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REVISTA 

ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021 1
Expediente De volta para o futuro
Revista INCB Eletrônica
Revista do Instituto Newton C. Braga Em primeiro lugar gostaríamos de
 Ano 1 – Edição n° 2 ­ 2021 agradecer a todos os que nos
escreveram as palavras de elogio à
Editor­chefe nossa primeira edição, o que nos
Newton C. Braga incentivou a determinar num prazo menor do que prevíamos
inicialmente a segunda edição. Nos ajudaram muito as
Produção Gráfica – Redação: sugestões e críticas que nos permitiram aperfeiçoar aos
Renato Paiotti poucos esta segunda edição e certamente as que virão.
Também tivemos a surpresa de termos de volta velhos
Atendimento ao leitor: colaboradores das edições antigas e novos colaboradores,
leitor@newtoncbraga.com.br mostrando que essa mídia não morreu. Isso atende, com
certeza nosso público mais saudosista, mas, é claro,
Atendimento ao cliente: conforme dissemos no nosso primeiro editorial, usando uma
publicidade@newtoncbraga.com.br abordagem moderna, uma abordagem que permite o uso de
recursos inteligentes como links para a edição virtual e QR
Impressão: code para a edição impressa.
Clube dos autores A tendência atual é de mudanças radicais no mundo da
https://clubedeautores.com.br comunicação, do trabalho e do aprendizado. A integração de
todas as mídias possíveis como vídeos, podcasts, livros, sites
Conselho editorial: inclui também as chamadas revistas que no passado foram
Newton C. Braga a principal fonte de informação dos praticantes da eletrônica.
Renato Paiotti Estamos de volta e nessa segunda edição pode-se perceber
Luiz Henrique Correa Bernardes que dentro de uma abordagem que tem seu aspecto
Antonio Carlos Gasparetti tradicional, incluem-se recursos modernos e temas
José Carlos Valbão modernos.
Marcos de Lima Carlos Mesclamos nesta edição, como na anterior, artigos
novíssimos com as mais recentes tecnologias e
Administração: eventualmente até abordando perspectivas inéditas como a
Newton C. Braga (CEO) eletrônica quântica no artigo de nosso colaborador Antonio
Marcelo Lima Braga  Carlos Gasparetti, fichas de defeitos de equipamentos
(Gerente Administrativo) modernos, notícias e componentes, até artigos tradicionais
didáticos ou de projetos e artigos recuperados de revistas
Jornalista Responsável: antigas, que no entanto pelo tema abordado não tem apenas
Marcelo Lima Braga valor histórico, mas também ensinam coisas que todos que
MTB 0064610SP praticam eletrônica precisam saber. Além disso, levando em
conta a quantidade de consultas que tivemos de como
Colaboradores: colaborar, elaboramos um artigo ensinando como fazê-lo.
Pedro Berttoleti Lembramos que a publicação de trabalhos numa mídia
Luiz Henrique Correa Bernardes reconhecida é de fundamental importância para o currículo
Marcio José Soares que qualquer um que almeje uma colocação no mercado de
Alfonso Pérez tecnologia. É a sua oportunidade. Lembramos que a versão
virtual da revista é gratuita e que para a versão impressa,
Não é permitida a reprodução das ma­ paga-se apenas a impressão e frete o que (infelizmente)
térias publicadas sem previa autorização  ainda tem preço alto no nosso país. Estamos trabalhando
dos editores. Não nos responsabilizamos  intensamente para que isso mude. Tenham uma boa leitura.
pelo uso indevido do conteúdo de nossos 
artigos ou projetos.  Newton C. Braga
2 REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021
PROJETOS

ÍNDICE - N° 2 - JAN/FEV 2021


Oscilador Esaki - "O Oscilador Quântico" ....................... 30

COMO FUNCIONA
Como é Fabricado um Circuito Integrado ......................... 4
SCR - Teoria e Prática ..................................................... 18
Sensores Inerciais ........................................................... 48

MICROCONTROLADORES
Utilizando o DAC do ESP32 ............................................. 44

DICAS ÚTEIS
Sete cores com três LEDs .................................................53
Tubo de Esferográfica como separador .......................... 53

MATEMÁTICA APLICADA
Cálculos com Supercapacitores ..................................... 38

MUNDO DAS VÁLVULAS


Receptor Portátil Valvulado para 50 MHz ........................54

NOVAS TECNOLOGIAS
Inteligência Artificial ....................................................... 35

PRÁTICAS DE SERVICE
Ferramentas Essenciais para o Técnico Reparador .......... 41
Fichas de Reparações ..................................................... 55

BANCO DE CIRCUITOS
Driver para 20 LEDs ........................................................ 60
Sensor de nível de águas ............................................... 60

PROJETO DE CIÊNCIA
O Oxigênio do ar ............................................................. 28
Eletroímã ......................................................................... 41

Palavra do Leitor ............................................................. 12


Notícias e Componentes ................................................. 14
Como se tornar um colaborador ......................................61
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COMO FUNCIONA

Como é Fabricado
um Circuito
Integrado

Newton C. Braga
Este interessante artigo fez parte de um livro que
publicamos nos anos 90, mostrando a tecnologia qual por um processo espe‐
básica da época. A tecnologia evoluiu, mas a cial é difundida uma região
base é a mesma servindo assim para que o leitor N, conforme ilustrado na
tenha uma ideia da complexidade do processo de figura 2.
fabricação de um único componente, tão Partimos de um pedaço de
importante em nossos dias. material único e por um pro‐
cesso de difusão consegui‐
mos formar uma pequena
Para entender melhor o O material pode ser de silí‐ região de material N. apare‐
modo de fabricação de um cio ou o germânio e o com‐ cendo entre elas uma junção
circuito integrado será inte‐ portamento P (positivo) ou que então caracteriza o com‐
ressante partirmos da fabri‐ (negativo) se deve a presen‐ ponente.
cação dos diodos e dos ça de elétrons com excesso Podemos dizer de maneira
transistores. ou falta, que se consegue muito próxima da realidade
pela adição de determinadas que se trata de um processo
Circuitos Integrados impurezas como o alumínio, de integração de um compo‐
Conforme o leitor já deve o bismuto, etc. nente só!
saber, os diodos semicondu‐ Um tipo de diodo que mos‐ Basta então ligar os termi‐
tores são dispositivos forma‐ tra bem a técnica de fabrica‐ nais às duas regiões semi‐
dos por duas regiões de ção é aquele em que temos condutoras para termos o
materiais semicondutores P um pedaço de material P no componente pronto para ser
e N, segundo o símbolo mos‐
trado na figura 1 e havendo
entre elas uma junção.

Figura 2

Figura 1
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COMO FUNCIONA

Figura 3 intensas, com sinais de altas


frequências etc.
Para fabricar num processo
único diversos componentes
temos diversas possibilida‐
des que nos levam a diver‐
sos tipos de circuitos
integrados.
Os tipos de circuitos inte‐
grados que serão analisados
depois, representam uma
evolução das técnicas assim
encapsulado e usado. Veja Como todas as partes do como das aplicações. Assim,
figura 3. componente são fabricadas para maior facilidade de
Segundo o mesmo princí‐ num processo único, numa compreensão abordaremos
pio, podemos partir de um única pastilha, conhecida o tipo mais comum que é
material único (silício), uma por "chip", também não es‐ aquele em que todos os
pequena pastilha que na tamos longe da realidade di‐ componentes são fabricados
prática tem um diâmetro da zendo que se trata de uma num único chio (no início,
ordem de 1 mm ou menos, e integração de um único com‐ havia uma separação, pois
fazer um componente um ponente. transistores eram feitos num
pouco mais complexo. O desenho das regiões que chip, resistores noutro e as‐
Em lugar de difundirmos são difundidas no chip deter‐ sim por diante e depois eles
uma única região, difundi‐ mina as características eram interligados para resul‐
mos duas regiões de modo elétricas do transistor, se ele tarem no componente final
atermos duas junções. vai trabalhar com correntes que então era encapsulado).
Os materiais serão alterna‐ Assim, a primeira ideia foi a
dos quanto a polaridade, o de se fabricar não um, mas
que pode resultar numa es‐ diversos transistores num
trutura NPN ou PNP, confor‐ único chip, dando origem
me mostra a figura 4. aos chamados "arrays" con‐
O resultado disso é que te‐ forme mostra a figura 6.
mos agora um novo compo‐ A vantagem de um "array"
nente, um transistor, cujo Figura 5 pode ser resumida em dois
símbolo é visto na figura 5. fatores: ocupar menos espa‐
ço e, além disso, a possibili‐
dade de se obter transistores
com as mesmas característi‐
cas elétricas.

Figura 4 Figura 6

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COMO FUNCIONA

nentes limita bastante a ob‐


tenção de capacitores. As‐
sim, no máximo o que
podemos obter são capaci‐
tâncias de alguns picofarads
o que quer dizer que capaci‐
tores maiores quando neces‐
sários devem ser ligados
externamente.
Os diodos podem ser facil‐
mente integrados pois cons‐
tituem-se em simples
Figura 7
junções entre dois materiais
semicondutores de natureza
Pegando transistores isola‐ distância de separação, ou diferentes, conforme mostra
dos, de lotes diferentes, cer‐ seja, a espessura da junção. a figura 9.
tamente será muito difícil Veja figura 8. Bobinas de pequenas indu‐
encontrar dois com as mes‐ Infelizmente, o tamanho tâncias, como as usadas em
mas características como o muito pequeno dos chips em circuitos de alta frequência,
ganho, frequência de corte, que integramos os compo‐ podem ser obtidas a partir
etc.
O passo seguinte foi acres‐
centar ao mesmo chio outros
componentes. Para o resistor
não haverá muito problema.
O próprio material da pasti‐
lha, o silício e um semicon‐
dutor apresentado por isso
uma certa resistência. Se
deixarmos no material um
"canal" ou uma região de lar‐
gura, espessura e compri‐
mento apropriado, isso
equivalerá a um resistor, do Figura 8
valor que quisermos, confor‐
me mostra a figura 7.
Figura 9
Veja na figura temos um re‐
sistor "integrado" junto a um
transistor.
Um capacitor pode ser con‐
seguido com duas camadas
de materiais semicondutores
diferentes, separadas pela
junção que polarizada no
sentido inverso, as isola, fa‐
zendo as vezes de dielétrico.
A capacitância obtida vai de‐
pender da superfície das re‐
giões semicondutoras e da

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COMO FUNCIONA

Figura 10 Figura 12

de trilhas de materiais semi‐ integrado', tomando como nifica que, de um simples ta‐
condutores dispostas em es‐ exemplo o processo denomi‐ rugo podemos obter cente‐
piras conforme mostra figura nado "planar". nas de fatias, que por sua
10. Com a técnica descrita é vez dão origem a milhares
De mesma forma que no possível fabricar integrados de circuitos integrados. Veja
caso dos capacitores, se tanto com transistor comum figura 13.
num circuito precisarmos de (bipolares) corno com tran‐ No processo de fabricação
indutâncias maiores, deve‐ sistores MOS. já podem ser acrescentadas
mos usar componentes ex‐ Numa única fatia (waffer) as impurezas que determi‐
ternos. de silício podem ser fabrica‐ nam a polaridade do materi‐
dos simultaneamente deze‐ al. Assim, para os integrados
Circuitos Integrados nas ou centenas de circuitos com transistores bipolares
A obtenção de um circuito integrados de urna vez só. acrescentam-se impurezas
integrado com todos estes Vejamos então como ocorre do tipo P. ao mesmo tempo
elementos já interligados de isso. Veja figura 12. em que para os CIs do tipo
maneira determinada, con‐ Partimos de um tarugo de MOS as impurezas podem
forme um amplificador por silício monocristalino de na‐ ser tanto do tipo P como N,
exemplo, mostrado na figura tureza muito pura que é pro‐ dependendo do tipo de dis‐
11, exige uma técnica bas‐ duzido em fornos especiais. positivo a ser fabricado.
tante complexa que vai des‐ Este tarugo é cortado em fa‐ Como o corte da fatia apre‐
de o simples desenho da tias (waffers). O tarugo nor‐ senta irregularidades que
estrutura até sua elabora‐ malmente tem um diâmetro devem ser eliminadas num
ção. da ordem de 5 cm e uma al‐ banho corrosivo e um poli‐
Vamos então analisar de tura da ordem de 30 cm e mento reduzem sua espes‐
um modo simples e direto cortado em fatias de apenas sura a aproximadamente
como é fabricado um circuito 1 mm de espessura. Isso sig‐ 200 µm.

Figura 11

Figura 13

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COMO FUNCIONA

Figura 14 forme ela é girada a grande


velocidade. Desta forma, te‐
mos o aparecimento de uma
camada de ordem de 1 µm
de espessura na fatia, con‐
forme mostra a figura 15 em
perfil.
A substância foto resisten‐
te polimeriza sob a ação da
luz e com isso passa a resis‐
tir a ação de solventes ao
mesmo tempo em que o ma‐
terial não exposto pode ser
facilmente removido pela
Pequenas distorções das tor. ação de solventes.
características do material Para formar o óxido, as fati‐
podem ocorrer na fatia cau‐ as são colocadas num forno Uso da máscara
sando assim problemas loca‐ aquecido a 1100 graus Cen‐ Neste ponto já podemos fa‐
lizados, o que leva os Cls tígrados e submetidas a um zer a gravação do padrão
fabricados naqueles pontos fluxo de oxigênio com vapor que vai representar o nosso
ase/em rejeitados, mas nos de água. As fatias são manti‐ circuito integrado, usando
processos modernos a taxa das neste forno até que se para esta finalidade uma
de rejeição é bastante pe‐ forme uma película de óxido máscara. Esta máscara con‐
quena. de apenas 0,5 µm (micróme‐ siste em regiões que deixam
De posse do waffer, o que tros). Veja figura 14. e que não deixam passar a
temos de fazer a transferir o Depois disso é colocada so‐ luz conforme as áreas da fa‐
"desenho" do integrado para bre a fatia uma gota de uma tia que devam ser ou não re‐
ele formando assim as regi‐ substância denominada "fo‐ movidas (foto resistente).
ões que vão ser componen‐ to resistente" pois tem suas A máscara já contém o de‐
tes e as suas interligações. propriedades dependentes senho de todos os integra‐
O próximo passo a ser da‐ da incidência de luz ultravio‐ dos que vão ser gravados na
do na fabricação do integra‐ leta, ou seja, é sensível co‐ fatia, ou seja, de todos os
do consiste na formação de mo um filme fotográfico. "chips" que queremos fabri‐
uma máscara de óxido. Para que esta substância re‐ car, conforme ilustra a figura
cubra a fatia de maneira uni‐ 16.
A máscara de óxido
A formação de uma fina pe‐
lícula de dióxido de silício so‐
bre a fatia onde vão ser
gravados os integrados é de
grande importância para o
processo. Isso porque este
óxido permite a gravação se‐
letiva dos elementos do cir‐
cuito e pode ao mesmo
tempo ser atacado por subs‐
tâncias usadas no processo
sem atingir, no entanto, o
próprio material semicondu‐ Figura 15

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COMO FUNCIONA

em se dar um banho de áci‐


do fluorídrico na fatia, o qual
ataca a camada de óxido ex‐
pondo nas janelas abertas
pelo processo de gravação o
silício. Finalmente, conforme
mostra a figura 18 a camada
foto resistente é removida
de modo a deixar apenas a
camada de óxido e o silício,
mas já disposto na configu‐
ração que vai determinar o
Figura 16 tipo de circuito integrado.

A fatia contendo a máscara tempo em que a camada fo‐


é então submetida a um "ba‐ to-resistente que não rece‐
nho de luz ultravioleta", indo beu luz é removida, dando
depois para a revelação. Na assim acesso a camada de
revelação, as áreas que fo‐ óxido que está logo abaixo.
ram expostas a luz firmam- Veja figura 17.
se e se mantém ao mesmo O próximo passo consiste Figura 18

Camada epitaxial
O próximo passo na fabri‐
cação de Cl consiste na for‐
mação de uma fina camada
epitaxial abaixo da capa de
óxido e acima do silício. Esta
camada terá polaridade dife‐
rente do material original,
que passará a ser uma es‐
pécie de suporte ou substra‐
to para o componente
Esta camada é conseguida
fazendo-se difundir substân‐
cia dopantes no silício num
forno de indução a uma tem‐
peratura que varia entre
1000 e 1200 graus centígra‐
dos.

Isolamento e interliga‐
ções
O silício é condutor, o que
significa que os diversos
componentes que formam
os integrados precisam ser
Figura 17 isolados entre si e isolados

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COMO FUNCIONA

do substrato. As ligações en‐ Com a difusão de novas os circuitos integrados. As


tre os componentes da for‐ impurezas temos então a dimensões reduzidas destas
ma que se deseja são feitas formação das regiões que pastilhas tornam esta opera‐
pela disposição de uma fina determinam cada compo‐ ção bastante delicada. Veja
película metálica. nente. Na figura temos uma figura 21.
Veja que o isolamento pode região do integrado em que Com os chips separados te‐
ser natural se um elemento se formou um transistor. mos agora a operação de en‐
N for polarizado inversamen‐ capsulamento e soldagem. A
te em relação ao ele‐ utilização de um invó‐
mento P que consiste lucro visa não só prote‐
no substrato. Um re‐ ger o chip das
sistor, por exemplo, impurezas do ar ou
fica isolado do subs‐ mesmo contato com
trato se operar polari‐ quem o manuseia, co‐
zado inversamente mo também facilitar o
em relação a ele, trabalho de montagem
conforme mostra a num equipamento.
figura 19. A pastilha é então
Este fato é muito Figura 19 fixada numa base ou
importante quando invólucro que já con‐
se usa um integrado, tém os terminais e são
pois devemos tomar soldados finíssimos fios
cuidado em nunca de ouro que fazem con‐
superar a tensão que tato com as regiões de‐
polariza o componen‐ terminadas já no
te inversamente. Se projeto.
isso ocorrer, com Com isso o invólucro
uma inversão de po‐ Figura 20 já pode ser selado e
laridade, acima dos depois do teste um a
valores previstos, o um, o circuito integrado
componente pode está pronto para uso.
ser destruído.
Este processo de Tipos e especifica‐
isolamento por pola‐ ções
rização inversa, pela A possibilidade de se
sua facilidade de ob‐ formar na pastilha di‐
tenção é o mais usa‐ versos tipos de compo‐
do, bastando então Figura 21 nentes e de se fazer
que o substrato seja sua interligação da for‐
mantido na tensão mais ne‐ Corte e encapsulamento ma que bem entendermos
gativa existente no circuito No final do processo já te‐ leva a uma variedade incrí‐
para que tudo funcione co‐ mos o componente em si, vel de tipos e especifica‐
mo o esperado. Outras técni‐ com os elementos formados ções.
cas de isolamento existem e interligados na minúscula Assim, além do circuito in‐
como a que faz uso de óxido pastilha de silício. O próximo terno equivalente que pode
ou então ilhas em que se di‐ passo consiste em se fazer o variar de uma maneira qua‐
fundem regiões de polarida‐ corte de fatia separando ca‐ se que ilimitada também te‐
de apropriada, conforme da uma das pequenas pasti‐ mos as próprias aparências
mostra a figura 20. lhas ou chips que vão formar externas ou invólucros.

10 REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021
COMO FUNCIONA

Figura 22 Figura 23

Existem diversos tipos de mente existem uma marca ro 741 sua codificação, dan‐
invólucro que são mostrados identificando o pino 1. Para do origem a indicativos co‐
na figura 22. os DIL também existe a mar‐ mo: SN72741, NE741, uA741
O primeiro é um invólucro ca que identifica o pino 1 ou onde tudo que for a mais que
circular, mais antigo que ho‐ então nos orientamos pela "741" refere-se ao fabricante
je quase não é usado. O se‐ meia lua. do componente.
gundo é um invólucro SIL Os tipos recebem denomi‐ Outra família é a dos inte‐
(Single in Line) ou de pinos nações codificadas que de‐ grados TTL que começa na
alinhados, muito usado com pendem primeiramente do série normal sempre com a
circuitos integrados de po‐ fabricante e da função. Não numeração "74". Temos en‐
tência como amplificadores, existe como no caso dos se‐ tão os tipos 7401, 7442,
pois facilita a montagem dei‐ micondutores uma codifica‐ 7474, etc. Siglas procedendo
xando a superfície lateral do ção padronizada que já esta marcação indicam o fa‐
componente livre para con‐ indique o que o componente bricante como: SN7472, etc.
tato com um dissipador de é e o que faz, corno no caso Também temos a família
calor, e o terceiro é o mais de transistores e diodos. CMOS os integrados come‐
usado de todos, o DIL ou Du‐ Apenas para algumas "fa‐ çam com a numeração 40,
al In Line. No DIL temos duas mílias" é que temos um códi‐ como por exemplo 4020,
filas de terminais paralelos e go mais geral que facilita a 4017, 4011, etc. Siglas como
tanto sua separação como identificação. Denominamos "CD" podem iniciar o fabri‐
número são padronizados. de "famílias" grupos de inte‐ cante.
Os padrões mais comuns grados que tenham uma De qualquer forma como
são os de 8 pinos, 14 pinos, finalidade determinada. cada tipo é um tipo, para sa‐
16 pinos, 20 pinos e 40 pi‐ Temos assim a "família" bermos exatamente o que
nos, mas existem outras dos lineares que incluem faz cada integrado a única
configurações e até tama‐ amplificadores, comparado‐ saída é consultar um manual
nhos, como por exemplo os res etc, e que têm no tipo ou o datasheet pela internet.
tipos usados em montagem 741 o mais comum. Assim,
de superfície (SMD) que são muitos fabricantes simples‐
extremamente pequenos. mente acrescentar ao núme‐
Veja figura 23.
Figura 24
Existem também encapsu‐
lamentos especiais de base
de porcelana, mas estes são
encontrados em equipamen‐
tos militares, em computa‐
dores, etc.
Na figura 24 temos o modo
de se fazer a identificação da Clique ou fotografe o
numeração dos pinos. Para QR-Code acima para saber
os invólucros SIL normal‐ mais sobre o assunto.

REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021 11
A Palavra
do Leitor E se você deseja ter sua men‐
sagem nesta seção, ou ainda
nos fazer uma consulta, lem‐
bramos que nosso canal é: lei‐
tor@newtoncbraga.com.br.

saíram naquelas revistas. É essa forma de energia limpa


só acessar e existem tam‐ e, por sinal, bem abundante
bém artigos novos que fiz aqui no Brasil. Realmente se‐
depois que as revistas fecha‐ ria muito interessante um
ram. Trabalhei com todas na painel com uma eficiência
época. Fui diretor da Saber e mais alta. Isso faria com que
Alex Sandro Santos Lima colaborei com a antenna e a quantidade de painéis ins‐
Ferreira eletrônica popular onde ti‐ talados e a área necessária
É com grande alegria que nha uma seção Eletrônica para isso fosse reduzida
recebi essa novidade, uma Para Juventude. O Gilberto drasticamente. Por exemplo,
revista de eletrônica aos foi um grande amigo. Até ho‐ aqui em casa tem 6 painéis
moldes daquelas dos anos je mantenho contato com com potência aproximada de
70,80 e 90! Quando folheei sua filha Beatriz. 150Wp (Watts de pico), sen‐
(virtualmente, vou comprar Sim, isso mesmo, "Saber do que cada um deles tem
a revista física no clube dos eletrônica" - ainda tenho uma eficiência de 15 % - os
autores) me bateu uma nos‐ exemplares. tudo extinto. painéis maiores geralmente
talgia gostosa, obrigado em especial adquiria a " ele‐ têm uma eficiência maior.
Newton C Braga por essa trônica popular " e " anten‐ Mas provavelmente isso ain‐
oportunidade ímpar de revi‐ na", do colega radioamador da levará um tempinho para
ver tudo isso, vida longa a Gilberto Affonso Penna foi o chegar ao mercado e quando
revista, estarei presente nas período áureo das revistas chegar, provavelmente será
próximas edições. de eletrônica. em um preço bem elevado
Newton C. Braga (sendo que - como forma de
Heitor Vianna (Araruama compensação - a quantidade
– RJ) Hugo Max M. Teixeira de painéis necessária será
Ainda tenho aqui exempla‐ Sobre Trebuchet Número 4 bem baixa em comparação
res da revista Nova Eletrôni‐ - Olá, professor Newton. Co‐ com os de hoje). No final, tu‐
ca, onde o sr. atuava. Ainda mo sempre, uma ótima aula do é questão de tempo. Mas
existe a revista? bem explicativa e bem dire‐ deixo aqui uma mensagem:
Não existe mais. Eu atuava ta. Montei um pequeno siste‐ quem estiver querendo mon‐
na Saber Eletrônica e Ele‐ ma solar fotovoltaico tar um "sisteminha para tes‐
trônica Total que também (Off-Grid, ou seja, com bate‐ tes" (sem ser de grande
não existem mais. Estou dis‐ rias e sem conexão direta potência), não fique com
ponibilizando no meu site os com a rede da concessioná‐ medo um painel de 20 ou 60
artigos de minha autoria que ria) aqui em casa para testar Watts (apesar de não ter um

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PALAVRA DO LEITOR

custo/benefício tão agradá‐ Jota Cruz gente dá no nosso podcast -


vel), um pequeno conversor Sobre a Revista: depois de http://retrocomputaria.com.‐
DC/DC (para controlar a ten‐ aprender o básico de ele‐ br - pra parte em que a gen‐
são) e uma bateria (para que trônica, comecei a sentir fal‐ te fala de recuperações de
o circuito não pare de funcio‐ ta de um material como computadores clássicos.
nar quando passar uma nu‐ esse. baixei uma versão em Um abraço e muito sucesso
vem no céu) é ótimo para pdf e estou gostando bastan‐ nessa nova (velha? Não,
alimentar pequenos circuitos te. a revista está interativa clássica, velho é seu Ardui‐
eletrônicos que montamos no limite que nossa tecnolo‐ no) empreitada!
como forma de aprendizado gia permite para um livro. É Resposta da redação: Mas,
- ou até para um projeto possivel fazer PDFs interati‐ é justamente isso que esta‐
mais profissional. vos com play de áudio e ví‐ mos fazendo no caso de pro‐
deo mais fora do formato jetos antigos.
José Manuel digital não tem muito uso
Sobre a Revista: Boa tarde prático, sem falar que não Nery Leite
a todos. Antes de mais, que‐ abre em qualquer dispositi‐ Falando de válvulas: Caro
ro dar os parabéns por esta vo. a propósito, sou seu alu‐ Newton. Mais uma vez para‐
iniciativa ao Mestre Newton no lá na Udemy. béns por sua aula. Um fator
e a toda a equipa que faz limitante para a qualidade
parte deste Instituto. É bom Juan Castro da reprodução do som, quer
voltar a lembrar as antigas Que felicidade ver a notícia seja sistema valvulado ou
edições da revista Saber do lançamento desta revis‐ por semicondutores são, ob‐
Electrónica, mas é com todo ta! Memórias boas de mon‐ viamente os alto-falantes e
agrado que vejo renascer tar circuitos da Saber caixas acústicas. Gostaria
uma revista em formato digi‐ Eletrônica nos anos 70 e 80. também que falasse sobre
tal, com técnicas de outros Principalmente a memória ruído térmico produzido pelo
tempos aplicadas à tecnolo‐ olfativa, do fluxo de solda aquecimento dos filamentos
gia actual, como a tecnolo‐ queimando na ponta do fer‐ das válvulas. Ah! Uma última
gia Arduino, IOT e Raspberry. ro. Me veio à cabeça uma observação, a mais impor‐
Confesso que me sinto muito coisa: vários dos circuitos tante é sobre o espectro de
orgulhoso de poder estar en‐ dessas revistas antigas, ape‐ respostas do ouvido do ou‐
tre os melhores técnicos de sar de serem relativamente vinte.
electronica a nível mundial. simples, são difíceis de mon‐
Num futuro próximo, preten‐ tar hoje em dia por dificulda‐ Vander Olmo Corrêa
do colaborar nesta revista de de achar algum Sobre o lançamento da Re‐
com artigos técnicos sobre componente em particular. vista: Maravilhosa a iniciati‐
Automação e electronica In‐ Aí sugiro o seguinte: Que tal va, professor Newton. A
dustrial que é a minha área pegar um desses circuitos minha já baixei semana pas‐
de trabalho preferida e onde antigos da Saber Eletrônica, sada e está sensacional. Não
estou bastante confortável. fazer as adaptações neces‐ sou formado em engenharia,
Para toda a equipa do Insti‐ sárias e publicar a versão mas como sou formado em
tuto Newton C Braga, quero adaptada, equivalente à ori‐ física creio que poderia cola‐
desejar a continuação de ginal mas possível de mon‐ borar com a revista escre‐
umas boas festas e um ano tar com componentes vendo artigos para a mesma
de 2021 cheio de sucesso encontráveis (ou menos difí‐ e postando na coluna do lei‐
nas vossas publicações. ceis de encontrar) hoje em tor. Gostaria de saber se há
Cumprimentos - José Manuel dia? Dá pra chamar essa se‐ essa possibilidade. Abraços
Sousa (Portugal) ção de Rise From Your Grave para toda a equipe da revis‐
- é o mesmo nome que a ta INCB Eletrônica.

REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021 13
Notícias e Componentes
Notícias Clique ou fotografe os QRCode para mais detalhes

Papel de parede também é alto-falante nologia apresentada pela Xiaomi. Essa em‐
Cientistas da Universidade de Chemnitz presa anunciou recentemente a tecnologia
(Alemanha) desenvolveram uma tecnologia Mi Air Charge que permite que você carre‐
que permite montar painéis ou pequenos gue seu celular, sem fio, dentro de um quar‐
módulos extremamente finos capazes de re‐ to ou sala, por exemplo.
produzir sons. A ideia é que, ao mesmo tem‐ É claro que ainda existem algumas limita‐
po que possam servir na decoração, os ções e obstáculos que devem ser considera‐
painéis feitos com estas tecnologias tam‐ dos como a necessidade de uma antena
bém funcionem como transdutores, no caso, muito bem posicionada e um conjunto de 14
alto-falantes. Esses alto-falantes “impres‐ antenas separadas no celular para receber
sos” são aplicados com uma tecnologia de as ondas milimétricas que transportam a
rolos em lugar de placas. Assim, materiais energia. Segundo a Xiaomi o sistema pode‐
piezoelétricos são aplicados numa parede da rá estar disponível em 2022.
mesma forma que tinta, através de rolos que
se prendem a um substrato. Na foto, um Centésimo aniversário da palavra Ro‐
exemplo, de um lustre decorativo que é ao bot
mesmo tempo um alto-falante surround. Foi no mês de janeiro de 1921 que Karel
Mais informações no jornal Advanced Mate‐ Capek lançou seu livro R.U.R. (Rossum Uni‐
riais que publicou a pesquisa. versal Robots) onda a palabra em Tcheco Ro‐
boti. Segundo Capek a palavra Roboti foi
sugerida por seu irmão e pegou.
O livro conta a históriade um cientista que
desenvolveu uma substância semelhante ao
protoplasma e com ela fabricou criaturas
que tinha por finalidade ajudar os humanos
realizando trabalho forçado.
A palavra robô na verdade também vem de
robota que em tcheco e algumas outras lín‐
guas eslavas, significa trabalho escravo.

Carregadores de Celular sem Fio a


Longa Distância
Cada vez mais a ideia de se transmitir
energia sem fio apregoada por Tesla vai en‐
contrando soluções que a tornam viável nu‐
ma infinidade de aplicações. A possibilidade
de se carregar um celular a longa distância
está se tornando uma realidade com a tec‐

14 REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021
NOTÍCIAS E COMPONENTES

Projetor da ASUS lembra uma xicara de


café ou leite Componentes
A CES (Consumer Electronics Show) que
ocorre em Las Vegas todos os anos no início
de janeiro traz uma infinidade de novidades, ICM-20948 9-DoF Unidade de Medida
muitas que nem sempre pegam, mas sem Inercial
dúvida são muito interessantes. É o caso do A Unidade de medição inercial (IMU) ICM-
projetor de filmes e imagens Zem Bean Lat‐ 20948 9-DoF da Adafruit foi projetada para
te que a empresa insiste em dizer que se pa‐ detectar orientações usando medições iner‐
rece com uma xícara de leite e que projeta ciais. Este sensor possui um Digital Motion
imagens de 720p x 300 lumens e tem ainda Processor (DMP) integrado e fornece uma in‐
um alto falante de 10W Harman Kardon-tu‐ terface I2C auxiliar para sensores externos.
ned integrado. Este sensor IMU está montado em uma pla‐
ca com um regulador de tensão de 1,8 V e
está disponível nas dimensões de 25,7 mm
x 17,7 mm x 4,6 mm. A placa ICM-20948 9-
DoF IMU foi projetada para capturar 9 tipos
distintos de dados relacionados a movimen‐
to e orientação. Nesta placa de 3x3mm, te‐
mos duas matrizes de sensor, incluindo um
acelerômetro de 3 eixos MEMS e um giroscó‐
pio com o magnetômetro de 3 eixos
AK09916.

Campainha de aproximação para a pan‐


demia
Este é um dos muitos produtos da CES
(Consumer Electronics Show) de 2021 com
foco na pandemia. Por que não acionar a
campainha de casa por aproximação. É jus‐
tamente o que faz esta campainha sem fio
da Arlo. Além de usar a tecnologia sem to‐ TPA6304-Q1 - Amplificador de Áudio
que, ela contém um sistema de vídeo e se‐ Classe D
gunda a empresa um custo acessível. O amplificador de áudio classe D da Te‐
xas Instruments TPA6304-Q1 consiste num
amplificador de áudio Burr-Brown ™ classe D
de quatro canais com entrada analógica. Tra‐
balhando numa frequência de comutação
PWM de 2,1 MHz, este dispositivo permite
uma solução de custo otimizado em um ta‐
manho de PCB muito pequeno de 2,7 cm2,
entradas de terminação única de alta impe‐
dância e operação total com até 4,5 V. para‐
da. O amplificador de áudio Texas
Instruments TPA6304-Q1 Classe-D tem um
design ideal para uso em unidades principais

REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021 15
NOTÍCIAS E COMPONENTES

alimentados por bateria. Os amplificadores


de corrente ultrabaixa da Infineon Technolo‐
gies BGA123N6 / BGA125N6 são especifica‐
dos com uma ampla faixa de tensão de
alimentação de 1,1 V a 3,3 V, permitindo um
design flexível e alta compatibilidade. Além
de GPS L2 e L5, o GNSS LNA também cobre
as bandas Galileo E5a, E5b, E6, Glonass G3,
G2, Beidou B3, B2 e IRNSS / NAVIC.

automotivas de nível básico que operam


com sinais de entrada de áudio analógico co‐ DRV8256E/DRV8256P – Pontes H Drivers
mo parte de seu design de sistema. A topo‐ de Motor
logia Classe-D melhora drasticamente a Os drivers de motor em ponte H da Texas
eficiência em relação às soluções de amplifi‐ Instruments DRV8256E / DRV8256P são dri‐
cadores lineares tradicionais. A frequência de vers simples para uma ampla variedade de
comutação de saída pode ser definida acima aplicações industriais. Os dispositivos inte‐
ou abaixo da banda AM. Se a frequência de gram uma ponte H de canal N, regulador
comutação de saída for definida acima da com bomba de carga, sensor e regulação de
banda AM, ela elimina a interferência da ban‐ corrente, além de um circuito de proteção. A
da AM e reduz o tamanho e o custo do filtro detecção de corrente integrada permite que
de saída. Se a frequência de comutação de o driver regule a corrente de pico do motor
saída for definida abaixo da banda AM, isso durante a inicialização e eventos de alta car‐
otimizará ainda mais a eficiência. O disposi‐ ga. Um limitador de corrente pode ser defini‐
tivo está disponível em um invólucro HTSSOP do com uma referência de tensão externa
de 44 pinos. ajustável. O sensor de corrente integrado
usa uma arquitetura de espelho de corrente
interna, eliminando a necessidade de um
BGA123N6/BGA125N6 Amplificadores Com grande resistor de derivação, economizando
Corrente Ultrabaixa área da placa e reduzindo o custo do siste‐
A Infineon Technologies apresenta os am‐ ma. Um modo de hibernação de baixa cor‐
plificadores de corrente ultrabaixa rente é incluído para se obter um consumo
BGA123N6 / BGA125N6, projetados para apli‐ de corrente quiescente ultrabaixo, desligan‐
cações L2 / L5 com uma faixa de frequência do a maioria dos circuitos internos. Recursos
operacional de 1164 MHz a 1300 MHz. Os de proteção interna são também incluídos
amplificadores BGA123N6 / BGA125N6 ofe‐ para bloqueio de subtensão de alimentação
recem bom desempenho e garantem alta (UVLO), subtensão da bomba de carga
sensibilidade com um consumo de energia (CPUV), sobrecorrente de saída (OCP) e so‐
ultrabaixo de 1,5 mW, o que os torna ideal bretemperatura do dispositivo (TSD). As con‐
para ideal para pequenos dispositivos GNSS dições de falha são indicadas em nFAULT.

16 REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021
REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021 17
COMO FUNCIONA

SCR
Teoria e Prática
Newton C. Braga

Os SCRs ou diodos controlados de silício podem


funcionar como elementos de disparo de circuitos
eletrônicos, como relês de estado sólido, como
osciladores de alta potência, como controles de
potências em circuitos de corrente alternada, em
circuitos de shield para microcontroladores e em
uma infinidade de aplicações em que outros
semicondutores tais como transistores e diodos
comuns não podem ser usados.
Por que tudo isso?
Os SCRs têm uma estrutura tal que manifesta
propriedades elétricas que permitem que ele seja Figura 1 – O diodo
usado em todas estas aplicações. Assim, de modo
inicial podemos dizer que o que diferencia um
SCR de outros componentes comuns tais como di‐ Vemos que na região de
odos retificadores, e transistores é a sua estrutu‐ polarização direta o diodo a
ra que lhe confere propriedades bem definidas partir de determinada ten‐
das quais passamos a falar a seguir. são manifesta resistências
muito baixas conduzindo in‐
tensamente a corrente, ao
O QUE É UM SCR mente quando polarizada no mesmo tempo em que na re‐
Se tivermos dois pedaços sentido direto e não conduzir gião de polarização inversa o
de materiais semicondutores praticamente a corrente lhe diodo manifesta resistências
unidos, um do tipo P e outro oferecendo uma resistência muito altas não conduzindo
do tipo N de modo que entre muito alta, quando polariza‐ praticamente a corrente até
eles haja uma junção, a es‐ da no sentido inverso (figura o instante em que é atingida
trutura assim formada mani‐ 1). Na figura 2 (próxima a tensão de ruptura inversa
festará propriedades bem página) podemos ver repre‐ do diodo ou tensão zener.
definidas que caracterizam o sentado as propriedades Neste momento o diodo
que denominamos diodo se‐ elétricas manifestadas por também conduz a corrente
micondutor. Esta estrutura esta estrutura pelo que cha‐ no sentido inverso, mas para
se comporta no sentido de mamos de curva caracte‐ os diodos comuns isso acar‐
conduzir a corrente intensa‐ rística do diodo. reta sua destruição.

18 REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021
COMO FUCNIONA

Para determinados valores


da corrente de base, temos
correntes definidas de cole‐
tor em função da tensão nes‐
te mesmo elemento.
Estas características per‐
mitem que o transistor seja
usado como dispositivo am‐
plificador de sinais, já que
uma pequena corrente apli‐
cada a sua base fará circular
Figura 2- Característica do diodo uma corrente mais intensa
em seu coletor. Variações da
corrente de base podem,
Figura 4 – O transistor portanto, ser traduzidas por
variações maiores da corren‐
te de coletor. Partindo então
de um componente de 3 ca‐
madas de materiais semi‐
condutores chegamos ao
componente de 4 camadas
que é justamente o SCR.
O SCR se enquadra, por‐
tanto, na família dos disposi‐
Figura 3 – Tipos de diodos tivos denominados Tiristo‐
res, ou seja, dispositivos
Estas características de de modo a termos duas jun‐ destinados a comutação de
conduzir a corrente num ções, conforme mostra a alta velocidade. Na figura 6
sentido e bloquear em outro, figura 4. temos então a estrutura de
de ter certos valores limites Esta estrutura apresenta um SCR (diodo controlado de
tanto para a circulação da propriedades elétricas bem silício) em que 4 pedaços de
Corrente no sentido direto definidas que podem ser da‐ materiais semicondutores
como no inverso é que deter‐ das por uma família de cur‐ formam uma estrutura que
minam as aplicações dos di‐ vas conforme o indicado na lhe dá a denominação “dio‐
odos semicondutores na figura 5. dos de 4 camadas".
prática.
Existem, portanto, muitos
tipos de diodos que tem es‐
truturas estudadas de modo
a aumentar os limites dados
por estas características vi‐
sando assim aplicações es‐
pecíficas (figura 3).
O próximo componente a
ter sua estrutura analisada é
o transistor. O transistor é
formado por três pedaços de
materiais semicondutores de
tipos diferentes alternados Figura 5 – Família de curvas de um transistor
REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021 19
COMO FUNCIONA

Figura7 – SCR sím‐


bolo e curvas

Figura 6 – Estrutura do SCR

Na figura 7 temos o símbo‐ dor, ou seja, um diodo, mas mesmo podendo ter seu fun‐
lo adotado para representar que possui um eletrodo a cionamento equivalente ao
um SCR assim como a curva mais que permite que acor‐ de dois transistores, as ca‐
característica que ele apre‐ rente retificada seja contro‐ racterísticas lembram muito
senta e por onde podemos lada externamente. Este mais os diodos comuns.
analisar seu funcionamento. componente faz parte da im‐ Conforme o leitor pode ver
As quatro camadas de ma‐ portante família dos tiristo‐ o SCR possui três terminais
teriais semicondutores que res. que recebem denominações
formam a estrutura do diodo específicas:
controlado de silício equiva‐ COMO FUNCIONAM OS SCRs A para o anodo
lem na realidade a dois tran‐ Conforme vimos no item C ou K para o catodo
sistores, um PNP e outro NPN anterior a estrutura do SCR G para a comporta ou “ga‐
ligados de tal modo a formar se compara a de dois tran‐ te"
uma chave regenerativa. sistores ligados de modo a Na estrutura equivalente
Como o princípio de fun‐ formar uma chave regenera‐ formada por transistores, o
cionamento dos transistores tiva. Veja o leitor que, se na anodo corresponde ao emis‐
é mais conhecido de nossos realidade o SCR equivale a sor do primeiro transistor
leitores podemos partir des‐ dois transistores porque re‐ que é um do tipo PNP, o ca‐
te circuito equivalente mos‐ presentá-lo por um símbolo todo corresponde ao emissor
trado na figura 8 para que muito mais nos lembra do segundo transistor que é
explicar o princípio de funci‐ um diodo? um do tipo NPN ao mesmo
onamento do SCR. O fato é que na realidade tempo em que a comporta
Como neste primeiro item as características de condu‐ corresponde à base do se‐
estamos vendo apenas o ção obtidas com esta estru‐ gundo transistor.
que é um SCR, terminamos tura lembram muito mais os A base do primeiro transis‐
completando que o SCR é diodos do que propriamente tor está ligada ao coletor do
então no fundo um retifica‐ os transistores. Em suma, segundo, e ao mesmo tempo

Figura 8 – A chave
regenerativa Figura 9 – As estruturas equivalentes

20 REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021
COMO FUCNIONA

Figura 11 –
As correntes
na estrutura
equivalente

Figura 10 – Controlando uma


série com o SCR nestas con‐ transistor aumenta a corren‐
lâmpada
dições permanecerá apaga‐ te de coletor do primeiro
da, conforme sugere a figura transistor (figura 11).
a base do segundo transistor 10. Mas, a corrente de coletor
está ligada ao coletor do pri‐ - Se agora for estabelecida do primeiro transistor é jus‐
meiro. O funcionamento des‐ uma pequena tensão positi‐ tamente a corrente de base
te circuito pode então ser va em relação ao catodo na do segundo, o que significa
explicado da seguinte ma‐ comporta do SCR, fazendo que agora volta o primeiro
neira: (figura 9) com que uma corrente pe‐ transistor a ser excitado
- Ligando inicialmente a ali‐ quena circule entre a base num efeito de realimentação
mentação do circuito de mo‐ do segundo transistor (Q2) e ou regeneração.
do que uma tensão positiva seu emissor, o SCR mudará Isso significa que mesmo
em relação ao catodo seja de estado. que a pequena corrente que
aplicada ao anodo, o SCR se Polarizando a junção deste tenha dado início ao proces‐
comporta como um circuito transistor Q2 no sentido dire‐ so ao ser aplicada na base
aberto, não havendo condu‐ to de condução (junção do segundo transistor, tenha
ção apreciável de corrente, a emissor-base) o transistor desaparecido, ela já terá da‐
não ser uma pequena fuga terá também sua corrente do início ao processo de rea‐
que normalmente ocorre de coletor aumentada numa limentação que leva tanto
nestes componentes. proporção que depende do um como outro transistor a
Uma pequena corrente que ganho deste mesmo transis‐ terem suas correntes de co‐
pode ser considerada des‐ tor. letor aumentadas numa pro‐
prezível circula entre a base Lembramos que a corrente porção que mantém ambos
do primeiro transistor (Q1) e de coletor será tantas vezes conduzindo intensamente a
o coletor do segundo (Q2) ao maior que a corrente de ba‐ corrente.
mesmo tempo em que uma se quanto for o ganho do Assim, tanto um como ou‐
pequena corrente circula en‐ transistor. Ora, a corrente de tro transistor conduzindo a
tre a base do segundo tran‐ coletor do segundo transis‐ corrente, haverá a circulação
sistor (Q2) e o coletor do tor (Q2) é justamente uma de uma forte corrente princi‐
primeiro. O resultado é que a corrente que circula num pal pelo SCR que pode ali‐
corrente entre o anodo e o sentido que polariza a jun‐ mentar o circuito de carga. O
catodo do SCR não pode ser ção emissor-base do primei‐ SCR terá sido “ligado".
considerada como existente ro transistor no sentido de, Veja o leitor que basta uma
para efeitos práticos. também fazê-lo conduzir. Es‐ pequena corrente para dar
O SCR estará desligado. ta corrente de base conse‐ início ao processo para que o
Uma lâmpada ligada em quentemente no primeiro SCR comute para o seu esta‐

REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021 21
COMO FUNCIONA

do de plena condução e as‐ de tensão neste componente correntes de base, e nos


sim continua mesmo depois que tem um valor típico en‐ transistores comuns esta
de cessada a corrente de tre 1 e 2 volts. Esta queda de corrente está limitada a va‐
comporta inicial. Veja tam‐ tensão no SCR multiplicada lores muito baixos. Isso quer
bém o leitor os sentidos de pela intensidade da corrente dizer que se fizermos um
circulação de todas as cor‐ que ele controla nos dá a po‐ SCR improvisado usando
rentes: tência que o mesmo deverá dois transistores, a capaci‐
A corrente de disparo deve dissipar em forma de calor. dade de corrente deste SCR
circular no sentido da com‐ Considerando-se, no en‐ não será dada pela corrente
porta para o catodo, vencen‐ tanto, que as correntes nor‐ máxima que cada um pode
do no caso apenas a barreira malmente são grandes e que permitir circulando por seus
de potencial existente numa as tensões são muito maio‐ coletores, mas sim pela sua
única junção. Isso significa res nas aplicações práticas, corrente máxima de base
que para os SCRs comuns, a da ordem de 110 ou 220 V, a que em geral é muito me‐
tensão que se precisa para potência perdida num SCR é nor.
vencer esta barreira de po‐ extremamente pequena. Os SCRs são estruturados
tencial é da ordem de 0,2 à Por exemplo, no controle justamente de modo a admi‐
0,6 V e que a corrente míni‐ de uma carga de 440 Watts tir elevadas correntes princi‐
ma que deve circular nestas numa rede de 110 V com um pais que podem ir desde
condições dependerá do ga‐ SCR comum em que a circu‐ fração de ampère até mais
nho dos transistores ”equi‐ lação de corrente será da or‐ de 1 000 ampères para os ti‐
valentes" o que está dem de 4 A, no SCR a pos industriais, de grandes
diretamente condicionado potência dissipada estará dimensões conforme mos‐
ao tipo de SCR e à sua cor‐ entre apenas 4 e 8 Watts o tramos na figura 13.
rente máxima. que pode ser facilmente dis‐ Mas também, existem
Tipos como o MCR106, sipado com um pequeno ra‐ SCRs muito pequenos para
IR106, que são considerados diador (figura 12). correntes menores, em invó‐
SCRs de grande sensibilida‐ Um ponto importante que lucros SMD.
de precisam de apenas 10 à deve ser levado ao conheci‐ c) Voltando ao nosso SCR
50 uA para serem dispara‐ mento dos leitores é que o disparado que agora conduz
dos, ao mesmo tempo em equivalente transistorizado intensamente a corrente
que outros SCRs de menores do SCR não pode funcionar mesmo depois de desapare‐
sensibilidades precisam de na prática em vista de suas cer o sinal de excitação te‐
correntes da ordem de 10 à limitações de corrente. mos um problema a ser
5omA para serem dispara‐ Veja que a corrente princi‐ analisado: como desligá-lo?
dos. pal que circula pelo SCR é Temos aqui diversas pos‐
A corrente principal, que é formada pela soma de duas sibilidades que serão anali‐
a corrente que controla o cir‐ sadas sempre levando em
cuito de carga circula do conta o equivalente "transis‐
anodo para o catodo, o que
nos leva a observar que os
SCRs são dispositivos unila‐
terais ou seja, conduzem a
corrente num único sentido.
Como a corrente que circu‐
la pelo SCR tem de vencer 3
junções semicondutores pa‐
ra ir do anodo para o catodo Figura 12 – Radiador para o Figura 13 – SCR de altíssima
ocorre uma pequena queda SCR corrente

22 REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021
COMO FUCNIONA

torizado" deste componente. valor indicado, quando ele É claro que, este processo
Uma vez que o SCR tenha si‐ então comuta para o esta- de “desligar" o SCR só é ne‐
do disparado, ocorre uma re‐ do de não condução. cessário nos casos da cor‐
alimentação interna no Uma outra maneira de se rente principal ser contínua
mesmo, conforme vemos, fazer o SCR desligar consiste pura. Se esta corrente for
que mantém a corrente em reduzir a zero momenta‐ contínua pulsante o que
máxima entre seu anodo e neamente a tensão entre o acontece quando o mesmo é
seu catodo, mesmo depois anodo e o catodo de modo alimentado pela rede de cor‐
de desaparecida a corrente que a corrente principal cain‐ rente alternada e só ocorre a
inicial de disparo pela com‐ do abaixo do valor de manu‐ condução dos semiciclos
porta. tenção venha provocar o num sentido, existem os ins‐
Para que a realimentação desligamento do semicondu‐ tantes entre dois semiciclos
ocorra numa intensidade tor levando-o ao seu estado sucessivos em que automa‐
que mantenha o SCR em ple‐ de não condução. ticamente a tensão e, por‐
na condução é preciso, no Isso pode ser feito de di‐ tanto, a corrente cai a zero,
entanto, que a corrente prin‐ versas maneiras como, por conforme mostra a figura
cipal tenha um valor mínimo, exemplo, por meio de um in‐ 16.
denominado "corrente de terruptor de pressão do tipo
manutenção". Se a corrente normalmente aberto ligado
principal cair abaixo deste em paralelo com o SCR cur‐
valor, a realimentação não tocircuitando momentanea‐
mais será suficiente para mente, ou então por meio de
manter o SCR em plena con‐ um interruptor de pressão do
dução e ele desligará. tipo normalmente fechado li‐
Para um SCR da série 106 gado em série com a alimen‐
esta corrente de manuten‐ tação, desligando-o momen‐
ção (IH) tem seu valor típico taneamente. (figura 15)
entre 5 e 8 mA o que signifi‐
ca que esta é a corrente
mínima que o circuito de car‐
ga deve “puxar" para que to
SCR funcione apropriada‐
mente. (figura 14).
Um dos meios que se tem
para desligar um SCR então
é reduzir a corrente principal
até que ela caia abaixo do

Figura 14 – Característica do Figura 16 – No circuito de cor‐


SCR Figura 15 – Desligando o SCR rente alternada

REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021 23
COMO FUNCIONA

Nesta figura vemos que


tanto no caso da alimenta‐
ção direta do SCR por corren‐
te alternada em que um dos
semiciclos é totalmente cor‐
tado, como no caso da retifi‐
cação por onda completa,
em que os dois semiciclos
estão presentes, porém for‐
çando a circulação da cor‐
rente no mesmo sentido,
existem os instantes em que
a tensão se anula e que, por‐
tanto, o SCR, se estiver con‐
duzindo, desliga.
Podemos então disparar Figura 17 – Disparo em pontos diferentes do semiciclo
um SCR em qualquer ponto
de um semiciclo da alimen‐
tação e ele automaticamen‐ máxima. Se o SCR for dispa‐ Este semicondutor dispara
te desligará no final deste rado no final do semiciclo só somente quando a tensão no
semiciclo quando a tensão haverá tempo para que uma capacitor atinge cerca de 7,8
entre seu anodo e seu cato‐ pequena parcela dele seja V de modo que, com este va‐
do cair a zero. conduzida a consequente‐ lor de tensão mais alta apli‐
Este comportamento do mente a carga receberá o cada à comporta do SCR, seu
SCR nos circuitos de corrente mínimo de potência. (figura disparo possa ocorrer numa
alternada o torna ideal para 17). velocidade maior.
as aplicações em que ele Usando um resistor variá‐ É claro que o SCR não tem
atua como controle de po‐ vel e um capacitor de valor só suas vantagens. Na reali‐
tência. Na sua comporta é li‐ fixo pode-se controlar a po‐ dade, alguns problemas que
gado então um circuito de tência aplicada no circuito ocorrem quando muitos
retardo, normalmente um re‐ de carga entre um valor usam SCRs e estes não fun‐
sistor e um capacitor de tal mínimo que se aproxima de cionam como se deve são
modo que a tensão de dispa‐ o até um valor máximo que justamente causados por al‐
ro na sua comporta só atinge se situa perto de 48% para gumas ”deficiências" natu‐
o valor necessário ao disparo os circuitos de meia onda e rais que este, como qualquer
do SCR depois de decorrido 95% para os circuitos de on‐ outro componente eletrônico
algum tempo após o inicio da completa. possui.
de um semiciclo. Dispositivos de comutação Uma das “deficiências" que
Isso quer dizer que pode‐ rápida ligados no circuito de pode ser citada é a pequena
mos retardar o disparo do disparo ajudam o SCR a dis‐ capacitância que existe en‐
SCR para que ele ocorra em parar nos instantes exatos tre as junções do SCR, ou se‐
qualquer ponto desejado do desejados melhorando com ja, suas 4 camadas que
semiciclo de alimentação. Se isso o funcionamento dos permite que pulsos de alta
o disparo ocorrer no início do controles. Dos dispositivos
semiciclo, este será total‐ mais comuns usados com
mente conduzido pelo SCR e esta finalidade citamos os
consequentemente pelo cir‐ SUS (Silicon Unilateral Swit‐
cuito de carga que então ch) cujo aspecto e símbolo é
funcionará com sua potência visto na figura 18. Figura 18 – O SUS

24 REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021
COMO FUCNIONA

do a tensão de anodo auto‐ tar qualquer uma de suas


maticamente aumenta a cor‐ condições limites implicará
rente de fuga que então se não só no não funcionamen‐
soma à corrente de disparo to do circuito como também
do componente levando-o à na própria queima dos com‐
Figura 19 – O snubber condução, conforme ilustra a ponentes envolvidos.
figura 20. O primeiro ponto a ser ana‐
tensão ou transientes de Este método de disparo po‐ lisado no uso de um SCR re‐
curta duração que apareçam de ser útil para fazer o SCR fere-se à polaridade das
entre o anodo e o catodo "oscilar" numa configuração tensões que nele sejam apli‐
possam chegar até o eletro‐ muito semelhante ao conhe‐ cadas e consequentemente
do de comporta com intensi‐ cido oscilador de relaxação nos sentidos de circulação
dade suficiente para com lâmpada neon. das correntes em seus ele‐
provocar seu disparo. Na figura 21 temos um cir‐ trodos. Na figura 22 temos
Este problema, no entanto, cuito que o leitor pode reali‐ então os sinais das tensões
pode ser normalmente elimi‐ zar experimentalmente que devem ser aplicadas no
nado pela ligação entre o usando um TIC106. SCR para que se obtenha o
anodo e o catodo do SCR, Quando o capacitor se car‐ seu disparo e a condução
conforme mostra a figura 19 rega através do resistor, a plena.
de um resistor e de um capa‐ tensão de anodo no SCR au‐ Aqui o leitor deve tomar o
citor de valor apropriados. menta até o ponto em que seguinte cuidado para não
Outro problema que deve ela atinge um valor suficien‐ causar a queima do seu SCR.
ser levado em conta é que, o te para provocar o disparo Para disparar o SCR é pre‐
SCR não precisa ser obriga‐ dele. Este ponto de disparo é ciso que o anodo esteja posi‐
toriamente disparado por justamente determinado pe‐ tivo em relação ao catodo, e
um sinal em sua comporta. la polarização de sua com‐ que o sinal de disparo tenha
Se esta for devidamente po‐ porta. Utilizando um resistor uma tensão mínima de acor‐
larizada de modo que, com variável na comporta pode‐ do com as especificações
uma determinada tensão en‐ mos, portanto, ajustá-lo de deste componente, positiva
tre o anodo e o catodo a cor‐ modo a influir na frequência em relação ao catodo e que
rente de comporta fique no deste interessante oscilador force a circulação da corren‐
limiar do disparo, ou seja, com SCR. te mínima que realimentan‐
um pouco abaixo do neces‐ Em vista do que analisa‐ do os “transistores"
sário para que isso ocorra, mos verificamos que os equivalentes levem-nos à
quando houver um pequeno SCRs têm condições bem de‐ comutação.
acréscimo na tensão de ano‐ finidas de trabalho as quais Se o anodo estiver negati‐
do, o SCR será levado à sua devem ser obedecidas em vo em relação ao catodo, o
plena condução. O que ocor‐ qualquer uma de suas apli‐ que pode ocorrer em metade
re no caso é que, aumentan‐ cações práticas. Desrespei‐ dos semiciclos da alimenta‐

Figura 20 – Disparo pelo au‐ Figura 21 – Oscilador com Figura 22 – Sinais das tensões
mento da tensão de anodo SCR de disparo

REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021 25
COMO FUNCIONA

ção de corrente alternada, o do circuito, costuma-se ligar


SCR não conduzirá já que, na comporta do SCR um dio‐
como vimos se trata de um do comum de tal modo que
dispositivo unilateral, ou se‐ só pulsos positivos de dispa‐
ja, em que a corrente circula ro possam ser levados ao
num único sentido. mesmo, evitando-se com is‐
No entanto, o SCR no ins‐ so sua possível queima nas
tante em que estiver com o condições indicadas. O diodo
anodo negativo em relação aparecerá, portanto, na Figura 24 – O diodo de com‐
ao catodo não pode ser for‐ comporta do SCR quase que porta
çado a disparar, pois se nes‐ obrigatoriamente nos circui‐
tas condições lhe for tos de corrente alternada (fi‐ Este valor limita, portanto,
aplicado um pulso de disparo gura 24). a tensão de alimentação do
também negativo, o que O segundo ponto a ser ana‐ circuito em que o SCR deve
acontecerá será uma ruptu‐ lisado refere-se às especifi‐ ser usado, ou em linguagem
ra das junções do semicon‐ cações dos SCRs que mais simples significa
dutor que então se indicam suas condições “quanto aguenta de tensão o
queimará. mínimas e máximas de fun‐ SCR".
Assim, como regra impor‐ cionamento. Vejamos como A próxima especificação
tante para o uso de um SCR interpretar os manuais e sa‐ importante do SCR é a sua
está a de nunca se aplicar ber o que estas especifica‐ corrente máxima no sentido
um pulso negativo na com‐ ções significam: direto (ID) que é justamente
porta do mesmo quando o O primeiro valor importan‐ a máxima corrente que o
anodo se encontrar negativo te é o da tensão máxima que SCR pode conduzir para o
em relação ao catodo, ou se‐ pode aparecer entre o anodo circuito de carga quando for
ja, quando ele estiver polari‐ e o catodo do SCR quando ligado. Nos circuitos de cor‐
zado inversamente, con‐ ele se encontra desligado. rente contínua em que te‐
forme a figura 23. Este valor é dado pela sigla mos uma corrente deste tipo
Como meio de evitar que VDRM e pode ser analisado seu valor é dado em termos
isso aconteça acidentalmen‐ da seguinte maneira: trata- diretos, mas nos circuitos de
te ou mesmo em vista do se da tensão máxima do cir‐ corrente alternada deve-se
princípio de funcionamento cuito em que o SCR operar. sempre considerar o valor
Nos circuitos de corrente RMS.
alternada, deve-se sempre Na escolha de um SCR para
cuidar para que esta tensão uma aplicação prática deve-
seja superior ao valor do pi‐ se certificar-se de que ele su‐
co da rede. porta a corrente que a carga
Por exemplo, na rede de exige. Temos a seguir a cor‐
110 V em que temos uma rente que dispara o SCR que
tensão de pico de aproxima‐ é indicada pela sigla IGT.
damente 150 V devemos Esta deve ser a corrente
usar um SCR com um Von de que circula entre a comporta
200 V. do SCR e seu catodo que faz
Se a tensão superar este o SCR disparar. Por esta cor‐
valor, mesmo que por um rente podemos ver a "sensi‐
curto intervalo de tempo, co‐ bilidade" do SCR, ou seja,
mo ocorre no caso de um quanto menor for esta cor‐
Figura 23 – Condição de quei‐ transiente, o SCR conduzirá rente, mais sensível ao dis‐
ma a corrente, disparando. paro é o SCR. Para o TlC106,

26 REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021
COMO FUCNIONA

C106, MCR106, por exemplo


esta corrente está na faixa E-BOOK GRATUITO
dos 20 aos 600 uA.
Temos a seguir a tensão de
comporta dada por VGT que O Superversátil 555
é a tensão que deve ser es‐
tabelecida entre a comporta Através da Mouser
e o catodo para fazer circular Electronics (mouser.com)
a corrente de disparo. Esta disponibilizamos todos os
corrente é normalmente si‐ meses um livro grátis
tuada entre 0,2 e 1,2 V qual‐ patrocinado que, para receber
quer que seja o SCR no formato virtual, basta que
considerado. Finalmente te‐ você se cadastre em nosso
mos a corrente de manuten‐ site clicando ou fotografando
ção IH que é a menor o QRCode abaixo.
corrente que o SCR pode Trata-se de um livro
controlar sem desligar, con‐ publicado em 1982, mas que
forme já foi explicado. Uma aborda um assunto que ainda
vez que todas as especifica‐ é atual para o caso do
ções sejam obedecidas, o funcionamento de circuitos
SCR deve funcionar por mui‐ eletrônicos em geral, componentes e montagens, makers e
to tempo antes de causar experimentadores. Trata-se de um livro sobre o circuito
qualquer tipo de problema. integrado 555 escrito por alguém que consideramos uma das
maiores autoridades no trabalho com este componente, autor
Obs. Este é um dos di‐ de dezenas de artigos em muitas publicações técnicas e, em
versos artigos que pu‐ especial um grande amigo nosso. Trata-se de Aquilino
blicamos ensinando Rodrigues Leal, ou se preferirem Aquilino R. Leal. Mesmo
como funciona um havendo tecnologias mais modernas para a montagem de
SCR. A abordagem va‐ projetos equivalentes com o 555, podemos dizer que ele é
ria levemente ao longo ainda a base de quase tudo, principalmente de projetos
dos anos em que saí‐ simples para quem deseja aprender eletrônica, shields e
ram os artigos. Esta outras aplicações. Fizemos algumas pequenas melhorias,
versão é de 1979. alterações e atualizações ao republicar esse trabalho, com a
devida autorização do autor, esperando que seja do agrado
de nossos leitores. A maioria dos conceitos apresentados em
muitos dos projetos ainda é ainda atual e eles encontram
aplicações práticas. Tudo depende dos recursos, necessidade
e imaginação de cada um.
A maioria dos componentes adicionais citados, e é claro o
555 em suas versões tradicionais e
algumas modernas de baixo consumo, MAIS DETALHES
pode ser adquirida na Mouser
Electronics. Enfim, mais um presente
que damos aos nossos leitores que
desejam enriquecer sua biblioteca
técnica e aprender muito, e sem
Clique ou fotografe o gastos.
QR-Code acima para saber
mais sobre o assunto.

REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021 27
PROJETO DE CIÊNCIAS

O oxigênio
do ar
Trata-se de uma experiência indicada para os
estudantes de cursos médios, professores do ensino
fundamental e médio e makers. Ela também pode ser
realizada em feiras de ciências e demonstrações. Com
esta experiência podemos provar coisas importantes e
interessantes:
A primeira é que no ar atmosférico existe oxigênio,
mas que ele não é constituído totalmente desse gás,
mas apenas uns 20%.
A segunda é que sem oxigênio não há combustão.
Para esta finalidade precisamos de materiais
absolutamente comuns: um prato fundo com água, um
copo e uma vela que, em pé, caiba dentro do copo
invertido, conforme mostra a figura 1.
O que se faz é
acender a vela e
depois colocar o
corpo emborcado
sobre essa vela.
Você vai notar que
depois de alguns
segundos a vela
apaga e a água
subiu até um certo
nível no copo.
O que ocorre é que a vela queimou todo o oxigênio do
ar contido no interior do copo, fazendo com que a água
suba para ocupar seu lugar (na verdade ela não sobe
os 20% esperados, pois o oxigênio queimado é
substituído por gás carbônico, que ocupa menor
volume) e apaga porque, acabando o oxigênio, não
pode haver mais combustão.
A experiência é de combustão e o estudante pode até
fazer um cartaz com a reação química que ocorre numa
combustão. E, ainda como material de apoio para o
experimento sugerimos consultar na Internet:
- A composição do ar
- Combustão
- Pressão atmosférica

28 REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021
REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021 29
PROJETOS

OSCILADOR ESAKI
O OSCILADOR
“QUÂNTICO”
OSCILADOR ESAKI
MSc. Eng. Prof. Antonio Carlos Gasparetti

Este artigo tem finalidade didática e O EFEITO TÚNEL


experimental para estudantes de ele‐ Tunelamento quântico ou também chama‐
trônica, possibilitando explorar algu‐ do de efeito túnel é um fenômeno descrito
mas características e aplicações não pela mecânica quântica, no qual partículas
convencionais de um semicondutor. podem transpor um estado de energia onde
a física clássica considera proibido.[5]
Em uma analogia muito simples, imagine
uma rampa de subida e descida (a qual re‐
INTRODUÇÃO presenta uma barreira de potencial, por
Os osciladores eletrônicos são circuitos de exemplo) com uma altura h e ângulos de su‐
fundamental importância na eletrônica. For‐ bida e descida iguais. Um carrinho (elétron)
necem base de tempo para circuitos digitais é impulsionado por um empurrão em direção
e sistemas de comunicação, geram sinais pa‐ a rampa, com energia inicial Eo, com energia
ra equipamentos transmissores de rádio, ra‐ cinética Ec e energia potencial Ep. Sem con‐
dares, instrumentos de medição tendo assim siderar atrito ou perdas a medida que o car‐
uma infinidade de aplicações. Em razão de rinho subir a rampa, a energia cinética Ec se
suas extensas aplicações, existem muitos ti‐ transforma em energia potencial Ep até o to‐
pos de “designs” de circuitos osciladores cu‐ po (h). Porém se a energia Eo remanescente
jas características visam atender aos (do empurrão) for menor que a energia po‐
parâmetros do projeto onde será aplicado. tencial Ep , a física clássica diz que o carrinho
Neste artigo, vamos explorar o oscilador não consegue ultrapassar o topo e vá para
que usa predominantemente o efeito de tu‐ o outro lado da rampa (não atravessa a bar‐
nelamento quântico (efeito túnel) porém em reira de potencial), retornando. [2] Figura 1a.
um circuito extremamente simples e didáti‐ Porém se considerarmos a mecânica quân‐
co. tica existe uma probabilidade finita de que o
Os fenômenos de tunelamento em semi‐ carrinho passe através da rampa com ener‐
condutores e supercondutores foram estuda‐ gia Eo aparecendo do outro lado sem preci‐
dos e descobertos através do trabalho sar escala-la, fato incompatível com a
teórico dos físicos  Brian David Josephson e mecânica clássica, porém explicado pela me‐
pelos trabalhos experimentais dos Leo Esaki cânica quântica. Figura 1b.
e Ivar Giaever, resultando no Prêmio Nobel Considerando semicondutores estrutura‐
de Física de 1973 [1]. dos em junções (diodos ou transistores por

30 REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021
PROJETOS

Figura 1

exemplo), uma partícula pode escapar de re‐ condução reversa. Para tensões reversas
giões cercadas por barreiras potenciais mes‐ baixas normalmente é o efeito Zener que
mo se sua energia cinética for menor que a predomina. O aquecimento é o teste comu‐
energia potencial da barreira. [2] Temos vá‐ mente usado que permite distinguir entre a
rios exemplos e aplicações onde encontra‐ quebra da barreira de potencial por efeito de
mos o efeito de tunelamento, tais como o ionização e/ou efeito de tunelamento, iden‐
diodo túnel e a memória Flash. tificando assim o mecanismo predominante
no semicondutor naquelas condições. Na
EFEITO AVALANCHE X EFEITO TUNNEL verdade, a variação da tensão de corte com
Em um dispositivo semicondutor polariza‐ a temperatura é positiva para o primeiro ca‐
do reversamente encontramos mecanismos so negativo para o segundo [3]. Figura 2.
físicos diferentes que
permitem a condução RESISTÊNCIA NEGA‐
de corrente: efeito TIVA
avalanche (mecanis‐ Quando o efeito
mo de ionização) e o quântico de tunela‐
efeito Zener (meca‐ mento se manifesta
nismo de tunelamen‐ no dispositivo semi‐
to). Cada um dos condutor, observa-se
mecanismos contribui um comportamento
de maneira que, de‐ peculiar entre a ten‐
pendendo dos níveis são e a corrente nos
de tensão e tempera‐ seus terminais.
tura um deles seja Este comportamen‐
predominante sobre o to compõe o meca‐
outro no processo de Figura 2 nismo no qual o

REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021 31
PROJETOS

circuito irá funcionar, em nosso caso, oscilar. camente de um transistor NPN, um resistor,
É chamado de resistência negativa [4]. um capacitor e no nosso caso um LED. O ob‐
Para auxiliar na compreensão deste com‐ jetivo é fazer com que o LED pisque periodi‐
portamento elétrico, vamos recordar a lei de camente.
ohm. Na 1º lei de ohm a corrente que circula O diagrama da figura 4 mostra o circuito
em um condutor é proporcional a tensão apli‐ eletrônico. Observe que o transistor NPN es‐
cada. Esta proporção é a resistência. Mate‐ tá com o emissor ligado no maior potencial e
maticamente R = V/I onde V é a tensão em o coletor no menor potencial. Não está inver‐
Volts, I é a corrente em Ampère e R é a resis‐ tido! Como o emissor do transistor possui
tência em Ohm. Portanto, se a tensão au‐ menor largura e maior dopagem do que o co‐
menta, a corrente aumenta linearmente letor, o fato de estar ligado desta forma per‐
como ilustra a figura 3a mite explorar o efeito na barreira de
No caso da resistência negativa temos um potencial na junção base – emissor a qual
comportamento diferente: quando a tensão apresenta condições para o efeito de tunela‐
V aumenta a corrente I diminui e quando a mento.
tensão V diminui a corrente I aumenta.
Isto ocorre pelo deslocamento das cargas ANÁLISE DO FUNCIONAMENTO:
nas junções e como as cargas atravessam as Ao se acionar a chave S1 a tensão E1 é
barreiras de potencial. Por estarem em sen‐ aplicada ao circuito. Nestas condições e con‐
tidos opostos, representa-se -R = V / I. siderando o capacitor C1 descarregado, por‐
A figura 3b mostra a região onde a resistên‐ tanto VC1=0, ele se carrega através do
cia negativa se manifesta no dispositivo (en‐ resistor R1 formando um circuito RC no mo‐
tre b1 e b2), no caso chamada de resistência do de carga como mostra a figura 5. Ao atin‐
diferencial negativa (rdn) ( Eq1) onde: gir o valor representado na curva da figura
2b pelo ponto C o mecanismo de disparo en‐
rdn = Dv / Di = (v2-v1)/(i2-i1) Eq1. tra em ação fazendo com que o capacitor

Sendo v2 > v1 e i2 < i1, temos rnd <


0 .Observe que se você se deslocar P pela li‐
nha tangente (A) em direção a b1, v diminui
e i aumenta. Deslocando-se em direção a
b2 , v aumenta mas i diminui! Da origem do
gráfico até o ponto C , v e i aumentam juntas.
O ponto C indica o ponto máximo de tensão
onde o processo físico se inicia. É a tensão de
disparo do tunelamento (Vi).
Concluindo, explorando o comportamento
do dispositivo em resistência negativa é pos‐
sível construir um oscilador de relaxação, Figura 4
neste caso chamado de osci‐
lador Esaki, em homenagem Figura 3
ao físico que colaborou com
experimentos práticos neste
campo.

O OSCILADOR ESAKI
O oscilador Esaki [5] é
muito simples de se cons‐
truir. Ele é composto basi‐

32 REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021
PROJETOS

C = C1 (F)
T = Período do oscilador (s)

Para um transistor BC107 ou


BC548A :

Vd ≅ 9,28 V * (obtido experi‐


mentalmente)
Vi ≅ 8.40 V * (obtido experi‐
mentalmente)

Figura 5 Figura 6
Para o circuito proposto o pe‐
ríodo entre os pulsos será:
descarregue através de Q1 [6] acendendo o T ≅ 103 103 10−6 ln((10,5-8,40)/(10,5-9,28))
led LD1 até sua carga ser insuficiente para T ≅ 0,7s
manter a condução, onde então ele retorna
ao início do ciclo. Figura 6. Com a adição do LED ao circuito, conside‐
Na figura 7 temos as forrmas de onda nos rando a sua tensão de funcionamento de
pontos Va e Vb. 1,8V (vermelho) [7] , temos 10,2 V + 1,8 V
A frequência pode ser determinada de for‐ = 12V. Portanto o circuito deverá ser alimen‐
ma aproximada pela Eq 2 através do circuito tado com 12 V DC. Na expressão do cálculo
R.C formado pelo resistor R1 e o capacitor C1 do período, a tensão do LED deve ser consi‐
e as tensões de inicio e disparo e consideran‐ derada.
do tc >>> td. Para o circuito proposto com o LED inseri‐
O período de oscilação, considerando so‐ do ao circuito o período entre os “flashes “do
mente o resistor de 150 Ω (RL) , ou seja, sem LED deverá ser:
o LED é de aproximadamente:
T ≅ 103 103 10−6 ln((12-8,40-1.8)/(12-9,28-1,8))
T(s) ≅ RC ln((E-Vi) / (E-Vd)) T ≅ 0,7s

E = Tensão de alimentação sem o led. Para calcular a frequência aplique:


Vd = Tensão do ponto de disparo (V) f(Hz) = 1/T
Vi = Tensão de inicio
R = R1 (Ω) MONTAGEM PRÁTICA E TESTES:
RL = R2 (Ω)
Componentes:
R1 = 1kΩ 1/8 W
R2 = 150Ω 1/8 W
C1 = 1000µF x 16V
LED = Vermelho 3mm
Q1*(1) = BC 107 ou BC 548
(leia as observações)
Alimentação = 12V DC
(leia as observações)
O circuito pode ser montado
em placa de matriz universal,
Figura 7 placa de circuito impresso,

REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021 33
PROJETOS

3 – O período de oscila‐
ção calculado é aproxi‐
mado, levando em
conta apenas os efeitos
principais do circuito, na
faixa de frequência pro‐
posta e considerando os
Figura 8 valores nominais dos
componentes. Para ou‐
tros valores de frequên‐
cia do oscilador, deve-se
em protoboard ou mesmo em “wire mode”. observar que efeitos tais como tolerância
Observe que a base do transistor não é co‐ dos componentes, temperatura e os efeitos
nectada em nenhuma parte do circuito. Figu‐ periféricos do semicondutor e dos compo‐
ra 8. nentes, principalmente em frequências mais
Ao alimentar o circuito, se todas as condi‐ altas, podem demandar alterações no pro‐
ções forem atendidas e as conexões estejam cesso de cálculo. Portanto cabe ao experi‐
corretamente ligadas, o led deverá piscar em mentador explorar o circuito, tendo em
intervalos de aproximadamente 0,7 s. mente tais condições.
4 – O circuito é proposto para aplicações di‐
dáticas e experimentais.

Bibliografia:
[1] - Leo Esaki, USA, Ivar Giaever, USA and Brian D
Josephson, UK. The Royal Swedish Academy of Scien‐
ces Press Release 1973 Nobel Prize in Physics
[2] –Sismanoglu, Bogos N. , Nascimento ,Janaina C.,
Aragão ,Eduardo C.B.B. Visualizando tunelamento
Figura 9 quântico através da geração de microplasmas Revista
Brasileira de Ensino de Física, v. 37, n. 1, 1312 (2015)
Montagem e Testes [3] - Y. CROSNIER, F. TEMCAMANI, D. LIPPENS and G.
Observações (importante): SALMER AVALANCHE AND TUNNELING BREAKDOWN
1 - Os transistores variam suas característi‐ MECHANISMS IN HEMT'S POWER STRUCTURES JOUR‐
cas entre os diversos tipos e mesmo entre os NAL DE PHYSIQUE Colloque C4, supplement au n09, To‐
de mesmo tipo. Sendo que esta é uma apli‐ me 49, septembre 1988
cação não usual do transistor, é possível que [4] - Nikhil M. Kriplani, Stephen Bowyer, Jennifer
alguns transistores não operem devido a su‐ Huckaby, and Michael B. Steer “ Modelling of an Esaki
as características estarem incompatíveis Tunnel Diode in a Circuit Simulator” Research Article -
com as exigidas pelo circuito. Não desista! Active and Passive Electronic Components Hindawi
Neste caso o mais simples é substituir o tran‐ Publishing Corporation
sistor e testando-o no circuito. Os melhores [5] - P R Berger and A Ramesh, Negative Differential
resultados foram com os transistores BC 548 Resistance Devices and Circuits The Ohio State Uni‐
e BC 109 metálico. Pode ser usado o versity, Columbus, OH, USA 2011 Elsevier B.V.
2N2222A ou testados outros transistores [6] – Phillips Semiconductors , BC546; BC547; BC548
NPN de sinal. NPN general purpose transistors, Product specification
2 – A tensão de alimentação é crítica para 1997 Mar 04.
este circuito. O ideal é manter, com o LED no [7] – Hewlett Packard Technical Data T-13/4 (5 mm),
circuito, 12V + - 5%. Fora dessas margens o T-1 (3 mm), Low Current, Double Heterojunction Al‐
circuito poderá não funcionar. GaAs Red LED Lamps Copyright © 1999 HP.

34 REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021
NOVAS TECNOLOGIAS

Inteligência
Artificial
Os Novos conceitos que você precisa conhecer

Este ano já se afigura como um ano em que a


Inteligência Artificial deve se desenvolver de uma
forma acelerada, fazendo parte de uma infinidade
de aplicações. Mas, não o que vem depois é muito Newton C. Braga
mais e, certamente, a Inteligência Artificial deverá
não apenas fazer parte de tudo que envolver
tecnologia, mas deverá ser o ponto de apoio para
todas as tecnologias com que estamos
acostumados. Veja neste artigo o que está por vir
em termos de Inteligência Artificial e como isso
pode afetar sua interação com o mundo da
tecnologia.

Nada melhor do que come‐ Inteligência Artificial em sub‐


çar o artigo com o conceito setores, com aplicações e
de Inteligência Artificial. implicações diferentes.
Podemos começar este Numa conferência reali‐
artigo, sugerindo a leitura de zada na Universidade de
nosso artigo ART4252 – Inte‐ Dartmouth lançou-se a ideia
ligência e Vida Artificial em de que o que temos hoje co‐ Figura 1 – Este é meu livro de
que damos os conceitos mo Inteligência artificial é 2002 em que tratamos do as‐
básicos do que seria a Inteli‐ apenas a ponta de um ice‐ sunto, separando AI em duas
gência Artificial e o caminho berg e que diversas divisões categorias.
para se chegar à Vida Artifi‐ devem ser abordadas.
cial. No entanto, o que vi‐ Em livro que publicamos
mos naquele artigo não é o no início do século em que No entanto, Inteligência Ar‐
suficiente para que possa‐ tratamos pela primeira vez tificial já pode ser abordada
mos detalhar o que está do tema, fizemos uma divi‐ como temos como setores
ocorrendo com a tecnologia são simples da Inteligência diferentes, que podem usar
em nossos dias. Novos con‐ Artificial separando em duas as duas abordagens básicas:
ceitos, novas abordagens e categorias: inteligência por por software e por hardware.
novos componentes estão hardware e inteligência por Analisemos as diversas
levando a uma subdivisão da software. possibilidades:

REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021 35
NOVAS TECNOLOGIAS

Máquinas Reativas ciona o pensamento humano de Artificial Narrow Intelli‐


Neste tipo de inteligência e os sentimentos humanos, gence, é hoje a que mais
artificial, que é o mais co‐ o que está ainda muito longe usamos pela sua facilidade
mum atualmente, o sistema de ser uma realidade. Trata- de implementação com os
analisa o meio em que ele se ainda de um campo extre‐ recursos que possuímos. A
está e reage conforme o que mamente controvertido, ideia e operar com um con‐
ele vê. Este é o tipo de pensamento quando tenta‐ junto limitado de informa‐
máquina inteligente que es‐ mos quantificar através de ções que se aplicam a um
tamos elaborando atualmen‐ algoritmos o que seriam nos‐ determinado campo de apli‐
te. Os supercomputadores, sos sentimentos e indo além, cações através de um con‐
por exemplo, como o Deep impactando com o conceito junto de algoritmos que
Blue que venceu o enxadris‐ de alta, que mais cedo ou também são limitados a es‐
ta russo Kasparov em 1997 é mais tarde, terá de ser abor‐ sas aplicações.
um exemplo. Neste tipo de dado. Alguns robôs tentam É o caso do reconhecimen‐
máquina, ela apenas conhe‐ mimetizar sentimentos e to fácil, reconhecimento de
ce as regras do jogo e anali‐ emoções e até reconhecê- voz, biometria em que se
sa as condições em que ela las, mas até que ponto isso trabalha com um conjunto
pode elaborar os lances a ca‐ pode ser associado ao modo específico de dados e um
da movimentação das pe‐ como nós humanos externa‐ conjunto específico de infor‐
ças. Veja que ela não parte mos essas emoções ou reco‐ mações colhidas por senso‐
do conhecimento de partidas nhecemos em outros. res.
anteriores. Podemos dizer
que ela trabalha com uma Autoconsciência Inteligência Artificial
intuição em tempo real. Máquinas autoconscientes Geral
como os robôs de filmes de A Inteligência Artificial
Memória Limitada ficção que tem consciências Geral ou AGI de Artificial Ge‐
Neste tipo de inteligência de sua existência e com isso neral Intelligence também é
artificial, além dos algorit‐ passam a raciocinar sobre chamada de Inteligência Ar‐
mos das máquinas reativas sua posição no mundo, per‐ tificial Forte ou “Strong AI”.
temos a adição de uma me‐ cebendo que os humanos Ela consiste numa evolução
mória que ajuda na tomada são seus superiores, revol‐ do tipo anterior, em que os
de decisões. Esta memória é tando-se no sentido de des‐ dados e as decisões podem
formada por um banco de truí-los. Asimov previa a ser aplicados em diversos
dados em que as soluções necessidade de se criar algo‐ contextos.
adotadas na resolução de ritmos para proteger o cria‐ Assim como o cérebro hu‐
problemas anteriores são ar‐ dor (homem) das criaturas mano que recebe informa‐
mazenadas. (robôs e outras máquinas in‐ ções de diversos tipos de
Este tipo de máquina pode teligentes). No entanto, até sensores (olhos, ouvidos,
ser usado no reconhecimen‐ que ponto isso pode fugir de temperatura, etc) e atua so‐
to facial, por exemplo, onde nosso controle? Elon Musk e bre diversos tipos de efeto‐
detalhes mínimos das ima‐ outros alertam sobre a possi‐ res com decisões de acordo
gens são armazenados. bilidade de fugir de nosso com o contexto a partir de
controle quando elas se tor‐ um banco de dados (memó‐
Teoria do Pensamento narem autoconscientes. ria), as máquinas AGI fazem
Máquinas inteligentes que o mesmo.
se baseiam na teoria do pen‐ Inteligência Artificial Elas usam um banco de da‐
samento são apenas um Estreita ou Limitada dos geral que é usado con‐
conceito. Elas se baseiam no A Inteligência Artificial Es‐ forme o contexto da
conhecimento de como fun‐ treita, abreviadamente ANI informação que obtém do

36 REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021
NOVAS TECNOLOGIAS

mundo exterior e que exi‐ grafado, pelo nosso conheci‐


gem uma ou mais respostas. mento na empresa onde ele
Podemos associar este tipo trabalha.
de inteligência aos veículos Á medida que a Inteligên‐
autônomos, por exemplo. cia artificial evolui se aproxi‐
Com base nas informações mando de nós humanos,
de imagem, sensores de pre‐ questões como emoções, al‐
sença e proximidade, GPS, ma, ética são inevitáveis e
etc., os veículos autônomos delas os conflitos.
têm diversos tipos de reação Nesse livro Paul Golata jus‐
controlando motor, freio, di‐ tamente discute as implica‐
reção e até interagindo com ções que terá a humanidade
os passageiros. ao conviver com máquinas
Sem dúvida, isso já exige cujas capacidades se igua‐
algoritmos de grande com‐ lam ou mesmo superam a
plexidade e a capacidade de dos seres humanos. Será
armazenamento de enorme que teremos uma convivên‐ Capa do livro de Paul Golata
quantidade de dados, além cia pacífica, ou será uma
de capacidade de processa‐ transição da evolução em lício só pode aparecer artifi‐
mento. que a era das criaturas bio‐ cial, pois não existem condi‐
Veja que sua capacidade químicas definitivamente ções que ocorram
de trabalhar com dados em entra em declínio para desa‐ naturalmente para que isso
diversos contextos, já pode‐ parecer sendo substituída ocorra.
mos dizer que esse tipo de pelas criaturas de silício, ou Não seríamos nós huma‐
inteligência artificial se apro‐ teremos a possibilidade de nos que estaríamos criando
xima da inteligência huma‐ ainda existir, explorando ha‐ essas condições, com a ela‐
na. Podemos dizer que ela já bilidades que as máquinas boração dos chips de silício
possui uma “capacidade in‐ não alcançam? que por nossa intervenção
telectual” para realizar as Em artigo que trato da “Vi‐ evoluirão para se tornarem
mesmas tarefas que um ser da Artificial” MA121 cito o li‐ criaturas vivas.
humano consegue. vro a Origem da Vida de E, quando adquirem as ca‐
Oparin, ainda do século pas‐ pacidades de se autorrepro‐
Super Inteligência Arti‐ sado, em que o pesquisador duzir e de se auto
ficial russo antevia a possibilidade aperfeiçoar nós não seremos
Chegamos a Superinteli‐ de haver apenas dois tipos mais necessários e aí...
gência Artificial ou ASI de Ar‐ de vida no universo.
tificial Super Intelligence. A baseada no carbono, que
Este sem dúvida é ponto é a nossa, e a baseada no si‐
mais alto da escala atual. lício (que é capaz de formar
Nada impede, entretanto, cadeias).
que no futuro tenhamos no‐ A vida baseada no carbo‐
vos degraus nessa ciência no, que é a nossa, pode se
que nos levem a versões Hi‐ desenvolver naturalmente
per e até mesmo Ultra. Para no universo, desde que haja
nós esse é ponto mais alto. um ambiente apropriado que
Já existem obras importan‐ seria temperaturas em que a
tes que tratam da ASI como água pode existir no estado Clique ou fotografe o
a de Paul Golata de quem re‐ líquido. No entanto, segundo QR-Code acima para saber
bemos um exemplar auto‐ Oparin, a vida baseada no si‐ mais sobre o assunto.

REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021 37
MATEMÁTICA APLICADA

Cálculos com
Supercapacitores

Com a disponibilidade de capacitores


com capacitâncias muito grandes, os Newton C. Braga
supercapacitores, é de grande
importância para o praticante da
eletrônica saber realizar cálculos com
estes componentes. Neste artigo, momento de uso. Da mesma forma, na car‐
abordamos alguns cálculos ga desses componentes, essa limitação exi‐
importantes com estes ge cuidados especiais.
componentes. Assim, o leitor que pretende utilizar su‐
percapacitores associados como fontes de
Lembramos que estes cálculos têm seus energia deve estar preparado para saber co‐
fundamentos dados no nosso livro Aprenda mo eles se comportam num circuito, princi‐
Eletrônica – Curso Básico e em diversos arti‐ palmente se tiverem valores diferentes.
gos de nossa seção de Matemática Para Ele‐ Assim, damos a seguir um exemplo de
trônica. O leitor também pode encontrar cálculo com supercapacitores, lembrando
toda essa teoria nos livros de física do ensi‐ que na associação em paralelo, suas capaci‐
no médio. tâncias se somam, e na associação em série
a capacitância equivalente é dada pela fór‐
Importância mula na figura 1:
Nas aplicações atuais, os supercapacitores
são usados basicamente como fontes de
energia. Com capacitâncias da ordem de
muitos Farads eles podem ser usados como
fontes de energia em diversas aplicações.
No entanto, os supercapacitores de que
dispomos hoje são dispositivos de baixa ten‐
são, da ordem de poucos volts, o que leva à
Figura 2 – Os capacitores para nosso projeto
necessidade de fazermos sua associação no

Figura 1 – Associação de capacitores

38 REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021
MATEMÁTICA APLICADA

capacitores. Obtemos:

C = (30 x 60)/(30 + 60)


C =1800/90
C = 20F

Voltando ao circuito de carga vemos então


que a carga armazenada em cada capacitor
será:
Figura 3 – O circuito de carga
Q=CxV

Um cálculo prático: Q = carga em Coulombs


Vamos imaginar que o leitor consiga dois C = Capacitância equivalente
supercapacitores, sendo um de 30F e outro V = tensão no circuito
de 60F, ambos com tensão de 3,3 V, dese‐
jando usá-los num projeto em que eles ali‐ Q = 20 x 5
mentarão um circuito eletrônico. Q = 100 Coulombs
Ocorre que pretendo carregá-los em série
em uma fonte de 5V, pois certamente não Veja que uma propriedade importante da
poderei ligar capa um diretamente na fonte, associação em série dos capacitores é que,
pois os 5V são mais do que a tensão nominal independentemente dos valores dos capaci‐
que eles suportam. Temos então o seguinte tores associados, todos se carregam com a
circuito para a carga: mesma carga.
Veja que na prática não se recomenda a li‐ É importante observar que as tensões tam‐
gação direta da fonte nos capacitores des‐ bém serão diferentes, o que no caso de ca‐
carregados, pois a corrente inicial representa pacitores de valores diferentes deve ser
um curto que pode danificar a fonte. Deve considerado, pois pode passar dos 2,7 V.
haver um circuito próprio que limite a cor‐ Com o valor da carga o projetista pode cal‐
rente inicial a um valor seguro. cular a tensão com que cada um se carre‐
Uma vez carregados, vamos ligar os capa‐ gou.
citores em paralelo, esperando que a tensão No entanto, se os ligarmos em paralelo
obtida se aproxime de 2,5 V (metade dos 5 agora, as cargas vão se distribuir e uma de‐
V que esperamos ser a tensão da carga de terminada tensão aparecerá na associação
cada um. Será que é isso que ocorre? em paralelo. Como calcular o valor?
Começamos então por calcular a resistên‐ A) Temos a carga em cada capacitor: 100
cia equivalente que obtemos quando liga‐ Coulombs
mos os dois capacitores em série, no
processo de carga:

1/C = 1/30 + 1/60

Ou:

C = (C1 x C2) / (C1 + C2)

Fórmula simplificada quando temos dois Figura 4 - Resultado

REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021 39
MATEMÁTICA APLICADA

B) Temos a capacitância equivalente em lores diferentes. Uma pequena diferença de


paralelo (30F + 60F) = 90 F valor não afeta muito os resultados, mas
A tensão será então: uma diferença maior como a que ocorreu no
exemplo dado levou a uma tensão muito me‐
V = Q/C nor do que a esperada no banco de dois ca‐
pacitores.
V = tensão Os mesmos cuidados devem ser tomados
Q = carga nos cálculos quando trabalhamos com ban‐
C = capacitância cos de muitos capacitores.
E, para os leitores que estão se preparando
V = 100/90 para um vestibular, um concurso em que se
V = 1,11 V exija conhecimentos sobre capacitores no ní‐
vel indicado, esta é uma questão que pode
Bem diferente do que se esperava. Por ser incluída.
quê?
Fica claro nestes cálculos que os valores di‐ Sugestões
ferentes dos capacitores fizeram com que a a) Faça os mesmos cálculos para dois su‐
distribuição da carga e da tensão não ocor‐ percapacitores de mesmo valor.
resse por igual. b) Haveria o perigo de um ou mais superca‐
Assim, quando trabalhamos com superca‐ pacitores se queimar na carga pela tensão
pacitores ou mesmo eletrolíticos e eles de‐ maior do que 2,7 V que apareceria entre su‐
vam ser associados, devemos estar atentos as armaduras? Calcule
para essa distribuição desigual de cargas e c) Proponha para seus alunos cálculos en‐
tensões que ocorre com componentes de va‐ volvendo mais de dois supercapacitores.

40 REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021
PRÁTICAS DE SERVICE

Ferramentas
Essenciais para o
Técnico Reparador
Luis Carlos Burgos

Para os estudantes de ele‐ çar. Você pode adquirir tam‐ 2. Alicates e chaves
trônica ou mesmo as pesso‐ bém estanho para soldagem Em eletrônica usamos ali‐
as que já trabalham na área (solda) e uma estação e sol‐ cate de corte e de bico ou
de “service” ou manutenção da (ferro com temperatura ponta. Dê preferência para
de eletroeletrônicos existem ajustável), muito útil em al‐ marcas conhecidas como
ferramentas concebidas pa‐ guns casos. Tramontina, Stanley, Bezel
ra facilitar o trabalho destes No caso da solda uma de 1 etc., pois apesar de serem
profissionais ou futuros pro‐ mm de espessura e outra de mais caros, têm uma durabi‐
fissionais. Neste artigo fala‐ 0,5 mm são as ideais para a lidade muito maior. Procure
rei de algumas destas ferra‐ bancada. Marcas como Best, por um alicate de corte pe‐
mentas as quais atualmente, Cobix, Cast são excelentes, queno e de bico longo. Alica‐
considero essenciais para fazem soldagem de boa qua‐ te universal é mais raro de
este ramo da eletrônica atu‐ lidade (brilhante e resistente usar na eletrônica. No caso
almente. É claro que existem mecanicamente). das chaves, preferência para
outras, as quais serão adqui‐ No caso do sugador de sol‐ chaves de fenda e Philips de
ridas mais tarde de acordo da existem vários tipos no 3/16 e ¼ de diâmetro. O
com a necessidade. Aqui mercado, alguns bons, ou‐ comprimento varia de acor‐
ficaremos com as básicas: tros regulares e os mais ba‐ do com a necessidade. Pro‐
ratos (de menor qualidade). cure também obter jogos de
1. Ferro de solda, suga‐ Eu particularmente gosto chaves pequenas (fenda,
dor e solda para ele‐ muito do modelo da AFR mo‐ Philips, torx) muito úteis de‐
trônica delo F201 ou similar. Tam‐ vido à miniaturização dos
Existem vários tipos de fer‐ bém devemos colocar um equipamentos e por conse‐
ros de solda bons no merca‐ protetor no bico do sugador quência de seus parafusos.
do, como Hikari, Fame etc. para preservá-lo. Este item Se puder contar com uma
para equipar a bancada, sen‐ pode ser adquirido no mes‐ parafusadeira, melhor ainda.
do 30 W e 40 W ponta fina os mo comércio onde você ad‐ Veja a seguir algumas destas
mais indicados para come‐ quire o sugador. ferramentas abordadas:

REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021 41
PRÁTICAS DE SERVICE

Figura 1

3. Multímetros menos. Se puder ter um fre‐ trônicos mas hoje em dia


Esta é a ferramenta mais quencímetro e/ou true RMS com a evolução dos circui‐
comum na bancada do técni‐ em ACV melhor, mas não tos, digitalizando muitas fun‐
co. Para o multímetro analó‐ obrigatório. A marca mais ções e sinais, tornou-se uma
gico recomendo um que cara para os digitais ou uma ferramenta essencial para a
tenha as escalas de X1 e das mais caras é a Fluke mas bancada. Existem muitos os‐
X10K no ohmímetro e pelo tem outros mais em conta ciloscópios digitais no mer‐
menos 20 KΩ/V de sensibili‐ como Hikari, Minipa, Icel de cado (os analógicos nem vou
dade DC. A melhor marca de boa qualidade também. Para citar porque atualmente são
multímetro analógico do quem está começando seus difíceis de achar e caros
mercado é a Sanwa na mi‐ estudos ou a trabalhar na quando acha). A marca aqui
nha opinião, mas tem outras eletrônica existem multíme‐ não importa muito embora
marcas mais baratas com tros digitais de baixo custo há as mais renomadas como
boa qualidade também co‐ entre 20 e 30 reais, como os Minipa, Icel, Tektronix, Agil‐
mo Icel, Minipa, Hikari. Para DT830. lent etc. Dê preferência aos
o multímetro digital existe modelos com alcance de pe‐
uma enormidade de tipos e 4. Osciloscópio lo menos 20 MHz. Quanto
funções. Dê preferência para Antigamente os técnicos maior, melhor. Como é um
um que tenha capacímetro não usavam tanto este ins‐ instrumento caro, para quem
até 10.000 µF (10 mF) pelo trumento no reparo dos ele‐ começa e não dispõe de

Figura 2

42 REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021
PRÁTICAS DE SERVICE

muitos recursos, há a possibili‐


dade de aquisição de alguns
modelos mais em conta em im‐
portadoras de lojas da China,
Eletroímã
Este simples projeto consiste num simples eletroímã que,
por exemplo, mas aí é da conta alimentado por uma pilha comum pode atrair pequenos
ou risco do profissional ou estu‐ objetos, tais como agulhas, pregos, alfinetes, clipes,
dante de eletrônica. Eu por lâminas de barbear, limalha e muitos outros.
exemplo prefiro investir num Podemos usá-lo para demonstrar como funcionam os
instrumento melhor e o preço eletroímãs nos cursos fundamental e médio e avançar no
pode-se parcelar, desta forma o ensino de física, explicando o experimento de Oersted.
instrumento terá maior durabili‐ O eletro-imã é feito enrolando-se de 50 a 300 voltas de
dade e trará o retorno do inves‐ fio esmaltado fino num preguinho ou num parafuso de
timento. Observe na figura 2. metal ferroso, conforme mostra a figura.
O fio esmaltado pode
5. Limpeza ser obtido de
Para limpeza seja de placas ou transformadores,
de componentes eletrônicos te‐ campainhas, solenoides,
mos álcool isopropílico, escova motores e outros
de dentes velha ou escova anti‐ componentes
estática, algum lubrificante co‐ semelhantes fora de uso.
mo por exemplo o WD40 e um Devemos apenas atentar
compressor de ar e/ou aspira‐ para que o fio não esteja
dor de pó. queimado, ou seja
enegrecido, o que significa que seu isolamento já não
6. Outros (com a necessida‐ existe. O fio com o isolamento de esmalte em boas
de) condições é marrom claro brilhante.
Solda salva chip, fluxo de sol‐ Para usar o eletroímã devemos raspar as pontas do fio de
da no clean, pasta de solda, ma‐ modo a remover o isolamento, no local em que vamos fazer
lha para dessoldar, estação de sua conexão à pilha. Será conveniente usar pilhas médias
ar quente. ou grandes que podem fornecer uma corrente maior ao
eletroímã. No entanto, para demonstrações rápida, uma
pilha alcalina AAA serve (pequena).
A Burgoseletronica Ltda Não o deixe ligado por muito tempo, pois como seu
vende cursos e livros téc‐ consumo é elevado, ele fará com que a pilha se esgote
nicos nos endereços a se‐ rapidamente.
guir:
Material: 1 pilha pequena, média ou grande, Fio
http://loja.burgoseletroni‐ esmaltado fino (qualquer espessura), 1 prego ou
ca.net/ parafuso, Limalha, alfinetes, preguinhos ou outros
materiais que possam ser atraídos por um imã.
http://www.lojaburgosele‐
tronica.com.br/ Obs.: essa montagem pode ser usada como tema
transversal para o curso de ciências ou física em que o
Canal no YouTube: tema central seja eletromagnetismo.
www.youtube.com/c/Bur‐ Temas para consulta:
goseletronica05 - O efeito magnético da corrente elétrica
- A Experiência de Oersted
- Bobinas e campos magnéticos
- Metais ferrosos e magnetismo

REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021 43
MICROCONTROLADORES

Utilizando o DAC do
ESP32
Pedro Bertoleti

O ESP32 é, sem dúvidas, um dos O que é um DAC?


preferidos quando se fala em DAC é um acrônimo para Digital-to-Analog
protótipos e produtos em Converter (em português, conversor digital-
sistemas embarcados e/ou analógico. O DAC é um elemento capaz de
Internet das Coisas. Aliando converter um dado digital em uma tensão
ótimo custo/benefício, (ou sinal) analógica, processo exatamente
comunidade vasta e muito ativa e inverso ao do ADC. Isso significa dizer que,
suporte a ser programado no se você deseja aplicar um determinado nível
ecossistema Arduino, o ESP32 é de tensão em um circuito / componente a
uma das primeiras - senão a partir de um sistema eletrônico ou gerar um
primeira - opção que vem à sinal analógico com características
mente quando é a hora de se específicas, o DAC é o elemento ideal para te
escolher o hardware de um atender. O DAC é especialmente útil quando
projeto atualmente. lidamos com geração de sinais de áudio ou
O ESP32 possui recursos muito de tensões de controle / referência para
populares, como por exemplo: circuitos externos.
ADC (conversor analógico-digital), O DAC, assim como o ADC, possui também
conectividade wi-fi e uma resolução. Ou seja, nível de tensão
conectividade Bluetooth (clássico mínimo configurável por bit do dado digital.
e BLE). Porém, ele possui também Exemplo: se um DAC é dado com resolução
recursos não tão falados e que de 8 bits em um sistema onde a alimentação
são muito importantes para do DAC é 3,3V, significa dizer que há 256 (28)
projetos em geral, como o DAC níveis entre a tensão mínima (0V) e a tensão
(conversor digital-analógico). máxima (3,3V) deste DAC. Logo, a resolução
Este artigo irá explorar o uso do do DAC é igual a 3,3V/256 = 12,9 mV / bit.
DAC nativo do ESP32, de forma a De forma geral, o valor analógico é, em
contextualizar você, leitor, no que função do valor digital, determinado pela
é um DAC e como utilizá-lo no seguinte fórmula:
ESP32.
Vanalógico = Valimentação * Vdigital / (2bits - 1)

44 REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021
MICROCONTROLADORES

Supondo um DAC de 8 bits e tensão de bits, ou seja, resolução de 12,9mV/bit. No


alimentação do DAC igual a 3,3V: ESP32, os canais de DAC estão disponíveis
nos seguintes GPIOs:
Vanalógico = Valimentação * Vdigital/(2bits -1)
Canal do DAC GPIO utilizado
Vanalógico = Valimentação * Vdigital/(28 -1)
DAC0 GPIO 25
Vanalógico = Valimentação * Vdigital / 255
DAC1 GPIO 26

Veja a figura 1, onde estão destacados


Na prática: ambos os canais do DAC em um kit de
desenvolvimento com o ESP32.
Valor Valor Analógico (após
Digital conversão do DAC)

0 (0/255) * 3,3V = 0V Circuito esquemático


Todos os exemplos daqui pra frente usarão
127 (127/255)*3,3V = 1,64V
o circuito esquemático que é apresentado na
(255/255)*3,3V = 3,3V figura 2.
255

DAC no ESP32 Uso do DAC do ESP32 com a Arduino IDE


O ESP32 possui dois canais de DAC: DAC0 Para utilizar o DAC do ESP32 com a Arduino
e DAC1. Isso significa que você, IDE, apenas uma função é necessária:
desenvolvedor, tem a possibilidade de gerar
dois sinais analógicos com um só ESP32. dacWrite(Canal_DAC, Valor);
Ambos os canais de DAC tem resolução de 8

Figura 1 - DAC0 e DAC1 (do kit ESP32 DevKit 1) em destaque. Fonte da imagem: https://
randomnerdtutorials.com/esp32-pinout-reference-gpios/

REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021 45
MICROCONTROLADORES

Figura 2 - circuito esquemático

Onde: Ainda, ao lado temis um exemplo de


• Canal_DAC: qual canal do DAC será utilizado geração de sinal senoidal com ambos os
(lembrando que: DAC0 no GPIO 25 e DAC1 no canais DAC0 e DAC1. Neste caso, note que
GPIO 26) os valores digitais a serem convertidos para
• Valor: valor digital (0 até 255) para ser tensões analógicas são tabelados no array
convertido em tensão (ou sinal) analógico. Como chamado senoide.
exemplos: valor 0 resultará em 0V e valor 255 Tomando como base este exemplo, você
em 3,3V. pode tabelar/criar seus próprios sinais
customizados.
Abaixo, como exemplo de uso, está a Este código, que é apresentado na página
geração de um sinal crescente, de 0 a 3,3V, ao lado, foi baseado no exemplo disponível
similar a um sinal do tipo dente-de-serra nos em: https://github.com/G6EJD/ESP32-DAC-
canais DAC0 (GPIO 25) e DAC1 (GPIO 26). Examples/blob/master/
ESP32_DAC_Advanced.ino
/*Definição do canal DAC0 (GPIO 25)*/
#define CANAL_DAC0 25
Conclusão
/* Definição do canal DAC1 (GPIO 26) */ O ESP32 é um SoC (System on Chip)
#define CANAL_DAC1 26 completo para projetos em sistemas
embarcados e/ou Internet das Coisas,
void setup() contando com diversos recursos de forma já
{ nativa (sem necessidade de circuitos
} externos), como o DAC, por exemplo.
Desta forma, é possível fazer projetos que
void loop() tenham como requisito a geração de sinais
{ analógicos customizados (de 0 a 3,3V), algo
int i; especialmente útil para a geração de sinais
for(i=0; i<=255; i++) de áudio e sinais analógicos de referência
{ para circuitos externos.
dacWrite(CANAL_DAC0, i);
dacWrite(CANAL_DAC1, i);
}
}

46 REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021
MICROCONTROLADORES

/* Definição do canal DAC0 (GPIO 25) */


#define CANAL_DAC0 25

/* Definição do canal DAC1 (GPIO 26) */


#define CANAL_DAC1 26

/* Definição - número de amostras da senoide */


#define NUMERO_AMOSTRAS_SENOIDE 112

char senoide[NUMERO_AMOSTRAS_SENOIDE] = {0x80, 0x83, 0x87, 0x8A, 0x8E,


0x91, 0x95, 0x98, 0x9B, 0x9E, 0xA2, 0xA5, 0xA7, 0xAA, 0xAD, 0xAF,
0xB2, 0xB4, 0xB6, 0xB8, 0xB9, 0xBB, 0xBC, 0xBD, 0xBE, 0xBF, 0xBF,
0xBF, 0xC0, 0xBF, 0xBF, 0xBF, 0xBE, 0xBD, 0xBC, 0xBB, 0xB9, 0xB8,
0xB6, 0xB4, 0xB2, 0xAF, 0xAD, 0xAA, 0xA7, 0xA5, 0xA2, 0x9E, 0x9B,
0x98, 0x95, 0x91, 0x8E, 0x8A, 0x87, 0x83, 0x80, 0x7C, 0x78, 0x75,
0x71, 0x6E, 0x6A, 0x67, 0x64, 0x61, 0x5D, 0x5A, 0x58, 0x55, 0x52,
0x50, 0x4D, 0x4B, 0x49, 0x47, 0x46, 0x44, 0x43, 0x42, 0x41, 0x40,
0x40, 0x40, 0x40, 0x40, 0x40, 0x40, 0x41, 0x42, 0x43, 0x44, 0x46,
0x47, 0x49, 0x4B, 0x4D, 0x50, 0x52, 0x55, 0x58, 0x5A, 0x5D,
0x61, 0x64, 0x67, 0x6A, 0x6E, 0x71, 0x75, 0x78, 0x7C };

void setup()
{
}

void loop()
{
int i;
for(i=0; i<=NUMERO_AMOSTRAS_SENOIDE; i++)
{
dacWrite(CANAL_DAC0, senoide[i]);
dacWrite(CANAL_DAC1, senoide[i]); Clique ou fotografe o
} QR-Code acima para saber
} mais sobre o assunto.

REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021 47
COMO FUNCIONA

Um tipo de sensor que atualmente encontra uma in‐


finidade de aplicações no mundo da automação e
em outros campos é o sensor inercial. Disponível na
forma compacta apenas há um tempo relativamente
curto, ele tem recursos fantásticos que permitem a
criação de uma infinidade de novos projetos, além
de serem usados numa infinidade de equipamentos
já existentes. Neste artigo, analisaremos o princípio
de funcionamento dos sensores iniciais e até sugeri‐
remos algumas aplicações práticas.

Sensores Inerciais

Newton C. Braga

São os sensores iniciais que determinam a estado que ocorra. Como mudança de es‐
posição de seu celular mudando a apresen‐ tado, entendemos a modificação de seu mo‐
tação da tela quando você o gira. São os vimento.
sensores iniciais que mantém os veículos de Assim, quando tentamos tirar do repouso
duas rodas paralelas equilibrados. São os uma certa massa ela reage, devido a sua
sensores inerciais que mantém os drones inércia, produzindo uma força contrária
equilibrados em suas trajetórias pelo espa‐ àquela que tende a movimentá-lo. Se des‐
ço. São os sensores iniciais que mantém um prezarmos o atrito, essa força de reação de‐
robô equilibrado quando para ou andando. penderá da massa do corpo.
Estas são apenas algumas das aplicações Da mesma forma, qualquer corpo que es‐
possíveis para estes sensores que podem teja em movimento uniforme tende a reagir
ser encontrados integrados em circuitos, a qualquer mudança de sua condição, devi‐
prontos para serem usados em qualquer ti‐ do justamente a essa propriedade que deno‐
po de projeto. minamos inércia.
Tanto para frear como para acelerar o cor‐
Inércia po precisamos aplicar uma força para vencer
Para entendermos como os sensores ini‐ a inércia, que é justamente a força com que
ciais funcionam devemos voltar aos bancos ele reage.
escolares e lembrar de nosso curso de física Da mesma forma, precisamos aplicar uma
do ensino médio o que é a inércia. força para modificar sua trajetória, levando-
De uma forma simples podemos dizer que o a fazer uma curva, por exemplo.
a inércia é a propriedade que todos os cor‐ A força que deve ser aplicada depende jus‐
pos têm de reagir a qualquer mudança de tamente da massa e da velocidade desse

48 REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021
COMO FUNCIONA

corpo e da modificação que desejamos para Tanto o disco girando como a lâmina vi‐
sua trajetória. brante são aproveitados em tipos de senso‐
Em outras palavras, precisamos aplicar for‐ res inerciais que estudaremos a seguir.
ças aos corpos se desejarmos mudar o esta‐ Assim, um sensor inercial é um sensor que é
do de um corpo que apresente certa massa. utilizado para detectar mudanças de posição
Mas, a inércia se manifesta também de ou‐ ou de condições de movimento, funcionando
tras formas, o que é aproveitado em alguns baseados nos princípios que estudamos.
tipos de sensores que estudaremos.
Um disco girando em alta velocidade ou Tipos de sensores
ainda uma certa massa que gira amarrada 1 - Quando ao sinal obtido
por um fio apresenta o que se denomina 1.1 - Analógicos
“momento de inércia”. Na movimentação, Podemos ter sensores inerciais que forne‐
as forças que surgem são internas e se con‐ cem em sua saída um sinal analógico, por
trabalançam pelas forças coesão que man‐ exemplo, uma tensão, cujo valor depende da
tém o objeto em sua forma. Se essas forças condição de modificação de estado inercial
forem vencidas por um excesso de velocida‐ que detectam. Estes sensores podem ser
de o disco se desintegra. usados em aplicações mais simples que não
No entanto, se houver uma tentativa exter‐ exigem o processamento da informação, por
na de se modificar esse movimento, o disco exemplo, utilizando microcontroladores.
reage com uma força tanto maior, quanto
maior for sua massa e maior sua velocidade. 1.2 - Digitais
Por exemplo, se o disco se movimentar pa‐ São sensores que fornecem a informação
ralelamente ao plano em que ele gira ou ain‐ sobre a grandeza detectada e medida na for‐
da perpendicularmente ao plano, não ma digital, podendo interfacear diretamente
surgem forças que reagem a isso. No entan‐ com um microcontrolador. São sensores com
to, se tentarmos modificar a posição do pla‐ interfaces I2C, por exemplo, cujos sinais re‐
no de rotação as coisas mudam. O disco presentam a grandeza medida na forma di‐
reage fortemente para manter sua posição gital.
original. É por esse motivo um pião girando
em alta velocidade se mantém equilibrado. 2 - Tipos
Uma consequência desse comportamento 2.1 - Giroscópio
pode ser dada por uma lâmina vibrante. Ela Começamos por esta, por ser justamente a
também apresenta um momento de inércia mais antiga a ser usada e que apresenta
que depende de sua massa e sua velocidade uma facilidade maior de construção em sen‐
de vibração. Qualquer tentativa de se mudar sores de maior porte e em outras aplicações.
o plano da vibração faz com que ela reaja O giroscópio é um dispositivo que consiste
fortemente com uma força proporcional. num disco que gira em alta velocidade e que
é montado num sistema cardânico.
Uma mudança de posição do suporte faz
com que surjam força que mantém o disco
em seu plano original de rotação. Num sen‐
sor, podemos usar recursos para detectar
quando ocorre essa mudança e assim forne‐
cer um sinal a um circuito externo.
Figura 1 – Um Uma variação para o giroscópio de disco é
giroscópio o de lâmina vibrante em que normalmente
se usam lâminas de quartzo que geram ten‐
sões quando ocorrem as mudanças no plano
de vibração.

REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021 49
COMO FUNCIONA

2.2 - Acelerômetro com isso gerando uma tensão. Na figura 3


Uma outra forma de se medir acelera‐ temos um diagrama simplificado da constru‐
ções é através de acelerômetros. Para essa ção de um sensor inercial piezoelétrico.
finalidade existem diversas tecnologias: A sensibilidade dependerá de diversos fa‐
tores como o tipo de material piezoelétrico
2.2.1 - Capacitivos usado, geralmente cerâmica, a massa, e for‐
Neste tipo de sensor temos duas placas ou ma como os elementos são montados.
eletrodos de metal formando um capacitor.
No entanto, elas têm uma separação que va‐ 2.2.3 - Piezo resistivos
ria segundo a aceleração a que está subme‐ Este tipo de sensor se aproveita das mu‐
tido o sensor. danças de resistividade de materiais que são
Com isso, a capacitância do sensor muda submetidos a esforços mecânicos. Da mes‐
conforme a aceleração, fornecendo assim ma forma, o que se faz é acoplar um ou mais
um sinal que pode ser medido. fios desse material a uma massa sísmica
De modo a ter uma resposta apropriada a que produz uma força quando submetida a
placa móvel está acoplada a uma massa uma aceleração.
inercial, ou seja, uma massa que tem certa Este tipo de sensor se caracteriza por po‐
liberdade de movimento, para poder reagir der operar numa ampla faixa de frequências,
as acelerações. inclusive próximas a zero e também por po‐
Os acelerômetros capacitivos são indica‐ derem medir esforços de curta duração, co‐
dos para monitorar estruturas maiores da‐ mo choques ou batidas.
das suas características. Na figura 2 temos a Como são sensíveis à temperatura, preci‐
construção básica de um sensor desse tipo. sam de circuitos de compensação. Na figura
4 temos o modo como um sensor deste tipo
é construído.

Figura 4

Figura 2 - Acelerômetro capacitivo

2.2.2 - Piezoelétrico
Neste tipo de sensor temos um material pi‐
ezoelétrico montado numa massa inercial. A 2.2.4 - Efeito Hall
aceleração do sensor faz com que seja gera‐ O efeito hall que é basicamente aproveita‐
da uma tensão proporcional. A força que do em sensores de campos magnéticos, po‐
aparece sobre uma massa inercial atua so‐ de também ser aproveitado para medir
bre o material piezoelétrico deformando-o e acelerações bastando que se tenha um ar‐
ranja especial de elementos que produzam
campos magnéticos. Assim, no caso especi‐
al dos sensores inerciais, o que se faz é aco‐
plar uma massa a um imã e posicionar esse
sistema de modo que o sensor hall fique sob
a ação do campo magnético do imã, confor‐
me mostra a figura 5.
Uma mola permite que a massa inercial se
Figura 3 – Acelerômetro piezoeletrico movimente, reagindo a aceleração do con‐

50 REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021
COMO FUNCIONA

3 - Outras técnicas
Diversas outras tecnologias podem ser en‐
contradas tanto em sensores na forma de
dispositivos integrados como de arranjas de
partes.
Assim, podemos ter o caso de sensores em
que uma massa inercial penetra numa bobi‐
na, alterando a relutância do circuito com o
Figura 5 – Acelerômetro de Efeito Hall
seu movimento, o que depende a acelera‐
ção. Podemos ter sistema ópticos em que
junto. Com isso o campo que atua sobre o uma massa inercial altera a passagem ou re‐
sensor hall varia, fornecendo um sinal para flexão de um feixe de luz, produzindo então
o circuito externo. um sinal de saída correspondente.
Veja que a velocidade de resposta deste ti‐ Outra possibilidade consiste em se acoplar
po de sensor está dependente da montagem através de um sistema mecânico uma mas‐
dos elementos mecânicos. sa inercial a um potenciômetro, obtendo-se
assim variações da resistência.
2.2.5 - Acelerômetros Magneto resis‐
tivos Características
Materiais magneto resistivos mudam de re‐ 1 - Orientação
sistência na presença de campos magnéti‐ Os sensores inerciais detectam forças e
cos. Veja que isso é diferente do caso do deslocamentos que são grandezas vetoriais,
efeito hall e dos sensores que mudam de re‐ ou seja, possuem direção, sentido e valor
sistência sob a ação de forças mecânicas. (magnitude).
Neste caso, o que se faz é prender um imã Assim, sua ação exige que eles sejam ori‐
a uma massa inercial e coloca nas proximi‐ entados. A força que vai atuar sobre o sen‐
dades de um material magneto resistivo. sor, resultante de um impacto, uma
Dessa forma, a reação da massa inercial a mudança de velocidade ou deslocamento,
uma aceleração faz com que ela se movi‐ tem uma orientação e isso deve ser conside‐
mente e com ela o imã que produz o campo. rado no posicionamento do sensor.
Isso faz com que esse campo mude a resis‐ Assim, conforme mostra a figura 7, o sen‐
tência do elemento sensor. Na figura 6 sor deve ser posicionado de modo que a
ação ocorra numa orientação em que se ob‐
2.2.5 - Acelerômetros por transferên‐ tém máxima sensibilidade.
cia de calor Se quiser ter uma resposta em qualquer di‐
Trata-se de uma tecnologia bastante in‐ reção em que a força atue a solução consis‐
teressante que encontra aplicações em ca‐ te em se fazer a montagem de três sensores
sos específicos. Nela, uma massa inercial é em ângulo reto, conforme mostra a figura 8.
aquecida e sua posição é monitorada atra‐
vés de um sensor de temperatura Figura 7 –
Orientação do
sensor

Figura 6 –
Acelerôme‐
tro magneto
resistivo
(MR)

REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021 51
COMO FUNCIONA

sua prontidão. Num sistema em que são exi‐


gidas reações rápidas, a prontidão é funda‐
mental. Tecnologias MEMs (Micro
Electro-Mechanical) permitem a elaboração
de sensores extremamente pequenos que
levam a respostas muito rápidas
Figura 8 – Ori‐
entação em 3 3 - Sensibilidade
eixos ou XYZ. Evidentemente, como característica im‐
portante dos sensores, temos a sensibilida‐
de que sua capacidade de resolução na
Neste caso, cada sensor detecta a compo‐ detecção de uma variação de posição ou
nente da força de acordo com seu posiciona‐ mudança de velocidade.
mento, fornecendo ao circuito externo um
sinal correspondente. O circuito externo faz Tipos disponíveis
a soma vetorial dos sinais, fornecendo as‐ Hoje contamos no mercado com uma infi‐
sim, não apenas o valor da aceleração (mó‐ nidade de sensores inerciais fabricados com
dulo) como também a orientação (vetor). tecnologias que os dotam de características
de prontidão, sensi‐
2 - Prontidão ou resposta bilidade e orienta‐
Os sensores inerciais não respondem ime‐ ção que permitem
diatamente a uma variação da força que sua utilização em
ocorre quando eles se movimentam. Eles praticamente qual‐
precisam de um certo tempo de respostas. quer projeto.
As diversas tecnologias que vimos ofere‐ Com saídas analó‐
cem tempos de respostas diferentes. É o ca‐ gicas ou apropria‐
so de um sensor de temperatura. Ele precisa das para operação
se “acomodar” a temperatura do corpo ou com microcontrola‐
do ambiente em que ele vai medir, o que le‐ dores eles podem
va tempo. As massas inerciais ou ainda o ser usados nos
próprio modo usado, determinarão quanto mais diversos projetos: controle de posição,
tempo o sensor demorar para reagir e assim, IoT, mobilidade, veículos autônomos, etc.

Fórmulas e Cálculos para Eletricidade e Eletrônica


Os leitores deste livro encontrarão um rico conteúdo para seu trabalho de
projeto, determinação de características e dimensionamento de componentes e
circuitos. Na prática, todos que realizam um projeto, devam fazer um trabalho
para a escola ou ainda precisam determinar as características de um
componente ou um circuito para uma aplicação, encontram como dificuldade
principal encontrar a informação necessária. Colocando as principais fórmulas,
tabelas num único lugar, o projetista, estudante ou professor podem encontrar
a informação que precisa com muito mais facilidade. As tabelas, por outro lado,
contém uma grande quantidade de informações importantes, tais como valores
de constantes, propriedades físicas de circuitos e
materiais, e mesmo valores já calculados para serem
usados em procedimentos de projeto, economizando
tempo e também evitando a possibilidade de um erro.
Temos ainda neste livro leis e teoremas descrevendo as
propriedades de certos circuitos e dispositivos, além de
Newton C. Braga procedimentos que devem ser adotados quando se faz um
trabalho prático.

52 REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021
DICAS ÚTEIS

Sete cores com três LEDs


LEDs RGB são utilizados em muitas aplica‐ Verde Azul Vermelho Resultante
ções, principalmente as que envolvem mi‐ X X Purpura
crocontroladores em vestíveis.
X Azul
Na falta de um LED de três cores, branco
ou mesmo um RGB A combinação de cores X X Turquesa
de três LEDs comuns permite obter sete co‐ X Verde
res diferentes, conforme a seguinte tabela X X Amarelo
ao lado.
Evidentemente, para maior pureza as pro‐ X Vermelho
porções em que estas cores entram devem X X X Branco
ser medidas. Um circuito que permite obter
uma combinação infinita de cores é mostra‐
do na figura 1.
Com ele, podem ser alteradas as propor‐
ções em que as cores dos LEDs entram na
combinação.
Num projeto com microcontroladores po‐
demos usar três saídas com sinais PWM em
que a largura do pulso determinará a propor‐
Circuito para gerar cores infinitas. Os três
ção em que cada cor estará presente na
LEDs separados pode por ser substituídos por
combinação. Para o branco a proporção de‐
um LED RGB.
ve ser: 0,212R + 07152G + 0,0722B.

Tubo de Esferográfica
como separador
Nem tudo em nossos dias pode ser comprado
pronto para ser usado da maneira como deseja‐
mos. Se bem que shields, microcontroladores e
mesmo as plaquinhas que fazemos podem ser fixa‐
dos com facilidade em caixas ou outros locais, po‐
de ser necessário fazer isso com uma certa
separação. Tubos de canetas esferográficas co‐
muns, podem ser cortados e usados como separa‐
dores. O parafuso pode ser de 1/8” com
comprimento de acordo com a separação deseja‐
da, conforme mostra a figura.

REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021 53
MUNDO DAS VÁLVULAS

Receptor Portátil
Valvulado para 50 MHz
Yoji Konda
Encontrei alguns detalhes interessantes:
O circuito é na realidade um transceptor de
rádio de 50MHz. Na posição transmissão, o Recebemos de nosso colaborador Yoji
microfone de carvão (carbon Mike) é coloca‐ Konda este interessante artigo em
do em série com um dos enrolamentos do que ele comenta um projeto que
transformador T1 e a outra ponta ligado jun‐ publicamos em nosso site mostrando
to ao filamento da válvula3A5 que está liga‐ um antigo receptor valvulado portátil
da à bateria de 1,5V. para 50 MHz da década de 40.
Isso induz o sinal de voz a T1 que está liga‐
do à grade da válvula de saída, que na posi‐
ção transmissão funciona como modulador. ceptacle  (Fone de Ouvido de Cristal). O po‐
A válvula 3A5 tem filamento de 1,5V+1,5V. tenciômetro de 50K é um controle de super-
Se ligado através dos pinos 1 e7 a tensão regeneração na recepção.
necessária será de 3V, porém se unir os ter‐ É muito interessante conhecer a criativida‐
minais 1 e 7 e ligar o terminal 4 ao terra, os de do passado.
filamentos funcionarão com bateria de 1,5V. O microfone de carvão na transmissão me
A saída de áudio é ligada a um Crystal Re‐ fez lembrar de um outro famoso
transmissor de aviação da Segunda Guer‐
ra: o ART-13 da Collins que tinha uma válvu‐
la tríodo 813 em sua saída de RF.

Havia dois tipos de configuração.


Uma com a válvula 813 na saída de RF,
modulada por duas válvulas 811.
O radio farol de Lins usava este modelo,
com transmissão em CWM (telegrafia modu‐
lada em 400kHz).
Outra não tinha como moduladora as vál‐
vulas 811 para economia de espaço e ener‐
gia, usada em aviões menores. Foi nesta
configuração que os engenheiros da Collins
descobriram que era possível modular usan‐
do um microfone de carvão no lugar do ma‐
nipulador.
Essas válvulas tinham uma forte polariza‐
ção negativa em suas grades, fazendo com
que a corrente de placa sem sinal fosse ze‐
ro, permitindo que o manipulador telegráfi‐
Figura 1 – O transceptor co ficasse na válvula excitadora, com

54 REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021
MUNDO DAS VÁLVULAS

segurança, sem alta tensão e faiscamento


no manipulador.
A maioria das transmissões do ART-13
eram telegráficas, mas alguns casos neces‐
sitavam de modulação por voz. A modulação
por placa era inviável, pois a potência de sa‐
ída em RF era aprox. 100W, mas a potência
de entrada das placas era de quase 200W.
O modulador teria que ter 100W e ficaria
mais pesado que a parte de RF do ART-13,
pois enquanto na parte de RF usavam bobi‐ Figura 2 – Um microfone de carvão.
nas leves, na parte de modulação de áudio,
de baixa frequência, teria que usar compo‐ Depois que 2 navios mercantes brasileiros
nentes mais pesados, como transformado‐ foram afundados, um comandante de um
res de núcleos de aço silício e enrolamentos submarino alemão fez questão de entrar em
de cobre e isso não era compatível com bai‐ contato com o navio patrulha do Brasil para
xo peso necessário aos equipamentos de negar enfaticamente que não foi a Alema‐
aviação, as válvulas 811 não tinham Screen. nha quem torpedeou os navios brasileiros.
Quem serviu de intérprete foi o Reinaldo.
Qual foi a solução? Segundo o comandante alemão, a Alema‐
No laboratório da Collins, um dos enge‐ nha tinha todo o interesse que o Brasil tor‐
nheiros teve a ideia de colocar em paralelo nasse seu aliado ou se não fosse possível,
com os terminas do manipulador um micro‐ neutro na guerra. Só depois que mais navios
fone de carvão. O microfone de carvão fica‐ brasileiros foram afundados, o Governo Var‐
va em série com o catodo da válvula gas que era simpático à Alemanha, cedeu a
excitadora que tinham uma circulação de pressão dos EUA para declarar guerra ao Ei‐
corrente ideal para atuar o microfone. xo. Tive no passado a oportunidade de ver
Tive um transceptor militar da WW2 da em funcionamento uma ART-13 funcionando
Collins, já meio sucateado. Poderia ser recu‐ como Radio Farol no Aeroporto de Lins que
perado mas não tive interesse. Dei para um transmitia em 405KHz, em transmissão tipo
engenheiro amigo meu. telegrafia modulada.
O interessante era que se tratava de um Ouvia as transmissões tanto de voz como
equipamento militar feito nos EUA para o telegráfica em um receptor BC-348 (*) de
Exército Soviético! Estava tudo escrito em uma companhia de aviação. Esse receptor
russo exceto a marca Collins. Naquele tem‐ não tinha alto-falante devido ao ruído dos
po EUA e União Soviética eram aliados con‐ motores do avião. Usava fones de ouvidos.
tra a Alemanha.
Quem deu o transceptor foi um conhecido (*) Meu rádio BC348. Tenho também um
meu, Reinaldo, ex-intérprete da Marinha de BC-348 obtido de avião C-47 de
Guerra do Brasil, brasileiro nato, filho de ale‐ transporte da segunda guerra. Meu rádio
mães, já falecido. Ele atuava com intérprete ainda funciona e fiz um vídeo mostrando
de alemão a bordo de navios patrulhas nas justamente a sintonia do sinal de Radio
costas brasileiras. Farol do Aeroporto de São Paulo –
Nos dias que antecederam a declaração de Guarulhos em 410 kHz (NDB) .
guerra do Brasil contra o Eixo, eram comum
submarinos alemães a caminho da Argenti‐
na, país então simpáticos da Alemanha,
emergirem no trajeto, para dialogar com na‐
vios-patrulhas brasileiros.

REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021 55
PRÁTICAS DE SERVICE

Práticas de
Service

Sem dúvida alguma, uma das seções de vista, verificamos que alguns deles ainda
maior sucesso que tivemos no tempo das estão na ativa, como Alexandre José Nário
publicações impressas foi a seção de Práti‐ que nos envia as duas primeiras fichas pa‐
cas de Service da Revista Saber Eletrônica. ra esta seção.
Para esta seção, selecionávamos fichas de Mas, como não poderia deixar de ocor‐
casos de reparação que eram enviados por rer, o formato virtual e as novas tecnolo‐
leitores que trabalhavam em oficinas, ou gias fornecem novas possibilidades para
que simplesmente reparavam ou restaura‐ os colecionadores. Assim, na versão im‐
vam equipamentos eletrônicos. pressa pode-se simplesmente recortar e
Naquela seção, os casos eram enviados gravar a ficha.
com o autor (técnico), a marca, o modelo do Mas, aí entra a tecnologia. Para os que
aparelho e o defeito encontrado. Seguia-se desejarem ter o arquivo digital, abrindo
então um relato ou procedimento segundo uma pasta “Fichas de Service INCB”, tere‐
o qual o técnico havia encontrado o defeito mos um link ou QR Code na versão im‐
e feito a reparação. pressa em que você acessa o arquivo para
Completava a ficha a parte do diagrama guardar separadamente nessa pasta ou
do equipamento em que o defeito foi encon‐ imprimir.
trado, assinalando-se o componente ou E, na impressão para guardar sua ficha
componentes que foram trocados. você até pode até usar um papel mais en‐
Foram centenas de fichas que publicamos corpado, o que certamente dará uma apa‐
num formato que permitia ao colecionador rência especial ao seu arquivo.
da revista recortar a ficha e guardá-la sepa‐ Estaremos também analisando a possi‐
radamente para a consulta. bilidade de transformar as antigas fichas
Milhares de profissionais e amadores se que existem hoje na nossa seção de Ser‐
beneficiaram dos conhecimentos dados pe‐ vice e que tratam de aparelhos antigos
las experiências dos colaboradores através (que podem ser úteis na restauração), dis‐
dessas fichas, encontrando com muito mais ponibilizando-as também no formato para
facilidade defeitos em equipamentos para impressão.
reparação. E se você é um profissional ou gosta de
Tivemos excelentes colaboradores para reparar e restaurar equipamento, que tal
esta seção como Pio José Rambo, José Luiz se tornar um colaborador desta seção en‐
de Melo, Gilnei Castro Muller, Alexandre Jo‐ viando seu caso. Sua experiência poderá
sé Nário, Joran Tenório e muitos outros. ser de grande utilidade para todos os que
E, para nossa surpresa, ao manifestarmos nos seguem. Envie a sua ficha para o e-
o desejo de incluir esta seção na nossa re‐ mail leitor@newtoncbraga.com.br.

56 REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021
PRÁTICAS DE SERVICE

Ficha: 001 Defeito: Não Funciona (LED Power apagado)


Marca: Semp Toshiba Aparelho/Modelo: TV LED 32l2400
Relato: Autor: Alexandre J. Nário

Esta TV chegou à oficina totalmente ino‐ são apenas na entrada do integrado regu‐
perante (LED stand by apagado). Abri o lador de tensão N807, na saída a tensão
aparelho e fiz, de início, uma análise visual +3,3V estava ausente.
nos componentes em busca de alguma al‐ Retirei o integrado N807 (AMS1117) do
teração física como, por exemplo, capaci‐ circuito e, com o ohmímetro, fiz um teste
tores inchados, semicondutores de resistência comparada com outro com‐
estourados, resistores carbonizados, etc., ponente em bom estado. Havia discrepân‐
além de problemas na placa de circuito im‐ cias de valores entre eles. Ao fazer a sua
presso (soldas frias, aquecimentos e trilhas substituição e ligar o televisor, o seu funci‐
interrompidas). Tudo aparentava normali‐ onamento foi restabelecido.
dade.
Com a placa da fonte de alimentação
desconectada do restante do televisor, me‐
di as tensões nas saídas e estavam todas
ausentes. Comecei seguir a linha DC
+3,3V, tensão responsável pelo aciona‐
mento de todo o aparelho e encontrei ten‐

Ficha: 002 Defeito: Funcionamento Intermitente


Marca: Elsys Aparelho/Modelo: Receptor Via Satélite 2.0 Black
Relato: Autor: Alexandre J. Nário

Os defeitos intermitentes são os mais regulador de tensão Q101 (TL431) e após


difíceis de serem solucionados, pois podem horas de testes, o defeito não mais se
se manifestar, ou não, a qualquer pronunciou.
momento de forma aleatória e as causas
do problema podem ser as mais diversas.
Abri o aparelho e, de início, fui em busca de
mau contato ou solda fria na placa e nos
componentes.
Estava tudo aparentemente normal.
Liguei o aparelho e aguardei a
intermitência se manifestar. Diante do
defeito apresentado, com o auxílio do
voltímetro, medi as tensões nos principais
pontos do circuito e ao chegar ao terminal
2 do opto-acoplador U101 a tensão
oscilava. Fiz a sua troca, mas o defeito
persistiu. Resolvi substituir o integrado

REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021 57
PRÁTICAS DE SERVICE

Ficha: 003 Defeito: Não funciona através do controle remoto.


Marca: Samsung Aparelho/Modelo: Mini System MX-D730
Relato: Autor: Alexandre J. Nário

Diante do problema relatado pelo cliente, display se o LED infravermelho está


iniciei os testes pelo controle remoto, emitindo luz. Abri o Mini System e segui a
encontrando-o em perfeitas condições de linha +B (5V) que alimenta o sensor IR01
uso. Uma dica simples e eficiente para (localizado na PCI frontal), foi quando
testar um controle remoto é usar a câmara encontrei o resistor R6 (470 Ω) totalmente
de um aparelho celular. Acionando o aberto. Fiz a sua substituição e o aparelho
controle remoto é possível visualizar no voltou a funcionar normalmente.

Ficha: 004 Defeito: Receptor funcionamento normal mas televisor não liga.
Marca: Century Aparelho/Modelo: Receptor Via Satélite 2.0 Black
Relato: Autor: Junior de Fátima Lima

Para descobrir se o defeito estava no transistor QF2 (BC547) que também


receptor, desliguei a tomada da TV e o estavam sem problemas. Mas, ao testar o
liguei separadamente na rede. O resistor R1 de 470 ohms, encontrei-o
funcionamento foi normal. O primeiro aberto. Feita a troca deste resistor, o
passo foi verificar o relé K1, que estava aparelho voltou a funciona normalmente.
bom. Em seguida, o diodo D1 (1N4007) e o

58 REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021
PRÁTICAS DE SERVICE

Ficha: 005 Defeito: Não inicia a reprodução


Marca: Samsung Aparelho/Modelo: CD-player CD35R
Relato: Autor: Alexandre J. Nário

Ao ser inserido o disco no compartimen‐


to, ele girava normalmente por
alguns segundos e depois para‐
va, indicando que o aparelho
não estava lendo o conteúdo ini‐
cial. Como o display se manti‐
nha com as indicações corretas,
descartei problemas com o mi‐
croprocessador. Com o oscilos‐
cópio no terminal2, ou seja, na
saída do CI 301 (amplificador
dos fotodiodos), não observei o
sinal “Eye Pattern”, Fiz a substi‐
tuição do CI 301 (KA9201) e com
isso o aparelho voltou a funcio‐
nar normalmente.

Ficha: 006 Defeito: Som distorcido e volume muito baixo


Marca: Philips Aparelho/Modelo: Amplificador Aut. 08 RL 197
Relato: Autor: José Luiz de Mello

Ao revisar o circuito,
verifiquei que os quatro
transistores Darlington
do amplificador de po‐
tência TIP107 estavam
em curto. Com a troca
desses componentes, o
aparelho voltou a funci‐
onar normalmente.

REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021 59
BANCO DE CIRCUITOS

Driver para 20 LEDs


Com este circuito é possí‐
vel alimentar de1 a 20 LEDs
numa matriz ou fita. A vanta‐
gem está não necessidade
de se usar um integrado es‐
pecial, já que são usados
apenas transistores comuns.
O circuito é de uma docu‐
mentação inglesa e a ali‐
mentação é de 12 V. A
potência do circuito é de 1 W.
Os choques são enrolados
em formas de 1 x 1,5 de fer‐
rite. O resistor de 1R5 na ba‐
se do transistor pode ser
alterado conforme a corren‐
te desejada nos LEDs O
BC337 pode ser substituído
pelo BD135.

Sensor de nível de água


Este circuito foi encontrado
numa anatiga documenta‐
ção americana, onde os
componentes usados são
ainda comuns. O circuito
controla diretamente uma
carga ligada à rede de
energia. O transformador
pode ser qualquer um que
tenha primário conforme a
rede, possibilitando o uso do
circuito em 220 V, e
secundário de qualquer
corrente entre 50 mA e 300
mA. O SCR não precisa de
dissipador, mas o triac pode
precisar conforme a carga
controlada.

60 REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021
EXTRAS

Como se tornar
um colaborador

Muitos nos escrevem dese‐ todos os níveis, não exigi‐ 11 ou 12 para maior facilida‐
jando saber como podem se mos uma estrutura acadêmi‐ de de leitura.
tornar colaboradores, escre‐ ca, como a de um TCC ou O espaço entre as linhas
vendo artigos em que rela‐ mesmo um trabalho para pode ser 1,15 ou 1,5 e a lar‐
tam suas experiências, uma publicação indexada ou gura da página pode variar
algum assunto teórico de im‐ especializada de nível mais entre 14 e 18 sem proble‐
portância ou mesmo divul‐ alto. Desejamos apenas que mas, pois na preparação pa‐
gando um projeto prático. o artigo chegue aos leitores ra publicação mudamos de
Para orientar todos os que que precisam de seus conhe‐ acordo com o que precisa‐
desejam partici‐ cimentos e de mos.
par desta revis‐ "Feliz aquele que sua experiência, As ilustrações devem ser
ta e também transfere o que e isso pode ser preferivelmente já inseridas
ter seu artigo sabe e aprende o feito de forma di‐ no texto, logo após o ponto
em nosso site a que ensina." dática, objetiva e em que se faz sua citação.
seguir algumas eficiência. Assim, Deve-se procurar indicar no
orientações Cora Coralina damos a estrutu‐ texto o número da figura e
que podem ser ra básica que re‐ logo abaixo da figura o seu
de grande utilidade. comendamos que autor siga número. Uma legenda, des‐
Começamos com uma afir‐ ao escrever seu artigo e fa‐ de que não muito longo pode
mativa: SIM TODOS PODEM zer com ele seja aceito mais ser de grande ajuda.
COLABORAR. Não cobramos facilmente, não nos dê tra‐ Se for uma foto ou um de‐
nada e damos aos leitores a balho excessivo e também senho obtido na internet de‐
oportunidade de divulgarem atenda seu público. ve-se verificar se ele possui
seus artigos e até seus negó‐ direitos autorais. Pode-se
cios, e eventualmente até Formatação e ilustrações eventualmente colocar a
publicamos seu livro. É mui‐ A formatação não é crítica figura indicando sua proce‐
to mais simples do que vo‐ e as ilustrações não preci‐ dência.
cês possam estar pensando. sam ser feitas por um dese‐ As figuras podem estar nos
Começamos com os artigos: nhista profissional. Você formatos JPG, BMP , GIF ou
pode escrever o artigo em PNG com mais de 600 pixels
Publicando Artigos Word ou outro editor de tex‐ de um dos lados. Caso as
Como nossos artigos se to com o tipo de letra e ta‐ figuras sejam obtidas de
destinam a uma divulgação manho que lhe for mais terceiros, é importante
de temas entre leitores de conveniente, normalmente informar o link de origem,

REVISTA ELETRÔNICA INCB ‐ N° 2 ‐ JAN‐FEV/2021 61
EXTRAS

Nome e Autoria mos usar: (1), (2), etc. e no existir um componente es‐
Todo artigo tem um nome final do artigo dar um peque‐ pecial, qual é a sua finalida‐
de um ou mais autores. Colo‐ no perfil de cada um. Um link de, etc.
que no início do seu traba‐ eventualmente será dado Uma boa parte dos proble‐
lho, preferivelmente o nome para este perfil, que ficará mas que ocorrem com um
já na identificação do docu‐ no site servirá para outros projeto poderiam ser evita‐
mento. Se o trabalho tem um artigos que eventualmente o dos se o montador tivesse
título que pode ser mais lon‐ leitor nos envie. um conhecimento básico de
go do esperado, pode ser Nossa revista possui links e como funciona aquilo que
usado um subtítulo, por um QRCode que pode even‐ está montando. Isso é válido
exemplo: tualmente ser usado para ainda mais para o caso de
acessar mais informações um projeto eletrônico.
Título: sobre o autor ou trabalhos
“Controle remoto em fio” seus e até um Email de con‐ Montagem e texto princi‐
tato. pal
Subtítulo: Se o artigo descrever uma
”Usando interface Wi-Fi pa‐ Introdução montagem, é nesta parte
ra aplicações em IoT” Logo após o título, uma pe‐ que ela deve ser feita. É im‐
quena introdução de no portante sempre colocar va‐
Após o nome do autor pode máximo 10 linhas deve ex‐ lores de componentes nos
ser colocado um (*) para que plicar de modo geral a finali‐ diagramas e não deixas so‐
no final do artigo possamos dade do artigo. Por exemplo: mente para a lista de materi‐
dar o seu perfil. Se forem di‐ “Neste artigo descrevere‐ ais. Isso é importante, pois
versos colaboradores pode‐ mos a montagem de...” ,“Es‐ se houver alguma omissão
te artigo mostra o trabalho tem como conferir. A placa
que realizamos em nossa es‐ de circuito impresso ou dis‐
KELETRON cola para...” , “A finalidade posição numa matriz de con‐
deste artigo é ensinar aos tatos ajuda bastante,
FONTAT leitores como...” e assim por principalmente se não for
diante. uma montagem muito com‐
FONTES PARA
Logo depois, pode-se ter plexa.
INSTRUMENTOS então um detalhamento do Para os artigos teóricos, o
MUSICAIS: que é artigo, eventualmente texto deve seguir uma se‐
Teclados
numerando seus tópicos, ex‐ quência lógica. Escreva co‐
Mixers
Pianos Digitais plicando os temas analisa‐ mo se você estivesse
Pedais dos, a finalidade do projeto, fazendo uma apresentação
o que autor pretende e até de seu projeto ou de sua
TRANSFORMADORES DE mesmo contando alguns de‐ ideia colocando aquilo que
FORÇA
Para aparelhos elétricos e talhes de como ele chegou a eventualmente você sabe
eletrônicos. tudo. que lhe perguntariam numa
Tipo fixação com apresentação ao vivo. Não
abraçadeira.
Como funciona ou Teoria deixe dúvidas.
Tipo circuito impresso.
Tipo exportação 50HZ. A primeira parte de um ar‐
tigo prático deve ser o “co‐ Ajustes e Uso
AUTOTRANSFORMADOR mo funciona” em que o autor Se seu projeto for prático e
USO RURAL
explica de maneira concisa o tiver ajustes, ensine como
254/220V para rede rural
MRT principio de funcionamento fazer. Não deixe dúvidas e
do projeto que está apresen‐ explique como usar o apare‐
vendas@yojikonda.com tado, etapa por etapa, se lho.

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EXTRAS

Lista de Material exemplo, e mesmo os das di‐


Uma lista detalhada do ma‐ versas regiões de nosso país
terial usado é importante se não entendem termos que
o projeto for prático. Se o você poderia usar em seu
projeto for para iniciantes, texto. Se achar necessário,
coloque os possíveis códigos explique seu significado.
de identificação dos compo‐
nentes como, por exemplo, Os direitos autorais
código de cores de resisto‐ Os direitos autorais de seu
res. Se um componente ad‐ artigo são seus. Apenas, ao
mitir equivalente, indique. nos enviar o artigo permitin‐
do sua publicação, você nos
Referências e agradeci‐ autoriza sua divulgação. Vo‐
mentos cê pode a qualquer momen‐
No final, você pode dese‐ to publicá-lo em outra forma
jar fazer agradecimentos a de mídia, usá-lo num livro
pessoas ou mesmo empre‐ seu ou trabalho e se quiser
sas que contribuíram de al‐ pode fazer atualizações nos
guma forma para que seu textos que nos enviou.
projeto ou seu artigo fosse
escrito. Pode colocar neste O que está esperando?
ponto, sem problemas. Então, se você tem uma
Também podem ser feitas boa ideia de artigo, fez um
neste ponto as referências a projeto interessante e deseja
eventuais artigos, livros ou divulga-lo. Estamos prontos
outras fontes que foram con‐ para ajuda-lo. Nossos mais
sultadas para elaboração de de 250 000 leitores que nos
seu artigo ou projeto. acessam mensalmente po‐
Eventualmente poderemos dem lhe dar um bom retorno
usar um link para a versão e a satisfação de se tornar
digital ou QR code para aces‐ muito conhecido. E, se seu
sar uma páqina com este artigo for realmente bom, fa‐
conteúdo. remos sua tradução para o
espanhol é inglês para colo‐
Revisão ca-nos nos nossos sites na‐
Uma revisão ortográfica é queles idiomas e lhe dar
sempre interessante, se bem ainda muito mais acessos e
que a maioria dos editores projeção para seu nome.
de textos já faz isso quando
escrevemos. Procure não Nossos Canais
usar num artigo técnico ter‐ de atendimento:
mos de gíria ou regionalis‐ www.newtoncbraga.com.br
mos. A internet é global e as
diferenças muito grandes de Atendimento ao Leitor:
nosso idioma pode dificultar leitor@newtoncbraga.com.br
o entendimento de quem
não é de sua região. Atendimento Comercial:
Os leitores de Portugal, An‐ publicidade@newtoncbraga.com.br
gola, Moçambique, por

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