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MARTÍN-BARBERO, Jesús.

 Dos meios às mediações. Comunicação, Cultura e


Hegemonia, Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2006. (p. 287-308
 

MEDIAÇÕES E MUTAÇÕES SOCIOCULTURAIS

Jesús Martín-Barbero (1937-2021) foi um pesquisador espanhol, que debruçou-


se sobre os estudos da Comunicação e da Cultura. Semiólogo, antropólogo, filósofo e
sociólogo, Martín-Barbero tem como uma de suas obras mais renomadas “Dos meios às
mediações”.
O autor optou pela América Latina para passar grande parte da sua vida, tendo
mudado para a Colômbia em meados da década de 1960. Desde então, as questões
latino-americanas nos âmbitos comunicacional e cultural emergiram com mais
intensidade em seus estudos. Em “Dos meios às mediações” Jesús Martín-Barbero
pretende mostrar que a dimensão do massivo opera em um caráter de hegemonia, mas
se sustenta a partir do popular. Por isso seu vínculo com os estudos culturais.
Na seção “mapa noturno para explorar o novo campo”, desde o título já sugere
um mapa, como estratégia e, esse é utilizado para indagar acerca de trabalho, produção
e dominação, enquanto conceitos, partindo de outras linhas (brechas, consumo e prazer).
Baseado nisso, o “mapa noturno” surge como estratégia de identificação de situações a
partir das mediações e dos sujeitos. Martín-Barbero evidencia que o receptor não deve
ser visto como uma tabula rasa, ou seja, apenas passível de manipulação pelos meios,
mas sim, capaz de criar sentidos ou experimentar e realizar intervenções no meio de
produção cultural, consumida da maneira pretendida.
A mediação pode ser compreendida como o espaço entre produção e recepção
das mensagens. Martín-Barbero aponta três lugares de mediação, os quais são capazes
de mudar o modo com que os receptores compreendem os produtos midiáticos
consumidos. E são esses lugares: o cotidiano familiar, a temporalidade social e a
competência cultural.
O ambiente familiar se apresenta como um dos espaços cruciais de mediação,
considerando a propensão que esse ambiente oferece para tensões e conflitos, a partir da
reprodução das relações de poder. A temporalidade social corresponde ao tempo tido
como produtivo pelo capital. Já a competência cultural abrange a vivência dos
indivíduos, perpassando as descobertas culturais e, inclusive, a educação formal obtida
por cada pessoa.
O texto guia à discussão sobre os conceitos de cotidianidade e consumo, bem
como, da leitura, partindo de reflexões acerca das lutas contra os meios de poder.
Barbero discorre acerca desses conceitos supracitados para tratar do mapa noturno
enquanto fomentador da compreensão de fatores histórico-culturais latino-americanos,
partindo de um trajeto permeado pela televisão e o melodrama.
Por fim, através do texto aqui apresentado, podemos realizar algumas
considerações pertinentes tanto à área da cultura quanto da comunicação e, do quanto
ambas dialogam, permitindo direta ou indiretamente aos seus estudiosos identificar a
relação entre as mesmas e os indivíduos no cotidiano. Desse modo, destaco aqui a
relação entre o consumo midiático e as compreensões culturais de cada grupo, o que
denota o poder amplificador de aspectos culturais, presentes nos meios de comunicação.

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