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Or

igem ec
oncei
todeLugardeFal
a
Aor i
gem doconcei t
odel ugardef al
aréi mpr
ecisa.Acr edita-sequeel etenha
sidocr i
adoapar t
irdat radi
çãodat eori
aracialcr í
ti
caedoest udosobr e
diversi
dade.Desse modo,f oram escrit
orasnegras,l atinase i ndianasas
responsáveisporenf at
izaroconcei t
o.Dentreest asdest aca-seaescr i
tor
a
Gayat r
iSpivak,autoradol i
vroPodeosubal t
ernof al
ar ?,obr aem quet ent
a
designarqualéopapeldeaut onomiadospovosopr imidosaof alarsobre
suaspr ópr
iasopressões.

Asesc ri
torascomeçar am adiscut
iraquest ãosobrequem podefalarnuma
sociedade patri
arcalr aci
sta onde o discur
so l
egit
imado é o di
scurso do
homem br ancohet erossexual,comoqueasout rasvozessãoconsiderados
um out r
oquenãoaquel equenãoéanor maecomoqueesser egimede
autori
zaçãodi scursivai mpedequeessesconsi deradosoutr
osfaçam par t
e
desser egimeet enham omesmodi reit
oàvoz.A vozt em osent i
dode
exi
stência-pensardi scursodeumamanei r
amui t
omai samplaedi scut
iro
poderdef ato.

O conceit
o de lugarde f
alaér ef
erenteàl ugarsocial(l
ocussociais),à
l
ocali
zação de poderdent r
o da est r
utur
a e não a par t
irda vi vênci
a
especi
fi
camenteoudeexper i
ênci
aindivi
dual.Cadaindi
víduopert
enceàuma
cl
assesoci aleestáinser
idoem um r eali
dade,tendoassim um visãode
mundodi f
erent
edasdemaispessoais.

Deacordocom af i
l
ósofaDjamil
aRi bei
roeoutrasescri
tor
asqueabor dam o
assunt
o,em umasoci edadepatr
iarcalécomum quedet er
minadosgrupos
quedetém cert
osprivi
légi
ossej
am mai souvidoser espeit
adosdoqueos
i
ndiví
duos que sof
rem as condições de dominação.Sur ge assi
m uma
probl
emat
izaçãoàrespeit
odequem podefalar
.

Discute-se,porexemplo,comoqueogr uposoci alnegr


oeasexper i
ências
queseusi ntegr
antestêm em comum sãoper cebidasdentrodamat r
izde
dominaçãoquei mpedequeessegr upoexistaem det erminadosespaçose
seexpr esse,ecomoqueogr upolocal
i
zadonopoderpr eci
sacomeçarase
pensardoquesi gni
fi
caserbranco,doquesi gnif
icapensaraquestãoraciala
parti
rdabr anqui
tude,enãoapenasdanegr i
tude.

Exist
em est udos sobre os grupos subal
terni
zados, porém os gr upos
l
ocalizadosnopodernãoseest udam enãosepensam sobr eoquesi gni
fi
ca
l
ugardef al
aeoquesi gnif
icaohomem brancopensarapar t
irdolugarem
queest á.Elenãosevêcomomar cável
,ousej a,comoal guém quef al
aa
parti
rde um l ugar.Então,tende a enxergaros outros grupos como
específi
cos,masel etambém nãoseentendecomoum especí fi
co,massim
comoum uni ver
sal.
Di
fer
ençaent
reLugardeFal
ae
Repr
esent
ati
vi
dade
SegundooDi ci
onár i
odePol ít
icadeNor bert
oBobbi o,arepresentat
ividadeé
aexpressãodosi nter
essesdeum gr upo( sejaumapar ti
do,umacl asse,um
movimento,umanação)naf iguradorepresentante.Deformaqueaquel eque
fal
a em nome do col eti
vo o faz compr ometido com as demandas e
necessi
dadesdosr epresentados.
A represent
ati
vi
dade t em como f at
ora const rução de subjeti
vidade e
i
denti
dadedosgr uposei ndi
víduosqueintegram essegrupo.

Porout r
olado,aideiadol ugardef alat
em comoobj eti
vooferecervi sibi
li
dade
asuj ei
toscujospensament osf oram desconsi
der adosdur antemui t
ot empo.
Dessa f or
ma,ao t ratar
mos de assunt os especí f
icos a um gr upo,como
racismoemachi smo,pessoasnegr asemul herespossuem,r espectivament e,
l
ugardef ala.Ist
oé,podem of erecerumavi sãoquepessoasbr ancase
homenspodem nãot er.Porém,I ssonãosi gnifi
caquequem nãof azpar t
e
daquelegr uponãopodeexpr essarsuaopi ni
ão,ent r
etanto,oi dealéabr i
r
espaçopar aaprender,entenderer espei
taroqueaquel egrupoest átentando
dizer.

Um trechodol i
vrodeDj ami l
ailustrabem asi t
uação:
Umat r
avestinegrapodenãosesent i
rrepresentadaporum homem br anco
ci
s(ousej a,aquelequesei dentif
icacom ogêner odenascença) ,masesse
homem br anco ci
spode t eori
zarsobr ear ealidade daspessoast ranse
tr
avesti
sapar ti
rdol ugarqueel eocupa.Acr editamosquenãopodehaver
essadesr esponsabil
izaçãodosuj eit
odopoder .At ravestinegrafal
aapar ti
r
desual ocali
zaçãosoci al
,assi m comoo homem br ancoci s.Seexi st
em
poucast r
avestisnegrasem espaçosdepr i
vil
égio,él egít
imoqueexi st
auma
l
utapar aqueel as,def ato,possam t erescolhasnumasoci edadequeas
conf
inanum det erminadolugar ,logoéj ustaal ut
aporr epresent
ação,apesar
dosseusl imit
es

Por
tant
o,l
ugardef
alaer
epr
esent
ati
vi
dadenãosãoamesmacoi
sa.

Entr
etant
o,sãoconceit
osqueandam j unt
os.Afi
nal,apart
irdomomentoque
as camadas mar gi
nal
izadas da soci
edade se sint
am repr
esent
adas em
espaçossoci
ais,col
eti
vosepol í
ti
cos,éumapossi bil
i
dadeamai sdeserem
ouvi
das.Ouseja,deexer cer
em oseulugardefal
ar.
TodoMundoT
em LugardeFal
a
Segundo a f
il
ósofa Djami
l
a Ribei
ro,uma cr
ít
ica equi
vocada comum ao
concei
todelugardef alaédequeest evisarest
ringi
rat r
ocadei dei
as,
encerr
arumadiscussãoouimporumavi
são.

Porém,comoaaut oradest
aca"aint
err
upçãonoregimedeautori
dadequeas
múlti
plas vozes t ent
am promoverf az com que essas vozes sej
am
combat i
dasde modo a manteresse regi
me.Exi st
eat ent
ati
va de di
zer
"vol
tem paraseuslugar
es"
,postoqueogr upolocali
zadonopoderacredi
ta
nãot erl
ugar
".

Conf ormeaaut ora,"entendemosquet odasaspessoaspossuem l ugaresde


fal
a,poi sestamosf al
andodel ocal
i
zaçãosoci al.E,apar ti
rdisso,épossí vel
debat erer efl
etircrit
icamentesobr eosmai svar i
adost emaspr esentesna
sociedade.O f undament aléqueosi ndivíduosper t
encentesaogr uposocial
pri
vil
egi adoem t ermosdel ocus soci al,consigam enxergarashi er
arqui
as
produzi dasapar tirdessel ugarecomoessel ugarimpactadiretament ena
constituiçãodosl ugaresdegr upossubalt
er ni
zados".

Comor esumeaeducador aLuanaT ol


entino,“Olugardefal
anãoéoda
i
nter
diç
ãonem odosi l
enci
amento,éolugardai ncl
usãodeout
rasvozespar
a
t
ambém serem ouvi
das.Éolugardapoli
fonia”
.

Dessemodo,ol ugardefalabuscaabr
irespaçopar
aquedi
ver
sasvozes
possam sej
am ouvi
daselevadasàsér
io.

Entende-se que é essencialque não apenasosgr upossubal t


erni
zados
parti
ci
pem do debat e,mast ambém osi ndiví
duospertencentesao grupo
sociallocal
izado no poder.É i
mportante que est
esindivíduospensem à
respeit
odol ugarqueocupam,ecomoqueel esaparti
rdestaposiçãopodem
contri
buirparaaconstruçãodeumasoci edademenosdesi gual.
OLugardeFal
aeosMovi
ment
osSoci
ais
Primei r
ament e, é i mpor
tante ent ender
mos que mui t
as pessoas f oram
mar ginali
zadas porcont a da soci edade pat
riar
calpr esente ao longo da
hi
stór i
adahumani dade.Deacor docom Dj amilaRibeiro,vivemosem uma
sociedadedehi erarqui
ahegemôni ca,cujaposiçãodomi nanteéocupadapel o
homem br anco,t i
docomouni versal,enquantoqueasout r
asposi ções,de
subal t
ernidade,sãoocupadaspel asdemaispessoas,consi deradasporele
comoespecí fi
cas;pensandoem umapi r
âmide,asor densser iam:ohomem
branco,amul her,ohomem negr o,amul hernegra,sendoest aúlti
maamai s
i
nferiori
zada,aqualDj amil
achamoude“ oOut rodoOut r
o",poisalém deser
negr a,émul her ,ouseja,além deserví t
imador aci
smo,vaiserví ti
mado
machi smo.

Essas ociedadehi stori


camenteestrutur
adat endeasi l
enci
arossubal ternos
(aquel
es que sof rem as di f
erentes condições de dominação),enquant o
pri
vil
egiaohomem br anco,oqualtêm seussaber eseopini
õesr espei
tadose
valor
izados por t oda a soci edade. Em suma, mul heres, negr os,
homossexuai semui tosoutr
osper dem suavi si
bil
idadenasociedade,tendo
osseusdi reit
osde“ f
alar"
,deseexpr essarcontraospreconceit
ose,além de
tudo,deser em ouvidosnegados.

Porout r
olado,inconfor
madoscom essasdesi gual
dades,essasmi nori
as
unem-separa,assi
m,ser em ouvi
daspelasoci
edadeer econquist
arem seus
di
rei
tos;ou seja,formam os chamados movi ment
os sociais como,por
exemplo,osMovimentosFeminist
as,Ant
ir
raci
stas,LGBTQI A+,entr
eout r
os.

Embor aessesmovi ment osexistam abastantetempo,mui tosdirei


tosainda
nãof oram conquist
ados,em out r
aspal
avras,mui tasvozesai ndanãosão
ouvidas,oqueéevi denteinclusi
vepelapoucar epresentat
ivi
dadedesses
gruposem espaçossoci ais,coleti
vosepolít
icos,ousej a,poucasmul heres,
tr
ansexuais,negros,entreoutros,em cargospol í
ti
cos,escolas,facul
dades,
empr esas,et
c.

Énessecont ext
oqueo“ Lugardef al
a"éut il
izadocomoumaf er
ramentaque
promoveoposi ci
onamentocoleti
voaf avordessascausas,independentede
gruposocial.Ouseja,nãotr
ata-seder epresentat
ivi
dade,oqueimpli
cadizer
,
porexempl o,queumapessoanãopr ecisasernegr aparafalarderaci
smo,
assim comonãopr ecisasermul herparaf alardemachi smo,eassim por
di
ante.

Dessaf orma,compr eende-seque“ Todomundot em lugardef ala"


,apar ti
rdo
moment oquet odomundoser econhececomoespecí fi
co,pert
encenteaum
l
ugarsoci al,i
nclusi
veohomem br anco.Logo,convém at odosseposi cionar
contra asdesi gual
dadese pr econceitosexistentes,i ndependente se são
pertencentesounãoaogr uposoci alafetadoport ai
sdi scri
minações.Todavia,
vaif al
ara par ti
rde seu l ocussoci al,ou sej a,do l ugarque el a ocupa
socialmente,que l he per mit
et er diferent
es vi vências,exper i
ências e
perspecti
vas.
Djamila Ri beir
or ef
orça essa ideia di
zendo:“ [.
..
]pessoas negr as vão
experi
enci arraci
smodol ugardequem éobj etodessaopr essão,[ .
..
]Pessoas
brancas vão exper i
enciardo lugarde quem se benef icia dessa mesma
opressão.Logo,ambososgr upospodem edevem di scutiressasquestões,
masf alarãodel ugaresdist
int
os.”Ouseja,trata-
sedepr otagonismo:aquele
quesof recom opr econceit
oéopr ot
agoni
sta,enquantoqueoout roquenão
t
em essa“ experiênci
aӎocoadj uvante.

Em out raspal avras,or econheci


ment odessasposi çõesdef alaconsist
eem
umaf ormadenãosubst i
tui
rol ugardepr otagonismodoout roe,assim,
empoder aros ver dadeiros prot
agonistas,darvoz e vi sibi
li
dade a essas
minorias.Porexempl o,um homem br ancopodef alarsobr eracismo,desde
quefal esobr eabr anquit
ude,assumi ndor esponsabi l
idades,refl
eti
ndosobre
seuspr ivil
égios:seel esf or
am provindosdaopr essãodaout rapessoae
ti
rar
am odi r
eitodel a.Sobessevi és,compr eende-sequeo“ lugardef al
a
também él ugardeescut a".Assi
m,quem nãoépr otagonistadevedáavez
parafalaraquem exer ceessepr ot
agoni smo,poi sest ecom suaexper i
ênci
a
possuipr opri
edadepar afalardoassunt o.Ousej a,passaaocuparol ugarde
escuta,par aapr ender,entendererespei t
aroqueoout r
odiz.

Dessa f orma,a i dei


a de que “ Todo mundo t em lugarde f al
a"em uma
sociedadeequedi f
erentespessoasdedi f
erenteslocaissociaispodem unir-
seem pr oldeum mesmoobj eti
vo,cont ri
buiparaaconsci entizaçãocolet
iva,
quepassaar econhecerasl utaspr oclamadaspel osmovi mentossociais,
dando f orça a essas causas e abr i
ndo espaço par a que as camadas
mar ginali
zadasdasoci edadeexer çam seudi r
eitodef al
a.E,assi m,apósas
vozessi lenciadasaol ongodahi stóri
asepr onunciarem eser em ouvidas,o
diálogo e o debat e entre di
ferent es opi
niões e experiências devem ser
promovi dos,af i
m det razersoluçõespar aacabarcom asdi scrimi
naçõese
tornarasoci edademai sigual
it
ária.
Cr
ít
icasaoConcei
t
odeLugardeFal
a
Assim comot odoest udoet eori
adasci ênciassoci ais,oconcei to“ Lugarde
fal
a"também r ecebeucr íti
cas.Umadel asf oif eit
apel ofi
lósofoepr ofessorda
UniversidadedeSãoPaul oPabl oOr tell
ado.Deacor docom el e,ot ema
proporcionaum di scursoqueusa,mesmoquei ndi
retament e,argument osad
hominem ( t
raduzidodol ati
m:ar gument ocont raapessoa) .Ousej a,cr it
ica-
se
a pessoa que apr esentou um ar gument o e não o ar gument o que el a
apresent ou,apenasporcont adocar át
er ,naci onali
dade,r açaour eligi
ãodo
autordessear gument o,quet ornam suasar gument açõesi nverídicas.Pabl o
dizqueesset i
podeat itudeér esul
tante“ dai deiadequeosat or essoci ai
s
devem f alarporsimesmos” ,em outraspal avras,soment eosubal t
er nopode
fal
arde suas pr óprias opr essões,uma vez que a exper iência vaiser
determinant epar aaconf ir
maçãodaver dadeouf alsi
dadedasi deol ogi
as
defendidas.

Umapol êmi canomei oartí


sti
co,envolvendoof i
lmeBl ackisKing,dacant ora
amer icanaBeyoncé,ex emplif
icaaut il
i
zaçãodol ugardef al
aassoci adaa
esses ar gument os Ad Homi nem.Porcont a de sua t emát i
ca,a cul t
ura
afri
cana,essef il
meger ouvár iasdi
scussõeser ecebeumui t
ascr ít
icas,as
quaisdi ziam queum cont inentetãovast of oirepresentadodeumaf or
ma
unidimensi onal,r estr
it
oàsel va,segundooi magináriodohomem br anco.
Teve cr í
ticaspr incipalmente dosafri
canose af ro-amer i
canosque não se
sentiram r epresentados,et ambém daant ropólogabr asil
eir
aLi l
iaSchwar t
z,
esta,porsua vez,uma mul herbranca,sendo cr it
icada logo após seu
posicionament o,poispar amui tos“
essenãoer aol ugardef aladela",oque
nãodavaael aodi r
eit
odecoment araquest ão.Di antedessasi tuação,
percebe- sequeaspessoasusam ot ermoLugardeFal acomoi nstrument o
para“ calaro out ro":a par ti
rdo moment o que a pessoa não t em a
“exper i
ênci a”dasmi nori
as,elanãot em di r
eitoaopi nar.Ousej a,apessoa
Lil
iaf oicr iti
cada,enquant ooqueel adi ssenãopassousequerporuma
análisecr ít
ica.

Nessesent i
do,oobj et
ivodepropor
cionarodebate,propostopel
oLugarde
Fala,acabaenfraqueci
do,poisaparti
rdomomentoqueaspessoasquenão
pertencem a um gr upo soci
alsão impedi
das de falardaquil
o que não
vi
venciam,l ogo,não haver á di
álogo ent
re os diferent
es grupos com
di
ferentesexperi
ênci
as.

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