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MÓDULO: Metodologia de

Investigação Científica

Professor: Paulo Pinto

LUANDA, 28/03/2023
A investigação é uma utopía?

◼ “A utopía, está no horizonte. Acerco-me


dois passos, a mesma recua dois
passos. Caminho des passos e o
horizonte corre-se dez passos máis alá.
Por muito que eu caminhe, jamais a
alcançarei. Então, Para qué serve a
utopía?
◼ Sirve-nos, para _________...”
Eduardo Galeano
Ciência

Etimologia: Ciência vem da palavra latina


scientia, que significa conhecimento

A Ciência é o conhecimento ou um sistema


de conhecimento que abarca verdades
gerais ou a operação de leis gerais
especialmente obtidas e testadas através
do método científico .
Ciência

Objectivos da Ciência

 Melhoria da qualidade de vida intelectual

 Melhoria da qualidade de vida material

 Não é o objectivo da ciência responder


todas as questões
Funções da Ciência

 Novas descobertas

 Novos produtos

 Melhoria da qualidade de vida


Locais da Ciência

➢ Universidades e outras instituições de


ensino superior e de pesquisa(académicas/
científicas)

➢ Indústrias
 Ex.: Indústria Farmacêutica
Industria alimentaria
Industria química
Industria têxtil
Industria de laboratórios médicos
Áreas da Ciência
✓ Pura – O desenvolvimento de teorias
✓ Aplicada - A aplicação de teorias às
necessidades humana
Onde se faz a ciência pura e a aplicada?
➢ Natural - O estudo da natureza ou mundo
natural.
Exs.: Biologia, Física, Geolo
gia, Química, outras.
➢ Social - O estudo do comportamento humano
e da sociedade.
Exs.: História, , Sociologia, Ciências Políticas,
outras.
Áreas da Ciência
❑ Biológicas - Estudo do ser humano e dos
fenómenos da natureza
Exs.: Biologia, Medicina, Odontologia, etc.

❑ Exactas - Tem origem na física


Exs.: Física, Matemática, Computação,
etc.

❑ Humanas - Estudo social e


comportamental do ser humano
Exs.: Direito, Filosofia, Letras, etc.
Conhecimento Científico:
É um produto resultante da investigação
científica.

 Surge da necessidade de:


▪ encontrar soluções para problemas de
ordem prática da vida diária (senso
comum);
▪ do desejo de fornecer explicações
sistemáticas que possam ser testadas e
criticadas através de provas empíricas e
da discussão intersubjectiva
TIPOS DE CONHECIMENTO

 Conhecimento Empírico ( popular, vulgar


ou senso-comum) – É o conhecimento
obtido ao acaso, após inúmeras
tentativas, através de acções não
planeadas;

 Conhecimento Científico – Vai além do


conhecimento empírico, procurando
conhecer, além do fenómeno, suas
causas e leis.
TIPOS DE CONHECIMENTO

 Conhecimento filosófico - É o resultado


do raciocínio e da reflexão humana que
busca dar sentido aos fenómenos gerais
do universo, ultrapassando os limites
formais da ciência.

 Conhecimento Teológico -
Conhecimento revelado pela fé divina
ou crença religiosa. Por sua origem, não
pode ser confirmado ou negado. Depende
da formação moral e das crenças de
cada indivíduo
Ciência & Tecnologia
- Ciência produz conhecimento
- Tecnologia produz técnica
 Em relação à Ciência pode-se dizer que a
Tecnologia é um passo à frente em direcção
à Sociedade.
 A saber:
➢ A fabricação de um laser em escala
industrial passou a ser um desafio
tecnológico;
➢ Hoje, produzir lasers para aparelhos de
CD é dominar uma tecnologia e nada tem
a ver com Ciência.
Ciência & Tecnologia

 O estudo da interacção da radiação com


a matéria por Einstein, o levou a
descrever as leis que fundamentam a
acção laser.

 A invenção do primeiro laser artificial


muitas décadas depois, também foi um
grande avanço na Ciência.

 Dominar Tecnologia não implica em


dominar a Ciência que originou a técnica.
Método Científico

 “O Método Científico é um conjunto de


regras básicas para um cientista
desenvolver uma experiência controlada
para o bem da ciência”;

 “Maneira de fazer uma pesquisa


científica”;

 “Forma de pensar para se chegar à


natureza de um determinado problema,
quer seja para estudá-lo ou explicá-lo”.
Cont….

 Ferramenta utilizada na ciência para


aquisição e construção do conhecimento

❖ É de fundamental importância pois:

• Permite reproduzir a pesquisa científica


• Possibilita a validação através da
observação (essência da ciência)
Métodos Científicos clássicos:

❑ Método Indutivo (Galileu e Bacon, séc.


XVII) Descoberta de princípios gerais a
partir de conhecimentos específicos
(particulares)
 Micro Macro (conceito)

❑ Método Dedutivo (Descartes, séc. XVII)


Aplicação de princípios gerais a casos
específicos (particulares)
 Macro Micro(conceito)
Métodos Científicos clássicos

❑ Método Hipotético-dedutivo

 A partir da hipóteses formuladas, deduz-


se a solução do problema

 Qual a diferença entre os métodos acima referidos?


METODOS CIENTIFICOS MAIS USADOS
NA ACTUALIDADE:

EMPIRICOS TEÓRICOS ESTATÍSTICOS

▪ OBSERVAÇÃO
▪ ANALISES ▪ SUMATORIA
▪ EXPERIMENTAÇÃO
▪ SINTESES ▪ RESTO
▪ ENTREVISTA
▪ INDUÇÃO ▪ PRODUTOS
▪ TRABALHO COM
▪ DEDUÇÃO ▪ PORCEMTAGEM
DOCUMENTOS
▪ HIPOTÉTICO ▪ Media
▪ OUTROS
▪ HISTORICO LOGICO ▪ Moda
▪ DIALETICO ▪ Mediana
▪ Outros ou ▪ Outros
combinações
Pesquisa

“Pesquisa é o conjunto de investigações,


operações e trabalhos intelectuais ou
práticos que tenham como objectivo a
descoberta de novos conhecimentos, a
invenção de novas técnicas e a exploração
ou a criação de novas realidades”

(KOURGANOFF,1990)
A pesquisa é utilizada para:

❖ Gerar e adquirir novos conhecimentos


sobre si mesmo ou sobre o mundo em
que vive;
❖ Obter e/ou sistematizar a realidade
empírica (conhecimento empírico);
❖ Responder a questionamentos (explicar
e/ou descrever);
❖ Resolver problemas;
❖ Atender à necessidades de mercado.
Pesquisa Científica
Tipos de Pesquisa Científica

➢ Exploratória
▪ Primeira aproximação com o tema
▪ Visa conhecer os factos e fenómenos
relacionados ao tema
▪ Recuperar as informações disponíveis
▪ Descobrir os pesquisadores

 É feita através de:


▪ Levantamentos bibliográficos
▪ Entrevistas com profissionais da área
▪ Visitas à instituições, empresas, etc.
▪ Web sites, etc.
Tipos de Pesquisa Científica. Cont.

➢ Descritiva
▪ Levantamento das características
conhecidas, componentes do
facto/fenómeno/processo;

▪ É feita na forma de levantamentos ou


observações sistemáticas do
facto/fenómeno/processo escolhido.
Tipos de Pesquisa Científica. Cont.

➢ Explicativa
▪ Visa explicar e criar uma teoria a
respeito de um
facto/fenómeno/processo;
▪ Propicia aprofundar o conhecimento da
realidade;
▪ Se ocupa com o porquê do facto/
fenómeno/ processo (identificação dos
factores que determinam a ocorrência)
ou a forma que ocorrem.
Tipos de Pesquisa Científica. Cont.

➢ Campo
▪ Onde acontece o facto/ fenómeno/ processo
▪ Colecta de dados e observação do facto/
fenómenos/ processo in natura
▪ Formas:
o Observação directa;
o Levantamento;
o Estudo de caso.
Tipos de Pesquisa Científica. Cont.
➢ Laboratório
 Caracterizada por:
▪ Interferir artificialmente na produção do facto/
fenómeno/ processo
 OU
▪ Artificializar o ambiente ou os mecanismos de
percepção para que o facto/fenómeno/processo
seja produzido/percebido adequadamente
“Estímulos” “Cenários”
 Permite:
 Estabelecer padrão desejável de observação
 Captar dados para descrição e análise
 Controlar o facto/ fenómeno/ processo
Tipos de Pesquisa Científica. Cont.

➢ Pesquisa Bibliográfica
“A Pesquisa bibliográfica é fundamentada nos
conhecimentos de biblioteconomia,
documentação e bibliografia; sua finalidade é
colocar o pesquisador em contacto com o que
já se produziu a respeito do seu tema de
pesquisa.” (PÁDUA, 2004)
Cont…

▪ Requer conhecimento de termos


técnicos e sinónimos.
▪ Imprescindível para qualquer pesquisa
científica registar e organizar os dados
bibliográficos referentes aos documentos
obtidos e empregados na pesquisa
científica
▪ Objectivos: desvendar, recolher e
analisar as principais contribuições
sobre um determinado fato, assunto ou
ideia
(Cont..)

Pesquisa Bibliográfica ou Bibliografia

“É o conjunto de obras derivadas sobre


determinado assunto, escritas por vários
autores, em épocas diversas, utilizando
todas ou parte das fontes.” (SALOMON, 1974)
Cont.

Referência bibliográfica
Descrição precisa da fonte de informação,
utilizando-se de normas específicas, a
exemplo de:
ABNT - Associação Brasileira de Normas
Técnicas
OIN – Organização Intrenacional Normativa
AMA – American Medical Association
UNE – Norma Espanhola
Normas de Vancouver
Entre outras.
Tipos de Pesquisa Científica. Cont.

➢ Pesquisa Experimental
Consiste em experimentar, fazer experiência
• Facto/fenómeno/processo da realidade é
reproduzido de forma controlada, com
objectivo de descobrir os factores que o
produzem ou que por ele sejam produzidos
Experimentos são geralmente feitos por
amostragem – conjunto significativo que
compõem a amostra
Os resultados válidos para uma amostra, por
indução, são válidos também para a
população.
Tipos de Pesquisa Científica. Cont.

➢ Ex-post-facto (a partir depois do facto)


Investigação sistemática e empírica
O pesquisador não tem controle directo sobre
as variáveis independentes, porque:
já ocorreram suas manifestações
são intrinsecamente não manipuláveis.
São feitas inferências sobre as relações entre
variáveis em observação directa, a partir da
variação concomitante entre as variáveis
independentes e dependentes.
O que é uma variável independente e
dependente
Tipos de Pesquisa Científica. Cont.

➢ Levantamento
Caracteriza-se pela interrogação directa das
pessoas, cuja opinião se quer conhecer.
Procedimento útil para pesquisas
exploratórias e descritivas
Etapas: Cont..
▪ Selecção da amostra
▪ Aplicação de questionários, formulários ou
entrevista
▪ Tabulação dos dados
▪ Análise com auxílio de ferramentas
estatísticas

Vantagens: conhecimento directo da


realidade;
quantificação; economia e rapidez

Limitações: ênfase nos aspectos


perspectivos; pouca profundidade; limitada
apreensão do processo de mudança
Tipos de Pesquisa Científica. Cont.

➢ Estudo de caso
Estudo aprofundado e exaustivo de um ou de
poucos objectos, de maneira a permitir o seu
conhecimento amplo e detalhado.
É adequado para:
Explorar situações da vida real;
Descrever a situação do contexto em que está
sendo feita determinada investigação;
Explicar as variáveis causais de determinado
fenómeno em situações muito complexas
Tipos de Pesquisa Científica. Cont.

➢ Pesquisa-acção
“ Pesquisa-acção é um tipo de pesquisa social
com base empírica que é concebida e
realizada em estreita associação com uma
acção ou com a resolução de um problema
colectivo e no qual os pesquisadores e os
participantes representativos da situação ou
problema estão envolvidos de modo
cooperativo ou participativo.” (THIOLLENT,
1986, p.14)
Cont.

Indicada quando há interesse colectivo na


resolução de um problema ou suprimento de
uma necessidade
Envolvimento participativo ou cooperativo dos
pesquisadores e demais participantes no
trabalho de pesquisa
Utiliza-se de outros procedimentos já
descritos, tais pesquisa bibliográfica,
experimentos, etc.
Tipos de Pesquisa Científica. Cont.

➢ Pesquisa Documental
Documento
“ Qualquer suporte que contenha informação
registada, formando uma unidade, que possa
servir para consulta, estudo ou prova. Inclui
impressos, manuscritos, registos
audiovisuais e sonoros, imagens, sem
modificações,
independentemente do período decorrido
desde a primeira publicação. (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.
NBR 6023, 2000)
Conti.

Ênfase para fontes de informações ainda não


publicadas,
que não receberam tratamento analítico ou
não foram
organizadas:
Relatórios de empresas
▪ Correspondência pessoal ou comercial
▪ Registro em igrejas, hospitais, etc.
▪ Fotografias
▪ Obras originais de qualquer natureza
RELATORIO FINAL
(Teses)

CAPA
ANEXOS

RESUMO
BIBLIOGRAFÍA

ÍNDICE DESENVOLVIMENTO CONC. E REC.


INTRODUÇÃO

CAP. I CAP. II CAP. III


A estruturação de um trabalho
científico
❑ Elementos pre textuais
- Capa
- Folha de rosto
- Ficha catalográfica
- Ficha de aprovação
- Dedicatoria
- Agradcimento
- Resumo En dúas lingua
- Índice
❑ Elementos textuais
- Introducção
- Desenvolvimento( Capítulo I, Capítulo II e Capítulo III)
- Conclusões
- Recomendações
❑ Elementos pos textuais
- Bibliografía
- Anexos
- Apéndices
A estruturação da teses.
Uma aproximação
Introdução: promedio de 8 páginas.

Tres capítulos, promedio de 80 páginas.

Capítulo I Fundamentos teórico-metodológico


(promedio: 24 páginas)

Capítulo II Metodología/ comportamento do


problema (promedio: 24 páginas)

Capítulo III Estrategia.... Resultados


(Promedio: 24 páginas).
Componentes da introdução

- Estrutura da teses (por capítulos).


- Projecto ao qual está asociada a
investigação.
- Socialização dos resultados de
investigação.
- Livro o teses de base.
Nome dos capítulos:

Capítulo I Fundamentos teórico-metodológico

Capítulo II Metodología/ comportamento do problema

Capítulo III Apresentação dos Resultados


Componentes do capítulo do diseñho
teórico
◼ Tema e importancia do tema
◼ Marco teórico do problema Antecedentes do
problema (Marco histórico, Marco conceptual,
Definição de termos, Sistema teórico de
conhecimentos, Autores e investigações)
◼ Situação polémica.
◼ Formulação do problema.
◼ Objecto de investigação.
◼ Campo de acção da investigação.
◼ Objectivo da investigação
◼ Hipóteses, ou ideai a defender.
◼ Operacionalização da hipótesis.
◼ Tarefas de investigación.
Componentes do capítulo do desenho
metodológico
- Enfoques e métodos de investigação.
(recolecção e procesamento dos dados)

- Decisão mostral.

- Contribução a ciência:

. Aporte ou contribução teórica.


. Contribução ou significação prática.
. Actualidade e novedade científica.
Componentes do capítulo dos resultados

Parágrafo introductorio
3.1 Aparato cognitivo ou instrumental

3.1.1 Fundamentos gerais


3.1.2 Modelação e graficação
3.1.3 Cómo ocurreu o proceso.

3.2 Aparato instrumental


3.2.1 Etapas, fasses y procedimentos

3.3 Valoração, mediante validacão


empírica, conclusão parcial.
Etapas da Pesquisa Científica.

1. Escolha do tema
2. Revisão de literatura
3. Justificativa
4. Formulação do problema
5. Determinação de objectivos
6. Metodologia
7. Colecta de dados
8. Tabulação de dados
9. Análise e discussão dos resultados
10. Conclusão da análise dos resultados
11. Redacção e apresentação do trabalho
científico
12. Divulgação
Etapas da Pesquisa Científica.

1 Escolha do tema

O que vou pesquisar?


Um aspecto ou uma área de interesse de um
assunto que se deseja provar ou desenvolver
Assunto interessante para o pesquisador
Originalidade não é pré-requisito
Fontes de assuntos: vivência diária, questões
polémicas, reflexão, leituras, conversações,
debates, discussões
2 Revisão de literatura

Quem já pesquisou algo semelhante?

Busca de trabalhos semelhantes ou idênticos


Pesquisas e publicações na área
Etapas da Pesquisa Científica. Cont.

3 Justificativa

Por que estudar esse tema?

Vantagens e benefícios que a pesquisa irá


proporcionar
Importância pessoal ou cultural
Deve ser convincente
4 Formulação do problema

SITUAÇÃO POLÉMICA
- Causalidades e sintomatología.
- Sujetos e cenários.
- Inter relação entre os elementos.
- Conflictos ou contradicões presentes.
- Graficação da situação.
- Posivels soluções ao conflicto reitor.
- Diagnóstico y pronóstico.

Que respostas estou disposto a responder?


Definir claramente o problema
Delimitá-lo em termos de tempo e espaço
Etapas da Pesquisa Científica. Cont.

6 Metodologia

Como se procederá na pesquisa?


Caminhos para se chegar aos objectivos
propostos
Qual o tipo de pesquisa?
Qual é a população da pesquisa?
Será utilizado a amostragem?
Quais os instrumentos de colecta de dados?
Como foram construídos os instrumentos de
pesquisa?
Etapas da Pesquisa Científica. Cont.

Qual a forma que será usada para a


tabulação de dados?
Como interpretará e analisará os dados e
informações?
Explicitar a metodologia de pesquisas de
campo ou de laboratório é bastante
importante pesquisa bibliográfica – leitura
como elemento primordial
Indicar como pretende alcançar suas fontes
de consulta, fichá-las, lê-las e resumi-las,
construir seu texto , et
Etapas da Pesquisa Científica. Cont.

7 Colecta de dados
Como será o processo de colecta de dados?
Como? Através de que meios? Por quem?
Quando?
Onde?
8 Tabulação dos dados
Como organizar os dados obtidos?
Recursos: índices, cálculos estatísticos,
tabelas, quadros e gráficos
9 Análise e discussão dos resultados
Como os dados colectados serão analisados?
Confirmar ou refutar hipótese anunciada
Etapas da Pesquisa Científica. Cont.

10 Conclusão da análise dos resultados

Sintetizar os resultados obtidos


Evidenciar as conquistas alcançadas com o
estudo
Indicar as limitações e as reconsiderações
Apontar a relação entre fatos verificados e
teoria
Contribuição da pesquisa para o meio
académico, empresarial ou desenvolvimento da
ciência e tecnologia
Etapas da Pesquisa Científica. Cont.

11 Redacção e apresentação do trabalho


científico

Redigir o trabalho científico: monografia,


dissertação, tese, artigo, etc.
Obedecer as normas pré-estabelecidas

12 Divulgação
Escrever artigos, livros
Projeto de Pesquisa
Objectivo
Traçar um caminho eficaz que o conduza a atingir
os objectivos a que se propõe.
No Projeto defini-se:
✓ O que fazer – definição do tema ou problema
✓ Porque fazer – justificativa da escolha do tema
ou problema
✓ Para que fazer - objectivos
✓ Onde fazer – local/campo da pesquisa
✓ Como fazer – metodologia
✓ Com que fazer – recursos necessários
✓ Quando fazer – cronograma de execução
✓ Com quanto fazer – orçamento
✓ Como pagar - verba
✓ Quem vai fazer - equipe
Tipos de Pesquisa
Científica.Tentando
descomplicar ...
Conceitos complementares:
Os estudos etnográficos são uma técnica,
proveniente das disciplinas de Antropologia
Social, que consiste no estudo de um objecto por
vivência direta da realidade onde este se insere
permitindo analisar a componente social das
tarefas desempenhadas numa dada organização
tornam-se, no âmbito da Engenharia de
requisitos, extremamente úteis para ultrapassar
a dificuldade que existe na recolha dos
requisitos derivados de formas rotineiras e
tácitas de trabalhar:
modo como realmente as pessoas executam as
suas funções que muitas vezes difere da forma
como as definições dos processos
sugerem que elas devem fazer; cooperação e
conhecimento das atividades de outras pessoas.
BIBLIOGRAFIA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR
6023 : informação e documentação – –
referências – – elaboração. São Paulo: ABNT, 2000.
DUARTE, Marcos. Uma visão sobre formas de pesquisa .
Disponível em:
<<
http://lob.incubadora.fapesp.br/portal/t/metodologia/pesqui
sa.pdf f >. o Acesso em : 13 mar. 2006
Glossário de Biblioteconomia e Documentação. Disponível
em:
<<
http://portalfust.socinfo.org.br/Docs/Docs%20contribuicoes
%20dos %20SUBGTS/GT- -
UN.BTCA.IDDL.0025.doc >. o Acesso em : 15 mar. 2006.
KOURGANOFF, Vladimir. A face a oculta a da universidade. o
Tradução a Cláudia Schilling; a Fátima Murad. São
Paulo : a Editora a da l Universidade Estadual paulista , 1990.
. RUDIO, Franz Victor. Introdução ao projecto de pesquisa
científica. . . 13. ed. : Petrópolis: Vozes, 1989.
. SANTOS, António Raimundo dos. a Metodologia científica : a o
construção do o conhecimento 5 5. . ed. Rio de
Janeiro: : DP&A, 2002. .
THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa- - acção. São Paulo:
Cortez: Autores Associados, 1986. 108p.
Wikipédia , a enciclopédia livre. Disponível em: < http ://pt.
wikipedia. . org/ / wiki /P%C3%A1gina_principal >.
Acesso em: 15 mar. 2006.
CONHECIMENTO CIENTÍFICO

 É o conhecimento racional, sistemático, exato e verificável da realidade.


Sua origem está nos procedimentos de verificação baseados na
metodologia científica. Características:
 É racional e objetivo
 Atém-se aos fatos
 Transcende aos fatos
 É analítico
 Requer exatidão e clareza
 É comunicável
 É verificável
 Depende de investigação metódica
 Busca e aplica leis
 É explicativo
 Pode fazer predições
 É aberto
 É útil. (GALLIANO, 1979, p. 24).
CIÊNCIA
 Até a Renascença o conhecimento era caracterizado
como:
 certo
 geral
 metódico e sistemático

 Hoje, além dessas características acrescenta-se:

 Objetividade
 Desinteresse
 Espírito Crítico
CIÊNCIA
 ANTES:
A ciência era entendida como o resultado da
demonstração e da experimentação. Só aceitando o
que fosse provado;

 HOJE:
A ciência é entendida como a busca constante de
explicação e soluções, de revisão e reavaliação de
seus resultados e tem a consciência clara de sua
falibilidade e de seus limites
VERDADE - EVIDÊNCIA - CERTEZA

 A verdade

 A evidência

 A certeza
Metodologias

 Essencialmente existem dois grandes paradigmas


 O positivista
 Que só aceita como conhecimento autêntico tudo o que
pode ser positivamente verificado
 Predominantemente quantitativo
 O interpretativo
 Que promove a interpretação contextualizada do mundo
como forma de conhecimento autêntico
 Predominantemente qualitativo

Universidade Lusófona 69 Fevereiro de 2012


Metodologias

 O paradigma positivista é:
 Predominantemente dedutivo
 Baseado no método científico
 Fundamentado na...
 Observação, descrição, explicação e previsão da realidade
 Também percebidas como descrição, controlo e previsão
 Construção e validação de modelos e teorias da realidade
 Percepção do investigador como observador externo

Universidade Lusófona 70 Fevereiro de 2012


Metodologias

 O paradigma interpretativo é
 Predominantemente indutivo
 Baseado na procura da compreensão profunda
 Relacionado com teoria crítica
 Fundamentado na...
 Compreensão de sistemas sociotécnicos
 Introdução de artefactos nos sistemas sociotécnicos com
o propósito de modificar o seu comportamento
 Percepção do investigador como participante interno

Universidade Lusófona 71 Fevereiro de 2012


Metodologias

 Mas é importante perceber, que os dois paradigmas


não são, necessariamente, mutuamente exclusivos
 A combinação de abordagens é comum

Universidade Lusófona 72 Fevereiro de 2012


Metodologias

 Exemplos de metodologias positivistas são...


 As provas
 As simulações
 As experiências
 No laboratório ou no mundo real
 Os inquéritos
 As observações
 Os estudos de caso

Universidade Lusófona 73 Fevereiro de 2012


Metodologias

 As metodologias positivistas procuram a verdade e


podem ter como propósito...
 A confirmação
 Uma teoria existe, uma pergunta de pesquisa é formulada,
uma hipótese é levantada, uma metodologia é selecionada e
operacionalizada, a hipótese é testada e confirmada ou
refutada
 A exploração
 A teoria não é clara, uma pergunta de pesquisa é formulada,
uma metodologia é selecionada e operacionalizada, as
hipótese são geradas mas não testadas

Universidade Lusófona 74 Fevereiro de 2012


Metodologias

 Exemplos de metodologias interpretativas são...


 A etnografia
 A investigação ação
 A investigação pelo design
 E aqui existem muitas variantes
 Os estudos de caso

Universidade Lusófona 75 Fevereiro de 2012


Metodologias

 As metodologias interpretativas procuram a


utilidade e podem ter como propósito...
 A construção de artefactos
 Que podem ser teorias, modelos, métodos ou mesmo
implementações, produtos, serviços

Universidade Lusófona 76 Fevereiro de 2012


Planeamento

 Mas nenhuma metodologia é útil sem um


planeamento adequado
 Identificação de um problema relevante
 Definição da pergunta de pesquisa
 Seleção da metodologia a adoptar
 Operacionalização da metodologia adoptada
 Construção das respostas à pergunta de pesquisa
 Apresentação e discussão dos resultados

Universidade Lusófona 77 Fevereiro de 2012


tions, review of the literature, methodology, results, and conclusions. The research problem
serves as the starting point for the research and is a unifying thread that runs throughout all the
elements of the research endeavor (Leedy & Ormrod, 2005). Kerlinger and Lee (2000) noted that
“without some sort of statement of problem, the scientist can rarely go further and expect the
Planeamento
work to be fruitful” (p. 15). A viable research problem is usually noted at the introduction of the
research manuscript to identify why the study is important (Creswell, 2005).

Research Topic Goals

Resear ch Questions/H ypotheses


Answers Determine
Addresses Delimits

Conclusions Resear ch M ethodology


Problem

Permit Produces
Results

Suppor ts & V alidates All

L iter ature Review

Universidade Lusófona 78 Fevereiro de 2012


Figure 1: Conceptual M ap of the Problem-Based Research Cycle
19
COMO ELABORAR UM PROJECTO DE INVESTIGAÇÃO?
Em qualquer processo investigativo, pelo menos na academia, torna-
se necessário planificar um conjunto de actividades para nos
orientarem no estudo em causa. A esta planificação, habitualmente,
chamamos de “projecto de investigação”.
Um projecto de investigação consiste, assim, numa primeira
aproximação a um determinado objecto de estudo. Procura-se definir
a problemática, os termos-chave (conceitos) que irão dar
inteligibilidade teórica ao processo investigativo, a opção
metodológica mais ajustada e a calendarização das tarefas a realizar
no decurso do estudo. De seguida, iremos apresentar e descrever, de
forma sucinta, os principais componentes de um projecto de
investigação.
Escolha e definição do tema
Habitualmente, o projecto de investigação dá início quando por
observação, curiosidade, preocupação, questionamento, ou por
recomendação de um estudo anterior, queremos saber mais sobre
um determinado assunto, fenómeno, tema ou problema.
Começa, assim, a investigação, escolhendo e definindo um tema.
Este surge, normalmente, a partir das seguintes situações (Barros &
Lehfeld, 1999, citado em Vilelas, 2008):
(a) Observação do quotidiano
(b) A vida profissional
(c) Programas de investigação
(d) Contacto (conversas) com especialistas
(e) Sugestões de estudos já realizados
(f) Estudo da literatura especializada
O ponto de partida pode, como acabámos de referir, ser uma destas
situações. Contudo, após esta primeira fase, importa seguir algumas
recomendações:
(a) Seleccionar um tema concreto e acessível
(b) Escolher uma temática conhecida
(c) Encontrar áreas de trabalho nas quais se pode contar com uma
ajuda efectiva
(d) Encontrar um tema de investigação que tenha, tanto quanto
possível, um real interesse para si.
Em síntese, estes são os primeiros passos a dar na elaboração de um
projecto de investigação. Na secção seguinte, iremos debruçar-nos
sobre a questão da problemática, eixo central de uma investigação
científica.
Problemática
Após termos definido e escolhido um tema ou uma área de interesse, chega, agora, o
momento de saber como se define o problema de investigação.
O problema de investigação orienta-nos em todo o processo investigativo. Ele
constitui a pedra angular do design de qualquer investigação científica.
Habitualmente, na definição do problema seguem-se a alguns procedimentos:
(a) O que diz a literatura sobre a problemática em estudo?
(b) Já foram feitos estudos empíricos sobre esta problemática?
(c) Que recursos bibliográficos há nesta área?
(d) Que condições organizacionais e financeiras existem para operacionalizar o
estudo?
Depois de realizar este questionamento, segue-se a formulação da pergunta
de partida, tendo em linha de conta o tipo de enfoque e o método de
estudo que melhor se ajuste ao que queremos investigar.
Se o estudo que queremos realizar já produziu resultados, ainda que
noutros contextos, podemos formular hipóteses para testarmos no nosso
contexto de estudo (enfoque quantitativo). Contudo, se não tivermos
conhecimento sistematizado sobre a nossa problemática, então, é mais
ajustado definir perguntas específicas (questões de investigação), optando
neste caso por escolher um enfoque qualitativo, uma vez que ainda
estamos numa fase exploratória naquela área do conhecimento.
Uma outra questão que, habitualmente, se coloca é se se devem definir
objectivos, para além da enunciação das questões de investigação ou da
formulação de hipóteses? A resposta não é linear. Dependendo das
tradições (escolas) académicas e das geografias culturais, podem surgir
diversos modelos alternativos.
Assim, nas práticas existentes apontam para a necessidade de
formulação de objectivos. Por esta razão, importa ter presente que os
objectivos procuram expressar as actividades a desenvolver no decurso
da investigação.
Exemplo:
Objectivo geral – O projecto de pesquisa visa comparar os hábitos de
estudo (em grupo-sozinho) e os resultados obtidos no fim de um bloco.
Objectivos específicos:
(a) Classificar os hábitos de estudo dos estudantes (grupo informal-
sozinho)
(b) Recolher informação sobre os resultados de estudo
(c) Relacionar os hábitos de estudo com os resultados obtidos.
Estes objectivos pretendem concretizar, em termos de actividades de
investigação, o que queremos estudar: Será que os estudantes, que
estudam em grupos informais fora das aulas, terão melhores resultados
no fim do módulo (bloco), do que os estudantes que estudam sozinhos?
O problema é um “problema de investigação” quando, a partir da
literatura de especialidade ou de estudos empíricos já realizados, há
elementos de compreensão que nos permitam avançar para a sua
resolução ou problematização. A resposta pode não ser, sempre,
positiva, mas o que importa é conseguir uma explicação plausível e
fundamentada para o questionamento feito no estudo. Mesmo que, em
vez da resposta esperada, surjam outras perguntas ou outras questões,
particularmente nos estudos cujo enfoque é predominantemente
qualitativo.
Definição de termos (revisão de literatura)
Num projecto de investigação, após a definição clara, e o mais
objectivamente possível, do problema, importa definir os termos-
chave (ou conceitos) que sustentarão o nosso quadro interpretativo.
Trata-se de dar início à chamada “revisão da literatura” que deve
fundamentar o quadro teórico convocado para o estudo. Claro que
ainda estamos numa fase exploratória, mas importa, desde logo,
começar a pesquisar a bibliografia de especialidade, para
percebermos o “estado da arte” sobre aquela área de conhecimento.
O quadro teórico constitui uma fase necessária para “preparar” os
instrumentos de recolha de dados, uma vez que a “teoria” (teorias)
nos permite(m) ponderar a metodologia mais apropriada para a
problemática em estudo.
Por sua vez, é mediante a revisão de literatura que nos colocamos em
contacto com estudos já feitos na área de conhecimento em que se
inscreve a nossa problemática. Esta pesquisa torna-se decisiva, pois,
podemos, desde logo, perceber alguns dos resultados já produzidos e o
tipo de instrumentos usados. Assim, será mais fácil escolher os
instrumentos que podem ser usados de modo a realizar uma outra
aproximação metodológica.
O quadro teórico constitui uma fase necessária para “preparar” os
instrumentos de recolha de dados, uma vez que a “teoria” (teorias) nos
permite(m) ponderar a metodologia mais apropriada para a
problemática em estudo.
Por sua vez, é mediante a revisão de literatura que nos colocamos em
contacto com estudos já feitos na área de conhecimento em que se
inscreve a nossa problemática. Esta pesquisa torna-se decisiva, pois,
podemos, desde logo, perceber alguns dos resultados já produzidos e o
tipo de instrumentos usados. Assim, será mais fácil escolher os
instrumentos que podem ser usados de modo a realizar uma outra
aproximação metodológica.
Já nos estudos enquadrados no enfoque quantitativo, a revisão de
literatura
Metodologia
Como acabámos de referir, a metodologia é determinada pela
problemática e pela pesquisa de estudos já feitos, e é partir desta que
poderemos ajustar a nossa opção metodológica. Por isso, o que
determina esta fase é a problemática em estudo em articulação com a
revisão de literatura.
Dentro desta fase, há um conjunto de tarefas que devem ser realizadas,
tais como:
(a) Definir o tipo de estudo (ou método de estudo);

(b) Seleccionar a amostra (ou participantes) do estudo;

(c) Seleccionar os instrumentos/técnicas de recolha e análise de dados;

(d) Definir o modelo de análise de dados;

(e) Apresentar as limitações do estudo;

(f) Calendarização das tarefas investigativas.


Tipo de estudo (ou método de estudo)
A definição do tipo de estudo ou método de estudo depende, como já foi
referido, da problemática em estudo. Assim, se formos para o exemplo,
acima referido (Problemática), o estudo pode ser considerado
experimental (ou, em termos rigorosos, quase-experimental), uma vez
que se pretendia saber se estudar em grupos informais “causa” melhores
notas do que estudar sozinho. Por conseguinte, pretendia-se saber se
existe uma relação “causa-efeito”. Por sua vez, será considerado quase-
experimental pelo facto de o grupo de “tratamento” não ter sido
seleccionado de forma aleatória (para aprofundar este tema, consultar
Sampieri, et al., 2006).
População/ amostra (ou participantes)
O universo (também chamado população) é um conjunto definido de elementos
que possuem determinadas características. Exemplo: todos os estudantes
moçambicanos que possuem um computador portátil.
A amostra, por seu lado, é o subconjunto do universo do qual se estabelecem ou
se estimam as características desse universo.
Em projectos de investigação que pretendam fazer generalizações sobre
populações com elevado número de indivíduos, aplicam-se fórmulas estatísticas
para calcular o tamanho da amostra. Este tipo de amostra é designado como
“amostras probabilísticas” (para aprofundar este tema, consultar Gil, 2008;
Sampieri et al., 2006).
Importa, todavia, referir que nem todos os estudos têm, efectivamente,
uma amostra. É o caso dos estudos inscritos no enfoque qualitativo, que
procuram explorar algo ainda pouco conhecido e com escassa literatura
ou falta de estudos empíricos. Neste caso, como o estudo é “localizado” e
circunscrito a uma determinada situação ou fenómeno (singular e
complexo), opta-se por escolher participantes que assumam um estatuto
de “informadores privilegiados”. A selecção destes informantes é feita de
forma conveniente, tendo como critério a “representatividade social”
(Guerra, 2006). Como consequência, os resultados produzidos no âmbito
deste tipo de estudos não permitem, em princípio, generalizar ou replicar
os seus resultados para outros contextos.
Instrumentos/técnicas de recolha e análise de dados
Os instrumentos/técnicas de recolha e análise de dados constituem um
momento decisivo, dado que, parte da validade científica dos
resultados, resultam do modo como estes são organizados e aplicados.
No caso dos estudos enquadrados no enfoque quantitativo exige-se,
ainda maior rigor na sua concepção, uma vez que, na fase da sua
aplicação, o investigador não se encontra, em princípio, presente e,
também, pelo facto de se advogar um distanciamento do investigador
face ao objecto em estudo. Em todo o caso, mesmo quando o
investigador manipula as variáveis em estudo (por exemplo nos
estudos experimentais), o rigor da cientificidade está associada ao
rigor da concepção dos instrumentos/técnicas usados.
Quanto aos estudos inscritos no enfoque qualitativo, pela razão de se
considerar o investigador como o principal instrumento de recolha e
análise de dados e, ainda, pelo facto da sua própria subjectividade
estar presente ao longo do processo investigativo, os
instrumentos/técnicas usados acabam por ser mais flexíveis e pouco
estruturados, ainda que haja a necessidade de serem aplicados com
rigor e coerência de acordo com os objectivos da investigação.
Relativamente ao facto de se poderem combinar e articular
instrumentos/técnicas provenientes de enfoques diferentes não constitui
um problema. Na realidade, podemos optar por um determinado tipo de
estudo, por exemplo descritivo, que se enquadra no enfoque quantitativo.
Contudo, podemos usar inquéritos por questionário e entrevistas
semiestruturadas, dependendo dos objectivos do estudo, sem no entanto
entrarmos um conflito epistemológico, uma vez que o que determina a
coerência do estudo é o facto de estarmos perante um determinado
método de estudo e seguir os procedimentos que lhe estão associados de
forma coerente e exigente.
A complementaridade de instrumentos/técnicas é, aliás, recomendável,
particularmente quando estamos perante estudos que se enquadram no
enfoque qualitativo, de modo a garantirmos a triangulação metodológica
e reduzir, assim, tanto quanto possível os efeitos da subjectividade
inerentes a este tipo de estudos.
Modelo de análise de dados
Ainda dentro da secção “metodologia”, nos projectos de investigação
torna-se necessário definir o modelo de análise de dados, que,
dependendo dos objectivos do estudo, pode ter como propósito medir,
quantificar, estabelecer associações ou procurar diferenças da
realidade estudada (enfoque quantitativo) ou compreender os
processos de construção social da realidade significada pelos actores
em estudo (enfoque qualitativo).
No caso dos estudos enquadrados no enfoque quantitativo, normalmente,
recorre-se a testes paramétricos ou não paramétricos com suporte de
pacotes estatísticos, para analisar os dados (para aprofundar este tema,
consultar Sampieri, et al., 2006).
Quanto aos estudos inscritos no enfoque qualitativo, habitualmente, usa-se
a análise de conteúdo, podendo, neste caso recorrer, também, a um
tratamento estatístico de tipo descritivo. Todavia, nos estudos “tipo
etnográfico” tende-se a privilegiar uma análise de carácter narrativo, isto
é, mais do que convocar categorias de análise definidas a priori a partir dos
objectivos e do quadro teórico, opta-se por organizar o material recolhido
em função de categorias emergentes ao longo do processo investigativo
(para aprofundar este tema, consultar Flick, 2005 e Guerra, 2006).
Limitações do estudo
Nos projectos de investigação há, ainda, a necessidade de apresentar as
limitações do estudo. Por exemplo, limitações relacionadas com as
condições financeiras que o investigador precisa para realizar a
pesquisa no campo; limitações relacionadas com constrangimentos de
falta de tempo; limitações relacionadas com o processo de
generalização dos resultados em estudos enquadrados no enfoque
qualitativo ou, ainda, em estudos de tipo quantitativo que não
apresentam amostras probabilísticas; etc..
A credibilidade de um estudo científico passa, também, por assumir a
subjectividade decorrente de certas condições mobilizadas no processo
investigativo ou pela natureza dos estudos em si, como é o caso de
estudos de tipo-qualitativo.
Calendarização
Finalmente, num projecto de investigação, torna-se necessário planificar
as actividades de investigação que se irão desenvolver ao longo do
processo investigativo, como sejam, o quadro teórico, a concepção e
aplicação dos instrumentos, a apresentação e análise de dados, a
discussão dos resultados e organização do relatório da investigação.
Esquema dum Projecto de Investigação. Normas ABNT
Capa e folha de rosto
Na capa deve constar, obrigatoriamente, o nome da instituição, o título
centrado no meio da página, o nome do autor, a cidade e data, no final da
página.
Na folha de rosto devem constar os elementos da capa, mais a
informação relacionada com o curso e a área de estudo, bem como nome
do orientador científico (normalmente, esta informação fica do lado
direito, logo a seguir ao número de identificação e nome do estudante).
Elementos pré-textuais
Dentro dos vários elementos pré-textuais, referimos, como essenciais, os
seguintes:

(a) Índice

(b) Lista de abreviaturas

(c) Índice de tabelas, figuras ou quadros

(d) Resumo em português e em inglês

(e) Palavras-chave (português e inglês)


Introdução
Na introdução devem constar, preferencialmente, os seguintes aspectos:

(a) Breve contextualização da problemática

(b) Objectivos da investigação

(c) Hipóteses ou questões de investigação (quando aplicável)

(d) Metodologia adoptada

(e) Relevância da investigação

(f) Estrutura/organização do projecto de investigação.


Quadro teórico
O quadro teórico ou marco teórico é construído em torno da revisão
de literatura de especialidade. O seu principal propósito é realizar o
“estado da arte” dentro de uma determinada área de conhecimento
e, ainda, dar conta dos principais conceitos-chave.
Metodologia
Opção metodológica
Dentro desta secção, habitualmente, constam os seguintes elementos:

(a) Tipo de estudo ou método de estudo

(b) Universo/amostra ou participantes

(c) Instrumentos/técnicas de recolha e análise de dados

(d) Modelo de análise

(e) Limitações do estudo


Há certos estudos, por exemplo na área do direito, em que a parte
metodológica faz, apenas referência, ao método de estudo (por
exemplo, o método hermenêutico). Quanto às outras componentes,
habitualmente relacionadas com a parte empírica, estas não constam
dos projectos de investigação, uma vez que a base empírica se
reporta, em princípio, à análise documental.
Calendarização
Nesta secção apresentam-se as principais tarefas/actividades de
investigação relacionadas com o processo de investigação.
Conclusões
Nas conclusões apresentam-se os resultados esperados ou, pelo
menos, as principais asserções teórico-práticas que tendem a
estruturar o design da investigação.
Referências bibliográficas
Nas referências bibliográficas devem constar, apenas, as fontes
referenciadas/citadas no corpo do texto.

Elementos pós-textuais (apêndices/anexos)


Finalmente, caso se aplique, colocam-se os apêndices/anexos. Ter em
atenção que os anexos dizem respeito a qualquer tipo de documentação
consultada pelo investigador (pesquisa documental), enquanto os
apêndices estão relacionados com os materiais produzidos pelo
investigador (instrumentos, protocolos, grelhas, etc.).
COMO ELABORAR UM RELATÓRIO DE INVESTIGAÇÃO?
Quando a investigação chega ao seu terminus, passa-se à organização do
relatório da investigação.
Para além dos elementos que constituem a organização, habitual, de um
projecto de investigação, há ainda outros elementos que devem constar
no relatório final da investigação realizada.
Em primeiro lugar, importa referir que o tempo dos verbos passa do
futuro para o passado. No projecto de investigação pretendia-se prever as
tarefas/actividades a desenvolver ao longo do processo investigativo. Já
no Relatório de Investigação procura-se dar conta do que foi realizado e
concretizado em termos do design de investigação.
Em segundo lugar, o Relatório de Investigação tem como
propósito fundamental recolher evidências empíricas para
sustentar a problemática em estudo. Particularmente nos estudos
inscritos no enfoque qualitativo, importa salientar, ainda, o papel
de que se revestem o contexto e o processo onde decorreu o
estudo, uma vez que estas duas dimensões podem contribuir para
minimizar os efeitos de subjectividade inerentes a este tipo de
estudos (para aprofundar este tema, consultar Lessard-Hérbet,
Goyette, & Boutin, 2010).
Em terceiro lugar, o Relatório de Investigação visa divulgar os
resultados produzidos em torno de uma problemática estudada. Daí
que se torna imperioso ser coerente e, o mais objectivo possível,
tanto ao nível da conceptualização, como na parte metodológica. O
rigor com que se procura articular estas duas componentes constitui
o principal requisito de uma investigação que queira revelar
qualidade científica.
Template de um Relatório de Investigação

Capa e folha de rosto

Na capa deve constar o nome da instituição, o título


centrado no meio da página, o nome do autor, a
cidade e data, no final da página.
Na folha de rosto devem constar os elementos da capa, mais a
informação relacionada com o curso e a área de estudo, bem como
nome do orientado científico (normalmente, esta informação fica do
lado direito, logo a seguir ao número de identificação e nome do
estudante)

Nas Dissertações de Mestrado e nas Teses de Doutoramento, na


capa e na folha de rosto, deve constar o logótipo do centro ao qual
pertencesse o autor ou autores.
Elementos pré-textuais
Dentro dos vários elementos pré-textuais, referimos, como essenciais, os
seguintes:
(a) Índice
(b) Declaração
(c) Agradecimentos (elemento opcional)
(d) Lista de abreviaturas (quando se aplicar)
(e) Índice de tabelas, figuras ou quadros (quando se aplicar)
(f) Resumo em português e em inglês
(g) Palavras-chave (português e inglês)
Introdução
Na introdução devem constar, preferencialmente, os seguintes aspectos:
(a) Breve contextualização da problemática
(b) Objectivos da investigação
(c) Hipóteses ou questões de investigação (quando aplicável)
(d) Metodologia adoptada
(e) Relevância da investigação
(f) Estrutura/organização do relatório de investigação
Quadro teórico (revisão da literatura)
No Relatório de Investigação, o quadro teórico deve ser sistematizado e
conter duas partes distintas:
(a) A parte da teoria fundamental e das teorias complementares e afins;
(b) A parte dos estudos empíricos relacionados com problemática em estudo.
Assim, a revisão de literatura não deve reduzir-se à consulta de manuais ou
livros, mas deve, também, cingir-se às revistas científicas e teses de
doutoramento, uma vez que, a partir destas, podemos ter contacto com
estudos empíricos relacionados com a nossa problemática. Estes estudos são
fundamentais para percebermos qual é o “estado da arte”, em termos de
estudos empíricos realizados noutros contextos académicos e/ou geográficos.
Metodologia
Opção metodológica
Dentro desta secção, habitualmente, constam os seguintes elementos:
(a) Tipo de estudo ou método de estudo
(b) Universo/amostra ou participantes
(c) Instrumentos/técnicas de recolha e análise de dados
(d) Modelo de análise
(e) Limitações do estudo
Nos estudos de caso, deve-se, ainda, apresentar, delimitar e caracterizar o
caso em estudo (logo a seguir à secção “Tipo de estudo ou método de
estudo”).
Apresentação e análise de dados
Nesta secção, apresentam-se os dados e procede-se à sua análise com base
em pacotes estatísticos ou com base em modelos de análise mais flexíveis
e menos estruturados (como por exemplo, a análise de conteúdo de tipo-
narrativo ou etnográfico), na qual se privilegiam o relato das “vozes” ou
dos “textos” dos actores entrevistados (para aprofundar este tema,
consultar Flick, 2005 e Sampieri, et. al., 2006).
Discussão dos resultados
Com esta secção, pretende-se discutir os resultados produzidos no capítulo
anterior, tendo como referente interpretativo o quadro teórico construído
a partir da revisão da literatura. É partir deste confronto que,
particularmente nos estudos enquadrados no enfoque qualitativo, se pode
chegar a construções teóricas consistentes ou, pelo menos, coerentes com
o contexto empírico estudado.
Já em relação a estudos de tipo-quantitativo, é o momento de confronto
entre a significação teórica e a generalização dos resultados produzidos.
Conclusões
Nas conclusões, procede-se a uma breve síntese do que foi o percurso de
investigação. Procura-se, ainda, dar uma resposta ao problema em
estudo e aos seus objectivos, seja a partir das hipóteses formuladas ou
das questões de investigação.
Finalmente, face aos resultados obtidos, apresentam-se as limitações ou
potencialidades da investigação, gerando possíveis questões de
investigação com vista a dar continuidade à sistematização do estudo
realizado.
Referências bibliográficas
As citações e referências bibliográficas seguem o Modelo das
Normas APA, Vancouver, ABNT ou outras reconhecidas
internacionalmente. Na Unibelas a ABNT
Elementos pós-textuais (apêndices/anexos)
Finalmente, o Relatório poderá ter apêndices e/ou anexos. Nos apêndices
colocam-se os textos/materiais produzidos pelo investigador
(instrumentos de recolha e análise de dados, protocolos, etc.). Nos anexos
colocam-se documentos consultados que sustentam a análise empírica.
O critério para colocar estes documentos nos apêndices/anexos é flexível,
dependendo do que se pretenda evidenciar como forma de explicitar mais
o processo investigativo.

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