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Resumo
Nos últimos anos tem crescido a utilização do método de elevação artificial denominado de Bombeio
Centrífugo Submerso – BCS, o qual tem como base de funcionamento a utilização de um motor
elétrico de fundo para movimentar uma bomba centrífuga e transmitir a energia para o fluido sob a
forma de pressão, permitindo seu transporte até a superfície. As curvas características da bomba e do
sistema são fundamentais para a determinação de um ponto de trabalho, ponto esse primordial para
uma produção satisfatória. Baseando-se na importância dessas curvas e pretendendo otimizar a
produção ao passo que a bomba é protegida de um desgaste prematuro, este trabalho tem como
objetivo a criação de um simulador computacional capaz de automatizar os cálculos necessários para
gerar as curvas da bomba e do sistema e, assim, encontrar um ponto operacional. Para isso, foram
utilizados dados provenientes do Laboratório de Elevação Artificial – LEA, localizado na Escola
Politécnica da UFBA em Salvador, onde encontra-se um poço laboratório completamente
instrumentado e praparado para a realização de testes e pesquisas. Assim, de acordo com a
metodologia aplicada, foi possível criar o simulador utilizando o software MATLAB® capaz de
ajustar as curvas da bomba disponibilizadas pelo fabricante, calcular a perda de carga do sistema,
plotar os devidos gráficos e, consequentemente, encontrar o ponto de operação. Dessa maneira este
trabalho tornou-se um produto prático e de fácil acesso, preparado para auxiliar nas pesquisas e no
dia a dia operacional do laboratório.
Abstract
Nowadays there has been a growing use of the artificial lift method called the Electrical Submersible
Pumps - ESP, which is based on the use of a bottom electric motor to move a centrifugal pump and
transmit energy to the fluid in the form pressure allowing it to be transported to the surface. The
characteristic curves of the pump and the system are fundamental for the determination of a
operational point, which is the primary point for satisfactory production. Based on the importance of
these curves and aiming to optimize production while the pump is protected from premature wear,
this work aims to create a computer simulator capable of automating the calculations necessary to
generate the pump and system curves and thus find an operating point. For this, data from the
______________________________
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Engenheira de Petróleo – UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
2
Doutor, Engenheiro de Materiais - UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
3
Doutor, Engenheiro Eletricista – UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
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Mestre, Engenheiro de Controle e Automação – UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
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Mestre, Engenheiro de Controle e Automação – UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
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Artificial Lift Laboratory, located at the Polytechnic School of the Federal University of Bahia in
Salvador, were used to find a fully instrumented and well-prepared laboratory for testing and research.
Thus, according to the applied methodology, it was possible to create the simulator using the
MATLAB® software able to aid in the correction of pump curves, which has water as fluid, when
made available by the manufacturer, for the use of other fluid, calculate the loss of charge of the
system, plot the due graphics and, consequently, find the Operational Point. In this way, this work
has become a practical and easy-to-access product prepared to assist in the laboratory's day-to-day
research and operation.
1. Introdução
O Bombeio Centrífugo Submerso (BCS) funciona elevando os fluidos por meio do incremento
da pressão no fundo do poço promovido por uma bomba centrífuga. O BCS trabalha com ampla faixa
de vazões volumétricas e é responsável pelas maiores quantidades de líquido bombeado por um único
método de elevação artificial (MAITELLI, 2010).
Uma particularidade importante desse tipo de bombeio são as curvas de desempenho da
bomba, disponibilizadas pelos fabricantes, que demonstram graficamente seu comportamento,
apresentam o ponto de melhor eficiência (BEP) e uma faixa de operação recomendada. Segundo
Souza (2014), o conhecimento destas curvas é um importante critério para dimensionar corretamente
e controlar o processo de produção de petróleo, visto que a bomba centrífuga é considerada parte
fundamental no sistema BCS e, por isso, escolhê-la corretamente é imprescindível para que o sistema
apresente o melhor desempenho, garantindo uma boa vida útil dos equipamentos e otimização da
produção.
As curvas características da bomba e do sistema são fundamentais para a determinação de um
ponto de trabalho, ponto esse primordial para uma produção satisfatória. Baseando-se na importância
dessas curvas e pretendendo otimizar a produção ao passo que a bomba é protegida de um desgaste
prematuro, este trabalho teve como estratégia a criação de um simulador, utilizando o software
MATLAB®, que possibilitasse a geração das curvas da bomba e do sistema para que fosse possível a
análise de um ponto de trabalho adequado ao sistema.
2. Fundamentação Teórica
difusor, o fluido encontra um aumento progressivo na área de escoamento que causará queda de
velocidade e aumento de pressão. Cada estágio fornece um incremento de pressão ao fluido. Em uma
bomba são colocados tantos estágios quantos forem necessários para que os fluidos cheguem à
superfície (BATISTA, 2009).
Um determinado modelo de bomba centrífuga possui, para uma velocidade preestabelecida e
um determinado tipo de fluido (viscosidade), uma interrelação entre a capacidade de elevação (head),
a potência consumida e a eficiência com a vazão bombeada. Detalhes sobre a faixa de operação das
bombas centrífugas, o head, potência e eficiência são apresentadas na forma de gráficos pelos
fabricantes das mesmas, são as chamadas curvas características ou curva de desempenho da bomba
(MAITELLI, 2010(ARAÚJO, 2015).). As curvas características da bomba são basicamente três:
Head x Vazão, Potência x Vazão e Eficiência x Vazão. Elas são disponibilizadas, na maioria das
vezes, de forma conjunta.
O Head, quando expresso em unidade linear, fornece a altura manométrica que a bomba é
capaz de vencer em determinada vazão. A potência absorvida pela bomba (BHP- Brake Horse Power)
pode ser definida como a potência que o motor deve fornecer ao eixo da bomba. A eficiência (Ƞ) é
definida como a razão entre a potência útil cedida ao fluido e a potência absorvida pela bomba.
Através da curva da eficiência, é possível encontrar as vazões onde a bomba terá um melhor
rendimento, sendo o maior em um local denominado ponto de melhor eficiência (Best Efficiency
Point – BEP)
Além disso, há uma faixa de operação que demonstra a delimitação de operação recomendada
pelo fabricante. Os fabricantes recomendam a utilização destas bombas dentro de um determinado
range de vazão, de forma a manter o balanceio entre a coluna de fluido que está acima do impelidor
e a força do fluido que está abaixo (ROSSI, 2008).
Os fabricantes, então, publicam as curvas características ou curvas de performance para cada
bomba. As curvas são fornecidas considerando o bombeio de água, devendo sofrer correções quando
aplicadas a fluidos com outros valores de densidade e viscosidade.
3. Metodologia
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Figura 1. Curvas da bomba BCS disponível no LEA. Fonte: Adaptada da BAKER HUGHES (2009).
Assim, Turzo et al. (2000) sugere, inicialmente, a realização dos cálculos dos parâmetros de
estimação Y* e Q*, os quais são determinados para encontrar os fatores de correção da curva,
conforme mostram as Equações (1) e (2), respectivamente. Os cálculos, então, foram montados no
SIMULINK®, em seu espaço gráfico para modelação, construindo os modelos na forma de diagramas
de blocos para computar os dados.
No simulador, para a Equação (1) são exigidos como valores de entrada a vazão volumétrica
𝑄á , válida apenas em bpd, e o valor do head 𝐻á , em ft. Já a Equação (2) utiliza o
∗
parâmetro calculado, 𝑌 , e o valor da viscosidade do fluido a ser utilizado, ʋ, medido em cSt.
∗
𝑄∗ = 39,5276+26,5605
51,6565
ln(ʋ) − 𝑌
(2)
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Com isso, para o cálculo das curvas corrigidas, de acordo com Ofuchi (2015), utilizam-se as
Equações de (9) a (11). Onde 𝜂𝑣𝑖𝑠𝑐 , 𝑄𝑣𝑖𝑠𝑐 𝑒 𝐻𝑣𝑖𝑠𝑐 são os valores com fluido viscoso; 𝐶η, Cq e Ch são
os fatores de correção obtidos anteriormente, e 𝜂𝑤, Qw e 𝐻𝑤 representam a eficiência, vazão e head,
respectivamente com a bomba operando com água.
ղ = 𝐶ղ ղ (9)
𝑄 = 𝐶 𝑄 (10)
𝐻 = 𝐶 𝐻 (11)
Para o cálculo da potência hidráulica a ser entregue ao fluido, utilizou-se a equação (12),
segundo Rossi (2008). Onde, BHP é a potência exigida do eixo do motor ou brake horse power em
HP; 𝑄 é a vazão em m³/dia; H o head em m e γ a densidade relativa do fluido.
,
𝐵 = ղ
(12)
𝑉= (13)
𝑄 = 𝐷 𝑥 20 (14)
O número de Reynolds foi calculado, segundo a Equação (15), conforme BRUNETTI (2008),
para analisar o regime de escoamento de determinado fluido dentro da tubulação. Esse é um número
adimensional, independente do sistema de unidades adotado, desde que esse sistema seja homogêneo.
O cálculo do número de Reynolds no simulador utiliza ρ, que é a massa específica em kg/m³, V, que
é a velocidade média do escoamento em m/s, D, que é o diâmetro interno da tubulação em m e μ, que
é a viscosidade absoluta em kg/m.s.
𝑅𝑒 = (15)
Com isso, foi possível definir o tipo do regime de escoamento do fluido. Desta maneira,
concluiu-se que o fluido apresenta um escoamento completamente turbulento, que é o esperado para
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o escoamento do LEA. O fator de atrito, sugerido por Von Kármán, foi expresso pela Equação (16),
em Daugherty & Franzini (1965), onde 𝑓 é o fator de atrito, D é o diâmetro interno da tubulação em
m e Ԑ é a rugosidade do material.
No caso do LEA, tem-se o aço carbono comercial como material utilizado na tubulação e,
portanto, foi escolhida uma rugosidade média para o mesmo de 0,0675 mm.
O cálculo da perda de carga total, Equação (19), pode ser realizado pelo somatório da perda
de carga normal (ℎ𝑓 ), devido à fricção, como é mostrado na Equação (17) e da localizada (ℎ𝑓 ),
devido os acessórios existentes, como válvulas, joelhos, entre outros, como é exposto na Equação
(18).
ℎ𝑓 = 𝑓 (17)
²
ℎ𝑓 = 𝑘 (18)
²
ℎ = 𝑓𝑥 + ∑𝐾 (19)
A curva do sistema mostra a variação da altura manométrica total com a vazão. Para isso,
inicia-se a partir de um shut-off (local onde a vazão será zero e o Head estático), e assume-se os
valores de 60%, 80%, 100%, 120% e 140% da vazão suportável no LEA, ou seja, duas vazões de
valor inferior à vazão pretendida para operação e duas de valor superior. A determinação do Head é
feita somando ao valor do Head estático a perda de carga do sistema para cada vazão. Lembrando
que o Head estático é determinado pela Equação (22), segundo Mattos & Falco (1998). A Figura 2
demonstra como se dará a construção da curva do sistema.
𝐻𝑒𝑠𝑡á𝑡𝑖𝑐𝑜 = + (𝑍 − 𝑍 ) (22)
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Figura 2. Curva do sistema e sua esquematização. Fonte: Adaptada de MATTOS & FALCO (1998).
4. Resultados e Discussão
Os valores admitidos a partir das curvas da bomba disponibilizadas pelo fabricante (água)
deveriam ser 60%, 80%, 100% e 120% do BEP. Porém, como a bomba utilizada no LEA trata-se da
P4 SSD, ela trabalha com um range de operação maior e, por isso, optou-se por utilizar os valores de
Qágua mostrados na Tabela 2. A partir da vazão escolhida e utilizando o gráfico das curvas
caracteríticas é possível obter os valores de Hágua, ղágua e Págua. Assim, de posse dos fatores de correção
e multiplicando-os com os dados das curvas da bomba fornecidas pelo fabricante, é possível realizar
a correção das mesmas. A Tabela 2 apresenta os resultados, nota-se, que, por operar com fluido mais
viscoso que a água, houveram significativas mudanças nos parâmetros, demonstrando a importância
de realizar a correção para o fluido utilizado. .
Tabela 2. Correção dos valores devido a mudança do fluido de água para óleo.
CORREÇÃO
Hágua Hóleo Qóleo ղágua ղóleo Págua Póleo
Qágua (m³/d)
(m) (m) (m³/d) (%) (%) (kW) (kW)
11,6 11,18 20,0 19,56 23 16,78 0,1143 0,1262
11,55 11,05 24,5 23,96 26 18,97 0,1233 0,1352
9,7 9,087 71,1 69,52 46 33,55 0,1698 0,1824
7,5 6,909 95,5 93,38 40,5 29,54 0,2003 0,2115
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Podem ser observados que, para o óleo, há menores alturas de elevação (head), menores
vazões e menores eficiências, ou seja, são decaimentos que se justificam por ocorrerem maiores
perdas de carga ao longo da tubulação devido, principalmente, a viscosidade do fluido. A potência do
óleo (𝑃ó𝑙𝑒𝑜), que deverá ser aplicada no eixo do motor para o acionamento da bomba também sofreu
um aumento, quando comparado com o necessário para a água, novamente explicado pelo aumento
da viscosidade do fluido o que implicará em um maior consumo de energia.
A partir dessa compilação de dados e automatização dos cálculos necessários, foi possível
gerar as curvas da bomba corrigidas, como é apresentado na Figura 3. Essas curvas foram geradas no
MATLAB® e demonstram graficamente o comportamento dos valores exibidos na Tabela 2 para o
óleo. Em azul está a representação do Head (m) e sua respectiva curva Q x H. Em vermelho tem-se a
Eficiência (%) e sua respectiva curva Q x ղ. Por último, em verde, está a Potência (kW) e sua
respectiva curva Q x P. Vale ressaltar que essas curvas estão sendo representadas para um único
estágio da bomba. Segundo as análises das curvas da bomba, é possível observar vazões onde a bomba
trabalhe em maiores eficiências.
É importante destacar que foi utilizado o método dos mínimos quadrados lineares, o qual é
uma técnica da otimização matemática que procura encontrar o melhor ajuste linear para um conjunto
de dados, procurando minimizar a soma dos quadrados das diferenças entre o valor estimado e os
dados observados. O método utiliza-se da pseudo-inversa de uma matriz para determinar os
parâmetros deste ajuste. Com isso, foi possível criar os gráficos que mostrassem as curvas suavizadas.
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Nota-se que Reynolds resultou em um valor maior que 4000 e, por isso, trata-se de um
escoamento em regime turbulento. Vale frisar que os cálculos foram realizados com todas as válvulas
abertas, além disso, o LEA possui de um poço relativamente pequeno (32m), se comparado a um
poço real, portanto, resultou em pequenas perdas de carga.
Conforme a Tabela 4, o primeiro ponto de vazão é o chamado shut-off, ou seja, vazão zero.
Neste ponto, temos o head estático. Dando continuidade, a próxima vazão refere-se a 60% da vazão
máxima permitida no sistema do LEA e o respectivo head refere-se ao somatório do HESTÁTICO com
a perda de carga total para essa vazão. Para os demais valores repete o mesmo processo. De posse
dos pares de valores (Q, H) finalmente são alocados os pontos para a construção da curva do sistema.
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6. Conclusões
7. Referências
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