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GASTRONOMIA Para Ruth Benedict (1972) a cultura é a lente

↳ termo grego Gaster (ventre, estomago) + através da qual o homem vê o mundo ;


nomos (leis, regras). Em tradução literal, “leis ↳ cultura consiste num conjunto de valores,
do estômago” crenças, costumes, ideologias, códigos morais
que são transmitidos e aprend idos no interio r
Collaço (2013), analisando os diversos usos de um grupo ou uma sociedade humana. São
contemporâneos do termo “Gastronomia” , esses valores, socialmente transmitid os, que
destaca duas perspectivas: vão configurar o comportamento e a visão de
A) Um uso destinado a designar um mundo dos ind ivíduos de determinad o grupo
conjunto de cozinhas em que estarão ou sociedade;
presentes distintos imaginários (local, regional, ↳ composta por aspectos materiais e
nacional, popular, refinado, tradicional.) imateriais.
B) Outro referindo -se aos aspectos
concernentes ao conhecimento e ao consumo SOCIALIZAÇÃO : processo de aprendizagem
de produtos diferenciados associados a uma das regras sociais de um grupo. Inserção
ideia de “bom gosto” e distinção. simbólica de um indivíduo em um grup o.

Mas também é possível identificar dois outros ALIMENTAÇÃO


usos: ↳ processo por meio dos quais os org anismos
C) Uma área de estudo das relações entre vivos obtêm nutrie ntes e calorias necessárias
a cultura e a alimentação, incluindo os para sua manute nção;
conhecimentos das técnica s culinárias, do ↳ ato de ingerir alimentos . Nutrir-se.
preparo, da combinação e da degustação de ↳ é uma das principais necessidades
alimentos e bebidas, além dos aspectos fisiológicas.
simbólicos e subjetivos que influenciam e
orientam a alimentação humana (Gimenes, HÁBITOS ALIMENTARES: se traduzem na
2015); forma de seleção, p reparo e ingestão de
D) Aquele que define uma área de alimentos, que não são o espelho, mas se
atuação profissional, relacionada à con cepção, constituem na própria imagem da sociedade
planejamento e gerenciamento de produções (BONIN e ROLIM, 1991, p.76).
culinárias em diferentes fases dos serviços de ↳ são decisões relacionadas ao que se come,
alimentação, bem como à articulação e como se come, onde se come, quando se
coordenação de empreendimentos e negócios come e com quem se come.
gastronômicos (MEC, 2016) . ↳ são manifestações culturais const ruídas no
arcabouço cultural que organiza todo um
CULTURA grupo. Por conta disso, podem ser uma
↳ a cultura de uma sociedade compreende importante fonte de informação sobre
tanto aspectos intangíveis – as crenças, as diferentes aspectos da vida social de um
ideias e os valores que formam o conteúdo da grupo.
cultura – como também os aspectos tangíveis ↳ contextos culturais diferentes geram
– os objetos, os símbolos ou a tecnologia que hábitos aliment ares diferentes (às vezes com
representam esse conteúdo. (GIDDENS, 2002, diferentes formas de representação, seleção
p. 38) e técnicas de preparo para os mesmos
↳ cultura se refere ao conjunto de ideias ingredientes/ ingredientes muito si milares.)
(normas, valores, representações, etc.) por
meio do qual as pessoas entendem o mundo COMO SE FORMAM?
e que forma uma base para a ação h umana. - Vivian Braga (2004, p. 39) afirma que “... os
hábitos alimentares fazem parte de um
sistema cultural repleto de símbolos,
significados e classificações, de modo que associadas à alimentação e são compartilhados
nenhum alimento está livre das asso ciações por indivíduos de uma determinada cultura ou
culturais que a so ciedade lhes atribui”; grupo social (Hernandez Contreras; Gracia
- A alimentação humana é um ato social e Arnaiz, 2011).
cultural onde a escolha e o consumo dos ↳ a cultura alimentar de um p aís é construída ao
alimentos colocam em jogo um conjunto de longo do tempo sob diferentes influências e
fatores de ordem ecológica, histórica, cultural, abarca regionalismos.
social e econômica vinculada a uma rede de
representações, sim bolismos e rituais COZINHA REGIONAL
(ALVAREZ, 2002, p.11); ↳ conjunto de pratos e bebidas característicos
- TODA comida é um alimento, NEM TODO de uma determinada região (que ne m sempre
alimento é comida (DA MATTA, 1987). corresponde à delimitação federativa ),
preparados a partir de técnicas culinárias e
ALIMENTO: algo comestível, digerível, capaz de ingredientes específicos;
trazer nutrie ntes para o organismo; - Base das diferenças das cozinhas regionais:
diferentes biomas (elemento natural) +
- Para da Matta, só se torna comida o alimento diferentes interferências humanas (elemento
que é aceito social e culturalmente em um cultural).
determinado grupo. É a partir desta primeira
aprovação social que o sujeit o pode SISTEMA SOCIAL ALIMENTAR
desenvolver suas preferencias individuais. ↳ reúne o conjunto de atores econômicos que,
desde a produção até o consumo, c ontribuem
Os hábitos aliment ares são formados por para a transformação, fabricação e d istribuição
critérios objetivos e subjetivos: dos produtos alimentares, incluindo os atores no
OBJETIVOS: âmbito doméstico que realizam a aquisição e
- Acesso ao alimento (produção local); participam da transformação c ulinária e da
- Possibilidade de aquisição (limitação organização das condições de consumo
financeira); (Hernandez Contretas; Gracia Arnaiz, 2011)
- Compatibilidade biológica (alergias, ↳ em cada etapa do Sistema Social Alimentar os
intolerâncias). atores sociais mobilizam conhecimentos
SUBJETIVOS: provenientes do contexto tecnológicos e representações sociais para
cultural tomarem decisões e fazer com que os alimentos
- Socialização: regras alimentares da família e sejam deslocados até o consumidor.
do grupo maior onde o indivíd uo se insere;
- Preceitos religiosos; Carlo Petrini (fundador do movime nto Slow
- Superstições Food), trabalha com o conceito que o
- Representações atribuídas aos alime ntos; consumidor é um coprodutor.
- Moda; ↳ quem consome tem o poder de decidir o que
- Status; será produzido ou não;
- Experiências individuais ao longo da vida. ↳ o consumidor interfere na prod ução .

GOSTO ALIMENTAR Qual é o papel dos chefs / cozinheiros neste


- = gosto fisiológico (aquilo que o nosso aparato sistema? Eles são responsáveis por criar uma
físico nos permite sentir) + gosto social; tendência, uma opinião, fazer com que as
- O gosto alimentar disting ue a preferência por pessoas queiram consumir tal alimento . Revisitam
determinadas ig uarias como sendo, mais do que pratos tradicionais e/ou ingredientes gerando
um exercício do paladar individual, uma maior interesse, logo aumentando o consumo .
expressão do arcabouço cultural que o rienta as
escolhas individuais; COMENSALIDADE
- Por consequência, muitas vezes as práticas ↳ ato de compartilhar um alimento ou refeição
alimentares se tornam importantes marcadores - Ato social complexo, que envolve a
da identidade cultural de um grupo. transmissão não apenas de conhecimentos
relacionados à alime ntação, mas também de
CULTURA ALIMENTAR: conjunto de regras e hierarq uias sociais;
representações, crenças, conhecimentos e
práticas herdadas e/ou apreendidas q ue estão
- Além de constituir uma oportunidade CARMIM DE COCHONILHA: Muito s dos
importante para a criação e fortalecimento de alimentos com cores que remetem ao
laços sociais (Carneiro, 2005) morango e às frutas vermelhas levam carmim
de cochonilha em sua composição, um corante
CHOCOLATE TREE TO BAR: é o termo usado obtido através da trituração de Coccus Cactis ,
para chocolates produzidos pelo mesmo um inseto.
fabricante desde o cultivo até a pro dução da
barra. Significa que todo o processo desde o
cultivo da terra, plantação do cacau, colheita,
secagem da amêndoa, processamento e
produção do chocolate, foi realizado pelo
mesmo produtor.

FARM TO TABLE: movimento que prega a CUY: Em países como Peru e Equador, o
diminuição de intermediário s na porquinho da índia é um p rato tradic ional, o
comercialização de alimentos, dando Cuy.
preferência para ing redientes comprados direto
do produtor.

LOCAVORISMO: filosofia que prega o consumo


somente daquilo que pode ser produzido
localmente.

TRADIÇÃO ALIMENTAR CRISTA DE GALO: prato famoso na Europa,


- Tradição é o processo que implica “a que teve origem na Itália. Há 200 anos, ele já
passagem de um conjunto de dados culturais fazia parte de um prato famoso na re gião de
(em sentido antropológico) de um antecedente Piemonte, o la finanziera , que além d a crista
a um consequente que pode configurar-se também leva testículos de galo .
como famílias, grupos, gerações, classes ou
sociedades” (PRANDI, 1984, p.166).
- Tradição alimentar é um conjunto de práticas
e conhecimentos relacionados à alimentação
transmitidos de geração a geração. Seus
maiores expoentes são os pratos tradicionais
pertencentes às cozinhas regionais. Pode sofrer
alterações (de forma ou sig nific ado, mas os
elementos estruturais permanecem) .
SURSTRÖMMING: prato famoso na Suécia,
consiste em um peixe arenque fermentado
extremamente fedido. Ele vem em uma lata e
os suecos recomendam que ela seja aberta ao
ar livre, para que o cheiro não im pregne
dentro de casa. Uma das histórias que tenta
explicar a origem d essa iguaria é a de que,
quando o sal era artigo de luxo, de cidiram
Exemplo: A feijoada é um prato tradicional optar pela fermentação utilizando apenas
brasileiro. Mas cada ind ivíduo pode fazer este metade da quantidade de sal sugerida.
prato de uma maneira diferente, porém existem
ingredientes que não podem ser alterados,
como o feijão preto, caso isso ocorra, deixa de
ser uma feijoada.

COMIDAS INUSITADAS
BACON DE BALEIA: petisco popular no Japão. preparo, da combinação e da degustação de
Ele é cortado em fatias bem grossas. A carne alimentos e bebidas, além dos aspectos
de baleira ficou popular no país depois da simbólicos e subjetivos que influenciam e
Segunda Guerra Mundial por conta de orientam a alimentação humana .
escassez de comida, entre os anos 50 e 60,
essa carne era uma das principais fo ntes de 3. O que é um Sistema Social Alimentar?
proteína para os j aponeses. Qual o papel de um chef neste processo?

- O sistema social alimentar reúne o conjunto


de atores econômicos que, desde a produção
até o consumo, contribuem para a
transformação e distribuição dos p rodutos
alimentares. Neste sistema, os chefs são
responsáveis por criar uma tendencia, fazer
TUTANO: substância gelatinosa enc ontrada com que as pessoas queiram consumir um
dentro dos ossos da perna dos animai s, determinado alimento. Eles revisitam pratos
geralmente os utilizados são de boi. Faz parte tradicionais e /ou ing redientes gerando maior
da culinária de países como Inglat erra e interesse, logo aumentando o consum o.
França.
4. O que são hábitos alimentares e como
eles são formados? Mencione 1 fator
objetivo e 1 fator subjetivo que interfere
neste processo de formação.

- Hábito alimentar é a forma com que um


grupo de pessoas usa um determinado
alimento, como selecionam, preparam e
OVOS CENTENÁRIOS : são ovos de galinha,
pato ou ganso preserv ados por algumas consomem. São formados por critérios
semanas, ou meses, em uma mistura de cal, objetivos, como a possibilidade de
amido de arroz, sal, cinzas e argila. aquisição, a limitação financeira de ste grupo
de pessoas, e por critérios subjetivos, como
superstições.

5. O que é comensalidade?

- Comensalidade é o ato de compartilhar um


alimento ou refeição. Esse ato cria e fortalece
laços sociais.

PERGUNTAS DE REVISÃO 6. O que é tradição alimentar? Dê um


exemplo:
1. O que é cultura alimentar?
- É um conjunto de práticas e conhecimentos
- Cultura alimentar é um conjunto de crenças, relacionados à alimentação transmitidos de
conhecimentos e práticas alimentares geração a geração . Pode sofrer alt erações,
herdadas que são compartilhadas por mas os elementos estruturais perm anecem.
indivíduos de uma determinada cultura o u Por exemplo, a feijoada é um prato tradicional
grupo social. Ela é construída ao longo do brasileiro, ele pode ser feito de muitas
tempo por diferentes influências. maneiras, porém existem ingredientes que não
podem ser alterados, como o feijão preto,
2. O que é gastron omia? caso isso ocorra, deixa de ser uma feijoada.

- É a área que estuda as relações entre a


cultura e a alime ntação, incluindo os
conhecimentos das técnicas culinárias, do
ALIMENTAÇÃO E RELIGIOSIDADE Demarcar status social

CONSUMO SIMBÓLICO - Alimentos caros que indicam status social.


- Mary Douglas e Baron Isherwood consideram Não necessariamente são melhores ou m ais
o consumo uma forma de comunicação do gostosos que alimentos mais baratos, porém
indivíduo com o mundo, tendo em vista que a ao consumir este alimento caro, o individuo
fruição dos bens e nvolve seu consumo físico, demarca um status social.
mas também a transmissão de mensag ens e a
demarcação de diferenças sociais.
↳ Toda vez que compramos algo, passamos
uma mensagem.
- A essência do consumo simbólico, segundo
o filosofo Jean Baudrillard, reside no fato de
que o que é consumido nunca é o objeto ou
produto material, mas sim a relação (ou
relações) que se estabelece com e através
dele. A carga simbólica atrelada a um objeto Celebrar.
faz com que ele transcenda seu valor utilitário
e possa incorporar outras funções.
- A circulação, a compra, a ve nda, a
apropriação de bens e de objetos / signos
diferenciados constituem hoje a nossa
linguagem e o nosso código, por cujo
intermédio toda a sociedade se comunica e
fala (BAUDRILLARD, 1991, P. 80) .
- No caso específico da alimentação, a iguaria Procurar conforto alimentar (co mfort food).
deixa de ser consumida apenas p or suas
características físico -químicas (sabor) e passa Manifestar fé e ligação a um contexto
a ser escolhida pelos valores simbólicos que religioso
lhe são atribuídos . - Desde a Antiguidade, é comum o uso de
↳ consumo alimentar simbólico: quando a alimentos e bebidas associados a rituais e
seleção e o consumo de uma iguaria ou condutas religiosas .
bebida é orientado pelos valores sociais e - Em diversas tumbas egípcias foram
pelos símbolos a ele associados. encontrados restos de alimentos ou m aquetes
Exemplo: de escravos preparando algum tipo de comida
para garant ir o bem estar do morto na outra
Marcar o pertencimento a um grupo . vida.
Convidar para tomar um café → convite de - Os maias usavam o cacau como o ferenda
proximidade (muitas vezes o café nem é aos deuses.
servido, é ape nas um convite de proximidade).
Happy hour → prát ica criad a para tentar ALIMENTAÇÃO E RELIGIÃO
evitar o trânsito do fim do dia - No contexto religioso alguns ingre dientes,
Churrasco → muitas vezes o foco principal pratos e bebidas podem ser considerados
não é a comida, a carne e sim a sagrados ou proibidos – é atribuído um valor
confraternização , o encontro com amigos. simbólico que extrapola as info rmações
nutricio nais;
Manifestar uma ideologia. - Pode haver ainda regras relacionadas ao
↳ visão de mundo que é abate de animais, ao preparo considerado
colocada em prática. adequado de alimentos e também à
Veganismo → ideologia alimentar que prega o determinação de períodos de jejum;
abandono de qualquer forma de exploração - As regras alimentares de caráter religioso
animal. O vegano não come, nem faz uso de são fundamentadas em tradições ancestrais e
nada provenie nte dos animais. se ligam diretamente à filosofia de cada
religião. Respeitar e seguir estas regras é um a
Manifestar uma identidade cultural
forma de reforçar seu comprometimento com - Sangue, mesmo que tenha sido o riundo de
sua religião. abata halal;
- As proibições do consumo de determinados - Bebidas alcoólicas e drogas de todos os
alimentos não pretendem prote ger o tipos;
“organismo biológico”, mas objetivam - Frutos do mar (exceto os vegetais, o s
defender o “organismo social” dos membros peixes com escamas e os camarões);
de determinado grupo religioso, fixando suas - Animais selvagens, tais como o tigre e o
identidades em contraponto às ide ntidades leão;
dos participantes de outros grupos religiosos. - Animais antropomórficos (se parecem com o
Essas regras dietéticas não têm apenas ser humano) , como macaco;
caráter prático, fundado no conhe cimento - Aves de rapina, tais como a águia e o falcão;
acerca de um sistema simbólico mais amplo, - Repteis, anfíbios e insetos, tais como cobras,
ancorado na ideia de sagrado (ROMANELLI, jacarés, sapos, besouros e escorpiões;
2006, p. 335-336). - Tudo aquilo que é inerentemente impuro
(Najes), tais como a urina e as fe zes de
VEGETARIANISMO humanos ou animais;
↳ A proibição do consumo da carne é um dos - Animal Jallal, aquele que se alimenta de
tabus alimentares mais comuns, tendo em impurezas;
vista sua associação com a carne humana, à - Tudo aquilo que é impuro ou se contamina
cultura da não violência e à compaixão a todos através de contato com as impurezas;
os seres vivos criados por Deus . - Tudo aquilo que é prejudicial à nossa saúde,
- Algumas das religiões que pregam o tais como venenos e produtos q uímicos
vegetarianismo: hinduísmo, budismo, nocivos, e tudo o que não for habitualmente
adventistas do sétimo dia. consumido pelo homem.

ALIMENTAÇÃO NO CRISTIANISMO Ramadã: nono mês do calendário islâmico, mês


- De maneira geral, o Crist ianismo possui regido pela Lua. Os muçulmanos acreditam
poucas regras alimentares especificas; que todos os livros sagrados foram revelados
- A principal restrição se refere ao consumo neste mês.
de carne vermelha na Sexta -feira Santa, data ↳ os fiéis devem jejuar, não fum ar, não
associada à morte de Jesus Cristo; manter relações sexuais entre o nascer e o
- Contudo, há grupos que ainda “guardam” a por do sol, por um período que varia entre
Quaresma (período que se estende do final do 29 e 30 dias. Neste período as orações são
Carnaval até a Páscoa), não consumind o carne intensificadas;
e bebidas alcóolicas durante este período; - Quem, por motivo de saúde ou por estar
- Outra relação importante entre o viajando, não puder manter o jejum deve
cristianismo e a alimentação se dá no alimentar os pobres;
momento litúrgico da transubstanciação - Ao anoitecer geralmente é preparada uma
(quando a hóstia se torna o cor po e o vinho refeição coletiva, Ifta r, a primeira re feição do
se torna o sangue de Cristo). dia que serve para unir famil iares.

ALIMENTAÇÃO NO ISLAMISMO
- O termo Halal (permitido) diz respeito a tudo
aquilo que está em acordo com as
jurisprudências islâmicas e desta forma pode
ser consumido pelos muçulmanos (Haram =
proibido);
- Estas regras se referem não apenas ao que
é consumido, mas também às formas de abate
e preparo dos alimentos.
Iftar
ALIMENTOS HARAM:
- Suínos e cães;
- Qualquer animal que não foi abatido através ALIMENTAÇÃO NO JUDAÍSMO
dos métodos considerados islamicamente - Koshe r (permitido) é o termo que designa
aceitáveis; os alimentos considerados aptos para
consumo de acordo com o kashrut (conjunto Água salgada: representa as l agrimas
de deveres alimentares estabelecidos pela Lei derramadas;
Judaica); Charósset: mistura com vinho, maças e nozes,
- Parve: alimentos considerados neutros (não se parece com o barro que os hebreus
possuem carne, leite ou derivados); usavam para fabricar os tijolos das pirâmides;
- Além dos alimentos proibidos, há regras Beitzá: ovo cozido, símbolo do luto pela
especiais para o abate dos animais; destruição do Templo de Jerusalém.
- Também é proibido misturar – no preparo
e no consumo – carne bovina o u de frango ALIMENTAÇÃO NO CANDOMBLÉ
com leite e derivados (misturar 2 derivados - O alimento é uma base do ritual , atuando
de origem animal). como oferenda aos orixás e out ras e ntidades;
- Dentre os alimentos que não são aceitos - Cada orixá ou entidade possui suas
estão: aves de rapina, coelhos e porcos preferências, relacionadas a ingredie ntes e
(apenas ruminantes são aceitos), peixes que formas de preparo;
não tenham escamas e barbatanas, moluscos - O alimento é uma forma material que
e crustáceos, sangue e derivados ; contêm axé (energia vital), desta forma a
- O consumo de leite e derivados é pe rmitido, alimentação é utilizada como uma forma de
mas é preciso que um rabino supervisione a transmiti-los aos orixás e entidades.
ordenha e que o preparo de derivados seja
por meio de utensílios exclusivos.

Rosh Hashaná: ano novo judaico, começa ao


por do sol na véspera de 1 º de Tishrei ( 6 de
setembro de 2021) e termina após o anoitecer
em 2 de Tishrei ( 8 de setembro de 2021).

ALIMENTOS SIMBÓLICOS
Maçã e Mel: o alimento mais simbólico é a
maça, que representa o início, remete à
historia de Adão e Eva. Servida com mel, ela
também traz o desejo de um ano doce ;
Banque te de spachado : o fe re ndas para o s o rixás |
Chalot: pão em formato redondo, rep resenta
Supe r ( abril.co m.br)
a continuidade e a eternidade .
Frutas e alimentos especiais : é c ostume ACARAJÉ
comer carne e vinho doce ou qualquer bebida
↳ bolinho de feijão fradinho, tem sua origem
doce, para ter um ano farto e d oce . Na
associada à relação de Xangô com suas duas
segunda noite, imediatame nte após o kidush ,
esposas, Oxum e Iansã;
ritual de palavras e bebidas, costuma-se
- É a comida ritual de Iansã;
ingerir uma fruta nova, a fim de
- O acarajé oferecido a Iansã tem o tamanho
pronunciarmos a benção de Shehe cheyánu
de um prato de sobremesa na forma
Entre outros.
arredondada e é apresentado com nove ou
sete camarões defumados, alusão aos noves
Pessach: Páscoa Judaica, celebra a libertação
planetas;
do povo judeu do Egito. Durante os 8 dias de
- O acarajé oferecido a Xan gô é oval imitando
celebração, não se pode comer alimentos
um cágado, seu animal p referido, e cercado
fermentados, nem ter em casa bolos, biscoitos
com seis ou doze pequenos acarajés de igual
e massas.
formato.
ALIMENTOS SIMBÓLICOS
Matzá: a farinha é substit uída pela matzá, pão
PERGUNTAS DE REVISÃO
ázimo (semelhante ao p ão sem fermento);
Zeroá: osso de perna assado , repre senta o 1. O que é consumo simbólico alimentar? Dê
sacrifício um exemplo de um alimento/bebida que é
Maror: raiz forte, lembra a amargura da consumido e o significado que lhe é
escravidão; associado:
- O consumo simbólico alimentar ocorre quando animais, peixes, moluscos, vegetais de maneira
a seleção e o consumo de uma iguaria o u geral, com destaque para os grãos.
bebida é orientada pelos valores sociais e
pelos símbolos a ele associados, não somente PALEOLÍTICO
por suas características físico -químicas - Registros indicam um período de nom adismo,
(sabor). Por exemplo, consumir um com uma alimentação realizada a partir da
champagne está associado a um momento de caça e da pesca;
celebração. ↳ Como viviam de caça e coleta, assim que os
recursos se tornavam escassos, elas se
2. De que forma a Religiosidade está mudavam. Outro motivo para essas mudanças
associada à alimentação humana? eram as brigas pelo território , pois as regiões
com alimentos abundantes eram muito
- No contexto religioso, alguns pratos, disputadas.
bebidas e ingredientes podem ser - Uso da pedra para a confecção de
considerados sagrados ou proibidos , ferramentas (para amassar, lascar, c ortar) e
recebem um valor simbólico. de armas que facilitavam a caça e a p esca;
- Domínio do fogo = proteção contra o frio e
3. Mencione 3 tabus alimentares e a contra animais; auxílio na caça e novas
Religião a que estão associados: possibilidades culinárias (modificação das
fibras facilitou a ingestão de carnes, a
- 1) Proibição do consumo de bebidas ingestão de proteínas e um maior
alcóolicas → Islamismo desenvolvimento da musculatura favoreceram
2) Proibição da mistura de dois derivados de o desenvolvimento do cérebro);
origem animal → Judaísmo - As carnes eram assad as em fo gueiras
3) Proibição do consumo permanente de apoiadas provavelmente com a ajuda d e ossos.
carne vermelha → Hind uísmo e Budismo Não há indícios do uso de condimentos ou sal.
- Vestígios arqueológicos indicam o consumo
ALIMENTAÇÃO NA PRÉ-HISTÓRIA de carne, vegetais, peixes e molusc os (em
áreas litorâneas).

PRÉ HISTÓRIA
- Período que antecede a invenção da escrit a
há aproximadamente 3.500 a.C. (embora a
escrita não tenha sido desenvolvida de forma
simultânea)
DIETA PALEO: É uma dieta contemporânea
que aconselha o consumo de aliment os que
eram consumidos pelos nossos “ancestrais” e
sem a estruturação dos horários de refeição.
↳ ALIMENTOS PROIBIDOS – Leguminosas;
alimentos com amido; grãos e cereais; açúcar
refinado; alime ntos processados.
- O pouco que se sabe é baseado em achados
arqueológicos, principalmente de escavações MESOLÍTICO
realizadas na Europa e na África; - Conhecida como “Idade Média da Pedra”,
- Com variação a partir dos produtos consiste na transição entre o Paleolítico e o
disponíveis nas diferentes regiões habitadas, Neolítico, e não ocorreu em todas as
sabe-se que os hominídeos e homens localidades do mundo;
primitivos se alimentavam do que pudessem - A caça e a coleta se mantiveram , mas em
caçar e coletar, incluindo: pequenos e grandes várias localidades surgiu a agricultura, o que
permitiu, a part ir do cultivo de alimentos
(inclusive cereais), a fixação do homem;
- O surgimento da agricultura dá início a
processos de fixação de grupos humanos em
determinadas localidades ( sedentarismo).
- Com o final do período glacial ho uve uma
diversificação da fauna e da flora, e a
alimentação tornou-se mais ampla e complexa.
↳ Mudanças drásticas geradas pelo
derretimento das geleiras:
- Intensificação das atividades de caça e
coleta;
- Substituição da carne oriunda de animais de
grande porte por animais de pequeno porte
(mais difíceis de capturar);
- Maior oferta de vegetação, de pássaros,
peixes e moluscos (para aqueles que viviam
perto dos rios e mares);
- Parece ter sido – ao menos na Europa – um
período de abundância alime ntar (Perlé s, 1998)

NEOLÍTICO
- O aparecimento da agricultura (10.000 a.C.
nas regiões dos vales férteis do Rio Nilo) ,
proporcionou a fixação do homem em * A partir do paleolítico, os desenvolvimentos
técnicos e econômicos permitem múltiplos e
determinados lugares e o surgimento das
variados modos de conservação e de
primeiras aldeias, principalmente nas
proximidades de fontes de água; preparação de alimentos. Desde esse período,
também as escolhas alimentares se
- Estruturação social dos grupos ganha
diversificaram e orientam as est ratégias
complexidade, com aparente divisão do
econômicas, ao mesmo tempo em que são
trabalho;
influenciadas por elas. Muitos são os alimentos
- Ampliação das espécies cultiváveis,
que permitem atender às necessidades
principalmente cereais (trigo e cevad a desde
aproximadamente 9.600 a.C.) dietéticas do homem, e é provável que, desde
essa época, as preferências culturais – gostos
↳ surgimento do pão
transmitidos de geração a geração – tenham
↳ quanto mais branco
se manifestado.
fosse o pão, mais valorizado ele era . Pois, a
farinha foi m ais trabalhada.
A partir do neol ítico, graças a fósseis mais
PÃO LÍQUIDO: o pão entrava como
abundantes e mais bem conservados, isso se
ingrediente para iniciar o processo de
confirma. A alimenta ção pré-histórica não
fermentação da cerveja .
responde exclusivamente às necessidades
- Início da domesticação de animais para
nutricio nais. (Perlés, 1998, p.51).
auxílio nos trabalhos cotidianos e tam bém para
alimentação – ovelha e cabra (domesticados
por volta de 8.000 a.C.), porco MESOPOTÂMIA
(aproximadamente 7.000 a.C.), vaca (4.000
a.C.);
- Ampliação das possibilidades culinárias
(ingredientes e utensílios – cerâmica foi
inventada na Mesopotâmia aproximadament e
6.000 a.C.)
↳ possibilidade de cozinhar os aliment os .
- Mesopotâmia = “entre rios” ritual: carnes de vaca, carneiro, pão fresco,
↳ localizada no Delta dos rios Tigre e E ufrates. cereais, cerveja e vinho eram oferendas
- A região era ocupada por sumérios, acádios, servidas aos deuses em templos por
amoritas ou antigos babilônios, assírios, sacerdotes;
elamitas e os caldeus ou neobabilônicos. - Em muitas situações a oferenda era servida
↳ a existência de diferentes grupo s, com e hinos eram entoados em honra às divindades
características culturais diferentes e a disputa e, na sequência, os mesmos alimento s eram
por melhores espaços de terra, gerava servidos ao rei.
conflitos. - Banquetes reais também foram de scritos,
- As margens férteis dos rios favorec eram o mostrando a abundância de luxo ded icada a
surgimento e o desenvolvimento da visitantes estrangeiros important es ou
agricultura; celebrações de vitorias bélicas.
- A agricultura foi respons ável pelo ↳ nestas refeições era comum servirem
desenvolvimento e enriq uecimento da região carnes de cabra, carne iro, cordeiro, veado e
a partir da comercialização de itens de aves (grelhadas ou guisadas – cozidas com
agricultáveis, especialmente trigo e cevada; base em um refogado) acompanhados de pães
- A inve nção da cerâmica também é atribuíd a de cevada, vinho , cerveja, frutas e bolos
aos habitantes da região – com a cerâmica os adoçados com mel.
alimentos deixam de ser assados e tostados e
passam a ser cozidos. EGITO ANTIGO (3.100 a.C. / 30 a.C.)
↳ fim do
ALIMENTAÇÃO governo dos faraós
- Primeiro registro de um “livro” de cozinha
(de aprox. 2.000 a.C.);
- Em escrita cuneiforme, tábuas d e argila
registraram receitas babilônicas;
- “Uma destas tábuas é o registro de um
receituário em que con stam caldos, como o
de legumes, beterraba, carne, c ordeiro,
pombo e de agarakku (uma ave da região).
Eram usados temperos como vinagre, cebola,
alho, cominho, coentro, alho -poró e ervas
como a menta. O sal era usado, mas com
parcimônia, por ser ainda um pr oduto difícil de
obter. Consumiam -se muitas carnes, tanto de
animais de criação como selvagens, e
utilizava-se a técnica de cozinhar e m água
fervente. Era comum a ut ilização do sangue
do animal nas preparações [...] Também há - O Antigo Egito, em seu auge, ocupou um
tipos de pães, feitos com farinha de trigo – território que hoje corresponde ao Egito,
na época o mais nobre dos cereais” (Freixa; Eritreia, Etiópia, Somália e S udão;
Chaves, 2008, p .32, ap ud Bóttero, 2002) . - Floresceu às margens do Rio Nilo que,
durante o período de cheia, garantiu terrenos
férteis e propícios para a agricultura;
- A agricultura foi a grande responsável pela
riqueza e o crescimento do Império – o Egito
era um importante produtor e comerciant e de
gêneros alimentícios na Idade Antiga;
- Foi um povo conquistador, mas também
sofreram tentativas de invasão ao longo de
escrita cuneiforme sua história.
- O Egito foi governado por Faraó s, cujo
- Os mesopotâmios eram politeístas e poder emanava do “poder divino dos deuses”.
construíam templos individuais para suas A religião politeísta era compo sta por deuses
divindades. A comida e a bebida tinham função antropomórficos relacionados a ele mentos
naturais vinculados a eventos cotidianos (com
exceção ao reinado de Akhenaton (aprox.
1352 a.C. a 1336 a.C.) que estabel eceu o
monoteísmo voltado para o culto ao deus
Aton (Disco Solar);
- A crença na continuidade da vida após a
morte é um ponto chave da religiosidade dos
antigos egípcios.
- Descoberta das leveduras – fermentação de
pães e bolos; elaboração da cerveja (o pão
líquido);
- Utilização de vários tipos de frutas (figos,
tâmaras, abacates, uvas...) e vegetais ( pedaços
de papiro e flor de lotus, lentilha, favas, grão
de bico, alfarroba...), ovos, leite, gordura
animal, mel e temperos;
- Fabricavam t ambém vinhos (ferme ntados)
de uva, de tâmara, de figo e de romã.

CERVEJA: De grande teor alcoólico, essa


bebida assemelha-se à bouza, aind a hoje
- Registros escritos indicam a importância da produzida pelo mesmo método, no Sudão e
alimentação como fonte de boa saúde ; no Egito, principalmente em alguns bairros
- Alime ntos: essenciais para o bem -estar em populares do Cairo:
vida e na morte (outra vid a); Põem-se para fermentar a quente, na água
- Legados arqueológicos : pinturas, textos, com o trigo triturado, pedaço de pão de
vários utensílios de cozinha, maq uetes e até cevada ou de trigo mal cozidos a fim de
mesmo resquícios de alimentos ; preservar as enzimas da fermentação → em
- Alimentação variad a e ap arent emente seguida, filtra-se esse liquido espesso
equilibrada entre proteínas e veg etais – deixando-o descansar em jarros de cerâmica
agricultura, criação de animais, caça, p esca;
- Produção de alime ntos: - Havia a cerveja clara e a mais escura (de
Comércio de alimentos – fonte da maior teor alcoólico)
prosperidade do país;
Motivo de várias guerras e tentativas de
invasão.

-Agraciado pelas enchentes do Rio Nilo, o


Egito tinha uma agric ultura de técnicas
avançadas e era um grande produtor de
grãos; CONSUMO DE CARNES
- Principais cereais: cevada, trigo (base da
alimentação) e espelta; - Laticínios: leite, manteiga, queijos;
- Trigo e cevada: cozidos, farinhas, pães, - Criavam bovinos, caprinos e ovinos : além do
bolos e cerveja ( o pão das classes mais leite e da carne usavam as vísceras e o
pobres era feito de espelta); sangue para fazer embutidos – a gordura
também era aproveitada (para cozer, fazer 4. Em relação à alimentação na
temperos e cosméticos); Mesopotâmia, que informações nos trazem
↳ mist uravam ervas medicinais a o primeiro "livro de receitas" encontrado?
essa gordura para fazer pomadas; colocava -se
pigmento de cor na gordura para fazer 5. Em relação à alimentação no Antigo
maquiagens. Egito, quais informações temos a respeito
do consumo de grãos, frutas, carnes e uso
- Porcos também eram consumidos, de condimentos? Ainda, qual bebida alcóolica
principalmente nas classes mais baixas, mas é associada diretamente a esta civilização?
eram proibidos para rituais ;

- Animais de pequeno porte, aves de GRÉCIA ANTIGA


diferentes tamanhos (incluindo patos, gansos - Civilização que dominou a região grega no
e pelicanos), o frango é introduzido muito período compreendido entre XII a.C. e 600
tardiamente, pelos romanos; d.C.;
- Compreende 5 períodos da história grega:
- Peixes: consumidos largamente – peixes pré-homérico, período homérico, arcaico,
secos e salgados faz iam parte da alimentação clássico ou século de Péricles e Helenístico;
dos soldados; - É relacionada a várias descobertas
relacionadas à matemática (Teorema de
- Modos de cocção: cozidos, assados em Pitágoras), pelo desenvolvimento da filosofia
espeto, assados no forno; (Sócrates, Platão e Aristóteles), da arquitetur a
- Métodos de conservação da carne: salga e e enge nharia , do teat ro e das artes
seca, guarda em gordura. escultóricas ;
- É conhecida por duas cidades, Atenas e
OUTROS INGREDIENTES Espart a , polis (cidades-estado) que dominaram
- Mel: duas qualidades, o escuro e o claro; e foram antagonistas durante o período
guardados em jarros fechados com rolhas Clássico;
lacradas com cera; - É relacionada diretamente a uma religião
- Sal (sal do norte e sal vermelho); politeísta e uma mitologia composta por
- Plantas aromáticas (cozinha, medicina, diversos deuses liderados por Zeus e outros
estética): zimbro, anis, coentro, c ominho, seres cósmicos (titãs – os doze deuses
funcho, feno-grego (com odor de curry). primordiais da natureza, ninfas – e spíritos
Pimentas foram introd uzidas a partir dos dois femininos da natureza, dentre outros...)
primeiros séculos depois de Cristo;
- Gorduras (para fritar, dar sabor) de ganso,
boi, porco e cabra;
- Óleos: de bak (espécie de moringa),
gergelim, linho, rícino e um pouco de azeite
de oliva.

PERGUNTAS DE REVISÃO

1. Qual a influência do nomadismo e do


sedentarismo na alimentação humana?

2. Quais as vantagens que o domínio do - Hedypatheia – obra de Arkhestratus, poeta


fogo trouxe para os primeiros hominídeos? e viajante (séc. III a.C.): primeiro registro do
uso do termo Gastronomia em um poema;
3. Do ponto de vista da alimentação, qual a - Athenaeus de Náucrates (ou Ateneu) – no
grande revolução ocorrida no período ano 200 d.C. escreveu a obra Deip nosophista
Neolítico? Quais as consequ ências desta sobre costumes e maneiras dos “ant igos” e
revolução na estruturação social? copilou vários livros de/sobre cozinha gregos,
dentre eles a obra de Arkhestratus, dando -lhe
notoriedade;
- Regime , de Hipócrates (séc V a.C.): Pães: Ateneu descreve 72 tipos de pães
documento que lista vários alimentos (nomeados, geralmente, devido ao seu
integrantes da dieta grega, sepa rando -os em formato). A massa de cereais levava se mentes
categorias; e ervas aromáticas, óleos vegetais e algumas
vezes, frutas;
Teoria humoral hipocrática ou galênica: a vida ↳ Eram usados nos pães: cominho,
é mantida pelo equilíbrio entre 4 humores, sementes de papoula , erva-doce, coentro,
provenientes do coração ( sangue), sistema anis, alecrim, passas, alcaparras, salvia, alho e
respiratório ( fleuma), bílis amarela ( fígado) e cebola;
bílis negra ( baço);
Leguminosas e hortaliças: favas, grão de bico ,
Cada um destes humores tem diferentes lentilha, ervilhaca, alho, cebola, r ábano , agrião,
qualidades e de acordo com o predomínio de nabo – muitas delas silvestres;
um destes humores na con st ituição dos ↳ Preparações: rophema (sopas com grãos) e
indivíduos ocorrem diferentes etnos (leguminosas esmagadas) ;
temperamentos.
Frutas: silvestres e cultivadas, incluíam maçãs,
uvas, figos, melões, marmelos, romãs ;

Carnes: bovinos, suínos, ovinos e caprinos,


além de cachorros (apenas em sacrifícios
rituais) e carnes de caça (menos frequentes);
Peixes e frutos do mar: uso abundante.
- Com grande parte insular (ilhas) e poucas Preparados de diferentes maneiras, incluindo
planícies, que concentravam a maior p arte da salmoura e em caldos;
produção alimentar;
- Diferenças regionais da alimentação : Doces: trigo, mel, azeite com nozes, tâmaras,
paisagem geográfica e questões culturais ; amêndoas e sementes de papoula;
- Como as terras eram quase sempre áridas , ↳ figos eram muito ut ilizados para ad oçar, já
os gregos costumavam adubar o solo com que o mel era um produto caro.
dejetos de gado, ervas, palha e galos podres;
- Agricultura: cereais e leguminosas (muitas Queijos: princip almente de cabra e de ovelha
vezes cultivados nas fileiras entre as videiras), (queijos + cevada + figos = base da refeição
videiras, oliveiras, amendoeiras e fig ueiras; espartana);
- Videiras e oliveiras (e seus produtos) – fama
comercial grega; *Pouco uso de gordura animal – o az eite de
oliva era mais ut ilizado.
Cevada: base da alimentação dos gregos . A
principal forma de preparo é a maza: a cevada - Em Iliada e Odisseia (Homero, séc. IX a.C.) os
pré-cozida é torrada e transformada em próprios anfitriões – com ajuda de amigos –
farinha fina (alphita) → ad iciona-se um liquido preparavam as refeições para os seus
(água, óleo, mel ou leite) e condime ntos → convidados;
cria-se uma mistura que é amassada - Escravos foram incorporados às tarefas da
cuidadosamente. cozinha e com a aquisição de novas funções,
- Com a alphita também se fazia uma bebida o mageiro (padeiro) passou a ser deno minado
refrescante com menta, cycéon; archimageiros (um chefe de cozinha) – isso
- A cevada era muito consumida com os grãos nas casas mais abastadas.
pilados, cozidos e depois secos, ou verdes;
AZEITE DE OLIVA
Pstiane: cozido de cevada pilada, associado à
- Aclamado pelos gregos, era produzido
cura de enfermidades, especialmente a febre; também por povos mesopotâmicos, fe nícios e
egípcios;
- Os primeiros registros de padeiros - Eram produzidos em diferentes qualidades;
(mageiros), que também eram responsáveis - Produto caro (devido ao tempo para a
pela moagem do trigo, aparecem no séc. V primeira colheita, q uantid ade de azeitonas
a.C.; necessárias);
- Diferentes tipos de uso: medicinal,
combustível (iluminação), impermeabilizante,
perfumaria e alimentício;
- Bíblia: usos rituais de judeus e crist ãos.

VINHO
- Era a principal bebida;
- Geralmente consumido diluído em água, po r
conta de seu alto teor alcoólico (16 a 18%)
(menos na primeira refeição do dia, em que
consumiam o pão molhado no vinho) ;
- Diferentes regiões produziam diferentes
tipos (vinhos brancos e tintos), pa ra serem - A partir da conquista da Grécia (146 a.C.)
consumidos à temperatura ambie nte ou muito da cultura grega foi absorvid a pelos
aquecidos com especiarias; Romanos (inclusive em termos aliment ares);
- Eram vinhos licorosos, com fermentação - Muito do que se sabe da alimentação romana
lenta e maturação longa; é graças às escavações arqueológicas de
- Camponeses bebiam a zurrapa (feita através Pompeia e Herculano (ambas destruídas em
do bagaço ou do vinagre aumentad o com 79 d.C.) e manuscritos (inclusive de caráter
água); médico);
- A qualidade das ânforas era muito - De Re Coquinaria : principal livro de receita
importante para a q ualidade da bebida; de Apicius (três manuscritos sobreviventes
foram publicados no século XV)
- Sociedade expansionista , incorporou
ingredientes, técnicas e costumes alim entares.
↳ Roma: uma cidade “globalizada”;

- Alimentação variada – ag ricultura, cultivo,


comercio e colônias;
ânforas - De maneira geral , três refeições: je ntacul um
(logo que acordavam), prandium (refeição
ROMA ANTIGA leve ao meio-dia) e cena (refeição mais
completa, por volta das 16h).
- Cozinha: nas casas mais ricas, havia um
Essa civilização deixou inúmeros legados para
comodo separado para estas atividades e
a civilização ocidental , como:
forno para p ães no pátio; nas casas mais
- Arte (afrescos, esculturas, mosaicos);
pobres, a comida era preparada em braseiros
- Direito e organização do Estado;
moveis, montados ao lado da janela.
- Linguística (latim, alfabeto) e literatura;
- Arquitetura e engenharia (anfiteatros,
- Base da culinária: cereais, leguminosas,
aquedutos, estádios, estradas, templos);
vinho, azeitona e azeite;
- Mitologia (deuses gregos).
- Principal alimento dos pobres: p ulment um
- Foi fundada no século VIII a.C .;
(deu origem à polenta, era feito de diferentes
- Reino: Rei Romulo 753 a.C.;
cereais triturados cozidos em água);
- República: 509 a.C. até 27 a.C. (queda da
monarquia);
- Romanos: comedores de “papa” (puls) –
- Império: 27 a.C. até 476 d.C. (reestruturação
hábito de moer e cozinha r alimentos;
do poder; subida de Augusto ao poder)
- Século V d.C. – fragmentação do Império
- Fruges : frutos da terra;
Romano.
- Pec udes: animais comestíveis (animais
criados para o sacrifício; animais de caça) –
era desrespeitoso oferecer uma refeição a
um convidado apenas com Fruges;
- Carnes: principalmente a suina (mas a - Diferentes tipos de hortaliças (verduras,
gordura era pouco apreciada), javalis e outras tubérculos, raízes e bulbos), com d estaque
carnes de caça; para diferentes tipos de couve, alho, cebola,
alho poró, nabo ; e cereais e leguminosas
- Sangue e vísceras: principalmente de suínos, (trigo, fava, grão de bico, le ntilha...)
eram aproveitados em charcuta ria; - Diferentes temperos e ervas aro máticas:
coentro, pimenta, alho, cebola, orégano...
- Ovinos e caprinos: a carne, leite e derivados
eram apreciados; PÃES

- Gado bovino: força motriz (aragem,


moagem...); preparo geralmente em sacrifícios
rituais em templos, o restante destas carnes
era vendido em açougues;

- Frango: a carne, os ovos (preparados com


mel) e aves de pequeno porte faziam parte
do consumo cotidiano;
- Inicialmente uma atividade feminina, a
- Peixes e frutos do mar: amplamente produção de pães tornou -se em grande parte
consumidos nas regiões costeiras e p róximas masculina;
aos rios; - Fabricavam diferentes tipos de pães,
classificados de forma geral em três
Técnicas de cocção de carnes: geralmente categorias: panis mundus (o de melhor
eram cozidas, mesmo quando seriam assadas; qualidade), p anis secund arius (de segunda
Restrições religiosas: durante os lutos públicos melhor qualidade) e p anis mundanus (de pior
a venda de calda (cozidos de carne) era qualidade).
proibida; ↳ atributo de qualidade: tipo de farinha e
moagem utilizada.
GARUM - Costumavam mistura r sementes e ervas
↳ espécie de condimento feito com sangue , aromáticas nas p reparações;
vísceras e outras partes de peixe (geralmente
atum ou cavala), que eram misturadas com
peixes pequenos, moluscos e crustáceos
esmagados.
- Essa preparação era colocada com salmoura
em um tonel, que era deixado no so l durante
o dia e recolhido à noite, por cerca de dois
meses.
- Considerado um produto de luxo em Roma,
era exportado para várias part es do SAL
mediterrâneo no séc. V a.C.; - Muitas cidades romanas fo ram criadas às
- Fabricado com diferentes qualidades, margens das jazidas de sal , inclusive Roma;
vendidos a diferentes preços . - Uma das grandes riquezas comerciais dos
romanos, que chegaram a controlar o preço
- Além do garum, o livro De Re Coquinaria do sal em épocas de crise (exceto para
dava grande destaque aos molhos: ervas, Roma);
especiarias, cereais e outros ingredientes - Conseguiam o sal inicialmente a p artir d a
sólidos eram triturados e d issolvidos em evaporação em áreas de praia , depois
líquidos (água, garum, vinho, vinagre e passaram a ferver a água salgada e m potes
mulsum). de argila, ou ainda bombear a água salgada em
↳ Mulsum: mistura de defrit um – vinho ou recipientes rasos de argila para evaporação
mosto reduzido por fervura – com mel. sob o sol;
- Altame nte valorizado inclusive para os
- Os molhos poderiam ser espessados com próprios romanos (soldados recebiam como
pinhões, amê ndoas, avelas, ovo cozido ou pão. forma de pagamento ), usado com moderação
na alimentação humana e animal; uso para que um convidado bebesse tanto quanto os
conservação de alimentos (seca e salga, demais);
salmoura). - Apesar do vinho ser associado à Baco, o
symposium era dedicado à Zeus e o p rimeiro
Via Salaria: importante estrada construída para krater de bebida preparada sempre era
levar o sal à Roma e ao interior da pe nínsula. dedicado a ele;
- Ao longo do symposium eram servidas
ESTABELECIMENTO – COMER FORA comidas que tinham como objetivo manter o s
convidados sedentos, de forma que
continuassem bebendo.

→ Convivium (Romanos)
- Jantares de gala, nos quais os anfitriões
demonstravam seu pode r e sua riqueza
oferendo comidas suntuosas, vinhos de boa
qualidade e ostentando seus escravos;
- Os convivas levavam seus escravos ( que
Tabernae (taberna): loja de bebidas onde geralmente ficavam sentados no chão ao lado
também de come, geralmente o vinho era deles) e em uma ordem que i ndicava seu
oferecido com grão de bico, rábano, carne o u status social;
peixes salgados; - Era uma refeição complexa, organizada em
três partes, mas com vários pratos mostrando
Popinae (bodega): lugar onde são servidas uma culinária pródiga e elaborada, inclusive
refeições acompanhadas de bebida. em termos de apresentação ;
- Os pratos mist uravam difere ntes carnes e
BANQUETES havia um esforço para surpreender o
convidado, com decorações e recheios;
→ Symposium (Gregos) - A refeição acontecia em um espaço
- O termo foi citado pela p rimeira vez em uma chamado triclinium , geralmente decorado
poesia do século VII a.C.; ricamente e mobiliado com divãs;
- Tratava-se de uma reunião de ho mens da - Ao chegar na residência, o convidado tinha
mesma classe social, que acontecia após as seu sapato retirado por um escravo e cal çava
refeições; chinelos;
- Possuíam significado religioso, uma intenção - Ao chegar no triclínio, tinha os chine los
pragmática e o espírito do divertimento; retirados e seus pés eram lavados por um
- Era uma experiencia coletiva para criar servo/escravo, que também cortava suas
união, a hesychia (tranquilidade) indicava o f im unhas;
dos conflitos e a euphroyne (alegria) era - Os convidados recebiam guirlandas d e flores
propiciada pelo vinho; e óleos perfumados para o corpo e cabelo;
↳ sua função “mágica” era - Os divãs ficavam posicio nados diante de uma
curar tristezas e afast ar medos . mesa, e em frente a cada comensal era
- Estrutura: após as refeições, os utensílios colocado um saleiro e uma garrafa de vina gre;
eram recolhidos e o chão da sala limpo, os - Os convidados comiam em pratos , usando as
convidados tinham suas mãos lavadas e pontas das mãos e eram servidos pelos
recebiam guirlandas. Já esta vam acomodados servos. O krater ficava ao centro e o chão era
em divas dispostos de forma circular, tendo o coberto de ervas aromáticas e flores;
krater (recipiente para a mistura d e água - As mãos dos convidados eram lavadas com
quente e vinho) no c entro; água perfumada periodicamente;
- Havia um pequeno período de silencio e - O prato principal era sem pre uma c arne de
então era recolhido o simposiarca, única sacrifício (porca ou vaca prenha);
hierarquia p resente. A e le cabia definir a
proporção da mistura entre água e vinho ,
quais seriam as at ivi dades realizadas e definir
o ritmo da re união (exigindo, por exemplo,
publicas passaram a ser marcadas por
excessos de embriaguez e sexo.

PERGUNTAS DE REVISÃO

1. Em linhas gerais, como pode ser descrita


a alimentação grega?

2. Comente o papel dos cereais na


alimentação grega e indique os tipos mais
consumidos:

3. Em linhas gerais, como pode ser descrita


a alimentação romana?
- A bebida era servid a depois. Antes de seu
serviço, a sala era limpa e os convidados 4. Qual o papel do azeite de oliva na
novamente tinham suas mãos lavadas; alimentação grega e na romana?
- Antes da mistura do vinho com a água, os
convivas escolhiam o rex convivii (hierarquia 5. Qual o papel do pão na alimentação
máxima) que iria definir a proporção entre grega e na romana?
vinho e água e as atividades que s e seguiam;
- Os convidados e ram incentivados a c ontinuar 6. Qual o paoel do vinho na alimentação
bebendo, enquanto as atividades aind a grega e na romana?
estavam sendo oferecidas;
- As atividades variavam , geralmente incluíam 7. O que é Garum? Como era
musica, dança, teatro e declamações, mas produzido e qual a sua importância em
podiam envolver orgias e atos violentos (como Roma?
torturas e decapitações, promovid as por
Calígula). IDADE MÉDIA
- Período que tem início com a queda do
FESTAS DIONÍSICAS
Império Romano do Ocidente, compreendido
- Dionísio – o nome alternativo e ra Baco –
entre o século V e XV ;
era o deus grego do vinho, da alegria e da
- É marcado na Europa ocidental pelo
fertilidade;
Feudalismo, forma de estrutura social e
- Para os gregos, beber vinho era uma forma
política que envolvia senhores feudais
de se conectar com este deus, daí a
(detentores de terras e servos diretos do Rei ,
associação à embriaguez ;
que lhe garantia o direito à p roprie dade) e
- Existiam 3 principais festas dionisíacas:
servos da gl eba (pessoas que residiam dentro
→ Dionísicas Rurais (aconteciam no meio do
dos perímetros e dos feudos criando e
inervo, pedindo fert iliadade para as ter ras);
cultivando a terra dos senhores e m uma
→ Festival de Lenaca (em janeiro, dedicado
espécie de arrendamento). O clero também
aos casamentos);
era uma classe social fundament al para
→ Grande Dionísica (aconteciam competições
entender a dinâmica daquela sociedade;
dramáticas que originaram várias peças e
- A mentalidade fe udal era d ominada pela
poemas).
religião e isto impactava diretamente na vida
de todos.
BACANAIS
- Rituais religiosos realizados em homenagem
- Estrutura social:
ao deus Baco, em virtude das colheitas de
vinho;
- Era originalmente um rit ual sério , onde
participavam apenas mulheres , seguido de
uma comemoração publica;
- Mudanças nos rituais permitiram a
- As Cruzadas foram expedições militares
participação dos homens, e as comemorações
organizadas entre 1095 e 1921 pelas pot ências
cristãs europeias, com o objetivo declarado
de combater o domínio islâmico na c hamada - Segundo Laurioux (1998), as c ozinhas
Terra Santa, reconquistando Jerus além e medievais europeias t inham como principais
outros lugares por onde Jesus teria passado sabores:
em vida. → Forte: devido ao uso intenso (porém
↳ intercâmbio de produtos, técnicas e restrito aos ricos) de diferentes especiarias;
costumes. → Doce: graças principalmente ao uso do mel,
tâmaras, uvas passas e figos (o açúcar só irá
- Vinhos e cervejas eram consumidos também se popularizar no séc . XV, até então seu uso
aromatizados; era principalmente medicinal);
- Vinhos mais valorizados eram os mais leves → Ácido: graças ao uso de vinagre, de agraço
e de baixo teor alcó olico (alguns manuscritos (suco de uva verde) e , em algumas regiões,
indicavam que não se devia b eber água às por frutas cítricas (Le Viander tem em 70%
refeições, as condições da água não eram de suas receitas elementos ácidos) ;
boas; → Agridoce: bastante comum, era produzido
- Hipocraz (vinho com mel e aromatizantes) e na tentativa de diminuir a acidez de algumas
Hidromel (ou mulso – bebida preparada com preparações.
mel, água, levedo e canela, gengibre e outros
ingredientes) eram muito populares; - Por conta de costumes religiosos, em uma
- O pão era um elemento central da parte razoável do ano não se podia comer
alimentação da população , sendo produzido carne;
em diferentes q ualidades e em algumas - Mosteiros e propriedades abastadas tinham
situações servindo de base para outros os seus próprios criadouros de peixes;
alimentos; - Ocorria também uma “flexibilização” da ideia
de peixe: aves que se alimentavam de peixes
- Na Europa, os alimentos eram preparados (como gansos) eram entendidas como tal, bem
em lareiras que tam bém serviam de fo gões, e como há registros de castores e esquilos
que muitas vezes ficavam situados no principal sendo considerados análogos aos peixes por
cômodo da casa – apenas castelos e grandes conta de seus rabos .
residências tinham um cômodo separado para
a cozinha; - O açúcar passou a ser produzido em algumas
- Utilizavam vários métodos de cocção localidades do mediterrâneo e em algumas
(assavam, fritavam), mas o cozimento era o ilhas conquistad as pelos espanhóis no séc. XV,
mais popular; e é a partir d esse momento que seu uso vai
- O contato com o mundo muçulmano fez com se popularizar;
que fossem assimilados além do açúcar, o ↳ até então seu uso era restrito ,
trigo sarraceno, noz moscada, canela, principalmente medicinal para dor de cabeça,
gengibre, cravo, cominho, hortelã, anis, febre, fraq ue za e até epilepsia.
açafr ão e outras especiarias (que eram caras
e de uso restrito); - Usava-se muito molhos, que eram ácidos ou
- Historiadores não tem um consenso sobre o agridoces, e espessados com pão, gema de
uso da carne bovina, mas sabe-se que porcos ovo, amêndoas;
eram muito utilizados e que cabras e ovelhas - Ao final da refeição comia -se frutas cozidas
também eram apreciadas, mas geralmente só e/ou queijos;
abatidas quando incapacitadas de dar leite - De maneira geral, os mais abastados faziam
e/ou lã. três refeições (ao acordar, ao meio dia e ao
final da tarde). Os mais pobres faziam apenas
as duas últimas refeições .

COMIDA DE REIS
- Comiam pão branco de trigo, que tinha o
maior valor de mercado;
- As principais info rmações que temos dizem
respeito aos festins (ou refeições
celebrativas).
↳ Nestas ocasiões era servida grande
quantidade de comida, incluindo vário s tipos
de carne assada (a c ocção mais valorizada - De maneira geral, tinham refeições muito
nestes casos), muitas vezes, animais inteiros frugais (moderadas), apenas duas vezes ao dia
eram levados à mesa. (pão, peix e ou outra proteína preparada de
- A apresentação dos pratos era muito forma simples, vinho e queijo), mas o corriam
importante, e não era incomum aves serem também refeições celebrativas, com pratos
preparadas e levadas à mesa com as penas; refinados.
- O uso de cores nas preparações também
era apreciado. O ve rde era ob tido de ervas e
espinafre, o amarelo ger almente da gema do
ovo. Outras fontes , inclusive mad eiras e
sementes, eram usadas para outras cores,
como o vermelho e o azul.

Carnes: bois, porcos, gans os, galinhas, javalis,


dentre outros. Eram servidos bem
temperados. P ão, queijo e frutas também
costumavam compor as refeições;
Cereais e legumes: eram servidos como COMIDA DOS POBRES
acompanhamento das carnes; - Comiam pouca carne, tendo a base de sua
alimentação formada por vegetais (favas,
- O uso de pratos era raro, comia-se sobre lentilhas, grão de bico, ervilha, cou ves, cebola,
uma grossa fat ia de pão, a comida era alho, nabo, espinafre, abobora...) , queijo (que
colocada em tigelas grandes e os comensais muitas vezes substituía a carne) e pão;
se serviam com as mãos e com colheres - Eram proibidos de caçar determinados
(quando havia caldos e molhos). O s comensais animais (benefícios destinados ao s nob res);
também usavam suas próprias facas; - Quando tinham proteína animais disponível,
- Quando havia taças, elas eram de uso aproveitavam ao máximo, fazendo salgas,
coletivo; salmouras e charcutaria;
- Em muitos castelos havia u ma espécie de - Comiam pães escuros, feitos com diferente s
mordomo, responsável pela coordenação do cereais (cevada, aveia, centeio ), algumas
sérvio e pelo corte das carnes . vezes misturados com leguminosas.

Le Viandier – Taillevent
↳ considerado o primeiro livro de cozinha
impresso na França.
- Geralmente é creditada à Guillaum e Tirel
(1310-1395), também conhecido como
Taillevent, com publicação no século XV;
- Taillevent começou ainda menino
trabalhando para rainhas e re i s da França e
continuou servindo reis c omo Charles V e
Charles VI;
COMIDA DO CLERO - Viande: termo que não se aplicava somente
- As ordens monásticas , de quem se tem mais às carnes, mas a q ualquer gênero alimentício
informações, eram baseadas em oração e que serviam à alime ntação humana;
trabalho; - As receitas originais revelam uma
- Autossuficientes, os monastérios criavam comunicação entre os gostos das classes
seus próprios animais (para carne, lã, couro, sociais mais altas de d iferentes localidades
leite e derivados ) e cultivavam suas próprias (muitas vezes pratos com o mesmo nom e,
hortas (para alimentação e m edicação), mas com ingredie ntes diferentes, outras
também comercializavam alguns excedentes; vezes, nomes diferentes para o mesmo
- Produziam bebidas alcoólicas como vinho , prato);
cerveja e cidra (feita à base de maças) e - As receitas são organizadas a partir dos
foram importantes para o aprimoramento das seguintes gêneros de pratos:
técnicas relacionadas a estar três pro duções; → Sopas engrossadas;
→ Carnes assadas;
→ Entremets (entre p ratos);
→ Sopas engrossadas sem carne;
→ Pratos para alimentação dos doentes;
→ Peixes de água doce e marinhos;
→ Molhos (cozidos ou não).

- O livro revela uma serie de costum es:


ingredientes mais usados e valorizados, pratos
destinados a diferentes situações, técnicas de
preparo e a tecnologia da cozinha disponível
na época.

PERGUNTAS DE REVISÃO

1. Qual é a importância do pão na


alimentação da Idade Média? Qual a
diferença entre os pães consumidos por
pobres e os pães consumidos pelos mais
abastados?

2. Segundo Bruno Larioux (1998) quais eram


os sabores mais comuns durante a Idade
Média? E como cada um deles era obtido?

3. Qual a influência da Igreja Católica na


Alimentação da Idade Média?

4. Qual o papel da apresentação dos pratos


nos banquetes medievais e quais eram as
estratégias utilizadas?

5. Como pode ser descrita a alimentação


dos pobres neste período?

6. Como pode ser descrita a alimentação do


clero neste período?

7. Como pode ser descrita a alimentação


dos nobres neste período?

8. O que é o Le Viander? Qual a sua


importância para a história da alimentação
mundial?

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