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Trajetória das resoluções

A resolução 001/1988 do (CNS) Conselho nacional de saúde, foi a primeira a ser criada no
brasil com a finalidade de normatizar as pesquisas com humanos. Essa resolução mostrou-
se pouco eficaz devido a falta de atualização em relação às leis éticas internacionais.
Apenas em 10 de outubro de 1996, o CNS aprovou a resolução 196 (CNS, 1996) que se
baseou nos princípios da bioética e em documentos como, código de nuremberg,
declaração dos direitos humanos, declaração de helsinque e o acordo internacional sobre
direitos civis e políticos. Essa resolução representa o primeiro instrumento concreto de
regulamentação dos princípios éticos em pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil.
A partir da Resolução 196 (CNS, 1996), foram estabelecidos a Comissão Nacional de Ética
em Pesquisa (CONEP) e os Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs). A CONEP desempenha
um papel consultivo, deliberativo e educacional na implementação de normas e diretrizes
relacionadas à pesquisa com seres humanos. Por sua vez, os CEPs são compostos por
grupos de pessoas responsáveis por revisar os protocolos de pesquisa envolvendo
indivíduos, garantindo que os princípios éticos dos voluntários sejam respeitados.
Depois de 16 anos, novas descobertas científicas, principalmente na área de biomedicina,
fizeram com que a resolução 196/1996 necessitasse de ajustes em seu conteúdo. Dessa
forma, o CNS por meio de consulta pública, possibilitou a elaboração da resolução
466/2012, a qual o objetivo principal era contemplar a ética em pesquisas sobre o genoma
humano e pesquisas genéticas, mantendo os princípios básicos da bioética acerca do
reconhecimento da liberdade, autonomia, dignidade, beneficência, não meleficência, justiça
e igualdade entre os indivíduos.
Além disso, foi inaugurada a Plataforma brasil, que é uma base de dados nacional que
concentra informações e registros de pesquisas com humanos em todo sistema
CEP/CONEP.
Embora a Resolução 466/2012 tenha representado uma atualização no que diz respeito à
abrangência e diversidade das pesquisas no Brasil, é importante destacar que ainda possui
uma ênfase significativa nas necessidades de pesquisa das áreas biomédicas. Os
documentos adicionados para sua formulação incluem a Declaração Universal do Genoma
Humano, a Declaração Internacional sobre Dados Genéticos Humanos e a Declaração
Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, o que resultou em um foco maior no
organismo em suas dimensões predominantemente biológicas.

Críticas a resolução 196/1996


• As críticas mais comuns à Resolução 196/1996 são em relação ao fato de não mencionar
as especificidades das técnicas de pesquisa envolvendo seres humanos em áreas não
relacionadas à biologia. Desse modo, pesquisas em áreas como antropologia, psicologia,
Sociologia, ou qualquer outra área de ciências humanas sociais e sociais aplicados teriam
que ser submetidas a uma avaliação que não consideraria suas bases teóricas e
metodológicas. Esperava-se que além das modificações relacionadas a avanços científicos
ocorridos nas últimas décadas, a resolução 466/2012 também contemplasse as
características específicas das ciências sociais e humanas. No entanto, grande parte do
conteúdo da resolução anterior foi mantida na estrutura do documento, assim como a visão
de modo de pesquisa centrado na biologia.
O fato do CNS ter a atribuição de homologar as resoluções, assim como realizar eventuais
alterações, resultou em insatisfação por parte dos pesquisadores das áreas de ciências
humanas e sociais. Devido à ausência da menção explícita das ciências humanas e sociais
na resolução 466/2012, um grupo de trabalho foi formado com pesquisadores
representantes dessas áreas com objetivo de estabelecer diretrizes e colaboração com a
CONEP para a criação de um novo documento que abordasse especificidades das
pesquisas não Biomédicas envolvendo humanos.
Aproximadamente três anos depois o cni esse autorizou publicação da resolução 510/2016,
Ainda que estando sob o viés da autorização do CNS, representou conquista significativa
para as pesquisas em ciências sociais e humanas, pois reduziu o biocentrismo e
proporcionou uma nova perspectiva ética nas pesquisas. Uma das mudanças presentes
nessa nova resolução é a exigência de equidade na composição dos membros tantos nas
áreas Biomédicas quanto nas áreas de ciências sociais e humanas garantindo que a análise
ética dos projetos de pesquisa seja conduzido por especialistas competentes na respectiva
área de conhecimento.

As pesquisas em psicologia especificamente, apresentam particularidades que a diferencia


de outras áreas. Uma delas é a relação entre o investigador e objeto de pesquisa. Essa
relação eu vou ver uma interação subjetiva e complexa entre o sujeito que observar e o
sujeito observado. Além disso, uma particularidade das pesquisas nessa área e o
recrutamento de participantes em situação de vulnerabilidade, o que pode ampliar o
potencial de exposição a fatores de risco que pode afetar negativamente o desenvolvimento
do indivíduo.

O objetivo do nosso trabalho é analisar os aspectos éticos das pesquisas em Psicologia,


com base nas Resoluções 466 de 2012 e 510 de 2016, enfatizando a investigação
envolvendo indivíduos vulneráveis.

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