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Por sua vez, as fontes secundárias estão aquelas listadas no art. 100 do CTN:
“Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das
convenções internacionais e dos decretos:
I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;
II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição
administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa;
III - as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades
administrativas;
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Disciplina: DIREITO TRIBUTÁRIO
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Vale destacar que o CTN (art. 97) e o CTE (art. 1º) são tidos como “lei
tributária” no âmbito de suas competências, e se destacam da “legislação
tributária” como um todo, embora, do ponto de vista semântico, a expressão
“legislação” seja mais ampla do que a expressão “lei”.
A lei tributária trata da proteção ao contribuinte, ofertando-lhe garantias
perante a atividade do ente estatal credor dos tributos, registrando os
elementos estruturais do sistema tributário, trazendo uma definição precisa dos
tipos, afastando qualquer ação discricionária estatal. Versam, portanto, sobre
alíquotas, base de cálculo, sujeito passivo, multas, fato gerador, dentre outros.
Constituição da República/1988:
As normas constitucionais encontram-se no topo da pirâmide jurídica,
devendo ser consideradas como fundamento de validade de todas as demais
normas jurídicas internas existentes. Em razão de sua supremacia ante as
demais normas, ela não pode ser alterada por aquelas, as quais deverão refletir
suas disposições, nos limites fixados pela própria Constituição, sob pena de
serem declaradas inconstitucionais, ou, no caso de leis anteriores à sua
promulgação, serem tidas por não recepcionadas pela Constituição.
A norma constitucional é a “lei das leis”, e, portanto, dita o modo como as
demais leis devem ser produzidas, modificadas ou extintas
Na Constituição estão arrolados os princípios básicos e as normas
nucleares referentes aos tributos de forma geral, assim como a competência
tributária dos entes jurídicos de direito público interno. Também a Constituição
dispõe sobre os limites ao poder de tributar (arts. 150 a 152 da CF) e sobre a
repartição das receitas tributárias (arts. 157 a 162 da CF).
A Constituição também reserva à Lei Complementar certas matérias,
previstas no art. 146 e 146-A, com nítido objetivo de dificultar a alteração desses
dispositivos.
No caso das constituições estaduais, a autonomia atribuída pela
Constituição Federal de auto-organização aos estados federados, confere a
estes o chamado Poder Constituinte Decorrente, do qual emanam as
respectivas constituições estaduais e sua legislação pertinente (art. 25, caput,
da CF/88), as quais devem respeito aos preceitos limitadores – comandos que
se revelam como limites à autonomia dos estados federados.
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Emenda à Constituição
As emendas à Constituição são o dispositivo pelo qual se altera o texto
constitucional, para que haja o acompanhamento das eventuais alterações
na realidade social do país e de sua evolução.
Uma vez aprovada a emenda, seu texto é incorporado à Constituição e
passa a ter o mesmo valor das normas preexistentes.
Elas submetem-se a algumas restrições, uma vez que o “Poder Constituinte
Derivado” não é, como o Originário, ilimitado sob o aspecto jurídico - o
Constituinte Derivado encontra uma ordem jurídica posta e somente pode
modificá-la na medida em que tal lhe esteja permitido.
As emendas que versem sobre temas de direito tributário submetem-se,
logicamente, a todas as limitações impostas a esta espécie normativa: hão de
respeitar as denominadas cláusulas pétreas, núcleo de normas que, por
expressar síntese do modelo de Estado instituído em 1988, foi tornado intangível
pelo Constituinte. As cláusulas pétreas nos são apresentadas no artigo 60, § 4o,
da CF/88, nos seguintes termos:
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Lei complementar
Nos casos em que uma norma constitucional não é autoexecutável, há a
necessidade, prevista na Constituição, de se aprovar uma lei complementar
para que tal norma surta efeito.
A lei complementar se coloca como veículo adequado à edição de
normas tributárias sempre que a Constituição assim expressamente determinar.
Dessa forma, quando o texto constitucional fala de “lei”, fica satisfeita a
exigência mediante a edição de lei ordinária. Quando quer, de acordo com
decisão puramente política da Assembleia Constituinte, seja a matéria sujeita
a quorum qualificado de aprovação, fala, expressamente, de “lei
complementar”.
Segundo entendimento do STF, inexiste relação hierárquica entre leis
ordinárias e leis complementares – o que existem são campos materiais
reservados a cada espécie normativa, que cabe ao legislador
infraconstitucional respeitar.
O equivocado tratamento de determinada matéria em lei complementar
não fará inconstitucional a norma, mas não terá o condão de colocar o tema
sob reserva de lei complementar - a lei vale como se ordinária fosse. A lei assim
equivocadamente editada poderá ser validamente revogada por lei
ordinária.
Em matéria de direito tributário, o art. 146 da CF, exige lei complementar
para a regulamentação das seguintes matérias:
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Lei ordinária
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Decreto
O decreto é o ato normativo exarado pelo Presidente da República, pelos
Governadores ou pelos Prefeitos, com a função de regulamentar o conteúdo
das leis no âmbito e nos limites de suas competências.
Observe-se que, sendo ele um ato normativo secundário e infralegal, “o
conteúdo e o alcance dos decretos restringem-se aos das leis em função das
quais sejam expedidos” (art. 99 do CTN).
Acerca desse dispositivo, é importante esclarecer que o conteúdo e o
alcance dos decretos SE RESTRINGEM aos das leis em função das quais sejam
expedidos, e não o contrário, ou seja: são as leis restringem os decretos. Os
decretos não podem restringir o conteúdo e o alcance das leis.
O Princípio da Legalidade Tributária impede que o Executivo, por Decreto
ou outro ato normativo, como portarias, instruções etc., estabeleça os aspectos
da norma tributária impositiva ou regule os temas mencionados no artigo 97 do
CTN, salvo as exceções constitucionais já tratadas.
Nos termos do art. 84, IV, da CF, compete privativamente ao Presidente da
República sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir
decretos e regulamentos para sua fiel execução. Os decretos em matéria
tributária, assim, somente podem minudenciar as leis com vistas a sua correta
execução, diante da vedação constitucional à delegação legislativa e
da impossibilidade de edição de regulamento autônomo.
A doutrina constitucional mais moderna e a jurisprudência mais recente,
entretanto, têm ressaltado o fato de que execução não é necessariamente
reprodução, afastando com isto os rigores da teoria da tipicidade cerrada e
de certa forma ampliando os poderes do regulamento. Entende a
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Lei delegada
A lei delegada é um ato normativo equiparado à lei ordinária, porém sua
elaboração é feita pelo Poder Executivo por meio de uma delegação do Poder
Legislativo, conforme o art. 68 da CF. A delegação se dá por meio de uma
resolução do Congresso Nacional.
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Medida provisória
Antes do advento da Emenda Constitucional nº 32/2001, a doutrina e a
jurisprudência discutiram exaustivamente o campo material passível de
regulação por medida provisória. No ano de sua publicação, entretanto, já era
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Nada impede, como visto, que a medida provisória verse sobre temas não
afetos à lei complementar, como por exemplo, a instituição de um imposto
extraordinário (art. 154, II, da CF), entre outras situações. Ou seja: a MP poderá
tratar de temas previstos no art. 97 do CTN, desde que não estejam previstos no
art. 146, III, “a”, da CF/88, estes reservados exclusivamente à Lei Complementar.
A medida provisória na órbita tributária, disciplinada pelo art. 62 da CF, é
o instituto jurídico, com força de lei, de que o Presidente da República pode
lançar mão em casos de relevância e urgência. Nesses casos, a incidência da
medida provisória ocorrerá no primeiro dia do exercício seguinte, desde que a
MP tenha sido convertida em lei.
Ainda, com base no art. 62, § 1.º, III, da CF, temos que: onde a lei
complementar versar, a medida provisória não irá disciplinar.
A medida provisória, com efeito, equivale à antiga figura do Decreto-lei.
Em razão da teoria da recepção, vários Decretos-leis continuam em vigor em
nosso sistema jurídico-normativo, como, por exemplo, o Decreto-lei nº 37/66 que
versa sobre o Imposto de Importação, e o Decreto-lei nº 195/67, que trata da
contribuição de melhoria, dentre outros.
Quanto à aceitação da medida provisória na órbita tributária, é fato que
a sistemática gerou grandes perplexidades na doutrina, porém a
jurisprudência, há um certo tempo, vem admitindo esse expediente.
Por fim, vale repisar que o prazo de validade de uma MP passou a ser de
60 dias, a partir da EC n. 32/2001, sendo admitida uma única prorrogação por
mais 60 dias. Não havendo a conversão em lei, no prazo supracitado, a medida
provisória perderá eficácia desde a origem, devendo os efeitos produzidos ser
regulados por decreto legislativo do Congresso Nacional (art. 62, § 3º, da CF).
Decreto legislativo
O decreto legislativo é um ato emanado do Congresso Nacional no
exercício da sua competência, e que não se sujeita à sanção do Presidente da
República.
Embora os decretos legislativos existam em todas as esferas políticas
(União, Estados, Distrito Federal e Municípios, para o Direito Tributário, os
decretos legislativos mais importantes são os da União, por ser o meio idôneo à
aprovação de tratados, acordos ou atos internacionais e no disciplinamento
das relações jurídicas decorrentes das medidas provisórias não convertidas em
lei (art. 62, §§ 3º e 11, da CF/88).
Do ponto de vista formal, o rito de aprovação do decreto legislativo é
semelhante ao da lei ordinária, uma vez que não há necessidade de maioria
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absoluta para sua aprovação, diferindo apenas pelo fato de não submeter-se
ao crivo do Poder Executivo para seu aperfeiçoamento.
O decreto legislativo é, assim, o instrumento de exercício de competências
privativas do Congresso Nacional e serve a dois distintos propósitos em matéria
tributária:
a) rege as relações decorrentes de medida provisória rejeitada ou que
tenha perdido a eficácia, e
b) integra o processo de internalização das normas constantes de tratados
internacionais.
Quanto à primeira das funções mencionadas, o artigo 62 da CF dispensa
comentários:
“Art. 62(...)
(...)
§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão
eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de
sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período,
devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as
relações jurídicas delas decorrentes.
(...)
§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta
dias após a rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as relações
jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua vigência
conservar-se-ão por ela regidas.
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Resolução
A resolução também é um ato emanado do Congresso Nacional, ou de
uma de suas casas, sendo utilizada para aprovar a delegação para a edição
de leis delegadas pelo Presidente da República (art. 68, § 2º da CF/88), e, ainda,
para dar publicidade à rejeição expressa de medidas provisórias.
Em matéria tributária, têm importância as resoluções elaboradas pelo
Senado Federal, pois a Constituição prevê, em seu art. 52, que o Senado
poderá elaborar resolução para estipular, por proposta do Presidente da
República, limites globais para o montante da dívida consolidada da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (inciso VI); e limites globais e
condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios (inciso IX)
Por sua vez, o art. 155 da CF/88, prevê a expedição de resolução pelo
Senado nos seguintes casos:
a) estabelecimento das alíquotas de ICMS nas operações de circulação
de mercadorias e serviços interestaduais e de exportação;
b) alíquotas mínimas de ICMS nas operações internas;
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