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Seminário Aeroespacial II
Aerodinâmica Básica
GRUPO 14:
Diogo Andrade, Nº 89659
Henrique Figueiredo, Nº 90267
José Neves, Nº 89683
Leonardo Oliveira, Nº89190
Simão Amaro, Nº 89715
25 de Março de 2019
Índice
1 Introdução 1
2 Nomenclatura 2
2.1 Nomenclatura de Asa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
2.2 Nomenclatura de Perfis Alares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
6 Projeto de Asas 15
6.1 Flecha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
6.2 Asas Finitas vs Asas Infinitas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
6.3 Vórtices . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
6.4 Resistência Induzida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
6.5 Winglets . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
6.6 Ground Effect (Efeito Solo) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
6.7 Alongamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
6.8 Afilamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
6.9 Diedro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
7 Conclusões 20
Referências 21
i
Índice Aerodinâmica Básica
ii
1. Introdução Aerodinâmica Básica
1 Introdução
A aerodinâmica é um ramo da engenharia que se foca no estudo do movimento do ar e da sua
interação com corpos sólido, como por exemplo uma asa. Começou como um estudo conceptual,
como nos engenhos de Leonardo Da Vinci, passando por uma fase puramente experimental. No
entanto, durante os últimos dois séculos, surgiu o suporte matemático que, embora só no inı́cio
do último se tenha compreendido, permitiria o rápido desenvolvimento deste campo e o adquirir
da relevância que hoje possui.
Em relação ao relatório em si, é de notar que ele se inclui no âmbito da disciplina de Seminário
Aeroespacial II, pelo que introduz todos os conceitos necessários à sua própria compreensão
sem abordar conceitos mais significativos noutros temas. Por outro lado, é de notar que a
abrangência do tema e a vontade dos autores em aplicar as ideias introduzidas levaram a que o
foco muitas vezes tenha passado por aeronaves de asa fixa, aviões.
Desta forma, começa-se por apresentar sucintamente os diversos conceitos que se relacionam
com as asas, perfis alares. Seguidamente, os princı́pios fundamentais da aerodinâmica são
abordados, distinguindo-se entre aerodinâmica incompressı́vel e compressı́vel. Começa pelos
conceitos essenciais na descrição fı́sica do voo na perspetiva de um perfil alar: sustentação,
momento resultante, resistência aerodinâmica e coeficientes aerodinâmicos. Posteriormente, este
conceitos são abordados no contexto da aerodinâmica compressı́vel, onde o número de Mach e
os diferentes regimes de velocidade são definidos. A exposição passa depois por conceitos como
ângulo de Mach e ondas de choque.
Esta abordagem continua para a análise da engenharia de perfis alares, como esta evoluiu e
os princı́pios que atualmente a regem, onde se destacam as considerações sobre perfis NACA e
a escolha de um perfil alar. Segue-se uma secção sobre projeto de asas onde são analisadas as
implicações da teoria aerodinâmica na sua geometria. Para além disso, são apresentados outros
conceitos relevantes para a compreensão do escoamento nas asas como os de asa finita e infinita,
vórtices, alongamento, diedro e flecha.
1
2. Nomenclatura Aerodinâmica Básica
2 Nomenclatura
2.1 Nomenclatura de Asa
Observe-se a asa da Fig. 1. Define-se o bordo de ataque como a parte da asa que sofre primei-
ramente o impacto do vento relativo e o bordo de fuga como a parte da asa em último contacto
com o escoamento. A raiz consiste na extremidade mais próxima da fuselagem, contrapondo o
bordo marginal, que é a extremidade mais distante da fuselagem. Por último, a envergadura
pode ser descrita como a maior distância entre as pontas das asas numa aeronave.(Simão, 2019).
(a) Perfil alar de uma asa (McLean, 2014). (b) Perfil alar de uma hélice. (Supplies et al., 2019)
Para se desenvolver os vários fenómenos relacionados com o voo é necessário definir alguns
conceitos base. Deste modo, serão descritos o nome dos constituintes do perfil alar, que se
encontram presentes na Fig. 3.
A corda é a distância mı́nima entre o bordo de ataque e o bordo de fuga (é uma linha reta
que liga os dois), cortando o perı́metro do perfil alar numa superfı́cie superior, extradorso, e
uma inferior, intradorso. O ângulo de ataque é o ângulo entre a linha de corda e a direção do
movimento do ar e é um dos principais responsáveis pela força de sustentação (ver secção 3.1).
A linha de flecha é a linha que se obtém quando se une todos os pontos do interior do perfil
alar que estão à mesma distância do intradorso e do extradorso. Consequentemente, no caso de
o perfil alar ser simétrico, isto é, se a região do perfil alar abaixo da linha de corda for igual à
região acima, a linha de corda vai coincidir com a linha de flecha.
2
3. Descrição fı́sica do voo Aerodinâmica Básica
3
3. Descrição fı́sica do voo Aerodinâmica Básica
ρ1 A1 V1 = ρ2 A2 V2 , (1)
onde os ı́ndices 1 e 2 representam cada secção, ρ designa a massa especı́fica do fluido, A a
área da secção e V a velocidade do local do fluı́do (esta equação despreza a variação das massas
especı́ficas e das velocidades ao longo de uma mesma secção). Desta equação, retira-se que a
diminuição da área de secção leva ao aumento da velocidade do fluido e vice-versa. A segunda
expressão relaciona a variação da pressão com a variação da velocidade do fluido:
4
3. Descrição fı́sica do voo Aerodinâmica Básica
5
3. Descrição fı́sica do voo Aerodinâmica Básica
(onde K é uma constante) e tendo em conta as dimensões de cada quantidade envolvida, vem
e f
2 a∞ µ∞
L= Kρ∞ V∞ , (5)
V∞ ρ∞ V∞ S 1 /2
o que pode ser simplificado tendo em conta que S 1/2 corresponderá a um comprimento, ou seja,
pode-se substituı́-lo por um valor dessa dimensão como a corda (representada por c), que Va∞ ∞
corresponde ao inverso do número de Mach (simbolizado por M∞ e abordado posteriormente
no relatório com mais detalhe) e que ρ∞µV∞∞ c corresponde ao inverso do número de Reynolds
(conhecimento sobre esta quantidade é pressuposto neste documento, pelo que não será mostrada
nenhuma explicação sobre ela). Obtém-se, então,
e f
2 1 1
L= Kρ∞ V∞ , (6)
M∞ Re
6
3. Descrição fı́sica do voo Aerodinâmica Básica
Conclui-se, assim, que ela será mais significativa para tensões de corte superiores, provocadas,
por exemplo, por velocidades de escoamento superiores. (Anderson, 2004)
Por sua vez, a resistência devida à separação do escoamento (ver Fig. 9) dá-se essencialmente
devido ao aumento do ângulo de ataque, dominando, nesse caso, a resistência total. Nessa
situação, ela provoca uma perda abrupta de sustentação, num fenómeno designado de perda
aerodinâmica (Anderson, 2004).
Nesta situação, dá-se a criação de um gradiente de pressões acentuado, o qual leva o escoa-
mento junto ao extradorso (com menor velocidade devido ao atrito com o perfil alar) a mudar
o sentido do seu movimento. Em zonas mais afastadas do extradorso mas ainda afetadas pela
presença do perfil, o escoamento apresenta uma velocidade mais elevada e não será afetado. O
fenómeno descrito leva à criação de resistência através da alteração da distribuição de pressão
em torno do perfil alar, como se pode ver na Fig. 10. Nela, pode-se observar como no bordo
de ataque menos sustentação será criada, devido ao aumento de pressão em relação à situação
ideal. No bordo de fuga, a pressão é inferior à da situação ideal, aumentando a resistência.
(Anderson, 2004)
Figura 10: Distribuição de pressões num perfil alar afetado pela separação do escoamento
(Anderson, 2004)
7
3. Descrição fı́sica do voo Aerodinâmica Básica
L M D
cL = 1 2
, (9) cM = 1 2
e (10) cD = 1 2
, (11)
2 ρV S 2 ρV Sc 2 ρV S
L = q∞ ScL , (13)
8
4. Aerodinâmica em Regime Compressı́vel Aerodinâmica Básica
no exterior. Assim, a importância destas quantidades está relacionada sobretudo com a capa-
cidade que estas apresentam para reunir a informação da variável a que se referem em função
das propriedades do escoamento.
9
4. Aerodinâmica em Regime Compressı́vel Aerodinâmica Básica
1
O Anexo A.1.1 contém as equações que descrevem esse tipo de escoamento.
10
4. Aerodinâmica em Regime Compressı́vel Aerodinâmica Básica
estando a propagação dessa informação restrita ao interior do cone. À medida que o corpo se
move mais rapidamente, o cone estreita-se. Essa relação é dada por
1
sin µ ≡ , (17)
M
onde µ é o ângulo entre a borda do cone e a sua bissetriz (ver Fig. 12). Como o seu valor
depende apenas do número de Mach, designa-se por ângulo de Mach.
Figura 12: Propagação sonora em escoamento subsónico [A] e supersónico [B] (Brenner, 2016e).
2
Ver Anexo A.1.5 para uma explicação de escoamentos supersónicos com pequenas deformações.
3
Ver Anexo 1.3 para uma metodologia de análise mais detalhada.
11
4. Aerodinâmica em Regime Compressı́vel Aerodinâmica Básica
12
4. Aerodinâmica em Regime Compressı́vel Aerodinâmica Básica
Dada a complexidade da Eq. 18, geralmente usa-se uma tabela (ver Anexo A.1.8) para
determinar os valores desejados (Brenner, 2016a). Percebe-se que para cada valor de θ e M1 , há
dois valores possı́veis de β: o maior refere-se a um choque forte (mais parecido com um choque
normal), e o menor refere-se a um choque fraco (geralmente M2 > 1). A determinação do tipo
de choque resultante depende da pressão depois do choque (Shapiro, 1953d). Para cada M1 , há
um θmax para qual existem soluções de β. Se, para um dado M1 , o ângulo de deflexão for maior
que esse máximo (i.e. θ > θmax ), o choque descola-se para antes do corpo, transformando-se
num choque em arco.
13
5. Projeto de perfis alares Aerodinâmica Básica
Figura 16: Perfil Alar Supercrı́tico desenvolvido por Robert Whitcomb (adaptado de (Anderson,
2004))
14
6. Projeto de Asas Aerodinâmica Básica
6 Projeto de Asas
6.1 Flecha
A flecha ou o ângulo de regressão corresponde ao ângulo formado entre uma linha perpen-
dicular à corda da raiz da asa e uma linha composta pelos pontos a 25% da corda em relação
ao bordo de ataque.(Vicente, 2008)
Em primeiro lugar, a utilização de flecha numa asa permite, em voos transónicos e su-
persónicos, a diminuição da força da onda de choque oblı́qua na ponta da asa tal como a
redução da resistência, que por sua vez leva à diminuição do número de Mach efetivo. Desta
forma, existe um compromisso entre o ângulo de regressão da asa e o nº de Mach do escoamento
a que a ponta da asa estará exposta de forma a garantir que o número de Mach efetivo não
ultrapasse Mach 1 (Fig. 17).
Figura 17: O ângulo de flecha como uma função do número de Mach na ponta da asa. (Anderson;
Eberhardt, 2010a)
Como se observa na Fig. 18, uma asa com flecha cujas extremidades estão direcionadas para
trás (flecha positiva) concede mais estabilidade lateral. Em contraste, uma asa com flecha cujas
15
6. Projeto de Asas Aerodinâmica Básica
extremidades estão orientadas para a frente (flecha negativa) é mais instabilizante, permitindo
uma maior manobrabilidade às aeronaves que a possuem. Porém, implica uma dificuldade
estrutural de construção: caso não esteja assegurada a rigidez suficiente da asa, a ponta da asa
direcionada para a frente pode torcer devido à carga e acentuando-se esta torção pode suceder-
se a distorção completa do avião. Deste modo, na maioria das aeronaves, a haver a inclusão de
flecha opta-se por uma flecha positiva.(Anderson; Eberhardt, 2010b)
6.3 Vórtices
O fluxo de ar em torno dos bordos marginais estabelece um movimento circular que deixa
para trás um rasto na ponta de cada asa- vórtices. Comportam-se como pequenos tornados com
baixa pressão no seu núcleo e que perturbam o escoamento na sua vizinhança, dando origem a
uma componente da velocidade do ar para baixo- downwash. (Anderson, 2004).
16
6. Projeto de Asas Aerodinâmica Básica
αe = α − αi . (19)
6.5 Winglets
Uma maneira de reduzir a criação de vórtices é através da introdução de winglets - superfı́cies
adicionais colocadas nas extremidades das asas que bloqueiam o movimento do escoamento em
torno do bordo. Aumentam a capacidade de sustentação da asa sem aumentar a envergadura,
reduzindo os vórtices. (Anderson; Eberhardt, 2010b)
17
6. Projeto de Asas Aerodinâmica Básica
A proximidade do solo afeta o fluxo de ar em torno da asa, que para um dado ângulo de
ataque aumenta a sustentação. Os vórtices dissipam-se pouco depois da sua formação devido
à proximidade com o solo como se pode ver na Fig. 22 , reduzindo assim o downwash e
consequentemente o atrito induzido. Por outro lado, a pressão debaixo da asa aumenta- a asa
continua a deslocar o mesmo volume de ar para baixo mas a área frontal reduz- aumentando a
sustentação.
Isto pode fazer com que um avião levante voo antes de atingir a velocidade recomendada ou
dificultar a aterragem em pista. Para além disso, um avião a escapar ao efeito de solo.
6.7 Alongamento
O alongamento (AR - Aspect Ratio) pode ser qualificado como uma medida do quão longa
e esbelta é uma asa de ponta a ponta. Quantitativamente, corresponde a:
b2
AR ≡ , (20)
S
onde b corresponde à envergadura da aeronave e S à área da asa. No caso de uma asa cuja
corda seja constante ao longo da envergadura temos:
b
AR = , (21)
c
As asas compridas e estreitas, com uma maior envergadura e menor área que as restan-
tes, apresentam um alongamento elevado.(NASA, 2019[j]) Deste modo, quanto maior for AR,
maior será a resistência parasita mas, devido à menor área, há a geração de menos vórtices
de bordo marginal, sendo produzida menos resistência induzida, o que resulta num decréscimo
da resistência total. (Homa, 2010)(Cutler, 2019) Porém, elevados valores de alongamento, que
podem ser observados em planadores e jatos que voam a elevada altitude, acarretam desvanta-
gens estruturais: o ar sujeita a asa a um maior carregamento distribuı́do, surgindo assim um
momento fletor que tem de ser contrariado pela adição de mais material. Assim, tem de ser
utilizada uma asa mais resistente à flexão mas também mais pesada, que por este motivo es-
tará suscetı́vel a uma maior resistência induzida e, consequentemente, a uma maior resistência
total. O aumento do alongamento também conduz ao aumento do momento de inércia, justifi-
cado diretamente pela maior envergadura, e, portanto, e à sua menor manobrabilidade.(Cutler,
2019)(Anderson; Eberhardt, 2010b)
Por outro lado, existem também aeronaves com asas de alongamento baixo, caracterı́sticas
de uma baixa envergadura ou uma elevada corda, como o Space Shuttle, muitas aeronaves que
voam a baixa velocidade e aeronaves de acrobacia. Possuem inconvenientes como uma maior
resistência total, mas também benefı́cios como a possibilidade de construção de uma asa mais
leve, e consequentemente de uma aeronave mais leve, que permite compensar a diminuição da
eficiência na criação de sustentação.(NASA, 2019[j])(Anderson; Eberhardt, 2010b)
18
6. Projeto de Asas Aerodinâmica Básica
6.8 Afilamento
A relação entre os comprimentos da corda no bordo marginal e da corda na raiz da asa
é expressa por um coeficiente que se denomina por afilamento (Taper Ratio). Este quociente
varia entre 0 e 1 e é expresso por:
CT
λ= , (22)
CR
onde CT é a corda no bordo marginal da asa e CR a corda na raiz.(Homa, 2010)
A existência de um afilamento da asa não só melhora a distribuição de sustentação ao longo
desta como também reduz o seu peso: o centro de gravidade da asa desloca-se em direção
ao eixo central da fuselagem, minimizando a sua flexão. Por outro lado, aumenta o custo da
construção, visto que cada aresta tem uma forma diferente, havendo uma menor uniformidade
geométrica.(Sadraey, 2013)
6.9 Diedro
O ângulo de diedro consiste no ângulo formado entre a asa e o eixo transversal da aero-
nave.(Anderson; Eberhardt, 2010b) Desta forma, caso o bordo marginal da asa esteja acima da
sua raiz, o ângulo diedro é positivo; se o bordo marginal estiver abaixo da raiz, o ângulo diedro
é negativo, podendo ser denominado por anedro (Fig. 25).(NASA, 2019[j])
19
7. Conclusões Aerodinâmica Básica
7 Conclusões
Neste trabalho, procedeu-se à exposição dos conceitos básicos de aerodinâmica que estarão
suscetı́veis a um maior desenvolvimento e aprofundamento noutras unidades curriculares de
forma a serem empregues numa descrição mais aproximada da realidade. Também se funda-
mentou a opção por um determinado design e conceção das asas da aeronave tendo em vista a
função do seu voo.
Em primeiro lugar, denota-se que um perfil alar interage com o escoamento através de uma
força resultante que frequentemente se decompõe em sustentação e resistência aerodinâmica.
O Lift tem uma única fundamentação matemática mas pode ser justificado por um lado por
um diferencial de pressões positivo entre o intradorso e o extradorso e por outro pela atuação
de forças no escoamento e consequente reação no perfil alar cuja componente vertical constitui
a sustentação. O Drag é composto pela resistência do perfil, devida à viscosidade do ar, e
pela resistência induzida, resultado da criação de vórtices. A de perfil tem duas componentes,
uma causada pelo atrito e outra causada pela separação do escoamento, sendo que a primeira
acompanha o aumento da velocidade e a segunda também aumenta com o aumento do ângulo
de ataque. A dependência destas grandezas (L, D e M ) com as propriedades do escoamento é
analisada em termos de um respetivo coeficiente (cL , cD e cM ), advindo daı́ a sua importância
no contexto da Aerodinâmica. Um perfil alar é concebido tendo em vista a sustentação no
ângulo de ataque de cruzeiro, a resistência, as caracterı́sticas da perda aerodinâmica e questões
estruturais. Infelizmente, é impossı́vel obter uma conjugação perfeita destes quatro fatores,
existindo uma maior otimização de alguns em detrimento de outros consoante a sua relevância
no tipo de voo para que a aeronave é concebida.
O escoamento que contorna o perfil alar é considerado incompressı́vel até Mach 0.3; a partir
deste número de Mach, têm de se ter em conta os efeitos da compressibilidade do fluido. Com
efeito, a presença de ondas de choque é conseguida localmente com um número de Mach superior
ao número de Mach crı́tico, o que diminui drasticamente a geração de sustentação e promove
o aumento da resistência. Para aeronaves operacionais em regime transónico, utilizam-se perfis
alares supercrı́ticos, com um extradorso de reduzida curvatura, que adiam a ocorrência de ondas
de choque.
Por último, a aproximação de uma asa a um perfil alar é razoável enquanto o ar tem
um comportamento bidimensional, como por exemplo, nas zonas interiores de uma asa real.
Porém, deixa de ter razoabilidade quando o ar passa ter um comportamento tridimensional, por
exemplo, nas zonas próximas do bordo da asa. Nas asas reais, dá-se a geração de vórtices no
bordo marginal, que promovem o aumento da resistência induzida e prejudicam a sustentação,
que levam ao efeito de solo, benéfico no descolar de uma aeronave. Certos conceitos associados
à geometria da asa, como o alongamento e o afilamento da asa e os ângulos de diedro e de
flecha, afetam a geração de resistência, sustentação e estabilidade lateral da aeronave, tendo de
ser devidamente selecionados consoante a altitude, a velocidade e o objetivo do voo.
20
Referências Aerodinâmica Básica
Referências
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23
Anexo A Conceitos Adicionais Aerodinâmica Básica
É interessante notar que a expressão anterior depende apenas no número de Mach. Através
de qualquer uma das análises possı́veis, conclui-se que o fluxo de massa tem um valor máximo
24
Anexo A Conceitos Adicionais Aerodinâmica Básica
para M = 1. Em tal situação, diz-se que o fluxo de massa está choked. Apresenta-se aqui a
equação adequada:
r γ+1
∗ A p0 γ γ + 1 2(γ−1)
ṁ = √ . (27)
T0 R 2
25
Anexo A Conceitos Adicionais Aerodinâmica Básica
26
Anexo A Conceitos Adicionais Aerodinâmica Básica
a Fig. 26, a onda de Mach oriunda da borda de ataque da placa é refletida pela fronteira sólida.
Essa onda pode ser refletida mais inúmeras vezes – pela placa e pela fronteira – dependendo
da geometria do problema. Assim, duas variáveis adicionais necessitam ser consideradas: a
distância da placa à fronteira (h) e o comprimento da placa (s).
Figura 26: Reflexão de onda Mach [A,B] e efeito solo supersónico [B]
Ao aplicar as equações anteriores às zonas do intradorso, percebe-se que a onda Mach refle-
tida provoca um aumento de pressão (em relação ao exemplo anterior), consequentemente um
aumento na força de sustentação. Mostra-se que esse aumento é proporcional à quantidade de
vezes que a onda Mach é refletida (Brenner, 2016a).
2 + (γ + 1)M12
M22 = ; (39)
2γM12 − (γ − 1)
(γ−1)
1 − M12
T2 1+ 2
= (γ−1)
; (40)
T1 1 − M22
1+ 2
p2 1+ γM12
= ; (41)
p1 1+ γM22
ρ2 T1 p2
= ; (42)
ρ1 T2 p1
" (γ−1) # γ
p02 p2 1 + 2 1 − M12 γ−1
= . (43)
p01 p1 1 + (γ−1) 1 − M 2
2 2
27
Anexo A Conceitos Adicionais Aerodinâmica Básica
Figura 27: Variação do ângulo de choque com ângulo de deformação para vários números de
Mach iniciais. Gás perfeito, γ = 7/5 (NACA, 1953b).
28
Anexo A Conceitos Adicionais Aerodinâmica Básica
29
Anexo B Lista de Figuras Aerodinâmica Básica
1 Asa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
3 Nomenclatura do perfil alar de uma asa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
4 Forças que atuam num perfil alar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
5 Distribuição da pressão num perfil alar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
6 Variação da velocidade do ar ao atravessar um perfil alar . . . . . . . . . . . . . 5
7 Velocidades em diferentes streamlines no extradorso de um perfil alar . . . . . . 5
8 Criação de momento num perfil alar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
9 Exemplo de separação de escoamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
10 Distribuição de pressões num perfil alar afetado pela separação do escoamento . . 7
11 Variação de cl com α . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
12 Propagação sonora em escoamento subsónico e supersónico . . . . . . . . . . . . 11
13 Expansões de Prandtl-Meyer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
14 Propriedades do escoamento em função de M1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
15 Aparecimento de ondas de choque num perfil alar . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
16 Perfil Alar Supercrı́tico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
17 O ângulo de flecha como uma função do número de Mach na ponta da asa. . . . 15
18 Tipos de flecha. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
19 Secção de asa num túnel de vento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
20 Comportamento do fluxo nos bordos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
21 Atrito Induzido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
22 Efeito Solo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
23 Tipos de ângulo diedro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
24 Gráfico de ṁ em função de M . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
25 Escoamento supersónico com pequenas deformações . . . . . . . . . . . . . . . . 26
26 Reflexão de onda Mach e efeito solo supersónico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
27 Variação do ângulo de choque com ângulo de deformação para vários números
de Mach iniciais. Gás perfeito, γ = 7/5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
28 Continuação da Fig. 27. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
30