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SEMIO PELE

A pele compõe-se, essencialmente, por três grandes camadas de tecidos: uma superior – a epiderme; uma
intermediária – a derme ou cório; e uma profunda – a hipoderme ou tecido celular subcutâneo.
Inspeção de uma lesão
• Única ou múltipla • Tamanho
• Distribuição e localização • Superfície
• Cor • Margem
• Forma • Pele circunjacente
Palpação de uma lesão
• Pedir permissão • Temperatura
• Uso de luvas – exsudato ou sangramento (risco de • Altura e profundidade
contaminação), genitália. • Mobilidade (Em qual camada da pele está a lesão?
• Sensibilidade da lesão (observar rosto paciente) Aderente à estruturas superficiais ou profundas?
• Consistência Move com o movimento de músculos ou tendões?

1.Lesões Elementares
As lesões elementares podem ser classificadas em seis
grupos bem definidos:

• Alteração de cor.
• Elevações edematosas.
• Formações sólidas.
• Coleções líquidas.
• Alterações da espessura.
• Perdas e reparações teciduais.

1.1. Alterações de cor

1.1.1. Mancha ou mácula

São alterações circunscritas da cor da pele sem


nenhuma alteração da espessura ou textura e, portanto, sem relevo ou depressão.
As manchas podem ser classificadas em vasculossanguíneas, dependentes de variações da quantidade de
oxiemoglobina e hemoglobina reduzida; e em pigmentares, ligadas a alterações do conteúdo melânico da pele e,
eventualmente, de outros pigmentos.

1.1.1.1. Manchas vasculossanguíneas


• Eritema
É a mancha vermelha decorrente de vasodilatação; portanto, desaparece à digitopressão ou vitropressão.

• Exantema
Define a presença de manchas eritematosas de evolução aguda disseminadas na pele. Existem dois tipos de
exantema:
a) Exantema morbiliforme ou rubeoliforme: é o exantema no qual, entre as manchas eritematosas
disseminadas pela pele, existem, entremeadas, áreas de pele normal.
b) Exantema escarlatiniforme: quando as manchas eritematosas confluem e a pele apresenta-se difusa
e uniformemente eritematosa, não se observando áreas de pele normal entremeadas.

• Enantema
Corresponde ao exantema nas mucosas.

• Cianose
Eritema arroxeado, por congestão passiva ou venosa com diminuição de temperatura. Ocorre por aumento
da hemoglobina reduzida.
• Rubor
Eritema de cor vermelho-vivo por vasocongestão ativa ou arterial com aumento de temperatura. Decorre do
aumento da oxiemoglobina.

• Eritema figurado
Mancha eritematosa, de bordas bem definidas, às vezes ligeiramente elevadas, de forma e tamanhos
variáveis.

• Entrodermia
Compreende a presença de eritema generalizado crônico e persistente acompanhado de descamação.

• Mancha lívida
Cor plúmbea, do pálido ao azulado, temperatura fria por isquemia.

1.1.1.2. Mancha angiomatosa


Mancha de cor vermelha permanente decorrente de aumento do número capilares em determinada área. Por
não ser decorrente de vasodilatação, exige, para seu esmaecimento, forte digito-pressão ou vitropressão.

• Mancha anêmica:
Mancha branca, permanente, por agenesia vascular em determinada área da pele. A vitropressão da pele
normal adjacente faz com que a cor de ambas se iguale. Fricção da pele no interior da mancha não resulta em eritema.

• Púrpura
Mancha vermelha por extravasamento de hemácias na derme que não desaparece à vitropressão ou digito-
pressão. Decorre, portanto, da presença de hemoglobina na derme e das modificações progressivas desse pigmento,
e assume, inicialmente, coloração arroxeada, depois, verde-amarelada. De acordo com suas características, as
púrpuras classificam-se em:
• Petéquias: lesões purpúricas com até 1 cm de tamanho.
• Equimoses: púrpuras maiores que 1 cm.
•Víbices: púrpuras lineares. As lesões atróficas lineares da pele também são designadas víbices, e,
geralmente, compreendem a fase evolutiva tardia das lesões purpúricas lineares.

1.1.1.3. Manchas pigmentares


Resultam de diminuição ou aumento da melanina ou do depósito de outras substâncias na derme.
• Manchas leucodérmicas: Decorrem de diminuição ou ausência de melanina. Podem ser:
a. Manchas acrômicas: de cor branco-marfim por ausência total de melanina.
b. Manchas hipocrômicas: resultam de diminuição e não ausência do pigmento melânico.
• Manchas hiperpigmentares ou hipercrômicas
Apresentam intensificação da cor da pele por aumento de melanina ou outros pigmentos. As lesões
decorrentes de aumento da melanina na epiderme tendem a apresentar coloração castanha, e as lesões decorrentes
da presença de melanina na derme tendem a colorações mais azuladas.
A presença de outros pigmentos, à exceção da melanina, também determina manchas pigmentares. É o caso
da hemossiderina, que produz manchas acastanhadas; da bilirrubina, que produz coloração amarelada da pele
(icterícia); e do caroteno, que produz coloração amarelada, especialmente das regiões palmoplantares
(carotenodermia).
acentuada vasodilatação que propicia o
1.2. Elevações edematosas (Semio da extravasamento de líquido, surgindo edema que,
Criança: ficam em “formações sólidas”) comprimindo os vasos dilatados, diminui a
São elevações circunscritas da pele vasodilatação, formando-se, especialmente nas
provocadas por edema da derme ou da hipoderme. porções centrais das lesões avermelhadas, áreas
Compreendem as urticas e o angioedema (edema de esbranquiçadas (lesões de cor branco-rosada). O
Quincke) edema é absorvido em horas (lesão efêmera).
• Urtica
Elevação da pele, de cor vermelha ou branco- • Angioedema (edema de Quincke)
rosada, de tamanho e formas variáveis, de duração Área de edema circunscrito que causa
efêmera e muito pruriginosa. A urtica decorre de tumefação intensa. O angioedema atinge
especialmente as áreas de tecidos frouxos, a face, • Bolha ou flictena
particularmente a região orbitária, os lábios e as Lesão elementar de conteúdo líquido,
regiões genitais. Pode ocorrer nas vias aéreas circunscrita, maior que 1 cm. Pode ter conteúdo
superiores, existindo, nessa localização, risco de seroso, purulento ou sanguinolento.
asfixia. • Pústula
Lesão elementar contendo pus, com até 1 cm
1.3. Formações sólidas de tamanho.
Lesões elementares em que há alteração do • Abscesso
relevo cutâneo, surgindo elevações de conteúdo Formação circunscrita, superior a 1 cm, que
sólido. contém pus. Acompanha-se de calor, rubor, dor e,
evolutivamente, apresenta flutuação central por
• Pápula liquefação do conteúdo purulento.
Lesão sólida, elevada, circunscrita, de • Hematoma
tamanho inferior a 1 cm. Formação circunscrita, de dimensões
variáveis, decorrente do acúmulo de sangue na pele e
• Placa papulosa nos tecidos sub-jacentes. Inicialmente, tem cor
Lesão elevada, de altura inferior a 1 cm, em avermelhada; evolutivamente, torna-se arroxeado; e,
plataforma que se estende, em superfície, por vários posteriormente, verde-amarelado. Pode infectar-se e
centímetros. Pode ser lesão única ou resultar da o conteúdo tornar-se hemorrágico e purulento.
confluência de múltiplas pápulas. Observa-se dor e calor.

• Nódulo 1.5. Alterações da espessura


Lesão sólida, circunscrita, saliente ou não, de 1 a 3
cm de diâmetro. É consequente a alterações dérmicas • Queratose
e/ou hipodérmicas. *SC: Nódulo > 1 cm, sem restrição Aumento da espessura da pele, que se torna
até 2 / 3 cm. dura, inelástica, de superfície áspera e cor amarelada.
É consequente ao aumento da espessura da camada
• Nodosidade ou tumor córnea da epiderme.
Lesão sólida, circunscrita, elevada ou não, de
mais de 3 cm de diâmetro. É consequente a alterações • Liquenificação
dérmicas e/ou hipodérmicas. Espessamento da pele, com acentuação dos
sulcos e da cor normal da pele, configurando um
• Goma aspecto quadriculado da superfície cutânea. Decorre
Nódulo ou nodosidade que sofre liquefação na de aumento da espessura da camada malpighiana da
porção central, podendo ulcerar e eliminar material epiderme, isto é, acantose.
necrótico.
• Edema
• Vegetação Aumento da espessura da pele, depressível,
Lesão sólida, exofítica, pedunculada ou com decorrente da presença de plasma na derme ou na
aspecto de couve-flor, facilmente sangrante, hipoderme.
consequente à papilomatose (aumento das papilas
dérmicas) e à acantose (aumento da camada • Infiltração
malpighiana da epiderme). Aumento da espessura e da consistência da
pele, com limites imprecisos, tornando menos
• Verrucosidade evidentes os sulcos normais. A vitropressão confere
Lesão sólida, elevada, de superfície dura, coloração café com leite. Resulta de infiltrado celular
inelástica e de cor amarelada, consequente à inflamatório ou neoplásico na derme, às vezes
hiperqueratose (aumento da camada córnea da acompanhado de vasodilatação e edema.
epiderme). – calo
• Esclerose
1.4. Coleções líquidas Enrijecemimento da pele, que se torna
• Vesícula coriácea e não pregueável quando é pinçada com os
Elevação circunscrita com conteúdo líquido de dedos. Pode acompanhar-se de hipo ou hipercromia, e
até 1 cm. O conteúdo pode ser líquido claro decorre da presença de fibrose com aumento do
(serosidade), líquido turvo (purulento) ou líquido colágeno dérmico.
hemorrágico (sangue).
• Atrofia
Diminuição da espessura da pele, que se torna • Úlcera
adelgaçada e pregueável. É consequente à redução do Ulceração crônica.
número e do volume dos constituintes normais da
pele. Como descrito anteriormente, as atrofias • Fissura ou ragádia
lineares denominam-se víbices, da mesma forma que Solução de continuidade abrangendo
as lesões purpúricas lineares. epiderme e derme, mas de caráter linear, localizada no
contorno dos orifícios naturais ou em pregas e dobras.
1.6. Perdas e reparações teciduais
• Fístula
• Escamas Canal com pertuito na pele que drena à
Resultante do desprendimento excessivo de superfície conteúdo de foco profundo de
lamínulas da camada córnea. Pode ser pitiriácea ( fina supuração ou necrose.
e solta como farinha), ictiosiforme (semelhante a
escama de peixe), lamelar ( em lâminas), micácea • Crostas
(semelhante à mica), foliácea, graxosa (coloração Concreções resultantes do dessecamento de
amarelada), craquelê (c0mo a porcelana), colarete um exsudato seroso, hemorrágico ou purulento
(disposta na periferia da lesão). • Escara
Área de cor lívida ou preta, de limites precisos,
• Erosões ou exulcerações decorrente de necrose tecidual. Também é chamada
Perda focal da epiderme. Cura sem deixar de escara a úlcera resultante da eliminação do material
cicatriz necrótico.

• Escoriações • Cicatriz
Erosões lineares de origem traumática, geral- Formação anormal de tecido conjuntivo
mente resultantes de coçagem, frequentes nas secundária a trauma dérmico. Pode ser hipertrófica,
condições pruriginosas da pele. atrófica ou eutrófica. Queloide = cicatrizes
hipertróficas que se estendem além da área
• Ulceração traumatizada.
Solução de continuidade mais profunda da
pele por perda circunscrita de epiderme e de derme.
Cura, deixando cicatriz.
➢ Configuração das lesões

o Figuradas: Com bordas nítidas elevadas


o Geográficas: contorno irregular semelhantes ao
dos mapas geográficos.
o Gotadas.
o Em íris: Lesões em alvo em que se observa uma
parte central violácea circundada por um halo
eritematoso concêntrico.
o Lineares
o Anulares;
o Zosteriformes Dispõem-se em faixa ao longo de
o Em arco: Formam arcos de círculo, às vezes com
um metâmero, a exemplo do que ocorre
lesões policíclicas.
caracteristicamente no herpes-zóster.
o Circinadas :Em círculo.
o Numulares: em forma de moeda
o Corimbiformes: Caracterizadas por uma lesão
o Serpiginosas: Lesões que se dispõem em trajeto
central circundada por lesões satélites
linear, sinuoso.
o Discoides: Em forma de disco.

➢ Modo de distribuição das lesões


Localizadas: Quando a erupção ocorre em uma ou algumas regiões corpóreas.
Disseminadas: Quando a erupção se compõe de lesões individuais, atingindo várias regiões cutâneas.
Generalizadas: Quando a erupção é difusa e uniforme e atinge várias regiões cutâneas.
Universal: Quando há comprometimento total da pele, inclusive do couro cabeludo.
➢ Alterações específicas

o Afta: pequena alteração de mucosa


o Alopécia: ausência de pelos em áreas pilosas
o Calo: hiperqueratose em cunha que se introduz causando dor, devido a pressão por alteração mecânica nos
pés
o Calosidade: hiperqueratose circunscrita em áreas de pressão ou fricção dos pés e mãos
o Celulite: inflamação da derme e/ou tecido celular subcutâneo
o Cisto: formação elevada ou não constituída por cavidade fechada envolta por um epitélio e contendo líquido
ou substância semi-sólida
o Comêdo: acúmulo de corneócitos no infundíbulo folicular (cravo branco) ou queratina e sebo em um folículo
piloso dilatado (cravo preto)
o Corno: excrecência cutânea circunscrita e elevada em formada de queratina
o Eritrodermia: eritema generalizado, persistente e crônico com descamação
o Fístula: canal com pertuito da pele que drena foco de supuração ou necrose
o Milium (mílio):pequeno cisto de queratina branco-amarelado superficial da pele
o Placa: área elevada da pele com mais de 2 cm de diâmetro
o Poiquilodermia: sinal caracterizado por atrofia, telangiectasias e pigmentação geralmente reticulada
o Quelóide: formação elevada por proliferação fibrosa da pele, geralmente não regride
o Séro-pápula: formada por uma vesícula no centro de uma urtica
o (estrófulo)
o Sulco: pequena saliência linear, inferior a 1 cm com vesícula perlácea do tamanho da cabeça de um alfinete
na extremidade. Lesão característica de escabiose formada por túnel escavado na camada córnea pelo
Sarcoptis scabei

➢ Sinais Específicos
▪ Sinal de Auspitz ou do orvalho sangrento: aparecimento ponteado hemorrágico quando se raspam as escamas
(curetagem médica) na psoríase. As escamas se despreendem de um grau fino, micáceo, branco, semelhante
encontrado quando se raspa uma vela. Denominado sinal da vela
▪ Sinal de Darier: fricção da lesão determina uma urtica, característica de urticária pigmentosa (mastocitose)
▪ Fenômeno de Koebner: lesões similares a dermatose por trauma, encontrado na psoríase
▪ Sinal de Nikolsky: pressão friccional sobre a pele determina a separação da epiderme,
caracterizado em pênfigo, dermatose com acantólise
▪ Sinal de Sampaio: bainha gelatinosa na raiz dos cabelos, encontrado no LES. Indica a
atividade da doença
▪ Sinal de Zilari: descamação observada pelo estiramento de pele na pitiríase versicolor
▪ Telangiectasia: presença de capilares dilatados na pele

➢ Eczema
o Eczema é um termo genérico que define a reação inflamatória da pele caracterizada pela presença de
eritema, vesículas, secreção, descamação, prurido e outros sinais dependendo do processo evolutivo
o Eczema pode ser agudo, subagudo, crônico
o Podem ser endógenos e exógenos
• Eczema de contato irritativo
• Eczema de contato alérgico ou dermatite de contato
• Dermatite atópica
• Eczema desidrotico
• Eczema numular (lesões em formato de moeda)
• Dermatite seborreica (lesões em segmento cefálico, couro cabeludo)
• Eczema de estase (portadores de insuficiência venosa crônica)
2. Doenças Exantemáticas
2.1. SARAMPO

Etiologia: paramixovírus
Mecanismo de transmissão: via aérea
Tempo de incubação (TI): 8 a 12 dias
Tempo de transmissão (TT): 2 dias antes do início do
pródromo e 4 dias após o aparecimento do exantema
Quadro Clínico: febre elevada, tosse seca, coriza,
lacrimejamento
Manchas de KopliK: manchas branca-azuladas em
orofaringe pequenas de cerca de 1 mm de diâmetro na
região oposta aos dentes molares
Complicações: otite média, pneumonia, encefalite, púrpura
trombicitopênica, óbito
Exantema morbiliforme, lesões tornam-se confluentes

2.2. RUBÉOLA
Etiologia: togavírus
Transmissão: aérea
TI: 14 a 21 dias; TT: poucos dias antes até 5
a 7 dias depois da erupção
Exantema máculo-papular róseo que pode
se coalescer
Evolução crânio-caudal
No palato mole pode ocorrer lesões
petequiais conheciadas como sinal de Forscheimer (não é
patognomônico)
Febre, adenomegalia (retroauricular e occipital), artralgia
Panencefalite progressiva da rubéola

2.3. ERITEMA INFECCIOSO


Etiologia: parvovírus humano B19
TI: 4 a 14 dias
TT: desconhecido
Exantema: inicia-se em face com máculo-
pápulas que se confluem, tornando-se uma
placa vermelho-rubra, na região das
bochechas. Poupa região perioral, testa e nariz,
aspecto de cara esbofeteada
Pode ocasionar anemia hemolítica
Exantema multiforme ou rendilhado
Lesões de luvas e meias: lesões purpúricas simétricas

2.4. Exantema Súbito ou Roséola


Etiologia: herpes vírus humano 6 e 7
Transmissão: provavelmente por perdigotos
TI: 5 a 15 dias
TT: durante a fase de viremia sobretudo no período febril
Geralmente acomete crianças de 6 meses a 6 anos, predomínio <2
anos
Inicia-se com febre alta e contínua, após 3 a 4 dias de febre, quando
esta cessa, aparece o exantema de modo súbito
Exantema com lesões máculo-papulares

2.5. MONONUCLEOSE INFECCIOSA


Síndrome
80% pelo EBV
Outros CMV, hepatite B, HIV e não virais como Toxoplasma
gondii (Sd mono-like)
Erupção cutânea ocorre em torne de 15% dos casos, mas pode
ocorrer mais frequentemente associada a uso de amoxicilina ou
ampicilina
Febre, linfadenomegalia, hepatoesplenomegalia,
faringoamigdalite
Exantema variável desde máculo-papular, petequial,
urticariforme, papulovesiculares, escarlatiniforme

2.6. ENTEROVIROSES
Etiologia: RNA vírus; 23-coxsackie A (A-1 a A-24, exceto A-23); 6 coxsackie B (B-1 a B-6), 31 echo (1 a 33, exceto 10); 4
enterovírus (68 a 71)
Transmissão: fecal oral
TT: Variável TI: 3 a 6 dias
Exantemas de diversas formas

2.7. SÍNDROME MÃO-PÉ-BOCA


Febre baixa, irritabilidade, anorexia
Lesões vesiculares na boca que rompem e
formam úlceras
Nas extremidades ocorre lesões papulovesiculas
de 3 a 7 mm de diâmetros em mãos e pés,
lactentes pode acometer períneo

2.8. VARICELA
Etiologia: vírus da Varicella zoster do grupo herpes
Transmissão: por partículas aéreas, contato direto, transmissão vertical
TI: 10 a 21 dias
TT: até a formação de todas as crostas
Exantema: máculas, pápulas, vesículas, pústulas e crostas (polimorfismo regional)
Febre baixa, mal-estar
Complicações: infecções bacterianas graves, pneumonia, encefalite, varicela
hemorrágica, síndrome de Reye
Vacina contra varicela: rede publica 1 ano e 3 meses (SCRV) e reforço 4 anos,
rede particular administrada a partir de 1 ano
• Imunoglobulina anti—varicela para comunicantes suscetíveis a
varicela:
• Imunodeprimidos
• Gestantes
• RNs de mães que tiveram varicela nos últimos 5 dias de gestação ou
nos dois dias após do parto
• RNs prematuros com idade gestacional 28 semanas ou mais cuja a
mãe não teve varicela
• RNs prematuros IG menor que 28 semanas ou < 1000 g de peso ao nascimento, independente da
história materna

2.9. VARICELA ZOSTER


• Vírus Varicella zoster
• Dor e ardor na faixa de um dermátomo
• Ramo oftalmológico: maior gravidade
• Neuralgia pós-herpética
• Aciclovir ou famciclovir
• Vacina contra herpes zoster indicada para idosos e licenciada
para pessoas acima de 50 anos

2.10. HERPES SIMPLES


• Etiologia: HSV-1 e HSV-2
• HSV-2 (genitais, mais relacionadas a DST)
• TI: 2 dias a 2 semanas
• TT: Contágio na primoinfeccção herpética ocorre várias
semanas após o surgimento de lesões, mas infecções
recorrentes, o período de contágio pode ser em torno de 3
a 4 dias
• Primoinfecção: gengivoestomaitite herpética
• Reativação como herpes labial

2.11. DENGUE
Doença infecciosa causada pelo vírus da dengue, arbovírus da família
Flaviviridae, gênero Flavivírus e que inclui quatro tipos imunológicos: DEN-1,
DEN-2, DEN-3 e DEN-4.
Sintomas: febre, cefaléia, mialgia , artralgias, erupção cutânea. Pode evoluir para
a dengue hemorrágica com risco de morte, resultando em sangramentos,
plaquetopenia, hipotensão, insuficiência hepática

2.12. CHIKUNGUNYA

A febre chikungunya é uma doença viral transmitida pelos


mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus.
Sintomas: febre alta de início rápido, artralgias intensa, cefaleia,
mialgia, exantema.
Sintomas iniciam entre 2 a 12 dias após a picada do mosquito.
2.13. ZIKA

Pertence à família Flaviviridae, a mesma dos vírus da dengue e da febre amarela, e foi isolado, pela primeira vez em
1947, em macacos na Floresta de Zika, em Uganda, na África
Provavelmente entrou no Brasil em 2014
Zika vírus somente identificado no nosso país em abril de 2015, por pesquisadores da Universidade Federal da Bahia.
Os sintomas deste vírus geralmente são leves, com febre, erupções cutâneas e dores nas articulações
Mas, no Brasil foram registradas mortes de pessoas infectadas e há um surto crescente de casos de microcefalia e Sd.
De Guillain-Barré

2.14. MOLUSCO CONTAGIOSO


Agente: DNA-vírus do grupo poxvírus
TI: variável de 2 semanas até 6 meses
Pápulas umbilicadas, cor da pele ou nacaradas, de tamanho variável de 2 a 3
mm até 1 cm de diâmetro
Tratamento: curetagem, crioterapia, hidróxido de K+ a 5% no local

2.15. VERRUGA VULGAR


Pápulas
HPV, DNA vírus
Subtipos 1 a 4, acometem mais mãos, cotovelos, pés e joelhos

2.16. Síndrome de Gianotti-Crosti

Acrodermatite papular da infância


Não pruriginosa
Eritemato-papular
Pápulas de 1 a 5 mm de diâmetro com topo achatado
Pode estar relacionada a enterovírus, CMV, EBV, hepatite A, parainfluenza,
hepatite A, hepatite B
3. Outras Doenças
3.1. Escarlatina
Causada pelo Streptococcus pyogenes e surge mais
comumente após complicação do quadro de faringite
estreptocócica.
TI: 2-5 dias e o início do quadro costuma ser abrupto
apresentando sintomas como febre alta e cefaléia.
Dois dias após a instalação do quadro, surge o exantema
micropapular com aspecto áspero a pele (pele em lixa), desaparece 6-9 dias depois deixando uma descamação
lamelar nas regiões plantares e palmares.
Outros sinais:
• Sinal de Pastia: exacerbação do exantema em regiões de dobras como a axilar, inguinal e pregas
cubitais,.
• Sinal de Filatov: caracterizado pela presença de palidez em região perioral
• Língua em framboesa
Tratamento: penicilina, alérgicos à penicilina – eritromicina

3.2. Doença de Kawasaki


Vasculite, envolve vasos de médio calibre, pode envolver artérias
coronárias e tende a ocorrer em lactentes e crianças, geralmente,
de 1 a 8 anos.
Caracteriza-se por febre prolongada, exantema, conjuntivite,
inflamação das membranas mucosas e linfadenopatia.
Podem ocorrer aneurismas e rupturas da artéria coronária ou miocardite.
Diagnóstico é baseado em critérios clínicos, acompanhados de
ecocardiograma.
Tratamento: AAS e imunoglobulina humana.
A ocorrência de trombose coronária pode requerer intervenções
percutâneas.
Critérios para diagnóstico:
3.3. Impetigo
Muito comum na infância, produzida por
estafilococos ou estreptococos
Impetigo crostoso: causada por S.aureus ou
em combinação com estreptococo beta-
hemolítico do grupo A
Impetigo bolhoso: causado por toxina
estafilocócica epidermolíticas

3.4. Celulite
Infecção aguda que envolve os tecidos subcutâneos e apresenta eritema, edema e dor.
Ocorre por infecção ocasionada por estreptococos ou estafilococos

3.5. Erisipela
Área eritematosa bem delimitada, mal-estar, febre, linfangite ascendente, início súbito, causada por
estreptococos ou estafilococos

3.6. Ectima
Ulcerações encobertas por crostas aderentes, causada por estreptococo, mas
pode ocorrer contaminação por estafilococo.

3.7. Miliária
Dermatite inflamatória causada pela obstrução mecânica à eliminação do suor pelas glândulas sudoríparas (écrinas)
e que acaba impedindo a saída do suor do corpo.
Ambientes quentes e úmidos, excesso de roupas e agasalhos, febre alta podem
desencadear estas lesões

3.8. Miíase
Doença que se caracteriza pela infestação até mesmo de tecidos de qualquer região
do corpo por lava de mosquito

3.9. Pediculose
Causada por inseto hexápode da ordem Anoplura (piolho). Prurido intolerável

3.10. Escabiose
Causada pelo Sarcoptis scabei
As fêmeas penetram na epiderme em um túnel e depositam sus ovos
Lesões papulovesiculares eritematosas pruriginosas, tunelização

3.11. Acne
Distúrbio de unidade pilossebácea de etiologia multifatorial
caracterizada pela presença de comedões, pápulas, pústulas, nódulos,
cistos, cicatrizes e comorbidades psíquicas

• Classificação da Acne
o Acne grau I (comedônica): comedões abertos e fechados sem sinais inflamatórios
o Acne grau II (pápulo-pustulosa): comedões, pápulas vermelhas e inflamadas e pústulas (espinhas) com pus
o Acne grau III (nódulo-cística): aparecimento de cistos, ou seja, de lesões mais profundas, inflamadas e
dolorosas
o Acne grau IV (conglobata): nódulos, abcessos e cistos purulentos, muito inflamados e intercomunicantes.
Essa forma da doença pode conferir ao portador aspecto desfigurante
o Acne grau V (fulminans): forma rara que provoca queda do estado geral do paciente e exige internação
hospitalar

3.12. Larva migrans


Causada por larvas de ancilostomídeos, extremamente pruriginosa

3.13. Leishmaniose Tegumentar


Doença infecciosa, não contagiosa, que provoca úlceras na pele e mucosas.
Causada por protozoários do gênero Leishmania.
No Brasil, há 7 espécies de leishmanias envolvidas na ocorrência de casos de LT.
As mais importantes são: Leishmania (Leishmania) amazonensis, L. (Viannia)
guyanensis e L.(V.) braziliensis.
A doença é transmitida ao ser humano pela picada das fêmeas de flebotomíneos
(espécie de mosca) infectadas.

4. Lesões Eritemato-descamativas
4.1. PSORÍASE
• Doença imunoinflamatória, cutaneoarticular, crônica e recorrente
• Hiperplasia epidérmica, ciclo evolutivo acelerado dos queratinócitos,
ativação imune inapropriada.
-Os fatores desencadeantes:
• Trauma (fenômeno de Kobner)
• Queimadura solar
• HIV
• Infecção por estreptococo β-hemolítico
• Drogas (especialmente β-bloqueadores, cloroquina, lítio, indometacina, inibidores da enzima conversora de
angiotensina, terbinafina e alfainterferona)
• Estresse emocional
• Consumo de álcool
• Tabagismo
• Obesidade
• Queixas:
o Curso crônico; exacerbação e acalmia
o Prurido***,queimação, ardência, irritação, sensibilidade, dor,
sangramento
• Exame físico
o pápulas e placas eritematosas e infiltradas com margens bem
delimitadas e escamas secas, branco-prateadas, aderentes,
circundadas por halo periférico claro
o Corpo todo, couro cabeludo, região anogenital, unhas, dobras,
(joelho, cotovelos, dorso***)
o Dobras flexurais – psoríase invertida, menos descamação
o Unhas (depressões puntiformes, unha em dedal, onicólise,
hiperqueratose subungueal, leuconíquia e sulcos de Beau).
o Avaliação das articulações

• Sinal da vela – raspagem da lesão – escamas esbranquiçadas tipo raspagem da parafina da vela.
• Sinal do orvalho sangrento (SINAL DE AUSPITZ) – continuando a raspagem, após retirar as escamas surge
superfície brilhante com pontos hemorrágicos.
• Fenômeno de Koebner – após trauma da pele (em pacientes geneticamente predispostos),
• lesões típicas de uma determinada doença e com a morfologia do agente traumatizante (psoríase, vitiligo,
etc...)

4.2. Parapsoríase
• Etiologia desconhecida, crônica, assintomáticas.
• Lembram as psoríases.
• Lesões eritematoescamosas; placas não são evidentes como na psoríase.
• manchas redondas-ovais e às vezes polimórficas, rosa-vermelho, ligeiramente escamosas no tronco e
membros.
• Progressão para micoses fungóides (linfoma).

4.3. DERMATITE SEBORREICA (ECZEMA SEBORREICO)


• Entrevista
Prurido variável, normalmente leve
Mais comum em homens
Caráter constitucional, crônica, frequente, intermitente, não infecciosa.
• Exame físico
Áreas ricas em glândulas sebáceas, regiões intertriginosas (dobras).
Descamação visível do couro cabeludo (caspa) – forma mais simples.
Xerose, inflamação, liquenificação.
Crianças: escamas amareladas (gordurosas), aderentes (couro cabeludo região inguinal, axilas, pescoço)
Adultos: escamas brancas (caspa), limites bem definidos (face (glabela e sulco nasogeniano), couro cabeludo,
pálpebras, sobrancelhas, retroauricular e dobras)

• Dermatite seborreica do lactente


Escamas gordurosas e aderentes sobre base eritematosa no couro cabeludo
Manchas eritematoescamosas na face, no tronco, regiões de dobras e intertriginosas, região inguinal e genitoanal
(área da fralda).

4.4. PTIRÍASE RÓSEA

• Autolimitada • Lesão ovalada ou arredondada


• Lesões eritematoescamosas disseminadas, eritematoescamosa, chamada “medalhão”, com
sucessivas e progressivas, com regressão posterior e bordas ligeiramente elevadas e centro amarelado
cura. descamativo.
• Outono e verão • Tronco, raiz dos membros e pescoço
• Ambos os sexos: 20 a 30 anos*** • Diagnóstico diferencial com dermatofitose (exame
micológico)

4.5. ERITRODERMIA ESFOLIATIVA

Síndrome caracterizada por eritema generalizado e persistente,


acompanhado de descamação e prurido com intensidade variável.
Causas: agravamento de dermatoses pré-existentes, reação à drogas
e linfoma cutâneo.
• Exame clínico:
Eritema generalizado súbito ou insidioso, acompanhado de
descamação e prurido variável, escamas furfuráceas ou foliáceas.
Alopecia discreta ou intensa.
Liquenificação.

5. Tumores pele
5.1. Examinando um tumor
• Localização • Tamanho • Sensibilidade
• Distribuição • Superfície • Consistência
• Cor • Margens • Temperatura
• Forma • Pele circunjacente • Mobilidade
• De qual camada é o tumor? • Ele se move com a pele?
• A pele se move sobre o • Se for imóvel: osso • Pulsatilidade (estrutura
tumor? • Características adicionais subjacente ou do tumor)
• Ele se move com a contração • Consistência: dura(pétrea), • Compressibilidade– tentativa
muscular? (músculo ou borracha, esponjosa, macia de comprimir até que
tendão) • Flutuação (pressiono de um desapareça (conteúdo líquido
• Ele se move em apenas uma lado, protrusão do outro) ou malformação vascular)
direção? (tendão ou nervo) • Transluscência (conteúdo
• Se for no nervo: ferroada, aquoso, seroso, linfa ou • Redutibilidade - hérnias
agulhada gordura)
5.1.1. Ausculta: sopros vasculares; sons no intestino

5.2. Nevus pigmentados benignos


• Mais estáveis
• Mais simétricos
• Bordas bem definidas
• Tonalidade regular
• Padrão uniforme

5.3. Melanoma

Prevalência rara mas que vem aumentando Bronzeamento


Potencial metastático, maior probabilidade morte: Biópsias prévias
depende do nível de invasão tumor, espessura tumor Mudança em nevus pré-existente ou lesão nova
• História clínica: pigmentada
Mudança na forma, tamanho, cor, sensibilidade. • Exame físico:
*** tamanho e cor (relato) Inspecionar toda a pele, inclusive couro cabeludo
Sangramento, desconforto ou dor e prurido (invasão) Mucosa oral, área genital, unhas, pele entre os dedos
História familiar ou pessoal de melanoma Encontrou uma lesão diferente – Dermatoscopia

• ABCD
Lesões pigmentadas benignas X Melanoma
A – ASSIMETRIA (metade da lesão diferente da outra metade)
B – BORDA IRREGULAR (contorno mal definido)
C – COR (+ de 1 tonalidade de pigmento)
D – DIÂMETRO (quando a lesão é maior do que 6 mm)
E – EVOLUÇÃO (mudanças observadas em suas características: tamanho, forma ou cor)

5.4. Carcinoma basocelular


Mais comum Distribuição: cabeça e pescoço***, qualquer parte do
Etiologia: fatores genéticos e ambientais (raios UV) corpo, atrás orelha,tronco (+ jovens)
Pessoas de pele clara; Envelhecimento Morfologia:
Raramente metástases, porém invasão tecidual e Nódulos císticos,
destruição local margem brilhante,
Lesões de crescimento lento translúcida,
Lesão que não cicatriza, pode sangrar telangiectasia
• Achados clínicos: Palpação: firmes
5.5. Carcinoma espinocelular
Tumor maligno que surge a partir dos
queratinócitos na epiderme. 2º tipo mais
comum de tumores malignos.
Pacientes mais velhos
Queixa de dor, desconforto ao toque,
sangramento, alterações de sensibilidade
Crescimento mais rápido que CBC
• Exame clínico:
Áreas expostas ao sol, outros sinais de pele
danificada pelo sol
Dorso das mãos, antebraço; lábio inferior, orelha Margens: imprecisas
Tecido adjacente inflamado
• Morfologia
enduração: nódulo, placa, verruga, ulceração

5.6. Ceratose actínica


Lesão escamosa ou hiperceratótica com potencial • Exame físico
para malignidade Pele lesada pelo sol, pigmentação alterada,
Lesões assintomáticas telangiectasia, eritema
História de crescimento, dor, sangramento e Raramente excedem mais do que 1cm, branca,
ulceração: CEC superfície áspera

5.7. Neoplasias epiteliais benignas

5.7.1. Nevo epidérmico e verrucoso


Hiperplasia de estruturas epidérmicas como queratinócitos,
glândulas sudoríparas écrinas, apócrinas, sebáceas ou folículo piloso.
Lesões verrucosas cor da pele ou castanho-escuras. Em geral, a lesão
é única e pequena, com disposição linear

5.7.2. Ceratose seborreica


Caracteriza-se por lesões verrucosas de tamanhos variados (alguns milímetros a poucos
centímetros), às vezes únicas, no entanto, em geral múltiplas, localizadas
preferencialmente no tronco e na face.
Lesões bem demarcadas, acastanhadas, de superfície áspera, friáveis e, ao remover a parte
superficial, que é untuosa, há exposição de uma superfície irregular velvética; couve-flor,
raramente são pedunculadas e podem estar
inflamadas
Surgem em torno da 4a década; não há predileção
por sexo e são raras nos negros. Aparência oleosa

5.7.3. Papulose nigra


As lesões são pequenas (alguns milímetros),
planas como verrugas planas ou discretamente
vegetantes, de tonalidade negra; a localização
mais usual é a face, seguida da região axilar, podendo, contudo, localizar-se no pescoço, tronco e membros
superiores
Não é infrequente a sua ocorrência em pacientes com acantose nigricans.

5.7.4. Siringoma (glândulas sudoríparas écrinas)


Caracteriza-se por pequenas pápulas (alguns milímetros) translúcidas,
discretamente normocrômicas ou róseo-amareladas, por vezes confluentes,
localizadas, tipicamente, nas pálpebras inferiores (preferencialmente) de mulheres
jovens. Outras localizações são a região peitoral, a face e o pescoço.

5.7.5. Neoplasias mesenquimais

Lipoma Dermatofibroma
6. Micoses
As micoses superficiais são doenças provocadas por fungos ou cogumelos que se localizam preferencialmente na
epiderme e/ou em seus anexos, podendo, entretanto, eventualmente, invadir a derme e, em raríssimos casos, até
mesmo órgãos internos.

6.1. Ceratofitoses
Os cogumelos/fungos localizam-se na queratina da epiderme e dos pelos,
normalmente sem provocar fenômenos de hipersensibilidade. Do grupo,
apenas a Malassezia é saprófita.

6.2. Ptiríase versicolor


Causada por um fungo Malassezia furfur. Com início insidioso e pode levar
meses sem que o paciente perceba. Assintomática ou com discreto prurido

• Exame físico:
As lesões são inicialmente arredondadas,
pois surgem a partir da estrutura
pilossebácea, no entanto, podem
confluir, tornando difícil, diferenciar a
pele sadia da pele acometida. Em geral,
as lesões são hipocrômicas descamativas,
mas podem ser hipercrômicas ou
eritematosas, daí o nome versicolor.
Descamação fina. Distribuição: tronco
superior, braços, face***.
Alguns pacientes referem prurido, sobretudo após exposição solar, quando então são eritematosas.
Lâmpada de Wood: fluorescência verde/amarela
Esticando-se distalmente a pele (sinal de Zireli ou do estiramento) ou atritando-a com
a cureta, ou mesmo unha (sinal da unha ou de Besnier), aparecem escamas furfuráceas.

6.3. Tinea nigra (ceratofitose negra)


Mancha enegrecida, de pequena dimensão, com localização geralmente palmar ou,
mais raramente, plantar ou bordas dos dedos; pode haver uma única lesão ou poucas
que coalescem.
6.4. Tinea corporis

• Prurido
• Distribuição assimétrica, bilateral
• por lesões eritematoescamosas, circinadas,
isoladas ou confluentes, uma ou várias com
crescimento centrífugo, de modo que a parte
externa é mais ativa; por vezes pode ter aspecto
concêntrico
• Pode haver pústulas
• Pés podem ser fonte de infecção

6.5. Tinea cruris


Caracteriza-se por lesão eritematoescamosa, a partir da prega inguinal. Avançando
sobre a coxa, com nitidez de borda (daí o nome marginada), a lesão pode invadir o
períneo e propagar-se para as nádegas, a região pubiana e, até mesmo, o baixo-ventre.
É muito pruriginosa e, por isso, a liquenificação é frequente.
O não acometimento da pele da bolsa escrotal demonstra a especificidade da
ceratinofilia dos dermatófitos e ajuda no diagnóstico diferencial com a candidíase.

6.6. Dermatofitose dos pés (tinea pedis)


A forma aguda (eczematoide): vesículas em geral plantares e digitais, bastante
pruriginosa;
Forma intertriginosa: localização nas pregas interpododáctilas, caracterizada por fissuras
e maceração;
Forma crônica: lesões descamativas pouco pruriginosas, acometendo praticamente toda a
região plantar.
6.7. Tinea unguium
Unguium – Onicomicose Espessamento da unha e coloração amarela da mesma
Afeta mais os dedos dos pés Com envolvimento superficial, a unha se torna branca,
Assimétrica descolada
Associado com infecção interdigital

6.8. Onicomicoses
A apresentação clínica mais comum é a subungueal distal e/ou lateral. O leito ungueal distal leva a uma opacidade
amarelada e ceratósica. Com a progressão da infecção para o interior da unha, esta vai se tornando cada vez mais
espessada e distrófica.

6.8.1. Pé de atleta
É a designação para o intertrigo interpododáctilo.
Maceração, eritema, descamação e fissura.
É a principal porta de entrada para erisipela dos membros
inferiores

6.8.2. Tinea manuum


Áreas vermelhas e descamativas
“dois pés, uma mão é o padrão mais comum - Síndrome dois pés e uma mão

6.8.3. Dermatofitose da face


São lesões eritematoescamosas de crescimento centrífugo, às vezes com disposição em asa de borboleta, lembrando
o lúpus e a dermatite seborreica; em geral, o prurido é discreto.

6.8.3.1. Tinea capitis e tinea barbae


Comum em pré-adolescentes. A aparência clínica variável, depende do organismo causador, invasão do pelo e do
grau de resposta inflamatória. Crostas nas lesões muito inflamadas.
Perda de placas de cabelos (únicas ou múltiplas), grau variável de descamação e eritema.
6.8.4. Candidíases

Intertriginosa Ungueal e periungueal Vaginites e balanites Oral


Atinge as dobras naturais Acomete a borda Lesões erosivas Lesões Erosivas e
Lesões erosivas, fissurais, proximal da unha. esbranquiçadas, úmidas e esbranquiçadas
úmidas, com secreção Lesão pruriginosas, na vagina e
esbranquiçada, eritematoedematosa no sulco balanoprepucial.
pruriginoso, e por periungueal, que é Corrimento
pequenas lesões satélites dolorosa e pode levar à esbranquiçado vaginal é
arredondadas, onicólise. característico; não ocorre
eritematoescamosas, e, É a principal causa de em circuncidados. Podem
até mesmo, por pústulas Paroníquia ser adquiridas por contato
bacterianas sexual.

7. Hanseníase
Infecção crônica na pele e nervos periféricos causada pelo Mycobacterium leprae

A. Forma indeterminada
Manifesta-se por máculas hipocrômicas, acrômicas, eritematosas ou
eritemato-hipocrômicas, sendo as duas primeiras mais freqüentes.
Os limites são imprecisos, algumas vezes nítidos, medindo de 1 a 5 cm de
diâmetro. O número de início é de uma ou duas manchas, localizadas principalmente
nas nádegas, coxas e região deltoidiana e quanto maior o número de manchas, pior é o
prognóstico.
Há alteração da sensibilidade, vasomotora e da sudorese por acometimento de filetes nervosos, com alopécia
parcial.

B. Hanseníase tuberculóide
Evidencia-se por micropápulas que se desenvolvem em pele aparentemente
normal ou sobre manchas do grupo indeterminado. Essas pápulas podem ser pouco
mais coradas que a pele normal, acastanhadas ou vermelho-acastanhadas, acuminadas
ou semi-esféricas, tendendo a coalescer medindo cerca de 2 mm. Há placas bem
delimitadas, únicas ou em pequeno número, com alterações sensitivas, de sudorese e
vasomotoras bem acentuadas, com alopécia. Nervos espessados podem emergir das
placas e a necrose caseosa do nervo pode levar a distúrbios sensitivos, motores e
tróficos.
Em reação se caracteriza por lesões infiltradas com acentuação do eritema.
A hanseníase tuberculóide reacional é definida como quadros de hanseníase
tuberculóide que sofrem piora aguda em conseqüência de modificações do estado
imunológico. Há agravamento do quadro cutâneo e neurites, paralisias, amiotrofias e
deformidades.
A hanseníase tubrculóide infantil ocorre em crianças de 1 a 4 anos e se manifesta como pápula ou nódulo em
face ou membros. Resposta Th1.
C. Hanseníase virchowiana

• Manchas infiltradas com bordas imprecisas, • Comprometimento ocular;


com pápulas, nódulos e placas; • Adenopatia, anemia;
• Resposta Th2 • Infiltração do fígado, baço e supra-renais;
• Madarose, fácies leonina; • Infiltração testicular, levando à impotência e
• Distúrbios motores, tróficos e anestesia (que esterilidade;
surgem tardiamente); • Pé caído, mão em garra, mal perfurante
• Comprometimento de mucosa nasal, oral e plantar
laringe;

D. Hanseníase dimorfa
Na hanseníase dimorfa ou borderline as lesões dermatológicas lembram pelo aspecto e distribuição, as de reação
tuberculóide (pápulas, tubérculos, máculo-pápulas), delas se diferenciando pela imprecisão dos bordos e tonalidades
da cor, que é acastanhada, características estas próprias da hanseníase virchowiana. Diz-se que sua placa tem aspecto
de queijo-suíço. Parece haver no mesmo doente características dos dois tipos de hanseníase: tuberculóide e
virchowiana.
Na forma dimorfa pode haver surto eruptivo agudo. Há anestesia, distúrbio de sudorese(anidrose) e alopécia nas
lesões.

❖ Sinais Cardinais:
a) lesão de pele com alteração da sensibilidade térmica e/ou dolorosa e/ou tátil;
b) espessamento de nervo periférico (alts. sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas)
c) presença de bacilos M. leprae, confirmada na baciloscopia ou biópsia.
7.1. Sinais ou sintomas neurológicos

¬ Dor e espessamento dos nervos periféricos; ¬ Neurite crônica: perda da capacidade de suar,
¬ perda de sensibilidade nas áreas inervadas por ressecamento na pele.
esses nervos: olhos, mãos e pés; ¬ Perda de sensibilidade, dormência, perda da
¬ Perda de força muscular: pálpebras, membros força muscular: paralisia.
superiores e inferiores ¬ Sequelas: deformidades e incapacidades
¬ A neurite manifesta-se através de um
processo agudo: dor intensa e edema.

7.2. Pesquisa sensibilidade


Selecionar aleatoriamente, a sequência de pontos a serem testados. Tocar a pele deixando tempo suficiente para o
paciente responder. Repetir o teste.
Realizar o teste em área próxima, quando na presença de calosidades, cicatrizes ou úlceras.

7.3. Pesquisa sensibilidade térmica, dolorosa e táctil


Realizar com dois tubos de vidro, um contendo água fria e no outro água aquecida (45°C). Pergunte o que ele sente
(morno, frio, ou quente)
Na impossibilidade de realizar o teste com água quente e fria, pode-se utilizar um algodão embebido em éter.
Para o teste sensibilidade dolorosa utiliza-se uma agulha de insulina. A pesquisa de sensibilidade táctil nas lesões e
nas áreas suspeitas é feita com uma mecha fina de algodão seco, fio dental ou monofilamento verde.
7.4. Envolvimento ocular
Paralisia músculos oculares – dano nervo facial - lagoftalmo, infecção córnea secundária pelo fechamento incompleto
da pálpebra – olho seco, Paralisia de Bell.
Perda sensitiva do ramo oftálmico do n. trigêmeo anestesia córnea – úlcera de córnea.
Alteração importante da sensibilidade ocular ao toque.
Olho vermelho crônico – sensação de areia nos olhos, embaçamento da visão (córnea).

7.5. Reações hansênicas

7.5.1. Tipo 1 ou Reação Reversa


Reação hipersensibilidade tardia à antígenos M. leprae
Aparecimento de novas lesões dermatológicas (manchas ou placas), infiltrações, alterações de cor e edema nas
lesões antigas, com ou sem espessamento de nervos periféricos, dor (neurite), perda fç sensorial e motora, febre.
12 meses após início do tratamento

7.5.2. Tipo 2: depósito de imunocomplexos.


Manifestação clínica mais frequente é o Eritema Nodoso Hansênico (ENH)
Nódulos cutâneos ou subcutâneos dolorosos violáceos-eritematosos, que podem ulcerar e tornar-se necróticos.
acompanhados ou não de manifestações sistêmicas como: febre, dor articular, mal-estar generalizado, orquite,
iridociclites, com ou sem espessamento e dor de nervos periféricos (neurite).

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