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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL
DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO E MOVIMENTO HUMANO
ACADÊMICO: Vinícius da Silva Fontana

Atividade Semanal 4: Análise crítica sobre o texto “Cabeças e


Corpos, Adultos e Crianças: Cadê o movimento e quem separou
tudo isso?”

O texto “Cabeças e Corpos, Adultos e Crianças: Cadê o movimento e quem


separou tudo isso?”, da autora Deborah Thomé Sayão (2008), traz como questão
central o dualismo entre corpo e mente, que a autora diz ter descrença, e, então,
opta por apresentar estes elementos dicotomizados. A partir disso,o texto tem o
objetivo de evidenciar que corpo e mente compõem um todo indissociável. Para
isso, a autora apresenta ao leitor vários questionamentos e argumentos que vão
servir para que o texto tenha o seu devido desenrolar.

Um dos primeiros argumentos sobre corpo trazido pela autora é um trecho de


Denise Santana (1995), que fala que as cidades revelam os corpos dos moradores,
mas também os afetam. A partir desse argumento, o texto fala sobre as instituições
de educação infantil, que também são como as cidades, pois educam os corpos,
mas criam regras e leis de convívio para os mesmos. Isso remete muito à questão
de que, atualmente, muitos professores ainda praticam isso em sala de aula, pois
limitam os movimentos das crianças, não as deixando explorar outros ambientes.

A autora, num segundo momento do texto, apresenta algumas hipóteses de


como pensou abordar o tema e as que foi descartando para a construção do texto. A
hipótese que mais chamou atenção foi a que Deborah diz que, para poder abordar o
tema, haveria a necessidade de fazer valer a Psicologia em que o corpo precisa ser
exercitado para “ativar a mente”. Neste trecho, o texto faz lembrar da Teoria das
Múltiplas Inteligências, de Howard Gardner, que propõem a existência de sete
inteligências presentes no indivíduo, dentre elas, a Inteligência lógica e a Inteligência
cinestésico – corporal. Gardner fala que essas duas inteligências são muito
importantes para o desenvolvimento do indivíduo, levando em consideração que
corpo e mente caminham de mãos dadas em nosso desenvolvimento.
Para falar mais sobre corpo, a autora lembra da Ortopedia, que, para a
mesma, simboliza a radicalidade das disciplinas somáticas, disciplinas essas que
tem como objeto de estudo o corpo compreendido como matéria, como uma unidade
desvinculada do social. A autora lembra também que Alain Corbin diz que a
Pedagogia é afetada por áreas como a Ortopedia.

A partir dos argumentos de Pedagogia e Ortopedia, surgem diversos


questionamentos sobre o assunto. Para buscar respostas para essas dúvidas, a
autora apresenta um texto lido por ela, chamado “Aula Particular” de Lygia Bojunga
Nunes. Em síntese a história desse texto se baseia no conflito entre Maria, uma
estudante, e Dona Eunice, a professora. A história conta que durante uma aula
particular, Maria passa por várias situações onde quer explorar o seu corpo e seus
movimentos, mas acaba sempre sendo limitada pela professora. Ao fim da
apresentação desse texto, Deborah fala que o corpo e a mente de Maria parecem
estar nas mãos de Dona Eunice, pois a professora tenta dominar todas as ações da
criança. Com o texto apresentado, a autora diz que talvez o que Dona Eunice
praticou fosse uma forma de Ortopedia, pois a professora estava sempre corrigindo
os movimentos da aluna.

A autora compara Maria com uma das estátuas pensantes da metáfora de


Norbert Elias, que explica o sentimento moderno de individualização e de solidão,
que é algo que, segundo a autora, a educação colabora substancialmente. Segundo
a autora, expressões como “fique longe”, “sente e preste atenção”, entre outras,
ressaltam a supressão dos movimentos corporais da criança, aumentando a
importância do ouvir e do olhar. Com isso, passamos a ver e perceber muito e a nos
movimentar pouco. E essas mudanças são culturalmente determinadas.

Ainda na história de Maria e Dona Eunice, a autora diz que a professora


tratava de evitar e corrigir as “deformidades” de Maria, e que essas deformidades
são pura expressão de necessidade de que as crianças devem experimentar com o
corpo para conhecer as coisas através dele. Aqui, pode –se relacionar com o
conteúdo sobre Movimento, estudado nesta disciplina, pois é o movimento que
possibilita a criança desenvolver a sua personalidade e interação com o ambiente e
com as pessoas, além de propiciar ao indivíduo um desenvolvimento físico, afetivo,
cognitivo e social.
No fim do texto, Deborah diz que construiria outra narrativa, e nesta narrativa
não haveria adulto em pé e criança sentada, mas sim outros ambientes, objetos,
paisagens e relações. Nessa narrativa, Maria e seus colegas teriam liberdade para
se movimentar e experimentar seus corpos. A autora ressalta que nessa nova
narrativa, a Pedagogia não teria nada de Ortopedia.

O texto de Deborah tem grande relação com o conteúdo da disciplina de


Educação e Movimento Humano, pois mostra a importância da criança, através do
movimento, descobrir o seu corpo, e é isso que a disciplina mais enfatizou até o
momento. É através do movimento que a criança é capaz de descobrir além de seu
corpo, espaços e novas possibilidades de movimentos.

Outro fator que o texto destaca é o fato de o professor limitar os movimentos


dos alunos. Neste quesito, o conteúdo da disciplina fala é importante que a escola
dê liberdade aos alunos e forneça uma boa Educação Psicomotora, para que, assim,
os alunos possam desenvolver e potencializar suas funções psicomotoras, como o
Esquema Corporal, a Coordenação Motora, a Percepção Temporal e Espacial.

Por fim, também pode – se relacionar o texto de Deborah com a área de


Educação Especial, uma vez que cabe ao educador especial ajudar o professor a
propiciar aos seus alunos uma educação que, além de contribuir para a
aprendizagem dos conteúdos de cada matéria, ajudar para que os alunos tenham
uma boa educação psicomotora, podendo descobrir melhor o seus corpos e realizar
novos movimentos.

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