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Felipe Pires 823212 Agressão

Problema 1 –
Obj.1 – Caracterizar as diferenças morfofisiológicas entre platelmintos e
nematelmintos
Os helmintos constituem um grupo muito numeroso de animais, incluindo espécies de vida
livre e de vida parasitária. Apresentam os parasitos distribuídos nos filos Platyhelminthes,
Nematoda e Acanthocephala. (os helmintos são incluídos no Reino Animalia).
As ocorrências de helmintos em humanos são muito comuns. Essas infecções, em geral,
resultam, para o hospedeiro, em danos que se manifestam de formas variadas.

 Filo Platyhelminthes
Os Platyhelminthes (gr. Platy = chato) são os representantes mais inferiores dos helmintos,
os quais se caracterizam por:
– apresentarem simetria bilateral, uma extremidade anterior com órgãos sensitivos e de fixação
e uma extremidade posterior;
– ausência do exoesqueleto ou endoesqueleto;
– serem achatados dorsoventralmente;
– não apresentarem celoma (acelomados), com ou sem tubo digestivo, sem ânus, sem aparelho
respiratório, sistema excretor tipo protonefrídico, com tecido conjuntivo enchendo os espaços
entre os órgãos;
– podem ser de vida livre, ectoparasitos ou endoparasitos.
 Atualmente, os platelmintos parasitos foram incluídos no subfilo Neodermata, que é
composto pelas classes Trematoda, Monogenea e Cestoda. Entretanto tornou-se consenso nas
últimas décadas à elevação desses parasitos à categoria de classe (desse modo, Monogenea,
que inclui espécies principalmente ectoparasitos de peixes, está incluída entre os Trematoda).

 Classe Trematoda:
São principalmente endoparasitos. Os adultos não possuem epiderme e cílios externos;
corpo não segmentado e recoberto por uma cutícula; com uma ou mais ventosas; presença de
tubo digestivo; ânus geralmente ausente; hermafroditas ou não; evolução com no mínimo dois
hospedeiros.
Geralmente são achatados dorsoventralmente, às vezes
recurvados, com face ventral côncava, de contorno oval ou
alongado; outras vezes parecem volumosos, com extremidade
posterior alongada e a anterior afilada e truncada; ou então
parecem globulosos e recurvados dorsoventralmente.
A forma típica é a de folha.
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A classe Trematoda compreende atualmente dois grupos de parasitos: a subclasse


Aspidogastrea (com um pequeno numero de espécies, parasitos principalmente peixes) e
Digenea que apresenta maior número de espécies (inclui as espécies de interesse em
parasitologia humana).

 Os trematódeos digêneos  possuem órgãos de fixação representados pelas


ventosas orais e acetábulo (ou ventosa ventral). O corpo é revestido por uma cutícula e pode se
apresentar lisa ou com espinhos ou escamas, recobrindo o corpo ao todo ou em parte.
Logo abaixo da cutícula encontramos uma fina camada muscular. Abaixo da camada
muscular, e enchendo todo o espaço interno, encontramos o parênquima. Neste encontram-se os
sistemas digestivo, reprodutor, excretor e nervoso:
- O sistema nervoso central é representado por dois gânglios cerebrais interligados por
comissuras. Do cérebro partem três pares de nervos-troncos que se dirigem para frente e três
pares dirigidos posteriormente.
- São pobres em órgãos dos sentidos. Terminações bulbosas com emissão de cerdas
podem ser encontradas, sobretudo no nível das ventosas.
- O sistema digestório é simples, com abertura bucal situada anteriormente ou na face
ventral, em alguns casos seguidos de pré-faringe, faringe e esôfago que se bifurca e origina os
cecos intestinais, na maioria das vezes em fundo cego, o que auxilia no processo de
regurgitamento.
- O sistema excretor é representado por dois tubos protonefridiais, um em cada lado
dirigido posteriormente. Fundem-se na porção terminal, originando uma vesícula excretora que se
abre para o meio exterior através do poro excretor. A célula em flama é a unidade excretora e
varia em numero e disposição, conforme a espécie.
- Não possuem propriamente um sistema circulatório (contudo em alguns deles podem
ser observados ductos mesenquimais).
- Podem ocorrer espécies hermafroditas (monoicas, correspondendo a maior parte das
espécies) e espécies com sexos separados (dioicas). Sistema reprodutor:
-- O aparelho genital masculino apresenta dois testículos com canais eferentes, os quais
se ligam para formar o canal deferente. Este, já dentro da bolsa de cirro (quando presente), forma
a vesícula seminal e, em continuação, se diferencia em canal ejaculador, envolvido pelas
glândulas prostáticas, e, finalmente, formando o cirro, que se abre para o meio exterior pelo poro
genital masculino.
-- O aparelho genital feminino é constituído por um ovário, do qual parte o oviduto que se
comunica com o oótipo, no percurso recebendo o viteloduto e o canal de Laurer, que se comunica
com o exterior pelo genóporo. O oótipo é envolvido pelas glândulas de Mehlis (ou glândulas da
casca) e se continua originando o útero, geralmente com alças, na parte final, onde se diferencia
em metratermo, que se abre no átrio genital pelo poro genital feminino.
A autofertilização pode ocorrer nos trematódeos, contudo a fertilização cruzada
parece ser o processo habitual.
A maioria dos trematódeos são ovíparos e o número de ovos depositados varia
consideravelmente com a espécie.
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OBS  Em algumas espécies, o ovo, ao ser eliminado, já contem uma larva ciliada
(miracídio) desenvolvida, como em Schistosoma; em outras, o ovo é eliminado não embrionado,
como em Fasciola e Eurytrema, e o miracídio é formado após a eliminação do ovo para o meio
exterior.
 O miracídio necessita alcançar um molusco para dar continuidade ao ciclo e pode fazê-
lo de dois modos: (1) nos casos em que o miracídio é liberado na água (Schistosoma, Fasciola)
ele penetra ativamente em um molusco aquático (Biomphalaria Lymnaea); ou (2) quando o
miracídio permanece dentro do ovo (Eurytrema, Platynosomum), há necessidade de o ovo ser
ingerido por um molusco de hábito terrestre (Bradybaena, Subulina) ou aquático para dar
continuidade ao ciclo.

Os moluscos são os primeiros hospedeiros intermediários. A evolução no hospedeiro


intermediário pode passar pelas fases de esporocisto, rédia, cercária, mesocercária e
metacercária. A formação de metacercária exige um segundo hospedeiro intermediário.
Quando a forma infectante é a cercária, a infecção do hospedeiro definitivo se dá pela
penetração na pele ou em mucosa (Schistosoma); quando a forma infectante é a metacercária, a
infecção do hospedeiro definitivo se dá pela ingestão (Fasciola).
OBS – A etapa de reprodução assexuada, nos moluscos, origina milhares de cercárias a
partir de um único miracídio, com isto aumentando a possibilidade da infecção do hospedeiro
definitivo, no qual se completa o desenvolvimento e ocorre a formação de novos ovos.

 Classe Cestoda:
São endoparasitas desprovidos de epiderme, de cavidade geral e de sistema digestivo; os
órgãos de fixação estão localizados na extremidade anterior. O corpo é, em geral, alongado e
construído por segmentos.

Um cestódeo típico apresenta-se com três regiões distintas: a mais anterior constituída
pelo escólice, no qual se encontram os órgãos de fixação; a segunda porção, o colo ou
pescoço, que suporta o escólice e é o elemento de ligação com a terceira região; e a terceira
região, por sua vez, é o estróbilo, que é nitidamente segmentado nas formas polizoicas.

A classe Cestoda compreende duas subclasses:


- Cestodaria;
- Eucestoda;
A Subclasse Eucestoda possui várias ordens, das quais as mais importantes são
Pseudophyllidea e Cyclophyllidea, por incluírem espécies que parasitam os humanos.
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 Semelhante aos Trematódeos, os cestoides são recobertos por uma cutícula, a qual
repousa diretamente sobre o mesênquima, que nos Taeniidae é rico em corpúsculos calcários
(carbonato de cálcio).
- O sistema nervoso é, basicamente, constituído por gânglios na base do escólice e
nervos laterais, interligados por comissuras.  NÃO há órgãos sensoriais especiais.
- O sistema excretor é protonefridial, com células em flama  Canais excretores
percorrem lateralmente o corpo do cestódeo e se interligam na parte posterior da proglote, no
último segmento, formando a vesícula excretora e o poro excretor.
- Quanto ao sistema reprodutor, são geralmente hermafroditas.

- O aparelho genital masculino pode apresentar dois ou mais testículos com canais
eferentes que se unem e formam o canal deferente, o qual pode se dilatar e formar uma vesícula
seminal antes de alcançar a bolsa de cirro ou dentro dela, em seguida se diferenciando em canal
ejaculador, com glândulas prostáticas. O segmento final é o cirro (ou pênis), que pode ser dotado
de espinhos.
- O aparelho genital feminino compõe-se de: ovário, frequentemente com dois lobos
interligados medianamente; o oviduto origina-se no ovário e atinge o oótipo; em torno deste estão
as glândulas de Mehlis (ou glândulas da casca); o útero tem origem no oótipo e pode exteriorizar-
se num poro uterino (Pseudophyllidea) ou terminar em fundo de saco (Cyclophyllidea). As
glândulas vitelogênicas podem situar-se abaixo do ovário (Hymenolepididae e Taeniidae) ou
externamente aos testículos (Pseudophyllidea). A vagina, por sua vez, liga o poro genital feminino
ao oviduto.
Pode ocorrer autofertilização da proglote, com espermatozoides e óvulos
produzidos pelos órgãos genitais do mesmo segmento;
- Outras vezes pode ocorrer fertilização de um segmento por espermatozoides produzidos em
outros segmentos do mesmo cestódeo ou fertilização entre cestódeos diferentes.
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 A forma do ovo é variável:


-- Em Pseudophyllidea é ovoide ou elíptico, com ou sem opérculo; em algumas espécies o
embrião é guarnecido por um embrióforo filiado e é conhecido por coracídio, o qual, após
liberado, nada na água e é ingerido pelo hospedeiro intermediário, um crustáceo copépode, no
interior do qual a larva se liberta do embrióforo, migrando para a cavidade geral do crustáceo,
onde se desenvolve, tornando-se a larva procercoide.
O segundo hospedeiro intermediário, que pode ser um peixe, ingere o crustáceo; a larva
procercoide é liberada no intestino do peixe e migra para os músculos, onde se desenvolve para
larva pleurocercoide ou sparganum.  O hospedeiro definitivo infecta-se pela ingestão de
formas infectante contidas em tecidos musculares do peixe, crus, malcozidos ou mal passados.
-- No Cyclophyllidea, onde estão incluídas as espécies mais importantes para a
parasitologia humana, o ovo contém uma oncosfera armada com três pares de ganchos e o ciclo
só tem continuidade quando ovo é ingerido pelos hospedeiros intermediário, que pode ser um
invertebrado ou um vertebrado.
Nas espécies que tem como hospedeiros intermediário um invertebrado, a oncosfera (pares de
ganchos), após se libertar do ovo, atravessa a parede intestinal caindo na cavidade geral, onde
se desenvolve para larva cisticercoide.
Excepcionalmente, em Hymenolepis nana pode ocorrer a formação de larvas cisticercoides
nas vilosidades da parede intestinal do homem, já parasitado por formas adultas, registrando-se,
assim, autoinfecção.

Nos Cyclophyllidea da família Taeniidae as larvas evoluem em vertebrados com a


formação de vesículas com abundante líquido, as quais podem assumir quatro formas distintas:
A  Cisticerco – apresentando uma vesícula com líquido, no interior da qual se encontra um
único escólice invaginado (Taenia solium e Taenia saginata);
B  Estrobilocerco – que consiste em um escólice seguido de um falso estróbilo com uma
pequena vesícula na extremidade (Taenia taeniformis);
C  Cenuro – que é uma grande vesícula de paredes finas e abundante líquido (líquido
hidático) com numerosos pequenos escólices invaginados presos (internamente) à membrana
germinativa da larva (Multiceps multiceps);
D  Cisto hidático ou hidátide – que é uma grande vesícula de paredes firmes e abundante
líquido (líquido hidático) com numerosos pequenos escólices e presos a parede interna
(membrana germinativa), juntamente com vesículas-filhas, as quais também contêm líquido e
escólices invaginados presos às suas membranas germinativas (Echinococcus granulosus).
Em todos estes casos, a infecção do hospedeiro definitivo, que é um vertebrado,
ocorre por ingestão de formas larvares contidas em tecidos crus ou mal passados.
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 Filo Nematoda
Dentro deste grupo são encontrados representantes com os mais diversos tipos de vida e
hábitat, desde espécies saprófitas de vida livre aquáticas ou terrestres até parasitos de vegetais e
todos os invertebrados e vertebrados.
Os avanços recentes em sistemática molecular já permitem agrupar grande parte dos
nematoides em duas classes: Adenophorea (com as ordens Chromadorida, Dorylaimida,
Enoplida, Mermethida, Mononchida, Monhysterida, Trichocephalida e Triplonchida) e
Secernentea (incluindo as ordens Aphelenchida, Ascaridida, Diplogasterida, Oxyurida,
Rhabditida, Rhigonematida, Spirurida, Strongylidae Tylenchida).
 Morfologia geral  Os nematoides são vermes com simetria bilateral, três folhetos
germinativos, sem segmentação verdadeira (ou probóscide), cilíndricos, alongados, desprovidos
de células em flama, cavidade geral sem revestimento epitelial, tamanho variável, de poucos
milímetros a dezenas de centímetros, tubo digestivo completo, com abertura anal ou cloacal
terminal ou próxima da extremidade posterior;  sexos, em geral, separados (dióicos), sendo o
macho menor que a fêmea;  corpo revestido por cutícula acelular, lisa ou com estriações. Essa
cutícula pode apresentar diversas formações: espinhos, cordões, expansões cefálicas, cervicais e
caudais.  O pseudoceloma é cheio de líquido celomático, responsável pelo equilíbrio
hidrostático, movimentos e envolve os órgãos nele contidos (tubo digestivo e órgãos genitais).

- NÃO há sistema circulatório, ou sistema vascular. A oxi-hemoglobina contida no


pseudoceloma, contendo substâncias nutritivas e também resíduos metabólicos, é movimentada
a custa das contraturas do corpo;
- O sistema nervoso consta de um cérebro formado por gânglios nervosos interligados por
fibras nervosas, formando um anel em tomo do esôfago, do qual partem nervos (geralmente seis)
dirigindo-se para frente e para trás.  Aflorando à superfície do corpo aparecem papilas que
funcionam como órgãos sensoriais, situadas nas regiões anterior e posterior;
- A excreção é feita através do aparelho excretor, que é peculiar nos nematoides. É
desprovido de células em flama;
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- As gônadas em geral são tubulares, contínuas com os ductos reprodutores, ímpar (ou
dupla) no macho, dupla (ou ímpar) na fêmea;
- O sistema genital masculino é diferenciado em testículo, canal deferente, vesícula
seminal e canal ejaculador, abrindo-se na cloaca. Além dos ductos genitais, eles podem
apresentar estruturas acessórias: espículos, tubérculo, télamo e bolsa copuladora;
- O aparelho genital feminino é constituído fundamentalmente de ovário, oviduto, útero,
vagina e vulva, que podem variar em forma, disposição e número. Entre o útero e a vagina pode-
se distinguir uma estrutura denominada ovojector, dotado de esfíncter para regular a passagem
dos ovos;
A reprodução e o processo de atingir os hospedeiros são bastante diversificados
nos nematoides.  Em geral, são dióicos (sexos separados) (como Ancylostoma, Ascaris etc.),
mas existem hermafroditas (como rabditídeos) nos quais ocorre a protandria (a mesma gônada
produz primeiro espermatozoides depois óvulos – singemia);  a partogênese também é vista
em Heterodera (nematoides terrestres) e Strongyloides (parasito humano).

Os espermatozoides fecundam os ovócitos em sua passagem


pelo útero, onde se completa a formação do ovo, envolvidos por três
membranas.
No desenvolvimento pós-embrionário, o nematoide passa por
cinco estágios e na passagem de um estágio para o outro ocorre uma
troca de cutícula.  O embrião que se forma dentro do ovo é a larva
de primeiro estágio, ou L1, e para completar o ciclo pode fazê-lo
direta ou indiretamente. (no ciclo direto – monoxênico – não há
necessidade de hospedeiro intermediário; enquanto no ciclo indireto
– heteroxêmico –, há necessidade de hospedeiro intermediário).

Alcançando o estagio de larva infectante (geralmente o 3º – L3), para continuidade do


desenvolvimento, há necessidade de infectar o hospedeiro definitivo: passivamente, quando a
larva infectante dentro do ovo é ingerida pelo hospedeiro (Ascaris, Enterobius), ou ativamente,
quando a larva infectante penetra na pele ou mucosa (Ancylostoma, Strongyloides).

OBS  Em Wuchereria, as larvas de primeiro estádio liberadas pelas fêmeas são


conhecidas como microfilárias e podem ser encontradas no sangue circulante. Para a
continuidade do ciclo há necessidade da interveniência de um hospedeiro invertebrado
intermediário hematófago (mosquito Culex), o qual, ao se alimentar, ingere sangue com
microfilárias. Estas, então, evoluem até se tornarem infectantes e se desenvolverão no
hospedeiro vertebrado quando o hospedeiro intermediário fizer novo repasto sanguíneo.
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