Você está na página 1de 3

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATO BRANCO – UNIDEP

Direito Bacharelado 6° Período


Prof: Jonatas Valdir
Disciplina: Direito Penal IV
Shuckes

Acadêmico: Paulo Cesar Carlim dos Santos

ATIVIDADE COMPLEMENTAR

1- Em quais casos indicados pelo art. 334, o crime de descaminho exige um resultado?
R: A descrição típica do descaminho exige a realização de engodo para supressão (no todo ou em parte) do
pagamento de direito ou imposto devido no momento da entrada, saída ou consumo da mercadoria. Impõe,
portanto, a ocorrência desse episódio, com o efetivo resultado ilusório, no transpasse das barreiras
alfandegárias.
A ausência do pagamento do imposto ou direito no momento do desembaraço aduaneiro, quando exigível,
revela-se como o resultado necessário para consumação do crime.
. A instauração de procedimento administrativo para constituição definitiva do crédito tributário no
descaminho, nos casos em que isso é possível, não ocasiona nenhum reflexo na viabilidade de persecução
penal.
. Recurso não provido.
(REsp 1343463/BA, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Rel. p/ Acórdão Ministro ROGERIO
SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 20/03/2014, DJe 23/09/2014)

2- Nos termos do §3º, do art. 334, a pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em
transporte aéreo, de acordo com a doutrina e jurisprudência, em quais hipóteses ocorre a aplicação
de desse aumento de pena?
R: A causa de aumento de pena para os crimes de descaminho e contrabando, prevista
no parágrafo 3º do artigo 334 e no parágrafo 3º do artigo 334-A do Código Penal, independe de
o vôo ser regular ou clandestino. Segundo a regra, caso o crime seja cometido em transporte
aéreo, marítimo ou fluvial, a pena é dobrada. A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça
(STJ) não conheceu de habeas corpus que pretendia excluir a causa de aumento de pena no
caso de uma mulher presa no aeroporto de Guarulhos quando voltava de Nova York com jóias
não declaradas em sua bagagem, sem pagar imposto. As jóias foram avaliadas pela Receita
Federal em 53 mil dólares. A defesa impetrou o habeas corpus sustentando que a causa de
aumento de pena deveria ser afastada, pois só se aplicaria quando o crime é cometido em vôos
clandestinos. Segundo o relator do caso, ministro Ribeiro Dantas, a legislação vigente não
estabelece diferença entre transporte clandestino ou regular, para fins de aplicação da norma
que resulta na pena em dobro. “O Código Penal prevê a aplicação da pena em dobro se o crime
de contrabando ou descaminho é praticado em transporte aéreo. Ainda, nos termos da
jurisprudência desta corte, se a lei não faz restrições quanto à espécie de vôo que enseja a
aplicação da majorante, não cabe ao intérprete restringir a aplicação do dispositivo legal, sendo
irrelevante que o transporte seja clandestino ou regular”, disse Ribeiro Dantas. Dessa forma,
segundo o ministro, é inviável acatar a argumentação da defesa de que a majorante deveria ser
excluído pelo fato de o crime ter sido praticado em vôo regular. Ele citou precedentes de ambas
as turmas de direito penal do STJ em que a causa de aumento foi aplicada tanto a casos de
vôos clandestinos quanto de transporte aéreo regular.

3- É possível aplicação do princípio da insignificância para o crime de descaminho?


R: O Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça consolidaram
Entendimento no sentido de que deve se reconhecer aplicável o princípio da insignificância sempre que o
valor do tributo devido e acessório (como a multa), o qual não for pago pelo agente, totalizar montante inferior
ao mínimo necessário para o ajuizamento de execução fiscal. Para os Tribunais Superiores, esse valor
encontra-se definido na Lei n.
10.522/2002 (objeto de conversão da Medida Provisória 2.176-79) e foi atualizado pelas Portarias 75 e
130/2012 do Ministério da Fazenda, correspondendo a R$ 20.000,00 (vinte mil reais)83
. De acordo com o Texto mencionado, dar-se-á o arquivamento das
Execuções fiscais cujo valor consolidado for igual ou inferior ao patamar citado, devendo os autos de
execução serem reativados somente quando os débitos inscritos como Dívida Ativa da União pela
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ultrapassarem esse número.

4-Qual a competência para julgamento a ação penal inerente a Descaminho?


R: No que pertine à competência ratione matéria e, cuida-se de delito de competência da Justiça Federal,
pois sempre envolve lesão a interesse da União (CF, art. 109, IV). Com referência à competência ratione loci
(ou territorial), deve o fato ser julgado perante o Juízo Federal do lugar em que houve a apreensão dos bens
(Súmula 151 do STJ).

5-Para a configuração do delito, conforme indicado pelo §§1º e 2º, há necessidade da conduta
habitual?
R: Nos casos de habitual prática do crime de contrabando ou descaminho (artigo 334 do Código Penal), o
princípio da bagatela - ou insignificância não pode ser aplicado. Com esse entendimento, a subprocuradora-
geral da República Maria Eliane Menezes de Farias interpôs agravo regimental, com pedido de
reconsideração, defendendo o seguimento do Recurso Especial (1347062/RS). O parecer foi enviado ao
Superior Tribunal de Justiça.
Para a subprocuradora-geral da República, a questão não se restringe à consideração dos aspectos objetivos
da conduta, ou seja, dos valores usados como parâmetro para a aplicação do princípio da insignificância nos
crimes de descaminho. Questiona-se a incidência do mencionado postulado quando o acusado seja habitual
praticante da figura delitiva em comento, explica.
Maria Eliane Faria complementa que não se pretende discutir se o valor a ser usado como parâmetro para a
aplicação do princípio da bagatela no crime de descaminho estabelecido em R$ 10 mil - é correto ou não.
Segundo ela, impugna-se, sim, a desconsideração da tipicidade material da conduta daquele que faz do crime
de descaminho praticamente seu meio de vida. Segundo, porque a conduta materializadora desse crime é
iludir o estado quanto ao pagamento do imposto devido. “E iludir não significa outra coisa senão fraudar,
burlar, escamotear”. A tentativa é possível em todas as modalidades, exceto nas formas descritas no § 1o,
incisos I e II, que são crimes habituais. Quando a lei nos incisos I e II usa a expressão “no exercício de
atividade comercial ou industrial”, está indicando claramente que para caracterização do crime deve haver
“habitualidade”

Você também pode gostar