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VIAGEM DE SUAS ALTEZAS.

De Cabo Frio ao Rio Bonito.


Transcrição da passagem da Princesa Isabel e
Conde d´Eu na Região do Lagos em 1868.
Jean Pierre de Cristo*

CABO FRIO
Na manhã do dia 7 via se no porto de Gragoá, além de grande multidão de povo,
o Sr. delegado de polícia, Manoel Barbosa Ribeiro, e o luzido esquadrão de
cavalaria do Sr. Manoel Teixeira Mello, cujo os oficiais primavam por suas
elegantes figuras e garbo militares, eram eles o Srs. Capitães Nogueira,
Lindemberg, Tenentes, Teixeira, Terra, e alferes Silveira, que aguardavam
ansiosos Suas Altezas.
Pouco depois chegando os augustos viajantes, o dito senhor delegado levantou
os vivas que foram entusiasticamente correspondidos. O Sr. comandante fez as
devidas honras militares, cujo o movimento rápido e firme, mostrando a disciplina
de seus comandados, excitou a atenção de Sua Alteza o Conde d´Eu, que
dignou se logo a chamar o referido Sr. comandante, e em seguida, informou do
estado do seu esquadrão e seu pessoal. Os augustos viajantes descansaram na
fazenda do Revm. Padre Joaquim Gonçalves Porto, que serviu aos seus
augustos hospedes, um bom almoço, dignando se Suas Altezas a convidá-los
com sua comitiva e todos os oficiais para a sua mesa.
Depois de algumas informações que obtiveram, Suas Altezas continuaram a
viajar chegando a Cabo Frio, as 4 horas da tarde, sendo ali recebidos pelo pelos
Srs. Drs. Juiz de direito, municipal, promotor público, e outras pessoas gradas
do lugar e povo, com muito aplauso. Suas Altezas dirigiram se logo a igreja
matriz assistindo ao Teo-Deum e a uma predica, e fazendo as honras militares
a porta do mesmo esquadrão. Uma casa suntuosamente preparada pelo referido
Dr. Juiz de direito foi a residência imperial, o senhor Montenegro nada se poupou
para recepção de tão augustos viajantes.
Em todo tempo que Suas Altezas ali estiveram, visitaram todos os
estabelecimentos públicos, e de volta do farol, viram as salinas do Sr.
Lindemberg, os mesmos augustos senhores, a maneira porque se mostravam
satisfeitos, sentiam igualmente ser tarde para melhor tudo apreciarem. Enquanto
os cabo-frienses possuíam os jubilosos o ídolo brasileiro, os aldeenses
esperavam ansiosos o dia 10, e para cuja visita e tão honrosa visita, os Srs.
Major Teixeira, o distinto fazendeiro Miguel José dos Santos e o negociante
Francisco Manoel da Silva, haviam mandado preparar e limpar todas as ruas e
largos, levantar arcos triunfantes e coretos e etc.

SÃO PEDRO DA ALDEIA


No dia 10 do corrente às 9 horas da manhã, chegarão Suas Altezas a
Sereníssima Princesa Imperial e seu augusto esposo o Sr. Conde d´Eu a aldeia
de São Pedro, vindo da cidade de Cabo Frio. Na entrada do arraial, onde havia
um arco bem decorado e uma banda de música, foram Suas Altezas recebidos
ao som do hino nacional e entusiásticos vivas, pelas autoridades da freguesia,
seguindo logo, acompanhado de numerosos concursos, para a igreja matriz,
onde fizeram oração e ouviram uma alocução proferida pelo reverendo vigário
da freguesia. Manuel Martins Teixeira, alocução que agradou pela energia do
pensamento e beleza do estilo.
O arraial da freguesia da Aldeia de São Pedro está colocado em uma eminência
sobranceira a lagoa de Araruama, no lugar onde está forma uma vasta enseada.
A igreja matriz foi edificada pelos jesuítas quando região aldeia situada no fundo
da única praça que tem o arraial, é para lamentar o estado de ruína em que se
acha. Da igreja dirigiram se Suas Altezas para o palacete do Sr. Major Feliciano
Gonçalves Negreiros onde o mesmo fez servir um primoroso almoço. Além das
pessoas da comitiva de Suas Altezas, tiveram a honra de ser convidados a tomar
o assento na mesa os Srs. Major Negreiros, Comendador Teixeira de Mello,
Comandante do luzido esquadrão que acompanhou Suas Altezas desde Barra
de São João até Iguaba, major José Dias Delgado de Carvalho, que fora esperar
Suas Altezas na aldeia, Exmo. Barão de Araruama e um irmão, major José
Caetano e dois sobrinhos, as autoridades do lugar e diversas outras pessoas.
Findo o almoço, e sabendo Suas Altezas da Exma. Sra. do Sr. major Negreiros
estava doente de cama na casa contigua ao palacete, dignaram se a fazer lhe
uma visita, dando assim mais uma prova da bondade, que durante toda viagem
Suas Altezas têm revelado. Embarcando Suas Altezas as 12 horas, com sua
comitiva e diversas pessoas gradas em uma lancha convenientemente
preparada, onde se fazia ouvir uma boa banda de música, seguiram Suas
Altezas pela lagoa de Araruama em demanda do porto de Iguaba, onde o Exmo.
Sr. Barão de Monte Bello havia posto à disposição de Suas Altezas o trem
necessário para condução de suas augustas pessoas e de sua comitiva deste
porto até a vila de Maricá, ou até onde delas precisassem Suas Altezas.

IGUABA
As 3 horas da tarde, chegaram Suas Altezas ao porto de Iguaba, onde foram
recebidos por um número concurso do povo, pelo coronel comandante superior
da guarda nacional de Araruama, e por um luzido piquete comandado pelo
capitão Francisco José dos Santos Silva, Suas Altezas foram recebidos com
entusiásticos e repetidos vivas. E o porto de Iguaba um pequeno arraial situado
na margem setentrional da lagoa de Araruama, em uma vasta e linda enseada,
e parte do arraial pertence ao município de Cabo Frio, e parte ao de Araruama
servindo de linha divisória a rua ou estrada que separa a casa de negócio do Sr.
Paulino Pinto Pinheiro da do Sr. Narciso.
Há nele diversas casas comerciais importantes que alimentam a efetiva
navegação de lanchas entre o porto e Cabo Frio. A pequena distância do arraial
para a banda ocidental e parte pertencente ao município de Araruama, está
situado uma pequena capela com invocação a Nossa Senhora da Conceição,
construída em fins do século passado e reconstruída a cerca de dez anos pelo
cidadão Bento José Martins. Por sua situação, é o porto de Iguaba suscetível de
grande desenvolvimento, normalmente se forem escavar os baixos da lagoa de
modo a abrir se a navegação entre esse porto e do Rio de Janeiro.
Na Iguaba tiveram a honra de despedir se de Suas Altezas as autoridades de
Cabo Frio que até ali haviam acompanhado, a saber: Dr. Juiz de direito Miranda
Montenegro, Lr. Juiz municipal, Dr. Promotor público, presidente da câmara
municipal, delegado de polícia Manoel Barbosa Ribeiro e major Teixeira de
Mello, além de muitas outras pessoas. As 4 da tarde chegaram Suas Altezas a
fazenda de Monte-Bello, propriedade e residência do Sr. Barão de mesmo nome,
Ex. Sr. Barão saiu a receber Suas Altezas, acompanhado das Exmas. Senhoras
do Sr. Armando Marinho, Bento José Martins, Dr. Dias de Figueiredo e uma irmã
deste senhor, bem como de seus amigos, Dr. Francisco Joaquim de Souza
Motta, Dr. Antônio Joaquim de Macedo Soares, Dr. José Dias Pinto de
Figueiredo, Dr. Bernardo José da Fonseca Vasconcellos, Dr. João Baptista
Cortines Laxe, comendador Francisco Antunes Marinho, irmão do senhor Barão,
Antônio Baptista Lopes, Joaquim Gomes Marinho, Faustino Ribeiro Guimarães,
Bento José Martins, Joaquim Antunes Marinho do Couto, Antônio Antunes
Moreira, José Antônio da Silva Cabral e outros.
Ao saírem Suas Altezas do carro foram saudados com entusiásticos vivas, as
Suas Altezas, Sua Majestade o Imperador, Sua majestade a Imperatriz e a
família Imperial, subindo em seguida para os magníficos salões do palácio do Sr.
Barão que estavam como sempre estão primorosamente decorados.
Recolhendo se Sua Alteza Imperial a seu gabinete, Sua Alteza o senhor Conde
d´Eu saio acompanhado do senhor Barão e vários amigos destes a percorrer a
fazenda, e o Sr. Barão conduziu Sua Alteza a um lindo pomar, onde se vê uma
linda coleção de arvoredos frutíferos, indígenas e exóticas, que Sua Alteza
examinou atentamente.
O belo pomar, as largas e bem alinhadas ruas, bordadas de arvoredos frutíferos,
nogueiras, paineiras, bambus, que em todos os sentidos cortam os cafezais, não
atraem tanto como o soberbo painel que se desenha em fronte a fazenda. Está
sobre uma colina de suave subida, a casa de residência é um magnifico chalé,
tendo de cada lado dois vastos terreiros fechados com gradil de telhas, em cuja
extremidades estão situado os prédios destinados aos trabalhos agrícolas. Vista
de longe a fazenda do Sr. Barão faz lembrar um destes castelos feudais descritos
nas lendas da idade média, em frente desdobra se uma vasta planície, formando
grande parte dela o campo de Paraty, onde pastam numerosos rebanhos de
gado vacum e lanígero. Na extremidade sul está a lagoa de Araruama, além do
qual veem se as duas dunas onde vem bater as ondas do oceano atlântico.
Ao longe, para a banda do oriente, na distância mais ou menos de seis léguas
veem se as altas ilhas do Focinho e do Frances que formam o Cabo Frio; ao
ocidente destaca se ao longe no horizonte as serras do Palmital, Casteleado,
Amor e Querer, Catimbão e Sambê, aparecendo na planície, não só parte da vila
de Araruama como a linda capela de Paraty e diversas fazendas e pequenas
situações. Recolhendo se Sua Alteza o Conde d`Eu, depois de ter examinado
quase todo estabelecimento do Sr. Barão, e tendo Sua Altera Imperial
descansado um pouco, foi às 7 horas da noite servido um primoroso jantar em
um vasto salão, cujo aspecto era magnifico, não só pelo brilho dos cristais, prata
e flores que adornavam a mesa, como a linda iluminação dos lampiões coloridos
que estavam pendentes nos arbustos de um lindo jardim para qual abre se as
janelas do salão.
A direita de Sua Alteza ficou Exmo. Sra. Dona Rosa e Dr. Martins Pinheiro, e a
esquerda o Exmo. Sr. Barão de Monte-Bello, a direita de Sua Alteza o Conde
d`Eu, ficou o Sr. Major Delgado de Carvalho, a esquerda ficou o Sr. coronel
comandante superior Francisco Alvares de Azevedo Macedo, tomando também
assento a mesa. A convite de Sua Alteza o Conde d`Eu, o Exmo. Sr. Barão de
Araruama e seus parentes, todas as Exmas. Sras. e amigos do Sr. Barão que se
achavam presente, major Hilário, o Sr. comandante do piquete, Francisco José
dos Santos Silva e tenente Vieira.
Findo o jantar subiram Suas Altezas para os salões superiores, onde se
conservaram até as 11 da noite cativando os circunstantes por sua afabilidade
na conversação e nos jogos com que se passou a noite e nos quais se dignaram
tomar a parte e as 11 da noite recolheram se Suas Altezas a seus aposentos.
No dia seguinte, 10, as 7 horas da manhã, partiram Suas Altezas de Monte-Bello
para a vila de Araruama, deixando profundamente penhorado o Sr. Barão de
Monte-Bello e seus amigos.

ARARUAMA
As 8 horas da manhã chegaram Suas Altezas a vila de Araruama, dirigindo se
logo a matriz em cuja porta foram recebidos por muitas senhoras. Na entrada da
igreja formava ala a irmandade do Santíssimo Sacramento e São Sebastião,
tendo a sua frente o Revmo. vigário da freguesia José Ferreira dos Santos. O
largo da matriz estava decorado com um lindo arco e linhas de coqueiros e
bandeiras, nele estava postado um piquete que vinha render que até então
acompanhara Suas Altezas.
A igreja matriz está ainda em obras, tendo apenas ainda concluído o corpo até
o arco cruzeiro, faltando as obras interior da capela mor. Para ela foi transferida
as imagens e principiou a funcionar em 20 de outubro do ano passado, até então
e desde a época de criação em 1799, serviu de matriz o hospício de São
Sebastião edificado pelos padres capuchos do convento dos Anjos de Cabo Frio
e a pouco mais de um quarto de légua da atual matriz. Depois de fazerem oração
visitaram Suas Altezas o cemitério da irmandade do Sacramento de São
Sebastião, as escolas públicas regidas pelo Sr. João Coutinho de Siqueira e sua
Exma. Senhora, examinando o estado de adiantamento dos alunos e em seguida
dirigiram se para casa da câmara municipal, em frente a qual existia um lindo
arco, tendo ao lado um coreto, onde se fazia ouvir uma excelente banda de
música.
No paço da câmara foram Suas Altezas recebidas pelo presidente da mesma o
comendador Francisco Antunes Marinho e os vereadores, Dr. Francisco Joaquim
de Souza Motta, Bento José Martins, Faustino Ribeiro Guimarães e José Antônio
dos Reis Ratto. O Sr. Dr. Souza Motta, em nome da câmara municipal leu um
bem elaborado discurso análogo a visita de Suas Altezas, a qual respondeu Sua
Alteza o Conde d´Eu em nome de Sua Alteza Imperial e no seu agradecendo os
sentimentos manifestados pela câmara municipal de Araruama, sendo as
palavras de Sua Alteza acolhida com entusiásticos vivas do numeroso auditório
presente.
Em seguida dirigiram se Suas Altezas para o palacete do Sr. Barão de Monte
Bello, onde foram recebidos pela Exmas. Sras. Dona Anna, senhora do Dr.
Joaquim Antunes Marinho e Dona Etelvina, senhora do Dr. Joaquim Antunes de
Figueiredo Junior, juiz municipal do termo, as filhas do major Feliciano Negreiros
e as irmãs do Sr. Dr. Macedo Soares e pelo Srs. Dr. Maciel Soares, Dr. Bernardo
de Vasconcellos, Dr. Souza Motta, Dr. Cortines Laxe e grande concurso de
pessoas. As 11:30 foi oferecido a Suas Altezas pelo Sr. comendador Francisco
Antunes Marinho, um excelente almoço, e cuja mesa tiveram a honra de sentar
se a esquerda de Sua Alteza Imperial o Sr. comendador Marinho, a direita a
Exma. Sra. Dona Rosa, a direita de Sua Alteza Conde d´Eu o Sr. major Delgado
de Carvalho e a esquerda o Sr. comandante superior Francisco Alvares, e bem
como o Exmo. Barão de Araruama.
Todos os parentes acompanhavam, e as senhoras e cavalheiros acima
mencionados, com exceção do Sr. Dr. Cortines Laxe, que pouco antes do
almoço, havia de retirado declarando a Sua Alteza Imperial, por ocasião de beijar
lhe a mão, que estava autorizado pelo povo da freguesia de Boa Esperança,
para onde ia partir, a rogar a Sua Alteza Imperial e seu augusto esposo que se
dignassem a aceitar um singelo almoço naquela freguesia quando por ela
passassem em seu trajeto de Saquarema a Rio Bonito.
Pouco antes de ir Sua Alteza Imperial para a mesa do almoço, entrou na sala e
lançou se aos pés de Sua Alteza Imperial a mulher de Antônio Pinto Pinheiro,
quase cega e rodeada de alguns filhos de tenra idade. Apresentou ela um
memorial pedindo a Sua Alteza Imperial que se dignasse a pedir Sua Majestade
o Imperador, o perdão do seu marido condenado a três anos de prisão pelo Dr.
Juiz de direito da comarca. Sua Alteza Imperial com toda bondade que sempre
revela dignou-se a mandar levantar a pobre senhora, e, depois de ler o memorial,
a disse algumas palavras, que na distância que estamos, não pudemos ouvir,
parecendo nos porem que Sua Alteza Imperial disse que ela se dirigisse a Sua
Majestade o Imperador, pois o perdão pedido era um ato de atribuição do poder
moderador, e que só o Imperador poderia conceder.
As 2 horas da tarde partiram Suas Altezas da vila de Araruama para a de
Saquarema. Na extremidade daquela vila havia um lindo arco sob passaram
Suas Altezas, sendo nessa ocasião coberto de flores atirado por dois grupos de
lindas meninas colocados em dois coretos para esse fim preparados. Era
numeroso o concurso de povo que se achava neste lugar onde Suas Altezas
foram acolhidos por entusiásticos vivas.

SAQUAREMA
As 5 ½ horas da tarde chegaram Suas Altezas a vila de Saquarema. A vila estava
literalmente cheia de povo e ordenada com lindos arcos, no meio de
entusiásticos vivas e ao som do hino nacional tocado por uma excelente banda
de música, dirigiram se Suas Altezas a igreja matriz onde fizeram oração. A igreja
matriz está colocada em um outeiro ligada ao continente por uma língua de área
e sobranceiro de mar. O templo atual foi construído pelo povo em 1620, quando
deixou de servir a ermida que sobre o mesmo outeiro fora construída por Manoel
Aguillar Moreira e sua mulher Catharina de Lemos antes de 1662, e magnifico o
panorama que se apresenta ao espectador colocado no alto do outeiro da igreja
matriz.
Ao Sul estende se o oceano, e ao norte desenham se no horizonte as serras do
Palmital, Amar e Querer, Tingui e Mato Grosso, ao oriente estende se a vasta
restinga que se estende até Cabo Frio, e ao ocidente as restingas que vai
terminar nas montanhas de Ponta Negra. No centro, na planície está a linda
lagoa que corre a princípio de NE para SO, e ao depois para Oeste, tomando
nesta parte o nome de Manditiba, e consta nos que Suas Altezas gostaram
sumamente do panorama de Saquarema.
Descendo do outeiro da matriz, dirigiram se Suas Altezas para o palácio
preparado pelo Exmo. Sr. Barão de Saquarema, onde havia um número
concurso de senhoras e cavalheiros, o Exmo. Sr. Barão de Saquarema ofereceu
a Suas Altezas um esplendido jantar, cuja a mesa sentaram se a mesa, além da
comitiva de Suas Altezas, o Exmo. Sr. Barão de Saquarema, Dr. Paulo Marinho
juiz municipal do termo, a Exma. Sra. D. Domithilde, senhora do Sr. Paulo
Marinho, e muitas outras pessoas gradas. A noite iluminou se brilhantemente a
vila que se conservou sempre literalmente cheia de povo.
No dia seguinte as 6 ¾ partiram Suas Altezas de Saquarema com destino a
freguesia de Boa Esperança dignando se a aceitar o almoço que o povo desta
freguesia que por intermédio do Sr. Dr. Cortines Laxe, havia oferecido. As 10 ½
chegaram Suas Altezas a freguesia de Boa Esperança apeando se na casa do
respeitável ancião, Alexandre Pereira dos Santos, decorada com gosto, sendo
recebido com o hino nacional, pelo mesmo Sr. Alexandre Pereira, Dr. Cortines
Laxe, Tenente Manoel Joaquim de Moura, José Joaquim da Fonseca Portela,
Antônio Baptista Lopes, Francisco Manoel dos Santos, Miguel Pereira dos
Santos, Capitão Jose Pereira Mendonça, Ramiro Pereira dos Santos, Vigário
Egydio Antônio Vieira, Padre Picolini, Capitão Jose Paula da Rosa Figueiredo,
Domingos Jose Alves, Domingos Jose do Nascimento, Arsênio Jose de Almeida,
Ismael Torres de Albuquerque, e por um número concurso de povo. Ao entrarem
no salão Suas Altezas foram cobertos de flores lançados por duas interessantes
meninas, filhas dos Sr. capitão Manoel Joaquim de Moura.
Ao entrarem Suas Altezas no território da freguesia de Boa Esperança, que faz
parte do município de Rio Bonito, no lugar que está situada a casa de negócios
do Sr. Costa Nunes e Irmãos, achavam se o Sr. Porfirio José Soares,
subdelegado da freguesia, João de Abreu Rangel, juiz de paz em exercício e um
numeroso concurso de povo da freguesia e fora dela. Bem como uma luzida
companhia de cavalaria comandada pelo Sr. capitão João Duarte Loureiro, neste
lugar foram Suas Altezas recebidas com entusiásticos vivas.

Obs: um ponto importante nesta transcrição do texto original é a certeza de se


trabalhar com fontes primarias, é desfazer mitos, e descontruir falas fantasiosas
com a oralidade do engano. Percebe se que no texto original de duas edições,
são explícitos em dizer que em sua passagem por São Pedro da Aldeia, Suas
Altezas, chegam as 9 horas da manhã a cidade no dia 10 de julho, e
permanecem até após o almoço, e chegando a Iguaba as 3 horas da tarde do
mesmo dia. Diante disso é fantasioso dizer que a Sua Alteza Imperial Isabel e
seu augusto esposo Conde d´Eu, dormiu na casa do Sr. Feliciano Gonçalves
Negreiros.

Texto extraído do jornal:


Correio Mercantil, e Instructivo, Politico, Universal (RJ) – 1848 a 1868.
Ano 1868, edição nº 00203 (1), p. 3. – Ano 1868, edição nº 00200 (1), p. 3.
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Jean Pierre de Cristo

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