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ANATOMIA HUMANA
1ª Edição
Taubaté
Universidade de Taubaté
2014
Copyright© 2014. Universidade de Taubaté.
Todos os direitos dessa edição reservados à Universidade de Taubaté. Nenhuma parte desta publicação pode
ser reproduzida por qualquer meio, sem a prévia autorização desta Universidade.
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Coord. de Cursos de Tecnol. Área de Recursos Naturais Profa. Dra. Lídia Maria Ruv Carelli Barreto
Revisão ortográfica-textual Profa. Ms. Isabel Rosângela dos Santos Ferreira
Projeto Gráfico Ms.Benedito Fulvio Manfredini
Diagramação Diagramação Amanda Cortez Machado
Autor Magno César Vieira
ISBN 978-85-62326-72-1
Bibliografia
Palavra do Reitor
Bons estudos!
v
vi
Apresentação
Este livro-texto pretende contribuir para que você, caro(a) aluno(a), construa
conhecimento sobre a constituição do corpo humano. A Anatomia Humana é a
disciplina que dá suporte para o entendimento da fisiologia e dos processos patológicos
que envolvem as diversas estruturas do organismo. Conhecer cada sistema orgânico é
fundamental para a compreensão do todo.
Os sistemas ósseo, articular e muscular formam o aparelho locomotor que nos permite
deslocar de um lugar para o outro, ou seja, movimentar-se; os sistemas urinário e
genital, unidos no aparelho urogenital, permitem a excreção de resíduos e perpetuação
da espécie por meio da reprodução; o sistema respiratório nos capacita em fazer as
trocas de gases necessárias para a manutenção da vida e o sistema digestório nos
fornece o ingrediente indispensável para a capacidade energética e metabólica das
células; os sistemas nervoso, endócrino e circulatório integram todos os sistemas para
manter o equilíbrio entre as estruturas do organismo.
Bons estudos!
vii
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Sobre o autor
e-mail: vieiramc@uol.com.br
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Caros(as) alunos(as),
Caros(as) alunos(as)
A estrutura interna dos livros-texto é formada por unidades que desenvolvem os temas e
subtemas definidos nas ementas disciplinares aprovadas para os diversos cursos. Como
subsídio ao aluno, durante todo o processo ensino-aprendizagem, além de textos e
atividades aplicadas, cada livro-texto apresenta sínteses das unidades, dicas de leituras e
indicação de filmes, programas televisivos e sites, todos complementares ao conteúdo
estudado.
Esperamos, caros alunos, que o presente material e outros recursos colocados à sua
disposição possam conduzi-los a novos conhecimentos, porque vocês são os principais
atores desta formação.
Equipe EAD-UNITAU
xi
xii
Sumário
Palavra do Reitor .............................................................................................................. v
Apresentação .................................................................................................................. vii
Sobre o autor.................................................................................................................... ix
Caros(as) alunos(as) ........................................................................................................ xi
Ementa .............................................................................................................................. 1
Objetivos........................................................................................................................... 2
Introdução ......................................................................................................................... 3
Unidade 1 - Anatomia - Conceitos básicos ...................................................................... 5
1.1 Métodos de Estudo do Corpo Humano....................................................................... 5
1.2 Posição anatômica ...................................................................................................... 6
1.3 Planos limites do corpo humano................................................................................. 6
1.4 Eixos do corpo humano .............................................................................................. 7
1.5 Planos de secção do corpo humano ............................................................................ 7
1.6 Princípios gerais de construção do corpo humano ..................................................... 8
1.7 Termos de posição e direção ...................................................................................... 9
1.8 Desenvolvimento e crescimento ............................................................................... 11
1.9 Variação e fatores gerais de variação ....................................................................... 12
1.10 Atividades ............................................................................................................... 12
Unidade 2 - Aparelho Locomotor ................................................................................... 13
2.1 Sistema Ósseo (=Osteologia) ................................................................................... 13
2.1.1 Classificação dos Ossos ......................................................................................... 13
2.1.2 O Esqueleto ........................................................................................................... 15
2.1.3 Esqueleto Axial ..................................................................................................... 15
2.1.4 Coluna Vertebral, Costelas e Esterno .................................................................... 17
2.1.5 Esqueleto Apendicular........................................................................................... 20
2.2 Sistema Articular (= Artrologia ou Junturas) ........................................................... 20
2.2.1 Classificação das articulações ............................................................................... 21
2.2.2 Terminologia do movimento ................................................................................. 24
2.3 Sistema Muscular ( =Miologia) ................................................................................ 25
2.3.1 Classificação dos músculos estriados esqueléticos ............................................... 28
xiii
2.3.2 Ações musculares .................................................................................................. 28
2.3.3 Anexos musculares ................................................................................................ 29
2.3.4 Principais ações musculares do membro superior ................................................. 30
2.3.5 Principais ações musculares do membro inferior .................................................. 31
2.4 Atividades ................................................................................................................. 31
Unidade 3 - Sistema Respiratório ................................................................................... 33
3.1 Nariz ......................................................................................................................... 33
3.1.1 Cavidades nasais ................................................................................................... 34
3.2 Seios paranasais ........................................................................................................ 34
3.3 Faringe ...................................................................................................................... 35
3.4 Laringe ...................................................................................................................... 36
3.5 Traqueia .................................................................................................................... 37
3.6 Pulmões .................................................................................................................... 38
3.7 Árvore bronquial ...................................................................................................... 39
3.8 Pleura ........................................................................................................................ 39
3.9 Mecânica respiratória ............................................................................................... 40
3.10 Atividades ............................................................................................................... 41
Unidade 4 - Sistema Circulatório ................................................................................... 43
4.1 Coração ..................................................................................................................... 45
4.1.1 Configuração externa ............................................................................................. 47
4.1.2 Configuração interna ............................................................................................. 48
4.1.3 Complexo estimulante do coração ......................................................................... 50
4.2 Principais artérias ..................................................................................................... 50
4.3 Principais veias ......................................................................................................... 51
4.4 Fatores biodinâmicos da circulação venosa.............................................................. 51
4.4.1 Generalidades ........................................................................................................ 51
4.4.1.1 Vis a tergo (força de trás) ................................................................................... 51
4.4.1.2 Válvulas .............................................................................................................. 52
4.4.1.3 Vis a lateralis (Pulsação das artérias) ................................................................. 52
4.4.1.4 Contração muscular ............................................................................................ 53
4.4.1.5 Fáscia muscular .................................................................................................. 53
4.4.1.6 Anastomose arteriolovenular .............................................................................. 53
xiv
4.4.1.7 Gravidade ........................................................................................................... 53
4.4.1.8 Musculatura lisa das veias .................................................................................. 54
4.4.1.9 Bomba plantar .................................................................................................... 54
4.4.1.10 Vis a fronte (Força da frente) ........................................................................... 54
4.5 Sistema Linfático ...................................................................................................... 54
4.5.1 Biodinâmica da circulação linfática ...................................................................... 56
4.6 Atividades .................................................................................................................59
xv
7.1.2 Epidídimo .............................................................................................................. 73
7.1.3 Ducto deferente...................................................................................................... 74
7.1.4 Ducto ejaculatório.................................................................................................. 74
7.1.5 Glândulas anexas ................................................................................................... 74
7.1.6 Escroto ou bolsa testicular ..................................................................................... 75
7.1.7 Pênis ...................................................................................................................... 75
7.2 Sistema Genital Feminino ........................................................................................ 76
7.2.1 Ovários .................................................................................................................. 76
7.2.2 Tubas uterinas ........................................................................................................ 77
7.2.3 Útero ...................................................................................................................... 77
7.2.4 Vagina.................................................................................................................... 79
7.2.5 Órgãos genitais externos femininos ....................................................................... 79
7.3 Atividades ................................................................................................................. 79
Unidade 8 - Sistema Nervoso ......................................................................................... 81
8.1 Divisões do sistema nervoso .................................................................................... 83
8.1.1 Anatômica.............................................................................................................. 83
8.1.2 Embriológica ......................................................................................................... 85
8.1.3 Fisiológica ou funcional ........................................................................................ 85
8.1.4 Segmentar ou metamérico ..................................................................................... 86
8.2 Medula espinal .......................................................................................................... 86
8.2.1 Envoltórios da medula espinal – Meninges e espaços ........................................... 89
8.3 Plexos Nervosos e Nervos Intercostais ..................................................................... 89
8.4 Tronco Encefálico..................................................................................................... 93
8.4.1 Bulbo ..................................................................................................................... 93
8.4.2 Ponte ...................................................................................................................... 94
8.4.3 Quarto ventrículo (Fossa romboide) ...................................................................... 95
8.4.4 Mesencéfalo ........................................................................................................... 95
8.4.4.1 Secção transversal do mesencéfalo .................................................................... 96
8.5 Cerebelo .................................................................................................................... 96
8.6 Diencéfalo ................................................................................................................. 98
8.6.1 Terceiro Ventrículo................................................................................................ 99
8.6.2 Epitálamo ............................................................................................................... 99
xvi
8.6.3 Tálamo ................................................................................................................... 99
8.6.4 Hipotálamo ............................................................................................................ 99
8.7 Telencéfalo ............................................................................................................... 99
8.7.1 Face superolateral do hemisfério cerebral ........................................................... 100
8.7.1.1 Lobo frontal ...................................................................................................... 100
8.7.1.2 Lobo parietal ..................................................................................................... 102
8.7.1.3 Lobo temporal .................................................................................................. 102
8.7.1.4 Lobo occipital ................................................................................................... 103
8.7.1.5 Lobo insular ...................................................................................................... 104
8.7.2 Face medial do hemisfério cerebral ..................................................................... 104
8.7.2.1 Lobo frontal ...................................................................................................... 104
8.7.2.2 Lobo parietal .................................................................................................... 105
8.7.2.3 Lobo occipital ................................................................................................... 105
8.7.3 Face inferior do hemisfério cerebral .................................................................... 106
8.7.3.1 Lobo temporal ................................................................................................. 106
8.7.3.2 Lobo frontal ..................................................................................................... 106
8.7.4 Lobo límbico ....................................................................................................... 107
8.8 Ventrículos Laterais ................................................................................................ 107
8.9 Núcleos da Base .................................................................................................... 108
8.10 Vias Aferentes ...................................................................................................... 108
8.10.1 Via da temperatura e dor aguda (neoespinotalâmica) ....................................... 109
8.10.2 Via da dor crônica, difusa (paleoespinotalâmica) ............................................. 110
8.10.3 Via de pressão e tato protopático ....................................................................... 110
8.10.4 Via de propriocepção consciente, tato epicrítico, e sensibilidade vibratória..... 110
8.10.5 Via de propriocepção inconsciente .................................................................... 111
8.10.6 Vias vestibulares conscientes e inconscientes ................................................... 111
8.11 Vias Eferentes ....................................................................................................... 112
8.11.1 Via eferente somática ........................................................................................ 112
8.11.1.1 Vias piramidais ............................................................................................... 112
8.11.1.2 Vias extrapiramidais ...................................................................................... 114
Referências ................................................................................................................... 117
Referências Complementares ....................................................................................... 118
xvii
xviii
Anatomia Humana ORGANIZE-SE!!!
Você deverá usar de 3
a 4 horas para realizar
cada Unidade.
Ementa
EMENTA
1
Objetivo Geral
Introduzir ao aluno o conhecimento das estruturas anatômicas que compõem os vários
sistemas orgânicos, relacionando-as com suas principais funções, base para a
compreensão do funcionamento do organismo. Normatizar a terminologia anatômica,
base da linguagem na área da saúde, e estimular atitude de respeito e ética ao meio
acadêmico.
Objetivos
Objetivos Específicos
o Descrever os padrões anatômicos emergentes nos metazoários;
o Conhecer a composição óssea do esqueleto humano;
o Entender como a musculatura se liga aos ossos;
o Identificar órgãos e estruturas nos sistemas.
2
Introdução
3
4
Unidade 1
Percussão: é o método de análise dos sons produzidos pelo corpo por meio
da utilização de objetos, principalmente os dedos.
5
Idiotopia: é o estudo das diferentes partes de um mesmo órgão;
Membros superiores junto ao tronco com as palmas das mãos voltadas para
frente;
Membros inferiores justapostos com os dedos dos pés voltados para frente.
Eixo longitudinal é o eixo que une os planos limites superior e inferior; portanto,
atravessa o corpo no sentido superoinferior ou craniopodálico ou vice-versa e atinge,
com suas extremidades, partes ou polos não equivalentes do corpo, por isso, é um eixo
heteropolar;
Eixo transversal é aquele que une os planos limites laterais direito e esquerdo; é o eixo
de largura que cruza o corpo no sentido laterolateral e atinge partes ou polos
equivalentes do corpo, é um eixo homopolar;
Plano mediano ou plano sagital mediano é obtido deslizando o eixo sagital ao longo
do eixo longitudinal; este plano é considerado de simetria, pois determina a secção do
corpo em duas partes aparentemente iguais, os antímeros direito e esquerdo;
7
Plano frontal ou coronal é determinado pelo deslocamento do eixo transversal ao
longo do eixo longitudinal e separa o corpo em partes anterior e posterior, que são os
paquímeros.
Deve-se distinguir simetria de posição e simetria de forma que podem não coexistir. A
simetria é mais perfeita nos animais mais simples e nas primeiras fases do
desenvolvimento embrionário do indivíduo. O grau de simetria diminui na filogênese e
na ontogênese. Os vertebrados seguem o plano de construção de simetria bilateral;
apresentam a justaposição de duas metades ou antímeros, separados pelo plano
mediano. De acordo com este plano de construção, os órgãos pares e ímpares são
simétricos, desde que os últimos ocupem uma posição mediana, primitiva ou
secundária. Entretanto, os vertebrados não apresentam uma construção simétrica
perfeita; existe, ao contrário, uma assimetria normal de grau mais acentuado que nos
animais inferiores. Em grau diverso, esta assimetria se manifesta tanto no exterior
quanto no interior. De fato, há uma grande assimetria interna e uma aparente simetria
externa ou de massa, que estabelece um equilíbrio mecânico no ambiente, essencial na
locomoção.
8
disposição dos vasos intercostais posteriores e lombares, na disposição dos dermátomos
no tronco, etc..
Paquimeria – O plano frontal ou coronal separa, no tronco, uma porção anterior e outra
posterior, que são os paquímeros. Cada paquímero contém um tubo no seu interior; no
ventral está o tubo esplâncnico que abriga a massa visceral e apresenta maior amplitude
em sua extremidade caudal; no dorsal está o tubo neural que aloja o neuroeixo e mostra
maior amplitude na extremidade cranial. Os paquímeros possuem construção
semelhante e possuem um esqueleto comum que envia prolongamentos ósseos que
entram na constituição das paredes de cada tubo. Desta forma, o tronco é formado pela
justaposição de dois tubos, um ventral e outro dorsal, e ambos envolvidos por um
terceiro, que é representado pelos planos superficiais do corpo, a pele e a tela
subcutânea. Da parede do paquímero ventral nascem dois pares de apêndices, os
membros superiores e inferiores, tanto que são inervados pelos ramos nervosos
originados dos plexos nervosos que são o entrelaçamento dos ramos ventrais dos nervos
espinais.
9
Inferior ou caudal: refere-se ao que está voltado para baixo. Exemplo: A base do
crânio é inferior em relação à sua calota. A cicatriz umbilical é inferior à mama;
Posterior ou dorsal: refere-se à face dorsal do corpo. Exemplo: A coluna vertebral está
situada na região dorsal do corpo. Coração e pericárdio são posteriores ao corpo do
esterno;
Medial: refere-se à parte do corpo ou segmento que está voltado ou mais próximo do
plano mediano. Exemplo: Comparado ao rádio, a ulna é o osso medial do antebraço.
Dos dois maléolos, projeções ósseas de cada lado do tornozelo, o medial é aquele que
está voltado para o plano mediano;
Intermédio: é toda estrutura que se posiciona entre duas outras, uma lateral e outra
medial. Exemplo: A membrana interóssea do antebraço é uma estrutura intermédia, pois
está localizada entre o rádio (lateral) e a ulna (medial);
Distal: é o termo oposto ao proximal. Exemplo: A epífise distal do úmero é aquela que
se articula com os ossos do antebraço. O terço distal do esôfago é a porção que se abre
no estômago.
10
Médio: é a estrutura ou parte do órgão que está localizada entre duas outras, uma
proximal e outra distal. Exemplos: A falange média está situada entre as falanges
proximal e distal. O terço médio do esôfago é a porção entre seus terços proximal e
distal.
Superficial: é a estrutura que está presente na tela subcutânea, logo abaixo da pele. Ou
dentre as estruturas consideradas profundas, está mais próxima da superfície corpórea.
Exemplo: as veias superficiais do membro superior estão localizadas na tela subcutânea,
superficialmente à fáscia muscular. Dos músculos da parede anterolateral do abdome, o
músculo oblíquo externo do abdome é o mais superficial.
11
crescimento pode ocorrer de duas formas: hipertrofia, que é o aumento do volume das
células de um determinado órgão ou estrutura, e hiperplasia, que é o aumento do
número de células de um determinado órgão Exemplos: a musculação promove a
hipertrofia das células musculares; com a idade, o homem apresenta aumento da
próstata, que pode ser por hipertrofia ou por hiperplasia.
Variação anatômica consiste num desvio discreto do normal e não altera a função.
Exemplo: Ausência do músculo palmar longo. A presença de dois ureteres saindo do
rim direito. Orelha de abano.
Monstruosidade consiste num grau máximo de desvio, altera a função de tal forma que
é incompatível com a vida. Exemplo: Anencefalia. Ciclopia.
1.10 Atividades
1. Descreva a posição anatômica.
Os ossos que compõem o esqueleto podem ser classificados de acordo com as suas
dimensões (comprimento, largura e espessura) em:
Epífises proximal e distal: extremidades dilatadas do osso que entram em contato com
o outro osso em uma articulação; são constituídas por substância óssea esponjosa
envolta por uma fina lâmina de substância óssea compacta;
13
Diáfise ou corpo: parte tubular entre as epífises, que apresenta em seu interior uma
cavidade, o canal medular. A estrutura tubular da diáfise, ao contrário das epífises,
apresenta espessa lâmina de substância óssea compacta, externamente, e pouca
substância óssea esponjosa, voltada para o canal medular;
Ossos Curtos: são aqueles em que as três medidas se equivalem. Estes ossos são
constituídos por substância óssea esponjosa envolta por uma lâmina de substância óssea
compacta; exemplos: patela e ossos do carpo e tarso.
Ossos Alongados: quanto às medidas, há semelhança com o osso longo, porém, não
apresentam canal medular. Exemplo: costelas.
Ossos Irregulares: são aqueles que apresentam forma indefinida devido à presença de
processos, o que dificulta as mensurações. Exemplos: vértebras, mandíbula etc..
Outras classificações são utilizadas sem que se observe as dimensões dos ossos:
14
Ossos Sesamoides: quanto à dimensão, são considerados curtos, porém estão presentes
nas proximidades das articulações e são envolvidos por tendão muscular e/ou
ligamento. Exemplo: patela, pisiforme e ossos supranumerários encontrados juntos às
articulações interfalângicas das mãos e dos pés.
2.1.2 O Esqueleto
Produção de células sanguíneas por meio da medula óssea que se encontra alojada e
protegida no interior do canal medular dos ossos longos e entre as trabéculas da
substância esponjosa dos ossos em geral.
O crânio segue o princípio da paquimeria, sendo constituído por uma porção posterior, o
neurocrânio, que contém a cavidade do crânio, a qual aloja o encéfalo; e uma porção
15
anterior, onde estão localizadas as órbitas e as cavidades do nariz e da boca, o
viscerocrânio ou esplancnocrânio.
Os ossos que formam a calvária ou calota craniana são planos e, como tal, possuem
duas lâminas de substância óssea compacta, sendo a externa mais espessa e resistente
que a interna devido à maior exposição a choques e traumatismos; a substância óssea
esponjosa entre as lâminas, denominada díploe, apresenta medula óssea. A base da
cavidade do crânio e o viscerocrânio apresentam ossos de formato irregular, sendo que
alguns apresentam seios em seu interior.
No recém-nascido (RN), os ossos da calvária são separados por espaços preenchidos por
membrana de tecido conjuntivo fibroso, os fontículos, que representam ossos não
ossificados. São seis os fontículos: dois no plano mediano, o anterior e o posterior; dois
pares laterais, os anterolaterais ou esfenoidais e os posterolaterais ou mastóideos. A
palpação do fontículo anterior, o maior de todos, permite determinar: o crescimento dos
ossos frontal e parietais; o grau de hidratação do bebê, visto que o seu rebaixamento
indica desidratação e o nível da pressão intracraniana, pois a membrana proeminente
indica o aumento da pressão no interior do crânio.
16
As articulações entre os ossos do crânio não permitem mobilidade aparente, salvo em
algumas fases da vida, como por exemplo, durante o nascimento. Dentre as articulações,
temos: as fibrosas, constituídas pelas suturas, que podem ser serrátil, plana ou
escamosa, todas sofrem ossificação com o evolver da idade; as cartilagíneas, do tipo
sincondrose, que são observadas na base do crânio, entre as partes do osso occipital e
entre este o esfenoide, a sincondrose esfeno-occipital e a sinovial, a única considerada
móvel, entre o processo condilar da mandíbula e a fossa da mandíbula no osso temporal,
por isso, denominada articulação temporomandibular (ATM).
A vértebra típica apresenta uma massa óssea anterior, volumosa, o corpo vertebral, que,
por suportar carga, aumenta progressivamente, quanto mais inferior estiver a vértebra,
até a primeira vértebra sacral. O arco vertebral é a projeção óssea posterior ao corpo,
com o qual delimita o forame vertebral, deste arco projeta-se para trás e, no plano
mediano, o processo espinhoso, lateralmente, os processos transversos, para cima e para
baixo, respectivamente, os processos articulares superiores e inferiores. Os processos
articulares articulam as vértebras entre si; os processos espinhoso e transverso são
meios de fixação muscular e ligamentar importantes para a estabilização da coluna
vertebral e sua mobilidade.
A sobreposição dos forames vertebrais forma o canal vertebral que aloja a medula
espinal, raízes dos nervos espinais, as meninges e o plexo venoso vertebral interno.
17
O disco intervertebral, situado entre os corpos vertebrais, funciona como um
amortecedor que absorve as pressões que recaem sobre a coluna vertebral, é constituído
por uma região central, derivada da notocorda, o núcleo pulposo, e, ao redor, o anel
fibroso, que possui uma porção periférica de tecido conjuntivo denso, porém em sua
maior extensão é constituído por fibrocartilagem, cujos feixes colágenos formam
camadas concêntricas que dão sustentação ao núcleo pulposo.
A ruptura do anel fibroso, mais frequente na sua parte posterior, resulta na expulsão do
núcleo pulposo e no achatamento do disco intervertebral (hérnia de disco); este
deslocamento do núcleo pulposo pode comprimir raízes nervosas e/ou a medula espinal,
produzindo fortes dores e distúrbios neurológicos.
Em visão anterior ou posterior, a coluna vertebral parece retilínea, com alguns desvios
laterais, à direita ou á esquerda, as escolioses fisiológicas; porém observando-a de perfil
notamos a presença de quatro curvaturas, duas com convexidade anterior, as curvaturas
cervical e lombar, e duas com convexidade posterior, as curvaturas torácica e sacral.
Estas últimas são também denominadas curvaturas primárias, por surgir durante o
desenvolvimento fetal; as curvaturas cervical e lombar são secundárias, pois começam
a delinear-se no final do desenvolvimento e se acentuam nos primeiros anos de vida.
18
As vértebras sacrais fundem-se na idade adulta para constituir o osso Sacro, que
apresenta formato triangular, com base voltada para cima e ápice para baixo. Este
aspecto triangular do sacro apoia-se na diminuição abrupta do tamanho das vértebras
sacrais, pois as forças que recaem sobre a primeira vértebra sacral são transferidas, por
meio das articulações sacroilíacas, para os ossos do quadril e destes, para os membros
inferiores.
Os doze pares de Costelas contribuem para formar a maior parte da parede torácica;
elas são leves e altamente resilientes. Cada costela possui substância óssea esponjosa
em seu interior contendo medula óssea vermelha. As costelas são classificadas em três
tipos:
O Esterno, osso plano e mediano, situado na parede anterior do tórax, é constituído por
três partes: manúbrio, corpo e processo xifóide.
19
2.1.5 Esqueleto Apendicular
Os membros superiores e inferiores apresentam uma parte livre e a raiz do membro (=cíngulo,
cintura) que conecta a parte livre ao esqueleto axial. O cíngulo do membro superior é
constituído pela escápula e clavícula; a escápula articula-se com o úmero e a clavícula articula-
se de um lado com a escápula e do outro, com o esterno.
A parte livre do membro superior possui o úmero (osso do braço), ulna e rádio (ossos do
antebraço) e os ossos da mão que estão divididos em três regiões: o carpo, que apresenta os
ossos escafoide, semilunar, piramidal e pisiforme em sua fileira proximal e os ossos trapézio,
trapezoide, capitato e hamato em sua fileira distal; o metacarpo que possui cinco ossos
metacarpais (I – V), e os dedos com suas falanges proximal, média e distal, exceto o polegar,
que possui apenas as falanges proximal e distal.
O cíngulo do membro inferior é constituído pelo osso do quadril, que ao nascimento é formado
por três partes: ílio, ísquio e púbis. O osso do quadril está conectado ao homônimo contralateral
por meio da sínfise púbica e ao osso sacro da coluna vertebral, por meio da articulação
sacroilíaca.
A parte livre do membro inferior apresenta o fêmur na coxa, tíbia e fíbula na perna e os ossos do
pé. Estes últimos estão divididos nas regiões do tarso (tálus, calcâneo, cuboide, navicular e os
cuneiformes lateral, intermédio e medial); do metatarso (I – V metatarsais) e dedos, com suas
falanges proximal, média e distal, exceto o hálux, que apresenta falanges proximal e distal. Na
articulação do joelho, entre fêmur e tíbia, encontramos a patela, considerado osso curto e
sesamoide, pois se encontra envolvido pelo tendão do músculo quadríceps femoral.
O sentido da palavra articulação sugere movimento entre duas peças, porém isso nem sempre é
verdade. Assim, devemos ressaltar o significado correto da palavra, que é "união", sem
20
pressupor que possam ocorrer deslocamentos entre os elementos relacionados.
Em anatomia, articulações ou junturas são as uniões funcionais entre os diferentes componentes
do esqueleto, tais como entre ossos, entre cartilagens ou entre ossos e cartilagens. Vários são os
tipos existentes de articulações, que podem se diferenciar pelo tipo de movimento que ocorre ou
pela natureza do tecido interposto.
Sutura é a articulação na qual as margens ósseas são contíguas e separadas por uma delgada
camada de tecido fibroso. Esse tipo de articulação só é encontrado no crânio e pode ser de três
tipos: sutura serrátil, quando as margens dos ossos são encaixadas e unidas por uma série de
21
saliências e reentrâncias em forma de serra, como observado entre os ossos parietais (= sutura
interparietal ou sagital); sutura escamosa, formada pela sobreposição de dois ossos contíguos,
como entre o temporal e o parietal, e sutura plana, em que duas margens ósseas contíguas se
opõem como entre os ossos nasais, entre os processos palatinos das maxilas e entre as partes
horizontais dos ossos palatinos.
Sincondroses são formas temporárias de articulação, uma vez que na idade adulta a cartilagem
é convertida em osso. São encontradas nas extremidades dos ossos longos, entre as epífises e
diáfise (região denominada de metáfise) e, na base do crânio, entre as partes do osso occipital e
entre este e o osso esfenoide (= sincondrose esfenoccipital).
Das uniaxiais, onde o movimento se faz em torno de um único eixo, temos o tipo gínglimo;
dobradiça, onde o eixo transverso permite os movimentos de flexão e extensão no plano
sagital. Nessas articulações é frequente a presença de fortes ligamentos colaterais. Exemplo:
articulações do cotovelo, interfalângicas e talocrural (= do tornozelo). A articulação do joelho é
citada, por alguns autores, como gínglimo; no entanto, isso é discutível, uma vez que durante o
seu movimento, além da flexão e extensão, também ocorrem movimentos de rotação ou
lateralização da tíbia sobre o fêmur ou vice-versa.
23
Nas articulações triaxiais ou esferoides, também denominadas enartroses, os movimentos
ocorrem em torno de três eixos permitindo a flexão-extensão, adução-abdução e rotações axiais.
É formada por uma cabeça esférica com uma cavidade em taça. Os melhores exemplos são as
articulações do quadril e do ombro.
Articulações planas são junturas sinoviais, também denominadas artródias ou deslizantes, que
só permitem o deslizamento entre as superfícies articulares envolvidas. Essas são planas ou
ligeiramente convexas e a amplitude do movimento é controlada pelos ligamentos ou processos
ósseos dispostos ao seu redor. Estão presentes entre os processos articulares das vértebras, no
carpo e no tarso.
Extensão: realizado no plano sagital e ao redor do eixo transversal, faz o retorno da flexão ou
aumenta o ângulo entre duas partes do corpo;
Abdução: realizado no plano coronal e ao redor do eixo sagital, afasta parte do corpo do plano
mediano ou aumenta o ângulo entre duas partes do corpo;
Adução: realizado no plano coronal e ao redor do eixo sagital, aproxima parte do corpo do plano
mediano ou diminui o ângulo entre duas partes do corpo;
Rotação: movimento de giro em torno do próprio eixo, ou seja, realizado ao redor do eixo
longitudinal, podendo ser lateral ou medial;
Pronação: movimento de rotação do antebraço com o rádio girando medialmente ao redor de seu
próprio eixo; o dorso da mão fica voltado anteriormente e a palma posteriormente;
24
Inversão: movimento realizado na articulação talocalcânea, aproximando a planta do pé do
plano mediano;
O músculo liso, formado por aglomerados de células musculares fusiformes que não possuem
estrias transversais, cujo processo de contração é lento e está sujeito ao controle involuntário das
partes simpática e parassimpática do sistema nervoso autônomo.
O músculo estriado cardíaco, que apresenta estrias transversais e é formado por células
musculares alongadas e ramificadas, que se unem por intermédio dos discos intercalares,
estruturas encontradas somente no miocárdio. Apresenta contração involuntária, controlada pelo
sistema nervoso autônomo, vigorosa e rítmica.
25
O músculo estriado esquelético, que também apresenta estrias transversais, é formado por
feixes de células musculares cilíndricas, longas e multinucleadas. Tem contração rápida,
vigorosa e sujeita ao controle voluntário.O músculo estriado esquelético é formado pelo ventre
muscular e o tendão. O ventre muscular é a porção carnosa e contrátil do músculo, constituído
por fibras musculares, este ventre é envolvido por uma capa de tecido conjuntivo, o epimísio.
Do epimísio partem septos de tecido conjuntivo para o interior do ventre muscular, ele divide as
fibras musculares em feixes musculares; estes septos que acabam por envolver os feixes ou
livros-texto musculares são denominados de perimísio. Cada fibra muscular, por sua vez, é
envolta pelo endomísio que possui fibras reticulares.
O tecido conjuntivo mantém as fibras musculares unidas e permite que a força gerada durante a
contração de uma fibra muscular seja transmitida para todo o ventre muscular e a outras
estruturas como tendões, ligamentos e ossos, constituindo assim, o componente em paralelo da
contração muscular. É por meio dos trilhos formados pela distribuição do tecido conjuntivo,
perimísio e endomísio, que vasos sanguíneos e fibras nervosas chegam até a intimidade da fibra
muscular.
Cada fibra muscular apresenta perto do seu centro uma terminação nervosa motora,
denominada placa motora. A placa motora é formada pela dilatação na terminação da fibra
nervosa, que, neste ponto, perde sua bainha de mielina e se posiciona no interior de uma
depressão no sarcolema (membrana citoplasmática da fibra muscular). Entre o terminal axônico
e o sarcolema, existe uma fenda sináptica e, neste ponto de contato, o sarcolema apresenta
dobras juncionais com receptores para acetilcolina. Desta forma, quando uma fibra nervosa
motora dispara o impulso nervoso, as vesículas sinápticas presentes no terminal axônico liberam
acetilcolina, que se difunde na fenda sináptica e vai se prender nos receptores presentes nas
dobras juncionais do sarcolema, o que resulta na despolarização da membrana. A despolarização
se propaga na profundidade da fibra muscular por meio do sistema de túbulos transversais,
liberando o cálcio do retículo sarcoplasmático que inicia o processo de contração.
Uma fibra nervosa pode inervar uma única fibra muscular, ou, então, se ramificar e inervar
várias fibras musculares (100, 365, 987, 1500 e até mais). A fibra nervosa e as fibras musculares
por ela inervadas constituem uma unidade motora. Uma vez que os músculos podem ser
divididos em unidades motoras, o disparo de uma única célula nervosa (neurônio) determina
uma contração cuja força é proporcional ao número de fibras musculares inervadas por este
neurônio. Deste modo, o número de unidades motoras acionadas e o tamanho de cada unidade
26
controlam a intensidade de contração do músculo. Unidades motoras pequenas, ou seja, com
poucas fibras musculares, têm relação com a inervação de músculos cujos movimentos são
finos, delicados e precisos, tais como, a ação dos músculos extrínsecos do bulbo do olho e
músculos distais dos membros superiores e inferiores. O contrário acontece com os músculos
axiais e proximais dos membros superiores e inferiores, cuja contração determina a postura do
indivíduo, os denominados músculos posturais.
A fibra muscular estriada esquelética é adaptada para produzir trabalho mecânico intenso e
descontínuo; para isso, necessita de energia química que é facilmente mobilizada do ATP
(adenosina trifosfato) e fosfocreatina, ambos encontrados na célula muscular. A energia que é
armazenada no ATP e na fosfocreatina é proveniente dos ácidos graxos e glicose. Quando
funcionam de maneira intensa e demorada, a fonte de energia muscular é o acido graxo; por
outro lado, nos movimentos de pouca ou grande intensidade e de curta duração, requisitam
energia do metabolismo anaeróbico da glicose.
A diferenciação das fibras musculares estriadas esqueléticas nos tipos vermelha (Tipo I ou
fibras lentas), branca (Tipo II ou fibras rápidas) e intermediária, é controlada pelas fibras
nervosas que as inervam.
Os tendões são estruturas longas ou curtas, de forma achatada, às vezes, cilíndrica, que fixam os
músculos estriados esqueléticos ao esqueleto. São constituídos de tecido conjuntivo denso
modelado, com predominância acentuada de fibras colágenas, que se dispõem, paralelamente,
umas as outras. As fibras colágenas são formadas e orientadas em resposta às forças de tração
exercidas sobre os tendões, a ponto de oferecer o máximo de resistência. Aponeuroses são
27
tendões em forma de lâmina, largos e planos, que fixam músculos largos do tronco, tais como os
músculos latíssimo do dorso, oblíquos externo e interno e transverso do abdome.
É denominado inserção o ponto em que o tendão fixa os músculos no esqueleto. A inserção
proximal ou origem é a extremidade fixa do músculo que menos se desloca durante a sua
contração; a inserção distal ou inserção, ao contrário da outra extremidade muscular,
proporciona maior deslocamento durante a contração.
d) Quanto à ação, os músculos podem ser: flexor, extensor, adutor, abdutor, rotador,
pronador, supinador, eversor e inversor;
Nas regiões onde há tendência de os tendões dos músculos se afastarem do plano esquelético
durante a contração do ventre, a fáscia muscular é mais fibrosa, menos elástica e, portanto,
menos extensível; diferencia-se em ligamentos perpendiculares à direção dos tendões, o que
resulta na formação de retináculos que funcionam como uma presilha, mantendo os tendões em
posição adequada para favorecer a ação muscular. Exemplo: os retináculos dos músculos
29
flexores e extensores junto às articulações radiocarpal no membro superior e tornozelo
(talocrural) no membro inferior.
As bainhas fibrosas dos tendões são também diferenciações da fáscia. Estas bainhas são de
tecido fibroso denso, fixadas em ambas as margens das falanges, com as quais formam túneis
osteofibrosos por onde passam tendões dos músculos flexores dos dedos nas mãos e nos pés.
Os tendões que atravessam estes túneis osteofibrosos podem atritar com as estruturas vizinhas;
desta maneira, em determinados pontos, para sua proteção, os tendões são envoltos por uma
bainha tendínea sinovial preenchida por líquido sinovial, o que promove o deslizamento do
tendão em relação às estruturas.
A bolsa sinovial, a exemplo da bainha tendínea sinovial, evita o atrito entre as estruturas
vizinhas, porém diferencia-se por estar interposta entre duas estruturas, como uma almofada
líquida. São várias as bolsas sinoviais do corpo; entre elas, as mais importantes clinicamente
são: a bolsa subdeltoídea, que está situada entre o músculo deltoide e a articulação do ombro e
projeta-se entre o tendão do músculo supraespinal e o acrômio, sendo denominada bolsa
subacromial; a bolsa do olécrano que está entre este e a pele; a bolsa patelar que se situa entre a
patela e a pele; a bolsa trocantérica situada entre o trocanter maior e o músculo glúteo máximo;
etc..
2.4 Atividades
1. Explique como os ossos podem ser classificados. Dê exemplos.
31
3. Como são classificadas as articulações? Dê exemplos.
32
Unidade 3
Unidade 3 - Sistema Respiratório
A porção condutora de ar é representada pelas fossas nasais, faringe, laringe, traqueia e a maior
parte da árvore bronquial (brônquios – bronquíolos terminais). A porção respiratória, constituída
pelas porções terminais da árvore bronquial que contém os alvéolos pulmonares, é onde ocorre
efetivamente a troca de gases (=hematose).
Para proteger a estrutura alveolar, a porção condutora é revestida por um epitélio respiratório
que contém glândulas mucosas e serosas e uma rede capilar desenvolvida para desempenhar as
funções de limpeza, umidificação e aquecimento do ar inspirado.
3.1 Nariz
É a parte do sistema respiratório que é saliente na face e situada acima da cavidade da boca;
apresenta o dorso, que se estende da raiz ao ápice do nariz (=ponta). Internamente, o nariz é
dividido por um septo em cavidades nasais direita e esquerda, que se abrem para o meio externo
por meio de duas aberturas, as narinas, que são delimitadas lateralmente pelas asas do nariz.
O esqueleto osteocartilaginoso que dá sustentação à parte externa do nariz é formado pelos
ossos nasais, processos frontais das maxilas, parte nasal do frontal e pelas cartilagens laterais,
cartilagem do septo e cartilagens alares, livres e móveis, que delimitam e controlam (dilatam ou
estreitam) as narinas.
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O septo nasal é formado, posteriormente, pela lâmina perpendicular do etmoide e o vômer,
completado anteriormente pela cartilagem do septo que é móvel e flexível.
Apresentam como limites: teto, assoalho e paredes medial e lateral. O septo nasal constitui sua
parede medial. As paredes laterais são mais irregulares devido à presença de estruturas ósseas
que se projetam para o interior da cavidade. Dentre estas projeções, salientamos as conchas
nasais, que oferecem uma grande área de superfície de contato do ar inspirado com a mucosa
que as reveste. Sob cada concha nasal aparece um espaço, o meato nasal.
A mucosa nasal que reveste o interior das cavidades nasais está firmemente aderida ao periósteo
e ao pericôndrio, exceto na região do vestíbulo do nariz, situado entre a narina e o limiar do
nariz; nesta região, o revestimento é cutâneo, contém um número variável de pêlos espessos
(vibrissas), que filtram as partículas de poeira do ar que penetra na cavidade do nariz.
Os dois terços inferiores da mucosa nasal correspondem à área respiratória, esta é contínua com
o revestimento daquelas cavidades que se comunicam com as cavidades nasais, tais como seios
paranasais, parte nasal da faringe, ducto lacrimonasal e saco lacrimal; por outro lado, o terço
superior apresenta a porção periférica da via olfatória, sendo denominada mucosa olfatória.
Os seios frontais, variáveis quanto ao formato e tamanho, são expansões entre as lâminas
externa e interna da parte escamosa do frontal, que podem se estender entre as lâminas de sua
parte orbital que forma o teto da órbita. Em geral, os seios frontais são observados ao RX por
volta dos 7 anos de idade.
As células etmoidais são pequenas invaginações da mucosa dos meatos nasais médio e superior
para o interior da porção lateral do etmoide, entre a cavidade nasal e a órbita. As células
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etmoidais não são detectáveis no RX antes dos 2 anos de idade, mas podem ser observadas na
TC.
Os seios esfenoidais são expansões de células etmoidais posteriores para o interior do corpo do
esfenoide por volta dos 2 anos de idade.
Os seios maxilares são os maiores, ocupam os corpos das maxilas e drenam para o hiato
semilunar do meato nasal médio.
3.3 Faringe
A faringe estende-se da base do crânio até a margem inferior da cartilagem cricóidea da laringe
anteriormente, e margem inferior da 6ª vértebra cervical posteriormente, onde é contínua com o
esôfago. Sua parede posterior é muscular e plana e sua parede anterior, descontínua, comunica-
se com as cavidades nasais, oral e da laringe, por meio, respectivamente, dos cóanos, do istmo
das fauces e do ádito da laringe.
A parte nasal da faringe, com função respiratória, é extensão posterior das cavidades nasais,
que se estende entre os cóanos até um plano transverso que passa pelo ápice da úvula palatina.
Seu teto e parede posterior estão relacionados, respectivamente, com o corpo do esfenoide e
parte basilar do occipital, em cuja mucosa uma coleção de tecido linfoide se condensa para
formar a tonsila faríngea (denominada de adenoide quando aumentada), que protege esta porta
de entrada do organismo. A extremidade medial da tuba auditiva, que comunica a parte nasal da
faringe com a orelha média para equalizar a pressão nos dois lados da membrana timpânica,
permitindo sua vibração, projeta-se em sua parede lateral e, recoberta pela mucosa, forma o toro
tubário.
A parte oral da faringe estende-se entre dois planos transversos, o superior, que passa junto
ao ápice da úvula palatina e o inferior, que cruza a margem superior da epiglote. As vias aérea e
digestiva se cruzam nesta parte da faringe que é ladeada por duas massas de tecido linfoide, as
tonsilas palatinas, denominadas de amígdalas. A parte laríngea da faringe estende-se entre
dois planos transversos; o superior, que passa pela margem da epiglote e o inferior, que cruza as
margens inferiores da cartilagem cricóidea e do corpo da vértebra CVI. Esta parte da faringe que
é contínua com o esôfago.
35
3.4 Laringe
A laringe apresenta um esqueleto constituído por cartilagens unidas por membranas e
ligamentos e contém as pregas vocais, responsáveis pela produção do som, dando à laringe uma
função fonadora. A laringe está localizada na região anterior do pescoço, anteriormente à parte
laríngea da faringe e no nível dos corpos vertebrais CIII-CVI. A laringe funciona como um
esfíncter ou válvula para proteger a via aérea inferior, principalmente durante a deglutição.
A cartilagem tireóidea, do tipo hialino, é a maior das cartilagens, formada por duas lâminas,
direita e esquerda, que se fundem anteriormente para constituir a proeminência laríngea
(popular “pomo de Adão) que é mais visível no gênero masculino devido ao ângulo mais agudo.
A cartilagem cricóidea, do tipo hialino, tem o formato de “anel de sinete” e é o único anel de
cartilagem completo a circundar a via aérea.
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A cavidade da laringe estende-se entre o adito da laringe e a margem inferior da cartilagem
cricóidea e divide-se em: vestíbulo, ventrículo, glote e cavidade infraglótica.
O vestíbulo da laringe é parte da cavidade da laringe entre o seu adito e o plano transverso que
passa pelas pregas vestibulares e rima do vestíbulo.
As pregas vestibulares, com função de proteção da via aérea, são duas pregas espessas de
mucosa que recobre os ligamentos vestibulares. O espaço entre elas é a rima do vestíbulo.
O ventrículo da laringe é parte média da cavidade que se localiza entre as pregas vestibulares
acima e as pregas vocais abaixo. O ventrículo se estende lateralmente para formar dois recessos
entre as pregas vestibulares e vocais de cada lado. A projeção para cima e profundamente às
pregas vestibulares, na parede lateral da laringe, constitui os sáculos da laringe.
As pregas vocais, com função fonadora, são duas pregas de mucosa que recobrem os
ligamentos vocais e os músculos vocais a eles associados. O espaço entre estas pregas é a rima
da glote.
A glote é a região que compreende as pregas e processos vocais, juntamente com a rima da
glote. É também denominada de aparelho vocal da laringe.
3.5 Traqueia
É um tubo fibrocartilagíneo que se estende, no plano mediano, da laringe (margem inferior da
cartilagem cricóidea) no nível de CVI (parte cervical da traqueia) até o disco intervertebral
entre TIV – TV, no nível de um plano transverso que passa pelo ângulo do esterno (parte
torácica da traqueia), onde termina bifurcando-se nos brônquios principais direito e esquerdo.
Este tubo é formado por 16 – 20 cartilagens traqueais (anéis), do tipo hialino, com formato da
letra “C”, os quais oferecem sustentação e rigidez para evitar o colapso da traqueia. A parte
posterior das cartilagens traqueais é incompleta e preenchida por músculo liso, o músculo
traqueal, que deixa a parede posterior da traqueia plana onde tem relação topográfica com o
esôfago. A elasticidade deste órgão é devida aos ligamentos anulares, ricos em fibras elásticas,
que se posicionam entre as cartilagens traqueais e fornecem a elasticidade necessária para
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alterar o comprimento da traqueia de acordo com o momento respiratório. No ponto de
bifurcação da traqueia, a última cartilagem traqueal forma uma crista mediana, a carina da
traqueia que delimita os óstios de entrada para os brônquios principais direito e esquerdo.
3.6 Pulmões
Os pulmões são órgãos vitais da respiração, possibilitam a oxigenação do sangue venoso por
aproximar o ar inspirado que é transportado por meio da árvore bronquial até os alvéolos
pulmonares que estão em contato com os capilares sanguíneos. Em pessoas vivas e saudáveis,
os pulmões são macios, leves, esponjosos e elásticos e ocupam as cavidades pulmonares. Os
pulmões chegam a se retrair a quase um terço de seu tamanho original quando há exposição da
cavidade torácica. Cada pulmão possui:
Base do pulmão: é a parte inferior do pulmão, representada pela sua superfície côncava
que se apoia sobre a cúpula do músculo diafragma;
O pulmão direito apresenta fissuras oblíqua direita e horizontal que o dividem em três lobos
pulmonares (superior, médio e inferior). A fissura horizontal separa o lobo superior do lobo
médio e a fissura oblíqua direita separa estes lobos do lobo inferior. O pulmão direito é maior e
mais pesado que o homônimo esquerdo, porém é mais curto e mais largo devido,
respectivamente, à maior altura da cúpula diafragmática direita e à presença do coração e
pericárdio à esquerda.
O pulmão esquerdo apresenta uma única fissura oblíqua que o divide em lobos superior e
inferior.
38
3.7 Árvore bronquial
A árvore bronquial inicia-se a partir da bifurcação da traqueia nos brônquios principais direito e
esquerdo. Esta bifurcação está no nível do disco intervertebral entre as quarta e quinta vértebras
torácicas ou na altura do plano transverso do tórax que passa pelo ângulo do esterno.
Cada brônquio principal dirige-se inferior e lateralmente em direção ao hilo do pulmão
correspondente e constitui, juntamente com a artéria e veias pulmonares, nervos e vasos
linfáticos, a raiz do pulmão.
O brônquio principal direito é basicamente uma continuação da traqueia, o que o torna mais
verticalizado; como o pulmão direito, é maior e mais próximo do plano mediano em relação ao
homônimo esquerdo; este brônquio principal apresenta, respectivamente, maior diâmetro e
menor comprimento (cerca de 3 cm). Por outro lado, o brônquio principal esquerdo é mais
horizontalizado, de menor diâmetro e de maior comprimento (cerca de 5 cm).
Cada brônquio principal (primário) divide-se em brônquios lobares (secundários), que suprem
os lobos dos pulmões (lobos superior, médio e inferior à direita e lobos superior e inferior à
esquerda). Cada brônquio lobar divide-se no interior de cada lobo em brônquios segmentares
(terciários), que suprem os segmentos broncopulmonares, que constituem as maiores
subdivisões dos lobos pulmonares. No interior de cada segmento broncopulmonar, o brônquio
segmentar (terciário) divide-se subsequentemente, em 16-20 bronquíolos condutores, que
terminam como bronquíolos terminais, os menores bronquíolos condutores. A parede dos
bronquíolos não possui cartilagem. Cada bronquíolo terminal origina várias ramificações, os
bronquíolos respiratórios que possuem expansões de sua luz, os alvéolos pulmonares. Por
apresentar alvéolos pulmonares, os bronquíolos respiratórios não só transportam ar como
participam da troca gasosa. Cada bronquíolo respiratório dá origem a 2-11 ductos alveolares, e
cada um deles dá origem a 5-6 sacos alveolares, nos quais se abrem grupos de alvéolos
pulmonares.
3.8 Pleura
A pleura é uma membrana serosa formada por mesotélio e uma fina camada de tecido
conjuntivo que contém fibras colágenas e elásticas, que envolve o pulmão. A pleura é dividida
em duas lâminas, a parietal e a visceral. As duas lâminas da pleura delimitam uma cavidade para
cada pulmão, a cavidade pleural, revestida por mesotélio. A cavidade pleural é um espaço
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virtual que contém apenas uma película de líquido pleural que funciona como lubrificante para
facilitar o deslizamento entre as lâminas parietal e visceral. A pleura é dotada de grande
permeabilidade, o que explica a frequência de acúmulo de líquido na cavidade pleural devido à
transudação de plasma através dos capilares em decorrência de processos inflamatórios.
A penetração do ar nas vias aéreas pode ser feita com pressão positiva por meio de aparelhos,
como durante os atos cirúrgicos.
Em nosso organismo, em situação normal, a entrada do ar submetido à pressão atmosférica é
feita através da pressão negativa no interior do tórax, tornando possível a entrada do ar pela
diferença de pressões com o meio ambiente. Para tornar a pressão negativa no interior do tórax,
principalmente na inspiração, a caixa torácica deve ser ampliada em seus três eixos:
longitudinal, sagital e transversal, promovendo assim uma pressão aspirativa.
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Esse movimento é denominado "braço de bomba", pela semelhança com o movimento das
alavancas que puxavam água. É o movimento predominante no sexo feminino (respiração
torácica).
A expiração poderia até dispensar os músculos expiratórios, uma vez que atingido o ápice da
inspiração, o pulmão normalmente tenderia a voltar à sua situação anterior pela sua elasticidade.
3.10 Atividades
1. Quais estruturas anatômicas pertencem ao sistema respiratório?
41
42
Unidade 4
Unidade 4 - Sistema Circulatório
O sistema circulatório é constituído pelo sistema vascular sanguíneo e o sistema linfático.
Coração: órgão muscular e cavitário que funciona como uma bomba de sucção e
ejetora de sangue;
O sistema linfático origina-se nos tecidos por meio de tubos de fundo cego que lembram
“dedos de luva”, os capilares linfáticos. Os capilares linfáticos, adjacentes aos capilares
sanguíneos, se unem para formar os vasos linfáticos pré-coletores que se anastomosam
subsequentemente para constituir vasos de calibre cada vez maior, os vasos linfáticos, troncos
linfáticos e os ductos linfáticos. Estes últimos desembocam em grandes veias situadas no
pescoço e lançam na corrente sanguínea o fluído drenado do espaço intersticial, que ao penetrar
nos capilares linfáticos constitui a denominada “linfa”.
43
nutrição das células dos tecidos envolve o transporte de nutrientes absorvidos
durante o processo de digestão dos alimentos e do oxigênio que se difunde por
meio da membrana alveolocapilar do pulmão.
Por apresentar as funções acima, o sistema circulatório contribui como o sistema nervoso pela
manutenção da constância do meio interno (homeostase) e pela integração funcional do
organismo como um todo.
O sistema de defesa do organismo é eficiente devido à ampla distribuição dos órgãos linfáticos:
timo, baço, linfonodos e nódulos linfáticos; os nódulos linfáticos estão situados na mucosa de
vísceras do sistema digestório (tonsilas, placas de Peyer do íleo e apêndice vermiforme), do
sistema respiratório e do sistema urinário, formando um conjunto denominado MALT (tecido
linfático associado à mucosa) e a constante circulação de células imunocompetentes no sangue,
na linfa e no tecido conjuntivo. São dois os tipos de reposta imunitária: a imunidade celular,
pela qual as células imunocompetentes (principalmente os linfócitos T) reagem e destroem
células que exibem moléculas estranhas em sua superfície; a imunidade humoral, a qual
depende de anticorpos, glicoproteínas circulantes produzidas pelos plasmócitos, células
originadas dos linfócitos B, que neutralizam e destroem células que possuem moléculas
estranhas.
44 o ANP, em baixas doses, reduz a resistência vascular periférica (promove vasodilatação) com
resultante queda da pressão arterial. Há aumento da complacência venosa, reduzindo-se a pré-
carga. Tem efeito direto sobre os rins, produzindo intensa diurese, suprimindo também o
sistema renina-angiotensina-aldosterona. Controla a homeostase hidrossalina atuando na defesa
contra a retenção de água e sódio pelo organismo. O BNP tem ações similares às do ANP. Na
insuficiência cardíaca, observa-se elevados níveis de ANP e BNP, guardando estreita relação
com o grau de disfunção sistólica do ventrículo esquerdo e com a classe funcional. Diversos
estudos documentaram o papel dos peptídeos natriuréticos na prevenção do desenvolvimento da
hipertensão arterial. Esta ação pode ser explicada em parte pela habilidade desses hormônios em
se contrapor à sobrecarga salina, pela natriurese, vasodilatação e inibição do eixo renina-
angiotensina-aldosterona.
4.1 Coração
O coração, situado no mediastino médio entre as regiões pleuropulmonares direita e esquerda, é
um órgão muscular, com quatro câmaras em seu interior; funciona como uma bomba aspirante
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que suga o sangue das veias para o interior dos átrios e uma bomba ejetora que bombeia o
sangue dos ventrículos para o interior das artérias. A capacidade aspirativa dos átrios está
relacionada com o aumento de sua cavidade devido ao relaxamento do miocárdio atrial,
diástole; por outro lado, a contração do miocárdio ventricular promove uma diminuição da
cavidade dos ventrículos, aumentando a pressão que impulsiona o sangue para o interior das
artérias, sístole.
O miocárdio é constituído por fibras musculares estriadas cardíacas que forma uma camada
intermediária espessa e helicoidal. Por apresentar independência funcional, o miocárdio atrial é
independente do miocárdio ventricular, ou seja, entre as paredes miocárdicas dos átrios e
ventrículos existe um esqueleto fibroso que serve como meio de fixação para a maioria de suas
fibras musculares estriadas cardíacas.
O endocárdio, revestimento interno das cavidades cardíacas e de suas valvas, é constituído por
endotélio e tecido conjuntivo subendotelial.
O esqueleto fibroso do coração é constituído por tecido conjuntivo fibroso denso rico em
colágeno que circunda os óstios valvares para constituir os quatros anéis fibrosos (direito,
esquerdo, da valva do tronco pulmonar e da valva da aorta), dois trígonos fibrosos (direito e
esquerdo) que se interpõem aos anéis fibrosos, o tendão do infundíbulo que é contínuo entre os
anéis fibrosos da valva da aorta e da valva do tronco pulmonar e as partes membranáceas dos
septos interatrial e interventricular.
O esqueleto fibroso do coração por meio dos anéis fibrosos mantém os óstios das valvas
atrioventriculares e arteriais permeáveis e impedem uma distensão excessiva desses. É local de
fixação das válvulas que formam as valvas cardíacas e da maioria das fibras miocárdicas atriais
e ventriculares e constitui um isolante elétrico na passagem do estímulo entre miocárdio atrial e
ventricular, de forma que estas câmaras funcionem independentemente.
46
4.1.1 Configuração externa
O coração tem a forma de uma pirâmide truncada ou cone com uma base voltada para cima,
para trás e para a direita, e um ápice voltado para baixo, para frente e para a esquerda; ou seja, o
maior eixo cardíaco possui uma tríplice obliquidade.
O septo interventricular separa os ventrículos direito e esquerdo. Este septo apresenta duas
porções: a membranácea, que é superior, pequena e fina, e a muscular, que é inferior e espessa.
O interior do ventrículo direito é parcialmente dividido em duas partes, a via de entrada e a via
de saída.
A via de saída ou cone arterial tem paredes lisas e se dirige superiormente em direção ao
tronco pulmonar. O cone arterial é parte do bulbo cardíaco que foi incorporado ao ventrículo
direito e dá suporte para a valva do tronco pulmonar.
48
válvula semilunar; o nódulo é a formação endurecida no centro da lúnula que completa a
oclusão da valva durante a diástole ventricular.
A via de entrada possui elevações musculares em sua parede, as trabéculas cárneas, e recebe o
sangue venoso que vem do átrio direito, por meio do óstio atrioventricular.
As cordas tendíneas são mais espessas, pois suportam uma pressão maior durante a sístole
ventricular e mantêm o mesmo padrão de fixação das homônimas direitas.
Os dois músculos papilares são mais desenvolvidos quando comparados aos do ventrículo
direito e são denominados de músculo papilar anterior, aquele cuja base encontra-se em
continuidade com a parede anterolateral do ventrículo esquerdo, afastado do septo
interventricular e músculo papilar posterior, que se encontra fixo à parede posterior do
ventrículo esquerdo, próximo ao septo interventricular.
A valva da aorta consiste de três válvulas semilunares (posterior, direita e esquerda) que se
encontram entre o vestíbulo da aorta e a origem da aorta. As válvulas semilunares da valva da
aorta, devido à pressão arterial, são mais espessas e resistentes quando comparadas às válvulas
semilunares da valva do tronco pulmonar. As lúnulas são mais evidentes e os nódulos mais
espessos e salientes. Os seios da aorta são espaços (como pequenos “bolsos”) entre a parede
dilatada da parte ascendente da aorta e cada válvula semilunar.
49
4.1.3 Complexo estimulante do coração
É o conjunto de estruturas responsáveis pela origem e pela condução do estímulo necessário
para o desempenho da função cardíaca.
Ramo Direito do Feixe Atrioventricular: possui trajeto descendente na parte direita da porção
muscular do septo interventricular.
Drenagem cava superior: o território de drenagem da veia cava superior inclui: cabeça,
pescoço, membro superior, paredes torácica e abdominal.
Drenagem veia cava inferior: o território de drenagem da veia cava inferior inclui: membros
inferiores, cavidade pélvica e parede e cavidade abdominais.
d) viscosidade do sangue;
Contudo, tanto a pressão quanto a vazão no sistema venoso estão sujeitas a variações, sendo
afetadas pelos fatores que serão tratados a seguir.
51
decresce, chegando entre 15 a 20 mm/Hg. Então a vis a tergo está representada pela pressão
residual que chegou pelos capilares arteriais e continua-se nos capilares venosos (5mm/Hg).
4.4.1.2 Válvulas
São pregas da camada interna ou íntima das veias e em geral são em número de duas
cúspides; ocasionalmente, o conjunto valvar está constituído por três válvulas e às vezes
apenas uma válvula. As margens livres das válvulas estão dirigidas para o coração e
desta forma direcionam a corrente sanguínea e impedem seu refluxo, principalmente nos
membros inferiores, compensando em parte a ação desfavorável da gravidade.
Quanto à localização, as válvulas podem ser: Parietais, quando situadas ao longo das
veias, principalmente dos membros superiores e inferiores e Ostiais, quando situadas na
desembocadura de veias tributárias, como, por exemplo, na croça da veia safena magna
ao desembocar na veia femoral. As válvulas são mais numerosas nas veias dos membros
superiores e inferiores. Estão ausentes na maioria das veias do tronco, incluindo as dos sistemas
porta-hepático e vertebral e, em geral, nas veias próximas do coração, como: veias cavas
inferior e superior, ázigos, braquiocefálicas, subclávias e jugulares internas e externas.
52
que nas veias perfurantes diretas as válvulas estão presentes na junção com a veia profunda e
nas proximidades de sua origem na veia superficial.
4.4.1.7 Gravidade
O efeito da gravidade cria uma pressão hidrostática que favorece a progressão do sangue nas
veias situadas acima do coração, ou seja, em grande parte do território de drenagem da veia cava
superior.
53
4.4.1.8 Musculatura lisa das veias
Sabemos que de uma maneira geral as veias têm sua túnica média delgada, contendo menos
tecido muscular liso, assim como tecido elástico. Com a posição ereta e à medida que vão
surgindo solicitações de ordem mecânica, hidrostática, principalmente nos membros inferiores,
as veias vão adquirindo características próprias. Em certos distritos, graças ao mesênquima
existente em potencial, como uma reserva indefinida, certas veias apresentam uma musculatura
lisa considerável, que lhes dá uma capacidade contrátil. Como exemplo, citaremos a veia
femoral no trígono femoral, que tem uma arquitetura diferente daquela apresentada na sua
porção intermuscular (Canal dos adutores).
Funções:
Constituição:
Ducto torácico: Formação: na cisterna do quilo, que é uma dilatação linfática situada
anteriormente e à direita da segunda vértebra lombar, formada pela reunião dos
seguintes troncos linfáticos: lombares direito e esquerdo e Intestinal. Terminação: A
ampola do ducto torácico desemboca na junção das veias jugular interna e subclávia
esquerdas. Drenagem: O ducto torácico drena as regiões do corpo abaixo do músculo
diafragma (membros inferiores, pelve e cavidade abdominal) e metades esquerdas da
cabeça, pescoço (tronco jugular esquerdo), tórax (tronco broncomediastinal esquerdo) e
membro superior esquerdo (tronco subclávio esquerdo).
Ducto linfático: Formação: Ocorre no lado direito da base do pescoço pela reunião dos
seguintes troncos: jugular, subclávio e broncomediastinal direitos. Terminação:
Desemboca na junção das veias jugular interna e subclávia direitas. Drenagem: Lado
direito do tórax (tronco broncomediastinal), da cabeça e pescoço (tronco jugular direito)
e membro superior direito (tronco subclávio direito).
55
b) Conteúdo
O líquido que circula no interior dos condutos linfáticos é a linfa que procede do líquido
intersticial assimilado pelos capilares linfáticos. É de cor levemente amarelada, transparente, faz
exceção a linfa intestinal que é branca e leitosa pelo teor em gorduras, denominada quilo. A
composição química da linfa é semelhante à do sangue, mas os elementos celulares são
diferentes, pela quantidade insignificante de hemácias e pelo número maior de linfócitos.
c) Órgãos linfóides
Completando o sistema linfático, temos estruturas macroscópicas que se intercalam aos vasos
linfáticos, são os linfonodos, ou estão anexas, como baço, timo, tonsilas e a medula óssea.
Timo: órgão linfóide situado no mediastino superior e anterior, anteriormente aos grandes
vasos do coração, traqueia e pericárdio (em sua porção mais alta). Muito desenvolvido no
recém-nascido até a puberdade (cerca de 30g), diminui de crescimento com a idade, reduzindo-
se a uma pequena massa vestigial a partir da puberdade. É constituído por dois lobos (direito e
esquerdo).
4.6 Atividades
1. Descreva a circulação pulmonar e a circulação sistêmica.
57
58
Unidade 5
Unidade 5 - Sistema Digestório
Os animais unicelulares, como a ameba, não tinham necessidade de um sistema digestório, pois
se encontravam em contato direto com o meio externo. Durante a evolução, as células foram se
tornando profundas e perderam o contato com o meio ambiente. A partir de então, tornou-se
necessário o desenvolvimento de um sistema que tivesse a capacidade de apreensão dos
alimentos, digestão, absorção e eliminação dos resíduos.
Na sequência dos processos fisiológicos, temos a apreensão dos alimentos. Esta envolve
estruturas como lábios, dentes e língua – a salivação cuja secreção, a saliva, é lançada pelas
glândulas salivares que abrem seus ductos no interior da cavidade oral; a mastigação, um
processo que engloba a ação dos dentes, dos músculos da mastigação e dos movimentos da
língua; a deglutição, dividida em etapas voluntária, reflexa e involuntária, que envolve a língua,
os músculos do palato mole, a faringe e o esôfago; a digestão, que é o processo de quebra dos
alimentos, ocorre na cavidade oral e principalmente no estômago e duodeno; a absorção de
nutrientes que envolve o jejuno-íleo e o intestino grosso e a eliminação dos resíduos que é
compactado e eliminado pelo intestino grosso que se abre para o meio externo.
A descrição dos órgãos que compõem o sistema digestório seguirá a sequência dos processos
fisiológicos aqui colocada.
59
5.1 Cavidade oral
A cavidade oral é dividida em vestíbulo da boca, que é o espaço entre as bochechas
lateralmente e lábios anteriormente e os dentes e gengivas mais profundamente; e cavidade
própria da boca, aloja a língua, situada internamente aos arcos dentais superior e inferior e os
dentes que eles sustentam. As funções da cavidade oral envolvem a apreensão dos alimentos, o
processo mecânico da mastigação, a salivação que lubrifica o alimento com as secreções
salivares e mucosas, a digestão limitada aos carboidratos por ação da enzima salivar, a ptialina e
a etapa voluntária da deglutição.
O teto da cavidade oral é formado pelo palato que constitui o assoalho das cavidades nasais e
parte nasal da faringe. O palato é recoberto por mucosa oral e possui duas regiões: o palato
duro, anterior, e o palato mole, posterior.
Posteriormente, a cavidade oral comunica-se com a parte oral da faringe por meio do Istmo das
fauces. O soalho da cavidade oral é formado, principalmente, pelo músculo milohióideo.
Este músculo constitui o denominado “diafragma oral” e, além de atuar sobre a mandíbula
quando o osso hioide está fixo, tensiona e eleva o soalho da cavidade oral, diminuíndo o espaço
entre este e o teto, para auxiliar a etapa voluntária da deglutição.
5.2 Dentes
Os dentes estão inseridos nos alvéolos dentais das maxilas, arcada dental superior ou maxilar, e
da mandíbula, arcada dental inferior ou mandibular. Esta inserção é uma articulação fibrosa do
tipo gonfose. As crianças têm 20 dentes decíduos e os adultos apresentam, geralmente, 32
dentes permanentes, que são identificados de acordo com suas características em: incisivos,
margens cortantes finas; caninos, cônicos e proeminentes; pré-molares, com duas cúspides e
molares, com três, quatro ou cinco cúspides. As funções dos dentes envolvem o ato de cortar,
reduzir e misturar o alimento à saliva durante a mastigação e participar da articulação da fala.
5.3 Língua
É o órgão muscular e móvel que ocupa a cavidade oral e a parte oral da faringe, e pode assumir
vários formatos e posição. A língua está envolvida com a apreensão de alimentos, a mastigação,
60
a parte voluntária da deglutição ao conduzir o alimento para a parte oral da faringe, a articulação
da fala, a gustação e a limpeza da cavidade oral. Das partes da língua, a raiz é porção mais
posterior e fixa, voltada para a parte oral da faringe, o corpo, entre a raiz a o ápice, constitui os
dois terços anteriores e o ápice é a extremidade anterior do corpo que se apoia nos dentes
incisivos. A mucosa da parte posterior do dorso da língua apresenta nódulos linfáticos que
formam as tonsilas linguais e a parte anterior é dividida em metades direita e esquerda por
meio do sulco mediano da língua. A túnica mucosa desta região é áspera por apresentar
elevações que assumem formas e funções diferentes, as papilas linguais, são elas:
papilas folhadas: são pequenas pregas situadas nas margens laterais da língua;
papilas filiformes: são cônicas e alongadas e de maior quantidade. Ocupam todo o dorso da
língua e não apresentam corpúsculos gustativos;
61
o alimento durante a mastigação, inicia a digestão do amido e é importante na prevenção de
cáries dentais e no paladar. As glândulas parótidas são as maiores glândulas salivares,
localizadas lateralmente na face, posterior aos ramos da mandíbula e anterior e abaixo ao
pavilhão da orelha, sua margem anterior avança sobre o músculo masseter de onde parte o
ducto parotídeo que, após atravessar o músculo bucinador, esvazia seu conteúdo no vestíbulo
da boca, na altura do 2º dente molar superior. As glândulas submandibulares estão situadas
junto ao soalho da cavidade oral e seus ductos submandibulares abrem-se por meio de 1-3
orifícios sobre uma papila sublingual de cada lado do frênulo da língua. As glândulas
sublinguais são menores e profundas, estão situadas de cada lado no soalho da cavidade oral. A
túnica mucosa do soalho da cavidade oral recobre estas glândulas o que constitui as pregas
sublinguais, onde se abrem os numerosos ductos glandulares.
5.5 Faringe
Por servir de passagem ao ar e ao alimento, as partes da faringe foram descritas no capítulo de
sistema respiratório. Abordaremos aqui a descrição de sua musculatura e sua relação com a
etapa reflexa da deglutição.
5.6 Esôfago
A partir do esôfago, o tubo digestivo assume uma conformação tubular e de parede contínua. O
esôfago é muscular, oco e conduz o alimento da parte laríngea da faringe ao estômago. Este
órgão possui cerca de 25 cm de comprimento, inicia-se a partir da margem inferior da
62
cartilagem cricóidea, anteriormente, e sexta vértebra cervical (CVI), posteriormente, e termina
abrindo-se no estômago, no nível da décima primeira vértebra torácica (TXI). O esôfago é
dividido em partes cervical, torácica e abdominal.
5.7 Estômago
O estômago constitui a porção sacular e expandida do trato digestório que se interpõe ao
esôfago e duodeno. O estômago é especializado no acúmulo de alimento e no seu preparo
(químico e mecânico) para a digestão e condução para o duodeno. As dimensões e o formato do
estômago são variáveis de um indivíduo para o outro e depende do momento fisiológico. O
formato em “J” do estômago apresenta uma curvatura menor, que está voltada para o fígado, e
uma curvatura maior, voltada para o baço e colo transverso do intestino grosso. As duas
paredes, anterior e posterior, são ligeiramente abauladas. O estômago é dividido em quatro
partes:
parte pilórica: é a parte mais inferior e afunilada do estômago. Sua parte mais
larga, o antro pilórico, é continuidade do corpo gástrico e se continua por uma
porção estreitada, o canal pilórico, que se abre por meio do óstio pilórico, na
primeira porção do duodeno. Ao redor deste óstio, a camada muscular circular se
63
espessa para constituir um mecanismo estinctérico, o piloro, que controla a
passagem do quimo para o duodeno. A incisura angular na parte inferior da
curvatura menor indica a junção do corpo gástrico e a parte pilórica.
O jejuno, com cerca de 2,5 metros, é onde ocorre a maior parte da digestão química e absorção.
O íleo é a terceira e última porção do intestino delgado, continuidade do jejuno e, como este, é
peritonizado e fixo à parede posterior do abdome. O íleo mede cerca de 3,5 m de comprimento.
A porção terminal do íleo (íleo terminal) projeta-se para o interior do ceco para constituir a
papila ileal. A absorção no interior do íleo diminui à medida que se aproxima de sua parte
terminal.
64
5.9 Intestino grosso
O intestino grosso situa-se abaixo do fígado e do estômago e contorna o jejuno-íleo como a
moldura de um quadro ou em ferradura. Inicia-se no ceco e termina no ânus, a abertura externa
do canal anal. O intestino grosso possui comprimento médio de 1,5 m subdividido em quatro
partes: o ceco, colo, reto e canal anal.
O ceco é uma bolsa expandida em fundo cego onde se abre o íleo terminal. O ceco peritonizado
possui em sua parede posteromedial conexão com o apêndice vermiforme, que é oco, delgado
e mede cerca de 9 cm de comprimento. A posição e o tamanho do apêndice vermiforme são
variáveis. Sua túnica mucosa apresenta abundantes nódulos linfáticos e sua inflamação gera
sintomas da apendicite.
O colo é a maior parte do intestino grosso e apresenta maior diâmetro e parede mais delgada
comparada à do intestino delgado. A parede do colo forma bolsas, as saculações do colo, que
permitem distensão e alongamento. Internamente, a túnica mucosa do colo apresenta pregas
semilunares do colo entre as saculações. As tênias do colo são três faixas longitudinais de
musculatura lisa que se estendem ao longo do colo, profundamente à túnica serosa (peritônio
visceral). Os apêndices omentais do colo são como gotas de gordura presentes na serosa do
colo. O colo é subdividido em: ascendente, transverso, descendente e sigmoide.
O colo ascendente é continuidade do ceco, possui trajeto ascendente junto à parede posterior do
abdome até a região da face visceral do fígado, onde se curva para frente, a flexura direita do
colo, que marca o início do colo transverso.
O colo transverso cruza a cavidade abdominal da direita para a esquerda, seu comprimento é
variável o que determina diferentes formas de posicionamento. Na proximidade do baço, o colo
transverso curva-se inferiormente, a flexura esquerda do colo.
O colo descendente que se inicia a partir da flexura esquerda do colo desce junto à parede
posterior do abdome até a entrada da fossa ilíaca esquerda, onde é contínuo com o colo
sigmoide.
O canal anal dirige-se posterior e inferiormente e abre-se para o exterior por meio do ânus. A
mucosa do canal anal contém colunas anais, onde se encontra o plexo venoso hemorroidário.
As extremidades distais das colunas anais se unem para formar as válvulas anais. A camada
muscular da túnica muscular da parede do canal anal se espessa para constituir o músculo
esfíncter interno do ânus, de controle involuntário. Fibras musculares estriadas esqueléticas
circundam o canal anal e constituem o músculo esfíncter externo do ânus que obedece ao
controle voluntário.
5.10.1 Fígado
É o maior órgão do organismo e um dos mais versáteis do corpo; com 1,5 kg de peso, o fígado
localiza-se nas regiões do hipocôndrio direito e epigástrio. As funções hepáticas podem ser
classificadas em três categorias: regulação metabólica, regulação hematológica e síntese e
secreção de bile.
A face diafragmática, lisa, convexa e voltada para cúpula diafragmática direita é dividida em
lobo direito, maior, e lobo esquerdo, menor. A face visceral, irregular, possui impressões
devido às relações topográficas com as vísceras vizinhas, estômago, duodeno, rim direito, colo
do intestino grosso, vesícula biliar e veia cava inferior. Observa-se nesta face, além dos lobos
direito e esquerdo, os lobos caudado e quadrado. No campo da cirurgia hepática, essa descrição
e os limites anatômicos dos lobos hepáticos não atendem às necessidades, desta maneira, o
fígado passou a ser dividido em segmentos hepáticos (cirurgicamente ressecáveis) baseados nas
divisões da artéria hepática própria, veia porta do fígado e ductos hepáticos. No centro da face
visceral, uma abertura, a porta do fígado ou hilo do fígado, dá passagem à artéria hepática
66 própria e seus ramos hepáticos direito e esquerdo, veia porta do fígado, ductos hepáticos direito
e esquerdo, vasos linfáticos e nervos, que no conjunto constituem o denominado pedículo
hepático.
A bile, sintetizada pelas células hepáticas, é constituída essencialmente por água com
quantidade variável de íons que contribuem para a diluição e tamponamento de ácidos do
quimo, bilirrubina (pigmento derivado da hemoglobina) e sais biliares (variedade de lipídeos)
que se associam aos lipídeos no quimo para viabilizar a ação enzimática e quebra em ácidos
graxos. A bile é secretada nos canalículos bilíferos, que, após trajeto intra-hepático, desemboca
nos ductos hepáticos direito e esquerdo, os quais ao emergir pela porta do fígado, unem-se
para formar o ducto hepático comum. Este ducto, após curto trajeto, une-se ao ducto cístico,
oriundo da vesícula biliar, para formar o ducto colédoco, que ao penetrar na cabeça do pâncreas
funde-se com o ducto pancreático principal e constitui a ampola hepatopancreática que se
abre na papila maior do duodeno. O músculo esfíncter da ampola hepatopancreática controla
a entrada de bile no duodeno.
5.10.3 Pâncreas
O pâncreas é uma glândula com cerca de 15 cm de comprimento, que se estende entre o
duodeno e o baço, posteriormente ao estômago. A cabeça do pâncreas, sua parte mais larga,
aloja-se na curvatura em “C” do duodeno. O corpo do pâncreas, delgado e longo, inclina-se
para cima e para a esquerda em direção ao baço, onde termina em uma extremidade romba, a
cauda do pâncreas.
67
O pâncreas possui função endócrina (os hormônios insulina e glucagon) e função exócrina
(síntese de enzimas digestivas e solução-tampão). O ducto pancreático principal conduz as
secreções digestivas ao duodeno.
5.11 Atividades
1. Denomine os órgãos que pertencem ao sistema digestório.
68
Unidade 6
Unidade 6 - Sistema Urinário
6.1 Rins
São órgãos pares, retroperitoneais, situados junto à parede posterior do abdome, à direita e à
esquerda da coluna vertebral. O rim direito ocupa posição mais baixa devido à relação com o
fígado, estando cerca de 1-2 cm acima da crista ilíaca direita, enquanto o rim esquerdo situa-se
cerca de 4 cm acima. Os rins apresentam dois polos, superior e inferior, duas margens, lateral e
medial e duas faces anterior e posterior.
O maior eixo renal, com cerca de 10 cm, oblíquo, une os polos de tal forma que o polo superior
está mais próximo da coluna vertebral e é recoberto pela glândula suprarrenal. A maior largura
com cerca de 5 cm está entre as margens lateral, convexa, e medial, côncava e voltada para a
coluna vertebral com uma chanfradura no centro, o hilo renal, que dá acesso a uma cavidade no
interior do rim, o seio renal. A espessura de cerca de 2,5 cm está entre as faces posterior, mais
plana e assentada sobre a parede posterior do abdome e, a anterior, mais abaulada e voltada para
as vísceras abdominais.
As estruturas que no conjunto entram e saem dos rins pelo seu hilo renal são denominadas de
pedículo renal e as principais estão assim distribuídas: a veia renal, anterior, a artéria renal
ocupa posição intermédia e a pelve renal – ureter, posterior.
69
O parênquima renal, situado abaixo da cápsula renal, circunda o seio renal e possui de 7 a 14
estruturas cônicas que no conjunto formam a medula renal, as pirâmides renais, cuja base está
voltada perifericamente para a superfície do rim e o ápice, a papila renal, projeta-se para o
interior do cálice menor, situado no seio renal. O córtex renal situa-se entre as bases das
pirâmides e a superfície renal e estende-se entre as pirâmides renais para constituir as colunas
renais. Os néfrons (cerca de 1 milhão em cada rim), as unidades morfofuncionias dos rins, estão
localizados no parênquima renal. Centenas de néfrons desembocam em um ducto coletor que se
une a outros para se abrir na papila renal que se projeta no interior de um cálice menor. O
número de cálices menores depende do número de pirâmides renais (7-14), e a união destes
constitui 2-4 cálices maiores que se juntam para formar a pelve renal; esta possui tamanho
variável e afunila-se em continuidade com o ureter.
A irrigação do rim é determinada pela artéria renal que se origina da parte abdominal da aorta e
a drenagem é realizada pela veia renal que desemboca na veia cava inferior.
6.2 Ureteres
Órgãos pares, retroperitoniais, que conectam a pelve renal à bexiga urinária. Pelo
desenvolvimento, podemos considerar a pelve renal como dilatação do ureter. O ureter possui
trajeto descendente, junto à parede posterior do abdome, até desembocar no interior da cavidade
da bexiga urinária (parte pélvica do ureter). Ao longo do seu trajeto, o ureter apresenta três
estreitamentos que são considerados locais de possível obstrução por cálculos renais, a saber: no
ponto de transição pelve renal – ureter (transição pielouretérica); no local onde o ureter cruza
sobre os vasos ilíacos externos, ou seja, no ponto entre as partes abdominal e pélvica do ureter;
na sua parte intramural, ou seja, onde atravessa obliquamente a parede vesical. Esta parte
intramural abre-se na cavidade vesical por meio de um óstio em fenda o que dificulta o refluxo
urinário.
70
plenitude ou dos órgãos vizinhos. Em indivíduos adultos, quando vazia, a bexiga encontra-se na
cavidade pélvica, assentada sobre o soalho pélvico e posterior e acima das partes púbicas do
osso do quadril; quando repleta, assume uma posição mais alta, posterior à parede anterior do
abdome. Em recém-nascidos a bexiga urinária encontra-se no abdome mesmo quando vazia;
passa a ocupar a pelve maior ao redor dos seis anos; desce para a cavidade pélvica já no início
da idade adulta.
A morfologia vesical é estudada levando-se em consideração seu estado vazio, e desta maneira
possui formato tetraédrico; podemos identificar as seguintes partes: ápice, corpo, fundo e colo e,
em cadáveres, as faces superior, posterior e inferolaterais.
A parede vesical apresenta espessura variável e é constituída pelas seguintes camadas: mucosa
que é pregueada, exceto na região do trígono vesical onde é lisa e aderida à camada muscular;
submucosa que está ausente na região do trígono vesical; muscular que é formada por fibras
musculares lisas em direções diversas, o músculo detrusor da bexiga e a serosa ou fibrosa se o
revestimento for, respectivamente, peritoneal ou tecido conjuntivo frouxo, a fáscia vesical.
Os óstios dos ureteres e a prega inter-uretérica entre eles contribuem para formar a base de um
triângulo, o trígono vesical, que é completado pelo óstio interno da uretra. Do óstio interno da
uretra para a base do trígono, encontramos uma elevação mediana, mais desenvolvida em
homens idosos, a úvula da bexiga.
6.4 Uretra
É o canal que conduz a urina desde a bexiga urinária até o meio externo e pode ser, de acordo
com o gênero, referida como masculina ou feminina.
A uretra feminina, com função urinária, é curta, cerca de 4 cm, retilínea e atravessa os
diafragmas pélvico e urogenital. Em todo seu trajeto relaciona-se com a parede anterior da
vagina, com a qual está unida por tecido conjuntivo frouxo e abre-se por meio de um óstio
externo, no vestíbulo da vagina.
A uretra masculina, comparada à uretra feminina, possui função urinária e genital; é longa
com curvaturas e possui diâmetros variáveis ao longo de seu trajeto. Com seus 12 a 16 cm de
comprimento, a uretra masculina pode ser dividida em partes intramural, prostática,
membranácea e peniana ou esponjosa. A parte intramural é curta, atravessa a parede da
71
bexiga e é contínua com a parte prostática, que está inclusa na próstata. A parte
membranácea constitui uma das partes mais estreitadas da uretra masculina, atravessa os
diafragmas pélvico e urogenital. A parte peniana ou esponjosa da uretra é a porção mais longa
e por atravessar o corpo esponjoso do pênis segue a sua morfologia; desta forma, possui uma
dilatação ao passar pelo interior do bulbo do pênis, a fossa bulbar, e outra, quando atravessa a
glande do pênis, a fossa navicular.
6.5 Atividades
1. Quais órgãos fazem parte do sistema urinário?
72
Unidade 7
Unidade 7 - Sistema Genital
7.1.1 Testículo
São órgãos pares, de forma ovoide, apresentam dois polos, superior e inferior, duas faces, lateral
e medial e duas margens, anterior e posterior.
O testículo é revestido por uma túnica fibrosa, a túnica albugínea, que envia septos para o seu
interior, separando-o em 250-400 lóbulos testiculares. No interior de cada lóbulo testicular
encontram-se 1 a 4 túbulos seminíferos contorcidos, em cuja parede ocorre a espermatogênese.
À medida que se dirigem para o ápice do lóbulo, os túbulos seminíferos perdem a tortuosidade e
tornam-se retos, os túbulos seminíferos retos, que deixam os lóbulos e penetram no mediastino
do testículo e se anastomosam entre si para constituir uma rede de túbulos, a rede testicular.
Desta rede, partem 12 a 16 dúctulos eferentes que deixam o testículo e penetram na cabeça do
epidídimo, que está acoplado ao polo superior do testículo.
7.1.2 Epidídimo
O epidídimo, com cerca de 5 cm de comprimento, encontra-se acoplado ao polo superior
(cabeça do epidídimo), margem posterior (corpo do epidídimo) e polo inferior do testículo
(cauda do epidídimo). Os dúctulos eferentes ao penetrarem na cabeça do epidídimo
desembocam em um ducto de maior calibre e tortuoso, o ducto do epidídimo, que possui cerca
de 6 cm de comprimento. No interior do ducto do epidídimo, o espermatozóide atinge a
maturação e a mucosa do ducto produz uma substância que auxilia na mobilidade desses em
sentido do ducto deferente e ducto ejaculatório. A partir da cauda do epidídimo, o ducto do
epidídimo perde a tortuosidade e continua-se como ducto deferente.
73
7.1.3 Ducto deferente
Com cerca de 25 cm de comprimento, o ducto deferente é continuidade do ducto do epidídimo,
possui um trajeto ascendente no interior do escroto e ganha o funículo espermático, onde possui
situação posterior, atravessa o canal inguinal e na altura do anel inguinal profundo o ducto
deferente deixa o funículo espermático, penetra na cavidade pélvica e, posteriormente à bexiga,
une-se com o ducto da glândula seminal para constituir o ducto ejaculatório.
A próstata é a maior das glândulas anexas; a parte glandular constitui dois terços do seu
volume e o outro terço é fibromuscular. As glândulas prostáticas abrem-se na parte prostática
da uretra e secretam uma substância leitosa e fina que constitui cerca de 20% do volume do
líquido seminal.
74
durante o ato sexual.
7.1.6 Escroto ou bolsa testicular
O escroto é dotado de dois compartimentos, direito e esquerdo, sendo que o esquerdo possui
posicionamento mais inferior comparado ao direito e aloja os testículos, epidídimos e parte dos
ductos deferentes. O escroto é formado por duas camadas, uma externa, a cútis ou pele e outra
interna, a túnica dartos, que é formada pela tela subcutânea que é desprovida de gordura e
dotada de músculo dartos, musculatura lisa de controle involuntário, responsável pela
manutenção da temperatura no escroto.
7.1.7 Pênis
É o órgão de cópula masculino. O pênis é constituído pela raiz, corpo e glande. A raiz do pênis,
considerada a parte fixa, possui dois ramos, direito e esquerdo e o bulbo do pênis.
A raiz do pênis situa-se no espaço superficial do períneo, onde os dois ramos encontram-se
fixos nos ramos isquiopúbicos dos ossos do quadril e são revestidos pelos músculos
isquiocavernosos. A partir da margem inferior da sínfise púbica, os ramos direito e esquerdo são
contínuos com os corpos cavernosos; por outro lado, o bulbo do pênis é a porção mediana e
dilatada da raiz do pênis, recoberta pelos músculos bulboesponjosos e contínua com o corpo
esponjoso.
O corpo do pênis é a sua parte livre, pedunculado quando flácido e constituído por três colunas
cilíndricas de tecido erétil, os corpos cavernosos e o corpo esponjoso. Os corpos cavernosos se
estendem a partir dos ramos direito e esquerdo até a glande e constituem o dorso do pênis; são
paralelos e separados por um septo além de serem envolvidos por uma bainha resistente de
tecido conjuntivo denso, a túnica albugínea. As artérias profundas do pênis penetram,
respectivamente, nos ramos direito e esquerdo e continuam no centro dos corpos cavernosos, de
onde emitem ramos, as artérias helicinas, que se capilarizam para o interior das cavidades do
tecido erétil. O corpo esponjoso é contínuo ao bulbo do pênis e envolve a parte esponjosa da
uretra; percorre o sulco entre os corpos cavernosos para dilatar-se em sua extremidade distal e
constituir a glande do pênis que envolve as extremidades dos corpos cavernosos. A artéria do
bulbo do pênis irriga desde o bulbo até o corpo esponjoso, além da parte esponjosa da uretra.
A glande do pênis é proeminente no seu limite com o corpo do pênis, a coroa da glande, e
determina a formação de um sulco que circunda esta região, o colo da glande. Ao atravessar a
glande do pênis, a uretra peniana dilata-se e forma a fossa navicular e se estreita novamente para
se abrir por meio do óstio externo da uretra. Esta região é irrigada pelas artérias dorsais do
pênis.
75
A pele que recobre o pênis é normalmente mais pigmentada e é desprovida de pêlos. O tecido
conjuntivo frouxo subjacente permite a movimentação da pele sem que haja distorção de
estruturas profundas. Uma prega de pele, o prepúcio, recobre a glande do pênis e se fixa no
colo da glande. As glândulas do prepúcio estão localizadas na superfície interna do prepúcio e
junto ao colo da glande produzem uma secreção denominada esmegma, que pode ser uma fonte
de nutrição de bactérias. A tela subcutânea (fáscia superficial do pênis) com pouco tecido
adiposo é contínua com a túnica dartos do escroto e a fáscia superficial do períneo. A fáscia
profunda do pênis, situada profundamente à tela subcutânea, envolve os corpos cavernosos e
esponjoso e lhes dá contensão.
O tecido erétil que compõe os corpos cavernosos e esponjoso tem grande quantidade de espaços
vasculares separados por trabéculas de fibras conjuntivas e musculatura lisa, onde se abrem os
capilares das artérias helicinas. A ereção do pênis é um processo hemodinâmico controlado pelo
sistema nervoso autônomo. Quando flácido, o fluxo sanguíneo é pequeno e mantido por
impulsos da inervação simpática que promovem vasoconstrição e contração da musculatura lisa
do tecido erétil que diminui os espaços vasculares. Por outro lado, os impulsos vasodilatadores
da inervação parassimpática associados à inibição dos impulsos vasoconstritores simpáticos
causam o aumento do diâmetro das artérias do pênis e o relaxamento da musculatura lisa das
trabéculas do tecido erétil que ampliam os espaços vasculares, o que permite o aumento do
fluxo sanguíneo promovendo a rigidez do pênis. Após a ejaculação e o orgasmo, a atividade
parassimpática diminui e a simpática aumenta e o pênis volta ao seu estado flácido.
7.2.1 Ovários
São órgãos pares, localizados na fossa ovárica, depressão junto à parede lateral da cavidade
pélvica delimitada pela artéria umbilical, anteriormente, e vasos ilíacos internos e ureter,
76
posteriormente. Além da produção e maturação dos óvulos (ovogênese), estes órgãos são
responsáveis pela síntese de hormônios estrógenos e progesterona.
Infundíbulo da tuba uterina, que é a porção lateral, próxima ao ovário e que forma um funil,
cuja margem apresenta digitações, as fímbrias da tuba uterina, que auxiliam na captação do
óvulo após a ovulação;
Ampola da tuba uterina é a parte que se segue ao infundíbulo da tuba uterina; esta parte da
tuba é mais dilatada e tortuosa devido ao espessamento da túnica muscular de sua parede. É na
luz da ampola da tuba uterina que ocorre normalmente a fertilização;
Istmo da tuba uterina é a continuidade da ampola da tuba uterina em direção ao útero. Esta
porção da tuba uterina é mais estreitada e penetra na parede do útero para constituir a parte
uterina;
Parte uterina é parte intramural da tuba uterina que se abre no interior da cavidade do útero por
meio do óstio uterino da tuba.
O transporte de materiais ao longo da tuba uterina envolve os movimentos ciliares das células
ciliadas do epitélio de sua mucosa e o peristaltismo da musculatura lisa de sua túnica muscular.
Além da função de transporte, a tuba uterina oferece um meio nutritivo (lipídeos e glicogênio)
para os espermatozoides e para o pré-embrião em desenvolvimento. Os óvulos não fertilizados
degeneram na parte terminal da tuba uterina ou no interior da cavidade do útero.
7.2.3 Útero
O útero é um órgão muscular de paredes espessas, piriforme, oco, situado na linha mediana da
cavidade pélvica, entre a bexiga urinária e o reto. Este órgão oferece proteção, sustentação,
77
nutrição e excreção para o embrião e, posteriormente, feto em desenvolvimento. As fortes
contrações da musculatura lisa de sua parede (=miométrio) são importantes na expulsão do feto
durante o nascimento. O útero é dinâmico, seu formato e tamanho modificam-se durante as
fases da vida e a sua posição muda de acordo com o grau de enchimento da bexiga urinária e do
reto. O útero é dividido nas partes: corpo e colo.
O corpo do útero constitui sua maior parte e inclui o fundo do útero, a parte arredondada do
corpo que se projeta acima do plano entre os óstios uterinos da tuba. O corpo do útero está
separado do colo do útero por meio de uma região estreitada com cerca de 1 cm de
comprimento, o istmo do útero. O corpo possui duas faces, anterior voltada para a bexiga
urinária, e a posterior que se relaciona com as alças intestinais e reto; duas margens que se
relacionam com as artérias uterinas que ascendem desde o istmo até o ponto de penetração das
tubas uterinas.
O colo do útero, com cerca de 2,5 cm de comprimento, é cilíndrico, estreito e projeta-se para o
interior da vagina. A porção supravaginal do colo situa-se entre o istmo do útero e a parede
anterior da vagina, e a porção vaginal do colo, no interior da vagina, é arredondada e circunda o
óstio do útero, constituindo os lábios anterior e posterior.
A parede do corpo do útero é formada por três camadas: o perimétrio é a serosa (lâmina
visceral do peritônio), incompleta, sustentada por tecido conjuntivo que reveste o fundo do útero
e suas faces anterior e posterior e depois reflete, respectivamente, para a bexiga urinária e reto
para formar as escavações vesicouterina e retouterina; o miométrio é a camada média, espessa,
constituída por músculo liso que corresponde a 90% da massa do útero. Durante o parto, as
fibras musculares lisas que se dispõem em direções longitudinal, circular e oblíqua, contraem
fortemente por ação hormonal para dilatar o óstio do útero e expulsar o feto. No colo do útero, a
camada média é constituída basicamente por tecido fibroso rico em colágeno e pouca
musculatura lisa e elastina; o endométrio constitui a mucosa do útero que está aderida ao
miométrio subjacente. Sob influência do estrógeno, o endométrio sofre modificações de sua
78
estrutura durante o ciclo menstrual, pois suas glândulas uterinas, os vasos sanguíneos e o
endotélio se preparam para receber o blastocisto e contribuir para a demanda fisiológica do
embrião e feto durante o desenvolvimento. Não ocorrendo fertilização, a superfície interna desta
camada é eliminada durante a menstruação.
7.2.4 Vagina
A vagina é um tubo musculomembranáceo distensível, que se estende do colo do útero ao
vestíbulo da vagina, espaço delimitado pelos lábios menores do pudendo. A parede anterior da
vagina mede cerca de 7 cm e a posterior cerca de 9 cm de comprimento, pois o colo do útero ao
projetar-se para o interior da vagina atravessa a extremidade superior de sua parede anterior;
desta forma, surge um recesso entre o colo do útero e as paredes da vagina, o fórnice da
vagina.
7.3 Atividades
1. Denomine os órgãos pertencentes ao sistema genital masculino.
79
80
Unidade 8
Unidade 8 - Sistema Nervoso
O sistema nervoso, associado aos sistemas endócrino e circulatório, mantém a homeostase do
organismo. Os seres vivos, mesmos os mais primitivos, devem continuamente se ajustar ao
meio ambiente para sobreviver; desta forma, a excitabilidade ou irritabilidade, a condutibilidade
e a contratilidade são propriedades indispensáveis a todo organismo animal, pois lhe permite
responder a estímulos oriundos do meio externo.
Os protozoários (animais unicelulares), mesmo sem neurônios, são capazes de sobreviver, pois
o protoplasma desempenha todas as atividades essenciais à vida. Por exemplo, um organismo
unicelular é sensível a um determinado estímulo (irritabilidade), e reage dando origem a um
impulso que é conduzido em seu protoplasma (condutibilidade), determinando uma resposta em
outra parte da célula (contratilidade); percebe-se, no entanto, que os protozoários não se
especializaram em nenhuma das propriedades do protoplasma, o que os torna rudimentares.
Em seres um pouco mais evoluídos, como as esponjas, as partes do citoplasma de uma mesma
célula podem se especializar em uma de suas propriedades (irritabilidade, condutibilidade ou
contratilidade); desta maneira, a parte superficial do citoplasma se especializa na capacidade de
ser sensível às alterações do meio ambiente, enquanto a parte mais profunda do mesmo
citoplasma desenvolve a capacidade de responder ao impulso gerado (células musculares
primitivas).
Os primeiros neurônios eram células nervosas unipolares, cujo axônio conduzia o impulso para
as células musculares situadas mais profundamente e na sua extremidade superficial
desenvolveu-se uma terminação sensível às alterações do meio que foi denominada de receptor.
A forma difusa de ramificação do axônio nos celenterados, o que permite a distribuição do
impulso em várias direções (sistema nervoso difuso), evolui nos platelmintos e anelídeos para a
81
centralização ou agrupamento das estruturas nervosas (sistema nervoso central). Nos anelídeos,
como a minhoca, o sistema nervoso é segmentado e formado por um par de gânglios
cerebroides e uma série de gânglios unidos que corresponde a um segmento do animal.
Nos vertebrados, a segmentação da medula espinal é evidenciada por meio das conexões com as
raízes dos 31 pares de nervos espinais. Nos humanos, o arco reflexo intrassegmentar mais
simples consiste no reflexo patelar que pode ser descrito como segue: ao percutir o ligamento da
patela com o martelo, ocorre alongamento das fibras musculares do músculo quadríceps femoral
que ativa os fusos neuromusculares (receptores) situados no ventre do músculo; os receptores
ativados geram impulsos que percorrem o prolongamento periférico do neurônio sensitivo
situado no gânglio espinal, o impulso penetra em um segmento da medula espinal por meio do
prolongamento central deste neurônio e faz sinapse com o neurônio motor localizado neste
mesmo segmento, de onde parte o axônio que leva o impulso para as fibras do músculo
quadríceps femoral, e este contrai projetando a perna para frente (extensão da perna).
Entretanto, a maior parte dos reflexos medulares é intersegmentar, ou seja, o impulso sensitivo
(aferente) chega a um segmento da medula espinal e a resposta (impulso eferente) emerge de
outros segmentos e, às vezes, distantes. Neste tipo de arco reflexo encontramos os neurônios de
82
associação que conectam a fibra do neurônio sensitivo de um segmento com neurônios motores
de um ou mais segmentos da medula espinal, como, por exemplo, no ato de coçar.
O neurônio eferente ou motor surgiu para conduzir o impulso do sistema nervoso central para
o órgão efetuador, que, nos mamíferos, representa um músculo ou glândula, determinando,
assim, uma contração ou uma secreção. Os neurônios motores surgiram no sistema nervoso
central e assim permaneceram durante a evolução, fazem exceção os neurônios motores pós-
ganglionares que são viscerais e situam-se em gânglios viscerais.
83
O sistema nervoso central é constituído pelo encéfalo e medula espinal (o neuroeixo). O
encéfalo é subdividido em cérebro (=telencéfalo), diencéfalo, cerebelo e tronco encefálico
(mesencéfalo, ponte e bulbo).
Os receptores especiais são mais complexos e fazem parte dos chamados órgãos do sentido
(visão, gustação, olfação e audição e equilíbrio); os receptores gerais estão presentes em todo o
corpo, principalmente na pele, e são classificados de acordo com sua morfologia em receptores
livres e encapsulados. Os receptores livres são os mais frequentes e distribuem-se em toda a
pele. As terminações nervosas livres responsáveis pela sensibilidade térmica e dolorosa podem
se enrolar na base dos folículos pilosos e constituir os discos de Merkel responsáveis pelo tato.
Os receptores encapsulados apresentam intensa ramificação da extremidade do axônio no
interior de uma membrana conjuntiva, os principais são: Corpúsculos de Meissner, presentes
na pele da palma das mãos e planta dos pés, são responsáveis pelo tato e pressão; Corpúsculos
de Ruffini por apresentarem a mesma função do anterior, apresentam distribuição semelhante
nas mãos e nos pés além dos folículos pilosos do restante do corpo; Corpúsculos de Vater-
Paccini localizados no tecido subcutâneo das mãos e pés, septos intermusculares e periósteo,
são capazes de perceber estímulos mecânicos rápidos e repetitivos como na sensibilidade
vibratória; Fusos neuromusculares são pequenas estruturas em forma de fuso, situadas
paralelamente às fibras musculares estriadas esqueléticas que constituem o ventre muscular;
além de gerar impulsos que controlam o tônus muscular, os fusos neuromusculares participam
do controle reflexo do músculo quando este é submetido a graus diversos de estiramento e ou
alongamento e os Órgãos neurotendinosos, situados na junção das fibras musculares estriadas
esqueléticas com seu tendão, são responsáveis por gerar estímulos que informam o sistema
nervoso central, sobre a tensão exercida pela contração muscular sobre seu tendão e inserção no
esqueleto, o que permite avaliar a força muscular exercida.
De acordo com a natureza dos estímulos capazes de ativar os receptores, estes podem ser
classificados como: Quimiorreceptores são aqueles sensíveis a estímulos químicos, como as
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células olfatórias, os corpúsculos gustativos e os receptores do corpo carotídeo que são sensíveis
ao teor de oxigênio circulante; Osmorreceptores que detectam a variação da pressão osmótica;
Fotorreceptores que são sensíveis à luz, como as células cones e bastonetes da retina;
Termorreceptores aqueles que geram estímulos mediante alteração da temperatura (calor e
frio); Nociceptores são as terminações nervosas livres que geram estímulos dolorosos e os
Mecanorreceptores que são sensíveis a estímulos mecânicos, sendo o mais diversificado.
Incluímos o órgão espiral (audição), as cristas ampulares e as máculas (equilíbrio), os
barorreceptores do seio carotídeo (sensíveis às alterações da pressão arterial), os fusos
neuromusculares e o órgão neurotendíneo (sensíveis ao estiramento do músculo e tendão) e os
receptores cutâneos responsáveis pela sensibilidade tátil, de pressão e de vibração.
8.1.2 Embriológica
Nesta divisão, as partes do sistema nervoso central do adulto recebem a denominação das
vesículas primordiais que lhes deram origem. As três vesículas encefálicas são prosencéfalo,
mesencéfalo e rombencéfalo. Do prosencéfalo desenvolvem-se duas vesículas, o telencéfalo e o
diencéfalo. O mesencéfalo não sofre alteração durante o desenvolvimento. Do rombencéfalo se
originam o metencéfalo (que se desenvolve no cerebelo e ponte) e o mielencéfalo (que origina o
bulbo).
86
A medula espinal limita-se superiormente ao nível do forame magno do osso occipital, com o
bulbo (região do tronco encefálico) e inferiormente termina ao nível da 2a vértebra lombar,
afunilando-se para formar o cone medular.
Cone medular – A medula espinal termina afilando-se para formar um cone, dito cone medular.
Este limite inferior da medula espinal tem importância clínica e no adulto termina geralmente na
altura da 2a vértebra lombar ou na altura do disco intervertebral entre a 1a e 2a vértebras
lombares.
Coluna anterior – Apresenta núcleos formados por neurônios motores inferiores que são
responsáveis pela inervação motora da musculatura estriada esquelética.
Coluna posterior – Apresenta núcleos formados por neurônios que recebem informações que
penetram na medula espinal via raiz posterior.
Substância branca – É formada por fibras nervosas mielínicas que formam verdadeiras vias
por onde passam os impulsos nervosos que sobem (ascendentes) e descem (descendentes) na
medula espinal e que podem ser agrupadas de cada lado, nos funículos anterior, lateral e
posterior.
Funículo anterior – Situado entre a fissura mediana anterior e o sulco lateral anterior.
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Funículo posterior – Situado entre o sulco lateral posterior e o sulco mediano posterior. Nos
segmentos medulares cervicais, este funículo é dividido pelo sulco intermédio posterior em
livro-texto grácil (medial) e livro-texto cuneiforme (lateral).
Radículas – São pequenos filamentos nervosos (=axônios) que fazem conexão com a medula
espinal, emergindo e penetrando respectivamente, através dos sulcos laterais anterior e posterior
(Radículas anteriores e posteriores).
Raiz anterior ou ventral – Formada pela união das radículas anteriores que se originam nos
neurônios motores inferiores situados na coluna anterior e neurônios motores pré-ganglionares
situados na coluna lateral dos segmentos medulares torácicos e lombares altos (L1 e L2), sendo
portanto uma raiz motora e eferente.
Raiz posterior ou dorsal – Formada pela união das radículas posteriores que correspondem aos
prolongamentos centrais e periféricos do axônio do neurônio pseudounipolar situado no gânglio
espinal, sendo portanto uma raiz sensitiva e aferente.
Gânglio sensitivo do nervo espinal (=gânglio espinal) – Localizado na raiz dorsal; o gânglio
sensitivo possui corpos dos neurônios sensitivos pseudounipolares, cujos prolongamentos
central e periférico constituem a raiz posterior ou dorsal.
Nervo espinal – Formado pela união da raiz dorsal, sensitiva, com a raiz ventral, motora, sendo
funcionalmente misto.
Cauda equina – No adulto, a medula espinal não ocupa todo o canal vertebral, pois termina no
nível da 2a vértebra lombar. Abaixo deste nível o canal vertebral contém as meninges e as raízes
nervosas dos últimos nervos espinais; estas dispostas em torno do cone medular e filamento
terminal constituem em conjunto a cauda equina.
A conexão com os nervos espinais marca a segmentação da medula espinal, que é determinado
pela emergência e penetração, respectivamente, dos filamentos radiculares anteriores e
posteriores que entram na composição deste nervo. Existem 31 pares de nervos espinais, sendo,
portanto, 31 segmentos medulares: cervicais (8); torácicos (12); lombares (5); sacrais (5) e
coccígeo (1).
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8.2.1 Envoltórios da medula espinal – Meninges e espaços
Dura-máter – É a meninge mais externa, possui fibras colágenas que a tornam espessa e
resistente. A dura-máter espinal envolve toda a medula espinal; cranialmente continua-se com a
dura-máter encefálica, caudalmente termina em fundo cego, o saco dural, ao nível da 2a
vértebra sacral.
Pia-máter – É a meninge mais interna e delicada; está aderida intimamente ao tecido nervoso
da superfície da medula espinal e penetra na fissura mediana anterior. Quando a medula espinal
termina no cone medular, a pia-máter continua inferiormente, formando o filamento terminal.
É constituído pelos ramos ventrais dos nervos espinais C1 – C4, eventualmente, o ramo ventral
de C5. O principal nervo deste plexo é o frênico.
Nervo frênico – constituído principalmente por fibras nervosas de C4, podendo receber fibras
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de C3 e/ou C5. Dá suprimento motor ao músculo diafragma.
Plexo Braquial
É constituído pelos ramos ventrais dos nervos espinais C5 – C8 e pela maior parte do ramo
ventral de T1, eventualmente, por fibras nervosas provenientes dos ramos ventrais dos nervos
espinais C4 e/ou T2; estes ramos ventrais formam as raízes do plexo braquial, que passam
entre os músculos escalenos anterior e médio; os gânglios cervicais médio e inferior e gânglios
torácicos do tronco simpático enviam às raízes do plexo braquial, através dos ramos
comunicantes cinzentos, fibras eferentes pós-ganglionares que se destinam à inervação do tecido
glandular e musculatura lisa da pele e vasos da região de distribuição dos nervos colaterais e
terminais deste plexo.
Na base do pescoço, na região cervical lateral, as raízes do plexo braquial unem-se para formar
os troncos do plexo braquial, constituindo a parte supraclavicular do plexo.
Em seu trajeto sob a clavícula, cada tronco do plexo braquial bifurca-se em divisões anterior e
posterior que formam os livros-texto do plexo braquial. As divisões anteriores e posteriores
suprem, respectivamente, os compartimentos anteriores (flexores) e compartimentos posteriores
(extensores) do membro superior.
Livro-texto lateral – formado pela união das divisões anteriores dos troncos superior e médio.
Livro-texto posterior – formado pela união das divisões posteriores dos três troncos.
90
Raiz lateral do nervo mediano – outro ramo terminal do livro-texto lateral que se une à raiz
medial para formar o nervo mediano.
Nervo ulnar – um dos ramos terminais do livro-texto medial. No antebraço, inerva o músculo
flexor ulnar do carpo e parte do músculo flexor profundo dos dedos para o 4º e 5º dedos; na
mão, inerva os seguintes músculos: abdutor do dedo mínimo, flexor curto do dedo mínimo,
oponente do dedo mínimo (região hipotenar), interósseos dorsais e palmares, 3º e 4º lumbricais
e adutor do polegar.
Raiz medial do nervo mediano – outro ramo terminal do livro-texto medial que se une à raiz
lateral para formar o nervo mediano.
Nervo mediano – formado pela união das raízes lateral e medial. No antebraço, inerva os
seguintes músculos: pronador redondo, flexor radial do carpo, palmar longo, flexor superficial
dos dedos, flexor longo do polegar, parte do músculo flexor profundo dos dedos para o 2º e 3º
dedos e pronador quadrado. Na mão, inerva os músculos abdutor curto do polegar, flexor curto
do polegar, oponente do polegar (região tênar) e 1º e 2º lumbricais.
Nervo axilar – ramo terminal do livro-texto posterior; inerva os músculos deltoide e redondo
menor, a articulação do ombro e a pele da parte superolateral do braço.
Nervo radial – ramo terminal (o maior) do livro-texto posterior. Inerva os músculos dos
compartimentos posteriores do braço e antebraço.
Nervos Intercostais
Os ramos ventrais dos 12 pares de nervos espinais torácicos suprem a parede torácica. Os ramos
ventrais de T1 – T11 formam os nervos intercostais que seguem ao longo da extensão dos
espaços intercostais. O ramo ventral de T12, que segue inferior à 12ª costela, é o nervo
subcostal.
Os nervos intercostais (1º - 6º) inervam os músculos intercostais externo e interno, transverso
do tórax, subcostal, levantadores das costelas e serrátil posterior.
91
Os nervos intercostais (7º - 11º) após origem dos ramos cutâneos laterais deixam os espaços
intercostais e continuam entre os músculos transverso e oblíquo interno do abdome para suprir a
pele e músculos abdominais. O nervo subcostal segue inferiormente à 12ª costela.
Plexo Lombar
É constituído pelos ramos ventrais dos nervos espinais L1, L2, L3, L4 de onde emergem os
seguintes nervos:
Nervo femoral – Inerva os músculos psoas maior e ilíaco e segue para o compartimento
anterior da coxa passando posteriormente ao ligamento inguinal, lateralmente aos vasos (artéria
e veia) femorais; supre os músculos do compartimento anterior que são flexores do quadril e
extensores do joelho.
Plexo Sacral
Localizado na parede posterolateral da pelve menor (cavidade pélvica), onde está intimamente
relacionado com o músculo piriforme; é constituído por ramos ventrais dos nervos espinais L4,
L5, S1, S2 e S3. Os principais ramos deste plexo são:
Nervo isquiático (n. ciático) – maior nervo do corpo, formado por fibras nervosas de L4 – S3;
atravessa o forame isquiático maior e emerge na região glútea inferiormente ao músculo
piriforme, desce pela região posterior da coxa e no ápice superior da fossa poplítea divide-se nos
nervos tibial e fibular comum. O nervo isquiático emite ramos para suprir a articulação do
quadril e músculos posteriores da coxa (extensores do quadril e flexores do joelho), através de
seus ramos terminais inerva a musculatura da perna e pé.
Nervo tibial – Atravessa a fossa poplítea e penetra na região posterior da perna profundamente
ao músculo sóleo, é acompanhado em toda sua extensão pelos vasos tibiais posteriores. Ao
atravessar o túnel do tarso (posteriormente ao maléolo medial), divide-se nos nervos plantares
lateral e medial. O nervo tibial inerva a musculatura posterior da perna e, através dos nervos
plantares, os músculos da planta do pé.
Nervo fibular comum – acompanha o tendão do músculo bíceps femoral, contorna o colo da
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fíbula e divide-se nos nervos fibulares superficial e profundo. O nervo fibular superficial
inerva os músculos fibulares longo e curto e emite nervos cutâneos dorsais para o terço distal da
face anterolateral da perna e dorso do pé. O nervo fibular profundo inerva os músculos do
compartimento anterior da perna e dorso do pé e a pele da fenda digital entre o 1º e 2º dedos.
Nervo glúteo superior – Inerva os músculos glúteos médio e mínimo e tensor da fáscia lata,
que são abdutores e rotadores mediais do membro inferior.
Nervo glúteo inferior – Inerva o músculo glúteo máximo, potente extensor do quadril.
Pirâmide – É uma eminência alongada situada de cada lado da fissura mediana anterior;
formada por um feixe compacto de fibras nervosas descendentes que ligam a área motora do
giro pré-central (neurônios motores superiores) do cérebro aos neurônios motores inferiores
situados na coluna anterior do “H medular”, denominado trato corticospinal.
Decussação das pirâmides – Na parte caudal do bulbo, fibras nervosas do trato corticospinal
cruzam obliquamente o plano mediano que obliteram a fissura mediana anterior e constituem a
decussação das pirâmides. Cerca de 75%-90% das fibras nervosas decussam e constituem o
trato corticospinal lateral, os 10%-25% das fibras nervosas que não decussam constituem o trato
corticospinal anterior.
93
Sulco lateral anterior – situado entre a oliva e a pirâmide, contínuo com o homônimo da
medula espinal. Observa-se emergindo deste sulco (origem aparente) o nervo hipoglosso (XII
par).
Sulco lateral posterior – Situado posteriormente à oliva, contínuo com o homônimo da medula
espinal. Observa-se emergindo deste sulco (origem aparente), de superior para inferior, os
nervos glossofaríngeo (IX par), vago (X par) e acessório (XI par) com suas raízes bulbar e
espinal.
Sulco mediano posterior – Contínuo com o homônimo da medula espinal, termina a meia
altura do bulbo, em virtude do afastamento de seus lábios, que contribuem para formar os
limites laterais do quarto ventrículo.
Área posterior do bulbo – Situada entre os sulcos mediano posterior e lateral posterior, é
continuação do funículo posterior da medula espinal e, como este, dividida em livros-texto
grácil e cuneiforme.
8.4.2 Ponte
Sulco bulbopontino – Situado no sentido transversal, é o limite entre o bulbo inferiormente e a
ponte superiormente. Observa-se neste sulco a emergência (origem aparente) de cada lado do
plano mediano, de medial para lateral, os seguintes nervos: abducente (VI par), facial (VII
par) e vestibulococlear (VIII par).
Pedúnculo cerebelar médio (=braço da ponte) – Formado por um grosso feixe de fibras
nervosas transversais que penetram no hemisfério cerebelar correspondente. Estas fibras
nervosas são provenientes dos neurônios dos núcleos pontinos situados na base da ponte. Os
neurônios dos núcleos pontinos recebem axônios provenientes do córtex cerebral (o trato
corticopontino), e seus axônios constituem as fibras transversais da ponte (fibras
pontocerebelares) que convergem para formar o pedúnculo cerebelar médio, que se destina ao
94
cerebelo, constituindo a via cortico-ponto-cerebelar (córtex cerebral – núcleos pontinos –
cerebelo). Esta via está relacionada com o aprendizado motor e coordenação motora fina.
Nervo trigêmeo (V par) – Sua emergência (origem aparente) é considerada o limite entre ponte
e pedúnculo cerebelar médio (braço da ponte).
8.4.4 Mesencéfalo
O mesencéfalo situa-se entre a ponte, inferiormente, e diencéfalo, superiormente; é atravessado
longitudinalmente por um canal, o aqueduto do mesencéfalo.
Aqueduto do mesencéfalo – Atravessa longitudinalmente o mesencéfalo, comunicando o
terceiro ventrículo ao quarto ventrículo. Este ducto é circundado por uma espessa camada de
substância cinzenta, denominada substância cinzenta periaquedutal. A parte do mesencéfalo
situada dorsalmente a este aqueduto denomina-se tecto do mesencéfalo; ventralmente
observamos os pedúnculos cerebrais.
Colículo superior: baseados em suas conexões eferentes, podemos afirmar que o colículo
superior está relacionado, respectivamente, com a motricidade da musculatura postural e certos
reflexos que movimentam o bulbo do olho no sentido vertical.
Colículo inferior: corresponde a uma massa de substância cinzenta, o núcleo do colículo
inferior. Este núcleo é um importante relé intermediário das vias auditivas.
Nervo troclear (IV par): emerge (origem aparente) inferiormente ao colículo inferior.
95
Pedúnculos cerebrais: região do mesencéfalo situada anteriormente ao aqueduto do
mesencéfalo; vistos ventralmente, aparecem como dois pilares de fibras nervosas que surgem na
margem superior da ponte para penetrar profundamente no diencéfalo.
Nervo oculomotor (III par): emerge (origem aparente) no sulco medial do pedúnculo cerebral
no interior da fossa interpeduncular.
Base do pedúnculo cerebral: formada por fibras nervosas descendentes dos tratos
corticospinal, corticonuclear e corticopontino, que formam um conjunto compacto de fibras.
Substância negra: núcleo compacto, situado entre a base do pedúnculo cerebral e o tegmento,
formado por neurônios que apresentam inclusões de melanina (razão da coloração escura). São
neurônios dopaminérgicos (utilizam a dopamina como neurotransmissor) que apresentam
conexões complexas; destacamos aquelas feitas com o corpo estriado em ambos os sentidos
(fibras nigroestriatais e fibras estriatonigrais).
8.5 Cerebelo
O cerebelo é um órgão do sistema nervoso suprassegmentar. Tem sua origem na parte dorsal do
mesencéfalo. Está situado dorsalmente ao bulbo e à ponte, onde contribui para a formação do
tecto do quarto ventrículo. Repousa sobre a fossa cerebelar do osso occipital e está separado do
lobo occipital por uma prega da dura-máter denominada tenda do cerebelo. Através do
pedúnculo cerebelar inferior liga-se à medula e ao bulbo e pelos pedúnculos cerebelares médio e
superior à ponte e ao mesencéfalo, respectivamente. Suas funções estão relacionadas à
coordenação dos movimentos e equilíbrio.
96
Principais estruturas anatômicas:
Córtex cerebelar: fina camada de substância cinzenta que reveste o corpo medular do cerebelo.
Hemisférios do cerebelo: são duas grandes massas laterais ligadas a uma estrutura mediana que
é o verme do cerebelo. Na face superior do cerebelo há pouca separação entre verme e
hemisférios; já na inferior existem dois sulcos bem evidentes separando estas estruturas.
O cerebelo pode ser dividido em três regiões, os lobos cerebelares floculonodular, anterior e
posterior. Estes lobos agrupam outras áreas, os lóbulos. Estes lóbulos são delimitados pelas
fissuras cerebelares. Visto isso podemos então continuar a descrição das principais estruturas do
cerebelo.
Verme do cerebelo: porção ímpar e mediana ligada aos dois hemisférios cerebelares. Na face
superior, os limites com os hemisférios são pouco evidentes, por outro lado, na porção inferior,
dois sulcos evidentes o separam dos hemisférios cerebelares. As estruturas importantes dessa
região são:
Pirâmide e Úvula: estruturas situadas na região inferior do cerebelo, entre os lóbulos biventres
e tonsilas cerebelares de cada lado. A úvula situa-se anteriormente à pirâmide. Também é bem
vista em corte sagital mediano.
Nódulo: estrutura localizada ventralmente à úvula. Encontra-se conectado ao flóculo de cada
lado através de um pedúnculo, constituindo com este o lóbulo floculonodular.
Massas de substância cinzenta dentro do corpo medular do cerebelo que é de substância branca.
Grupos delimitados de neurônios com aproximadamente a mesma estrutura e função. Melhor
visualizados em corte transversal do cerebelo. São estes:
Núcleo Denteado: é o maior dos núcleos centrais do cerebelo; localiza-se lateralmente.
Núcleos Emboliforme e globoso: localizados entre os núcleos denteado (lateralmente) e o do
fastígio (medialmente). Estes núcleos são semelhantes do ponto de vista funcional e estrutural,
sendo denominados de núcleo interpósito.
Núcleo do Fastígio: localiza-se próximo ao plano mediano.
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Substância branca que é revestida por uma fina camada de substância cinzenta (córtex
cerebelar). O corpo medular com as lâminas brancas que dele irradiam, estas quando vistas em
cortes sagitais, recebe o nome de árvore da vida.
Pedúnculos cerebelares
Estruturas situadas na parte ventral do órgão que o ligam a outras partes do sistema nervoso
central. Estes são:
Pedúnculo cerebelar superior: liga o cerebelo ao mesencéfalo e à medula.
Pedúnculo cerebelar médio: liga o cerebelo à ponte.
Pedúnculo cerebelar inferior: liga o cerebelo à medula e ao bulbo.
Arquicerebelo: constituído pelo lobo floculonodular e núcleo do fastígio, que por receberem
impulsos originados no vestíbulo da orelha interna que informam sobre o posicionamento da
cabeça, controla o equilíbrio e a postura do animal que no princípio vivia no meio aquático.
Paleocerebelo: das estruturas estudadas, entra em sua constituição o lobo anterior do cerebelo
(lóbulo quadrangular anterior), pirâmide-úvula e o núcleo interpósito. Esta parte do cerebelo se
desenvolveu com os peixes e por receber impulsos proprioceptivos oriundos dos fusos
neuromusculares e órgão neurotendíneo, controla o tônus muscular e a postura básica do animal,
além de coordenar os movimentos voluntários.
Neocerebelo: das estruturas estudadas, entra em sua constituição todo o lobo posterior do
cerebelo e o núcleo denteado. O neocerebelo atingiu seu maior desenvolvimento na espécie
humana e recebe impulsos de áreas motoras secundárias do cérebro e controla os movimentos
finos, delicados e assimétricos.
8.6 Diencéfalo
O diencéfalo possui posição mediana, podendo ser visto na face inferior do cérebro já que é
quase completamente encoberto pelo telencéfalo superolateralmente. O diencéfalo compreende
98
as seguintes partes: tálamo, hipotálamo, epitálamo e subtálamo, todas guardando estreita
relação com a cavidade do diencéfalo, o terceiro ventrículo.
8.6.2 Epitálamo
Região que limita posteriormente o terceiro ventrículo, acima do sulco hipotalâmico, já na
transição com o mesencéfalo. Nesta região se destaca a seguinte estrutura:
Glândula pineal (=corpo pineal, epífise): glândula endócrina, piriforme, ímpar e mediana, que
repousa sobre o tecto mesencefálico. Suas células, os pinealócitos, sintetizam melatonina a
partir da serotonina. O processo de síntese é ativado pela noradrenalina liberada pelas fibras
simpáticas. Durante o dia essas fibras têm pouca atividade e os níveis de melatonina são baixos;
durante a noite a inervação simpática é ativada, aumentando os níveis de melatonina, desta
forma, a síntese de melatonina e suas concentrações não são contínuas, seguindo um ritmo
circadiano.
8.6.3 Tálamo
São duas massas ovoides, volumosas, e de substância cinzenta, situadas uma de cada lado, na
porção laterodorsal do diencéfalo.
8.6.4 Hipotálamo
Área relativamente pequena do diencéfalo, localizada inferiormente ao tálamo. Apresenta
importantes funções, relacionadas em sua maioria com a atividade visceral. Inferiormente, o
hipotálamo está conectado à neurohipófise.
8.7 Telencéfalo
Também denominado cérebro, é a região mais desenvolvida e mais importante do encéfalo,
ocupando aproximadamente 80% da cavidade craniana. O telencéfalo compreende os dois
hemisférios cerebrais e uma pequena parte que delimita anteriormente o terceiro ventrículo, a
lâmina terminal.
99
A superfície cerebral nos humanos e em vários animais apresenta sulcos que delimitam os giros
ou circunvoluções cerebrais. A existência dos sulcos permite aumento da superfície cerebral
sem grande aumento do seu volume.
Cada hemisfério possui três polos: frontal, temporal e occipital; e três faces: superolateral
(convexa), medial (plana) e inferior ou base do cérebro (irregular) que repousa anteriormente
nos soalhos das fossas anterior e média do crânio e posteriormente sobre a tenda do cerebelo.
Sulco lateral – Inicia-se na base do cérebro e dirige-se para cima como uma fenda profunda
entre os lobos frontal e temporal; termina dividindo-se em três ramos: anterior, ascendente,
anterior e posterior.
Sulco central – É um sulco profundo e geralmente contínuo que se inicia na face medial,
percorre obliquamente para baixo e para frente a face superolateral, terminando próximo ao
ramo posterior do sulco lateral.
Os sulcos lateral e central ajudam a delimitar os lobos cerebrais. A divisão em lobos, embora de
grande importância clínica, não corresponde a uma divisão funcional, excetuando, o lobo
occipital que direta e indiretamente está relacionado com a visão.
Giro pré-central – Situado adiante do sulco central, entre este e o sulco pré-central. A área
cortical da parte posterior deste giro corresponde à área 4 de Brodmann, sendo portanto a área
motora primária. A estimulação elétrica desta área determina movimentos de grupos musculares
isolados. A área motora primária foi mapeada de acordo com a representação cortical das
diversas partes do corpo (=somatotopia), denominada de homúnculo motor, cuja representação
está de cabeça para baixo. As principais conexões aferentes desta área são com o tálamo, área
100
somestésica e áreas pré-motora e motora suplementar; por outro lado, as fibras eferentes da área
motora primária dão origem a maior parte das fibras dos tratos corticospinal e corticonuclear,
responsáveis pela motricidade voluntária.
Giro frontal superior – É perpendicular ao giro pré-central; situado entre o sulco frontal
superior e a margem anterossuperior do hemisfério, através da qual continua-se pela face
medial, constituindo o giro frontal medial.
Giro frontal médio – Paralelo ao giro frontal superior; situa-se entre os sulcos frontal superior
e frontal inferior.
Giro frontal inferior – Paralelo ao giro frontal médio; situa-se entre os sulcos frontal inferior e
lateral. Os ramos anterior e ascendente do sulco lateral subdividem este giro em três partes:
orbital, opercular e triangular. As áreas corticais das partes triangular e opercular do giro frontal
inferior, principalmente aquele do hemisfério esquerdo, corresponde à área 44 e parte da área 45
de Brodmann que estão associadas com a atividade motora relacionada com a expressão da
linguagem (=área de Broca). Lesões da área de Broca resultam em alterações da linguagem
denominadas afasias.
Adjacentes à área motora primária, existem áreas motoras secundárias com as quais ela se
relaciona. São consideradas áreas motoras secundárias ou de associação motoras as seguintes:
de Broca, motora suplementar e pré-motora.
A área motora suplementar ocupa a parte mais superior da área 6 de Brodmann, que
corresponde à área cortical do giro frontal superior, imediatamente à frente do giro pré-central,
estendendo-se à face medial do hemisfério. Esta área cortical está relacionada com o
planejamento de sequências complexas de movimentos (=planejamento motor), principalmente
aqueles que envolvem a musculatura distal dos membros. As principais conexões desta área são
com o corpo estriado e área motora primária no giro pré-central. Lesões dessa área causam um
déficit motor na execução de determinados atos voluntários, pois estão associadas com áreas do
planejamento motor e não com a execução do movimento (=apraxias).
A área pré-motora localiza-se adiante da área motora primária, ocupando toda a extensão da
área 6 de Brodmann na superfície lateral do hemisfério. As respostas motoras obtidas por
estimulação desta área envolvem grupos musculares maiores, como os do tronco e os proximais
dos membros. Nas lesões desta área, o paciente não perde a ação nestes grupos musculares, mas
terá a força muscular diminuída (=paresia).
101
8.7.1.2 Lobo parietal
Situado acima do sulco lateral e posterior ao sulco central, estendendo-se para a face medial do
hemisfério cerebral; na face superolateral limita-se com o lobo occipital, posteriormente, e lobo
temporal, inferiormente.
Giro pós-central – situado posteriormente ao sulco central, entre este e o sulco pós-central.
Neste giro localiza-se a principal área cortical da sensibilidade somática geral, a área
somestésica primária que corresponde às áreas 3, 2, 1 de Brodmann. Nesta área chegam as
radiações talâmicas, que se originam nos núcleos ventral posterolateral e ventral posteromedial
do tálamo e trazem impulsos nervosos relacionados à temperatura, dor, tato, pressão e
propriocepção consciente do lado oposto do corpo. A porção inferior do giro pós-central,
situada na profundidade do sulco lateral, próximo à ínsula, corresponde à área 43 de Brodmann,
sendo a área cortical gustativa, adjacente à área somestésica da língua.
Lóbulo parietal superior – situado atrás do giro pós-central (área somestésica primária) e
acima do sulco intraparietal. É a área somestésica secundária que corresponde à área 5 e parte
da área 7 de Brodmann.
Lóbulo parietal inferior – situado atrás do giro pós-central e abaixo do sulco intraparietal.
Neste lóbulo encontramos dois giros: o giro supramarginal (corresponde à área 40 de
Brodmann), curvado em torno do ramo posterior do sulco lateral, e o giro angular (corresponde
à área 39 de Brodmann), curvado em torno da porção terminal do sulco temporal superior.
A área cortical do lóbulo parietal inferior é a área temporoparietal (área de associação terciária),
situada entre as áreas secundárias (somestésica, auditiva e visual), funcionando como centro de
integração das informações destas três áreas. Esta área é importante para a percepção espacial
dos objetos no espaço extrapessoal e permite que se tenha uma imagem das partes componentes
do próprio corpo (área do esquema corporal).
102
Giro temporal superior – localizado entre os sulcos lateral e temporal superior; sua porção
mais posterior, próxima ao lóbulo parietal inferior, corresponde à porção posterior da área 22 de
Brodmann, considerada a área posterior da linguagem, também conhecida por área de
Wernicke, relacionada com a percepção da linguagem. O livro-texto longitudinal superior ou
livro-texto arqueado conecta esta área com a área de Broca (=área anterior da linguagem)
situada no giro frontal inferior, através do qual informações relevantes para a correta expressão
da linguagem passam da área posterior (=de Wernicke) para a área anterior (=de Broca). Lesões
destas áreas dão origem a distúrbios de linguagem denominados afasias.
Giro temporal médio – situado entre os sulcos temporais superior e inferior, corresponde à
área 21 de Brodmann.
Giro temporal inferior – situado entre os sulcos temporal inferior e occipitotemporal na face
inferior do cérebro. Este giro forma a margem ínferolateral do hemisfério cerebral, corresponde
à área 20 de Brodmann.
Giros temporais transversos – para observar estes giros, afastamos os lábios do sulco lateral,
onde aparece o seu assoalho, que é continuidade do giro temporal superior. A porção posterior
deste assoalho é atravessada por pequenos giros, os giros temporais transversos, sendo o mais
evidente o giro temporal transverso anterior (=giro de Heschl), que corresponde às áreas 41 e 42
de Brodmann (=área cortical auditiva primária), onde chegam fibras da radiação auditiva,
originadas em neurônios do corpo geniculado medial. Na área auditiva existe tonotopia, ou seja,
sons de determinada frequência projetam-se em áreas específicas desta área, o que implica uma
correspondência dessas partes com as partes da cóclea na orelha interna.
103
(associadas com a área visual secundária) e uma pequena parte da área 17 de Brodmann,
associada com a área visual primária.
Corpo caloso – é a maior das comissuras inter-hemisféricas, formado por um grande feixe de
fibras mielínicas que cruzam o plano mediano e penetram no centro branco medular do cérebro
conectando áreas corticais simétricas.
Área septal – é a região situada abaixo do rostro do corpo caloso, adiante da comissura anterior
e lâmina terminal. Compreende grupos de neurônios, conhecidos como núcleos septais. A área
septal possui conexões amplas e complexas, destacamos suas projeções para o hipotálamo e
formação reticular, através do feixe prosencefálico medial. É considerada uma área límbica
relacionada com o centro do prazer.
Giro frontal medial – é a face medial do giro frontal superior, que nesta face medial é
delimitado pelo sulco do cíngulo, inferiormente, e o sulco paracentral, posteriormente. A porção
104
posterior deste giro, situada anteriormente ao sulco paracentral, corresponde à área 6 de
Brodmann, que é contínua com a homóloga na face superolateral, estando associada com a área
motora suplementar que é uma área motora secundária, relacionada com o planejamento motor.
Lóbulo paracentral
Pré-cúneo – região situada entre o ramo marginal do sulco do cíngulo, anteriormente, sulco
subparietal, inferiormente, e sulco parietoccipital, posteriormente. Está relacionada em sua
porção anterior com a área somestésica secundária que é contínua com a homóloga no lóbulo
parietal superior na face superolateral.
Cúneo – giro complexo, de forma triangular, situado entre os sulcos parietoccipital e calcarino.
Seu córtex está associado em grande parte com a área cortical visual secundária, que
corresponde às áreas 18 e 19 de Brodmann, que são contínuas com aquelas do lobo occipital na
face superolateral.
Giro occipitotemporal medial – localizado entre os sulcos calcarino e colateral. Este giro
continua-se anteriormente com o giro para-hipocampal, situado na face inferior do cérebro e
105
pertencente ao lobo temporal. Seu córtex está relacionado com a área cortical visual primária e
secundária, que corresponde, respectivamente, às áreas 17 e 18 de Brodmann.
Sulco colateral – inicia-se próximo ao polo occipital e se dirige para frente, delimitando com o
sulco calcarino, o giro occipitotemporal medial, e com o sulco do hipocampo, o giro para-
hipocampal, cuja porção anterior curva-se sobre o sulco do hipocampo, constituindo o unco.
Giro para-hipocampal – situado entre os sulcos colateral e do hipocampo, sua porção anterior
curva-se sobre o sulco do hipocampo, constituindo o unco. O giro para-hipocampal se liga
posteriormente com o giro do cíngulo através de um giro estreito, o istmo do giro do cíngulo.
A área cortical olfativa primária situa-se na parte anterior do unco e do giro para-hipocampal,
que corresponde à área 28 de Brodmann.
Sulcos e giros orbitários – são sulcos e giros irregulares situados lateralmente ao sulco
olfatório, recebem esta denominação por estarem relacionados com a parte orbital do osso
frontal, que constitui o teto da órbita.
Bulbo olfatório – o bulbo olfatório é uma dilatação ovoide de substância cinzenta situado sobre
a lâmina cribriforme do osso etmoide. No bulbo olfatório chegam os filamentos nervosos
amielínicos que constituem o nervo olfatório (=I par craniano) que se originam na mucosa
olfatória da cavidade do nariz, e após atravessarem os forames da lâmina cribriforme fazem
sinapse com o neurônio II da via olfatória.
107
contínuo com o terceiro ventrículo, cuja função é a produção do líquido cerebrospinal ou líquor.
8.9 Núcleos da Base
Núcleo caudado – É uma massa volumosa de substância cinzenta, relacionada em toda a sua
extensão com o ventrículo lateral. Sua extremidade anterior, dilatada, constitui a cabeça do
núcleo caudado que continua com o corpo do núcleo caudado e segue afilando-se para
constituir a cauda do núcleo caudado.
Sabe-se hoje que as funções do corpo estriado são exercidas através de um circuito básico
[córtex cerebral – corpo estriado (núcleo caudado + putâmen) – globo pálido – tálamo (núcleos
ventromedial e ventrolateral) – córtex motor secundário – córtex motor primário – trato
corticospinal e trato corticonuclear]. Tem-se assim um mecanismo através do qual informações
originadas em diversas áreas corticais, após processadas no corpo estriado, influenciam a
atividade motora somática através dos tratos corticospinal e corticonuclear, função importante
no planejamento motor. Entre os circuitos subsidiários que coordenam e modulam o circuito
básico, dois são especialmente importantes, os realizados pela ação dos neurônios da substância
negra (nigro-estriato-nigral) e pelos neurônios do núcleo subtalâmico (pálido-subtálamo-
palidal).
Cápsula interna – é um grande feixe de fibras que separa o tálamo e o núcleo caudado, situado
medialmente do núcleo lentiforme, lateralmente. Acima, a cápsula interna continua-se com a
coroa radiada e abaixo com a base do pedúnculo cerebral. Distinguem-se na cápsula interna três
partes: ramo anterior, joelho e ramo posterior da cápsula interna. Pela cápsula interna
passam fibras que saem ou que entram no córtex cerebral.
108
olfatória (na mucosa olfatória da cavidade do nariz); estes neurônios apresentam um
prolongamento periférico que se conecta ao receptor e outro central que penetra no sistema
nervoso central. O neurônio II situa-se na coluna posterior do “H medular” ou em núcleos do
tronco encefálico, fazem exceção aqueles da via óptica (as células bipolares da retina) e da via
olfatória (no bulbo olfatório); os axônios destes neurônios normalmente cruzam o plano
mediano e ascendem para compor os tratos ou lemniscos. O neurônio III está situado no tálamo,
exceto os da via óptica (as células ganglionares da retina), seus axônios por meio da radiação
talâmica chegam às áreas específicas do córtex cerebral.
Desta forma, os elementos básicos que compõem uma via aferente são:
- o trajeto periférico: que compreende um nervo espinal e ou craniano e seu gânglio sensitivo
anexo;
- o trajeto central: constituído por feixes de fibras nervosas que se agrupam em tratos, livros-
texto e lemniscos que percorrem o neuroeixo;
109
8.10.2 Via da dor crônica, difusa (paleoespinotalâmica)
Esta via apresenta mais de três neurônios em sua cadeia. O neurônio I tem comportamento
semelhante ao da via anterior. Os axônios do neurônio II, situados na coluna posterior do H
medular (lâmina V), cruzam e não cruzam o plano mediano, mas em ambas as situações,
constituem os tratos espinorreticulares que ascendem pelo funículo lateral juntamente com o
trato espinotalâmico lateral. As fibras do trato espinorreticular fazem sinapses com os neurônios
III situados em vários pontos da formação reticular; no entanto, são vários os neurônios da
formação reticular que participam desta via e cujos axônios fazem sinapses com os neurônios
dos núcleos intralaminares do tálamo de onde projetam fibras para diversas áreas do córtex
cerebral.
O trato tetospinal origina-se no colículo superior, teto do mesencéfalo, que por sua vez recebe
impulsos oriundos da retina e do córtex visual. As fibras deste trato influenciam neurônios
motores inferiores de segmentos cervicais que estão envolvidos nos movimentos reflexos da
parte cervical da coluna e da cabeça mediante estímulos visuais.
O trato reticulospinal é constituído por fibras que se originam em vários núcleos da formação
reticular. Sabe-se que as informações que chegam à formação reticular são oriundas de diversas
áreas encefálicas, como cerebelo e área cortical motora. Devido à diversidade de informações,
as funções motoras da formação reticular são complexas e envolvem tanto o controle motor
voluntário quanto automático da musculatura axial e proximal dos membros, determinado pela
influência deste trato sobre os neurônios motores inferiores do grupo medial. Por conectar-se à
área pré-motora (área motora secundária), o trato reticulospinal determina o grau de contração
desta musculatura, e coloca o corpo em uma postura básica que será suporte para a execução
dos movimentos finos, pela musculatura distal dos membros, que é controlado pelas fibras do
trato corticospinal lateral e rubrospinal.
114
8.12 Atividades
115
116
Referências
MACHADO, A.B.Neuroanatomia funcional. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2000.
MENESES, M.S. Neuroanatomia aplicada. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
MOORE, K.L.; DALLEY, A.F. Anatomia orientada para a clínica. 6. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2010.
117
Referências Complementares
DÂNGELO, J.G. & FATTINI C.A. Anatomia humana sistêmica e segmentar. 2. ed. São
Paulo: Atheneu, 1997.
DRAKE, R.L.; VOGL, W. & MITCHELL, A.W.M. Gray’s anatomia para estudantes. São
Paulo: Elsevier, 2005.
GARDNER, E.; GRAY, D.S.; O´RAHILLY, R. Anatomia - estudo regional do corpo humano.
4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1990.
JUNQUEIRA, L.C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica. 11. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2008.
MARTINI, H.F.; TIMMONS J.M. & TALLITSCH, R.B. Anatomia Humana. 6. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2009.
MOORE, K.L.; DALLEY, A.F. Anatomia orientada para a clínica. 6. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2010.
MOORE, K.L. & PERSUAD, T.V.N. Embriologia Clínica. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier
Editora Ltda., 2004.
NETTER, F.H. Atlas de anatomia humana. 10. ed. Porto Alegre: Guanabara Koogan, 2008.
SOBOTTA, J. Atlas de anatomia humana. 20. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
VAN DE GRAAF, K.M. Anatomia humana. 6. ed. São Paulo: Manole, 2003.
118
Sites recomendados
www.auladeanatomia.com
Sistemas orgânicos
http://laboratoriodeanatomia.blogspot.com
Vídeos e testes.
www.anatomiaonline.com
http://bloganatomiahumana.blogspot.com
119