas discussões
importantes em função de divergências consideráveis de seus objetos de estudo e
respectivos métodos investigativos, deve-se principalmente à complexidade de seu objeto
de estudo como já foi discutido em momentos anteriores. Considerando que nenhuma
teoria isolada pode explicar a complexidade desse objeto, e que cada abordagem
representa um enquadre distinto para o seu estudo, acredita-se que elas possam, de certa
forma, complementar-se enriquecendo esse campo do conhecimento.
Aqui organizaremos as ciências psicológicas de maneira próxima à sua apresentação
cronológica, visando auxiliá-lo na análise de possíveis relações entre elas. É importante
ressaltar que muitas estavam sendo formuladas e apresentadas em momentos próximos
e até mesmo simultâneos, o que leva a uma apresentação cronológica aproximada e não
exata dos fatos.
Século XIX – Wundt preconiza a psicologia sem “alma” – criação do primeiro laboratório
experimental em Psicologia. A psicologia deixa de se subordinar à Filosofia passando a
ser reconhecida como campo científico;
1900 – Freud elabora e apresenta sua teoria Psicanalítica, a partir do atendimento clínico
de uma paciente (Ana O.). Procura por meio da elucidação/palavra atingir o que não é
observável o inconsciente;
1910 – Gestalt (psicologia da forma) – combina a objetividade (fenômeno observável por
meio da percepção) e subjetividade pela avaliação do que é percebido pela consciência
(atribuição de sentido).
1913 – Behaviorismo (matriz investigativa / objetiva) – visa atingir a objetividade
analisando o fenômeno psicológico, por meio de indicadores inteiramente observáveis
(comportamento humano ou animal).
Acredita-se que essas três matrizes psicológicas (Psicanálise, Gestalt e Behaviorismo)
são as responsáveis diretas pelas correntes psicológicas atuais. Vamos conhecer um
pouco mais sobre elas iniciando pela Gestalt que ainda não foi abordada.
Gestalt: a Psicologia da forma
Nascida na Europa e tendo origem na Fenomenologia, a Gestalt opõe-se ao perfil da
psicologia científica do século XIX que fragmentava o indivíduo. Para os teóricos dessa
frente o ser humano deveria ser analisado em sua totalidade não fazendo sentido sua
segmentação. Teve como principais representantes os psicólogos alemães Koffka, Koeler
e Wertheimer.
Considerando sua origem fenomenológica, a Gestalt apresenta uma psicologia que
considera as formas da percepção. Assim, além de analisar o comportamento do homem
também estuda como este homem percebe o mundo a sua volta, considerando que sua
percepção reflete diretamente em seu comportamento. O ponto principal desta corrente é
compreender como a consciência decodifica o que é apreendido.
Ao se estudar a Gestalt é comum serem apresentadas diferentes figuras que ilustram
aspectos relacionados à ilusão de ótica ou a figura e fundo, por exemplo, mas uma
pergunta comum nestes momentos é: Qual a relação exatamente essas figuras e esses
conceitos têm com o fenômeno psicológico? O uso dessas imagens quando se ensina a
teoria da Gestalt está em mostrar como a ilusão de ótica, por exemplo, pode nos dar uma
percepção equivocada de algo, embora nossa consciência esteja decodificando como
correta.
Os teóricos da Gestalt usaram muitos exemplos da percepção visual para ilustrar sua
teoria, mas essas metáforas são como colocamos aqui, apenas ilustrações de uma
questão mais ampla. Como se sabe, a percepção envolve vários aspectos além da visão.
Assim, nossa percepção pode nos pregar peças não somente no campo visual e é isso o
que a Gestalt nos diz.
A Gestalt ainda introduziu a relação S – O – R (estímulo – organismo – resposta), opondo-
se a relação S – R (estímulo – resposta) do behaviorismo, trabalhando com a possibilidade
de múltiplas respostas dependendo de como o estímulo é decodificado pelo organismo
(indivíduo). Desta forma, além do processamento psíquico da informação também seria
considerado o conhecimento anterior (nossas experiências), sendo estas as bases
cognitivas da percepção.
Psicologias originárias da Psicanálise
Psicologia Analítica
É comum confusões entre a psicanálise e a psicologia analítica, imaginando-se que são
sinônimos. Contudo, dentro do conhecimento científico esta é uma importante distinção a
ser feita.
A psicologia analítica é uma ciência psicológica que teve origem na psicanálise, tendo
como seu fundador e principal proponente Carl Jung. A psicologia estudada e aplicada
por Jung durante muito tempo aproximou-se sim da psicanálise, mas a partir de 1913
começou a distanciar-se dela diante de conceitos que entraram em choque com as ideias
de Freud, levando-o inclusive a romper suas relações pessoais e profissionais com Jung
(a quem almejava suceder seus postulados em psicanálise).
Para Jung a estruturação do psiquismo era influenciada também pelo campo simbólico
gerado pela cultura e pela religião.
Dentre os termos e conceitos da psicologia analítica recebem destaque: o inconsciente
pessoal (faz parte de um nível mais pessoal, apresentando conteúdos acessíveis ao
indivíduo); os complexos (conjunto de conteúdos com grande carga de energia psíquica
que podem gerar conflitos dolorosos para a pessoa); os arquétipos (conteúdos
transmitidos de geração a geração que carregam traços que permitem a compreensão da
alma humana); o processo de individuação (processo pelo qual o indivíduo se diferencia
da totalidade consolidando seu self); e principalmente, os processos que foram motivo de
maior divergência entre Freud e Jung: seu entendimento de libido(concebido aqui para
além do campo sexual), e a introdução do conceito deinconsciente coletivo (principal
paradigma da psicologia analítica, considerado inato e de natureza universal, sendo o
elemento do psiquismo que congrega e sintetiza a cultura humana).
Os arquétipos fazem parte do conteúdo do inconsciente coletivo, tendo Jung descrito cinco
tipos: persona (“máscaras” usadas pelas pessoas nos diferentes papéis que
desempenha nos contextos e situações em que vive, sendo que nem sempre
correspondendo à essência verdadeira da pessoa/é o que se espera que a pessoa seja –
ex.: mãe, filha, esposa, estudante...), sombra (face sombria da personalidade que
geralmente a pessoa esconde e que muitas vezes corresponde ao que realmente ela
é), anima (aspectos femininos presentes na personalidade masculina – primeira figura de
identificação é a mãe), animus (aspectos masculinos presentes na personalidade
feminina – primeira figura de identificação é o pai); e self(considerado o mais importante
dos arquétipos é o centro do psiquismo, ordenando e organizando os demais processos
psíquicos).
Análise do Caráter
Esta corrente também originou-se a partir da Psicanálise, tendo como principal expoente
o psicanalista austríaco Wilhelm Reich (1897-1957). Ao passo que Jung considerava
Freud exagerado em seus postulados acerca da sexualidade, Reich o considerava tímido
no seu enfoque, especialmente no campo da sublimação.
Em sua teoria Reich considerava que a saúde mental estava diretamente relacionada à
saúde sexual, passando a estudar a função sexual. Devido as divergências no campo da
sublimação em 1934, Reich foi expulso do movimento psicanalítico, levando-o a
aproximar-se do marxismo.
A reunião de adeptos para uma militância marxista em associação com a psicanálise em
um movimento que chamou de “combate sexual da juventude”, na busca de “uma
sexualidade mais saudável”, também o levou a ser expulso do Partido Comunista Alemão.
Sua psicologia contribui para a formação de uma teoria voltada para a análise do caráter.
Reich introduz ainda a questão corporal em seus estudos, investigando o que chamou de
couraças musculares. Do ponto de vista dessa teoria, a energia dos conteúdos
inconscientes ficaria depositada em determinados pontos de nossa musculatura,
formando anéis de tensão. O objetivo era manipular essas couraças na tentativa de liberar
esses conteúdos inconscientes.
Tendo sua teoria incompreendida também nos Estados Unidos (local em que se instalou),
foi perseguido e preso por charlatanismo e acabou morrendo na prisão. A psicologia
Reichiana conquistou muitos adeptos, destacando-se aqueles que atuam com a
abordagem corporal (derivada da análise do caráter), que inspirou a psicoterapia
bioenergética.
Outras correntes e teóricos
Além de Jung e Reich outros dissidentes deram continuidade à Psicanálise alguns se
aproximando mais outros menos dos postulados de Freud. Dentre eles destacam-se Anna
Freud (filha de Freud) que enfocou seus estudo principalmente no campo da Educação;
Melanie Klein direcionando seus estudos particularmente à Psicanálise infantil; Donald
Winnicott – orientações radiofônicas a pais no período da Segunda Guerra Mundial; Erik
Erikson – pertencente a corrente culturalista americana; Lacan; e na América latina
(argentina): José Bleger – enfoque na análise institucional; e Enrique Pichon Rivière –
teoria de grupo operativo.
Outras psicologias
A psicologia Social Cognitivista teve influência direta da teoria da Gestalt, tendo como
um de seus principais representantes Kurt Lewin. Kurt Lewi criou o conceito de campo
social, que seria formado pelo grupo e seu ambiente. Um de seus importantes trabalhos
envolveu a investigação experimental detalhada da dinâmica grupal. Seus trabalhos
trouxeram muitas contribuições para a construção de modelos de intervenção junto a
grupos sociais, sendo utilizados até os dias atuais.
A Fenomenologia (ramo da Filosofia) buscou fundar uma ciência nova, não empírica, da
subjetividade. Desejava-se chegar ao nível da consciência por meio da análise dos
fenômenos (“pura visão”). Tem como objeto de estudo compreender como tomamos
consciência do fenômeno. Esta corrente influenciou o existencialismo tendo como
representantes: Martin Heidegger, Jean-Paul Sartre, Maurice Merleau-Ponty.
Uma importante corrente gerada pela fenomenologia e representada particularmente por
Carl Rogers envolveu uma Abordagem centrada na pessoa. Esta abordagem foi
bastante difundida nos campos clínicos e educacionais na segunda metade do século XX.
A Gestalt Terapia (que apesar do nome não se deriva da Gestalt) teve como criador o
médico alemão Frederick S. Perls (1893-1970). Embora Perls tenha estudado e atuado
por muito tempo em meio aos psicanalistas, as influências marcantes em sua teoria
revelam identificação maior com o campo da Fenomenologia. O foco da Gestalt Terapia
está no aqui-agora, sendo três pontos de valorização importantes nessa corrente: da
realidade temporal; da tomada de consciência e aceitação da experiência; do todo ou
responsabilidade.
O Psicodrama que teve o médico Búlgaro Jacob Levy Moreno (1989-1974) como seu
fundador. Moreno viveu em Viena desde os cinco anos de idade interessando-se desde
muito cedo pelo teatro. Conviveu com o mundo intelectual de Viena, fundamentando uma
teoria que fazia relação entre o teatro e a psicoterapia.
Inicialmente teve seus trabalhos incompreendidos, mas com o passar de seus estudos e
os resultados de seus trabalho, colheu os frutos de sua teoria, conquistando muitos
adeptos. O psicodrama pode ser aplicado na psicoterapia (sujeito interagindo com seu
terapeuta e com o ego auxiliar – podendo interpretar muitos papeis: sua própria vida, e de
pessoas com quem mantém vínculo, ou ainda dirigindo episódios do seu cotidiano). O
psicodrama também pode ser utilizada em situações não terapêuticas e aplicada ao
sociodrama. Esta teoria gerou muita projeção para Moreno, tendo apresentado o
conceitos ainda muito empregados neste campo: ego auxiliar; sóciodrama (vivência
coletiva).
A Neuropsicologia não é uma ciência psicológica, mas um campo de atuação do
psicólogo em fase de expansão. É um campo do conhecimento que integra várias
ciências, dentre elas a medicina, a fisiologia e a psicologia, o que significa que
profissionais de diferentes ciências especializam-se e atuam neste campo. Estuda o
cérebro e o comportamento humano, dedicando-se particularmente à investigação das
relações entre lesões e déficits em áreas relacionadas à cognição. Dentre as áreas de
atuação da neuropsicologia pode-se citar: ensino e pesquisa, avaliação e diagnóstico,
acompanhamento clínico, reabilitação cognitiva, neuropsicologia forense, entre outras.
Psicologia: Abordagens atuais
No início deste módulo enfatizamos a importância do estudante de psicologia distanciar-
se da realidade ao olhar o objeto de análise. Isso é o que faz o pesquisador ao estudar
um fenômeno do campo do conhecimento humano geral (senso comum), a fim de gerar
conhecimentos mais complexos pautados em fundamentos científicos.
Alertamos para a importância, portanto, em se ter clara a diferença entre senso comum e
conhecimento científico, e mais precisamente psicologia científica. Neste. Ainda com
estas orientações em mente conversaremos um pouco mais sobre esse assunto.
A princípio pode até parecer que este assunto está repetido e já foi discutido (2º Módulo),
mas naquele momento nosso objetivo era apresentar-lhe os aspectos legais, as
formalidades dessa profissão, que embora não precisem ser decorados por você são
importantes para um conhecimento global da profissão que escolheu.
Neste momento nosso enfoque recai sobre questões mais pontuais e diretas comuns a
pessoas interessadas em ingressar no Curso de Psicologia, bem como outras pessoas
que se interessam por esse tema, mas não o conhecem ainda. Aqui cabe, portanto, todas
aquelas dúvidas frequentes e típicas do saber do senso comum, uma vez que nosso
principal objetivo é desmistificar a ciência psicológica.
Essas dúvidas serão apresentadas de maneira pontual e direta sob o formado de
pergunta-resposta de maneira a evitar dubiedades. Faremos uso das formulações de
Bock, Furtado e Teixeira (2008) em que abordam a temática “A psicologia como profissão”.
1. Os psicólogos sabem sobre as pessoas? Sabem o que se passa na mente delas?
Não. O psicólogo não tem a capacidade de adivinhar nada. A Psicologia possui recursos
teórico-técnicos para conhecer, compreender e interpretar a subjetividade de um sujeito
ou de um grupo de pessoas. Com isso, os psicólogos auxiliam a pessoa acessar essa
subjetividade. Lembrando que a subjetividade está relacionada aos nossos sentimentos,
emoções, ações, sentidos, significados, desejos e pensamentos em interação com o
mundo em que vivemos e em constante processo de transformação.
É importante que se saiba que o psicólogo trabalha com o material trazido pela pessoa.
Assim, precisa que as pessoas falem, contem suas histórias, seus sentimentos, exponham
suas dúvidas, seus medos, contem sobre os seus projetos, suas ideias, enfim forneçam
material ao psicólogo. Com este material “em mãos” e munido de um conjunto de técnicas
e conhecimentos do campo da psicologia, o psicólogo auxilia os indivíduos ou grupos a
compreenderem o que não lhes está visível ou inteligível, buscando transformações em si
e de sua ação sobre o mundo.
2. Qual a finalidade do trabalho do psicólogo?
O trabalho do psicólogo tem como finalidade interferir, ressignificando as experiências
vividas pela pessoa (ou grupo de pessoas) fazendo com que tenham maior autonomia e
autoria de suas histórias de vida.
3. Quando fazemos um curso de psicologia, passamos a nos conhecer melhor?
Sim, mas esta resposta pode não ser o que você realmente tinha em mente ao ler esta
pergunta. Então analise atentamente a resposta.
De uma maneira genérica, sendo o objeto de estudo da psicologia o próprio homem,
significa que estudamos a nós mesmos. E embora a psicologia ainda tenha muito que
investigar e conhecer sobre o ser humano, é correto afirmar que ao se estudar psicologia
conhecemos um pouco mais sobre o ser humano, e, portanto, sobre nós mesmos.
4. Para que ir a um psicólogo quando se tem um bom amigo?
Realmente termos apoio de pessoas contribui para superarmos dificuldades. Se estas
pessoas ainda são amigas em quem confiamos isso ajuda a nos sentirmos seguros para
nos abrirmos com maior tranquilidade. Mas essa ajuda relaciona-se à finalidade de
atingirmos o bem-estar, ou seja, atingimos com isso um estado mais feliz e, este não é o
enfoque da Psicologia.
Como visto na primeira questão, o psicólogo atua embasado em um corpo de
conhecimento científico comprovado. Dispõe de um conjunto de instrumentos, técnicas e
procedimentos para auxiliar a pessoa de maneira organizada e planejada, estabelecendo
metas e objetivos de acordo com as necessidades diretamente observáveis e aquelas que
ainda estão na subjetividade do indivíduo (e que ele não acessou). Somado a isso, a
proximidade do relacionamento entre as pessoas dificulta o distanciamento suficiente da
situação para poder analisá-la de maneira neutra.
Diante dessas considerações, é importante esclarecer que embora, ter amigos seja algo
muito positivo para a vida psíquica de toda pessoa, aquilo que o psicólogo e o amigo
fazem são coisas completamente diferentes.
5. Se psicólogo e psiquiatra não são a mesma coisa, qual é a diferença?
De uma maneira geral, a Psicologia tem centrado seus esforços na compreensão dos
processos psicológicos, não assumindo compromisso com o patológico. Contrariamente,
a Psiquiatria Fundamentou-se na investigação de aspectos psicológicos que se desviam
de uma dita “normalidade”. Tem como objeto de estudo a construção do conhecimento
sobre a doença mental, com ênfase, portanto no patológico.
Como destacado por Bock, Furtado e Teixeira (2008) correndo o risco de uma explicação
reducionista a Psiquiatria se constitui como um saber da doença mental ou psicológica,
enquanto que a Psicologia constitui um saber sobre o funcionamento mental ou
psicológico.
Áreas e locais de atuação do psicólogo
Como ressalta Bock, Furtado e Teixeira (2008) falar em psicoterapia é algo complexo em
nosso meio, uma vez que engloba profissionais de outras áreas além do psicólogo.
Embora o psicólogo esteja bem instrumentalizado para atuar como psicoterapeuta outros
profissionais também se habilitam para esta prática.
A psicoterapia (dos psicólogos) engloba a atuação mais comumente conhecida deste
profissional que envolve os atendimentos realizados em consultórios particulares, clínicas,
hospitais gerais e especializados, ambulatórios, unidades de saúde ou ainda em
instituições que necessitam de práticas voltadas à saúde (Bock, Furtado e Teixeira, 2008).
A Psicologia Clínica, que engloba a psicoterapia não se reduzindo a ela será o principal
tema abordado neste tópico. Na Psicologia Clínica está inserido o psicodiagnóstico que
antecede as terapias, tendo como outras competências: realizar exame, diagnóstico e
terapêutica (com enfoque preventivo ou curativo) de pessoas com problemas intra e
interpessoais, de comportamento familiar ou social ou distúrbios psíquicos, empregando
técnicas psicológicas adequadas para cada caso. Os profissionais que atuam em
Psicologia Clínica quando desenvolvem suas práticas em outras instituições podem
desenvolver uma prática clínica, mas também atuar em promoção de saúde
acompanhando os processos específicos do tipo de instituição que está inserido. Com
base no Catálogo Brasileiro das Ocupações do Ministério do Trabalho e nos enunciados
de Bock, Furtado e Teixeira (2008), apresentaremos aqui algumas das muitas áreas e
locais de atuação do psicólogo.
• Empresas, indústrias e organizações – envolve atividades especificamente
voltadas ao campo da psicologia aplicada ao trabalho, como recrutamento, seleção
orientação, aconselhamento e treinamento profissional.
• Escolas e Instituições – voltado à esfera da educação, realiza pesquisas,
diagnósticos e intervenção psicopedagógica em grupo ou individual, por meio da
investigação do sistema educacional e seus agentes (educadores e educandos),
das técnicas de ensino empregadas e aquelas a serem adotadas; do conhecimento
dos programas de aprendizagem e das diferenças individuais, colaborando no
planejamento de currículos escolares e na definição de técnicas de educação mais
eficazes.
• Psicologia do Trânsito – atua junto aos processos psicológicos, psicossociais e
psicofísicos relacionados aos problemas de trânsito (implantando programas de
treinamento à capacitação), elaborando e aplicando técnicas psicológicas, como
exames psicotécnicos, para a determinação de aptidões motoras, físicas,
sensoriais e outros métodos de verificação, para possibilitar a habilitação de
candidatos à carteira de motorista e colaborar na elaboração e implantação de
sistema de sinalização, prevenção de acidentes e educação de transito. Alguns
exemplos de atuação contemporâneas deste campo envolvem possibilidades de
estudos das aplicações psicológicas do alcoolismo e de outros distúrbios nas
situações de trânsito; atuação como perito em exames para motorista objetivando
sua readaptação ou reabilitação profissional; e assessoria e consultoria a órgãos
públicos e normativos em matéria de trânsito.
• Instituições Jurídicas – (também conhecida como psicologia forense) colabora
para o planejamento e execução de políticas de cidadania, direitos humanos e
prevenção da violência, centrando sua atuação na orientação do dado psicológico,
para possibilitar a avaliação das características de personalidade e fornecer
subsídios ao processo judicial; problemas no âmbito das varas da família e da
infância e juventude (ex.: disputas judiciais). Contribui também para a formulação,
revisão e interpretação das leis.
Embora a atenção pontual ao que determina o Código de Ética do psicólogo seja um dever
de todos os profissionais da psicologia. Neste campo de atuação em particular devemos
ter atenção redobrada em algumas questões, como por exemplo, a quebra de sigilo
profissional. Isso ocorre porque o Psicólogo Jurídico poderá estar mais frequentemente
diante de contextos que lhe exigirão conhecimento amplo de suas atribuições, direitos e
deveres; forte senso crítico e analítico; sensibilidade e bom senso para tomar decisões.
• Práticas Esportivas – envolve o exame do comportamento e das características
psicológicas dos esportistas, visando à elaboração, desenvolvimento e aplicação
de técnicas apropriadas, como testes para determinação de perfis de
personalidade, de capacidade motora, sensorial e outros métodos de verificação
para possibilitar o diagnóstico e orientação individual ou grupal dentro da atividade
esportiva desempenhada, bem como a função dentro da equipe, por exemplo.
• Instituições sociais e Práticas em comunidades – exerce atividades na
psicologia aplicada ao trabalho social, orientando os indivíduos sobre problemas
de caráter social com o objetivo de levá-los a encontrar e utilizar os recursos e
meios necessários para superar suas dificuldades e conseguir atingir metas
estabelecidas. Geralmente atua junto a organizações comunitárias e em equipes
multiprofissionais.
• Outros práticas – ainda é possível observação a prática da Psicologia Clínica em
outras áreas e locais de atuação, dentre eles: instituições prisionais; psicólogos
envolvidos na área da comunicação (televisão, rádio, teatro, internet e outras
mídias comunicativas); práticas ambientais (planejamento de ambientes com
arquitetos, educação ambiental); mediação de conflitos (associação de moradores,
disputa entre vizinhos, moradores de condomínio, disputa de herança); e ainda
aqueles psicólogos que atuam no âmbito da pesquisa.
Exercícios:
1) De acordo com do tema "A CIÊNCIA E O SENSO COMUM" é correto afirmar
que:
I Senso Comum é um tipo de conhecimento sem nenhuma utilidade para o nosso
cotidiano.
II Os conhecimentos científicos sobre fatos ou aspectos da realidade, devem ser
expressos em uma linguagem precisa e rigorosa, obedecendo uma metodologia
programada, sistemática que permita sua verificação.
III Uma pessoa que usa uma garrafa térmica para manter o café aquecido está
utilizando o conhecimento científico para auxiliar o seu cotidiano.

a) As alternativas I e II estão corretas


b) As alternativas I e III estão corretas
c) As alternativas II e III estão corretas
d) Todas as alternativas estão corretas

2) ENADE-2006 – O nascimento da Psicologia científica na Europa e no Brasil


deu-se:
a) Na segunda metade do século XVIII, com a publicação do Discurso do
Método de Descartes.
b) Na primeira metade do século XIX, com a criação do primeiro laboratório de
Psicologia Experimental por Wundt.
c) Na segunda metade do século XIX, com a criação da primeira escala métrica
de inteligência na França e sua introdução por Binet no Brasil.
d) Na segunda metade do século XIX e na primeira metade do século XX com a
criação do primeiro laboratório de psicologia experimental.
3) Do que trata a Lei 4.119/62?
a) Da regulamentação da profissão de psicólogo
b) Das áreas de atuação da psicologia
c) Dos cursos de formação em psicologia e regulamentação da profissão de
psicólogo
d) Da criação dos Conselhos Federal e Regionais de Psicologia

4) Assinale a alternativa que preencheria corretamente a seguinte


afirmação: "As Diretrizes Curriculares para os cursos de graduação em
Psicologia constituem as orientações sobre: ______ deste curso".
a) Princípios e condições de oferecimento
b) Procedimentos para o planejamento
c) Implementação e avaliação
d) Todas as alternativas anteriores

5) O curso de graduação em Psicologia tem como meta central a formação do


Psicólogo voltado para a atuação:
a) em psicoterapia
b) profissional e para a pesquisa
c) voltada para o ensino de psicologia
d) Nenhuma das alternativas anteriores

6) A primeira grande teoria Freudiana foi sobre a estrutura do aparelho


Psíquico. Assinale a alternativa correta quanto à formação do aparelho
psíquico nesta teoria:
a) Fase Genital, Fase Oral e Latência
b) Consciente, Pré-consciente e Inconsciente
c) Formação reativa, Recalque e projeção
d) Id, Ego e Superego

7) O ego afasta o desejo que vai em determinada direção, e desta forma o


indivíduo adota um atitude oposta a esse desejo, exemplo: uma mãe que
superprotege o filho, do qual sente muita raiva, porque atribui a ele muitas de
suas dificuldades pessoais, devido ao fato de ter sido abandonada pelo
namorado quando soube que estava grávida e ter criado este filho sozinha. De
qual mecanismo de defesa Freudiano estamos falando:
a) Recalque
b) Formação reativa
c) Racionalização
d) Projeção

8) A descoberta da sexualidade infantil é uma das teorias mais importantes de


Freud. Freud descobriu que a maioria dos pensamentos e desejos reprimidos
referia-se a conflitos de ordem sexual, localizados nos primeiros anos de vida
dos indivíduos, isto é, na vida infantil estavam as experiências de caráter
traumático, que se configuravam como origem dos sintomas atuais, a partir
destas descobertas Freud postulou as FASES DO DESENVOLVIMENTO
SEXUAL, assinale a FASE EM QUE O OBJETO DE DESEJO NÃO ESTÁ MAIS
NO PRÓPRIO CORPO, E SIM ESTÁ NO OUTRO (objeto externo ao indivíduo).
a) Fase oral
b) Fase anal
c) Fase fálica
d) Fase genital
9) Os experimentos com animais, geralmente ratos, são executados em
laboratórios em um recipiente fechado no qual se reforça alguns
comportamentos que se deseja trabalhar. De acordo com os tópicos
estudados neste módulo, qual é o nome desse instrumento?
a) Comportamento Clássico
b) Controle de estímulos
c) Estímulo incondicionado
d) Caixa de Skinner

10) É um procedimento no qual uma resposta deixa de ser reforçada


abruptamente. Como consequência, a resposta diminuirá de frequência e até
mesmo poderá deixar de ser emitida. O tempo necessário para que a resposta
deixe de ser emitida dependerá da história e do valor do reforço envolvido.
Para o behaviorismo, qual o nome desse procedimento? Um exemplo: toda vez
que a sineta toca o cachorro não recebe o alimento.
a) Extinção
b) Reforço positivo
c) Reforço negativo
d) Esquiva

11) Chamamos de reforço a toda consequência que, seguindo uma resposta,


altera a probabilidade futura de ocorrência dessa resposta?. Qual evento
aumenta a probabilidade futura da resposta que o produz pela apresentação
de um estímulo reforçador? Um exemplo: o rato bate na barra e recebe água.
a) Fuga
b) Reforço positivo
c) Reforço negativo
d) Punição

12) Foi considerado o fundador da Psicologia Sócio-Histórica e defendia a


ideia de que o desenvolvimento insere-se em um contexto em que as relações
sociais, históricas e culturais eram privilegiadas. Qual dos estudiosos abaixo
se relaciona diretamente com as afirmações expostas acima?
a) Luria
b) Wallon
c) Vygotsky
d) Leontiev

13) Sobre a teoria histórico-cultural, considere as seguintes afirmativas.


I. Conhecida no Brasil como Escola de Vygotsky, constitui-se como uma psicologia
que se desenvolvia na Alemanha, nas décadas iniciais do século XIX.
II. Acredita que o ser humano não nasce humano, mas aprende a ser humano com
as outras pessoas, com as situações que vive, no momento histórico em que vive e
com a cultura à qual tem acesso.
Ill. O papel da educação é garantir a criação de aptidões que são inicialmente
externas aos indivíduos e que estão dadas como possibilidades nos objetos
materiais e intelectuais da cultura.
É CORRETO o que se afirma em:
a) I e III, apenas
b) III, apenas
c) II e III, apenas
d) I, II e III
14) Para compreender a perspectiva de Vygotsky torna-se necessário refletir
acerca do papel da interação social na constituição dos processos
psicológicos superiores. Para esta corrente teórica é correto afirmar que:
a) Os processos psicológicos superiores correspondem a estruturas refinadas
que diferenciam os humanos dos demais animais, fazendo parte dessas
estruturas o pensamento e a linguagem.
b) Os processos mentais superiores corresponde a distância entre a zona de
desenvolvimento real e a zona de desenvolvimento potencial.
c) Através da mediação simbólica e dos esquemas de reforçamento, o indivíduo
amplia seu repertório comportamental e apropria-se da cultura.
d) Os processos psicológicos superiores são demarcados por tarefas que o
sujeito não é capaz de realizar sozinho, mas que pode realizar com a ajuda
de outra pessoa (conteúdos em fase de consolidação).

15) Que sistema psicológico fez grande uso de fenômenos relacionados com
ilusões?
a) Sócio-histórica
b) Behaviorismo
c) Gestalt
d) Psicanálise

16) Dentre as possíveis áreas e locais de atuação do psicólogo, qual o


profissional atua, dentre outras atividades, no planejamento e execução de
políticas de cidadania, direitos humanos e prevenção da violência; na
orientação do dado psicológico, para possibilitar a avaliação das
características de personalidade e fornecer subsídios ao processo judicial; no
âmbito das varas da família e da infância e juventude; na formulação, revisão e
interpretação de leis?
a) Psicologia do Esporte
b) Psicologia Jurídica
c) Psicologia Comunitária
d) Psicologia Educacional

17) Toda ciência precisa ter delimitado o seu objeto de estudo. A respeito do
objeto de estudo da Psicologia, é correto afirmar que:
a) As diferentes formas de compreender o homem e seu funcionamento ao longo da
história da humanidade e da psicologia levaram à investigação de diferentes
objetos de estudo e a formação de psicologias diversificadas.
b) A psicologia é uma ciência nova, desta forma, ainda não possui delimitado o seu
objeto de estudo.
c) O inconsciente é o único objeto de estudo da Psicologia e somente ele pode
explicar sobre a vida emocional e comportamento humano.
d) A única forma de estudar o homem é através de seu comportamento manifesto.

18) Com a reestruturação da psicologia no século XX é possível identificar o


predomínio de cinco escolas psicológicas, são elas:
a) Radicalismo, Funcionalismo, Gestalt, Empirismo e Psicanálise.
b) Gestalt, Terapia do Esquema, Psicologia Analítica e Estruturalismo.
c) Behaviorismo, Funcionalismo, Radicalismo, Cognitivismo e Psicanálise.
d) Estruturalismo, Funcionalismo, Gestalt, Behaviorismo e Psicanálise.

19) As diretrizes curriculares estabelecem que a proposta do curso articule os


conhecimentos, habilidades e competências em torno de _____ eixos
estruturantes. E em relação aos estágios supervisionados, que permitem o contato
do formando com situações, contextos e instituições para que adquira
conhecimentos, habilidades e atitudes que concretizem as ações profissionais;
recomenda-se que o estágio supervisionado se distribua ao longo do curso,
perfazendo ______% da carga horária total do curso. A seguir escolha a alternativa
que melhor preencha os espaços em branco.
a) Três e 36%
b) Um apenas e 23 %
c) Seis e 15%
d) Cinco e 9%

20) Considerando a Psicologia na década de 1980, leia as alternativas abaixo e


assinale a correta.
a) Na década de 80, se observa um aumento expressivo dos profissionais
envolvidos na Psicologia Organizacional e na Psicologia Escolar, ficando para
segundo plano, a preferência pela Psicologia Clínica.
b) Em relação à orientação teórico metodológica, verificou-se predomínio do
Behaviorismo, em todas as áreas, particularmente na clínica; seguida das
correntes Psicanálise e Gestalt.
c) Nessa fase, os motivos que levam à escolha e prática profissional, são
essencialmente os motivos voltados para si, que se relacionam à busca de
mudanças pessoais
d) Algumas mudanças na situação profissional são observadas nesse período, com
maior número de psicólogos formados exercendo a profissão, e melhor
distribuição entre os profissionais autônomos e com vínculo empregatício.

21) A abordagem centrada na pessoa é uma importante corrente gerada pela


fenomenologia . Esta abordagem foi bastante difundida nos campos clínicos e
educacionais na segunda metade do século XX. Assinale a alternativa que
corresponde ao principal representante desta abordagem:
a) Albert Bandura
b) Sigmund Freud
c) Wilhelm Reich
d) Carl Rogers

22) Para a Psicologia Sócio Histórica, a _________ , é um importante instrumento


de expressão para formação da consciência. Ela é fundamental no processo de
mediação das relações sociais.
a) Linguagem
b) Sugestão
c) Sincronicidade
d) Fisiologia

23) É o mais radical dos mecanismos de defesa. Ele mecanismo suprime a


percepção do que acontece. Seria como se bloqueassem nossos sentidos nos
impossibilitando de ver e ouvir. Estamos nos referindo a qual mecanismo de
defesa?
a) Formação reativa
b) Racionalização
c) Recalque
d) Regressão

24) Na primeira tópica, Freud apresenta três instâncias psíquicas, que são:
a) Inconsciente, pensamento e ego.
b) Pensamento, pré-consciente e inconsciente
c) Consciente, pré-consciente e inconsciente
d) Consciente, cognição e afeto

25) O curso de graduação em Psicologia tem como meta central a formação do


Psicólogo voltado para a atuação:
a) em psicoterapia
b) profissional e para a pesquisa
c) voltada para o ensino de psicologia
d) Nenhuma das alternativas anteriores

GABARITO
1-C
2-D
3-C
4-D
5-D
6-C
7-B
8-D
9-D
10 - A
11 - B
12 - C
13 - C
14 - A
15 - C
16 - B
17 - A
18 - D
19 - C
20 - D
21 - D
22 - A
23 - C
24 - C

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