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19/08/2021 Criptoativo agora desperta interesse de famílias ricas | Finanças | Valor Econômico

Finanças
Criptoativo agora desperta interesse de famílias
ricas
Sob demanda de clientes, gestores estudam tema e até incluem opção nas carteiras

Por Adriana Cotias — De São Paulo


19/08/2021 05h00 · Atualizado há 7 horas

A fama dos criptoativos chegou ao universo das famílias mais endinheiradas. Sob
demanda dos investidores, gestores de fortunas têm estudado o tema e já há quem
inclua essa classe na alocação de portfólios. A procura é mais natural entre as novas

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gerações, que estão em processo de sucessão do patrimônio familiar, mas há


também perfis mais conservadores querendo testar esse tipo de risco.

Enquanto a escola tradicional de gestão de patrimônio busca uma distribuição do


risco baseada em fundamentos macro, microeconônomicos e setoriais, para os
criptoativos é a velha abordagem técnica que tem sido utilizada.

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Em geral, são os mais jovens que provocam as conversas e o


gestor se prepara para atender as novas gerações

Um mapeamento recente divulgado pela CFA Institute Research Foundation tentou


trazer uma luz sobre o potencial impacto dos criptoativos nas carteiras dos
investidores. Matt Hougan e David Lawant compilaram um teste feito pela Bitwise
Asset Management, que atribuiu diferentes pesos do bitcoin, 1%, 2,5% e 5%, a um
portfólio tradicional (60% ações, 40% renda fixa, com rebalanceamento trimestral).
O resultado é que há uma melhora significativa na rentabilidade da carteira com
acréscimos pequenos, enquanto o risco pouco aumentou, levando-se em conta o
índice de Sharpe, que faz esse tipo de ponderação.

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O levantamento limitou-se ao bitcoin porque é o ativo com maior histórico. Mas


seria razoável assumir que os resultados servem de premissa para o futuro?

“É uma classe de ativos que está surgindo, mas ninguém sabe no futuro o que vai
sobreviver. Pode valer a pena por causa dos altos retornos, mas a gente não quer
simplesmente comprar bitcoin ou ethereum, e deixar o cliente exposto a uma
montanha russa”, diz Luiz Pacheco, sócio da Brainvest.

Com várias plataformas negociando criptoativos por 24 horas (as chamadas


“exchanges”), trata-se de um mercado muito ineficiente é o antigo modelo estatístico
que tem funcionado para esse mercado, acrescenta Pacheco. Ele diz ter se
surpreendido com a quantidade de fundos dedicados e tem preferido aqueles com
perfil de “trade”, que fazem a combinação de criptos, ficam comprados ou vendidos
e também usam derivativos. “Para alguns gestores, quanto mais volátil, melhor. Em
maio, quando o bitcoin caiu 30%, teve fundo que ganhou 20%. Começamos a olhar
para fundos que conseguem navegar nesse mercado maluco.”

Em geral, são os investidores mais jovens, que nasceram digitais e estão


acostumados com as transações instantâneas que provocam esse tipo de conversa.
“Na hora em que o dinheiro mudar de mãos, o ‘advisor’ tem que ter alternativas
para que a nova geração esteja confortável com aquilo em que está investindo”, diz
Pacheco.

A recomendação tem sido alocar até 2,5% do portfólio. “Como a volatilidade é alta,
não dá para investir muito mais do que isso.”

Segmentos correlatos, ligados ao “blockchain” (a tecnologia por trás do bitcoin) ou


companhias que desenvolvem softwares para processamento de ativos digitais são
outras estratégias avaliadas na composição da carteira.

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Como as transações são descentralizadas, ele acrescenta haver preocupação


adicional com a custódia dos criptoativos, o que não ocorre num fundo de ações no
Brasil, em que a guarda fica na B3. A Coinbase, que fez IPO na Nasdaq neste ano, é
uma das empresas que rapidamente se desenvolveram para prestar esse tipo de
serviço, fazendo o link com diversas exchanges.

Outro desafio, alerta Pacheco, é não cair naquilo que o mercado já chama de “shit
coins”, em práticas de “pump and dump” (influenciadores com “dicas” para inflar
artificialmente os preços) ou esquemas Ponzi e de pirâmides financeiras associados
ao marketing da inovação dos criptoativos. “Tem muita gente famosa falando que
tem um coin token novo que vai sair e revolucionar o mercado. Tem que evitar esse
tipo de coisa”, diz.

Promessas de ganhos de 5%, 10% ao mês invariavelmente machucam muitos


incautos, que querem o lucro rápido e não pensam no que pode dar errado.
Recente estatística divulgada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) mostrou
que entre pessoas que foram vítimas de fraude, 43,3% afirmaram que os esquemas
envolviam o mercado de criptoativos.

Dentro do Itaú, Fernando Beyruti, CEO do banco nos Estados Unidos e responsável
pelo private banking internacional, diz que tem dado acesso ao investidor aos
criptoativos via fundos de índice no Brasil e no exterior, mas a classe ainda não entra
no desenho dos portfólios. A área estuda as alternativas que têm o blockchain por
trás, mas ainda falta clareza se os ativos digitais vão ganhar status de reserva de
valor ou ser usados como meio de pagamento.

“Não há ainda convicção na classe para recomendar, mas o cliente pede e tem
muito gestor internacional que ajuda a ter um pezinho lá”, diz. “Entrar numa

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alocação é muito difícil porque qualquer percentual pode trazer volatilidade enorme
para a carteira.”

O sócio de uma gestora especializada em portfólios de investimentos no exterior


também vê as famílias de grande patrimônio mais interessadas nos criptoativos.
Como investidor de tecnologia, ele acompanha esse segmento de perto há alguns
anos e diz haver gestores bons especializados em ativos digitais. Mas como a
discussão sobre o bitcoin ainda é binária, o cuidado é que qualquer exposição não
tenha o tamanho errado.

“O bitcoin precisa existir para outros criptoativos existirem. Analisar o quanto vale e
se vai existir, tudo isso. Ninguém tem a menor ideia. Quais investimentos vão
sobreviver no mundo cripto se o bitcoin virar reserva de valor?”, questiona. “Mas
qualquer análise de risco e retorno mostra que, sim, vale a pena ter um pouco.” Para
o gestor, colocar 0,5% ou 1% na carteira pode fazer diferença no portfólio do gestor
de patrimônio, escolhendo os melhores fundos.

Num cenário inflacionário global, com muito dinheiro impresso, o bitcoin teria
chance de valer mais. O descontrole dos índices de custo de vida seria, contudo, um
quadro ruim para qualquer portfólio que perderia valor em termos reais.

Carlos Belchior, estrategista da gestora de patrimônio G5, diz que a curiosidade do


investidor em geral aumenta quando um criptoativo sobe muito ou testa certos
níveis técnicos. Embora não veja uma demanda particular entre os seus clientes, o
gestor diz notar certa ansiedade em relação ao desconhecido, de “perder o bonde”.

Ele afirma ver similaridade desse comportamento com a bolha da Nasdaq no


começo dos anos 2000, quando a internet dava seus primeiros passos. Havia então
uma leitura de que a velha economia seria destruída e a nova dominaria. “É difícil

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indicar um ativo que não tem modelagem, não tem valor intrínseco, e que num fim
de semana pode cair 50%”, afirma Belchior. “A gestora tem um dever fiduciário, de
preservação do patrimônio, não passa pela nossa cabeça indicar como
investimento.”

O especialista ressalva que, se algum ativo tem comprador no dia seguinte, ele tem
valor, é preciso respeitar, como política, religião ou futebol. Mas ele diz ver buracos
na história do bitcoin, um código inventado por uma pessoa, que ninguém sabe
quem é e que por definição é limitado. “O próprio blockchain, toda a certificação
ocorre dentro de um anonimato. Com o passar do tempo, surgiram outras criptos e
criptos com função.”

Como exemplo, Belchior cita que a execução de contratos inteligentes com a moeda
virtual ether não precisa ser na rede da ethereum. “Não parece ter um valor em si,
mas se tiver algum uso proprietário você acaba caindo dentro de um método
tradicional de avaliação de empresa, como um equity de companhia de Software as
a Service.”

Após se unir ao Mercado Bitcoin, a ParMais identificou grande curiosidade dos


investidores pelos criptoativos, diz Annalisa Blando, fundadora e CEO da empresa de
planejamento financeiro que tem um braço de gestão digital.

Se dez anos atrás, quando criou a companhia, o investidor tinha recursos na


caderneta no “bancão” e nem conhecia as corretoras, hoje já há um certo grau de
amadurecimento que acompanhou a trajetória de queda de juros, afirma. “Anos
atrás estava na moda olhar o reflorestamento como classe de ativos, objetos de
arte, além de imóveis, a grande paixão do brasileiro, a compra de terras, ele queria
ver a propriedade.”

O interesse pela bolsa é um fenômeno relativamente recente, cita. Agora, com os


criptoativos ganhando o mundo e até gestoras tradicionais como a Verde testando
essas águas, a executiva diz ser natural que o investidor também queira entrar
nesse jogo. “Muita gente tem medo, a análise é subjetiva, mas tem apetite grande.”

Para aqueles que querem investir em criptoativos, Annalisa sugere ter uma caixinha
para essa classe, desde que tenham capacidade para isso. “É parte daquele
patrimônio excedente, com visão de longo prazo, que quer descorrelacionar [de
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outros ativos] e que pode ter potencial de ganho maior que imóveis, por exemplo, e
menos risco do que o reflorestamento, que tem que esperar 30 anos, depende da
formiga, vender a madeira e às vezes o transporte é mais caro que a madeira.”

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também foi indeferido.

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