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The Pierced Hearts Duet 1 - Choosing Us
The Pierced Hearts Duet 1 - Choosing Us
Hera/Higia/Isis/Cibele/Inari/Artemise/Maia/Lilith
Revisão:
Lilith/Cibele/Hera/Artemise
Revisão Final:
Higia/ Mitra
Formatação:
Kytzia /Cibele
Grupo Rhealeza Traduções
03/2019
Sinopsesua alma gêmea aos sete anos de
O que você faz quando conhece
Você dá…
Você vive…
E você ama…
O que você faz quando conhece sua alma gêmea aos sete anos de idade?
Juntos.
Para sempre.
Ter e segurar.
Juntos.
Para sempre.
Até você ouvir as palavras:
Para amar"Eu simplesmente não te amo mais".
e respeitar.
—Eu simplesmente não sei mais quem você é! —Ela gritou com
puro ódio escorrendo de sua voz.
Em seus olhos.
Seus punhos bateram com força no meu peito, mas eu mal vacilei.
Eu receberia cada golpe, cada grito, cada maldita coisa que ela desse.
Sua dor.
Sua tristeza.
—Bay, você sabe que eu não posso fazer isso. —Eu disse
veementemente, tentando firmar o meu tom. Me recompondo, me
reorientando, sabendo que isso ajudaria a trazê-la de volta para mim no
final. —Bela.
—Eu não te conheço mais! Por que você não entende que eu não
quero ter mais nada com você? Nada!
—Não me afaste, Bay. Você não quer dizer isso. Você não quer
dizer isso. Por favor, querida... não faça isso... não faça isso com a gente...
—Eu implorei com as mãos na minha frente.
Rezando.
Entregando-me.
Renunciando a vitória.
—Apenas fique longe de mim. —Ela murmurou tão baixo, que mal
pude ouvi-la. Estreitando seus lindos olhos para mim com um interminável
fluxo de perguntas se dividindo em seu olhar instável. Tornando difícil para
ela se concentrar exclusivamente em mim.
Na minha voz.
Na minha presença.
Nela.
Em mim.
Em nós.
—Aiden...
Eu amo você.
Você é minha.
Me visse.
Me amasse.
Eu agarrei seu rosto. —Para o inferno com isso, Bay. Eu sou seu
primeiro e único. Eu sou seu lar.
Ela não me deixava sentir seu calor, sua segurança, seu coração no
que pareceu ser uma eternidade.
—Eu nos escolho, Bailey Pierce. Eu sempre vou nos escolher. Não
importa o quê. Eu. Escolho. Nós.
Ela não disse uma palavra, nem uma porra de palavra. Ela apenas
ficou lá, olhando para mim. Procurando pelo homem que conheceu. Sua
resolução lentamente se desfazendo, mas eu não aguentava mais.
—Se fiz algo certo na minha vida, foi amar você. Você me entende?
Você foi o começo de tudo para mim. Você sempre será meu “para sempre”,
Bay, eu só preciso de duas coisas neste mundo. Você e nós. Só você e nós,
Bailey. —Inclinei-me para frente, colocando minha testa contra a dela,
respirando fundo, tentando reunir meus pensamentos.
Minhas emoções.
—Estou tentando, Bay. Eu não sei o que mais posso fazer. Por
favor, não desista de mim. De nós.
—Eu não vou te perder. —Eu respirei contra seus lábios. —Eu vi
você de muitas maneiras diferentes e te amei em cada uma delas. Para o
bem ou para o mal, Bay... para o bem ou para o mal, eu vou amar você.
O que você faz quando conhece sua alma gêmea aos sete anos de idade?
Você dá...
Você vive...
E você ama...
Em você.
Em mim.
Ela parecia tão cansada. Ela sempre parecia muito cansada agora.
Passava mais tempo dormindo do que acordada todos os dias. Às vezes ela
tinha dias bons em que ela ria e perguntava como foi o meu dia, mas eu
não conseguia me lembrar da última vez que ela esteve acordada o
suficiente para dizer alguma coisa para mim. Me deixando super triste e
sozinho.
Eu realmente sentia falta daqueles dias e mal podia esperar que eles
voltassem novamente. Ter minha mãe de volta como ela costumava ser
antes de ficar doente. Eu odiava vê-la doente, eu odiava tanto. Todas as
noites e às vezes durante o dia, quando o sol brilhava, eu rezava a Deus
para ajudá-la a se sentir melhor, para que eu pudesse ter minha mãe de
volta. Brincando comigo, falando comigo, prestando atenção em mim
como ela sempre fez.
—Eu estou perseguindo você, Aiden! E assim que eu te pegar, você estará
acabado, homenzinho!
Eu ri, jogando minha cabeça para trás. Quase tropeçando nos meus próprios
pés.
Eu joguei meu corpo para o lado assim que seus dedos começaram a fazer
cócegas no meu queixo. Eu odiava cócegas ali.
—Mamãe, pare!
—Bem, querido, as meninas vão amar você, e eu não estou pronta para nada
disso. Você nunca poderá me abandonar, ok? Você vai ser sempre o homenzinho da
mamãe, certo?
Nós nunca conversamos sobre ele. Eu nunca o conheci, ela disse que ele foi
embora antes de eu nascer.
O olhar perturbado em seu rosto fazia meu peito doer. Era uma das razões
pelas quais não falávamos muito sobre o cara.
—Sinto muito, mamãe, não quero deixar você triste. —Eu dei-lhe um abraço,
querendo fazê-la se sentir melhor. Ela sempre disse que meus abraços eram os melhores e
a cura para qualquer coisa neste mundo.
—Eu não preciso de um papai, mamãe. Eu tenho você. Você é tudo que eu
preciso, eu juro.
—Sinto muito que você não tenha um pai, Aiden. Eu nunca quis que você não
tivesse um pai. Mas não se preocupe, homenzinho, as mães não abandonam. Eles nunca
abandonam. Eu prometo a você, que estarei com você para sempre, Aiden. Somos você e
eu contra o mundo. —Ela repetiu pelo que parecia ser a centésima vez. —Só eu e você
contra o mundo, homenzinho.
—Oh, Aiden...
—Oh, Aiden... —Ela repetiu, olhando para o teto com lágrimas nos
olhos.
Era o que eu mais odiava, ter que dizer a ela o que as pessoas
diziam. Meus professores na escola sempre me faziam perguntas sobre
minha vida em casa. Todos os tipos de perguntas que não eram da conta
deles. Na maioria das vezes eu apenas mentia para impedir que eles me
perguntassem novamente, mas nem sempre funcionava. Às vezes, o diretor
até me chamava em seu escritório com o orientador, e isso sempre me
deixava muito nervoso.
Eu não.
—Eu sei, querido. Você é um bom menino. Você sempre foi meu
bom menino. Você sabe disso também, certo? Por favor, me diga que você
sabe disso, Aiden.
—Mamãe, não chore. Por favor... tudo ficará bem, você verá. Eu
prometo. Eu protegerei você. Eu não vou deixar nada acontecer com você.
Seu homenzinho está aqui com você.
Passei dia e noite ao seu lado nos últimos dias, embora não fosse
permitido dormir no hospital. As enfermeiras sabiam que eu não tinha para
onde ir, então me deixavam ficar.
—Eu tenho quase oito anos. —Eu lembrei, sorrindo através da dor.
—Meu aniversário está chegando e tudo que quero é que você melhore. É
tudo o que desejo, mamãe. Nada mais.
—Sem você? —Eu fiz uma careta, olhando para ela. —Aonde você
vai?
—Eu te amo tanto, meu amor. Nunca se esqueça disso. Nem por
um dia.
—Então eu vou com você para o céu. Se é para onde você está
indo, então é para onde vou também. Nós vamos para o céu juntos.
—Eu prometo que vou cuidar de você no céu, mamãe. Eu serei seu
homenzinho em qualquer lugar que formos. Contanto que fiquemos
juntos, tudo ficará bem. Você e eu contra o mundo, lembra?
—Eu nunca vou deixar você. —Ela sufocou, tossindo uma e outra
vez.
Meu corpo caiu sobre o dela. Chorando pelo que pareceram horas,
só deitado ali. Ela tentou de tudo para me acalmar. Fracamente
cantarolando “Smile1” Como ela cantava desde o dia em que nasci.
Nada poderia me fazer sorrir, rir ou ser feliz. Eu não seria nada sem
ela.
Nada.
—Eu vou?
—Sim, eu juro.
Tudo o que eu pude fazer foi acenar com a cabeça porque não
consegui encontrar as palavras para lhe dizer o quanto a amava.
Não foi até que ela colocou as mãos nas laterais do meu rosto que
pareceu que eu estava morrendo também. —Me escute, Aiden Hazel
Pierce, porque só vou poder dizer isso uma vez. Eu preciso que você
lembre que pode ser qualquer coisa que você queira ser. Você está me
ouvindo? Você não deixará que o que acontecerá em seguida na sua vida
defina quem você é. Você me entende? Você faz seu próprio caminho,
querido. Seu próprio caminho e o futuro brilhante que eu sei que você é
capaz. Eu preciso que você me prometa que fará algo incrível neste
mundo. Você vai fazer algo de si mesmo que vai me deixar muito
orgulhosa do homem que você se tornou. Porque eu estarei bem aqui,
querido. —Ela acenou para o meu coração. —Assistindo, ouvindo,
torcendo por você até o dia em que possamos nos reunir novamente. Eu
estarei esperando por você de braços abertos, meu lindo menino. Agora
prom...
—Mamãe. —Eu tentei puxar meu rosto, mas ela me segurou o mais
forte que podia.
—Prometa-me.
Mesmo que eu não quisesse, assenti. Meus olhos foram para o chão
quando assenti.
—Eu prometo.
—Eu preciso que você diga isso, Aiden. Por favor diga para mim.
Significa muito para mim.
—Ok. —Eu olhei para ela. —Eu vou fazer isso por você, mamãe.
Eu prometo, farei isso por você.
Ela sorriu através das lágrimas, e antes que eu soubesse o que estava
acontecendo, as máquinas ao redor dela começaram a apitar. —Eu. Amo.
Você, querido...
—Mamãe.
—Mamãe!
Mas principalmente...
Por que eles estavam tornando isso tão difícil para mim?
Era difícil respirar, ver, sentir algo além dos sentimentos loucos no
meu coração.
—Eu quero minha mãe! Eu só quero minha mãe! Por favor! Por
favor! Eu serei um bom menino! Eu prometo, serei um bom menino,
deixe-me vê-la!
Meus punhos batiam contra a porta mais forte e mais rápido até
doer tanto que tive que parar.
Até que tudo que eu vi foi mamãe por trás das minhas lágrimas.
Até que tudo que eu queria era desistir e esperar que ela viesse me
encontrar.
Antes.
Antes.
Antes.
—Querido Deus. Pai do Céu. Por favor, deixe minha mãe ficar bem.
Por favor, deixe-me vê-la.
Por favor, não a leve para longe de mim. Ela é tudo que tenho. Ela é
tudo que eu já tive. Eu não posso perdê-la, por favor, não me deixe perdê-
la. Por favor Deus.
Com meu coração batendo no meu peito, vi uma mulher que nunca
tinha visto antes. Eu falei: —Você não é minha mãe.
Ela não olhou para mim no começo. Em vez disso, acenou para a
enfermeira que me trouxe para cá, e depois para o homem alto e assustador
que eu não conhecia, antes de finalmente me olhar nos olhos.
—Eu não sei. —Dei de ombros. —Você pode me levar para ver
minha mãe? Por favor. Eu só quero ver minha mãe.
—Não, eu não vou, mas vou levar você a algum lugar que tenha
pessoas que cuidarão de você.
Eu recuei, indo para longe dela. —Eu não quero ir com você, eu
quero minha mãe. Você não é minha mãe. Você não pode me levar a lugar
algum.
—Eu sei que você quer sua mãe, querido, mas ela está... —Ela
parou de falar, respirando fundo. —Eu sinto muito, Aiden, mas sua mãe se
foi.
Gritando: —Você não é minha mãe! Você está mentindo! Ela não
foi embora! Ela me prometeu que nunca iria embora! Ela me prometeu!
Mães não abandonam! Mães não devem partir!
Meus olhos estavam embaçados pelas minhas lágrimas e meu corpo
estava cheio de ódio.
Por eles.
Por ela.
—Eu sei, querido, mas agir assim não ajuda em nada. Por favor
acalme-se!
Eu me sentia perdido.
Eu chutei.
Eu gritei.
Eu lutei.
Nada funcionou.
—Mãe! Mamãe! Me leve com você! Apenas me leve com você! Você
prometeu! Você me prometeu que nunca me abandonaria! Era você e eu
contra o mundo!
Não foi até o carro começar a sair do hospital que eu sabia que
minha vida nunca mais seria a mesma.
Para me amar.
Porque agora...
—Aiden...
Eu a odiava.
Não parecia ter se passado muito tempo, quando senti o carro parar
e o motor desligar. A última coisa que me lembro foi sair chutando e
gritando, então nada mais. Eu devo ter adormecido, cansado demais para
continuar lutando. Não importava muito de qualquer maneira. Eu deixei
meu coração, minhas lágrimas, tudo no hospital com minha mãe.
—Aiden, já que sua mãe se foi, eu não posso te levar para casa.
Você ficará aqui temporariamente, até que eu possa encontrar uma
colocação permanente.
—Eu sinto muito, Aiden. Eu não posso fazer isso. Nós vamos
encontrar algumas roupas e brinquedos aqui, tudo bem?
—Vou tentar pegar o máximo que puder, mas me dê três itens para
que eu possa pelo menos pegar essas coisas para você.
Misty agarrou meu queixo, fazendo-me olhar para ela com novas
lágrimas nos meus olhos, enquanto eu tentava contê-las.
—O que mais?
—Sim, elas podem contar como uma. —Ela assentiu. —Agora, diga
uma última coisa.
—O livro favorito que a mamãe lia para mim, On the Night You
Were Born2. Ela sempre lia para mim durante a noite, para manter os
monstros longe. —Eu olhei nos olhos dela. —Quem vai mantê-los longe
agora, Misty?
—Você estará?
—Sim, Aiden. Vou pedir para assumir o seu caso e ser sua assistente
social daqui para frente. Eu tenho alguma interferência com meu
supervisor e sei que posso fazer isso acontecer.
—Isso significa que você vai cuidar de mim? Posso ficar com você?
2
Na noite em que você nasceu
—Eu perguntei, precisando de alguém para me amar.
—Eu sei, mas você não precisa ficar comigo para eu cuidar de você.
Vou colocar você em um bom lar adotivo, Aiden. Eu prometo.
Eu puxei meu rosto da mão dela. —Eu a odeio. Eu não quero fazer
nada por ela.
—Eu sei que parece assim agora, mas eu prometo que vai ficar mais
fácil.
—Eu não acredito em você! Você não me conhece! Você não sabe
nada sobre mim! Você está apenas tentando que eu faça o que você quer!
Eu não sou idiota!
—Aiden, eu sei que você não é idiota. Eu sei que você está com
medo...
—Eu não estou com medo. Veja... você não sabe de nada. Vamos
embora. Eu te seguirei para dentro, para que você possa me colocar em um
lar adotivo onde os monstros possam me encontrar.
—Eu não quero mais falar com você! —Eu dei a volta em torno
dela e comecei a caminhar em direção ao meu lar temporário, como ela
chamava.
Agora e sempre.
Era só eu.
CAPÍTULO 3
<> Aiden <>
Passado: quase oito anos de idade
Passei o resto da noite fingindo que não estava lá. Sentado no que
Misty chamava de “A área comum” do abrigo infantil, eu ignorei tudo ao
meu redor enquanto ela fazia minha papelada.
—Todos digam olá para Aiden Pierce. Ele vai ficar aqui por um
tempo. Eu preciso que todos façam com que ele se sinta bem-vindo, certo?
Eu não sei quanto tempo passou antes de ouvir: —Então seu nome
é Aiden?
Eu olhei para cima, vendo um menino mais velho que tinha talvez
doze ou treze anos de idade parado ali. Olhando para mim como se ele
tivesse todo o direito.
Dane-se ele.
Eu odiava tudo sobre esse dia, sobre esse garoto, sobre as crianças
ao meu redor.
Eu odiava tudo.
—Você não fala, ou você é apenas idiota? É por isso que você está
aqui? Sua mãe não queria mais cuidar de seu filho idiota?
—Sua mãe usa drogas? Ela bateu em você? Por que diabos você está
aqui, garoto?
Eu bati meu ombro em seu estômago o mais forte que pude, e ele
caiu no chão comigo em cima dele. As crianças começaram a gritar
enquanto nos enfrentávamos no chão. Não me surpreendeu que eu
pudesse lutar de igual para igual, todo mundo sempre dizia que eu era
grande para a minha idade.
Me senti seguro.
Quem eu encontraria?
—Mamãe, por quê? —Eu falei sozinho em voz alta, esperando que
ninguém me ouvisse. —Por que você me deixou sozinho? Quem vai me
proteger e me amar? Quem vai estar lá para mim? Quem, mamãe, quem?
Meus olhos voaram, e eu fiquei cara a cara com uma menininha com
olhos azuis brilhantes acima de mim. Segurando seu prato de comida
porque era a única coisa que ela tinha para compartilhar, para dar...
Para mim.
Ela fez?
—Eu também não gosto de ficar sozinha. É realmente uma droga,
mas eu posso ficar aí embaixo com você e então podemos nos esconder
juntos do garoto mal.
Ela olhou para mim como se eu fosse louco. —Bem, isso não é
minha culpa. Eu não posso evitar ser uma garota, Deus me fez assim.
Talvez ela não fosse uma dedo duro porque mamãe sabia que eu
não gostava de dedos duros, e ela realmente a colocou aqui para mim. Eu
acho que isso fazia sentido.
Eu não sei por que isso me incomodou, mas eu não queria que ela
pensasse que eu era um garotinho.
Eu não era.
Eu sou um homenzinho.
E por alguma razão, eu apenas fiquei sentado lá, olhando para ela.
Meu corpo começou a ficar quente e engraçado a cada minuto que passava.
Eu ri tanto que minha cabeça caiu para trás, esquecendo tudo sobre
o sentimento de solidão no meu peito.
—Bem, você não vai me pedir para sentar? —Ela falou, inclinando a
cabeça e apoiando a mão livre em seu quadril.
Sorrindo mais.
Bem alto.
Sua pele macia roçou meu braço, causando novas ondas no meu
estômago.
O que foi isso?
—Eu odeio meu nome. É tão idiota. Parece que sou um umbigo3,
mas não sou. Eu sou uma garota, viu? Puxando o cabelo que estava preso
em tranças, ela piscou seus longos e grandes cílios para mim. —Eu não
pareço um umbigo, certo?
—Não. —Foi a única palavra que eu pude dizer com ela sentada tão
perto de mim.
—Bonito?
—Ok.
—Eu gosto do jeito que Bailey Pierce soa. O que você acha?
—Eu gosto do jeito que Bailey Pierce soa também, mas nós não
somos jovens demais para nos casarmos?
—Ok.
Seguro.
Eu sabia que a minha mãe tinha algo a ver com isso. Eu não sabia
como, mas ela manteve sua promessa para mim. Esta tinha que ser a
garota, eu sentia bem no fundo.
—Tudo bem, mas não me faça chorar de outra forma que lágrimas
de felicidade. Nunca. Você promete?
—Eu prometo.
Ela confia?
Bom, porque por uma razão que não entendia, eu confiava nela
também.
Mas era o cheiro de morango no seu cabelo que fazia todo tipo de
coisas ao meu corpo. Eu esperava que ela não percebesse, eu não queria
assustá-la. Não quando eu tinha acabado de encontrá-la.
Hoje foi o pior dia da minha vida, mas conhecê-la tornou-se um dos
melhores.
Obrigado, mamãe.
E eu disse isso com todo o meu coração e alma. Mesmo que eu não
soubesse o que era, ainda soava como tudo que eu sempre quis.
—Seu currículo afirma que você tem experiência com crianças, mas
não especifica quando ou quantas crianças estavam sob seus cuidados.
—Questionou a jovem entrevistadora enquanto folheava os papéis à sua
frente. Fixando seus brilhantes olhos azuis em mim, ela acrescentou: —
Você pode esclarecer?
—Mais três bebês? Tudo de uma vez? Você deve ter a paciência de
uma santa. Quero dizer, você já tem três filhos...
Desviei meu olhar ao redor da sala para qualquer coisa além dela.
Foi só então que notei um par de molduras quebradas na lareira do
escritório em que estávamos. Mesmo que o vidro estivesse quebrado,
alguém os montou de volta.
O que é isso?
Meu tio Feto disse que tinha uma família para quem ele estava
fazendo serviços de jardinagem e que eles estavam procurando alguém para
ajudar com seus filhos.
Por mais que eu tentasse encobrir, eu deveria saber que seria inútil.
Não importava que eu fosse bilíngue, o espanhol sempre seria minha língua
materna.
Ela estreitou os olhos para mim. —Por que isso seria um problema?
—Porque isso foi um problema em toda a minha vida. Eu tenho sido tratada
como uma minoria desde que me lembro.
Como se ela pudesse ler meus pensamentos, seu olhar aguçado não
desviou dos meus olhos uma única vez.
—Por que você não me conta um pouco sobre você? Quem é
Camila Jiménez?
De onde eu conheço você? Apenas cale a boca e sorria, Camila. Apenas cale a
boca e sorria.
—Bailey é a mãe?
—Humm hmm.
—Aiden é...
Eu não podia acreditar em meus olhos, vendo uma vida que eu não
sabia que existia. Mas sob toda a desordem eu ainda podia imaginar a
beleza que essa casa uma vez teve.
Tão consumidor.
Tão real.
Eu sentia isso até meus ossos, até o fundo do meu ser. Causando
calafrios em cada centímetro da minha pele, fazendo as pontas do meu
cabelo se arrepiarem.
—Aiden trabalha muito e Bailey... ela não está aqui tão... —Ela
balançou a cabeça. —A família precisa de ajuda.
—Quando ela vai voltar?
Brilhando.
Irradiando
Nas fotos em que ele estava sorrindo, eram suas covinhas que meus
olhos pareciam se concentrar mais. Elas o faziam parecer mais jovem, ao
contrário das rugas leves nos cantos dos olhos que entregavam sua idade.
Algo que mais uma vez me fez sentir de alguma forma ligada a um
homem que eu nunca conheci. Ainda assim me sentia conectada de alguma
forma.
Como se em sugestão, meu olhar mudou para sua esposa, que era
absolutamente deslumbrante. Seus olhos azuis brilhavam contra a
iluminação da sala. Apenas iluminando seu sorriso contagiante e pequenos
traços enquanto seu cabelo castanho fluía através do vento na foto.
—Eu sinto muito. —Eu girei olhando para ela e corando. —Eu não
queria olhar.
Me fazendo apaixonar...
Instantaneamente.
CAPÍTULO 5
<> CAMILA<>
Presente
Ela teve um acesso de raiva assim que o lenço umedecido frio tocou
seu bumbum, fazendo com que seu lindo rosto ficasse vermelho brilhante
enquanto ela tornava sua presença conhecida.
—Ela fica assim às vezes e não há como acalmá-la, até que ela
adormeça de exaustão por seu próprio colapso. —Ela abotoou seu
macacão e endireitou a roupa antes de pegá-la novamente. —O médico diz
que é normal, porém, como qualquer outra coisa, é apenas uma fase que
vai passar. Ela tem apenas seis meses de idade, mas ainda não passou. —
Skyler contou sobre a birra de Journey enquanto a balançava em seus
braços.
—Ah não. —Ela balançou a cabeça. —Aiden... ele é... quero dizer
ele não é o médico dela. Ele nem sequer segurou...
BANG!
—Sim. Apenas espere, eles são mais difíceis do que esta aqui. —Ela
riu nervosamente, entregando cuidadosamente o bebê para mim. —Bem,
Jackson mais que Jagger. Você verá em breve.
Quase parecia que tudo o que Skyler tinha compartilhado até aquele
momento estava cheio de dor e sofrimento.
O que aconteceu?
Ela nos deu uma última olhada antes de se virar e sair do quarto.
Ligeiramente fechando a porta atrás dela, deixando a menina e eu sozinhas.
Seus gritos começaram a ficar cada vez mais altos, saindo com força
total dela. Se ela não parasse logo, ficaria rouca.
—Tudo bem, já chega... vamos lá... você pode fazer isso... Eu sei
que você pode fazer isso. —Eu acalentei em um tom de embalar, pegando
um cobertor velho e desgastado da Tartaruga Ninja de seu berço. —Você é
uma garota. Por que você tem um cobertor de menino? Humm... talvez eu
te traga um cobertor novo e macio, rosa, se eu conseguir o trabalho de
cuidar de você, Journey. O que você acha? Você gosta dessa ideia?
—Wahhhhh!
Não ajudou.
—Shhh, shhh, shhh. Olhe para todos esses livros, Journey. Shhh,
shhh, shhh. Que tal tentarmos ler um?
—Ok, estamos a caminho. O que você quer ler? Humm? Vamos ver
o que temos. Eu peguei o mais distante no canto. —Baby Einstein?
—Wahhhh!
—Wahhhh!Wahhhh! Wahhhh!
Eu não tive que passar horas com Journey para saber que esta
menina seria dona do meu coração e da minha alma.
Sorridente.
Babando.
Se contorcendo.
—Wah!
—Tudo bem, tudo bem, nós não temos que procurar por ela. Eu
não quero compartilhar você de qualquer maneira.
—O que devemos cantar? Oh! Eu sei. Que tal isso? O sol sairá
amanhã, aposte todos aqueles dólares no amanhã. Haverá sol brilhando e felicidade.
Apenas pensando no amanhã.
—Você é tão chata quanto sua sobrinha! Mas pelo menos eu posso
fazer a Harley ir embora! Queria poder fazer o mesmo com você!
—Meu pai? —Ele zombou com puro desgosto que eu podia sentir
através das paredes. —Você está seriamente disposta a jogar essa carta?
Oh, vamos lá, Sky! Isso é uma piada e você sabe disso!
—Isso não é justo. Seu pai precisa de você agora mais do que nunca,
e você sendo um merdinha não ajuda em nada!
—Onde está meu pai, Sky?! Hã? Conte-me! Onde está o homem
que precisa de mim? Porque eu não o vejo há meses! Mas por que ele
voltaria para casa quando você está sempre aqui cuidando de suas
responsabilidades!
—Rapaz, termine a frase e juro que lavarei sua boca com sabão.
Você me entende? —Eu avisei, interrompendo-o.
—Sim. De todas as músicas que você poderia cantar para ela, por
que essa?
Eu arqueei uma sobrancelha, indo da cabeça aos dedos dos pés dela.
—Sinto muito, eu não sei...
Eu deveria estar.
CAPÍTULO 6
<> CAMILA<>
Presente
Esperando...
—Estou em casa.
Eu comecei a rir, não pude evitar. Danté tinha esse jeito de fazer um
homem moribundo rir muito.
—Que se foda o Sean, mamita, você era minha garota antes dele. Ya
tu sabes. —Ele lembrou. —Você sabe disso.
Com Danté eu poderia lidar, Sean era uma história diferente. Uma
história extremamente diferente. Eu não estava mentindo quando disse a
Skyler que eu tinha namorado uma vez.
Eu namorei.
—Você conhece ele, Camila, ele sempre está em algum lugar. Você
entrou nessa escola chique de enfermagem, você tem que pagar os
empréstimos estudantis de alguma forma, não é, mamita? E eu te pago em
dinheiro, por fora. Então, seja a boa garota que nós dois sabemos que você
é e me ajude a sair desta. Eu preciso de você. Ninguém precisa de você
como eu, Camila.
Ele desligou antes que eu pudesse mudar de ideia, sabendo que ele
me tinha exatamente onde queria. Fazendo de tudo para agradar os
convidados em seu clube, eu usaria um vestido curto com meus seios quase
pulando para fora. Mas só para ser rebelde, vesti um jeans escuro apertado
que abraçava minhas curvas em todos os lugares certos com uma camisa de
algodão branca que cortei bem curta e dizia “Atrevida” em meus seios.
Skyler não precisava saber de tudo isso e ela não teria entendido,
mesmo se eu contasse a ela. Ninguém iria, a menos que crescessem onde
nós crescemos. Era por isso que eu queria uma vida melhor para mim. Eu
merecia isso.
—Curtis!
Deles.
E eu fiz.
Era divertido e inofensivo. Danté era meu amigo mais velho e mais
querido e ele também gostava da mesma fruta que eu, não que isso
importasse para mim. Homens corriam para ele como abelhas para o mel.
Ele era magro, mas bem construído, tinha uma pele cor de chocolate
impecável e um belo rosto de menino com seus grandes olhos cor de mel
que tinham cílios enormes.
—Eu sabia que você não poderia ficar longe. —Ele brincou,
virando-me para o bar para começar a trabalhar.
—Tequila no gelo!
Mas não foi até que o cheiro de sua jaqueta de couro apertada, que
abraçava sua estrutura volumosa e musculosa, junto com o aroma picante
de sua colônia que eu comprava para ele desde que éramos crianças
atingisse meus sentidos que meu coração parou por um segundo.
Só que você não pensaria pelo jeito que ele estava me despindo com
os olhos, enquanto vinha até mim. Parecendo um problema com um P
maiúsculo com aquela arrogância que só Sean poderia exalar. Ele chamou a
atenção de todas as mulheres do bar e ele também sabia disso.
Eram os genes dele que mais se destacavam. Ele era uma mistura de
branco, negro e hispânico. Dando a ele uma pele morena clara e
fascinantes olhos verdes que eu juro que poderiam ver em minha alma. E
por causa disso, eu fui a primeira a interromper a nossa conexão, fingindo
que isso não acontecia.
Por mim.
Coração estúpido.
Eu foquei meus olhos nos dele, atirando: —Eu não ouvi a primeira.
Cantando: "Já passei por algumas coisas ruins que deveria ser selvagem, quem
pensaria que isso me transformaria em uma selvagem."
Usando meu frasco de xampu como microfone, eu o virei para
baixo. A garota falou com a minha alma. Eu dancei, cantando o mais alto
que pude enquanto lavava meu cabelo e corpo.
4
O bagel é um produto de pão tradicionalmente feito de massa de farinha de trigo fermentada, em formato de um
anel.
possuía um carro, não podia pagar por um.
—Então, quem vai cuidar de mim quando eu for velha se você não
receber educação?
—Há outras maneiras de ganhar dinheiro além da escola, Camila.
—Sério?
—Eu não gosto quando minha garota está com raiva de mim.
Esse garoto...
—Eu vou te fazer uma proposta... você vai para a escola durante
toda a semana sem reclamar, e eu vou levá-lo para o tomar seu sorvete
favorito neste fim de semana.
Se havia uma coisa que eu aprendi sobre crianças ao longo dos anos,
foi que se tudo mais falhar...
Suborne-os.
5
Cream Soda é um refrigerante com gás. Tradicionalmente aromatizado com baunilha e baseado no sabor de um
refrigerante clássico. Uma ampla gama de variações pode ser encontrada em todo o mundo.
—Tudo bem, rapazinho, você é difícil de negociar, mas conseguiu
um acordo. —Eu estendi meu punho. —Fechado.
—Eu vou.
—Você será incrível, você é ótima com crianças. Eles têm sorte de
ter você.
—Como é o pai?
—Que foi garota? Você pode olhar, apenas não toque. E se você
tocar, não seja pega.
Eu não era esperada nos Pierces antes das nove, mas sempre fazia
questão de chegar cedo em qualquer lugar que fosse. Skyler me encontraria
na casa esta manhã e isso me deixou um pouco menos nervosa sobre em
que eu estaria me metendo.
Um pouco.
Guerra.
Comigo.
Braços.
Corpo.
Pernas
Por favor, não me demita porque o bebê me quer mais do que quer você...
As pessoas são engraçadas assim, pensam que querem uma babá até
perceberem que podem ser substituídas. Eu não conhecia Skyler bem o
suficiente para saber como ela reagiria.
—Pode...
Ela riu, esfregando as costas de Journey. —Estou feliz que ela esteja
feliz.
Limpeza.
Cozinhar.
Se não fosse pelo quarto deles, que eu não poderia entrar, eu acharia
que Skyler os inventou. Mas eu acho que alguém estava pagando as contas
desta casa enorme e o meu salário, que não era barato de modo algum.
6
House music é um estilo musical vertente da música eletrônica surgido na cidade de Chicago (Estados Unidos), na
primeira metade da década de 1980.
—Oh, eu vejo você, garota! Você gosta de dançar, hein? —Eu
agarrei seus braços pequenos e gordinhos, batendo palmas ao som da
batida. —Assim. —Balançando meus quadris, da esquerda para a
direita, eu rodopiei rebolando para ela.
Ela sorriu.
—Gah!
—Gah!
—Bah!
Jackson...
Jagger
—Oh merda. —Eu sussurrei para mim mesma, indo até o rádio. Eu
imediatamente desliguei e rapidamente percebi que Skyler tinha acabado de
entrar também. Seus olhos tentando descobrir o que estava acontecendo.
Por alguma razão, eu sabia que era a primeira vez que ele sorria
quem sabe em quanto tempo. Por mais envergonhada que eu estivesse, isso
não excluiu o fato...
—Tente me tocar mais uma vez e observe o que eu faço com o seu
pau duro. Agora. Dê. O. Fora!
—Eu não vou a lugar nenhum. —Ele sentou sua bunda teimosa de
volta, colocando os braços no encosto do sofá.
Meu sofá.
—Confortável, Sean?
—Eu vou estar assim que você se ajoelhar.
Não havia como chegar até ele quando ele ficava assim. Foi o maior
problema do nosso relacionamento. Ele pensando que era meu. Com a
posse veio o controle, e com o controle veio o domínio...
Sobre mim.
Sean não queria uma parceira igual, ele queria uma merda de
admiradora que atendesse a todos os seus desejos ardentes.
—O quê, baby?
—Cami...
—Cam...
Novamente.
Quem sabe de onde veio esse dinheiro, porque tenho certeza que ele
não trabalha legalmente para isso. Sean podia enfiar seu dinheiro onde o
sol não brilhava. Eu poderia cuidar de mim mesma.
Além de ter que lidar com o pedaço de merda que era meu ex,
terminei meu dia nos Pierces me explicando para Skyler. Eu estava apenas
dançando para a bebê, fazendo-a rir. Eu devo ter perdido a noção do
tempo, daí os garotos entraram. Ela entendeu, dizendo que seus filhos
adoravam dançar também. Terminando nossa conversa com dicas sobre
como lidar com Jackson.
Claro e simples.
—Garota, você sabe que eu não mexo com Sean! Abra a maldita
porta, eu tenho algo para te mostrar.
Danté deu uma risadinha. —Olhe pelo lado bom, pelo menos você
parece bem sacaninha! Você é como uma vadia transformada em uma dona
de casa. Quero dizer, maldição, garota, você está em dia com os
movimentos de dança.
—Danté...
—Se você for demitida, não vai ser por causa do Dr. Pierce. —Ele
murmurou baixinho. —Só estou dizendo.
—Oh meu Deus. —Eu bati na minha testa com a palma da minha
mão. —Sra. Pierce que vai me demitir, não é?
—Eca!
—Camila, por que você está brincando comigo? Você sabe que eu
pesquisei. Aquele homem é bom. Pare de brincar como se você não tivesse
percebido o quão bom aquele homem é.
—Nojento.
Garotos.
Comigo?
—Por que você não mostra a eles os movimentos que você está
aperfeiçoando com o Dance Revolution no seu Xbox?
Ele deu um passo em minha direção. —Eu quero dizer isso, cale sua
boca, Camila.
10
Mary Poppins é um filme norte americano de 1964 que conta a história de uma babá magica e perfeita chamada
Mary Poppins
—Tire o vídeo ou eu vou dizer para seus amigos quantos jogos de
dança você realmente tem.
—Ei, pessoal.
—Então por que você não vai balançar sua bunda em um poste,
onde você pertence, em vez de em minha casa onde ninguém quer você.
Jackson: 1
Eu: 0
Passei o resto do dia me sentindo como a merda que ele queria que
eu me sentisse. Concentrando-me apenas no que ele me disse.
Eu tentei não deixar isso me atingir, precisando ficar forte para ela.
Era a única coisa que eu tinha para oferecer. Sempre era a única coisa que
eu tinha que dar a ela.
Mais forte.
Mais apertado.
Mais firme.
Para ver.
Para me sentir contra ela.
Eu sabia que ele não lhe concederia nenhuma piedade, ele nunca
concedia misericórdia a ninguém. Nem mesmo a crianças inocentes.
Nós o odiávamos.
O homem era um idiota que nunca foi legal com nenhum de nós.
Tudo o que ele fazia era ficar sentado em sua bunda preguiçosa, dia após
dia, latindo ordens para sua esposa com um pacote de doze cervejas
sempre ao seu lado.
—Pare com isso! —Carly gritou, sua voz misturada com terror e
derrota.
Cada gemido.
Cada soluço.
Nós vivíamos com os Byrons desde o ano passado. Antes deles, era
outra família de merda, os Smiths. Antes dos Smiths, eram os Hunters, e a
lista continuava com quantas famílias de merda nos tinham colocado.
Não era tão ruim assim. Misty sempre foi capaz de mexer alguns
pauzinhos para colocar Bailey e eu nas mesmas casas temporárias, o que
era tudo o que queríamos.
Eles bebiam.
Eles fumavam.
Alguém deveria ter feito alguma coisa, mas ninguém nunca fez.
De tudo.
Apenas nós.
—Sim.
—Mesmo?
—Você jura?
—Eu não mentiria para você. Nunca. Vou nos comprar a casa dos
seus sonhos um dia, Bay.
—Aquela com a cerca branca e a porta vermelha?
—Por que eles não nos querem, Aiden? Por que ninguém nunca nos
quer?
—Você prome...
—Polícia! Abra!
—Bailey! Vai! CORRE! —Eu corri para o policial, querendo que ela
tivesse uma vantagem inicial.
Havia dois.
—NÃO! —Eu berrei com cada força que eu tinha. —Você não
pode tirá-la de mim!
—Está tudo bem, estamos aqui para ajudar. Estamos aqui para
ajudá-lo! —O oficial me segurando expressou, mas isso não significava
nada.
Ela chutou.
Ela gritou.
Ela lutou.
—Não me leve para longe de Aiden! Por favor, não me leve para
longe dele!
Todo o resto tinha sido tirado de mim da mesma maneira que ela
estava sendo arrastada para fora da casa.
—Eu vou te encontrar, Bailey! Eu prometo que não vou desistir até
te encontrar de novo!
Eu desmoronaria ali.
O dia que...
Para sempre.
CAPÍTULO 10
<> CAMILA<>
Presente
Nada.
O que me preocupava muito. Seus pais não estavam por perto para
cuidar dela. A mãe de Journey deveria ser a única ligação com ela, não eu.
Ela deveria estar ouvindo a voz de sua mãe, passando tempo com ela,
ensinando-a a segurar sua própria garrafa, acalmando-a durante a dentição,
estar aqui para seu primeiro dente. A primeira vez que ela rolou para mim,
a primeira vez que ela sentou-se para mim.
A primeira...
A primeira...
A primeira....
Eu não tinha visto ou ouvido falar de Sean desde que eu joguei todo
o seu dinheiro na minha porta, sabendo que ele apareceria quando eu
menos o esperasse também.
Mas era?
Journey sorriu, um enorme sorriso. O tipo que iluminava a sala como se ela já
soubesse a resposta.
—Você está tentando me dizer alguma coisa? Você pode falar e está me
enganando?
Ele estava fazendo tudo e qualquer coisa que podia para se livrar de
mim. O garoto me colocava em encrenca toda semana com algum tipo de
nova tática de guerra para me derrubar e me manter lá. Ele me odiava em
todos os sentidos da palavra, e eu sabia que ele não pararia até que
conseguisse me afastar permanentemente.
Journey realmente era a única aliada que eu tinha nessa casa além de
Skyler, mas ela não sabia o que Jackson estava fazendo comigo. Se eu
dissesse a ela, significava que o merdinha iria ganhar, e não havia a menor
chance de eu deixar isso acontecer.
Nunca.
Embora não tenha sido tão ruim quanto parecia. A longo prazo,
funcionou a meu favor. Quando eu estava no bar de Danté, se eu não
passasse a noite nos Pierces, eu estava ganhando dinheiro. Meus fãs do
YouTube eram leais e davam grandes gorjetas.
—Menininha, eu sei que você quer que eu segure você, mas eu tenho que
cozinhar. —Eu expliquei, tentando acalmar uma bebê infeliz em sua cadeira de
descanso. —Eu não posso te abraçar e cozinhar, é muito perigoso. Estou fazendo
fajitas11 e o óleo...
—Eu vou olhar o fogão para você enquanto você segura a Journey. —Jackson
ofereceu, pegando-me desprevenida.
—Por quê?
Ele estreitou os olhos para mim, apreciando que eu estava falando com ele como
um homem e não como uma criança. Jackson não era criança, nem sequer parecia como a
maioria dos garotos de quase treze anos de idade. Ele era definitivamente grande para a
idade dele.
—Obviamente.
Ele sorriu de novo, desta vez seus olhos brilharam. —Você não mereceu isto.
Você está aqui apenas por causa de Skyler, somos apenas um trabalho para você.
—O quê? —Eu balancei a cabeça. —Não, Jackson, isso não é verdade. Você
não é apenas um trabalho para mim. Estou aqui porque quero estar. Eu quero ajudar
você. Sua família. É óbvio que há mais coisas acontecendo aqui do que qualquer um está
deixando transparecer. Quero dizer, para começar, onde estão seus...
Jackson: 2
Eu: 2
A expressão em seu rosto, assim que ele entrou pela porta mais
tarde naquele dia, correndo direto para o seu precioso quarto, foi o
suficiente para Journey e eu dar risadas por horas a fio.
Jackson: 3
Eu: 3
Ele deveria pensar melhor antes de mexer com alguém com o dobro
da sua idade. Eu era mais velha, mais sábia e sabia jogar sujo se fosse
necessário.
Ele desistiu?
Ele se rendeu?
Ou eu iria para casa e pisaria em uma pilha de merda que ele poderia ter
colocado no meu apartamento?
Eu posso ter sido a chefe dos Jedi, mas ele tinha o poder de Luke
Skywalker para manter uma grande guerra sem fim à vista.
E não tínhamos Darth Vader no papel de mediador.
Bem, ela era muito pequena para entender qualquer coisa além de
sacudir sua bunda quando ouvia uma música estridente.
—Sério?
—Bah!
—Tudo bem, tudo bem, vamos ver quem está aqui. —Eu a peguei e
apoiei no meu quadril.
—Eu sei, querida, mas vocês dois precisam aceitar e superar isso.
—Ser paciente? Tia Skyler, ele é malvado desde antes de sua mãe...
—Você quer dizer meu pai que nunca está por perto?
—Meu marido não fala assim quando Journey está por perto.
—Ei, Harley, você tem algo em seu cabelo. —Ele disse a ela.
—Eu tenho?
—Uhum.
—Onde?
—Bem aqui.
Eu poderia dizer pelo seu tom divertido que ele estava mentindo
quando respondeu: —Não, isso é o que estava no seu cabelo.
—Você é um mentiroso!
—Relaxe, é apenas chiclete.
Harley: 0
Jackson: 1
CAPÍTULO 11
<> CAMILA<>
Presente
Eu estava sozinha.
—Você me ama tanto que decidiu transar com a garota da porta ao lado?
Não sei o que me fez pensar em Sean, talvez tenha sido o fato de
que tudo o que vi durante todo o dia foram fotos dos Pierces, vivendo
felizes para sempre através de imagens nas paredes, quando as apontei para
Journey.
Como poderia uma casa cheia de tanto amor, parecer tão vazia?
Perdido.
—Tudo bem, Camila, você precisa pensar em outra coisa. Você está
lá para tomar conta de seus filhos, não para ficar obcecada por... —Eu
parei de andar, observando a cena na minha frente, enquanto abria a porta
do meu apartamento.
E com isso, quero dizer que ele estava completamente nu. Deitado
na minha cama, esperando pelo quê?
Eu?
¿Que es esto?
O que é isso?
—Eca! Você pode, por favor, pelo amor de Deus se cobrir! Eu não
posso gritar com você corretamente quando seu pau está olhando para
mim!
—Por que eu vou pôr minhas cuecas quando a sua bunda deveria
estar montando no meu pau?
—Sua mensagem.
—Eu não mandei mensagem para você, Sean! Agora vista-se! —Eu
joguei seu jeans na cabeça dele, acertando-o no rosto. —Saia! —Seguido
por sua camisa e regata branca. —Saia. Agora! —Eu era como uma mulher
enlouquecida, circulando pela sala pegando todas as suas merdas. Jogando
uma por uma em seu corpo nu.
—Que porra? Mulher, traga sua bunda aqui para que eu possa fazer
você gritar meu nome.
—Camila! —Ele rugiu, e mais uma vez eu bati a porta atrás de mim.
Deixando ele no meu apartamento. Sabendo que não havia como passar
por ele. Ele sempre pensou com seu pau e agora não seria diferente.
—Eu não fiz nada para merecer esse nível de desrespeito de você!
—Você parece bem chateada, Camila. Acho que “não responda” no
seu telefone não colocou o pau no lugar certo?
Fiquei de queixo caído. —Você não pode falar comigo desse jeito!
—Você está certo, eu não sei. Tudo que sei é que, se tivesse uma
criança como você, também iria embora. —Eu me arrependi das palavras
assim que saíram da minha boca.
—Saia!
—Jackson, vamos lá... você sabe que eu não quis dizer isso.
—Então o quê, Jackson? Você só vai passar o resto da sua vida sem
precisar de ninguém? É assim que você quer viver?
—Ou o quê? Hã? O que você vai fazer? Eu não tenho medo de
você. No mínimo, me sinto mal por você. Você afasta todo mundo. Cada
pessoa. Incluindo sua própria família. Um dia você vai precisar deles, e
espero que não seja tarde demais. Porque, independentemente das
situações que você está me fazendo passar, eu não vou a lugar nenhum. Eu
amo sua irmãzinha, e se você me desse alguma chance, eu poderia estar
aqui para você também.
—Há um motivo pelo qual o nome dele está salvo como “Não
responda” no meu celular. Você poderia ter... —Eu suspirei, chegando ao
limite da paciência.
—Quem é ele?
—Tudo bem. —Eu balancei a cabeça. —Eu vou sair do seu quarto,
mas não vou sair da sua vida. Eu estou aqui para ficar.
—E por você. —Com isso, eu me virei e o deixei lá, rezando para que
algo que eu disse tivesse chegado até ele.
—Ele está bravo com meu pai. Não é com você. A Journey
realmente te ama. Você a faz feliz. Minha mãe não teve a chance de fazer
isso, e Journey é uma das razões pelas quais meu pai não está por perto.
—Não importa o que você diz ou faz, minha mãe não vai voltar
para casa. Isso eu posso te dizer.
—Ela está...
—Ela não é?
—Você quer?
—Sim.
—Por quê?
—Com Jackson?
“Não importa o que você diz ou faz, minha mãe não vai voltar para casa. Isso
eu posso te dizer.”
Sozinha.
CAPÍTULO 12
<> Aiden <>
Passado: Quase quatorze anos
Eu a encontrei.
Tenho certeza de que pode ter havido alguns bons lares adotivos
por aí, mas temos a certeza de que nunca os vimos. Essas casas queriam
recém-nascidos, crianças pequenas e crianças que não tivessem
experimentado muito trauma causado por seus próprios pais ou pelos lares
adotivos em que estavam sendo colocados.
Misty não estava mais por perto, tornando-se apenas outra pessoa
que deixou a minha vida sem aviso prévio. Sem adeus, nada. Eu nunca
mais a vi, nem Bailey.
Todo dia.
Não importava que levasse mais de uma hora de pedalada dura para
ver seu lindo rosto novamente. Eu vasculharia o mundo por Bailey se isso
fosse preciso.
Minha melhor amiga, minha família, minha por dentro e por fora.
12
Os cursos de honra geralmente se referem a aulas exclusivas de nível mais alto que acontecem em um ritmo mais
rápido e cobrem mais material do que as aulas regulares. As aulas de honra são geralmente reservadas para alunos
talentosos do ensino médio que se destacam em determinados assuntos. Passar uma aula de honra é uma excelente
maneira de os estudantes do ensino médio demonstrarem sua competência acadêmica e disciplina aos conselhos de
admissão em faculdades.
horas, não importasse o que acontecesse. Nós dois precisando nos checar,
principalmente para nossa própria paz de espírito. Isso tornava as coisas
mais fáceis, saber que alguém no universo amava e cuidava de você.
Quando é dito a você diariamente que você é inútil, que você não
vai dar em nada, e ninguém dá a mínima pra você.
Desde a primeira vez que nos separamos e eu não podia mais ter
certeza de que ela estava bem, vê-la e me certificar de que ela estava segura,
Bailey pegou o hábito de fazer tudo parecer bem quando não estava. Então
ela não me preocuparia, nunca percebendo que seu bem estar sempre me
preocupava.
Nesse caso, eu tinha que vê-la com meus próprios olhos para
acreditar nela.
Precisando ter certeza de que ela estava realmente bem, e ela não
estava apenas tentando me enganar.
—Bay, não se preocupe com isso. Quantas vezes tenho que te dizer?
Quando você está comigo, você nunca precisa se preocupar com nada. Eu
tenho você, Bay. —Eu me virei e pisquei para ela, apertando sua mão em
segurança. —Eu sempre tenho você. Eu e você contra o mundo, lembra?
Ela sorriu com um brilho familiar em seus olhos que me fez passar
pelas noites difíceis. Pensando no sorriso de Bailey, sua risada, o jeito que
ela se iluminou só para mim... essa merda me fez passar por muitas noites,
muitos dias, muito de tudo.
Eu sorri para ela uma última vez e continuei andando pela floresta
escura enquanto ela seguia de perto, cuidadosamente pisando no meu
caminho.
O. Tempo. Todo.
—Bay, não comece frases assim. —Eu disse, meu tom ainda
abalado.
Meus olhos se voltaram para o casaco com capuz que ela estava
falando. Parecia mais um vestido em Bailey, mas isso a mantinha aquecida,
o que era tudo o que importava. Ela tinha menos roupas do que eu, tudo o
que ela possuía era muito usado e não estava em bom estado de jeito
nenhum.
—Bay, quantas vezes eu tenho que te dizer para parar de andar com
aquele maldito cachorro? Ele arrasta você. Eu não preciso de um presente
seu. Eu vou ter algum dinheiro extra na próxima vez para te manter até que
eu te veja de novo.
—Eu sei o que você está dizendo, e me desculpe, Bay, mas eu não
dou a mínima. Eu vou te dar dinheiro, e você vai aceitar. Só porque você
está usando camadas de roupa, não significa que eu não possa ver que você
perdeu mais peso. Esses filhos da puta estão te alimentando?
—Aiden, eles são mais novos e precisam de mais comida do que eu.
Seu olhar profundo era tão penetrante, tão intenso, que eu não
conseguia rompê-lo. Eu não conseguia tirar os olhos dela mesmo que
quisesse, e eu não queria. Eu nunca quis. Os tempos com Bailey, fossem
bons ou maus, eram os únicos que eu tinha para recordar quando precisava
de um pouco de esperança.
Um sentimento de pertencer.
Quando eu só precisava...
Dela.
—Sim, acabou.
—Aiden, eu não posso acreditar que você fez isso. —Ela sussurrou,
pega completamente de surpresa. Seus olhos mudavam de todas as luzes
coloridas amarradas em torno das árvores, para a árvore de Natal
improvisada que encontrei jogada fora em uma calçada. Decorada com
latas de refrigerante e cordão de luzes. Para o boneco de neve de plástico
que encontrei jogado em outra calçada.
—Sempre.
—Ah, qual é. Isso foi o suficiente. Você não tem que me comprar
algo também.
Antes que a próxima palavra deixasse sua boca, eu agarrei a sua nuca
e a puxei para mim.
O gosto dela.
Não assim.
Esse beijo teria que ser o suficiente para me segurar até o momento
certo para provar que ela foi feita para mim e só para mim.
Isso me dominava.
Ela me dominava.
Seu presente de Natal para mim não foi sua reação à minha surpresa
ou a este beijo, seu presente para mim foi o segundo...
O momento...
O instante...
Sessenta dias.
—Danté! Oh meu Deus, não sei o que fazer! Não tenho ideia de
como tirar esse cheiro da casa!
—Estou tão ferrada! Como vou explicar isso? Não há como ela
acreditar em mim em vez de acreditar nele. Não sobre isso!
—Obrigada.
—Sempre, mamita. Eu cuido de você, garota.
Assim que meu telefone tocou com uma nova mensagem de texto
de Danté dizendo que ele estava na porta da frente, eu corri para dentro
com Journey em meus braços.
Com uma expressão divertida no rosto, ele recuou quando nos viu
ali de pé.
—Danté... —eu disse, sem paciência para lidar com ele também.
—Estou falando sério. Você consegue sentir o cheiro?
—Garota. —Ele respondeu com nada além da atitude típica de
Danté. —Não há ninguém aqui agora, apenas você, eu e o bebê Paris.
—Droga, garota. Eu dirigi até aqui para ajudá-la, o mínimo que você
pode fazer é me deixar viver minha melhor vida por alguns minutos. —Ele
pegou uma foto do Dr. Pierce do aparador, trazendo-a até o rosto. —O
que você acha? Nós ficamos bem juntos?
—Danté!
—Oh meu Deus. —Eu esfreguei meu rosto. —Por que eu liguei
para você? —Meus olhos se voltaram para ele que tinha saído correndo. —
Onde você vai?
Cantando: —Eu sou tão chique! Sim, tão chique! Na minha nova
casa da Barbie! Com meu novo Doutor daddy!
O lado lógico do meu cérebro gritou para eu dar o fora dali. Para
não cruzar a linha muito tênue que eu estava atualmente pisando.
Então eu fui.
Nada.
Eu não lhe dei atenção quando ele deu a volta no quarto fazendo
um giro de trezentos e sessenta graus com a boca bem aberta. Eu estava
em uma missão completamente diferente, com a mente focada em
descobrir uma pista de onde o Dr. e a Sra. Pierce estavam.
Imagem perfeita.
Eu corri meus dedos pelo imenso colchão king size que estava sobre
uma cama com dossel de madeira maciça cinza centralizada na parede
oposta, até as colunas colossais com intricados desenhos esculpidos. As
colunas elevavam-se em direção ao teto abobadado, conectando-se acima
em um quadrado. Ornamentado por cortinas brancas transparentes que
caíam ao chão perto da cabeceira da cama.
Eu não pude deixar de vagar em direção a seu closet. Que era tão
imaculado quanto todo o resto. Todas as suas roupas estavam
perfeitamente alinhadas, todas as cores coordenadas por estilo e design.
Centenas de vestidos...
Eu não sei o que deu em mim, mas eu tive que ver o armário dele
em seguida. Exceto, que quando eu abri a porta, pensei em encontrar a
mesma configuração que no dela.
Eu não encontrei.
Algumas camisetas...
Alguns jeans...
Nenhuma camisa.
Nenhum paletó.
Não sobrou nada do homem que todos chamavam Dr. Pierce, como
se ela ficasse neste santuário e ele tivesse...
Partido.
—O quê?
—Sinto o quê?
Meu olhar foi para todas as direções, querendo discutir, brigar, gritar
com ele e racionalizar, ele não sabia do que estava falando. Mas eu não
consegui fazer minha boca dizer uma palavra. Porque no meu coração, na
minha alma, no fundo do meu ser, eu sabia que ele estava certo.
—Camila...
As crianças...
Ele pegou a bebê dos meus braços e ela foi de boa vontade. Lendo
minhas emoções como um livro.
Sua privacidade.
O amor deles.
Sozinhos.
CAPÍTULO 14
<> CAMILA<>
Presente
—Você precisa se preocupar com uma coisa de cada vez. Você não
está aqui para eles, você está aqui para essas crianças.
—Tem certeza?
—Bem, agora você vai lidar com ele dando uma de Cheech13 e
fazendo cigarros de maconha.
Eu inalei uma respiração profunda. Essa foi apenas outra coisa que
tive que enfrentar hoje.
O que eu deveria fazer com isso? Contar a Skyler? Ele me odiaria ainda mais?
—Eu vou cair fora daqui, meu trabalho está feito por hoje. Não
precisa agradecer. Não há necessidade de me acompanhar. Eu posso tirar
uma foto do papai Pierce para mostrar à minha mãe como seus futuros
netos podem se parecer.
—Danté.
13
Cheech and Chong é uma dupla humorística americana que obteve uma larga audiência nas décadas de 1970 e 80
com caracterizações de hippies usuários de maconha.
—Pssst! Paris ouviu pior saindo da boca de seu irmão! Falo com
você depois, amo você!
Ele sorriu. —Eu não sabia que Mary Poppins estava chapada. É por
isso que ela é sempre tão feliz?
—Muito engraçado, Jackson. Nós dois sabemos que isso não é meu.
Ofendido, ele colocou as mãos no ar. —Ei! Eu não sabia que você
ia secar meu jeans. Isso é com você.
—Você tem apenas treze anos. Você tem toda a sua vida pela frente.
Você não deveria estar fumando maconha, é por isso.
—E por que isso, Mary Poppins? Você está me dizendo que nunca
experimentou?
—Na verdade, isso é sobre nós dois. Você trouxe isso para si
mesmo. Fique fora da minha vida e não teremos problemas. Sim?
—Você sabe o quê? Você está certo sobre uma coisa, eu não sou
sua mãe, nem quero ser. Por que é tão difícil para você ver isso? O que
você fez hoje cruzou a linha, Jackson! Isso não está bem! Você sabe que
Journey está comigo o tempo todo, e a casa cheirava a maconha por causa
do seu truque para me demitir! Graças a Deus eu encontrei uma máscara
cirúrgica para colocar nela, ou então eu estaria além de ferrada! Você
coloca a saúde da sua irmãzinha em perigo!
—Oh besteira, você está apenas sendo dramática. Não havia quase
nenhuma erva. Ela está bem.
—Eu cresci pobre com pais que se esforçavam para colocar comida
na mesa para todos os seus filhos, mas que ainda forneciam o melhor que
podiam, dadas as circunstâncias. Eu cresci com roupas de segunda mão
compradas em brechós, comprei tudo de segunda mão para que eu pudesse
ter sapatos para usar, um livro para ler, uma calculadora para fazer meu
dever de matemática. Eu não cresci com uma colher de prata na minha
boca como você! Mas eu vou te dizer uma coisa, Jackson, se eu tivesse,
pode apostar sua bunda, eu teria apreciado isso, e não teria sido um merda
como você, que não sabe o significado da palavra gratidão.
—Não é minha culpa que seus pais não sabiam quando parar de ter
filhos.
Fiquei de queixo caído. —Uau. Não há como chegar até você, não
é?
Rápido e duro.
—Jackson! —Eu bati na sua porta. —Você não pode fazer isso!
Você não pode simplesmente me calar assim!
Era a única coisa pela qual ele realmente parecia ser apaixonado,
além de fazer da minha vida um inferno, é claro.
Não fazia sentido. Ele não jogaria tudo isso fora por alguns tragos
de um baseado. Não havia nem o suficiente no saco para ele enrolar um.
Jackson queria seu pai em casa, mesmo que isso significasse que ele tinha
que pagar o preço para que isso acontecesse.
Meu coração doeu mais por ele naquele momento do que em todas
as outras vezes que ele me afastou, combinadas.
Fisicamente e mentalmente.
Ele estreitou os olhos para mim, mais confuso do que nunca. Mas
pela primeira vez desde que comecei a trabalhar aqui há dois meses, vi a
vulnerabilidade correr em seus olhos. Pode ter sido apenas por alguns
segundos, porém, foi o suficiente para saber que eu estava fazendo a coisa
certa.
Jackson não era tão forte quanto fingia ser. Talvez, no fundo ele
estava tão perdido quanto seu pai?
Fosse eu.
CAPÍTULO 15
<> Aiden <>
Passado: dezesseis anos de idade
Esta foi de longe a melhor parte dela ser minha garota. Eu poderia
beijá-la quando quisesse.
Nós nunca fomos mais longe do que beijar, mas eu juro que algo
parecia diferente nesta noite.
Ela virou dez tons de vermelho. —Oh meu Deus, Aiden. —Ela
tentou me afastar, eu não me movi nem um centímetro. —Você nunca vai
me deixar esquecer isso, vai?
—Onde você quer minha boca, Bailey? Aqui? —Eu beijei seus
lábios, suavemente passando minha boca até seu decote. —Aqui? —Nunca
tirando meus olhos de seu olhar aquecido, eu lentamente me ajoelhei,
gemendo. —Ou aqui? —Lambendo meus lábios, eu acenei para sua
boceta.
—Mmm hmm...
—Parece que você pensou muito nisso, Bailey Button, que não deve
ser confundido com Belly Button.
Ela riu. —Talvez você devesse ver por si mesmo, Aiden Pierce.
—Você está me testando, baby? Porque você sabe que eu não quero
nada mais do que enterrar meu rosto dentro da sua calcinha agora mesmo.
Ela ficou de queixo caído. —Onde você aprendeu a falar assim?
—Jackson e Jagger, huh? Parece que você quer uma banda country.
—Um rei precisa de uma princesa tanto quanto ele precisa de uma
rainha.
—Prometa-me, Bailey.
Ela assentiu. —Como você faz isso, Aiden? Como você pode me
olhar assim?
—Como o quê?
Nossas bocas foram para a guerra uma com a outra. O beijo foi
suave, mas exigente, controlado, mas apaixonado e amaldiçoadamente
intenso como o inferno.
Meus pensamentos.
Minhas palavras.
Lambendo.
Necessitando.
Sugando.
Sua amizade.
Seus lábios.
Seu amor.
Ela podia sentir meu pau duro, pressionando seu núcleo molhado
através do tecido fino do meu short de atletismo. Propositalmente
movendo meus quadris para criar atrito que causou arrepios por todo o
corpo.
Olhando para ela com os olhos semicerrados, quebrei o silêncio:
—Quero provar você, Bay. Eu quero fazer você gozar na minha boca.
Até que ela não conseguia manter os olhos abertos por mais tempo.
Assim que ela sentiu meus dedos em sua abertura, ela olhou
fixamente em meus olhos novamente.
—Eu não vou tirar a sua virgindade com os dedos, mas um dia eu
vou com o meu pau.
Ela exalou.
Ela ofegou.
Ela se apertou.
Eu assisti.
Eu provei.
—Mova seus quadris, Bay. Monte meu rosto. —Eu exigi, querendo
apreciar tanto quanto ela.
—Aqui não. Agora não. Você merece melhor que essa merda.
Quando você vier para o meu pau, eu quero que seja a coisa mais
romântica que você já experimentou.
E seria.
Eu me certificaria disso.
CAPÍTULO 16
<> CAMILA<>
Presente
—Gah!
—Sinto muito se fui rude, mas você sabe o que quero dizer,
menininha.
—Bah!
—Gah!
—Ugh! —Respondi frustrada. —É isso aí, estou indo, Journey.
—Amarrei meu cabelo para cima, em um coque alto no topo da minha
cabeça. —Você não é de muita ajuda.
—Lah!
—Eu sei que você lamenta isso. —Eu andei ao redor da sala,
procurando em todas as prateleiras, nos cubículos da estante de TV e na
estante de livros no canto da sala.
Nada.
Realmente chateada.
Então, fiz o que qualquer mulher teria feito na minha posição, deixei
o coelho em minhas mãos.
—Você tem alguma ideia de como estou cansada? Não, você não
tem porque não está aqui! Você está com seus pacientes que são
obviamente mais importantes para você do que as crianças que você trouxe
para este mundo!
—Gah!
—E Journey?
—Você pode lidar com isso por uma hora! Basta segurá-la,
alimentá-la, trocar a fralda! Você me viu fazer isso centenas de vezes!
Oh, deve ter sido através da Skyler, já que eu tive que levar aquela certificação
de primeiros socorros. Ela deve ter reconhecido meu rosto da minha carteira de motorista.
Ela olhou para a tela do computador na frente dela. —Oh, você está
com sorte. Ele acabou de terminar suas rondas. Ele deve estar em seu
consultório. —Ela acenou com a cabeça pelo corredor. —Passe por essas
portas duplas em direção ao elevador e depois suba para o quinto andar.
Seu consultório é o 519.
—Como você...
—Como ele...
O Dr. Pierce não me conhecia, nunca me conheceu. Ele não falaria de mim,
falaria? Tem que haver câmeras na casa, não poderia ser de outro jeito.
Eu precisava que minha voz fosse ouvida, mas por que isso parecia
muito mais difícil agora?
Minha mente.
Minha alma.
Significativo.
Puxando.
Arrastando.
Entrei em erupção.
Exceto que desta vez não havia dúvidas, não havia nada.
Dr. Pierce
Aiden
CAPÍTULO 17
<> CAMILA<>
Presente
Ele era alto. Muito mais alto do que meus um metro e sessenta e
três e altura. Ele se elevaria sobre mim, e esse pensamento por si só causou
arrepios na minha espinha, só de pensar em seu domínio. Mas com essa
emoção veio a vergonha.
Como eu poderia ter essa resposta intensa para meu empregador, um homem
casado?
Havia essa certa vulnerabilidade nele que senti no espaço entre nós.
No entanto, tão rápido quanto surgiu, desapareceu. O que quer que fosse,
me fez questionar no que eu acreditava sobre ele em primeiro lugar. O
apego emocional que eu sentia por um homem que acabara de encontrar
era tão avassalador e controlador quanto tudo o mais até aquele momento.
Eu não conseguia tirar meus olhos dele, o que só me deixava ainda mais
confusa.
Mais cautelosa.
Naquele lugar e hora, tudo o que ansiava era vê-lo sorrir. Ter um
vislumbre do homem que eu só via nas fotos. Parecia que ele era um
paradoxo ambulante de contradições. Eu estava vendo o lado dele que
todo mundo via, mas havia algo mais sob o seu fascínio.
Eu queria mais.
Eu precisava de mais.
—Eu não tenho tempo para fazer o seu trabalho e o meu. A última
vez que verifiquei eu tinha Dr. antes do meu nome, eu salvo a vida das
pessoas. Esta é a minha vida e você a está fodendo por ser incompetente.
É simples, tudo o que peço é que você arquive os prontuários, fique fora
do meu caminho e faça o trabalho para o qual foi contratada para fazer.
Agora, você é capaz disso?
Renee se virou para encará-lo, como se não fosse a primeira vez que
ela fizesse isso. —Você precisa de uma pausa. Você não dorme há dois
dias. Você está de plantão há mais tempo do que isso. E não me faça
começar pela última vez que você comeu. Você não pode continuar assim,
Aiden. Não é saudável nem justo para ninguém, incluindo seus pacientes.
Lembra-se da época em que todos costumavam significar algo para você?
—Uau. —Eu soltei alto demais, fazendo com que os olhos dela se
conectassem com os meus. —Eu, eu, eu vo-vo-vo... —Eu imediatamente
comecei a gaguejar, incapaz de formar palavras. Minha língua se
contorcendo com meu dialeto espanhol.
—Eu sinto muito que você teve que ver isso. —Ela suspirou
profundamente, envergonhada. Balançando a cabeça para mim. —Ele nem
sempre foi assim. Eu sei como isso soa depois do que você acabou de
testemunhar, mas confie em mim... ele era o médico mais gentil, o mais
doce homem que você já conheceu. Eu não vou dar desculpas para ele,
mas as circunstâncias mudam as pessoas. O hospital sabe o que ele está
passando desde que a esposa...
Sem pensar nisso, fui atrás dele. Meus pés se moviam por conta
própria, não andando, mas correndo desta vez. Indo direto para o
consultório dele.
Mais forte.
Ele se levantou tão rápido que sua cadeira de couro bateu na estante
atrás dele. Se eu não soubesse melhor, teria pensado que ele estava vindo
atrás de mim quando seus pés começaram a pisar no chão, saindo de seu
consultório. Eu me virei, me escondendo atrás da porta. Este não era o
momento certo para confrontá-lo, e eu estava começando a pensar que
nunca haveria um.
—Oh meu Deus, eu sinto muito por ter deixado Jackson com Jour...
—Sim, Jackson me disse que sua mãe caiu da escada e você teve que
levá-la para a emergência. Ele disse que falou para você pegar o carro,
então você não teria que esperar pelo ônibus. Entendi. Não tem nenhum
problema.
—Uh huh.
—É sim.
—Ele estava?
—Sim. Não diga a ele que eu te disse, mas acho que ele está
começando a se aproximar de você.
—De qualquer forma, não vou atrapalhar você. Você estará de volta
amanhã ou precisará de alguns dias para cuidar de sua mãe?
—Volto amanhã.
—Você também.
Ela desligou.
O fato de que Jackson me deu cobertura ou que a foto que seu pai
jogou na sala, que era uma dele e sua esposa...
No dia do casamento.
CAPÍTULO 18
<> Aiden <>
Passado: dezessete anos de idade
Ela olhou para mim através de seus longos cílios, sorrindo como
boba. —Sua mãe adotiva está no quarto dela, do outro lado da casa. Ela
está muito avançada na gravidez para se mexer. Além disso, tranquei a
porta.
Eu não falei nada além da verdade. Esta foi a primeira família com
quem eu fui colocado que valeu a pena. No início, quando meu enésimo
assistente me designou para eles, há pouco menos de um ano, não
acreditei, mas eles foram legais mais vezes do que eu podia contar. Era tão
insignificante quanto as refeições na mesa várias vezes ao dia, onde todos
falavam sobre o auge do seu dia.
Eles sempre se interessavam pelos deveres escolares de seus filhos
adotivos, estudando para os exames, apenas certificando-se de que
estávamos prontos para o dia escolar seguinte. Eva arrumava o almoço,
levava e pegava todos da escola na hora certa, enquanto Mario ia trabalhar.
Nós éramos uma prioridade pela primeira vez.
Ele deu um tapinha nas minhas costas, segurando no meu ombro. —Você
conseguiu, filho. Estou tão orgulhoso de você.
Esta não foi a primeira vez que ele disse que estava orgulhoso de mim, mas
quanto mais eu ouvia, mais fácil era acreditar.
Nossa dinâmica era muito de pai e filho. Ele sabia que eu nunca tive
um pai, ou um bom exemplo de um homem honrado em minha vida,
então ele tentou o melhor que pôde prover isso para mim. Mario fez mais
que o padrão, sabendo que era o que eu precisava sem que eu precisasse
pedir. Ele passou semanas me ensinando como dirigir, como mudar e qual
era a marcha. Como estacionar para que eu pudesse obter minha licença e
não tivesse que depender mais do ônibus da cidade para me levar ao
trabalho depois da escola.
Cada segundo que eu tinha, quando não estava com Bailey, era gasto
ajudando Mario e Eva com meus irmãos adotivos. Era o mínimo que eu
podia fazer por tudo que eles forneceram. As roupas limpas, escovas de
dentes, camas com lençóis limpos e travesseiro, e muito mais.
—Querida, não pode ser assim que você imaginou fazer amor pela
primeira vez.
—É mesmo?
—Eu quero dizer que não, mas não posso. Não que eu tenha visto
outros ou algo assim. Quero dizer, você provavelmente já viu no vestiário.
Você me diz, outros caras são tão grandes quanto você?
—Bailey, meu pau é o único que você vai ver. Fim da história.
Ela riu. —Eu adoro quando você age todo alfa e possessivo.
—Eu só sei falar a verdade. Minha palavra é tudo que tenho. —Eu
olhei para ela com um olhar predatório. —Mas já que seu rosto já está aí
embaixo, você pode chupar meu pau.
—Eu disse que não faríamos amor. Meu pau na sua boca é sempre
um jogo justo, Bela. Que tipo de homem eu seria se não desse a minha
garota o que ela quer, especialmente quando ela estivesse me implorando
por isso?
Nós rimos.
Ela tinha dois anos e meio indo para três. A família estava
desfraldando e toda vez que ela usava o banheiro, ela ganhava seus M&M's
favoritos.
—O quê? Onde...
—Sim!
—Aiden.
—Você pode precisar pegar este bebê, mas não se preocupe, eu vou
orientá-lo.
Uma maneira de mostrar minha gratidão por tudo que eles fizeram
por mim.
Por nós.
—Ok.
Eu nunca estive tão nervoso, vendo uma nova vida vir a este
mundo. Minhas mãos tremiam quando peguei a menina, apoiando seu
pescoço e cabeça, com cuidado para não machucá-la.
—Grrrr...
Provando que ele não apenas acabava com vidas, ele também
começava.
Uma menina.
Uma família.
—Ei, alguém pode nos atender aqui? —Outro gritou do outro lado.
—Eu não sou seu docinho, cowboy. Só por isso você ficará
esperando mais dez. —Eu fui a um cliente diferente. —O que posso fazer
por você?
Mais tarde naquela noite, depois da minha visita ao Dr. Pierce, entrei
no Danté´s Club. Desesperada pela distração que o trabalho no bar e a
dança sempre proporcionavam. Precisando limpar minha mente, focar em
outra coisa que não os Pierces.
Eu odiava isso. Eu odiava tanto isso. A pior parte foi que não havia
nada que eu pudesse fazer para consertá-lo.
O jeito que ele parecia, o jeito que eu sentia, a conexão instantânea
que me levou até ele. Não havia como negar, eu queria conhecê-lo.
Seriamente.
—Nada.
—Porque você não está sacudindo sua bunda. Essa não é a Latina
que eu conheço.
—Garota, não finja que não pensou sobre isso. Agora que sabemos
que a esposa dele está...
Suspirei.
—Oh. Meu. Deus! —Eu repeti, esfregando minha testa. —Eu não
vi o pau dele, ok?
—Como é?
—Eu acabei deixando Journey com Jackson e dirigi seu carro para o
hospital.
—O que disse?
—Eu sei. Não faz sentido, mas eu pude. Eu o senti, senti seu cheiro,
eu não sei... eu só... eu sabia onde ele estava antes mesmo de vê-lo. Como
isso é possível?
—Camila, isso é uma coisa de alma gêmea, isso aí. Garota, você vai
ter os filhos dele. Como ele cheirava? A homem, certo? Um doutor,
almiscarado e sexy.
—Tipo, arrasado?
—Não, tipo devastado. Ele ficou chateado e depois jogou sua foto
de casamento.
—Em você?
—Não, na parede.
—Por quê?
—Danté! Nós não fizemos nada. Ele nem sabia que eu estava lá.
—Então, ele não sentiu você, mas ele provavelmente viu você nas
câmeras?
—Sim.
Eu queria discutir com ele, lutar com o que ele estava dizendo, mas
não consegui dizer as palavras. Eu sabia que no fundo ele provavelmente
estava certo, e essa era a coisa mais difícil de admitir.
—Que tipo de sentimento? Como eu quero que você seja meu homem?
Ou como eu vou deixar você enfiar na minha...?
—Não.
—Eu acho que isso significa que foi o Doutor daddy quem tem
deixado as suas coisas favoritas na casa?
—Se fosse isso, por que Skyler não lhe contaria? Por que manteria
isso em segredo?
—Quem disse?
—Eu.
Eu não recuei, este era Sean. Ele tinha que resolver tudo com
violência. Eu não tinha medo dele, sabia que ele não machucaria a mim
nem a Danté. Sabendo o quanto ele era importante para mim.
—Eu odeio esse filho da puta. Por que mesmo você namorou com
ele?
—Camila, você tem que fazer o que é certo para você. Foda-se Sean.
A hora chegou.
Não havia maneira de contornar isso, não com a maneira como eu
estava reagindo a ele. Se ela estivesse viva, sobraria apenas uma coisa para
eu fazer. Seria o movimento certo, mesmo que isso me matasse por não ver
mais essas crianças.
A esposa dele.
Eu não sabia nada sobre ela, mas ela estava em todo lugar. Do chão
ao teto, em cada canto de todo lugar, em cada centímetro do espaço aberto,
em todos os sentidos, contornos ou formas. Esta era a casa dela.
Seu santuário.
Seu lugar de paz.
—Você diz isso agora, mas é muito jovem. Você tem uma vida
plena pela frente.
—Eu não falaria sobre coisas que não sei, Camila. —Ele retrucou
em um tom áspero.
—Eu não fiz isso por você, Mary Poppins, eu fiz isso pela Journey.
—Qual é?
—Porr...
14
Elefante na sala é uma metáfora do inglês americano para um problema óbvio ou risco que ninguém quer discutir
—Que droga, não.
—Nem eu.
Eu não tive que perguntar para saber o que ele estava sugerindo.
—Eu posso tirá-los se você quiser.
Ele estreitou os olhos para mim, procurando por algo no meu olhar
antes de ir a diante. —Sim, tanto faz. Você encontrou meu pai? —Ele
questionou, mudando de assunto para outra discussão que eu não queria
ter.
—Mais ou menos.
—Como você sabe? Você falou com ele? —Não havia como negar
a esperança em sua voz, partindo meu coração um pouco mais.
—Como?
—Eu podia ver em seus olhos. Ele sente sua falta tanto quanto você
sente falta dele.
—Jackson...
—Eu não sinto. Eu não preciso dele. Para o inferno com ele. —
Havia tanta dor em suas palavras, que fez meu coração sangrar por ele.
—Você não quer dizer isso. Você está com raiva. Confie em mim,
eu sei como é isso.
—Não.
—O que ele disse? Eu quero saber o que meu pai disse para você.
—Humm hmm.
—Mais ou menos.
—Então, meu pai que acabou de conhecer você, pela primeira vez,
de bom grado lhe contou tudo isso?
—Humm hmm.
—Porque eu mentiria?
—Estou lhe dizendo. Por que é tão difícil acreditar que seu pai te
ama?
—Eu não sei, Mary Poppins, talvez porque eu não o vejo desde que
a minha mãe...
Eu ia gritar.
Por que toda vez que alguém dizia alguma coisa sobre a mãe, era interrompido?
Mas. Que. Inferno?
—Ele afirma que eu sou dele desde que tínhamos quase doze anos.
—E você não é?
—Harley é o pai dela, que é dez vezes pior que meu marido, embora
sejam irmãos. Ela também é muito parecida com sua mãe, Mia. Eu juro,
Camila, o dia em que Harley começar a namorar, oh cara... Eu já sinto
muito por aquele garoto porque Creed e Noah vão matá-lo. Não estou
brincando, vão derrubá-lo.
—Eles não podem ser tão ruins. —Eu falei, não sentindo pena dele.
Ele merecia isso. Carma. Ele não deveria ser tão mau com ela em primeiro
lugar.
—Motorcycle club?
—Claro. Tenho certeza que, onde quer que Bailey esteja, ela
também está. Você tem sido uma dádiva de Deus, Camila.
—É mesmo?
Ela balbuciou novamente, mais taxativa desta vez. Ela não tinha
ideia do que eu estava dizendo, no entanto, isso ainda me ajudava.
—Vá, Journey, mexa seu corpo! Vá, Journey, agite seu bumbum.
—Eu aplaudi, e ela fez exatamente isso. Erguendo seu bumbum com fralda
para ar, ela balançou para frente e para trás, um olhar orgulhoso em seu
rosto. Minha menininha não estava apenas me copiando, ela tinha ritmo. A
música fazia parte de sua alma como fazia na minha. —É isso aí,
menininha, agora dance assim. —Eu mostrei a ela, movendo meus ombros.
Ela riu, tentando mover os dela sem cair. Eu ri junto com ela.
Eu parei de respirar.
Lá estavam eles.
Eu sorri, subindo devagar nos degraus frágeis para que ela pudesse
dar uma boa olhada em mim. Nada era melhor do que provocar Bailey.
Ela montou minha cintura, não deixando nenhum espaço entre nós.
Agarrando seu queixo, eu trouxe seus lábios carnudos para encontrar os
meus, beijando-a como se ela fosse a única coisa que importava.
E ela era.
—Esse é um grande pacote que você tem... isso significa que vou
receber tudo o que eu sempre quis?
—Você é o único cara que eu já conheci que pode dizer algo tão
romântico com as palavras porra e merda na frase.
—Agora vá se vestir para mim, Bailey Button. Não vai querer ser
confundida com um umbigo. —Eu provoquei.
—Ugh... quantas vezes você vai dizer essa piada sem graça?
—Bela, você está se esfregando no meu pau para ter uma dica.
—Você é.
Ela riu, imediatamente pegando a bolsa ao meu lado. —Eu volto já.
—Estarei esperando.
Mal sabia ela que esta seria a última vez que ela usaria esta desculpa
esfarrapada.
Cada lágrima.
Cada mágoa.
—Eu vou?
—Sim, eu juro.
Uma deusa.
—Aiden!
Ela olhou para mim com nada além de luxúria e amor em seus
olhos, simplesmente assentindo sua resposta.
—Eu não posso acreditar que você me trouxe de volta aqui. Como
eu vou andar pelas árvores e arbustos caídos usando este vestido?
—Você é um rapaz!
Ela não tinha ideia do que eu tinha planejado. Este não era o fim,
este era apenas o começo do nosso dia.
Cintilando.
Brilhando.
Não havia uma árvore ou galho à vista que não tivesse camadas de
luzes brancas. Fazendo com que parecesse o nosso pequeno conto de fadas
ao anoitecer. Elas estavam por toda parte. Era um grande espetáculo agora
que estava quase escuro.
Eu tinha mais dinheiro do que ganhava há quatro anos, a primeira
vez que fiz isso por ela. Eu gastei uma pequena fortuna somente com esses
trajes em uma loja de roupas de aluguel local, sem mencionar o que eu
ainda tinha reservado para ela.
Com espanto.
No segundo em que ela se virou para mim, ela olhou para o chão
onde eu já estava de joelhos.
—Aiden...
—Eu gosto do jeito que Bailey Pierce soa também, mas nós não somos jovens
demais para nos casarmos?
—Oh. —Eu pensei sobre isso por um segundo. —Quanto mais velhos?
Agora era a sua vez de pensar nisso por um segundo. —Quando nós tivermos
dezoito anos. Isso é velho o suficiente.
—Ok.
Ela era confusa, mas da melhor maneira possível. Eu diria qualquer coisa que
ela quisesse apenas para mantê-la ao meu lado, então eu sempre me sentiria assim.
Seguro.
Eu sabia que a minha mãe tinha algo a ver com isso. Eu não sabia como, mas
ela manteve sua promessa para mim. Esta tinha que ser a garota, eu sentia bem no
fundo.
—Oh... Ok então. Vou te pedir de uma maneira que faça você chorar lágrimas
de felicidade.
—Tudo bem, mas não me faça chorar de outra forma que lágrimas de felicidade.
Nunca. Você promete?
—Eles dizem que tudo é sobre o tempo, Bay, e eu esperei anos por
este dia.
CAPÍTULO 22
<> Aiden <>
Passado: Dezoito anos de idade
Sua boca tremia enquanto ela lambia os lábios, cativada com cada
palavra que eu estava expressando. Derramando meu coração para ela.
Ela sorriu através das lágrimas, fluindo livremente para o chão entre
nós.
—Eu não posso viver sem você. Você é meu coração, Bay. Você
sempre será meu coração. —Eu disse, limpando minha garganta e ficando
preso neste momento.
—Eu sei. Você é o meu também, Aiden. A vida tem sido difícil para
nós, mas eu não mudaria isso por nada, porque é o que me levou até você.
Eu agarrei sua mão esquerda com uma das mãos e com a outra eu
puxei a caixa do anel no meu paletó.
—Eu quero acordar ao seu lado pelo resto da minha vida. Eu quero
dormir com você em meus braços todas as noites. Eu quero começar a
vida que estamos sonhando desde a primeira vez que colocamos os olhos
um no outro. Eu quero você, Bailey, isso é tudo que eu quero, você é tudo
que eu sempre quis... Você vai me dar a honra de ser minha para sempre?
Você quer se casar comigo, Bela?
—Eu sei que não é o maior diamante, Bay, mas eu prometo que vou
lhe dar...
Ela estava quase passando mal neste momento e foi a coisa mais
adorável que eu já vi. Eu agarrei suas mãos, trazendo-as para o meu
coração.
—Agora você, Bailey... você aceita Aiden como seu marido, para ter
e manter, para o bem ou para o mal, na saúde e na doença, na riqueza e na
pobreza, para amar e respeitar deste dia em diante até que a morte os
separe?
Antes que ele pudesse dizer você pode beijar a noiva, eu não pude me
conter mais. Eu agarrei as laterais do rosto dela e puxei-a para mim,
beijando-a como minha esposa pela primeira vez nos onze anos que nos
conhecíamos.
Eles tiveram sorte que eu não a tomei ali mesmo no chão da floresta
do jeito que eu a queria, agora que ela era oficialmente minha esposa.
A atrevidinha provocou: —Por que você está com tanta pressa, Sr.
Pierce? —No meu ouvido.
—Eu esperei pelo que pareceu uma vida inteira para viver minha
fantasia. O que se tornou meus sonhos eróticos quase todas as malditas
noites desde que coloquei os olhos em você. Para deixá-la bem aberta e
vagarosamente foder essa boceta doce que tem estado se esfregando em
mim todos esses anos.
Ela sorriu contra meus lábios. —Para onde estamos indo, Sr. Pierce?
—O que você...
Para nós.
—Por mais que eu adore ver seu rosto enquanto olha em volta do
nosso novo lar, eu prefiro assistir você gozar com o meu pau dentro da sua
doce boceta. O passeio terá que esperar até mais tarde e com isso quero
dizer na próxima semana, querida. Porque eu não vou deixar seu corpo até
que eu esteja pronto para isso.
—Eu te amo.
Meu interior acelerou com cada palavra que saiu de seus lábios, de
seu coração, do lugar dentro dele que só pertencia a ela.
—Eu não posso viver sem você. Você é meu coração, Bay. Você sempre será
meu coração.
—Eu sei. Você é meu também, Aiden. A vida tem sido difícil para nós, mas
eu não mudaria isso por nada, porque é o que me levou até você.
Eu estava chorando?
Era como se eu fosse ela e ela fosse eu. Um arrepio estranho atingiu
meu corpo com força. Eu podia sentir fisicamente sua felicidade, sua
alegria, seu amor...
O amor deles.
A dor deles.
Não estava certo. Era errado. O que eu estava fazendo era muito
errado.
E então...
Sua agonia.
Seu isolamento e desespero.
Eu me rendi a ele.
Sem armas.
Sem armadura.
—Você vai me dar a honra de ser minha para sempre? Você quer casar comigo,
Bela?
Eu queria gritar...
Correr...
Me esconder...
Eu estava lá... ele estava lá... e pela primeira vez finalmente nos
encontraríamos.
Eu cravei minhas unhas na minha pele, tentando tirar a dor que ele
estava sofrendo. Qualquer coisa para tirar a dor que sentia, tendo que
suportar seu pior pesadelo.
Mesmo com a luz fraca da sala, eu ainda podia ver seus olhos
brilhantes, seus lábios trêmulos, a expressão encantada em seu rosto
bonito. Fiquei fascinada por ele enquanto ele estava extasiado por ela.
—Estamos aqui para unir este homem e esta mulher ao sagrado matrimônio.
Você, Aiden, aceita Bailey como sua esposa, para ter e manter, para o bem ou para o
mal, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, para amar e respeitar deste dia em
diante até a morte os separe?
—Eu aceito.
Não foi até que o ministro repetiu: —Agora você, Bailey... —Seus
olhos travaram com os meus.
Eu queria dar a ele tudo que eu tinha. Tudo dentro de mim. Eu teria
dado a ele a última parte de mim para mudar o seu olhar.
Seus arrependimentos.
A vida dele...
—Eu aceito.
Seu olhar vacilou primeiro. O fogo que uma vez queimou em seus
olhos segundos atrás, chamuscou para cinzas e foi substituído por um
brilho gelado. O homem se transformou e a fera voltou à vida. Ele fez uma
careta fria e grosseira para mim, como se eu fosse a bruxa que colocou a
maldição sobre ele.
Fervendo...
—O qu...
Oh diabos, não.
—Isso mesmo... você não tem tempo para nada, certo? Nem
mesmo para seus próprios filhos.
Ele nem sequer recuou. Eu pensei que ele iria me soltar, mas ele não
soltou. Na verdade, ele se manteve firme, querendo provar para mim ou
talvez para ele mesmo que ainda era o único no controle. Meus olhos
gravitaram para a luz cintilante vinda da TV ainda passando seu vídeo de
casamento. Lançando uma sombra escura que ficava cada vez mais alta e
mais alta que a minha na parede adjacente.
—O que eu faço com meus filhos não é da sua conta! Você me
entende? Ou eu não estou me fazendo claro como um cristal?
—Desculpe?
—Você me ouviu.
—Eu não vou brigar com você. —Eu me virei para sair, mas ele
agarrou meu braço novamente, me puxando de volta para ele.
—Eu fui chamado de muito pior, querida, mas talvez seja hora de
lavar a boca com sabão?
—Sempre que o Doutor daddy precisou bater uma, não é? Não foi
o que seu amigo disse?
—Que fofo, você realmente acha que eu dou a mínima para o que
você quer. Eu acho que você está esquecendo quem trabalha para quem.
Preciso te lembrar, Cami? —Ele deu um passo em minha direção e
instintivamente dei um passo atrás, sentindo falta da mesa de centro dessa
vez, mas isso não o impediu.
—Tudo o que você fez foi desrespeitar esta casa, minha casa, a
minha esposa e eu... —Ele fez uma pausa, parando de andar. Tão
rapidamente quanto o pensamento veio, ele o afastou. Seu comportamento
preocupante vindo em minha direção novamente.
Passo.
Passo.
Passo.
—Você está certo. Eles merecem seus pais. Onde está a mãe deles,
hein?
Seu peito arfou ainda mais Eu empurrei cada botão da verdade que
eu estava morrendo para dizer a ele há tanto tempo.
—Isso foi o que eu pensei! Você não tem ideia! Você se diz pai?
Assistir de longe uma babá não é paternidade, é negligência. Talvez você
que deveria ser preso!
Minha voz.
Meu coração.
Meu próprio ser estava desmoronando.
Mas eu ainda consegui dizer: —Por favor, não faça isso... pelo
menos... deixe-me dizer adeus a eles. —Eu expressei com uma respiração
trêmula. —Eu os amo como se fossem meus.
Ele deu uma última olhada para mim com olhos frios e brilhantes,
zombando. —Bem, eles não são. Você não pertence a suas vidas ou a esta
casa.
Sem respostas.
Eu fiquei lá.
Eu era a fera.
Incluindo eu.
Eu senti isso.
Desde o segundo em que ela pisou nesta casa para sua entrevista
com Skyler, eu fui atraído para ela...
Eu não faria.
Foi uma das razões pelas quais eu não conheci Camila. Além das
várias outras circunstâncias, eu existia fora desta casa. As paredes estavam
se fechando em mim e eu achava difícil recuperar o fôlego. Sentindo-a em
todo lugar...
Bela.
Eu posso não ter fisicamente estado aqui para os meus filhos, mas
me certificava de que eles estivessem seguros, alimentados e que tivessem
um teto sobre suas cabeças. Era tudo o que eu conseguia fazer. Eu estava
preso no passado, incapaz de seguir em frente ou pensar no futuro. Minha
vida foi arrancada, mas meus filhos estavam sempre em minha mente.
Eu era um deles.
Espremendo...
Estrangulando...
Ela.
Jackson estava tão bravo comigo. Seu pai, o mesmo que sempre foi
seu herói, se transformou em uma das maiores decepções de sua vida. Ele
estava agindo de maneira que eu deveria ter esperado, no entanto. Camila
estava lidando com isso como uma campeã. Ele estava fazendo-a de gato e
sapato e ela tomou cada golpe. Devolvendo-os para ele. Meu filho
precisava de um bom exemplo e ela estava provando ser exatamente isso.
O pai dele.
Toda vez que ela estava dormindo, ela sempre acordava, mesmo que
fosse apenas por alguns segundos, ela fazia contato visual comigo e sorria
em sua névoa de sono.
Houve várias vezes que ela já estava acordada, esperando que seu
pai aparecesse.
Além dela, meus filhos não me viam desde o dia que Bailey me
deixou há oito meses...
Eu parei de viver.
Respirar.
Não vê-la, mas senti-la era pior do que à morte. Cada respiração eu
sentia como se fosse a minha última.
Como você continua a vida sem que sua pessoa amada ande ao seu lado?
Eu sentia muito a falta dela. Eu gostaria que ela voltasse para mim,
para nós.
Nossa filha.
Nossa filhinha.
Eu não poderia ser o pai que ela precisava. Aquele que todos
precisavam. Eu não sabia quem eu era sem minha esposa. Sem seu amor,
sua confiança, seu sorriso.
Journey não teria isso hoje à noite, como se ela soubesse que eu
tinha acabado de demitir e jogado fora sua pessoa favorita. Ela estava
tendo um ataque semelhante ao que ela costumava ter antes de Camila
segurá-la em seus braços e fazê-la saber que ela era desejada.
Amada.
Adorada.
Ao meu lado.
—Eu nunca quis esta vida para você, Journey. Nunca deveria ser
assim. Por favor, me perdoe, eu preciso que você me perdoe.
Mais lamentos.
Mais gritos.
—Deus, é isso que você queria para mim o tempo todo? Eu entendi,
ok? Eu te escuto! Por favor, estou implorando para que ela pare. Por favor
me ajude a seguir em frente... Eu não posso mais viver assim. Eu não
posso continuar.
Soluçando.
Dolorido.
CONTINUA...
Em maio