Você está na página 1de 138

Anatomia Humana

MAGNO CÉSAR VIEIRA

ANATOMIA HUMANA

1ª Edição

Taubaté
Universidade de Taubaté
2014
Copyright© 2014. Universidade de Taubaté.
Todos os direitos dessa edição reservados à Universidade de Taubaté. Nenhuma parte desta publicação pode
ser reproduzida por qualquer meio, sem a prévia autorização desta Universidade.

Administração Superior
Reitor Prof.Dr. José Rui Camargo
Vice-reitor Prof.Dr. Marcos Roberto Furlan
Pró-reitor de Administração Prof.Dr.Francisco José Grandinetti
Pró-reitor de Economia e Finanças Prof.Dr.Luciano Ricardo Marcondes da Silva
Pró-reitora Estudantil Profa.Dra.Nara Lúcia Perondi Fortes
Pró-reitor de Extensão e Relações Comunitárias Prof.Dr. José Felício Goussain Murade
Pró-reitora de Graduação Profa.Dra.Ana Júlia Urias dos Santos Araújo
Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação Prof.Dr.Edson Aparecida de Araújo Querido Oliveira
Coordenação Geral EaD Profa.Dra.Patrícia Ortiz Monteiro
Coordenação Acadêmica Profa.Ms.Rosana Giovanni Pires Clemente
Coordenação Pedagógica Profa.Dra.Ana Maria dos Reis Taino
Coordenação Tecnológica Profa. Ms. Susana Aparecida da Veiga
Coordenação de Mídias Impressas e Digitais Profa.Ms.Isabel Rosângela dos Santos Ferreira
Coord. de Área: Ciências da Nat. e Matemática Profa. Ms. Maria Cristina Prado Vasques
Coord. de Área: Ciências Humanas Profa.Ms. Fabrina Moreira Silva
Coord. de Área: Linguagens e Códigos Profa. Dra. Juliana Marcondes Bussolotti
Coord. da Área: Pedagogia Profa. Dra. Ana Maria dos Reis Taino
Coord. de Cursos de Tecnol. Área de Gestão e Negócios Profa. Ms. Márcia Regina de Oliveira
Coord. de Cursos de Tecnol. Área de Recursos Naturais Profa. Dra. Lídia Maria Ruv Carelli Barreto
Revisão ortográfica-textual Profa. Ms. Isabel Rosângela dos Santos Ferreira
Projeto Gráfico Ms.Benedito Fulvio Manfredini
Diagramação Diagramação Amanda Cortez Machado
Autor Magno César Vieira

Unitau-Reitoria Rua Quatro de Março, 432-Centro


Taubaté–São Paulo CEP:12.020-270
Central de Atendimento: 0800557255
Educação a Distância(EaD) Avenida Marechal Deodoro, 605–Jardim Santa Clara
Taubaté–São Paulo CEP:12.080-000
Telefones: Coordenação Geral:(12)3621-1530
Secretaria: (12)3625-4280

Ficha catalográfica elaborada pelo SIBi


Sistema Integrado de Bibliotecas/UNITAU
V658a Vieira, Magno César
Anatomia humana / Magno César Vieira. Taubaté: UNITAU, 2011.
121p. : il.

ISBN 978-85-62326-72-1

Bibliografia

1. Anatomia humana. 2. Aparelho locomotor. 3. Sistemas orgânicos.


I. Universidade de Taubaté. II. Título.
PALAVRA DO REITOR

Palavra do Reitor

Toda forma de estudo, para que possa dar


certo, carece de relações saudáveis, tanto de
ordem afetiva quanto produtiva. Também, de
estímulos e valorização. Por essa razão,
devemos tirar o máximo proveito das práticas
educativas, visto se apresentarem como
máxima referência frente às mais
diversificadas atividades humanas. Afinal, a
obtenção de conhecimentos é o nosso
diferencial de conquista frente a universo tão
competitivo.

Pensando nisso, idealizamos o presente livro-


texto, que aborda conteúdo significativo e
coerente à sua formação acadêmica e ao seu
desenvolvimento social. Cuidadosamente
redigido e ilustrado, sob a supervisão de
doutores e mestres, o resultado aqui
apresentado visa, essencialmente, a
orientações de ordem prático-formativa.

Cientes de que pretendemos construir


conhecimentos que se intercalem na tríade
Graduação, Pesquisa e Extensão, sempre de
forma responsável, porque planejados com
seriedade e pautados no respeito, temos a
certeza de que o presente estudo lhe será de
grande valia.

Portanto, desejamos a você, aluno, proveitosa


leitura.

Bons estudos!

Prof. Dr. José Rui Camargo


Reitor

v
vi
Apresentação
Este livro-texto pretende contribuir para que você, caro(a) aluno(a), construa
conhecimento sobre a constituição do corpo humano. A Anatomia Humana é a
disciplina que dá suporte para o entendimento da fisiologia e dos processos patológicos
que envolvem as diversas estruturas do organismo. Conhecer cada sistema orgânico é
fundamental para a compreensão do todo.

Os sistemas ósseo, articular e muscular formam o aparelho locomotor que nos permite
deslocar de um lugar para o outro, ou seja, movimentar-se; os sistemas urinário e
genital, unidos no aparelho urogenital, permitem a excreção de resíduos e perpetuação
da espécie por meio da reprodução; o sistema respiratório nos capacita em fazer as
trocas de gases necessárias para a manutenção da vida e o sistema digestório nos
fornece o ingrediente indispensável para a capacidade energética e metabólica das
células; os sistemas nervoso, endócrino e circulatório integram todos os sistemas para
manter o equilíbrio entre as estruturas do organismo.

Bons estudos!

vii
viii
Sobre o autor

MAGNO CÉSAR VIEIRA - Graduado em Ciências Biológicas – Licenciatura e


Bacharelado pela Universidade de Taubaté. Especialista e Mestre em Anatomia
Humana pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP. Professor Assistente da
Disciplina de Anatomia Descritiva e Topográfica da Universidade Federal de São Paulo
e Professor Assistente III da Disciplina de Anatomia Humana da Universidade de
Taubaté. Coordenador do Curso de Extensão “Compreendendo o movimento humano”,
da Universidade Federal de São Paulo, desde 2004, e Coordenador do Projeto de
Extensão “Museu Didático do Corpo Humano”, da Universidade de Taubaté, em 2011.

e-mail: vieiramc@uol.com.br

ix
x
Caros(as) alunos(as),
Caros(as) alunos(as)

O Programa de Educação a Distância (EAD) da Universidade de Taubaté apresenta-se


como espaço acadêmico de encontros virtuais e presenciais direcionados aos mais
diversos saberes. Além de avançada tecnologia de informação e comunicação, conta
com profissionais capacitados e se apoia em base sólida, que advém da grande
experiência adquirida no campo acadêmico, tanto na graduação como na pós-graduação,
ao longo de mais de 35 anos de História e Tradição.

Nossa proposta se pauta na fusão do ensino a distância e do contato humano-presencial.


Para tanto, apresenta-se em três momentos de formação: presenciais, livros-texto e Web
interativa. Conduzem esta proposta professores/orientadores qualificados em educação a
distância, apoiados por livros-texto produzidos por uma equipe de profissionais
preparada especificamente para este fim, e por conteúdo presente em salas virtuais.

A estrutura interna dos livros-texto é formada por unidades que desenvolvem os temas e
subtemas definidos nas ementas disciplinares aprovadas para os diversos cursos. Como
subsídio ao aluno, durante todo o processo ensino-aprendizagem, além de textos e
atividades aplicadas, cada livro-texto apresenta sínteses das unidades, dicas de leituras e
indicação de filmes, programas televisivos e sites, todos complementares ao conteúdo
estudado.

Os momentos virtuais ocorrem sob a orientação de professores específicos da Web. Para


a resolução dos exercícios, como para as comunicações diversas, os alunos dispõem de
blog, fórum, diários e outras ferramentas tecnológicas. Em curso, poderão ser criados
ainda outros recursos que facilitem a comunicação e a aprendizagem.

Esperamos, caros alunos, que o presente material e outros recursos colocados à sua
disposição possam conduzi-los a novos conhecimentos, porque vocês são os principais
atores desta formação.

Para todos, os nossos desejos de sucesso!

Equipe EAD-UNITAU

xi
xii
Sumário
Palavra do Reitor .............................................................................................................. v
Apresentação .................................................................................................................. vii
Sobre o autor.................................................................................................................... ix
Caros(as) alunos(as) ........................................................................................................ xi
Ementa .............................................................................................................................. 1
Objetivos........................................................................................................................... 2
Introdução ......................................................................................................................... 3
Unidade 1 - Anatomia - Conceitos básicos ...................................................................... 5
1.1 Métodos de Estudo do Corpo Humano....................................................................... 5
1.2 Posição anatômica ...................................................................................................... 6
1.3 Planos limites do corpo humano................................................................................. 6
1.4 Eixos do corpo humano .............................................................................................. 7
1.5 Planos de secção do corpo humano ............................................................................ 7
1.6 Princípios gerais de construção do corpo humano ..................................................... 8
1.7 Termos de posição e direção ...................................................................................... 9
1.8 Desenvolvimento e crescimento ............................................................................... 11
1.9 Variação e fatores gerais de variação ....................................................................... 12
1.10 Atividades ............................................................................................................... 12
Unidade 2 - Aparelho Locomotor ................................................................................... 13
2.1 Sistema Ósseo (=Osteologia) ................................................................................... 13
2.1.1 Classificação dos Ossos ......................................................................................... 13
2.1.2 O Esqueleto ........................................................................................................... 15
2.1.3 Esqueleto Axial ..................................................................................................... 15
2.1.4 Coluna Vertebral, Costelas e Esterno .................................................................... 17
2.1.5 Esqueleto Apendicular........................................................................................... 20
2.2 Sistema Articular (= Artrologia ou Junturas) ........................................................... 20
2.2.1 Classificação das articulações ............................................................................... 21
2.2.2 Terminologia do movimento ................................................................................. 24
2.3 Sistema Muscular ( =Miologia) ................................................................................ 25
2.3.1 Classificação dos músculos estriados esqueléticos ............................................... 28

xiii
2.3.2 Ações musculares .................................................................................................. 28
2.3.3 Anexos musculares ................................................................................................ 29
2.3.4 Principais ações musculares do membro superior ................................................. 30
2.3.5 Principais ações musculares do membro inferior .................................................. 31
2.4 Atividades ................................................................................................................. 31
Unidade 3 - Sistema Respiratório ................................................................................... 33
3.1 Nariz ......................................................................................................................... 33
3.1.1 Cavidades nasais ................................................................................................... 34
3.2 Seios paranasais ........................................................................................................ 34
3.3 Faringe ...................................................................................................................... 35
3.4 Laringe ...................................................................................................................... 36
3.5 Traqueia .................................................................................................................... 37
3.6 Pulmões .................................................................................................................... 38
3.7 Árvore bronquial ...................................................................................................... 39
3.8 Pleura ........................................................................................................................ 39
3.9 Mecânica respiratória ............................................................................................... 40
3.10 Atividades ............................................................................................................... 41
Unidade 4 - Sistema Circulatório ................................................................................... 43
4.1 Coração ..................................................................................................................... 45
4.1.1 Configuração externa ............................................................................................. 47
4.1.2 Configuração interna ............................................................................................. 48
4.1.3 Complexo estimulante do coração ......................................................................... 50
4.2 Principais artérias ..................................................................................................... 50
4.3 Principais veias ......................................................................................................... 51
4.4 Fatores biodinâmicos da circulação venosa.............................................................. 51
4.4.1 Generalidades ........................................................................................................ 51
4.4.1.1 Vis a tergo (força de trás) ................................................................................... 51
4.4.1.2 Válvulas .............................................................................................................. 52
4.4.1.3 Vis a lateralis (Pulsação das artérias) ................................................................. 52
4.4.1.4 Contração muscular ............................................................................................ 53
4.4.1.5 Fáscia muscular .................................................................................................. 53
4.4.1.6 Anastomose arteriolovenular .............................................................................. 53

xiv
4.4.1.7 Gravidade ........................................................................................................... 53
4.4.1.8 Musculatura lisa das veias .................................................................................. 54
4.4.1.9 Bomba plantar .................................................................................................... 54
4.4.1.10 Vis a fronte (Força da frente) ........................................................................... 54
4.5 Sistema Linfático ...................................................................................................... 54
4.5.1 Biodinâmica da circulação linfática ...................................................................... 56
4.6 Atividades .................................................................................................................59

Unidade 5 - Sistema Digestório ...................................................................................... 59


5.1 Cavidade oral ............................................................................................................ 60
5.2 Dentes ....................................................................................................................... 60
5.3 Língua ....................................................................................................................... 60
5.4 Glândulas salivares ................................................................................................... 61
5.5 Faringe ...................................................................................................................... 62
5.6 Esôfago ..................................................................................................................... 62
5.7 Estômago .................................................................................................................. 63
5.8 Intestino delgado ...................................................................................................... 64
5.9 Intestino grosso ......................................................................................................... 65
5.10 Glândulas anexas .................................................................................................... 66
5.10.1 Fígado .................................................................................................................. 66
5.10.2 Vesícula biliar ...................................................................................................... 67
5.10.3 Pâncreas ............................................................................................................... 67
5.11 Atividades ............................................................................................................... 68
Unidade 6 - Sistema Urinário ......................................................................................... 69
6.1 Rins ........................................................................................................................... 69
6.2 Ureteres ..................................................................................................................... 70
6.3 Bexiga urinária ......................................................................................................... 70
6.4 Uretra ........................................................................................................................ 71
6.5 Atividades ................................................................................................................. 72
Unidade 7 - Sistema Genital ........................................................................................... 73
7.1 Sistema Genital Masculino ....................................................................................... 73
7.1.1 Testículo ................................................................................................................ 73

xv
7.1.2 Epidídimo .............................................................................................................. 73
7.1.3 Ducto deferente...................................................................................................... 74
7.1.4 Ducto ejaculatório.................................................................................................. 74
7.1.5 Glândulas anexas ................................................................................................... 74
7.1.6 Escroto ou bolsa testicular ..................................................................................... 75
7.1.7 Pênis ...................................................................................................................... 75
7.2 Sistema Genital Feminino ........................................................................................ 76
7.2.1 Ovários .................................................................................................................. 76
7.2.2 Tubas uterinas ........................................................................................................ 77
7.2.3 Útero ...................................................................................................................... 77
7.2.4 Vagina.................................................................................................................... 79
7.2.5 Órgãos genitais externos femininos ....................................................................... 79
7.3 Atividades ................................................................................................................. 79
Unidade 8 - Sistema Nervoso ......................................................................................... 81
8.1 Divisões do sistema nervoso .................................................................................... 83
8.1.1 Anatômica.............................................................................................................. 83
8.1.2 Embriológica ......................................................................................................... 85
8.1.3 Fisiológica ou funcional ........................................................................................ 85
8.1.4 Segmentar ou metamérico ..................................................................................... 86
8.2 Medula espinal .......................................................................................................... 86
8.2.1 Envoltórios da medula espinal – Meninges e espaços ........................................... 89
8.3 Plexos Nervosos e Nervos Intercostais ..................................................................... 89
8.4 Tronco Encefálico..................................................................................................... 93
8.4.1 Bulbo ..................................................................................................................... 93
8.4.2 Ponte ...................................................................................................................... 94
8.4.3 Quarto ventrículo (Fossa romboide) ...................................................................... 95
8.4.4 Mesencéfalo ........................................................................................................... 95
8.4.4.1 Secção transversal do mesencéfalo .................................................................... 96
8.5 Cerebelo .................................................................................................................... 96
8.6 Diencéfalo ................................................................................................................. 98
8.6.1 Terceiro Ventrículo................................................................................................ 99
8.6.2 Epitálamo ............................................................................................................... 99

xvi
8.6.3 Tálamo ................................................................................................................... 99
8.6.4 Hipotálamo ............................................................................................................ 99
8.7 Telencéfalo ............................................................................................................... 99
8.7.1 Face superolateral do hemisfério cerebral ........................................................... 100
8.7.1.1 Lobo frontal ...................................................................................................... 100
8.7.1.2 Lobo parietal ..................................................................................................... 102
8.7.1.3 Lobo temporal .................................................................................................. 102
8.7.1.4 Lobo occipital ................................................................................................... 103
8.7.1.5 Lobo insular ...................................................................................................... 104
8.7.2 Face medial do hemisfério cerebral ..................................................................... 104
8.7.2.1 Lobo frontal ...................................................................................................... 104
8.7.2.2 Lobo parietal .................................................................................................... 105
8.7.2.3 Lobo occipital ................................................................................................... 105
8.7.3 Face inferior do hemisfério cerebral .................................................................... 106
8.7.3.1 Lobo temporal ................................................................................................. 106
8.7.3.2 Lobo frontal ..................................................................................................... 106
8.7.4 Lobo límbico ....................................................................................................... 107
8.8 Ventrículos Laterais ................................................................................................ 107
8.9 Núcleos da Base .................................................................................................... 108
8.10 Vias Aferentes ...................................................................................................... 108
8.10.1 Via da temperatura e dor aguda (neoespinotalâmica) ....................................... 109
8.10.2 Via da dor crônica, difusa (paleoespinotalâmica) ............................................. 110
8.10.3 Via de pressão e tato protopático ....................................................................... 110
8.10.4 Via de propriocepção consciente, tato epicrítico, e sensibilidade vibratória..... 110
8.10.5 Via de propriocepção inconsciente .................................................................... 111
8.10.6 Vias vestibulares conscientes e inconscientes ................................................... 111
8.11 Vias Eferentes ....................................................................................................... 112
8.11.1 Via eferente somática ........................................................................................ 112
8.11.1.1 Vias piramidais ............................................................................................... 112
8.11.1.2 Vias extrapiramidais ...................................................................................... 114
Referências ................................................................................................................... 117
Referências Complementares ....................................................................................... 118

xvii
xviii
Anatomia Humana ORGANIZE-SE!!!
Você deverá usar de 3
a 4 horas para realizar
cada Unidade.

Ementa

EMENTA

O ser humano é formado por uma variedade de células especializadas


que se organizam para formar os órgãos. O curso de anatomia visa ao
entendimento da formação e disposição destes nos sistemas humanos,
considerando o surgimento de padrões anatômicos num contexto
evolutivo.
Aspectos morfológicos e funcionais dos aparelhos locomotor e urogenital
e dos sistemas circulatório, respiratório, digestório e nervoso.

1
Objetivo Geral
Introduzir ao aluno o conhecimento das estruturas anatômicas que compõem os vários
sistemas orgânicos, relacionando-as com suas principais funções, base para a
compreensão do funcionamento do organismo. Normatizar a terminologia anatômica,
base da linguagem na área da saúde, e estimular atitude de respeito e ética ao meio
acadêmico.

Objetivos

Objetivos Específicos
o Descrever os padrões anatômicos emergentes nos metazoários;
o Conhecer a composição óssea do esqueleto humano;
o Entender como a musculatura se liga aos ossos;
o Identificar órgãos e estruturas nos sistemas.

2
Introdução

O livro-texto Anatomia Humana, composto por 8 unidades, visa a apresentar os


principais aspectos morfológicos e funcionais dos vários sistemas orgânicos que
formam o corpo humano.
Na Unidade 1, Anatomia – Conceitos básicos, são tratados os elementos basilares para
o estudo da anatomia. A Unidade 2, Aparelho locomotor, trata de três grandes sistemas:
ósseo, articular e muscular. Já a Unidade 3, Sistema respiratório, apresenta as estruturas
que compõem o sistema responsável pela captação e eliminação de gases essenciais à
vida. A Unidade 4, Sistema circulatório, trata deste sistema que é constituído por dois
outros, o sistema vascular sanguíneo e o sistema linfático. Por sua vez, a Unidade 5,
Sistema digestório, apresenta os diversos órgãos cuja função é preparar o alimento para
ser absorvido, ou excretado, pelo organismo no processo de geração de energia vital. A
Unidade 6, Sistema urinário, trata do principal sistema excretor do organismo. Já a
Unidade 7, Sistema genital, apresenta as estruturas que compõem o sistema genital
masculino e o sistema genital feminino. Por fim, a Unidade 8, Sistema nervoso, trata
das estruturas que compõem este sistema que se divide basicamente em central e
periférico e que, juntamente com os sistemas endócrino e circulatório, mantém a
homeostase do organismo.
É importante que o estudante, ao longo das leituras, dos encontros presenciais e dos
exercícios na web, consulte atlas de anatomia e imagens disponibilizadas nas bibliotecas
da Universidade de Taubaté e na internet. Ao mesmo tempo, o autor do presente livro-
texto coloca vasto material à disposição dos alunos da EaD, mediante solicitação para o
seguinte e-mail: vieiramc@uol.com.br

3
4
Unidade 1

Unidade 1 - Anatomia - Conceitos básicos


Anatomia é a ciência que estuda a conformação (forma), a construção (estrutura) e o valor
funcional de um organismo. A forma pode ser entendida como a imagem plástica da função
num determinado momento.

1.1 Métodos de Estudo do Corpo Humano


 Dissecação: consiste em dissecar ou separar as estruturas anatômicas entre
si;

 Inspeção: consiste num método de observação, que pode ser interna


(endoscopia) ou externa (ectoscopia);

 Palpação: é o ato de palpar as estruturas anatômicas por meio da superfície


do corpo e verificar sua forma e consistência;

 Mensuração: consiste num método de estudo que se utiliza de medidas e


metragens das estruturas;

 Auscultação: método de audição para análise dos sons emitidos durante o


funcionamento das estruturas, exemplos: ausculta pulmonar, ausculta
cardíaca, etc.;

 Percussão: é o método de análise dos sons produzidos pelo corpo por meio
da utilização de objetos, principalmente os dedos.

Os órgãos do corpo humano podem ser estudados de acordo com sua:

 Hototopia: é a relação do órgão com o organismo;

 Sintopia: é a relação do órgão com as estruturas vizinhas;

 Esqueletopia: é a relação do órgão com o esqueleto;

5
 Idiotopia: é o estudo das diferentes partes de um mesmo órgão;

 Histiotopia: é o estudo da estrutura de um mesmo órgão.

1.2 Posição anatômica


A descrição das estruturas anatômicas é feita de acordo com a posição do indivíduo;
desta maneira, obedecemos a Posição Anatômica que é internacionalmente conhecida e
aceita. A Posição Anatômica consiste em:

 Indivíduo na posição ereta, em pé ou posição ortostática;

 Cabeça voltada para frente com olhar na linha do horizonte;

 Membros superiores junto ao tronco com as palmas das mãos voltadas para
frente;

 Membros inferiores justapostos com os dedos dos pés voltados para frente.

1.3 Planos limites do corpo humano


Imaginem um indivíduo, em posição anatômica, dentro de uma caixa; os lados, no total
de seis (6), tangenciam a superfície corpórea e são assim denominados:

 Plano superior ou cranial: aquele que tangencia a calvária ou calota


craniana;

 Plano inferior ou podálico: paralelo ao superior e tangencia as plantas dos


pés;

 Plano anterior ou ventral: aquele que tangencia a parede anterior do


abdome;

 Plano posterior ou dorsal: paralelo ao ventral e tangencia o dorso;

 Plano lateral direito: aquele tangencia o membro superior direito;

 Plano lateral esquerdo: paralelo ao homônimo direito e tangencia o membro


superior esquerdo.
6
1.4 Eixos do corpo humano
São três os eixos do corpo humano; trata-se de linhas imaginárias que unem os planos
limites paralelos entre si. Desta forma, temos:

Eixo longitudinal é o eixo que une os planos limites superior e inferior; portanto,
atravessa o corpo no sentido superoinferior ou craniopodálico ou vice-versa e atinge,
com suas extremidades, partes ou polos não equivalentes do corpo, por isso, é um eixo
heteropolar;

Eixo transversal é aquele que une os planos limites laterais direito e esquerdo; é o eixo
de largura que cruza o corpo no sentido laterolateral e atinge partes ou polos
equivalentes do corpo, é um eixo homopolar;

Eixo sagital é o eixo de profundidade anteroposterior ou ventrodorsal e une os planos


limites anterior e posterior, por projetar suas extremidades em partes não equivalentes, é
também considerado eixo heteropolar.

1.5 Planos de secção do corpo humano


Obtêm-se os planos de secção à medida que se desliza um eixo sobre o outro; desta
forma, podemos realizar cortes no corpo por meio dos seguintes planos de secção:

Plano mediano ou plano sagital mediano é obtido deslizando o eixo sagital ao longo
do eixo longitudinal; este plano é considerado de simetria, pois determina a secção do
corpo em duas partes aparentemente iguais, os antímeros direito e esquerdo;

Plano sagital é qualquer corte paralelo ao plano mediano;

Plano transversal ou horizontal é traçado pelo deslizamento do eixo sagital ao longo


do eixo transversal e separa o corpo nos segmentos superior e inferior; planos paralelos
a este separam segmentos dispostos em série, que são os metâmeros;

7
Plano frontal ou coronal é determinado pelo deslocamento do eixo transversal ao
longo do eixo longitudinal e separa o corpo em partes anterior e posterior, que são os
paquímeros.

1.6 Princípios gerais de construção do corpo humano


Antimeria – A construção do corpo humano obedece ao plano geral de simetria que se
pode evidenciar na sua morfologia externa, a simetria externa ou de massa; ou no
arranjo dos seus órgãos internos, a simetria interna ou de construção.

Deve-se distinguir simetria de posição e simetria de forma que podem não coexistir. A
simetria é mais perfeita nos animais mais simples e nas primeiras fases do
desenvolvimento embrionário do indivíduo. O grau de simetria diminui na filogênese e
na ontogênese. Os vertebrados seguem o plano de construção de simetria bilateral;
apresentam a justaposição de duas metades ou antímeros, separados pelo plano
mediano. De acordo com este plano de construção, os órgãos pares e ímpares são
simétricos, desde que os últimos ocupem uma posição mediana, primitiva ou
secundária. Entretanto, os vertebrados não apresentam uma construção simétrica
perfeita; existe, ao contrário, uma assimetria normal de grau mais acentuado que nos
animais inferiores. Em grau diverso, esta assimetria se manifesta tanto no exterior
quanto no interior. De fato, há uma grande assimetria interna e uma aparente simetria
externa ou de massa, que estabelece um equilíbrio mecânico no ambiente, essencial na
locomoção.

Metameria – A segmentação transversal permite separar unidades que se sucedem no


sentido craniopodálico, os metâmeros, que são unidades homólogas no plano de
estrutura. Em certos animais (os anelídeos), os metâmeros são de construção semelhante
e podem ter vida própria. Nos vertebrados, estas unidades são imperfeitas. Nestes
animais, a metameria se manifesta durante o desenvolvimento embrionário e logo
desaparece, deixando sinais apenas em alguns sistemas orgânicos, como, por exemplo,
na segmentação da coluna vertebral, na disposição dos doze pares de costelas, na

8
disposição dos vasos intercostais posteriores e lombares, na disposição dos dermátomos
no tronco, etc..

Paquimeria – O plano frontal ou coronal separa, no tronco, uma porção anterior e outra
posterior, que são os paquímeros. Cada paquímero contém um tubo no seu interior; no
ventral está o tubo esplâncnico que abriga a massa visceral e apresenta maior amplitude
em sua extremidade caudal; no dorsal está o tubo neural que aloja o neuroeixo e mostra
maior amplitude na extremidade cranial. Os paquímeros possuem construção
semelhante e possuem um esqueleto comum que envia prolongamentos ósseos que
entram na constituição das paredes de cada tubo. Desta forma, o tronco é formado pela
justaposição de dois tubos, um ventral e outro dorsal, e ambos envolvidos por um
terceiro, que é representado pelos planos superficiais do corpo, a pele e a tela
subcutânea. Da parede do paquímero ventral nascem dois pares de apêndices, os
membros superiores e inferiores, tanto que são inervados pelos ramos nervosos
originados dos plexos nervosos que são o entrelaçamento dos ramos ventrais dos nervos
espinais.

Estratigrafia – O corpo humano, com o dos vertebrados em geral, é construído de


maneira estratigráfica; ou seja, pela sobreposição de camadas do mesmo tecido ou de
tecidos diferentes. Os estratos são observados tanto na parede dos segmentos corpóreos
quanto em cada órgão em particular; o estudo da estratigrafia equivale ao da histiotopia.
O exemplo clássico de construção estratigráfica é a parede anterior do abdome.

1.7 Termos de posição e direção


Os termos de posição e direção são utilizados imaginando-se o indivíduo na posição
anatômica. São eles:

Superior ou cranial: significa em relação à cabeça, parte mais alta do corpo ou de um


segmento do corpo. Exemplo: A cabeça é superior ao pescoço. A coxa é superior à
perna;

9
Inferior ou caudal: refere-se ao que está voltado para baixo. Exemplo: A base do
crânio é inferior em relação à sua calota. A cicatriz umbilical é inferior à mama;

Anterior ou ventral: relacionado à face ventral do corpo ou anterior. Exemplo: O osso


esterno constitui parte da parede anterior do tórax. A cicatriz umbilical está na face
ventral da parede do abdome. O corpo do esterno é anterior ao coração e pericárdio;

Posterior ou dorsal: refere-se à face dorsal do corpo. Exemplo: A coluna vertebral está
situada na região dorsal do corpo. Coração e pericárdio são posteriores ao corpo do
esterno;

Medial: refere-se à parte do corpo ou segmento que está voltado ou mais próximo do
plano mediano. Exemplo: Comparado ao rádio, a ulna é o osso medial do antebraço.
Dos dois maléolos, projeções ósseas de cada lado do tornozelo, o medial é aquele que
está voltado para o plano mediano;

Lateral: é o termo oposto ao medial. Exemplo: Comparado à ulna, o rádio é o osso


lateral do antebraço. O maléolo lateral é aquela projeção óssea do lado do tornozelo que
mais se afasta do plano mediano;

Intermédio: é toda estrutura que se posiciona entre duas outras, uma lateral e outra
medial. Exemplo: A membrana interóssea do antebraço é uma estrutura intermédia, pois
está localizada entre o rádio (lateral) e a ulna (medial);

Proximal: usa-se o cíngulo do membro como referência ou o início de um sistema; a


estrutura proximal é aquela que comparada à outra, está mais próxima da raiz ou do
início do sistema. Exemplo: Das epífises do úmero, a proximal é aquela que está
articulada com a escápula. O terço proximal do esôfago é aquele que é continuidade da
faringe;

Distal: é o termo oposto ao proximal. Exemplo: A epífise distal do úmero é aquela que
se articula com os ossos do antebraço. O terço distal do esôfago é a porção que se abre
no estômago.

10
Médio: é a estrutura ou parte do órgão que está localizada entre duas outras, uma
proximal e outra distal. Exemplos: A falange média está situada entre as falanges
proximal e distal. O terço médio do esôfago é a porção entre seus terços proximal e
distal.

Superficial: é a estrutura que está presente na tela subcutânea, logo abaixo da pele. Ou
dentre as estruturas consideradas profundas, está mais próxima da superfície corpórea.
Exemplo: as veias superficiais do membro superior estão localizadas na tela subcutânea,
superficialmente à fáscia muscular. Dos músculos da parede anterolateral do abdome, o
músculo oblíquo externo do abdome é o mais superficial.

Profundo: é o termo oposto ao superficial. Exemplo: As veias profundas do membro


superior são aquelas localizadas profundamente à fáscia muscular. Dos músculos da
parede anterolateral do abdome, o músculo transverso do abdome é o mais profundo.

Externo e Interno: referem-se às estruturas da parede de uma cavidade do corpo ou


órgão. Exemplo: Os órgãos internos da cavidade torácica. O encéfalo é o órgão interno
da cavidade crânio. Há lâminas externa e interna nos ossos da calota craniana. Os
músculos oblíquos externo e interno compõem a parede do abdome. Os termos externo
e interno são utilizados erroneamente como sinônimos, respectivamente, de lateral e
medial.

Palmar: refere-se à região da palma da mão. Região palmar.

Plantar: refere-se à região da planta do pé. Região plantar.

As regiões que se opõem às regiões palmar e plantar são denominadas de dorsais da


mão e do pé.

1.8 Desenvolvimento e crescimento


O desenvolvimento consiste na série de transformações pré e pós-natais que ocorrem
desde a fecundação do óvulo pelo espermatozoide até a maturidade do indivíduo. O

11
crescimento pode ocorrer de duas formas: hipertrofia, que é o aumento do volume das
células de um determinado órgão ou estrutura, e hiperplasia, que é o aumento do
número de células de um determinado órgão Exemplos: a musculação promove a
hipertrofia das células musculares; com a idade, o homem apresenta aumento da
próstata, que pode ser por hipertrofia ou por hiperplasia.

1.9 Variação e fatores gerais de variação


Em anatomia, normal significa “o mais frequente”; na clínica, normal quer dizer
“saudável”; o normal idealístico é o que se considera teoricamente “melhor”. Os desvios
da normalidade podem ser classificados em três grupos:

Variação anatômica consiste num desvio discreto do normal e não altera a função.
Exemplo: Ausência do músculo palmar longo. A presença de dois ureteres saindo do
rim direito. Orelha de abano.

Anomalia é um grau elevado de desvio da normalidade e causa alteração funcional.


Exemplo: Lábio leporino. Sindactilia. Pé torto.

Monstruosidade consiste num grau máximo de desvio, altera a função de tal forma que
é incompatível com a vida. Exemplo: Anencefalia. Ciclopia.

Os fatores gerais de variação determinam o maior grau de diferença entre os seres


humanos; entre estes, temos: a hereditariedade, o sexo, a idade, o grupo étnico ou raça,
o meio ambiente e os tipos constitucionais ou biotipo.

1.10 Atividades
1. Descreva a posição anatômica.

2. Denomine e diferencie os planos limites dos planos de secção do corpo humano.

3. Descreva os eixos do corpo humano.

4. Diferencie os termos, mediano, médio, medial e intermédio

12 5. Diferencie os termos superior e proximal, inferior e distal.


Unidade 2

Unidade 2 - Aparelho Locomotor


Ë constituído por três grandes sistemas: ósseo, articular e muscular. Os dois primeiros
formam a porção passiva deste aparelho, enquanto o sistema muscular constitui a parte
ativa desse.

2.1 Sistema Ósseo (=Osteologia)


O esqueleto humano, do indivíduo adulto, é constituído por 206 ossos; se considerarmos
o osso hioide (situado no pescoço, acima da laringe) serão 207, mas, se computarmos os
3 ossículos da orelha média (martelo, bigorna e estribo), de cada lado, totalizaremos 213
ossos nominados, visto que podemos apresentar ossos supranumerários, exemplos:
ossos sesamoides encontrados nas mãos e nos pés.

2.1.1 Classificação dos Ossos

Os ossos que compõem o esqueleto podem ser classificados de acordo com as suas
dimensões (comprimento, largura e espessura) em:

Ossos Longos: apresentam comprimento maior que largura e espessura; exemplos:


clavícula, úmero, ulna, rádio, fêmur, tíbia, fíbula, ossos do metacarpo e metatarso e
falanges. Estes ossos, situados nos membros superiores e inferiores, possuem
características particulares, tais como:

Epífises proximal e distal: extremidades dilatadas do osso que entram em contato com
o outro osso em uma articulação; são constituídas por substância óssea esponjosa
envolta por uma fina lâmina de substância óssea compacta;

13
Diáfise ou corpo: parte tubular entre as epífises, que apresenta em seu interior uma
cavidade, o canal medular. A estrutura tubular da diáfise, ao contrário das epífises,
apresenta espessa lâmina de substância óssea compacta, externamente, e pouca
substância óssea esponjosa, voltada para o canal medular;

Medula óssea: localiza-se no interior do canal medular e entre as trabéculas da


substância óssea esponjosa.

Ossos Planos ou Chatos: apresentam comprimento e largura maiores que a espessura.


Estes ossos são constituídos por duas lâminas de substância óssea compacta (=tábuas) e,
entre elas, substância óssea esponjosa, que pode variar de espessura de acordo com as
forças de tração que recaem sobre o osso; exemplos: escápula, ossos do quadril, ossos
da calvária (nestes ossos, a substância óssea esponjosa é referida como “díploe”).

Ossos Curtos: são aqueles em que as três medidas se equivalem. Estes ossos são
constituídos por substância óssea esponjosa envolta por uma lâmina de substância óssea
compacta; exemplos: patela e ossos do carpo e tarso.

Ossos Alongados: quanto às medidas, há semelhança com o osso longo, porém, não
apresentam canal medular. Exemplo: costelas.

Ossos Irregulares: são aqueles que apresentam forma indefinida devido à presença de
processos, o que dificulta as mensurações. Exemplos: vértebras, mandíbula etc..

Outras classificações são utilizadas sem que se observe as dimensões dos ossos:

Ossos Pneumáticos: são restritos ao crânio; apresentam cavidade aérea (=seios


paranasais) que se comunica com a cavidade nasal, o que permite a continuidade da
mucosa desta cavidade com aquela que reveste o seio. A sinusite é o processo
inflamatório da mucosa do seio paranasal e, na clínica, utiliza-se a terminologia seios da
face em pedidos de exame radiológico. Exemplos: Frontal (seio frontal), Maxilas (seios
maxilares), Esfenoide (seio esfenoidal) e Etmoide (células etmoidais anteriores, médias
e posteriores).

14
Ossos Sesamoides: quanto à dimensão, são considerados curtos, porém estão presentes
nas proximidades das articulações e são envolvidos por tendão muscular e/ou
ligamento. Exemplo: patela, pisiforme e ossos supranumerários encontrados juntos às
articulações interfalângicas das mãos e dos pés.

2.1.2 O Esqueleto

É dividido em axial e apendicular. Crânio, coluna vertebral, costelas e esterno


constituem o eixo do corpo, por isso estão reunidos no Esqueleto Axial; por outro lado,
os membros superiores e inferiores formam os apêndices do corpo, razão pela qual seus
ossos pertencem ao Esqueleto Apendicular.

As seguintes funções são creditadas ao Esqueleto:

Sustentação das partes moles do corpo;

Proteção de vísceras e órgãos por meio de cavidades ósseas, como as cavidades


craniana, torácica e pélvica, e canal ósseo, como o canal vertebral;

Depósito de Cálcio, fosfato e outros íons essenciais para a mineralização do material


extracelular, constituindo a matriz óssea. Os ossos armazenam e/ou liberam estes íons
de maneira controlada para manter a concentração deles nos líquidos corporais.

Produção de células sanguíneas por meio da medula óssea que se encontra alojada e
protegida no interior do canal medular dos ossos longos e entre as trabéculas da
substância esponjosa dos ossos em geral.

Sistema de alavancas que amplia as forças geradas na contração muscular


proporcionando movimentos úteis, pois os músculos esqueléticos estão fixos no
esqueleto.

2.1.3 Esqueleto Axial


 Crânio

O crânio segue o princípio da paquimeria, sendo constituído por uma porção posterior, o
neurocrânio, que contém a cavidade do crânio, a qual aloja o encéfalo; e uma porção
15
anterior, onde estão localizadas as órbitas e as cavidades do nariz e da boca, o
viscerocrânio ou esplancnocrânio.

O neurocrânio apresenta 8 ossos; quatro ímpares: frontal, occipital, esfenoide e etmoide,


e dois ossos pares: parietal e temporal. A parte petrosa do osso temporal aloja as orelhas
média e interna; no interior de cada orelha média, encontramos os ossículos da audição:
martelo, bigorna e estribo. O viscerocrânio possui 14 ossos, dois ímpares, a mandíbula e
o vômer, e seis ossos pares: nasal, lacrimal, maxila, zigomático, palatino e concha nasal
inferior.

Os ossos que formam a calvária ou calota craniana são planos e, como tal, possuem
duas lâminas de substância óssea compacta, sendo a externa mais espessa e resistente
que a interna devido à maior exposição a choques e traumatismos; a substância óssea
esponjosa entre as lâminas, denominada díploe, apresenta medula óssea. A base da
cavidade do crânio e o viscerocrânio apresentam ossos de formato irregular, sendo que
alguns apresentam seios em seu interior.

No crânio, o periósteo recebe a denominação de pericrânio, revestimento externo, e


endocrânio, revestimento interno, sem função osteogênica; desta maneira, não há
remodelação óssea sem intervenção humana.

Os ossos que formam a calvária desenvolvem-se por ossificação intramembranosa; já


entre aqueles que formam a base do crânio, a maioria se desenvolve por ossificação
endocondral.

No recém-nascido (RN), os ossos da calvária são separados por espaços preenchidos por
membrana de tecido conjuntivo fibroso, os fontículos, que representam ossos não
ossificados. São seis os fontículos: dois no plano mediano, o anterior e o posterior; dois
pares laterais, os anterolaterais ou esfenoidais e os posterolaterais ou mastóideos. A
palpação do fontículo anterior, o maior de todos, permite determinar: o crescimento dos
ossos frontal e parietais; o grau de hidratação do bebê, visto que o seu rebaixamento
indica desidratação e o nível da pressão intracraniana, pois a membrana proeminente
indica o aumento da pressão no interior do crânio.

16
As articulações entre os ossos do crânio não permitem mobilidade aparente, salvo em
algumas fases da vida, como por exemplo, durante o nascimento. Dentre as articulações,
temos: as fibrosas, constituídas pelas suturas, que podem ser serrátil, plana ou
escamosa, todas sofrem ossificação com o evolver da idade; as cartilagíneas, do tipo
sincondrose, que são observadas na base do crânio, entre as partes do osso occipital e
entre este o esfenoide, a sincondrose esfeno-occipital e a sinovial, a única considerada
móvel, entre o processo condilar da mandíbula e a fossa da mandíbula no osso temporal,
por isso, denominada articulação temporomandibular (ATM).

2.1.4 Coluna Vertebral, Costelas e Esterno

É formada por 33 ossos, considerados irregulares, as vértebras. Dentre estas, 24 são


móveis, denominadas pré-sacrais, assim distribuídas: sete na região cervical, as
vértebras cervicais, doze na região torácica, as vértebras torácicas e cinco na região
lombar, as vértebras lombares. O osso sacro é formado por cinco vértebras sacrais que
se fundiram e o cóccix é constituído por quatro vértebras coccígeas igualmente
fundidas.

A vértebra típica apresenta uma massa óssea anterior, volumosa, o corpo vertebral, que,
por suportar carga, aumenta progressivamente, quanto mais inferior estiver a vértebra,
até a primeira vértebra sacral. O arco vertebral é a projeção óssea posterior ao corpo,
com o qual delimita o forame vertebral, deste arco projeta-se para trás e, no plano
mediano, o processo espinhoso, lateralmente, os processos transversos, para cima e para
baixo, respectivamente, os processos articulares superiores e inferiores. Os processos
articulares articulam as vértebras entre si; os processos espinhoso e transverso são
meios de fixação muscular e ligamentar importantes para a estabilização da coluna
vertebral e sua mobilidade.

A sobreposição dos forames vertebrais forma o canal vertebral que aloja a medula
espinal, raízes dos nervos espinais, as meninges e o plexo venoso vertebral interno.

Em visão lateral da coluna vertebral, observamos os forames intervertebrais, por onde


emergem os nervos espinais.

17
O disco intervertebral, situado entre os corpos vertebrais, funciona como um
amortecedor que absorve as pressões que recaem sobre a coluna vertebral, é constituído
por uma região central, derivada da notocorda, o núcleo pulposo, e, ao redor, o anel
fibroso, que possui uma porção periférica de tecido conjuntivo denso, porém em sua
maior extensão é constituído por fibrocartilagem, cujos feixes colágenos formam
camadas concêntricas que dão sustentação ao núcleo pulposo.

A ruptura do anel fibroso, mais frequente na sua parte posterior, resulta na expulsão do
núcleo pulposo e no achatamento do disco intervertebral (hérnia de disco); este
deslocamento do núcleo pulposo pode comprimir raízes nervosas e/ou a medula espinal,
produzindo fortes dores e distúrbios neurológicos.

Em visão anterior ou posterior, a coluna vertebral parece retilínea, com alguns desvios
laterais, à direita ou á esquerda, as escolioses fisiológicas; porém observando-a de perfil
notamos a presença de quatro curvaturas, duas com convexidade anterior, as curvaturas
cervical e lombar, e duas com convexidade posterior, as curvaturas torácica e sacral.
Estas últimas são também denominadas curvaturas primárias, por surgir durante o
desenvolvimento fetal; as curvaturas cervical e lombar são secundárias, pois começam
a delinear-se no final do desenvolvimento e se acentuam nos primeiros anos de vida.

As alterações patológicas destas curvaturas podem gerar as denominadas lordose


(curvaturas cervical e ou lombar acentuadas) e cifose (curvatura torácica acentuada).

A primeira e segunda vértebras cervicais são atípicas e denominadas, respectivamente,


de Atlas e Áxis.

As 12 vértebras torácicas se articulam com 12 pares de costelas que juntamente com


os discos intervertebrais entre seus corpos vertebrais formam a parede posterior do
tórax.

As vértebras lombares, em número de cinco, caracterizam-se por ser as maiores da


coluna vertebral.

18
As vértebras sacrais fundem-se na idade adulta para constituir o osso Sacro, que
apresenta formato triangular, com base voltada para cima e ápice para baixo. Este
aspecto triangular do sacro apoia-se na diminuição abrupta do tamanho das vértebras
sacrais, pois as forças que recaem sobre a primeira vértebra sacral são transferidas, por
meio das articulações sacroilíacas, para os ossos do quadril e destes, para os membros
inferiores.

As quatro vértebras coccígeas, pequenas, fundem-se para formar o cóccix.

Os doze pares de Costelas contribuem para formar a maior parte da parede torácica;
elas são leves e altamente resilientes. Cada costela possui substância óssea esponjosa
em seu interior contendo medula óssea vermelha. As costelas são classificadas em três
tipos:

 Costelas verdadeiras são os sete primeiros pares que se articulam


diretamente com o osso esterno, por meio de cartilagens costais próprias;

 Costelas falsas (do 8º ao 10º pares) articulam-se indiretamente ao osso


esterno, por meio da união de suas cartilagens costais com aquela da costela
imediatamente acima;

 Costelas flutuantes (11º e 12º pares) são pequenas e apresentam cartilagens


costais rudimentares que não se conectam ao esterno e terminam na
musculatura da parede abdominal posterior.

As Cartilagens costais conectam, direta ou indiretamente, as costelas ao osso esterno


anteriormente; fazem exceção aquelas que são rudimentares. Estas cartilagens
contribuem para a elasticidade da parede torácica e, desta forma, auxiliam nas alterações
dos diâmetros da cavidade torácica, mecanismos essenciais para os processos mecânicos
da respiração.

O Esterno, osso plano e mediano, situado na parede anterior do tórax, é constituído por
três partes: manúbrio, corpo e processo xifóide.

19
2.1.5 Esqueleto Apendicular
Os membros superiores e inferiores apresentam uma parte livre e a raiz do membro (=cíngulo,
cintura) que conecta a parte livre ao esqueleto axial. O cíngulo do membro superior é
constituído pela escápula e clavícula; a escápula articula-se com o úmero e a clavícula articula-
se de um lado com a escápula e do outro, com o esterno.

A parte livre do membro superior possui o úmero (osso do braço), ulna e rádio (ossos do
antebraço) e os ossos da mão que estão divididos em três regiões: o carpo, que apresenta os
ossos escafoide, semilunar, piramidal e pisiforme em sua fileira proximal e os ossos trapézio,
trapezoide, capitato e hamato em sua fileira distal; o metacarpo que possui cinco ossos
metacarpais (I – V), e os dedos com suas falanges proximal, média e distal, exceto o polegar,
que possui apenas as falanges proximal e distal.

O cíngulo do membro inferior é constituído pelo osso do quadril, que ao nascimento é formado
por três partes: ílio, ísquio e púbis. O osso do quadril está conectado ao homônimo contralateral
por meio da sínfise púbica e ao osso sacro da coluna vertebral, por meio da articulação
sacroilíaca.

A parte livre do membro inferior apresenta o fêmur na coxa, tíbia e fíbula na perna e os ossos do
pé. Estes últimos estão divididos nas regiões do tarso (tálus, calcâneo, cuboide, navicular e os
cuneiformes lateral, intermédio e medial); do metatarso (I – V metatarsais) e dedos, com suas
falanges proximal, média e distal, exceto o hálux, que apresenta falanges proximal e distal. Na
articulação do joelho, entre fêmur e tíbia, encontramos a patela, considerado osso curto e
sesamoide, pois se encontra envolvido pelo tendão do músculo quadríceps femoral.

2.2 Sistema Articular (= Artrologia ou Junturas)


Articulação, s.f. - denominação que se dá aos modos de união dos ossos entre si; união entre
peças de um aparelho ou máquina.

Juntura, s.f. - O mesmo que junção; junta; articulação; união.

O sentido da palavra articulação sugere movimento entre duas peças, porém isso nem sempre é
verdade. Assim, devemos ressaltar o significado correto da palavra, que é "união", sem

20
pressupor que possam ocorrer deslocamentos entre os elementos relacionados.
Em anatomia, articulações ou junturas são as uniões funcionais entre os diferentes componentes
do esqueleto, tais como entre ossos, entre cartilagens ou entre ossos e cartilagens. Vários são os
tipos existentes de articulações, que podem se diferenciar pelo tipo de movimento que ocorre ou
pela natureza do tecido interposto.

O desenvolvimento das articulações dá-se ainda no período embrionário, quando o mesoderma


organiza-se em núcleos contínuos em forma de eixos ou colunas. A partir desse momento
surgem os primeiros indícios dos ossos e articulações pela condensação do mesoderma em
determinados locais. Esse mesoderma condrificará e posteriormente se ossificará, dando origem
aos ossos. As porções não condensadas de mesoderma indiferenciado podem se desenvolver em
três direções dando origem a tecidos fibrosos que não permitem movimentos, como no caso dos
ossos do crânio, e a tecidos cartilagíneos, como por exemplo, na união entre as parte púbicas
dos ossos do quadril, que permitem movimentos parciais. Finalmente, pode também ocorrer a
diferenciação em tecido frouxo, com a formação de uma cavidade entre as partes, o que
resultará em uma articulação com movimentos amplos.

Os tecidos circunjacentes aos núcleos mesodérmicos darão origem ao periósteo (membrana


conjuntiva que envolve os ossos) e ao pericôndrio (que envolve as cartilagens); a extensão
destes por sobre as extremidades desses núcleos irá formar as cápsulas articulares. A espessura
dessas cápsulas não é uniforme e os espessamentos que nela ocorrem são os elementos de
reforço denominados ligamentos.

2.2.1 Classificação das articulações


As articulações ou junturas são classificadas de acordo com sua estrutura, amplitude de
movimento e também segundo os eixos em torno dos quais esses movimentos ocorrem.
Assim, as articulações imóveis ou sinartroses, denominadas junturas fibrosas são aquelas em
que o contato entre os ossos é quase direto, com interposição de fina camada de tecido
conjuntivo e o movimento é quase inexistente. As junturas fibrosas podem ser de três tipos:
sindesmose, sutura e gonfose.
Sindesmose é a articulação na qual dois ossos são unidos por fortes ligamentos interósseos e
não há superfície cartilaginosa na área de união. Exemplo: sindesmose tibiofibular.

Sutura é a articulação na qual as margens ósseas são contíguas e separadas por uma delgada
camada de tecido fibroso. Esse tipo de articulação só é encontrado no crânio e pode ser de três
tipos: sutura serrátil, quando as margens dos ossos são encaixadas e unidas por uma série de

21
saliências e reentrâncias em forma de serra, como observado entre os ossos parietais (= sutura
interparietal ou sagital); sutura escamosa, formada pela sobreposição de dois ossos contíguos,
como entre o temporal e o parietal, e sutura plana, em que duas margens ósseas contíguas se
opõem como entre os ossos nasais, entre os processos palatinos das maxilas e entre as partes
horizontais dos ossos palatinos.

Gonfose é a articulação de um processo cônico em uma cavidade e só é observada nas


articulações entre as raízes dos dentes e os alvéolos dentais da mandíbula e das maxilas.

As articulações com pequeno ou limitado grau de movimento, denominadas anfiartroses, são as


junturas cartilagíneas, nas quais as uniões entre as superfícies ósseas contíguas são feitas por
cartilagem. Os tipos existentes são a sínfise e a sincondrose.
Sínfise é a união por discos fibrocartilaginosos achatados, cuja estrutura pode ser complexa. É
observada entre dois corpos vertebrais e entre as partes púbicas dos ossos do quadril.

Sincondroses são formas temporárias de articulação, uma vez que na idade adulta a cartilagem
é convertida em osso. São encontradas nas extremidades dos ossos longos, entre as epífises e
diáfise (região denominada de metáfise) e, na base do crânio, entre as partes do osso occipital e
entre este e o osso esfenoide (= sincondrose esfenoccipital).

O tipo mais frequente de articulação no corpo humano é a denominada diartrose ou juntura


sinovial, que possui movimentos amplos. Nesse tipo de articulação, a união entre os ossos é
feita por uma cápsula fibrosa, a cápsula articular, que é revestida internamente pela membrana
sinovial que produz e absorve o líquido de mesmo nome. O líquido sinovial ocupa o espaço
virtual no interior da articulação, a cavidade articular e lubrifica e nutre a cartilagem articular
(estrutura do tipo hialina, avascular e sem pericôndrio que reveste as superfícies
articulares).

Os espessamentos na cápsula articular são os ligamentos capsulares que reforçam e aumentam


sua resistência. Em algumas articulações, além dos ligamentos capsulares, existem também os
ligamentos extra-articulares, externos à cápsula, e os ligamentos intra-articulares, elementos
diferenciados, que são revestidos por membrana sinovial e participam dos mecanismos de
limitação e orientação dos movimentos; como exemplo, os ligamentos cruzados anterior e
posterior do joelho e o ligamento da cabeça do fêmur na articulação do quadril.
Nesse tipo de articulação também podem estar presentes os elementos acessórios, que são
normalmente estruturas fibrocartilagíneas, que aumentam a congruência entre as superfícies
22
articulares, promovendo maior estabilidade articular. Dentre esses elementos, os lábios
articulares fixam-se na margem das cavidades glenoide da escápula e no acetábulo no osso do
quadril, aumentando a superfície de contato com, respectivamente, as cabeças do úmero e do
fêmur; os meniscos, nas articulações do joelho. Os discos articulares presentes nas articulações
temporomandibular e esternoclavicular são unidos em sua periferia com a cápsula articular cujas
superfícies livres não são revestidas por membrana sinovial.
O tipo de movimento permitido nesse tipo de articulação é o que as classifica, considerando-se
principalmente o eixo em torno do qual esse ocorre.

Das uniaxiais, onde o movimento se faz em torno de um único eixo, temos o tipo gínglimo;
dobradiça, onde o eixo transverso permite os movimentos de flexão e extensão no plano
sagital. Nessas articulações é frequente a presença de fortes ligamentos colaterais. Exemplo:
articulações do cotovelo, interfalângicas e talocrural (= do tornozelo). A articulação do joelho é
citada, por alguns autores, como gínglimo; no entanto, isso é discutível, uma vez que durante o
seu movimento, além da flexão e extensão, também ocorrem movimentos de rotação ou
lateralização da tíbia sobre o fêmur ou vice-versa.

Também uniaxiais são as articulações tipo pivô ou trocoide, onde o movimento é


exclusivamente de rotação e ocorre em torno do eixo longitudinal. Nessas articulações existe um
anel formado parte por ligamento e parte pela superfície óssea contígua; o pivô é o processo ou
extremidade óssea que roda dentro do anel. Exemplo: articulações radioulnar proximal e
atlantoaxial mediana (= entre o dente do áxis e o arco anterior do atlas).
As articulações biaxiais (movimentos em torno de dois eixos) podem ser dos tipos elipsoides,
condilares e selares. Nas elipsoides, uma superfície articular convexa, ovoide, articula-se com
uma superfície côncava, elíptica, permitindo os movimentos de flexão-extensão e abdução-
adução sem rotação axial, cujo movimento combinado é denominado circundução. Exemplo:
as articulações radiocarpal e metacarpofalângicas. As articulações condilares são aquelas nas
quais duas superfícies convexas ou semiesféricas deslizam sobre outra superfície. Exemplo:
articulações do joelho e a temporomandibular, esta última é considerada bicondilar. As
articulações selares são aquelas em que as extremidades ósseas apostas são, reciprocamente,
côncavo-convexas, também com movimentos de flexão-extensão e adução-abdução, sem
rotação axial. O exemplo típico é a articulação entre o trapézio e o I metacarpal (=articulação
carpometacarpal do polegar) e esternoclavicular.

23
Nas articulações triaxiais ou esferoides, também denominadas enartroses, os movimentos
ocorrem em torno de três eixos permitindo a flexão-extensão, adução-abdução e rotações axiais.
É formada por uma cabeça esférica com uma cavidade em taça. Os melhores exemplos são as
articulações do quadril e do ombro.

Articulações planas são junturas sinoviais, também denominadas artródias ou deslizantes, que
só permitem o deslizamento entre as superfícies articulares envolvidas. Essas são planas ou
ligeiramente convexas e a amplitude do movimento é controlada pelos ligamentos ou processos
ósseos dispostos ao seu redor. Estão presentes entre os processos articulares das vértebras, no
carpo e no tarso.

2.2.2 Terminologia do movimento


Flexão: movimento realizado no plano sagital e ao redor do eixo transversal, reduz o ângulo
entre duas partes do corpo;

Extensão: realizado no plano sagital e ao redor do eixo transversal, faz o retorno da flexão ou
aumenta o ângulo entre duas partes do corpo;

Abdução: realizado no plano coronal e ao redor do eixo sagital, afasta parte do corpo do plano
mediano ou aumenta o ângulo entre duas partes do corpo;

Adução: realizado no plano coronal e ao redor do eixo sagital, aproxima parte do corpo do plano
mediano ou diminui o ângulo entre duas partes do corpo;

Rotação: movimento de giro em torno do próprio eixo, ou seja, realizado ao redor do eixo
longitudinal, podendo ser lateral ou medial;

Supinação: movimento de rotação do antebraço com o rádio girando lateralmente ao redor de


seu próprio eixo; o dorso da mão fica voltado posteriormente e a palma anteriormente (posição
anatômica);

Pronação: movimento de rotação do antebraço com o rádio girando medialmente ao redor de seu
próprio eixo; o dorso da mão fica voltado anteriormente e a palma posteriormente;

Eversão: movimento realizado na articulação talocalcânea, afastando a planta do pé do plano


mediano;

24
Inversão: movimento realizado na articulação talocalcânea, aproximando a planta do pé do
plano mediano;

Oposição ou oponência: movimento de dirigir a polpa do polegar (primeiro dedo) em direção à


polpa do dedo mínimo (quinto dedo);

Reposição: movimento de retorno do polegar à posição anatômica;

Elevação: movimento de levantar uma parte do corpo;

Depressão (abaixamento): movimento de abaixar uma parte do corpo;

Protrusão: movimento realizado para frente;

Retrusão: movimento realizado para trás;

Circundução: movimento circular combinado (flexão-abdução-extensão-adução), que descreve


um cone cujo ápice é o centro da articulação.

2.3 Sistema Muscular ( =Miologia)


Difere dos sistemas ósseo e articular por ser o componente ativo do aparelho locomotor; por
meio da contração de suas fibras musculares participa da estabilização das articulações gera
força e movimentos corporais, além de produzir calor.
De acordo com suas características morfológicas e funcionais, pode-se distinguir nos mamíferos
três tipos de tecido muscular:

O músculo liso, formado por aglomerados de células musculares fusiformes que não possuem
estrias transversais, cujo processo de contração é lento e está sujeito ao controle involuntário das
partes simpática e parassimpática do sistema nervoso autônomo.

O músculo estriado cardíaco, que apresenta estrias transversais e é formado por células
musculares alongadas e ramificadas, que se unem por intermédio dos discos intercalares,
estruturas encontradas somente no miocárdio. Apresenta contração involuntária, controlada pelo
sistema nervoso autônomo, vigorosa e rítmica.

25
O músculo estriado esquelético, que também apresenta estrias transversais, é formado por
feixes de células musculares cilíndricas, longas e multinucleadas. Tem contração rápida,
vigorosa e sujeita ao controle voluntário.O músculo estriado esquelético é formado pelo ventre
muscular e o tendão. O ventre muscular é a porção carnosa e contrátil do músculo, constituído
por fibras musculares, este ventre é envolvido por uma capa de tecido conjuntivo, o epimísio.
Do epimísio partem septos de tecido conjuntivo para o interior do ventre muscular, ele divide as
fibras musculares em feixes musculares; estes septos que acabam por envolver os feixes ou
livros-texto musculares são denominados de perimísio. Cada fibra muscular, por sua vez, é
envolta pelo endomísio que possui fibras reticulares.

O tecido conjuntivo mantém as fibras musculares unidas e permite que a força gerada durante a
contração de uma fibra muscular seja transmitida para todo o ventre muscular e a outras
estruturas como tendões, ligamentos e ossos, constituindo assim, o componente em paralelo da
contração muscular. É por meio dos trilhos formados pela distribuição do tecido conjuntivo,
perimísio e endomísio, que vasos sanguíneos e fibras nervosas chegam até a intimidade da fibra
muscular.

Cada fibra muscular apresenta perto do seu centro uma terminação nervosa motora,
denominada placa motora. A placa motora é formada pela dilatação na terminação da fibra
nervosa, que, neste ponto, perde sua bainha de mielina e se posiciona no interior de uma
depressão no sarcolema (membrana citoplasmática da fibra muscular). Entre o terminal axônico
e o sarcolema, existe uma fenda sináptica e, neste ponto de contato, o sarcolema apresenta
dobras juncionais com receptores para acetilcolina. Desta forma, quando uma fibra nervosa
motora dispara o impulso nervoso, as vesículas sinápticas presentes no terminal axônico liberam
acetilcolina, que se difunde na fenda sináptica e vai se prender nos receptores presentes nas
dobras juncionais do sarcolema, o que resulta na despolarização da membrana. A despolarização
se propaga na profundidade da fibra muscular por meio do sistema de túbulos transversais,
liberando o cálcio do retículo sarcoplasmático que inicia o processo de contração.

Uma fibra nervosa pode inervar uma única fibra muscular, ou, então, se ramificar e inervar
várias fibras musculares (100, 365, 987, 1500 e até mais). A fibra nervosa e as fibras musculares
por ela inervadas constituem uma unidade motora. Uma vez que os músculos podem ser
divididos em unidades motoras, o disparo de uma única célula nervosa (neurônio) determina
uma contração cuja força é proporcional ao número de fibras musculares inervadas por este
neurônio. Deste modo, o número de unidades motoras acionadas e o tamanho de cada unidade

26
controlam a intensidade de contração do músculo. Unidades motoras pequenas, ou seja, com
poucas fibras musculares, têm relação com a inervação de músculos cujos movimentos são
finos, delicados e precisos, tais como, a ação dos músculos extrínsecos do bulbo do olho e
músculos distais dos membros superiores e inferiores. O contrário acontece com os músculos
axiais e proximais dos membros superiores e inferiores, cuja contração determina a postura do
indivíduo, os denominados músculos posturais.

A fibra muscular estriada esquelética é adaptada para produzir trabalho mecânico intenso e
descontínuo; para isso, necessita de energia química que é facilmente mobilizada do ATP
(adenosina trifosfato) e fosfocreatina, ambos encontrados na célula muscular. A energia que é
armazenada no ATP e na fosfocreatina é proveniente dos ácidos graxos e glicose. Quando
funcionam de maneira intensa e demorada, a fonte de energia muscular é o acido graxo; por
outro lado, nos movimentos de pouca ou grande intensidade e de curta duração, requisitam
energia do metabolismo anaeróbico da glicose.

A diferenciação das fibras musculares estriadas esqueléticas nos tipos vermelha (Tipo I ou
fibras lentas), branca (Tipo II ou fibras rápidas) e intermediária, é controlada pelas fibras
nervosas que as inervam.

As fibras musculares Tipo I ou vermelha são ricas em mioglobina e mitocôndrias no


sarcoplasma, estão adaptadas para contrações lentas e continuadas e sua fonte de energia é
obtida por meio da fosforilação oxidativa dos ácidos graxos.

As fibras musculares Tipo II ou branca são pobres em mioglobina e mitocôndrias em seu


sarcoplasma, estão adaptadas para contrações rápidas, vigorosas e descontínuas e são ricas em
enzimas ATPase que quebram as moléculas de ATP liberando energia. As fibras do Tipo II
podem se dividir nos tipos II A, B e C, de acordo com suas características funcionais e
bioquímicas.

As fibras intermediárias são aquelas que apresentam as características intermediárias entre os


tipos I e II.

Os tendões são estruturas longas ou curtas, de forma achatada, às vezes, cilíndrica, que fixam os
músculos estriados esqueléticos ao esqueleto. São constituídos de tecido conjuntivo denso
modelado, com predominância acentuada de fibras colágenas, que se dispõem, paralelamente,
umas as outras. As fibras colágenas são formadas e orientadas em resposta às forças de tração
exercidas sobre os tendões, a ponto de oferecer o máximo de resistência. Aponeuroses são
27
tendões em forma de lâmina, largos e planos, que fixam músculos largos do tronco, tais como os
músculos latíssimo do dorso, oblíquos externo e interno e transverso do abdome.
É denominado inserção o ponto em que o tendão fixa os músculos no esqueleto. A inserção
proximal ou origem é a extremidade fixa do músculo que menos se desloca durante a sua
contração; a inserção distal ou inserção, ao contrário da outra extremidade muscular,
proporciona maior deslocamento durante a contração.

2.3.1 Classificação dos músculos estriados esqueléticos


Os músculos podem ser classificados de várias maneiras, como por exemplo:

a) Quanto ao número de origens ou inserções proximais, os músculos podem ser


denominados uníceps, bíceps, tríceps e quadríceps;

b) Quanto ao número de inserções ou inserções distais, os músculos são mencionados


como unicaudado, bicaudado e policaudado;

c) Quanto ao número de ventres musculares, os músculos são ditos unigástrico,


digástrico e poligástrico;

d) Quanto à ação, os músculos podem ser: flexor, extensor, adutor, abdutor, rotador,
pronador, supinador, eversor e inversor;

e) Quanto ao direcionamento de suas fibras musculares em relação ao tendão, os


músculos podem apresentar fibras musculares paralelas e oblíquas; quando
oblíquas, os músculos podem ser unipenado e bipenado, nestes casos, o músculo
tem menor volume e maior força;

f) Quanto à forma do ventre muscular, os músculos podem ser fusiformes, largos,


quadrados, em leque, trapézio, deltoide.

2.3.2 Ações musculares


Quanto às ações básicas dos músculos estriados esqueléticos, eles se dividem em:

 Músculos agonistas, que executam o movimento desejado. Exemplo: Os músculos


bíceps braquial e braquial são agonistas na flexão do cotovelo, ou seja, executam a
flexão do cotovelo;

 Músculos antagonistas, que exercem a ação contrária a do agonista; na realidade,


não existe um antagonismo verdadeiro, pois os músculos ditos antagonistas não se
opõem de maneira a impedir o movimento do agonista e, muitas vezes, auxiliam e
protegem a articulação. Exemplo: durante a extensão do cotovelo, o músculo
tríceps braquial é o agonista e os músculos bíceps braquial e braquial antagonistas,

28 por outro lado, se imaginarmos que o indivíduo está realizando extensão do


cotovelo com carga nas mãos, os músculos bíceps braquial e braquial relaxam de
maneira suave, mantendo alguma contração, para que a articulação do cotovelo não
sofra lesão por uma extensão abrupta.

 Músculos sinergistas, que, de uma forma ou de outra, contribuem para a ação do


músculo agonista. Exemplo: durante a flexão dos dedos da mão os músculos
agonistas podem também fletir a articulação radiocarpal; os músculos extensores
do carpo se contraem para fixar a articulação radiocarpal, agindo como sinergistas,
pois potencializam a ação do agonista, que é fletir os dedos da mão.

2.3.3 Anexos musculares


São estruturas associadas ao músculo estriado esquelético para promover sua proteção e
potencializar sua contração. São considerados anexos musculares, a fáscia muscular, o
retináculo, a bolsa sinovial, a bainha fibrosa e a bainha sinovial do tendão.

A Fáscia muscular é a terceira camada de revestimento do corpo, está abaixo da tela


subcutânea e envolve os grupos musculares, dos quais se separa por um espaço preenchido por
tecido conjuntivo frouxo, o espaço subfascial, que garante o deslizamento da fáscia sobre a
musculatura subjacente. A fáscia é uma membrana fibrosa que se dispõe sobre os músculos,
apresenta espessura e coloração variáveis, conforme a região; de sua face profunda se destacam
septos que se colocam entre os diferentes grupos musculares; estes septos ora são frouxos, ora
são mais fortes e se fixam profundamente nos ossos, formando verdadeiros espaços fasciais, os
compartimentos fasciais dos membros superiores e inferiores. Estes compartimentos fasciais
agrupam músculos que desempenham basicamente a mesma função; quando distendida, a fáscia
exerce certa compressão sobre os músculos, desempenhando papel de contensão, o que mantém
os músculos em posição mais adequada e, desta forma, potencializa o trabalho muscular. Além
disso, pela tensão que sofre durante os movimentos das grandes articulações, a fáscia contribui
para limitar tais movimentos. Para desempenhar sua função de contensão, a fáscia deve ter uma
resistência proporcional à potência dos músculos que ela envolve. Sendo assim, a fáscia
muscular é mais espessa, mais extensível e resistente quando recobre músculos mais possantes,
como, por exemplo, a fáscia lata na coxa.

Nas regiões onde há tendência de os tendões dos músculos se afastarem do plano esquelético
durante a contração do ventre, a fáscia muscular é mais fibrosa, menos elástica e, portanto,
menos extensível; diferencia-se em ligamentos perpendiculares à direção dos tendões, o que
resulta na formação de retináculos que funcionam como uma presilha, mantendo os tendões em
posição adequada para favorecer a ação muscular. Exemplo: os retináculos dos músculos

29
flexores e extensores junto às articulações radiocarpal no membro superior e tornozelo
(talocrural) no membro inferior.

As bainhas fibrosas dos tendões são também diferenciações da fáscia. Estas bainhas são de
tecido fibroso denso, fixadas em ambas as margens das falanges, com as quais formam túneis
osteofibrosos por onde passam tendões dos músculos flexores dos dedos nas mãos e nos pés.
Os tendões que atravessam estes túneis osteofibrosos podem atritar com as estruturas vizinhas;
desta maneira, em determinados pontos, para sua proteção, os tendões são envoltos por uma
bainha tendínea sinovial preenchida por líquido sinovial, o que promove o deslizamento do
tendão em relação às estruturas.

A bolsa sinovial, a exemplo da bainha tendínea sinovial, evita o atrito entre as estruturas
vizinhas, porém diferencia-se por estar interposta entre duas estruturas, como uma almofada
líquida. São várias as bolsas sinoviais do corpo; entre elas, as mais importantes clinicamente
são: a bolsa subdeltoídea, que está situada entre o músculo deltoide e a articulação do ombro e
projeta-se entre o tendão do músculo supraespinal e o acrômio, sendo denominada bolsa
subacromial; a bolsa do olécrano que está entre este e a pele; a bolsa patelar que se situa entre a
patela e a pele; a bolsa trocantérica situada entre o trocanter maior e o músculo glúteo máximo;
etc..

2.3.4 Principais ações musculares do membro superior


01. Articulação do ombro (tipo sinovial esferoide – triaxial)
Flexores: porção anterior do músculo deltoide, mm. coracobraquial e peitoral maior;
Extensores: porção posterior do músculo deltóide, mm. latíssimo do dorso e redondo maior;
Abdutores: mm. deltoide e supraespinal;
Adutores: mm. peitoral maior, latíssimo do dorso e redondo maior;
Rotadores mediais: mm. subescapular, latíssimo do dorso e redondo maior;
Rotadores laterais: mm. infraespinal e redondo menor.

02. Articulação do cotovelo (tipo sinovial gínglimo – uniaxial)


Flexores: mm. bíceps braquial, braquial, braquiorradial e pronador redondo;
Extensores: mm. tríceps braquial.

03. Articulações radioulnares proximal e distal (tipo sinovial trocoide – uniaxial)


Pronadores (rotadores mediais): mm. pronadores quadrado e redondo;
Supinadores (rotadores laterais): mm. supinador, bíceps braquial e braquiorradial.
30
04. Articulação radiocarpal ou do punho (tipo sinovial elipsoide – biaxial)
Flexores: mm. flexores ulnar e radial do carpo e flexores superficial e profundo dos dedos;
Extensores: mm. extensores longo e curto radiais do carpo, extensor ulnar do carpo e extensor
dos dedos;
Abdutores: mm. flexor radial do carpo e extensores longo e curto radiais do carpo;
Adutores: mm. flexor ulnar do carpo e extensor ulnar do carpo.

2.3.5 Principais ações musculares do membro inferior


01. Articulação do quadril (tipo sinovial esferoide – triaxial)
Flexores: mm. iliopsoas, reto da coxa, sartório e pectíneo;
Extensores: mm. glúteo máximo, bíceps femoral – cabeça longa, semitendíneo e
semimembranáceo;
Abdutores: mm. glúteo médio, glúteo mínimo e tensor da fáscia lata;
Adutores: mm. pectíneo, grácil e adutores longo, curto e magno;
Rotadores mediais: mm. glúteos médio e mínimo e tensor da fáscia lata;
Rotadores laterais: mm. piriforme, gêmeos superior e inferior, obturadores interno e externo e
quadrado femoral.

02. Articulação do joelho (tipo sinovial condilar – biaxial)


Flexores: mm. bíceps femoral, semitendíneo, semimembranáceo e gastrocnêmios;
Extensores: m. quadríceps femoral.

03. Articulação talocrural ou tornozelo (tipo sinovial gínglimo – uniaxial)


Flexores plantar: mm. tríceps sural e plantar;
Dorsiflexores: mm. tibial anterior e extensores longos dos dedos e do hálux.

04. Articulação talocalcânea (tipo sinovial plana – aaxial)


Eversores: mm. fibulares longo e curto; Inversores: mm. tibiais anterior e posterior.

2.4 Atividades
1. Explique como os ossos podem ser classificados. Dê exemplos.

2. Quais são os ossos do esqueleto axial e do apendicular?

31
3. Como são classificadas as articulações? Dê exemplos.

4. Descreva as características das articulações sinoviais.

5. Quais os tipos de articulações sinoviais? Dê exemplos.

6. Descreva as características estruturais do músculo estriado esquelético e como são


classificados.

7. Cite os anexos musculares e suas respectivas funções.

32
Unidade 3
Unidade 3 - Sistema Respiratório

É o sistema responsável pela captação e eliminação de gases (respectivamente, oxigênio e


dióxido de carbono) essenciais à vida. A troca de gases entre os animais unicelulares e o meio é
feita por meio de difusão. Com a evolução, as células foram perdendo o contato direto com o
meio ambiente e foi necessário desenvolver um sistema capaz de conduzir os gases para o
interior e para fora do organismo (a porção condutora de ar), e outra com a capacidade de
permitir a difusão dos gases entre os alvéolos pulmonares e os capilares sanguíneos (a porção
respiratória).

A porção condutora de ar é representada pelas fossas nasais, faringe, laringe, traqueia e a maior
parte da árvore bronquial (brônquios – bronquíolos terminais). A porção respiratória, constituída
pelas porções terminais da árvore bronquial que contém os alvéolos pulmonares, é onde ocorre
efetivamente a troca de gases (=hematose).

Para proteger a estrutura alveolar, a porção condutora é revestida por um epitélio respiratório
que contém glândulas mucosas e serosas e uma rede capilar desenvolvida para desempenhar as
funções de limpeza, umidificação e aquecimento do ar inspirado.

3.1 Nariz
É a parte do sistema respiratório que é saliente na face e situada acima da cavidade da boca;
apresenta o dorso, que se estende da raiz ao ápice do nariz (=ponta). Internamente, o nariz é
dividido por um septo em cavidades nasais direita e esquerda, que se abrem para o meio externo
por meio de duas aberturas, as narinas, que são delimitadas lateralmente pelas asas do nariz.
O esqueleto osteocartilaginoso que dá sustentação à parte externa do nariz é formado pelos
ossos nasais, processos frontais das maxilas, parte nasal do frontal e pelas cartilagens laterais,
cartilagem do septo e cartilagens alares, livres e móveis, que delimitam e controlam (dilatam ou
estreitam) as narinas.

33
O septo nasal é formado, posteriormente, pela lâmina perpendicular do etmoide e o vômer,
completado anteriormente pela cartilagem do septo que é móvel e flexível.

3.1.1 Cavidades nasais


As cavidades nasais abrem-se para o ambiente externo por meio das narinas e comunicam-se,
posteriormente, com a parte nasal da faringe, por intermédio dos cóanos.

Apresentam como limites: teto, assoalho e paredes medial e lateral. O septo nasal constitui sua
parede medial. As paredes laterais são mais irregulares devido à presença de estruturas ósseas
que se projetam para o interior da cavidade. Dentre estas projeções, salientamos as conchas
nasais, que oferecem uma grande área de superfície de contato do ar inspirado com a mucosa
que as reveste. Sob cada concha nasal aparece um espaço, o meato nasal.

A mucosa nasal que reveste o interior das cavidades nasais está firmemente aderida ao periósteo
e ao pericôndrio, exceto na região do vestíbulo do nariz, situado entre a narina e o limiar do
nariz; nesta região, o revestimento é cutâneo, contém um número variável de pêlos espessos
(vibrissas), que filtram as partículas de poeira do ar que penetra na cavidade do nariz.

Os dois terços inferiores da mucosa nasal correspondem à área respiratória, esta é contínua com
o revestimento daquelas cavidades que se comunicam com as cavidades nasais, tais como seios
paranasais, parte nasal da faringe, ducto lacrimonasal e saco lacrimal; por outro lado, o terço
superior apresenta a porção periférica da via olfatória, sendo denominada mucosa olfatória.

3.2 Seios paranasais


São expansões da parte aérea da cavidade do nariz, cheias de ar, para o interior dos ossos
frontal, etmoide, esfenoide e maxilas.

Os seios frontais, variáveis quanto ao formato e tamanho, são expansões entre as lâminas
externa e interna da parte escamosa do frontal, que podem se estender entre as lâminas de sua
parte orbital que forma o teto da órbita. Em geral, os seios frontais são observados ao RX por
volta dos 7 anos de idade.

As células etmoidais são pequenas invaginações da mucosa dos meatos nasais médio e superior
para o interior da porção lateral do etmoide, entre a cavidade nasal e a órbita. As células

34
etmoidais não são detectáveis no RX antes dos 2 anos de idade, mas podem ser observadas na
TC.

Os seios esfenoidais são expansões de células etmoidais posteriores para o interior do corpo do
esfenoide por volta dos 2 anos de idade.

Os seios maxilares são os maiores, ocupam os corpos das maxilas e drenam para o hiato
semilunar do meato nasal médio.

3.3 Faringe
A faringe estende-se da base do crânio até a margem inferior da cartilagem cricóidea da laringe
anteriormente, e margem inferior da 6ª vértebra cervical posteriormente, onde é contínua com o
esôfago. Sua parede posterior é muscular e plana e sua parede anterior, descontínua, comunica-
se com as cavidades nasais, oral e da laringe, por meio, respectivamente, dos cóanos, do istmo
das fauces e do ádito da laringe.

A parte nasal da faringe, com função respiratória, é extensão posterior das cavidades nasais,
que se estende entre os cóanos até um plano transverso que passa pelo ápice da úvula palatina.
Seu teto e parede posterior estão relacionados, respectivamente, com o corpo do esfenoide e
parte basilar do occipital, em cuja mucosa uma coleção de tecido linfoide se condensa para
formar a tonsila faríngea (denominada de adenoide quando aumentada), que protege esta porta
de entrada do organismo. A extremidade medial da tuba auditiva, que comunica a parte nasal da
faringe com a orelha média para equalizar a pressão nos dois lados da membrana timpânica,
permitindo sua vibração, projeta-se em sua parede lateral e, recoberta pela mucosa, forma o toro
tubário.

A parte oral da faringe estende-se entre dois planos transversos, o superior, que passa junto
ao ápice da úvula palatina e o inferior, que cruza a margem superior da epiglote. As vias aérea e
digestiva se cruzam nesta parte da faringe que é ladeada por duas massas de tecido linfoide, as
tonsilas palatinas, denominadas de amígdalas. A parte laríngea da faringe estende-se entre
dois planos transversos; o superior, que passa pela margem da epiglote e o inferior, que cruza as
margens inferiores da cartilagem cricóidea e do corpo da vértebra CVI. Esta parte da faringe que
é contínua com o esôfago.

35
3.4 Laringe
A laringe apresenta um esqueleto constituído por cartilagens unidas por membranas e
ligamentos e contém as pregas vocais, responsáveis pela produção do som, dando à laringe uma
função fonadora. A laringe está localizada na região anterior do pescoço, anteriormente à parte
laríngea da faringe e no nível dos corpos vertebrais CIII-CVI. A laringe funciona como um
esfíncter ou válvula para proteger a via aérea inferior, principalmente durante a deglutição.

O esqueleto da laringe apresenta 9 peças de cartilagem; as cartilagens ímpares são a tireóidea,


cricóidea e epiglótica e as cartilagens pares são as aritenóideas, corniculadas e cuneiformes.

A cartilagem tireóidea, do tipo hialino, é a maior das cartilagens, formada por duas lâminas,
direita e esquerda, que se fundem anteriormente para constituir a proeminência laríngea
(popular “pomo de Adão) que é mais visível no gênero masculino devido ao ângulo mais agudo.

A cartilagem cricóidea, do tipo hialino, tem o formato de “anel de sinete” e é o único anel de
cartilagem completo a circundar a via aérea.

A cartilagem epiglótica, do tipo elástica, dá flexibilidade à epiglote (cartilagem epiglótica


recoberta por mucosa).

As cartilagens aritenóideas, pares, são estruturas piramidais, constituídas por um ápice


superior e uma base inferior que se posiciona nas extremidades laterais da margem superior da
lâmina da cartilagem cricóidea.

As membranas e ligamentos da laringe unem as cartilagens entre si e as cartilagens com o osso


hioide e com a primeira cartilagem traqueal.

Os músculos da laringe são divididos em extrínsecos e intrínsecos.

Os músculos extrínsecos movimentam a laringe como um todo; os músculos supra-hióideos e o


músculo estilofaríngeo são elevadores do osso hioide e da laringe.

Os músculos intrínsecos movimentam as cartilagens da laringe que se articulam entre si e,


desta forma, modificam o comprimento e a tensão das pregas vocais e a largura e formato da
rima da glote.

36
A cavidade da laringe estende-se entre o adito da laringe e a margem inferior da cartilagem
cricóidea e divide-se em: vestíbulo, ventrículo, glote e cavidade infraglótica.

O vestíbulo da laringe é parte da cavidade da laringe entre o seu adito e o plano transverso que
passa pelas pregas vestibulares e rima do vestíbulo.

As pregas vestibulares, com função de proteção da via aérea, são duas pregas espessas de
mucosa que recobre os ligamentos vestibulares. O espaço entre elas é a rima do vestíbulo.

O ventrículo da laringe é parte média da cavidade que se localiza entre as pregas vestibulares
acima e as pregas vocais abaixo. O ventrículo se estende lateralmente para formar dois recessos
entre as pregas vestibulares e vocais de cada lado. A projeção para cima e profundamente às
pregas vestibulares, na parede lateral da laringe, constitui os sáculos da laringe.

As pregas vocais, com função fonadora, são duas pregas de mucosa que recobrem os
ligamentos vocais e os músculos vocais a eles associados. O espaço entre estas pregas é a rima
da glote.

A glote é a região que compreende as pregas e processos vocais, juntamente com a rima da
glote. É também denominada de aparelho vocal da laringe.

A cavidade infraglótica estende-se entre a glote acima e a margem inferior da cartilagem


cricóidea. Esta cavidade é contínua com a cavidade da traqueia.

3.5 Traqueia
É um tubo fibrocartilagíneo que se estende, no plano mediano, da laringe (margem inferior da
cartilagem cricóidea) no nível de CVI (parte cervical da traqueia) até o disco intervertebral
entre TIV – TV, no nível de um plano transverso que passa pelo ângulo do esterno (parte
torácica da traqueia), onde termina bifurcando-se nos brônquios principais direito e esquerdo.
Este tubo é formado por 16 – 20 cartilagens traqueais (anéis), do tipo hialino, com formato da
letra “C”, os quais oferecem sustentação e rigidez para evitar o colapso da traqueia. A parte
posterior das cartilagens traqueais é incompleta e preenchida por músculo liso, o músculo
traqueal, que deixa a parede posterior da traqueia plana onde tem relação topográfica com o
esôfago. A elasticidade deste órgão é devida aos ligamentos anulares, ricos em fibras elásticas,
que se posicionam entre as cartilagens traqueais e fornecem a elasticidade necessária para
37
alterar o comprimento da traqueia de acordo com o momento respiratório. No ponto de
bifurcação da traqueia, a última cartilagem traqueal forma uma crista mediana, a carina da
traqueia que delimita os óstios de entrada para os brônquios principais direito e esquerdo.

3.6 Pulmões
Os pulmões são órgãos vitais da respiração, possibilitam a oxigenação do sangue venoso por
aproximar o ar inspirado que é transportado por meio da árvore bronquial até os alvéolos
pulmonares que estão em contato com os capilares sanguíneos. Em pessoas vivas e saudáveis,
os pulmões são macios, leves, esponjosos e elásticos e ocupam as cavidades pulmonares. Os
pulmões chegam a se retrair a quase um terço de seu tamanho original quando há exposição da
cavidade torácica. Cada pulmão possui:

 Ápice do pulmão: extremidade superior e arredondada do pulmão que se projeta para a


raiz do pescoço, acima do nível da 1ª costela. É recoberta pela cúpula da pleura;

 Base do pulmão: é a parte inferior do pulmão, representada pela sua superfície côncava
que se apoia sobre a cúpula do músculo diafragma;

 Lobos pulmonares: separados por fissuras;

 Três faces: costal, mediastinal e diafragmática;

 Três margens: anterior, posterior e inferior.

O pulmão direito apresenta fissuras oblíqua direita e horizontal que o dividem em três lobos
pulmonares (superior, médio e inferior). A fissura horizontal separa o lobo superior do lobo
médio e a fissura oblíqua direita separa estes lobos do lobo inferior. O pulmão direito é maior e
mais pesado que o homônimo esquerdo, porém é mais curto e mais largo devido,
respectivamente, à maior altura da cúpula diafragmática direita e à presença do coração e
pericárdio à esquerda.

O pulmão esquerdo apresenta uma única fissura oblíqua que o divide em lobos superior e
inferior.

38
3.7 Árvore bronquial
A árvore bronquial inicia-se a partir da bifurcação da traqueia nos brônquios principais direito e
esquerdo. Esta bifurcação está no nível do disco intervertebral entre as quarta e quinta vértebras
torácicas ou na altura do plano transverso do tórax que passa pelo ângulo do esterno.
Cada brônquio principal dirige-se inferior e lateralmente em direção ao hilo do pulmão
correspondente e constitui, juntamente com a artéria e veias pulmonares, nervos e vasos
linfáticos, a raiz do pulmão.

O brônquio principal direito é basicamente uma continuação da traqueia, o que o torna mais
verticalizado; como o pulmão direito, é maior e mais próximo do plano mediano em relação ao
homônimo esquerdo; este brônquio principal apresenta, respectivamente, maior diâmetro e
menor comprimento (cerca de 3 cm). Por outro lado, o brônquio principal esquerdo é mais
horizontalizado, de menor diâmetro e de maior comprimento (cerca de 5 cm).

Cada brônquio principal (primário) divide-se em brônquios lobares (secundários), que suprem
os lobos dos pulmões (lobos superior, médio e inferior à direita e lobos superior e inferior à
esquerda). Cada brônquio lobar divide-se no interior de cada lobo em brônquios segmentares
(terciários), que suprem os segmentos broncopulmonares, que constituem as maiores
subdivisões dos lobos pulmonares. No interior de cada segmento broncopulmonar, o brônquio
segmentar (terciário) divide-se subsequentemente, em 16-20 bronquíolos condutores, que
terminam como bronquíolos terminais, os menores bronquíolos condutores. A parede dos
bronquíolos não possui cartilagem. Cada bronquíolo terminal origina várias ramificações, os
bronquíolos respiratórios que possuem expansões de sua luz, os alvéolos pulmonares. Por
apresentar alvéolos pulmonares, os bronquíolos respiratórios não só transportam ar como
participam da troca gasosa. Cada bronquíolo respiratório dá origem a 2-11 ductos alveolares, e
cada um deles dá origem a 5-6 sacos alveolares, nos quais se abrem grupos de alvéolos
pulmonares.

3.8 Pleura
A pleura é uma membrana serosa formada por mesotélio e uma fina camada de tecido
conjuntivo que contém fibras colágenas e elásticas, que envolve o pulmão. A pleura é dividida
em duas lâminas, a parietal e a visceral. As duas lâminas da pleura delimitam uma cavidade para
cada pulmão, a cavidade pleural, revestida por mesotélio. A cavidade pleural é um espaço
39
virtual que contém apenas uma película de líquido pleural que funciona como lubrificante para
facilitar o deslizamento entre as lâminas parietal e visceral. A pleura é dotada de grande
permeabilidade, o que explica a frequência de acúmulo de líquido na cavidade pleural devido à
transudação de plasma através dos capilares em decorrência de processos inflamatórios.

3.9 Mecânica respiratória


A frequência respiratória média é de 12 a 14 movimentos respiratórios por minuto e
compreende a inspiração, com a entrada do ar e a expiração, a sua saída. O volume médio de ar
em cada movimento respiratório gira em torno de 500 ml.
Durante a inspiração, o ar penetra pelas vias aéreas até chegar aos alvéolos pulmonares, onde
em contato com os capilares sanguíneos provenientes da artéria pulmonar, são realizadas as
trocas gasosas ou hematose.

A penetração do ar nas vias aéreas pode ser feita com pressão positiva por meio de aparelhos,
como durante os atos cirúrgicos.
Em nosso organismo, em situação normal, a entrada do ar submetido à pressão atmosférica é
feita através da pressão negativa no interior do tórax, tornando possível a entrada do ar pela
diferença de pressões com o meio ambiente. Para tornar a pressão negativa no interior do tórax,
principalmente na inspiração, a caixa torácica deve ser ampliada em seus três eixos:
longitudinal, sagital e transversal, promovendo assim uma pressão aspirativa.

O aumento do eixo ou diâmetro longitudinal ou superoinferior da cavidade torácica é


determinado pela contração do músculo diafragma que, devido à posição especial de seu centro
tendíneo, abaixa suas cúpulas em direção ao abdome. É o movimento predominante no sexo
masculino (respiração abdominal).

O aumento do eixo ou diâmetro sagital ou anteroposterior da cavidade torácica é


determinado pelo movimento das costelas em torno de um eixo transversal, que passa pelo
centro das articulações costotransversárias e costovertebrais em ambos os lados, principalmente
do segundo ao sexto par de costelas. Em consequência deste movimento, ocorre a elevação das
extremidades anteriores das costelas que levantam e anteriorizam o esterno, determinando,
assim, o aumento do diâmetro sagital da cavidade torácica.

40
Esse movimento é denominado "braço de bomba", pela semelhança com o movimento das
alavancas que puxavam água. É o movimento predominante no sexo feminino (respiração
torácica).

O aumento do eixo ou diâmetro transversal ou laterolateral da cavidade torácica é


determinado pelo movimento das costelas em torno de um eixo oblíquo, que passa pelo centro
das articulações costotransversárias e costovertebrais em ambos os lados, principalmente do
sétimo ao décimo par de costelas. Em consequência deste movimento, ocorre a elevação dos
corpos das costelas, determinando assim, o aumento do diâmetro transversal da cavidade
torácica. Esse movimento é denominado "alça de balde", pela semelhança com levantamento
da alça de um balde.

As paredes da cavidade torácica dilatadas e o músculo diafragma abaixado levam consigo a


pleura parietal aderida às paredes e ao diafragma; a pleura visceral acompanha a pleura parietal
à qual está aderida pela película de líquido pleural (experiência dos vidros planos com água), e
como o pulmão está ligado à pleura visceral, expande-se, tornando negativa a pressão em seu
interior, permitindo a entrada do ar.

A expiração poderia até dispensar os músculos expiratórios, uma vez que atingido o ápice da
inspiração, o pulmão normalmente tenderia a voltar à sua situação anterior pela sua elasticidade.

3.10 Atividades
1. Quais estruturas anatômicas pertencem ao sistema respiratório?

2. Defina os órgãos faringe e laringe e dê suas funções.

3. Denomine as faces, as fissuras e os lobos dos pulmões direito e esquerdo.

4. Diferencie os brônquios principais direito e esquerdo e denomine as estruturas da


árvore bronquial.

41
42
Unidade 4
Unidade 4 - Sistema Circulatório
O sistema circulatório é constituído pelo sistema vascular sanguíneo e o sistema linfático.

O sistema vascular sanguíneo é formado pelos seguintes componentes:

 Coração: órgão muscular e cavitário que funciona como uma bomba de sucção e
ejetora de sangue;

 Artérias: vasos eferentes em relação ao coração, pois o fluxo sanguíneo em seu


interior possui sentido centrífugo. As artérias saem do coração (ventrículos direito
e esquerdo) e se ramificam em ramos de calibre cada vez menor em direção às
células dos tecidos;

 Veias: vasos aferentes em relação ao coração, pois o fluxo sanguíneo em seu


interior possui sentido centrípeto. As veias originam-se da fusão de capilares e
tornam-se mais calibrosas à medida que se aproximam do coração;

 Capilares sanguíneos: constituídos por uma única camada de células endoteliais


que se enrolam formando tubos. Os capilares anastomosam-se para formar uma
verdadeira rede junto às células dos tecidos, “a rede capilar”, a qual se interpõe,
com frequência, entre os vasos do sistema arterial e venoso, mas pode comunicar
duas extremidades arteriais ou extremidades venosas. Os capilares sanguíneos
podem ser agrupados em quatro tipos: contínuos, fenestrados com diafragmas,
fenestrados sem diafragmas e sinusoides, e estão presentes em todos os órgãos do
corpo, exceto, epiderme, cartilagem hialina, córnea e cristalino ou lente.

O sistema linfático origina-se nos tecidos por meio de tubos de fundo cego que lembram
“dedos de luva”, os capilares linfáticos. Os capilares linfáticos, adjacentes aos capilares
sanguíneos, se unem para formar os vasos linfáticos pré-coletores que se anastomosam
subsequentemente para constituir vasos de calibre cada vez maior, os vasos linfáticos, troncos
linfáticos e os ductos linfáticos. Estes últimos desembocam em grandes veias situadas no
pescoço e lançam na corrente sanguínea o fluído drenado do espaço intersticial, que ao penetrar
nos capilares linfáticos constitui a denominada “linfa”.

Dentre as funções do sistema circulatório, destacamos as seguintes:

43
 nutrição das células dos tecidos envolve o transporte de nutrientes absorvidos
durante o processo de digestão dos alimentos e do oxigênio que se difunde por
meio da membrana alveolocapilar do pulmão.

 excreção envolve o transporte de resíduos do metabolismo celular, desde


substâncias como creatinina, ácido úrico, ureia, amônia e outras, até o gás
carbônico. Estas substâncias que foram removidas dos tecidos são conduzidas aos
órgãos excretores como rins e pulmões.

 correlação humoral está relacionada ao transporte, pela corrente sanguínea, de


hormônios e/ou substâncias químicas (fármacos) no organismo.

Por apresentar as funções acima, o sistema circulatório contribui como o sistema nervoso pela
manutenção da constância do meio interno (homeostase) e pela integração funcional do
organismo como um todo.

O sistema de defesa do organismo é eficiente devido à ampla distribuição dos órgãos linfáticos:
timo, baço, linfonodos e nódulos linfáticos; os nódulos linfáticos estão situados na mucosa de
vísceras do sistema digestório (tonsilas, placas de Peyer do íleo e apêndice vermiforme), do
sistema respiratório e do sistema urinário, formando um conjunto denominado MALT (tecido
linfático associado à mucosa) e a constante circulação de células imunocompetentes no sangue,
na linfa e no tecido conjuntivo. São dois os tipos de reposta imunitária: a imunidade celular,
pela qual as células imunocompetentes (principalmente os linfócitos T) reagem e destroem
células que exibem moléculas estranhas em sua superfície; a imunidade humoral, a qual
depende de anticorpos, glicoproteínas circulantes produzidas pelos plasmócitos, células
originadas dos linfócitos B, que neutralizam e destroem células que possuem moléculas
estranhas.

O processo de termorregulação (regulação da temperatura corpórea) envolve as alterações,


vasodilatação e vasoconstrição da rede capilar cutânea em resposta à temperatura do meio. Em
situações de temperatura elevada, a rede capilar periférica vasodilata levando ao aumento do
fluxo sanguíneo cutâneo e, desta forma, há perda de calor para o meio; por outro lado, em
temperaturas baixas, ocorre vasoconstrição desta rede capilar e o fluxo sanguíneo é em parte
desviado, ou em situações extremas, quase na totalidade, para planos mais profundos, desta
maneira preservando o calor.

Em relação à síntese do peptídeo atrial natriurético (ANP) pelos átrios e do peptídeo


natriurético tipo B (BNP) principalmente pelos ventrículos, temos que no sistema circulatório,

44 o ANP, em baixas doses, reduz a resistência vascular periférica (promove vasodilatação) com
resultante queda da pressão arterial. Há aumento da complacência venosa, reduzindo-se a pré-
carga. Tem efeito direto sobre os rins, produzindo intensa diurese, suprimindo também o
sistema renina-angiotensina-aldosterona. Controla a homeostase hidrossalina atuando na defesa
contra a retenção de água e sódio pelo organismo. O BNP tem ações similares às do ANP. Na
insuficiência cardíaca, observa-se elevados níveis de ANP e BNP, guardando estreita relação
com o grau de disfunção sistólica do ventrículo esquerdo e com a classe funcional. Diversos
estudos documentaram o papel dos peptídeos natriuréticos na prevenção do desenvolvimento da
hipertensão arterial. Esta ação pode ser explicada em parte pela habilidade desses hormônios em
se contrapor à sobrecarga salina, pela natriurese, vasodilatação e inibição do eixo renina-
angiotensina-aldosterona.

Após o nascimento, destacamos duas circulações, a saber:

 circulação pulmonar ou funcional ou pequena circulação: inicia-se no


ventrículo direito, de onde o sangue venoso é ejetado para o interior do tronco
pulmonar que se divide nas artérias pulmonares direita e esquerda. Estas artérias
acompanham a ramificação da árvore bronquial e chegam a capilares sanguíneos
pulmonares para envolver os alvéolos pulmonares e formar a membrana
alveolocapilar, onde ocorre a hematose. O sangue oxigenado, por meio das veias
pulmonares direitas e esquerdas, retorna ao átrio esquerdo. Podemos resumir a
circulação pulmonar da seguinte maneira:

VD → Tronco pulmonar → Capilar pulmonar → Vv. pulmonares → AE.

 circulação sistêmica ou nutricional ou grande circulação: origina-se no


ventrículo esquerdo, onde o sangue oxigenado é bombeado para o interior da
Aorta. A aorta se ramifica, e as artérias resultantes se ramificam subsequentemente
até chegar nos capilares sanguíneos periféricos, local onde os nutrientes e o
oxigênio passam para as células dos tecidos e os resíduos e o gás carbônico são
coletados pelo capilar, desta maneira, inicia-se o retorno do sangue venoso por
meio das veias que se unem para formar veias de calibre cada vez maior, e
culminar nas veias cavas superior e inferior que desembocam no átrio direito. Em
resumo, a circulação sistêmica se apresenta como:

VE→ Aorta → Capilar periférico → Vv. Cavas superior e inferior →AD.

4.1 Coração
O coração, situado no mediastino médio entre as regiões pleuropulmonares direita e esquerda, é
um órgão muscular, com quatro câmaras em seu interior; funciona como uma bomba aspirante

45
que suga o sangue das veias para o interior dos átrios e uma bomba ejetora que bombeia o
sangue dos ventrículos para o interior das artérias. A capacidade aspirativa dos átrios está
relacionada com o aumento de sua cavidade devido ao relaxamento do miocárdio atrial,
diástole; por outro lado, a contração do miocárdio ventricular promove uma diminuição da
cavidade dos ventrículos, aumentando a pressão que impulsiona o sangue para o interior das
artérias, sístole.

O miocárdio é constituído por fibras musculares estriadas cardíacas que forma uma camada
intermediária espessa e helicoidal. Por apresentar independência funcional, o miocárdio atrial é
independente do miocárdio ventricular, ou seja, entre as paredes miocárdicas dos átrios e
ventrículos existe um esqueleto fibroso que serve como meio de fixação para a maioria de suas
fibras musculares estriadas cardíacas.

O endocárdio, revestimento interno das cavidades cardíacas e de suas valvas, é constituído por
endotélio e tecido conjuntivo subendotelial.

O epicárdio corresponde à lâmina visceral do pericárdio seroso, é constituído por mesotélio


(epitélio pavimentoso simples) apoiado sobre fina lâmina de tecido conjuntivo. Uma camada
subepicárdica, constituída de tecido conjuntivo frouxo, contém vasos, nervos, gânglios e uma
quantidade variável de gordura que se acumula em determinada regiões da superfície cardíaca, a
gordura subepicárdica.

O esqueleto fibroso do coração é constituído por tecido conjuntivo fibroso denso rico em
colágeno que circunda os óstios valvares para constituir os quatros anéis fibrosos (direito,
esquerdo, da valva do tronco pulmonar e da valva da aorta), dois trígonos fibrosos (direito e
esquerdo) que se interpõem aos anéis fibrosos, o tendão do infundíbulo que é contínuo entre os
anéis fibrosos da valva da aorta e da valva do tronco pulmonar e as partes membranáceas dos
septos interatrial e interventricular.

O esqueleto fibroso do coração por meio dos anéis fibrosos mantém os óstios das valvas
atrioventriculares e arteriais permeáveis e impedem uma distensão excessiva desses. É local de
fixação das válvulas que formam as valvas cardíacas e da maioria das fibras miocárdicas atriais
e ventriculares e constitui um isolante elétrico na passagem do estímulo entre miocárdio atrial e
ventricular, de forma que estas câmaras funcionem independentemente.

46
4.1.1 Configuração externa
O coração tem a forma de uma pirâmide truncada ou cone com uma base voltada para cima,
para trás e para a direita, e um ápice voltado para baixo, para frente e para a esquerda; ou seja, o
maior eixo cardíaco possui uma tríplice obliquidade.

A base situada acima do sulco coronário contém:

 Átrios: cavidades receptoras de sangue; o átrio direito recebe a desembocadura das


veias cavas superior e inferior e do seio coronário, e o átrio esquerdo recebe
desembocadura das veias pulmonares direitas e esquerdas.
 Aurículas: são expansões anteriores dos átrios direito e esquerdo, apresentam
forma de orelhas que se prolongam lateralmente à aorta (aurícula do átrio direito) e
ao tronco pulmonar (aurícula do átrio esquerdo).
 Veia cava superior: lateral e posterior à artéria aorta. Desemboca no átrio direito e
drena o sangue proveniente da cabeça, pescoço, membros superiores e tórax
(região supradiafragmática).
 Veia cava inferior: logo acima do sulco atrioventricular. Geralmente só é possível
visualizar o óstio de sua desembocadura no átrio direito. Drena o sangue
proveniente dos membros inferiores, cavidades e órgãos pélvicos e abdominais
(região infradiafragmática).
 Veias pulmonares: em número de 4 (quatro), desembocam no átrio esquerdo, duas
à direita e duas à esquerda. As veias pulmonares direitas estão desembocando à
esquerda do sulco interatrial.
 Aorta: origina-se no ventrículo esquerdo, apresenta trajeto ascendente, cruza
posteriormente o tronco pulmonar e reaparece à direita deste (parte ascendente da
aorta), para em seguida descrever um arco para trás e para a esquerda (arco da
aorta).
 Tronco pulmonar: origina-se no ventrículo direito, apresenta trajeto ascendente e
para a esquerda, cruza anteriormente a origem da aorta; inferiormente ao arco da
aorta, bifurca-se nas artérias pulmonares direita e esquerda.

A continuidade do coração com os vasos da base gera mecanismos de fixação e suspensão


desse no interior da cavidade torácica. Desta forma, a continuidade com o tronco pulmonar e as
artérias pulmonares direita e esquerda e, principalmente, a cruz venosa, cujo eixo longitudinal é
formado pela continuidade das veias cavas inferior e superior, e o eixo transversal pela
continuidade das veias pulmonares direitas e esquerdas, constituem o principal fator de fixação
do coração. A continuidade do ventrículo esquerdo com a aorta (parte ascendente, arco e parte
descendente) mantém o coração suspenso, como uma gota de água suspensa na torneira.
47
O ápice do coração é constituído unicamente pela parede do ventrículo esquerdo e está voltado
para baixo, para frente e para a esquerda, posteriormente ao 5º espaço intercostal esquerdo em
adultos e é o local de intensidade máxima dos sons de fechamento da valva atrioventricular
esquerda (valva mitral) (batimento apical). A incisura do ápice é uma reentrância situada junto
ao ápice do coração, resultado da continuidade dos sulcos interventriculares anterior e posterior.

FACE ESTERNOCOSTAL ESQUERDA DIAFRAGMÁTICA


Superfície Pouco abaulada Bem abaulada Plana
Gordura Acentuada Discreta Praticamente ausente
Base Aurículas, aorta e tronco Aurícula esquerda e vv. Átrios e vv. cavas e
pulmonar Pulmonares esquerdas pulmonares direitas
Sulcos interventricular anterior Ausente Interventricular posterior

4.1.2 Configuração interna


O septo interatrial separa os átrios direito e esquerdo; em ambos os lados o septo apresenta
vestígios fetais da comunicação interatrial, o forame oval.

O septo interventricular separa os ventrículos direito e esquerdo. Este septo apresenta duas
porções: a membranácea, que é superior, pequena e fina, e a muscular, que é inferior e espessa.

Os óstios atrioventriculares são as comunicações entre átrios e ventrículos correspondentes.


Estes óstios são circundados pelos anéis fibrosos direito e esquerdo que servem de fixação às
válvulas que constituem, respectivamente, as valvas atrioventriculares direita (valva tricúspide)
e esquerda (valva bicúspide ou mitral), que controlam o fluxo sanguíneo entre átrios e
ventrículos.

O interior do ventrículo direito é parcialmente dividido em duas partes, a via de entrada e a via
de saída.

A via de saída ou cone arterial tem paredes lisas e se dirige superiormente em direção ao
tronco pulmonar. O cone arterial é parte do bulbo cardíaco que foi incorporado ao ventrículo
direito e dá suporte para a valva do tronco pulmonar.

A valva do tronco pulmonar é o conjunto de três válvulas semilunares (anterior, direita e


esquerda), situadas na origem do tronco pulmonar. A lúnula é a margem livre e espessada da

48
válvula semilunar; o nódulo é a formação endurecida no centro da lúnula que completa a
oclusão da valva durante a diástole ventricular.

A via de entrada possui elevações musculares em sua parede, as trabéculas cárneas, e recebe o
sangue venoso que vem do átrio direito, por meio do óstio atrioventricular.

A valva atrioventricular direita (valva tricúspide) é constituída geralmente por 3 válvulas


que se fixam no anel fibroso direito. De acordo com a localização, a válvulas são denominadas
como anterior, posterior e septal.

As cordas tendíneas fixam-se às margens livres e à superfície ventricular das válvulas


(semelhante à fixação das cordas de um paraquedas) de um lado e nos ápices dos músculos
papilares do outro.

No ventrículo esquerdo, a valva atrioventricular esquerda (valva mitral ou bicúspide) é


constituída por 2 válvulas que se fixam no anel fibroso esquerdo. De acordo com a localização,
as válvulas são denominadas de anterior e posterior.

As cordas tendíneas são mais espessas, pois suportam uma pressão maior durante a sístole
ventricular e mantêm o mesmo padrão de fixação das homônimas direitas.

Os dois músculos papilares são mais desenvolvidos quando comparados aos do ventrículo
direito e são denominados de músculo papilar anterior, aquele cuja base encontra-se em
continuidade com a parede anterolateral do ventrículo esquerdo, afastado do septo
interventricular e músculo papilar posterior, que se encontra fixo à parede posterior do
ventrículo esquerdo, próximo ao septo interventricular.

A valva da aorta consiste de três válvulas semilunares (posterior, direita e esquerda) que se
encontram entre o vestíbulo da aorta e a origem da aorta. As válvulas semilunares da valva da
aorta, devido à pressão arterial, são mais espessas e resistentes quando comparadas às válvulas
semilunares da valva do tronco pulmonar. As lúnulas são mais evidentes e os nódulos mais
espessos e salientes. Os seios da aorta são espaços (como pequenos “bolsos”) entre a parede
dilatada da parte ascendente da aorta e cada válvula semilunar.

49
4.1.3 Complexo estimulante do coração
É o conjunto de estruturas responsáveis pela origem e pela condução do estímulo necessário
para o desempenho da função cardíaca.

Nó sinoatrial, sinuatrial ou marcapasso: localizado na junção anterolateral da veia cava


superior com o átrio direito, no ponto de encontro de três linhas que passam pela margem
superior da aurícula direita, margem lateral da veia cava superior e sulco terminal (corresponde
internamente à crista terminal). A condução do impulso através da parede atrial é ainda
controversa, apresentamos as hipóteses que procuram explicar esta condução: a) propagação
radial através da musculatura atrial e b) propagação preferencial por caminhos específicos. Os
Feixes Internodais originam-se no nó sinoatrial, possuem um trajeto na parede do átrio direito
e termina no nó atrioventricular.

Nó atrioventricular: localizado na porção inferior do septo interatrial; este nó promove o


retardo na passagem do estímulo para o ventrículo.

Feixe atrioventricular: origina-se no nó atrioventricular e atravessa o trígono fibroso direito


para, em seguida, ocupar a parte direita do septo interventricular.

Ramo Direito do Feixe Atrioventricular: possui trajeto descendente na parte direita da porção
muscular do septo interventricular.

Ramo Esquerdo do Feixe Atrioventricular: perfura a porção membranácea do septo


interventricular, ocupando a parte esquerda da porção muscular deste septo.

Ramos Subendocárdicos (=Rede de Purkinje): os ramos subendocárdicos constituem a parte


final do complexo estimulante e estão incluídos no miocárdio de ambos os ventrículos

4.2 Principais artérias


Aorta é a maior e principal artéria do corpo humano, já que direta e indiretamente (através de
ramos de seus ramos diretos) é responsável pela irrigação (nutrição) dos nossos tecidos. A aorta
origina-se no ventrículo esquerdo, assume de início direção ascendente e para a direita (aorta
ascendente), volta-se a seguir para a esquerda e para trás, traçando uma curva (arco da aorta).
Coloca-se, então, por diante da coluna vertebral a qual acompanha até ao nível de L4 (aorta
descendente), quando emite seus ramos terminais: aa. ilíacas comuns direita e esquerda.
50
4.3 Principais veias
Drenagem cardíaca: a drenagem venosa do coração é efetuada essencialmente pelo seio
coronário.

Drenagem cava superior: o território de drenagem da veia cava superior inclui: cabeça,
pescoço, membro superior, paredes torácica e abdominal.

Drenagem veia cava inferior: o território de drenagem da veia cava inferior inclui: membros
inferiores, cavidade pélvica e parede e cavidade abdominais.

4.4 Fatores biodinâmicos da circulação venosa


4.4.1 Generalidades
As veias não pulsam e quando seccionadas a hemorragia não ocorre em esguicho, devido a sua
pequena pressão. A pressão arterial tomada nas artérias de grande e médio calibres está ao redor
de 120mm/Hg e é mantida por vários fatores:

a) ação de bomba premente do ventrículo esquerdo;

b) elasticidade das paredes arteriais;

c) resistência oferecida pelas arteríolas;

d) viscosidade do sangue;

e) quantidade de sangue no sistema arterial.

Contudo, tanto a pressão quanto a vazão no sistema venoso estão sujeitas a variações, sendo
afetadas pelos fatores que serão tratados a seguir.

4.4.1.1 Vis a tergo (força de trás)


A contração do ventrículo esquerdo vai se transmitindo ao sistema arterial, cujos condutores são
elásticos e capazes de se dilatarem para conter um maior volume de sangue e, assim, permitir
que o fluxo sanguíneo se faça de maneira contínua. O sangue ao chegar nas arteríolas encontra
uma resistência à sua vasão, e ao atingir a rede capilar, a resistência decresce de 50 a 60
mm/Hg. Ao passar da extremidade arteriolar para a venular do capilar, a pressão sanguínea

51
decresce, chegando entre 15 a 20 mm/Hg. Então a vis a tergo está representada pela pressão
residual que chegou pelos capilares arteriais e continua-se nos capilares venosos (5mm/Hg).

4.4.1.2 Válvulas

São pregas da camada interna ou íntima das veias e em geral são em número de duas
cúspides; ocasionalmente, o conjunto valvar está constituído por três válvulas e às vezes
apenas uma válvula. As margens livres das válvulas estão dirigidas para o coração e
desta forma direcionam a corrente sanguínea e impedem seu refluxo, principalmente nos
membros inferiores, compensando em parte a ação desfavorável da gravidade.

Quanto à localização, as válvulas podem ser: Parietais, quando situadas ao longo das
veias, principalmente dos membros superiores e inferiores e Ostiais, quando situadas na
desembocadura de veias tributárias, como, por exemplo, na croça da veia safena magna
ao desembocar na veia femoral. As válvulas são mais numerosas nas veias dos membros
superiores e inferiores. Estão ausentes na maioria das veias do tronco, incluindo as dos sistemas
porta-hepático e vertebral e, em geral, nas veias próximas do coração, como: veias cavas
inferior e superior, ázigos, braquiocefálicas, subclávias e jugulares internas e externas.

4.4.1.3 Vis a lateralis (Pulsação das artérias)


Com poucas exceções, as veias profundas acompanham as artérias. A maioria das veias
profundas que acompanham as artérias no antebraço, braço, abaixo do joelho e em poucas
outras localizações, são duplas, portanto, satélites às artérias. Estes feixes vasculares (artéria e
veias) estão envoltos por uma bainha conectiva; esta bainha é constituída por feixes conectivos
que enlaçam a artéria e as veias, passando alternadamente da face anterior de um vaso para a
face posterior do outro; além destes feixes conectivos, há outros que envolvem o anterior
superficialmente, como uma bainha comum. As pulsações arteriais agem sobre as paredes
venosas e o sangue contido no seu interior segue a direção determinada pelas válvulas. As veias
superficiais são independentes de artérias. A pulsação arterial favorece a circulação venosa nas
veias profundas que também repercute nas veias superficiais, uma vez que as veias profundas e
superficiais estão em conexão através das veias perfurantes. Há dois tipos de veias perfurantes:
Diretas, são aquelas que passam diretamente de uma veia superficial para uma veia profunda;
Indiretas, aquelas que conectam uma veia superficial a uma veia muscular e esta
desembocando em uma veia profunda. Nas veias perfurantes, as válvulas estão presentes e
orientam a corrente sanguínea no sentido das veias superficiais para as veias profundas, sendo

52
que nas veias perfurantes diretas as válvulas estão presentes na junção com a veia profunda e
nas proximidades de sua origem na veia superficial.

4.4.1.4 Contração muscular


Os interstícios musculares são vias vasculonervosas, isto é, vias de passagem dos troncos
vasculares e nervosos profundos. Dada esta íntima relação, os vasos profundos sofrem a
influência da atividade dos músculos vizinhos. Os músculos esqueléticos, ao se contraírem,
espremem o conteúdo venoso, obrigando-o a se deslocar no sentido centrípeto que é imposto
pelas válvulas. Esta massagem efetuada pelos músculos processa-se em sentido da corrente,
uma vez que as contrações ocorrem da parte distal para a proximal dos segmentos dos membros
inferiores, principalmente. Também as veias das vísceras tubulares são comprimidas durante o
movimento peristáltico ou quando ocorre aumento de volume. A bainha dos vasos,
especialmente das veias, recebe feixes de fibras conectivas e mesmo livros-texto carnosos que
provêm dos músculos vizinhos, através dos quais os músculos em contração exercem tração
sobre as paredes das veias.

4.4.1.5 Fáscia muscular


Principalmente nos membros inferiores, as fáscias musculares comportam-se como verdadeiras
meias elásticas. O firme revestimento fascial da perna auxilia o retorno venoso. Os músculos da
região posterior da perna, principalmente o músculo sóleo, se encheriam de sangue se não
houvesse o vigoroso revestimento proporcionado pela fáscia.

4.4.1.6 Anastomose arteriolovenular


O sangue nem sempre passa por uma rede capilar ao ser transportado de uma arteríola para uma
vênula. Em certas regiões do corpo humano, há anastomoses arteriolovenulares que são desvios
a montante dos capilares. Entre outras funções, as AAV quando dão uma vasão aumentada
produzem uma elevação da pressão venosa, a qual por sua vez auxilia a volta do sangue ao
coração.

4.4.1.7 Gravidade
O efeito da gravidade cria uma pressão hidrostática que favorece a progressão do sangue nas
veias situadas acima do coração, ou seja, em grande parte do território de drenagem da veia cava
superior.

53
4.4.1.8 Musculatura lisa das veias
Sabemos que de uma maneira geral as veias têm sua túnica média delgada, contendo menos
tecido muscular liso, assim como tecido elástico. Com a posição ereta e à medida que vão
surgindo solicitações de ordem mecânica, hidrostática, principalmente nos membros inferiores,
as veias vão adquirindo características próprias. Em certos distritos, graças ao mesênquima
existente em potencial, como uma reserva indefinida, certas veias apresentam uma musculatura
lisa considerável, que lhes dá uma capacidade contrátil. Como exemplo, citaremos a veia
femoral no trígono femoral, que tem uma arquitetura diferente daquela apresentada na sua
porção intermuscular (Canal dos adutores).

4.4.1.9 Bomba plantar


No tecido subcutâneo da planta dos pés vamos encontrar uma rica rede venosa, que recebeu o
nome de sola venosa de Lejars, e funcionaria como um coração venoso. Durante a marcha
(deambulação), este plexo venoso situado no subcutâneo se enche de sangue na fase de
oscilação, lembrando uma diástole, e na fase de estação este plexo é comprimido, fazendo com
que o sangue siga em direção às veias da perna, principalmente as veias tibiais posteriores,
lembrando uma sístole.

4.4.1.10 Vis a fronte (Força da frente)


Hoje sabemos que a diástole cardíaca não é um fenômeno passivo, mas sim ativo. O
deslocamento do plano valvular (von Spee Benninghoff) em direção ao ápice do coração
distende os átrios fixados pela chamada cruz venosa do coração. Assim sendo, os átrios
exercem uma certa ação aspiradora sobre o sangue contido nos sistemas cavas. Também a
pressão intratorácica, que é normalmente inferior à da atmosfera, exerce uma ação de aspiração,
favorecendo a circulação venosa, principalmente nas veias cava inferior, hemiázigos e ázigo.

4.5 Sistema Linfático


Conceito: É o conjunto de estruturas responsáveis pela formação e pelo transporte da linfa e,
pela defesa do nosso organismo mediante mecanismos imunológicos.

Funções:

Absorção e transporte de macromoléculas proteicas e gorduras;


54
Limpeza do interstício celular;
Produção, maturação ou transformação de linfócitos, plasmócitos e macrófagos;
Defesa do organismo através de linfócitos, filtração da linfa e anticorpos.

Constituição:

Continente: conjunto de condutos de diferentes calibres;


Conteúdo: líquido chamado linfa;
Órgãos linfóides: estruturas anexas ou interpostas ao continente.

a) Continente: são os condutores encarregados de recolher a linfa do espaço intersticial,


transportá-la e lançá-la nas grandes veias do pescoço.
Componentes: Capilar linfático: podem ser abertos na extremidade intersticial com fibras
elásticas regulando a entrada da linfa ou fechados “em dedos de luva”; Rede capilar de
origem: entrecruzamento de capilares anastomosados imersos no espaço intersticial; Pré-
coletor: pequenos condutores interpostos entre a rede capilar de origem e os vasos linfáticos;
Vasos linfáticos: paredes mais finas do que as veias, possuem as três túnicas (íntima, média e
adventícia) e numerosas válvulas. Podem ser aferentes, quando penetram no linfonodo, o que
fazem por sua curvatura maior (convexidade), ou eferentes, quando deixam o linfonodo, o que é
realizado pela curvatura menor (concavidade); Troncos linfáticos: condutos de calibre maior,
formados pela reunião de vasos linfáticos; Coletores linfáticos: são os condutos de maior
calibre, formados pela reunião de troncos e vasos linfáticos. Por meio dos coletores linfáticos, a
linfa é lançada nas grandes veias do pescoço. No organismo humano existem 2 coletores
linfáticos: ducto torácico e o ducto linfático.

 Ducto torácico: Formação: na cisterna do quilo, que é uma dilatação linfática situada
anteriormente e à direita da segunda vértebra lombar, formada pela reunião dos
seguintes troncos linfáticos: lombares direito e esquerdo e Intestinal. Terminação: A
ampola do ducto torácico desemboca na junção das veias jugular interna e subclávia
esquerdas. Drenagem: O ducto torácico drena as regiões do corpo abaixo do músculo
diafragma (membros inferiores, pelve e cavidade abdominal) e metades esquerdas da
cabeça, pescoço (tronco jugular esquerdo), tórax (tronco broncomediastinal esquerdo) e
membro superior esquerdo (tronco subclávio esquerdo).

 Ducto linfático: Formação: Ocorre no lado direito da base do pescoço pela reunião dos
seguintes troncos: jugular, subclávio e broncomediastinal direitos. Terminação:
Desemboca na junção das veias jugular interna e subclávia direitas. Drenagem: Lado
direito do tórax (tronco broncomediastinal), da cabeça e pescoço (tronco jugular direito)
e membro superior direito (tronco subclávio direito).

55
b) Conteúdo

O líquido que circula no interior dos condutos linfáticos é a linfa que procede do líquido
intersticial assimilado pelos capilares linfáticos. É de cor levemente amarelada, transparente, faz
exceção a linfa intestinal que é branca e leitosa pelo teor em gorduras, denominada quilo. A
composição química da linfa é semelhante à do sangue, mas os elementos celulares são
diferentes, pela quantidade insignificante de hemácias e pelo número maior de linfócitos.

c) Órgãos linfóides

Completando o sistema linfático, temos estruturas macroscópicas que se intercalam aos vasos
linfáticos, são os linfonodos, ou estão anexas, como baço, timo, tonsilas e a medula óssea.

Linfonodos: estruturas pequenas com a forma e o tamanho de feijão; estão interpostos no


trajeto dos vasos linfáticos, dispostos em grupos de número variável, porém de localização e
distribuição constante pelo corpo.

Timo: órgão linfóide situado no mediastino superior e anterior, anteriormente aos grandes
vasos do coração, traqueia e pericárdio (em sua porção mais alta). Muito desenvolvido no
recém-nascido até a puberdade (cerca de 30g), diminui de crescimento com a idade, reduzindo-
se a uma pequena massa vestigial a partir da puberdade. É constituído por dois lobos (direito e
esquerdo).

Baço: situado embaixo da cúpula esquerda do músculo diafragma (hipocôndrio esquerdo),


apresenta duas faces: visceral (côncava, relaciona-se com o estômago, colo, rim e pâncreas) e
diafragmática (convexa, em relação com o diafragma); é irrigado e drenado, respectivamente,
pela artéria e veia esplênicas. Além das funções próprias do sistema linfático, é também órgão
hemocaterético (destruidor de hemácias que completaram seus ciclos).

Tonsilas: situadas principalmente no início dos sistemas respiratório e digestório.


Encontramos as tonsilas faríngea, tubáreas, palatinas e linguais, formando o anel linfático da
faringe (=de Waldeyer).

4.5.1 Biodinâmica da circulação linfática


A linfa, da mesma forma que o sangue no interior das veias, enfrenta dificuldades para circular
diante ao obstáculo oferecido pela gravidade. Assim sendo, vários fatores biodinâmicos que
56
auxiliam o retorno venoso também o fazem para a circulação linfática: vis a tergo, pulsação
arterial, contrações musculares, fáscia muscular, vis a fronte etc. No entanto, os fatores que mais
auxiliam a circulação linfática são a substancial musculatura lisa de suas paredes e as numerosas
válvulas. O segmento compreendido entre dois conjuntos de válvulas subsequentes constitui o
linfônio, que é a unidade de movimento da circulação linfática, pois a musculatura lisa desse
segmento impulsiona a linfa para o segmento seguinte que não reflui pela presença das válvulas
que o limitam.

4.6 Atividades
1. Descreva a circulação pulmonar e a circulação sistêmica.

2. Quais as funções do sistema linfático e as regiões de drenagem dos ductos


torácico e linfático?

57
58
Unidade 5
Unidade 5 - Sistema Digestório
Os animais unicelulares, como a ameba, não tinham necessidade de um sistema digestório, pois
se encontravam em contato direto com o meio externo. Durante a evolução, as células foram se
tornando profundas e perderam o contato com o meio ambiente. A partir de então, tornou-se
necessário o desenvolvimento de um sistema que tivesse a capacidade de apreensão dos
alimentos, digestão, absorção e eliminação dos resíduos.

Os nutrientes garantem os processos vitais do organismo, ou seja, desenvolvimento,


crescimento, fornecimento de energia e reparação celular. Apesar dos reservatórios (fígado e
tecido adiposo), os nutrientes são obtidos por meio da ingestão de alimentos retirados do meio
ambiente. O alimento ingerido não está pronto para ser aproveitado pelas células; desta forma,
ocorrerá uma série de processos fisiológicos (físico, químico e biológico) que preparam os
alimentos para serem absorvidos para os sistemas vascular sanguíneo e linfático, que
distribuirão os nutrientes por todos os tecidos do organismo. Estes processos fisiológicos
ocorrem em diversos órgãos que têm a função de preparar o alimento para ser absorvido pelo
organismo; o que não for aproveitado será eliminado para o meio externo. Os órgãos envolvidos
neste processo constituem o sistema digestório.

Na sequência dos processos fisiológicos, temos a apreensão dos alimentos. Esta envolve
estruturas como lábios, dentes e língua – a salivação cuja secreção, a saliva, é lançada pelas
glândulas salivares que abrem seus ductos no interior da cavidade oral; a mastigação, um
processo que engloba a ação dos dentes, dos músculos da mastigação e dos movimentos da
língua; a deglutição, dividida em etapas voluntária, reflexa e involuntária, que envolve a língua,
os músculos do palato mole, a faringe e o esôfago; a digestão, que é o processo de quebra dos
alimentos, ocorre na cavidade oral e principalmente no estômago e duodeno; a absorção de
nutrientes que envolve o jejuno-íleo e o intestino grosso e a eliminação dos resíduos que é
compactado e eliminado pelo intestino grosso que se abre para o meio externo.

A descrição dos órgãos que compõem o sistema digestório seguirá a sequência dos processos
fisiológicos aqui colocada.

59
5.1 Cavidade oral
A cavidade oral é dividida em vestíbulo da boca, que é o espaço entre as bochechas
lateralmente e lábios anteriormente e os dentes e gengivas mais profundamente; e cavidade
própria da boca, aloja a língua, situada internamente aos arcos dentais superior e inferior e os
dentes que eles sustentam. As funções da cavidade oral envolvem a apreensão dos alimentos, o
processo mecânico da mastigação, a salivação que lubrifica o alimento com as secreções
salivares e mucosas, a digestão limitada aos carboidratos por ação da enzima salivar, a ptialina e
a etapa voluntária da deglutição.

O teto da cavidade oral é formado pelo palato que constitui o assoalho das cavidades nasais e
parte nasal da faringe. O palato é recoberto por mucosa oral e possui duas regiões: o palato
duro, anterior, e o palato mole, posterior.

Posteriormente, a cavidade oral comunica-se com a parte oral da faringe por meio do Istmo das
fauces. O soalho da cavidade oral é formado, principalmente, pelo músculo milohióideo.
Este músculo constitui o denominado “diafragma oral” e, além de atuar sobre a mandíbula
quando o osso hioide está fixo, tensiona e eleva o soalho da cavidade oral, diminuíndo o espaço
entre este e o teto, para auxiliar a etapa voluntária da deglutição.

5.2 Dentes
Os dentes estão inseridos nos alvéolos dentais das maxilas, arcada dental superior ou maxilar, e
da mandíbula, arcada dental inferior ou mandibular. Esta inserção é uma articulação fibrosa do
tipo gonfose. As crianças têm 20 dentes decíduos e os adultos apresentam, geralmente, 32
dentes permanentes, que são identificados de acordo com suas características em: incisivos,
margens cortantes finas; caninos, cônicos e proeminentes; pré-molares, com duas cúspides e
molares, com três, quatro ou cinco cúspides. As funções dos dentes envolvem o ato de cortar,
reduzir e misturar o alimento à saliva durante a mastigação e participar da articulação da fala.

5.3 Língua
É o órgão muscular e móvel que ocupa a cavidade oral e a parte oral da faringe, e pode assumir
vários formatos e posição. A língua está envolvida com a apreensão de alimentos, a mastigação,
60
a parte voluntária da deglutição ao conduzir o alimento para a parte oral da faringe, a articulação
da fala, a gustação e a limpeza da cavidade oral. Das partes da língua, a raiz é porção mais
posterior e fixa, voltada para a parte oral da faringe, o corpo, entre a raiz a o ápice, constitui os
dois terços anteriores e o ápice é a extremidade anterior do corpo que se apoia nos dentes
incisivos. A mucosa da parte posterior do dorso da língua apresenta nódulos linfáticos que
formam as tonsilas linguais e a parte anterior é dividida em metades direita e esquerda por
meio do sulco mediano da língua. A túnica mucosa desta região é áspera por apresentar
elevações que assumem formas e funções diferentes, as papilas linguais, são elas:

papilas circunvaladas: são as maiores papilas e se localizam anteriormente ao sulco terminal


da língua e estão dispostas em forma de “V”;

papilas folhadas: são pequenas pregas situadas nas margens laterais da língua;

papilas filiformes: são cônicas e alongadas e de maior quantidade. Ocupam todo o dorso da
língua e não apresentam corpúsculos gustativos;

papilas fungiformes: em forma de cogumelos dispersos entre as papilas filiformes; as papilas


fungiformes que podem apresentar corpúsculos gustativos estão em maior número no ápice e
margens laterais da língua.

São dois os grupos musculares da língua: os intrínsecos e os extrínsecos. Todos os músculos


da língua possuem inervação motora pelo nervo hipoglosso. Os músculos extrínsecos da
língua (genioglosso, hioglosso, estiloglosso e palatoglosso) são pares e apresentam uma
inserção fora da língua. Estes músculos movem a língua durante suas diversas funções e alteram
sua forma. Os músculos intrínsecos da língua (longitudinais superior e inferior, transversal e
vertical) são restritos à língua e suas ações contribuem para deixar a língua curta e grossa como
no retrair a língua protrusa (músculos longitudinais superior e inferior) ou, deixam a língua
longa e estreita, como no ato de empurrar a língua contra os dentes incisivos ou protrair a língua
com a boca aberta (músculos transverso e vertical).

5.4 Glândulas salivares


As glândulas salivares são divididas em maiores, que são três pares (as parótidas, as
submandibulares e as sublinguais), e menores, que estão dispersas na túnica mucosa do palato,
dos lábios, das bochechas e da língua. O produto de secreção destas glândulas, a saliva, é um
líquido viscoso, transparente e inodoro, que mantém a mucosa da cavidade oral úmida, lubrifica

61
o alimento durante a mastigação, inicia a digestão do amido e é importante na prevenção de
cáries dentais e no paladar. As glândulas parótidas são as maiores glândulas salivares,
localizadas lateralmente na face, posterior aos ramos da mandíbula e anterior e abaixo ao
pavilhão da orelha, sua margem anterior avança sobre o músculo masseter de onde parte o
ducto parotídeo que, após atravessar o músculo bucinador, esvazia seu conteúdo no vestíbulo
da boca, na altura do 2º dente molar superior. As glândulas submandibulares estão situadas
junto ao soalho da cavidade oral e seus ductos submandibulares abrem-se por meio de 1-3
orifícios sobre uma papila sublingual de cada lado do frênulo da língua. As glândulas
sublinguais são menores e profundas, estão situadas de cada lado no soalho da cavidade oral. A
túnica mucosa do soalho da cavidade oral recobre estas glândulas o que constitui as pregas
sublinguais, onde se abrem os numerosos ductos glandulares.

5.5 Faringe
Por servir de passagem ao ar e ao alimento, as partes da faringe foram descritas no capítulo de
sistema respiratório. Abordaremos aqui a descrição de sua musculatura e sua relação com a
etapa reflexa da deglutição.

Os músculos da faringe envolvidos no processo de deglutição são os músculos contritores


superior, médio e inferior da faringe que formam suas paredes posterior e lateral. Estes
músculos constringem a faringe e empurram o bolo alimentar em direção ao esôfago e são
auxiliados pelos músculos palatofaríngeos, estilofaríngeos e salpingofaríngeos, que durante
esta etapa elevam a laringe e encurtam a faringe. Os músculos do palato mole (levantadores e
tensores do véu palatino) elevam o palato mole e partes adjacentes da faringe durante as etapas
voluntária e reflexa da deglutição e, ao mesmo tempo, promovem a abertura da tuba auditiva, o
que justifica a equalização da pressão no interior da cavidade timpânica durante a deglutição.
A musculatura da faringe trabalha sinergicamente com os músculos da cavidade oral e do
esôfago para garantir o processo de deglutição.

5.6 Esôfago
A partir do esôfago, o tubo digestivo assume uma conformação tubular e de parede contínua. O
esôfago é muscular, oco e conduz o alimento da parte laríngea da faringe ao estômago. Este
órgão possui cerca de 25 cm de comprimento, inicia-se a partir da margem inferior da

62
cartilagem cricóidea, anteriormente, e sexta vértebra cervical (CVI), posteriormente, e termina
abrindo-se no estômago, no nível da décima primeira vértebra torácica (TXI). O esôfago é
dividido em partes cervical, torácica e abdominal.

Ao longo do trajeto do esôfago, podemos observar estreitamentos que aparecem devido à


relação com as estruturas vizinhas, desta forma, na junção faringoesofágica temos a constrição
cricofaríngea produzida pela parte cricofaríngea do músculo constritor inferior da faringe (o
esfíncter esofágico superior) que é a porção mais estreita do esôfago. Em sua parte torácica, o
esôfago apresenta uma constrição broncoaórtica que é produzida pelo arco da aorta e brônquio
principal esquerdo e na transição entre as partes torácica e abdominal, na altura do hiato
esofágico no músculo diafragma, a constrição diafragmática (o esfíncter esofágico inferior).

5.7 Estômago
O estômago constitui a porção sacular e expandida do trato digestório que se interpõe ao
esôfago e duodeno. O estômago é especializado no acúmulo de alimento e no seu preparo
(químico e mecânico) para a digestão e condução para o duodeno. As dimensões e o formato do
estômago são variáveis de um indivíduo para o outro e depende do momento fisiológico. O
formato em “J” do estômago apresenta uma curvatura menor, que está voltada para o fígado, e
uma curvatura maior, voltada para o baço e colo transverso do intestino grosso. As duas
paredes, anterior e posterior, são ligeiramente abauladas. O estômago é dividido em quatro
partes:

 cárdia: a parte que circunda o óstio cárdico, onde é a junção esofagogástrica;

 fundo gástrico: é a parte do estômago situada acima do plano transverso que

passa na altura da junção esofagogástrica;

 corpo gástrico: é a maior e principal parte do estômago; situa-se entre o fundo


gástrico e cárdia, acima, e parte pilórica, abaixo. Nesta parte do estômago ocorre
mistura do alimento com as secreções gástricas para constituir uma massa viscosa,
densa e fortemente ácida, o quimo;

 parte pilórica: é a parte mais inferior e afunilada do estômago. Sua parte mais
larga, o antro pilórico, é continuidade do corpo gástrico e se continua por uma
porção estreitada, o canal pilórico, que se abre por meio do óstio pilórico, na
primeira porção do duodeno. Ao redor deste óstio, a camada muscular circular se
63
espessa para constituir um mecanismo estinctérico, o piloro, que controla a
passagem do quimo para o duodeno. A incisura angular na parte inferior da
curvatura menor indica a junção do corpo gástrico e a parte pilórica.

5.8 Intestino delgado


O intestino delgado possui comprimento médio de 6 m e um diâmetro que varia de entre 4 cm
na junção com o estômago e 2,5 cm na conexão com intestino grosso. O intestino delgado é
dividido nas seguintes partes: o duodeno, situado a direita da coluna vertebral, é contínuo com
o jejuno e este com o íleo. Na luz do duodeno ocorre a digestão de grande parte do alimento
ingerido, enquanto na luz das alças do jejuno e íleo ocorre cerca de 90% da absorção dos
nutrientes para a corrente sanguínea e linfática. O revestimento mucoso do intestino delgado
apresenta pregas circulares (cerca de 800 em toda a extensão), que aumentam
significativamente a superfície de absorção.

O duodeno é o segmento mais curto e mais largo e mede aproximadamente 25 cm de


comprimento ou 12 dedos. O duodeno inicia-se em seguida ao piloro do estômago e descreve
uma curvatura em “C” para a esquerda, onde se encaixa a cabeça do pâncreas. O duodeno é
subdividido em quatro partes: a parte superior é a parte inicial do duodeno e apresenta
características próprias; a parte descendente do duodeno apresenta a papila maior do
duodeno que é uma elevação com a abertura do ducto da ampola hepatopancreática. Esta
ampola, no interior da parede da parte descendente do duodeno, é a reunião dos ductos colédoco
oriundo do fígado e vesícula biliar e o ducto pancreático principal que percorre todo o pâncreas.
Nesta parte do duodeno, o suco pancreático rico em enzimas digestivas e a bile (secreção de pH
básico e que emulsifica a gordura) são lançados para promover a digestão de grande parte dos
alimentos ingeridos. Nas partes horizontal e ascendente do duodeno ocorre absorção dos
nutrientes. A flexura duodenojejunal marca o limite entre duodeno e jejuno.

O jejuno, com cerca de 2,5 metros, é onde ocorre a maior parte da digestão química e absorção.

O íleo é a terceira e última porção do intestino delgado, continuidade do jejuno e, como este, é
peritonizado e fixo à parede posterior do abdome. O íleo mede cerca de 3,5 m de comprimento.
A porção terminal do íleo (íleo terminal) projeta-se para o interior do ceco para constituir a
papila ileal. A absorção no interior do íleo diminui à medida que se aproxima de sua parte
terminal.

64
5.9 Intestino grosso
O intestino grosso situa-se abaixo do fígado e do estômago e contorna o jejuno-íleo como a
moldura de um quadro ou em ferradura. Inicia-se no ceco e termina no ânus, a abertura externa
do canal anal. O intestino grosso possui comprimento médio de 1,5 m subdividido em quatro
partes: o ceco, colo, reto e canal anal.

O ceco é uma bolsa expandida em fundo cego onde se abre o íleo terminal. O ceco peritonizado
possui em sua parede posteromedial conexão com o apêndice vermiforme, que é oco, delgado
e mede cerca de 9 cm de comprimento. A posição e o tamanho do apêndice vermiforme são
variáveis. Sua túnica mucosa apresenta abundantes nódulos linfáticos e sua inflamação gera
sintomas da apendicite.

O colo é a maior parte do intestino grosso e apresenta maior diâmetro e parede mais delgada
comparada à do intestino delgado. A parede do colo forma bolsas, as saculações do colo, que
permitem distensão e alongamento. Internamente, a túnica mucosa do colo apresenta pregas
semilunares do colo entre as saculações. As tênias do colo são três faixas longitudinais de
musculatura lisa que se estendem ao longo do colo, profundamente à túnica serosa (peritônio
visceral). Os apêndices omentais do colo são como gotas de gordura presentes na serosa do
colo. O colo é subdividido em: ascendente, transverso, descendente e sigmoide.

O colo ascendente é continuidade do ceco, possui trajeto ascendente junto à parede posterior do
abdome até a região da face visceral do fígado, onde se curva para frente, a flexura direita do
colo, que marca o início do colo transverso.

O colo transverso cruza a cavidade abdominal da direita para a esquerda, seu comprimento é
variável o que determina diferentes formas de posicionamento. Na proximidade do baço, o colo
transverso curva-se inferiormente, a flexura esquerda do colo.

O colo descendente que se inicia a partir da flexura esquerda do colo desce junto à parede
posterior do abdome até a entrada da fossa ilíaca esquerda, onde é contínuo com o colo
sigmoide.

O colo sigmoide é o segmento em forma de “S”, mede cerca de 15 cm de comprimento, é


continuidade do colo descendente na fossa ilíaca esquerda e curva-se para penetrar na cavidade
pélvica e continuar-se com o reto. O bolo fecal fica armazenado neste segmento do intestino
grosso.
65
O reto, a parte do intestino do intestino grosso que antecede ao canal anal, é continuidade do
colo sigmoide. Esta parte expansível é parcialmente peritonizada e apresenta uma dilatação em
sua luz, a ampola do reto, e três pregas em sua mucosa, as pregas transversais do reto, que
são formadas pelas curvaturas do reto. O reto recebe as fezes que chegam do colo sigmoide e
deflagra uma ação reflexa para a defecação.

O canal anal dirige-se posterior e inferiormente e abre-se para o exterior por meio do ânus. A
mucosa do canal anal contém colunas anais, onde se encontra o plexo venoso hemorroidário.
As extremidades distais das colunas anais se unem para formar as válvulas anais. A camada
muscular da túnica muscular da parede do canal anal se espessa para constituir o músculo
esfíncter interno do ânus, de controle involuntário. Fibras musculares estriadas esqueléticas
circundam o canal anal e constituem o músculo esfíncter externo do ânus que obedece ao
controle voluntário.

5.10 Glândulas anexas


As glândulas anexas do trato digestório são as glândulas salivares (descritas anteriormente), o
fígado e o pâncreas.

5.10.1 Fígado
É o maior órgão do organismo e um dos mais versáteis do corpo; com 1,5 kg de peso, o fígado
localiza-se nas regiões do hipocôndrio direito e epigástrio. As funções hepáticas podem ser
classificadas em três categorias: regulação metabólica, regulação hematológica e síntese e
secreção de bile.

A face diafragmática, lisa, convexa e voltada para cúpula diafragmática direita é dividida em
lobo direito, maior, e lobo esquerdo, menor. A face visceral, irregular, possui impressões
devido às relações topográficas com as vísceras vizinhas, estômago, duodeno, rim direito, colo
do intestino grosso, vesícula biliar e veia cava inferior. Observa-se nesta face, além dos lobos
direito e esquerdo, os lobos caudado e quadrado. No campo da cirurgia hepática, essa descrição
e os limites anatômicos dos lobos hepáticos não atendem às necessidades, desta maneira, o
fígado passou a ser dividido em segmentos hepáticos (cirurgicamente ressecáveis) baseados nas
divisões da artéria hepática própria, veia porta do fígado e ductos hepáticos. No centro da face
visceral, uma abertura, a porta do fígado ou hilo do fígado, dá passagem à artéria hepática

66 própria e seus ramos hepáticos direito e esquerdo, veia porta do fígado, ductos hepáticos direito
e esquerdo, vasos linfáticos e nervos, que no conjunto constituem o denominado pedículo
hepático.

A bile, sintetizada pelas células hepáticas, é constituída essencialmente por água com
quantidade variável de íons que contribuem para a diluição e tamponamento de ácidos do
quimo, bilirrubina (pigmento derivado da hemoglobina) e sais biliares (variedade de lipídeos)
que se associam aos lipídeos no quimo para viabilizar a ação enzimática e quebra em ácidos
graxos. A bile é secretada nos canalículos bilíferos, que, após trajeto intra-hepático, desemboca
nos ductos hepáticos direito e esquerdo, os quais ao emergir pela porta do fígado, unem-se
para formar o ducto hepático comum. Este ducto, após curto trajeto, une-se ao ducto cístico,
oriundo da vesícula biliar, para formar o ducto colédoco, que ao penetrar na cabeça do pâncreas
funde-se com o ducto pancreático principal e constitui a ampola hepatopancreática que se
abre na papila maior do duodeno. O músculo esfíncter da ampola hepatopancreática controla
a entrada de bile no duodeno.

5.10.2 Vesícula biliar


A vesícula biliar é um órgão sacular de parede muscular e de aspecto piriforme; está alojada na
fossa da vesícula biliar, na face visceral do lobo direito, armazena e concentra a bile antes de ser
lançada no duodeno. A vesícula biliar é contínua com o ducto cístico que permite a passagem
da bile em ambos os sentidos. Quando o músculo esfíncter da ampola hepatopancreática está
contraído, a bile segue pelos ductos colédoco e cístico e preenche a vesícula biliar, onde é
armazenada. Na vesícula biliar, ocorre absorção de água o que modifica a concentração de sais
biliares e outros componentes da bile. A ejeção da bile ocorre sob estimulação do hormônio
colecistoquinina, lançado quando o quimo chega ao duodeno. Este hormônio promove
relaxamento do músculo esfíncter da ampola hepatopancreática e contração da vesícula biliar.

5.10.3 Pâncreas
O pâncreas é uma glândula com cerca de 15 cm de comprimento, que se estende entre o
duodeno e o baço, posteriormente ao estômago. A cabeça do pâncreas, sua parte mais larga,
aloja-se na curvatura em “C” do duodeno. O corpo do pâncreas, delgado e longo, inclina-se
para cima e para a esquerda em direção ao baço, onde termina em uma extremidade romba, a
cauda do pâncreas.

67
O pâncreas possui função endócrina (os hormônios insulina e glucagon) e função exócrina
(síntese de enzimas digestivas e solução-tampão). O ducto pancreático principal conduz as
secreções digestivas ao duodeno.

5.11 Atividades
1. Denomine os órgãos que pertencem ao sistema digestório.

2. Quais são as partes do esôfago e do estômago?

3. Denomine as partes do intestino delgado e descreva, sucintamente, suas


características.

4. Denomine as partes do intestino grosso e descreva, sucintamente, suas


características.

5. Quais são as glândulas anexas do sistema digestório e quais suas características


anatômicas e funcionais?

68
Unidade 6
Unidade 6 - Sistema Urinário

Considerado o principal sistema excretor do organismo; o sistema urinário é constituído por um


órgão par, os rins, responsáveis pela filtração do plasma sanguíneo e formação de urina e, pelos
órgãos que conduzem a urina para o meio externo, a via urinífera, formada pelos ureteres que
transportam a urina entre os rins e a bexiga urinária, cuja função é reter momentaneamente a
urina para ser eliminada por meio da uretra. Em ambos os sexos, os órgãos que compõem este
sistema são iguais em sua morfologia e fisiologia, exceto a uretra que é diferenciada em
masculina e feminina.

6.1 Rins
São órgãos pares, retroperitoneais, situados junto à parede posterior do abdome, à direita e à
esquerda da coluna vertebral. O rim direito ocupa posição mais baixa devido à relação com o
fígado, estando cerca de 1-2 cm acima da crista ilíaca direita, enquanto o rim esquerdo situa-se
cerca de 4 cm acima. Os rins apresentam dois polos, superior e inferior, duas margens, lateral e
medial e duas faces anterior e posterior.

O maior eixo renal, com cerca de 10 cm, oblíquo, une os polos de tal forma que o polo superior
está mais próximo da coluna vertebral e é recoberto pela glândula suprarrenal. A maior largura
com cerca de 5 cm está entre as margens lateral, convexa, e medial, côncava e voltada para a
coluna vertebral com uma chanfradura no centro, o hilo renal, que dá acesso a uma cavidade no
interior do rim, o seio renal. A espessura de cerca de 2,5 cm está entre as faces posterior, mais
plana e assentada sobre a parede posterior do abdome e, a anterior, mais abaulada e voltada para
as vísceras abdominais.

As estruturas que no conjunto entram e saem dos rins pelo seu hilo renal são denominadas de
pedículo renal e as principais estão assim distribuídas: a veia renal, anterior, a artéria renal
ocupa posição intermédia e a pelve renal – ureter, posterior.

69
O parênquima renal, situado abaixo da cápsula renal, circunda o seio renal e possui de 7 a 14
estruturas cônicas que no conjunto formam a medula renal, as pirâmides renais, cuja base está
voltada perifericamente para a superfície do rim e o ápice, a papila renal, projeta-se para o
interior do cálice menor, situado no seio renal. O córtex renal situa-se entre as bases das
pirâmides e a superfície renal e estende-se entre as pirâmides renais para constituir as colunas
renais. Os néfrons (cerca de 1 milhão em cada rim), as unidades morfofuncionias dos rins, estão
localizados no parênquima renal. Centenas de néfrons desembocam em um ducto coletor que se
une a outros para se abrir na papila renal que se projeta no interior de um cálice menor. O
número de cálices menores depende do número de pirâmides renais (7-14), e a união destes
constitui 2-4 cálices maiores que se juntam para formar a pelve renal; esta possui tamanho
variável e afunila-se em continuidade com o ureter.

A irrigação do rim é determinada pela artéria renal que se origina da parte abdominal da aorta e
a drenagem é realizada pela veia renal que desemboca na veia cava inferior.

6.2 Ureteres
Órgãos pares, retroperitoniais, que conectam a pelve renal à bexiga urinária. Pelo
desenvolvimento, podemos considerar a pelve renal como dilatação do ureter. O ureter possui
trajeto descendente, junto à parede posterior do abdome, até desembocar no interior da cavidade
da bexiga urinária (parte pélvica do ureter). Ao longo do seu trajeto, o ureter apresenta três
estreitamentos que são considerados locais de possível obstrução por cálculos renais, a saber: no
ponto de transição pelve renal – ureter (transição pielouretérica); no local onde o ureter cruza
sobre os vasos ilíacos externos, ou seja, no ponto entre as partes abdominal e pélvica do ureter;
na sua parte intramural, ou seja, onde atravessa obliquamente a parede vesical. Esta parte
intramural abre-se na cavidade vesical por meio de um óstio em fenda o que dificulta o refluxo
urinário.

6.3 Bexiga urinária


A bexiga urinária, órgão ímpar, mediano, parcialmente peritonizado, oco e de paredes
musculares fortes que garantem sua alta capacidade de distensão, é um reservatório temporário
de urina. A forma, o tamanho e a posição da bexiga alteram de acordo com seu grau de

70
plenitude ou dos órgãos vizinhos. Em indivíduos adultos, quando vazia, a bexiga encontra-se na
cavidade pélvica, assentada sobre o soalho pélvico e posterior e acima das partes púbicas do
osso do quadril; quando repleta, assume uma posição mais alta, posterior à parede anterior do
abdome. Em recém-nascidos a bexiga urinária encontra-se no abdome mesmo quando vazia;
passa a ocupar a pelve maior ao redor dos seis anos; desce para a cavidade pélvica já no início
da idade adulta.

A morfologia vesical é estudada levando-se em consideração seu estado vazio, e desta maneira
possui formato tetraédrico; podemos identificar as seguintes partes: ápice, corpo, fundo e colo e,
em cadáveres, as faces superior, posterior e inferolaterais.

A parede vesical apresenta espessura variável e é constituída pelas seguintes camadas: mucosa
que é pregueada, exceto na região do trígono vesical onde é lisa e aderida à camada muscular;
submucosa que está ausente na região do trígono vesical; muscular que é formada por fibras
musculares lisas em direções diversas, o músculo detrusor da bexiga e a serosa ou fibrosa se o
revestimento for, respectivamente, peritoneal ou tecido conjuntivo frouxo, a fáscia vesical.
Os óstios dos ureteres e a prega inter-uretérica entre eles contribuem para formar a base de um
triângulo, o trígono vesical, que é completado pelo óstio interno da uretra. Do óstio interno da
uretra para a base do trígono, encontramos uma elevação mediana, mais desenvolvida em
homens idosos, a úvula da bexiga.

6.4 Uretra
É o canal que conduz a urina desde a bexiga urinária até o meio externo e pode ser, de acordo
com o gênero, referida como masculina ou feminina.

A uretra feminina, com função urinária, é curta, cerca de 4 cm, retilínea e atravessa os
diafragmas pélvico e urogenital. Em todo seu trajeto relaciona-se com a parede anterior da
vagina, com a qual está unida por tecido conjuntivo frouxo e abre-se por meio de um óstio
externo, no vestíbulo da vagina.

A uretra masculina, comparada à uretra feminina, possui função urinária e genital; é longa
com curvaturas e possui diâmetros variáveis ao longo de seu trajeto. Com seus 12 a 16 cm de
comprimento, a uretra masculina pode ser dividida em partes intramural, prostática,
membranácea e peniana ou esponjosa. A parte intramural é curta, atravessa a parede da

71
bexiga e é contínua com a parte prostática, que está inclusa na próstata. A parte
membranácea constitui uma das partes mais estreitadas da uretra masculina, atravessa os
diafragmas pélvico e urogenital. A parte peniana ou esponjosa da uretra é a porção mais longa
e por atravessar o corpo esponjoso do pênis segue a sua morfologia; desta forma, possui uma
dilatação ao passar pelo interior do bulbo do pênis, a fossa bulbar, e outra, quando atravessa a
glande do pênis, a fossa navicular.

6.5 Atividades
1. Quais órgãos fazem parte do sistema urinário?

2. Diferencie a uretra feminina da masculina.

72
Unidade 7
Unidade 7 - Sistema Genital

7.1 Sistema Genital Masculino


Este sistema é constituído por órgãos genitais externos (escroto e pênis) e internos (testículos,
epidídimos, ductos deferentes, ductos ejaculatórios) e glândulas anexas (glândulas seminais,
próstata e glândulas bulbouretrais).

7.1.1 Testículo
São órgãos pares, de forma ovoide, apresentam dois polos, superior e inferior, duas faces, lateral
e medial e duas margens, anterior e posterior.
O testículo é revestido por uma túnica fibrosa, a túnica albugínea, que envia septos para o seu
interior, separando-o em 250-400 lóbulos testiculares. No interior de cada lóbulo testicular
encontram-se 1 a 4 túbulos seminíferos contorcidos, em cuja parede ocorre a espermatogênese.
À medida que se dirigem para o ápice do lóbulo, os túbulos seminíferos perdem a tortuosidade e
tornam-se retos, os túbulos seminíferos retos, que deixam os lóbulos e penetram no mediastino
do testículo e se anastomosam entre si para constituir uma rede de túbulos, a rede testicular.
Desta rede, partem 12 a 16 dúctulos eferentes que deixam o testículo e penetram na cabeça do
epidídimo, que está acoplado ao polo superior do testículo.

7.1.2 Epidídimo
O epidídimo, com cerca de 5 cm de comprimento, encontra-se acoplado ao polo superior
(cabeça do epidídimo), margem posterior (corpo do epidídimo) e polo inferior do testículo
(cauda do epidídimo). Os dúctulos eferentes ao penetrarem na cabeça do epidídimo
desembocam em um ducto de maior calibre e tortuoso, o ducto do epidídimo, que possui cerca
de 6 cm de comprimento. No interior do ducto do epidídimo, o espermatozóide atinge a
maturação e a mucosa do ducto produz uma substância que auxilia na mobilidade desses em
sentido do ducto deferente e ducto ejaculatório. A partir da cauda do epidídimo, o ducto do
epidídimo perde a tortuosidade e continua-se como ducto deferente.

73
7.1.3 Ducto deferente
Com cerca de 25 cm de comprimento, o ducto deferente é continuidade do ducto do epidídimo,
possui um trajeto ascendente no interior do escroto e ganha o funículo espermático, onde possui
situação posterior, atravessa o canal inguinal e na altura do anel inguinal profundo o ducto
deferente deixa o funículo espermático, penetra na cavidade pélvica e, posteriormente à bexiga,
une-se com o ducto da glândula seminal para constituir o ducto ejaculatório.

7.1.4 Ducto ejaculatório


É o resultado da união do ducto deferente com o ducto da glândula seminal. Este ducto, par,
atravessa a próstata de cima para baixo e de trás para frente, para se abrir no colículo seminal,
elevação mediana da crista uretral na parede posterior da parte prostática da uretra. A porção da
próstata situada entre os ductos ejaculatórios direito e esquerdo é denominada como lobo
mediano, o qual se relaciona com a parede anterior do reto.

7.1.5 Glândulas anexas


Dentre as glândulas anexas temos as glândulas seminais, próstata e glândulas bulbouretrais.
As glândulas seminais são duas bolsas sacciformes com cerca de 5 cm de comprimento que se
localizam entre o fundo da bexiga urinária e o reto. As extremidades superiores das glândulas
seminais voltadas para cima e mais afastadas do plano mediano estão separadas do reto por
peritônio que se reflete neste ponto para formar a escavação retovesical. As extremidades
inferiores, medialmente situadas, estão separadas do reto posteriormente por meio do septo de
tecido conjuntivo, o septo retovesical. As extremidades inferiores continuam-se por ductos das
glândulas seminais e se unem com os ductos deferentes para formar os ductos ejaculatórios. A
secreção viscosa e alcalina produzida por estas glândulas se mistura ao espermatozoide que
chega pelos ductos deferentes para constituir parte do líquido seminal.

A próstata é a maior das glândulas anexas; a parte glandular constitui dois terços do seu
volume e o outro terço é fibromuscular. As glândulas prostáticas abrem-se na parte prostática
da uretra e secretam uma substância leitosa e fina que constitui cerca de 20% do volume do
líquido seminal.

As glândulas bulbouretrais, situadas de cada lado da parte membranácea da uretra, possuem


tamanho de uma ervilha e seus ductos pequenos se abrem na parte proximal da parte esponjosa
da uretra. As glândulas bulbouretrais secretam uma substância viscosa que lubrifica a uretra

74
durante o ato sexual.
7.1.6 Escroto ou bolsa testicular
O escroto é dotado de dois compartimentos, direito e esquerdo, sendo que o esquerdo possui
posicionamento mais inferior comparado ao direito e aloja os testículos, epidídimos e parte dos
ductos deferentes. O escroto é formado por duas camadas, uma externa, a cútis ou pele e outra
interna, a túnica dartos, que é formada pela tela subcutânea que é desprovida de gordura e
dotada de músculo dartos, musculatura lisa de controle involuntário, responsável pela
manutenção da temperatura no escroto.

7.1.7 Pênis
É o órgão de cópula masculino. O pênis é constituído pela raiz, corpo e glande. A raiz do pênis,
considerada a parte fixa, possui dois ramos, direito e esquerdo e o bulbo do pênis.
A raiz do pênis situa-se no espaço superficial do períneo, onde os dois ramos encontram-se
fixos nos ramos isquiopúbicos dos ossos do quadril e são revestidos pelos músculos
isquiocavernosos. A partir da margem inferior da sínfise púbica, os ramos direito e esquerdo são
contínuos com os corpos cavernosos; por outro lado, o bulbo do pênis é a porção mediana e
dilatada da raiz do pênis, recoberta pelos músculos bulboesponjosos e contínua com o corpo
esponjoso.

O corpo do pênis é a sua parte livre, pedunculado quando flácido e constituído por três colunas
cilíndricas de tecido erétil, os corpos cavernosos e o corpo esponjoso. Os corpos cavernosos se
estendem a partir dos ramos direito e esquerdo até a glande e constituem o dorso do pênis; são
paralelos e separados por um septo além de serem envolvidos por uma bainha resistente de
tecido conjuntivo denso, a túnica albugínea. As artérias profundas do pênis penetram,
respectivamente, nos ramos direito e esquerdo e continuam no centro dos corpos cavernosos, de
onde emitem ramos, as artérias helicinas, que se capilarizam para o interior das cavidades do
tecido erétil. O corpo esponjoso é contínuo ao bulbo do pênis e envolve a parte esponjosa da
uretra; percorre o sulco entre os corpos cavernosos para dilatar-se em sua extremidade distal e
constituir a glande do pênis que envolve as extremidades dos corpos cavernosos. A artéria do
bulbo do pênis irriga desde o bulbo até o corpo esponjoso, além da parte esponjosa da uretra.
A glande do pênis é proeminente no seu limite com o corpo do pênis, a coroa da glande, e
determina a formação de um sulco que circunda esta região, o colo da glande. Ao atravessar a
glande do pênis, a uretra peniana dilata-se e forma a fossa navicular e se estreita novamente para
se abrir por meio do óstio externo da uretra. Esta região é irrigada pelas artérias dorsais do
pênis.

75
A pele que recobre o pênis é normalmente mais pigmentada e é desprovida de pêlos. O tecido
conjuntivo frouxo subjacente permite a movimentação da pele sem que haja distorção de
estruturas profundas. Uma prega de pele, o prepúcio, recobre a glande do pênis e se fixa no
colo da glande. As glândulas do prepúcio estão localizadas na superfície interna do prepúcio e
junto ao colo da glande produzem uma secreção denominada esmegma, que pode ser uma fonte
de nutrição de bactérias. A tela subcutânea (fáscia superficial do pênis) com pouco tecido
adiposo é contínua com a túnica dartos do escroto e a fáscia superficial do períneo. A fáscia
profunda do pênis, situada profundamente à tela subcutânea, envolve os corpos cavernosos e
esponjoso e lhes dá contensão.

O tecido erétil que compõe os corpos cavernosos e esponjoso tem grande quantidade de espaços
vasculares separados por trabéculas de fibras conjuntivas e musculatura lisa, onde se abrem os
capilares das artérias helicinas. A ereção do pênis é um processo hemodinâmico controlado pelo
sistema nervoso autônomo. Quando flácido, o fluxo sanguíneo é pequeno e mantido por
impulsos da inervação simpática que promovem vasoconstrição e contração da musculatura lisa
do tecido erétil que diminui os espaços vasculares. Por outro lado, os impulsos vasodilatadores
da inervação parassimpática associados à inibição dos impulsos vasoconstritores simpáticos
causam o aumento do diâmetro das artérias do pênis e o relaxamento da musculatura lisa das
trabéculas do tecido erétil que ampliam os espaços vasculares, o que permite o aumento do
fluxo sanguíneo promovendo a rigidez do pênis. Após a ejaculação e o orgasmo, a atividade
parassimpática diminui e a simpática aumenta e o pênis volta ao seu estado flácido.

7.2 Sistema Genital Feminino


Este sistema é constituído por órgãos genitais internos, os ovários que produzem os gametas; as
tubas uterinas, que conduzem os gametas e local onde ocorre a fertilização; o útero, onde o
embrião se fixa e se desenvolve e a vagina, órgão de cópula feminino e parte do canal do parto.
A genitália externa feminina é formada pelo monte do púbis, lábios maiores e menores do
pudendo, clitóris, vestíbulo da vagina, bulbo do vestíbulo e glândulas vestibulares maiores e
menores.

7.2.1 Ovários
São órgãos pares, localizados na fossa ovárica, depressão junto à parede lateral da cavidade
pélvica delimitada pela artéria umbilical, anteriormente, e vasos ilíacos internos e ureter,

76
posteriormente. Além da produção e maturação dos óvulos (ovogênese), estes órgãos são
responsáveis pela síntese de hormônios estrógenos e progesterona.

Os ovários são os únicos órgãos intraperitoneais, ou seja, estão no interior da cavidade


peritoneal e não são peritonizados; desta forma, a superfície do ovário é constituída por uma
túnica albugínea de tecido conjuntivo denso. A superfície do ovário é lisa em mulheres jovens e,
conforme avança a idade, as diversas ovulações que ocorrem geram cicatrizes na superfície
ovariana e esta passa a ter um aspecto rugoso.

7.2.2 Tubas uterinas


A tuba uterina é um canal muscular com cerca de 10 cm de comprimento que se estende desde a
região do ovário, lateralmente, até a cavidade do útero, medialmente. Ao longo do seu trajeto, a
tuba uterina é envolta pela margem livre do ligamento largo, que se estende entre o útero e a
parede lateral da cavidade pélvica, para formar um meso estreito entre a tuba uterina e o ovário,
o mesossalpinge. Cada tuba uterina é dividida em quatro partes, a saber:

Infundíbulo da tuba uterina, que é a porção lateral, próxima ao ovário e que forma um funil,
cuja margem apresenta digitações, as fímbrias da tuba uterina, que auxiliam na captação do
óvulo após a ovulação;

Ampola da tuba uterina é a parte que se segue ao infundíbulo da tuba uterina; esta parte da
tuba é mais dilatada e tortuosa devido ao espessamento da túnica muscular de sua parede. É na
luz da ampola da tuba uterina que ocorre normalmente a fertilização;

Istmo da tuba uterina é a continuidade da ampola da tuba uterina em direção ao útero. Esta
porção da tuba uterina é mais estreitada e penetra na parede do útero para constituir a parte
uterina;

Parte uterina é parte intramural da tuba uterina que se abre no interior da cavidade do útero por
meio do óstio uterino da tuba.

O transporte de materiais ao longo da tuba uterina envolve os movimentos ciliares das células
ciliadas do epitélio de sua mucosa e o peristaltismo da musculatura lisa de sua túnica muscular.
Além da função de transporte, a tuba uterina oferece um meio nutritivo (lipídeos e glicogênio)
para os espermatozoides e para o pré-embrião em desenvolvimento. Os óvulos não fertilizados
degeneram na parte terminal da tuba uterina ou no interior da cavidade do útero.

7.2.3 Útero
O útero é um órgão muscular de paredes espessas, piriforme, oco, situado na linha mediana da
cavidade pélvica, entre a bexiga urinária e o reto. Este órgão oferece proteção, sustentação,

77
nutrição e excreção para o embrião e, posteriormente, feto em desenvolvimento. As fortes
contrações da musculatura lisa de sua parede (=miométrio) são importantes na expulsão do feto
durante o nascimento. O útero é dinâmico, seu formato e tamanho modificam-se durante as
fases da vida e a sua posição muda de acordo com o grau de enchimento da bexiga urinária e do
reto. O útero é dividido nas partes: corpo e colo.

O corpo do útero constitui sua maior parte e inclui o fundo do útero, a parte arredondada do
corpo que se projeta acima do plano entre os óstios uterinos da tuba. O corpo do útero está
separado do colo do útero por meio de uma região estreitada com cerca de 1 cm de
comprimento, o istmo do útero. O corpo possui duas faces, anterior voltada para a bexiga
urinária, e a posterior que se relaciona com as alças intestinais e reto; duas margens que se
relacionam com as artérias uterinas que ascendem desde o istmo até o ponto de penetração das
tubas uterinas.

O colo do útero, com cerca de 2,5 cm de comprimento, é cilíndrico, estreito e projeta-se para o
interior da vagina. A porção supravaginal do colo situa-se entre o istmo do útero e a parede
anterior da vagina, e a porção vaginal do colo, no interior da vagina, é arredondada e circunda o
óstio do útero, constituindo os lábios anterior e posterior.

A cavidade do útero, que em mulheres nulíparas assemelha-se a uma fenda, apresenta os


cornos do útero nas regiões superior e laterais, onde entram as tubas uterinas e continua-se,
inferiormente, com o canal do colo do útero (=canal cervical) que se abre na vagina por meio
do óstio do útero. O muco que preenche o canal do colo do útero e óstio do útero impede a
passagem de bactérias para o interior da cavidade do útero. O canal do colo do útero e a luz da
vagina constituem o canal do parto, por onde passa o feto no momento do nascimento.

A parede do corpo do útero é formada por três camadas: o perimétrio é a serosa (lâmina
visceral do peritônio), incompleta, sustentada por tecido conjuntivo que reveste o fundo do útero
e suas faces anterior e posterior e depois reflete, respectivamente, para a bexiga urinária e reto
para formar as escavações vesicouterina e retouterina; o miométrio é a camada média, espessa,
constituída por músculo liso que corresponde a 90% da massa do útero. Durante o parto, as
fibras musculares lisas que se dispõem em direções longitudinal, circular e oblíqua, contraem
fortemente por ação hormonal para dilatar o óstio do útero e expulsar o feto. No colo do útero, a
camada média é constituída basicamente por tecido fibroso rico em colágeno e pouca
musculatura lisa e elastina; o endométrio constitui a mucosa do útero que está aderida ao
miométrio subjacente. Sob influência do estrógeno, o endométrio sofre modificações de sua
78
estrutura durante o ciclo menstrual, pois suas glândulas uterinas, os vasos sanguíneos e o
endotélio se preparam para receber o blastocisto e contribuir para a demanda fisiológica do
embrião e feto durante o desenvolvimento. Não ocorrendo fertilização, a superfície interna desta
camada é eliminada durante a menstruação.

7.2.4 Vagina
A vagina é um tubo musculomembranáceo distensível, que se estende do colo do útero ao
vestíbulo da vagina, espaço delimitado pelos lábios menores do pudendo. A parede anterior da
vagina mede cerca de 7 cm e a posterior cerca de 9 cm de comprimento, pois o colo do útero ao
projetar-se para o interior da vagina atravessa a extremidade superior de sua parede anterior;
desta forma, surge um recesso entre o colo do útero e as paredes da vagina, o fórnice da
vagina.

7.2.5 Órgãos genitais externos femininos


Estes órgãos estão localizados na região denominada pudendo ou vulva, são eles: o monte da
púbis, os lábios maiores e menores do pudendo, o clitóris, o vestíbulo da vagina, os bulbos do
vestíbulo e as glândulas vestibulares.

7.3 Atividades
1. Denomine os órgãos pertencentes ao sistema genital masculino.

2. Quais os órgãos genitais femininos internos e externos?

3. Quais as divisões do útero e das tubas uterinas?

79
80
Unidade 8
Unidade 8 - Sistema Nervoso
O sistema nervoso, associado aos sistemas endócrino e circulatório, mantém a homeostase do
organismo. Os seres vivos, mesmos os mais primitivos, devem continuamente se ajustar ao
meio ambiente para sobreviver; desta forma, a excitabilidade ou irritabilidade, a condutibilidade
e a contratilidade são propriedades indispensáveis a todo organismo animal, pois lhe permite
responder a estímulos oriundos do meio externo.

Os protozoários (animais unicelulares), mesmo sem neurônios, são capazes de sobreviver, pois
o protoplasma desempenha todas as atividades essenciais à vida. Por exemplo, um organismo
unicelular é sensível a um determinado estímulo (irritabilidade), e reage dando origem a um
impulso que é conduzido em seu protoplasma (condutibilidade), determinando uma resposta em
outra parte da célula (contratilidade); percebe-se, no entanto, que os protozoários não se
especializaram em nenhuma das propriedades do protoplasma, o que os torna rudimentares.
Em seres um pouco mais evoluídos, como as esponjas, as partes do citoplasma de uma mesma
célula podem se especializar em uma de suas propriedades (irritabilidade, condutibilidade ou
contratilidade); desta maneira, a parte superficial do citoplasma se especializa na capacidade de
ser sensível às alterações do meio ambiente, enquanto a parte mais profunda do mesmo
citoplasma desenvolve a capacidade de responder ao impulso gerado (células musculares
primitivas).

Nos metazoários mais desenvolvidos, como as anêmonas do mar (celenterado), as células


musculares primitivas migraram para o interior do animal deixando de ter contato com o meio
externo; assim, surgiram na superfície do animal células que se especializaram, exclusivamente,
em gerar e conduzir impulsos e são consideradas os primeiros neurônios.

Os primeiros neurônios eram células nervosas unipolares, cujo axônio conduzia o impulso para
as células musculares situadas mais profundamente e na sua extremidade superficial
desenvolveu-se uma terminação sensível às alterações do meio que foi denominada de receptor.
A forma difusa de ramificação do axônio nos celenterados, o que permite a distribuição do
impulso em várias direções (sistema nervoso difuso), evolui nos platelmintos e anelídeos para a

81
centralização ou agrupamento das estruturas nervosas (sistema nervoso central). Nos anelídeos,
como a minhoca, o sistema nervoso é segmentado e formado por um par de gânglios
cerebroides e uma série de gânglios unidos que corresponde a um segmento do animal.

A disposição dos neurônios em um segmento mostra que, na superfície do animal, existem


neurônios sensíveis às alterações do meio (neurônios sensitivos ou aferentes), cujos axônios
estão conectados a outros neurônios, mais profundos, situados em gânglios (neurônios motores
ou eferentes), de onde partem fibras nervosas para os músculos, que são as estruturas
efetuadoras. A conexão do neurônio sensitivo com o neurônio motor se faz por sinapse. Temos
assim, em um segmento da minhoca, os elementos essenciais de um arco reflexo simples, ou
seja, o neurônio sensitivo com seu receptor (na superfície), um centro (o gânglio) onde ocorre a
sinapse com o neurônio motor cujo axônio se liga ao órgão efetuador (o músculo), que permite
o deslocamento do segmento por um estímulo originado no próprio segmento (arco reflexo
intrassegmentar). Partindo-se do princípio que o animal se desloca como um todo, há a
necessidade de conexões nervosas entre os segmentos para que o movimento seja sincronizado.
Desta maneira, surge o neurônio de associação (ou internuncial) que conecta um segmento ao
outro, ou seja, o neurônio sensitivo ao emitir o impulso para o neurônio motor também o faz
para o neurônio de associação do mesmo segmento; enquanto o neurônio motor estimula o
músculo do próprio segmento, o neurônio de associação conecta-se ao neurônio motor de outro
segmento, gerando o arco reflexo intersegmentar.

Nos vertebrados, a segmentação da medula espinal é evidenciada por meio das conexões com as
raízes dos 31 pares de nervos espinais. Nos humanos, o arco reflexo intrassegmentar mais
simples consiste no reflexo patelar que pode ser descrito como segue: ao percutir o ligamento da
patela com o martelo, ocorre alongamento das fibras musculares do músculo quadríceps femoral
que ativa os fusos neuromusculares (receptores) situados no ventre do músculo; os receptores
ativados geram impulsos que percorrem o prolongamento periférico do neurônio sensitivo
situado no gânglio espinal, o impulso penetra em um segmento da medula espinal por meio do
prolongamento central deste neurônio e faz sinapse com o neurônio motor localizado neste
mesmo segmento, de onde parte o axônio que leva o impulso para as fibras do músculo
quadríceps femoral, e este contrai projetando a perna para frente (extensão da perna).
Entretanto, a maior parte dos reflexos medulares é intersegmentar, ou seja, o impulso sensitivo
(aferente) chega a um segmento da medula espinal e a resposta (impulso eferente) emerge de
outros segmentos e, às vezes, distantes. Neste tipo de arco reflexo encontramos os neurônios de

82
associação que conectam a fibra do neurônio sensitivo de um segmento com neurônios motores
de um ou mais segmentos da medula espinal, como, por exemplo, no ato de coçar.

Dentro do processo evolutivo, o neurônio aferente ou sensitivo surgiu para conduzir os


impulsos gerados mediante as modificações do meio externo para o interior do animal
(sensibilidade somática). Conforme foi aumentando a complexidade do corpo animal, alguns
neurônios aferentes ou sensitivos passaram a conduzir impulsos gerados por modificações do
meio interno (sensibilidade visceral). A mudança de morfologia e posição do corpo do neurônio
aferente pode ser explicada da seguinte maneira. Nos anelídeos, o neurônio sensitivo, do tipo
unipolar, possui o corpo no epitélio de revestimento e seu axônio conduz o impulso aí originado
para o interior do animal; nos moluscos, o neurônio sensitivo é do tipo bipolar, desta forma,
apresenta o corpo mais internamente com um prolongamento periférico que termina em um
receptor na superfície do animal, e outro prolongamento central que conduz o impulso para o
sistema nervoso central e nos vertebrados, o neurônio sensitivo é quase na totalidade do tipo
pseudounipolar e apresenta o seu corpo localizado em um gânglio sensitivo; o prolongamento
periférico está conectado a um receptor na superfície do corpo e o prolongamento central
penetra no sistema nervoso central.

O neurônio eferente ou motor surgiu para conduzir o impulso do sistema nervoso central para
o órgão efetuador, que, nos mamíferos, representa um músculo ou glândula, determinando,
assim, uma contração ou uma secreção. Os neurônios motores surgiram no sistema nervoso
central e assim permaneceram durante a evolução, fazem exceção os neurônios motores pós-
ganglionares que são viscerais e situam-se em gânglios viscerais.

Os neurônios de associação surgiram e permaneceram no interior do sistema nervoso central,


aumentando a sua complexidade a partir do momento que propiciavam um número cada vez
maior de sinapses. Estes neurônios conectam áreas distantes do sistema nervoso (neurônios de
axônios longos) ou áreas vizinhas (neurônios de axônios curtos ou interneurônios).

8.1 Divisões do sistema nervoso


8.1.1 Anatômica
O sistema nervoso é dividido em central (no interior da cavidade craniana e canal vertebral) e
periférico (fora do esqueleto).

83
O sistema nervoso central é constituído pelo encéfalo e medula espinal (o neuroeixo). O
encéfalo é subdividido em cérebro (=telencéfalo), diencéfalo, cerebelo e tronco encefálico
(mesencéfalo, ponte e bulbo).

O sistema nervoso periférico é formado pelos 12 pares de nervos cranianos e os 31 pares de


nervos espinais (8 cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais e 1 coccígeo); os gânglios
sensitivos e os gânglios viscerais do sistema nervoso autônomo e as terminações nervosas que
podem ser motoras, as placas motoras, e as sensitivas, denominadas de receptores.
Os receptores evoluíram e se especializaram em gerar impulsos dos vários tipos de modalidade
de sensibilidade, a saber: os receptores especiais e os gerais.

Os receptores especiais são mais complexos e fazem parte dos chamados órgãos do sentido
(visão, gustação, olfação e audição e equilíbrio); os receptores gerais estão presentes em todo o
corpo, principalmente na pele, e são classificados de acordo com sua morfologia em receptores
livres e encapsulados. Os receptores livres são os mais frequentes e distribuem-se em toda a
pele. As terminações nervosas livres responsáveis pela sensibilidade térmica e dolorosa podem
se enrolar na base dos folículos pilosos e constituir os discos de Merkel responsáveis pelo tato.
Os receptores encapsulados apresentam intensa ramificação da extremidade do axônio no
interior de uma membrana conjuntiva, os principais são: Corpúsculos de Meissner, presentes
na pele da palma das mãos e planta dos pés, são responsáveis pelo tato e pressão; Corpúsculos
de Ruffini por apresentarem a mesma função do anterior, apresentam distribuição semelhante
nas mãos e nos pés além dos folículos pilosos do restante do corpo; Corpúsculos de Vater-
Paccini localizados no tecido subcutâneo das mãos e pés, septos intermusculares e periósteo,
são capazes de perceber estímulos mecânicos rápidos e repetitivos como na sensibilidade
vibratória; Fusos neuromusculares são pequenas estruturas em forma de fuso, situadas
paralelamente às fibras musculares estriadas esqueléticas que constituem o ventre muscular;
além de gerar impulsos que controlam o tônus muscular, os fusos neuromusculares participam
do controle reflexo do músculo quando este é submetido a graus diversos de estiramento e ou
alongamento e os Órgãos neurotendinosos, situados na junção das fibras musculares estriadas
esqueléticas com seu tendão, são responsáveis por gerar estímulos que informam o sistema
nervoso central, sobre a tensão exercida pela contração muscular sobre seu tendão e inserção no
esqueleto, o que permite avaliar a força muscular exercida.

De acordo com a natureza dos estímulos capazes de ativar os receptores, estes podem ser
classificados como: Quimiorreceptores são aqueles sensíveis a estímulos químicos, como as

84
células olfatórias, os corpúsculos gustativos e os receptores do corpo carotídeo que são sensíveis
ao teor de oxigênio circulante; Osmorreceptores que detectam a variação da pressão osmótica;
Fotorreceptores que são sensíveis à luz, como as células cones e bastonetes da retina;
Termorreceptores aqueles que geram estímulos mediante alteração da temperatura (calor e
frio); Nociceptores são as terminações nervosas livres que geram estímulos dolorosos e os
Mecanorreceptores que são sensíveis a estímulos mecânicos, sendo o mais diversificado.
Incluímos o órgão espiral (audição), as cristas ampulares e as máculas (equilíbrio), os
barorreceptores do seio carotídeo (sensíveis às alterações da pressão arterial), os fusos
neuromusculares e o órgão neurotendíneo (sensíveis ao estiramento do músculo e tendão) e os
receptores cutâneos responsáveis pela sensibilidade tátil, de pressão e de vibração.

Baseando-se no critério de localização, os receptores se dividem em três categorias: os


Exteroceptores localizados na superfície do corpo, os Proprioceptores que estão situados nos
músculos, tendões, cápsulas articulares e ligamentos e originam os impulsos proprioceptivos
que podem ser consciente e inconsciente. Os impulsos proprioceptivos conscientes chegam ao
córtex cerebral e permitem que o indivíduo tenha a percepção do seu corpo e de suas partes, a
atividade muscular e o movimento das articulações, são responsáveis pelo sentido de posição e
de movimento, por outro lado, os impulsos proprioceptivos inconscientes não despertam
sensação alguma e são utilizados pelo sistema nervoso central, em especial, o cerebelo, para
controlar a atividade muscular, como por exemplo, o tônus, e os Interoceptores
(=visceroceptores) localizados nas vísceras e vasos, originam impulsos viscerais.

8.1.2 Embriológica
Nesta divisão, as partes do sistema nervoso central do adulto recebem a denominação das
vesículas primordiais que lhes deram origem. As três vesículas encefálicas são prosencéfalo,
mesencéfalo e rombencéfalo. Do prosencéfalo desenvolvem-se duas vesículas, o telencéfalo e o
diencéfalo. O mesencéfalo não sofre alteração durante o desenvolvimento. Do rombencéfalo se
originam o metencéfalo (que se desenvolve no cerebelo e ponte) e o mielencéfalo (que origina o
bulbo).

8.1.3 Fisiológica ou funcional


Baseando-se no critério fisiológico, o sistema nervoso pode ser dividido em sistema nervoso da
vida de relação ou somático, aquele que relaciona o organismo com o meio externo, e o sistema
nervoso da vida vegetativa ou visceral, aquele que controla as atividades viscerais, ou seja,
relaciona o organismo com o seu meio interno. Em ambos os tipos, podemos identificar um
85
componente aferente e outro eferente. O componente aferente do sistema nervoso somático
conduz impulsos originados em receptores periféricos que geram estímulos mediante alterações
do meio ambiente; por outro lado, o componente aferente do sistema nervoso visceral conduz
impulsos originados em receptores viscerais devido às modificações do meio interno. Enquanto
o componente eferente do sistema nervoso somático leva impulsos originados em áreas
específicas do sistema nervoso central aos órgãos efetuadores (músculo estriado esquelético), o
componente eferente do sistema nervoso visceral conduz impulsos ao músculo estriado
cardíaco, músculo liso da parede visceral e dos vasos e glândulas. O componente eferente do
sistema nervoso visceral é conhecido como sistema nervoso autônomo que se divide em partes
simpática e parassimpática.

8.1.4 Segmentar ou metamérico


A segmentação do sistema nervoso é verificada pela conexão com os nervos espinais e
cranianos, desta maneira, incluímos no sistema nervoso segmentar, todo o sistema nervoso
periférico mais as partes do sistema nervoso central associadas aos nervos (medula espinal e
tronco encefálico), por outro lado, cerebelo, diencéfalo e telencéfalo pertencem ao denominado
sistema nervoso suprassegmentar.

8.2 Medula espinal


A medula espinal é uma massa aproximadamente cilíndrica, achatada no sentido
anteroposterior, situada dentro do canal vertebral sem ocupá-lo totalmente. Seu calibre não é
uniforme, pois apresenta duas dilatações denominadas intumescências cervical e lombossacral.
Intumescência cervical – Dilatação situada em nível cervical, formada pela maior quantidade
de neurônios motores inferiores localizados na coluna anterior e pelas grossas fibras nervosas
que entram ou saem destes segmentos medulares formando o plexo braquial e que se destinam à
inervação dos membros superiores.

Intumescência lombossacral – Dilatação situada em níveis lombar e sacral, formada pela


maior quantidade de neurônios motores inferiores localizados na coluna anterior e pelas grossas
fibras nervosas que entram ou saem destes segmentos medulares formando o plexo
lombossacral e que se destinam à inervação dos membros inferiores.

86
A medula espinal limita-se superiormente ao nível do forame magno do osso occipital, com o
bulbo (região do tronco encefálico) e inferiormente termina ao nível da 2a vértebra lombar,
afunilando-se para formar o cone medular.

Cone medular – A medula espinal termina afilando-se para formar um cone, dito cone medular.
Este limite inferior da medula espinal tem importância clínica e no adulto termina geralmente na
altura da 2a vértebra lombar ou na altura do disco intervertebral entre a 1a e 2a vértebras
lombares.

A superfície da medula espinal é percorrida longitudinalmente em toda sua extensão pelos:


fissura mediana anterior (que abriga a artéria espinal anterior); sulco lateral anterior (onde
emergem as radículas anteriores ou ventrais); sulco lateral posterior (onde penetram as
radículas posteriores ou dorsais) e sulco mediano posterior.

Substância cinzenta – Localiza-se profundamente à substância branca e apresenta a forma de


uma borboleta, ou de um “H”, o “H medular”. Nela distinguimos três colunas que aparecem
nos cortes como cornos e que são as colunas anterior, lateral e posterior.

Coluna anterior – Apresenta núcleos formados por neurônios motores inferiores que são
responsáveis pela inervação motora da musculatura estriada esquelética.

Coluna lateral – Apresenta neurônios motores viscerais (=neurônios pré-ganglionares) do


sistema nervoso autônomo que se destinam à inervação dos músculos lisos, estriado cardíaco e
glândulas. A coluna lateral, entretanto, aparece nos segmentos torácicos e lombares altos.

Coluna posterior – Apresenta núcleos formados por neurônios que recebem informações que
penetram na medula espinal via raiz posterior.

Substância branca – É formada por fibras nervosas mielínicas que formam verdadeiras vias
por onde passam os impulsos nervosos que sobem (ascendentes) e descem (descendentes) na
medula espinal e que podem ser agrupadas de cada lado, nos funículos anterior, lateral e
posterior.

Funículo anterior – Situado entre a fissura mediana anterior e o sulco lateral anterior.

Funículo lateral – Situado entre os sulcos laterais anterior e posterior.

87
Funículo posterior – Situado entre o sulco lateral posterior e o sulco mediano posterior. Nos
segmentos medulares cervicais, este funículo é dividido pelo sulco intermédio posterior em
livro-texto grácil (medial) e livro-texto cuneiforme (lateral).

Radículas – São pequenos filamentos nervosos (=axônios) que fazem conexão com a medula
espinal, emergindo e penetrando respectivamente, através dos sulcos laterais anterior e posterior
(Radículas anteriores e posteriores).

Raiz anterior ou ventral – Formada pela união das radículas anteriores que se originam nos
neurônios motores inferiores situados na coluna anterior e neurônios motores pré-ganglionares
situados na coluna lateral dos segmentos medulares torácicos e lombares altos (L1 e L2), sendo
portanto uma raiz motora e eferente.

Raiz posterior ou dorsal – Formada pela união das radículas posteriores que correspondem aos
prolongamentos centrais e periféricos do axônio do neurônio pseudounipolar situado no gânglio
espinal, sendo portanto uma raiz sensitiva e aferente.

Gânglio sensitivo do nervo espinal (=gânglio espinal) – Localizado na raiz dorsal; o gânglio
sensitivo possui corpos dos neurônios sensitivos pseudounipolares, cujos prolongamentos
central e periférico constituem a raiz posterior ou dorsal.

Nervo espinal – Formado pela união da raiz dorsal, sensitiva, com a raiz ventral, motora, sendo
funcionalmente misto.

Cauda equina – No adulto, a medula espinal não ocupa todo o canal vertebral, pois termina no
nível da 2a vértebra lombar. Abaixo deste nível o canal vertebral contém as meninges e as raízes
nervosas dos últimos nervos espinais; estas dispostas em torno do cone medular e filamento
terminal constituem em conjunto a cauda equina.

A conexão com os nervos espinais marca a segmentação da medula espinal, que é determinado
pela emergência e penetração, respectivamente, dos filamentos radiculares anteriores e
posteriores que entram na composição deste nervo. Existem 31 pares de nervos espinais, sendo,
portanto, 31 segmentos medulares: cervicais (8); torácicos (12); lombares (5); sacrais (5) e
coccígeo (1).

88
8.2.1 Envoltórios da medula espinal – Meninges e espaços
Dura-máter – É a meninge mais externa, possui fibras colágenas que a tornam espessa e
resistente. A dura-máter espinal envolve toda a medula espinal; cranialmente continua-se com a
dura-máter encefálica, caudalmente termina em fundo cego, o saco dural, ao nível da 2a
vértebra sacral.

Aracnoide-máter – Dispõe-se entre a dura-máter e a pia-máter. É um folheto justaposto à dura-


máter e possui um emaranhado de trabéculas aracnóideas que a une a pia-máter.

Pia-máter – É a meninge mais interna e delicada; está aderida intimamente ao tecido nervoso
da superfície da medula espinal e penetra na fissura mediana anterior. Quando a medula espinal
termina no cone medular, a pia-máter continua inferiormente, formando o filamento terminal.

Espaço extradural (=peridural) – Situa-se entre a dura-máter e o periósteo do canal vertebral.


Contém tecido adiposo e inúmeras veias que constituem o plexo venoso vertebral interno.

Espaço subdural – Situa-se entre a dura-máter e a aracnoide-máter, é uma fenda estreita


contendo uma pequena quantidade de líquido cerebroespinal (=líquor), suficiente apenas para
evitar a aderência entre as meninges.

Espaço subaracnóideo – Situa-se entre a aracnoide-máter e a pia-máter, é o mais importante e


contém líquido cerebrospinal em quantidade razoável. A exploração clínica deste espaço é
facilitada por certas particularidades anatômicas; sabe-se que a medula espinal termina em nível
da 2a vértebra lombar e o saco dural em nível da 2a vértebra sacral; entre estes dois níveis, o
espaço subaracnóideo é maior, contendo maior quantidade de líquido cerebrospinal e nele
encontra-se o filamento terminal e a cauda equina, não havendo, portanto, risco de lesão da
medula espinal durante a introdução de uma agulha.

8.3 Plexos Nervosos e Nervos Intercostais


Plexo Cervical

É constituído pelos ramos ventrais dos nervos espinais C1 – C4, eventualmente, o ramo ventral
de C5. O principal nervo deste plexo é o frênico.
Nervo frênico – constituído principalmente por fibras nervosas de C4, podendo receber fibras

89
de C3 e/ou C5. Dá suprimento motor ao músculo diafragma.
Plexo Braquial

É constituído pelos ramos ventrais dos nervos espinais C5 – C8 e pela maior parte do ramo
ventral de T1, eventualmente, por fibras nervosas provenientes dos ramos ventrais dos nervos
espinais C4 e/ou T2; estes ramos ventrais formam as raízes do plexo braquial, que passam
entre os músculos escalenos anterior e médio; os gânglios cervicais médio e inferior e gânglios
torácicos do tronco simpático enviam às raízes do plexo braquial, através dos ramos
comunicantes cinzentos, fibras eferentes pós-ganglionares que se destinam à inervação do tecido
glandular e musculatura lisa da pele e vasos da região de distribuição dos nervos colaterais e
terminais deste plexo.

Na base do pescoço, na região cervical lateral, as raízes do plexo braquial unem-se para formar
os troncos do plexo braquial, constituindo a parte supraclavicular do plexo.

Tronco superior – formado pela união das raízes C5 e C6.

Tronco médio – formado pela continuidade da raiz C7.

Tronco inferior – formado pela união das raízes C8 e T1.

Em seu trajeto sob a clavícula, cada tronco do plexo braquial bifurca-se em divisões anterior e
posterior que formam os livros-texto do plexo braquial. As divisões anteriores e posteriores
suprem, respectivamente, os compartimentos anteriores (flexores) e compartimentos posteriores
(extensores) do membro superior.

Livro-texto lateral – formado pela união das divisões anteriores dos troncos superior e médio.

Livro-texto medial – formado pela continuidade da divisão anterior do tronco inferior.

Livro-texto posterior – formado pela união das divisões posteriores dos três troncos.

Os livros-texto lateral, medial e posterior constituem a parte infraclavicular do plexo braquial, e


apresentam esta nomenclatura devido à relação íntima com a terceira parte da artéria axilar.

Ramos do livro-texto lateral

Nervo musculocutâneo – um dos ramos terminais do livro-texto lateral; inerva os músculos do


compartimento anterior do braço.

90
Raiz lateral do nervo mediano – outro ramo terminal do livro-texto lateral que se une à raiz
medial para formar o nervo mediano.

Ramos do livro-texto medial

Nervo ulnar – um dos ramos terminais do livro-texto medial. No antebraço, inerva o músculo
flexor ulnar do carpo e parte do músculo flexor profundo dos dedos para o 4º e 5º dedos; na
mão, inerva os seguintes músculos: abdutor do dedo mínimo, flexor curto do dedo mínimo,
oponente do dedo mínimo (região hipotenar), interósseos dorsais e palmares, 3º e 4º lumbricais
e adutor do polegar.

Raiz medial do nervo mediano – outro ramo terminal do livro-texto medial que se une à raiz
lateral para formar o nervo mediano.

Nervo mediano – formado pela união das raízes lateral e medial. No antebraço, inerva os
seguintes músculos: pronador redondo, flexor radial do carpo, palmar longo, flexor superficial
dos dedos, flexor longo do polegar, parte do músculo flexor profundo dos dedos para o 2º e 3º
dedos e pronador quadrado. Na mão, inerva os músculos abdutor curto do polegar, flexor curto
do polegar, oponente do polegar (região tênar) e 1º e 2º lumbricais.

Ramos do livro-texto posterior

Nervo axilar – ramo terminal do livro-texto posterior; inerva os músculos deltoide e redondo
menor, a articulação do ombro e a pele da parte superolateral do braço.

Nervo radial – ramo terminal (o maior) do livro-texto posterior. Inerva os músculos dos
compartimentos posteriores do braço e antebraço.

Nervos Intercostais

Os ramos ventrais dos 12 pares de nervos espinais torácicos suprem a parede torácica. Os ramos
ventrais de T1 – T11 formam os nervos intercostais que seguem ao longo da extensão dos
espaços intercostais. O ramo ventral de T12, que segue inferior à 12ª costela, é o nervo
subcostal.

Os nervos intercostais (1º - 6º) inervam os músculos intercostais externo e interno, transverso
do tórax, subcostal, levantadores das costelas e serrátil posterior.

91
Os nervos intercostais (7º - 11º) após origem dos ramos cutâneos laterais deixam os espaços
intercostais e continuam entre os músculos transverso e oblíquo interno do abdome para suprir a
pele e músculos abdominais. O nervo subcostal segue inferiormente à 12ª costela.

Plexo Lombar

É constituído pelos ramos ventrais dos nervos espinais L1, L2, L3, L4 de onde emergem os
seguintes nervos:

Nervo obturatório – Inerva os músculos do compartimento medial da coxa e o músculo


pectíneo do compartimento anterior.

Nervo femoral – Inerva os músculos psoas maior e ilíaco e segue para o compartimento
anterior da coxa passando posteriormente ao ligamento inguinal, lateralmente aos vasos (artéria
e veia) femorais; supre os músculos do compartimento anterior que são flexores do quadril e
extensores do joelho.

Plexo Sacral

Localizado na parede posterolateral da pelve menor (cavidade pélvica), onde está intimamente
relacionado com o músculo piriforme; é constituído por ramos ventrais dos nervos espinais L4,
L5, S1, S2 e S3. Os principais ramos deste plexo são:

Nervo isquiático (n. ciático) – maior nervo do corpo, formado por fibras nervosas de L4 – S3;
atravessa o forame isquiático maior e emerge na região glútea inferiormente ao músculo
piriforme, desce pela região posterior da coxa e no ápice superior da fossa poplítea divide-se nos
nervos tibial e fibular comum. O nervo isquiático emite ramos para suprir a articulação do
quadril e músculos posteriores da coxa (extensores do quadril e flexores do joelho), através de
seus ramos terminais inerva a musculatura da perna e pé.

Nervo tibial – Atravessa a fossa poplítea e penetra na região posterior da perna profundamente
ao músculo sóleo, é acompanhado em toda sua extensão pelos vasos tibiais posteriores. Ao
atravessar o túnel do tarso (posteriormente ao maléolo medial), divide-se nos nervos plantares
lateral e medial. O nervo tibial inerva a musculatura posterior da perna e, através dos nervos
plantares, os músculos da planta do pé.

Nervo fibular comum – acompanha o tendão do músculo bíceps femoral, contorna o colo da

92
fíbula e divide-se nos nervos fibulares superficial e profundo. O nervo fibular superficial
inerva os músculos fibulares longo e curto e emite nervos cutâneos dorsais para o terço distal da
face anterolateral da perna e dorso do pé. O nervo fibular profundo inerva os músculos do
compartimento anterior da perna e dorso do pé e a pele da fenda digital entre o 1º e 2º dedos.

Nervo glúteo superior – Inerva os músculos glúteos médio e mínimo e tensor da fáscia lata,
que são abdutores e rotadores mediais do membro inferior.

Nervo glúteo inferior – Inerva o músculo glúteo máximo, potente extensor do quadril.

Nervo pudendo – Inerva os órgãos genitais, musculatura do períneo, músculos esfíncteres


externos da uretra e ânus.

8.4 Tronco Encefálico


8.4.1 Bulbo
A superfície do bulbo é percorrida longitudinalmente por sulcos que continuam com os sulcos
da medula espinal, são eles: fissura mediana anterior, sulco lateral anterior, sulco lateral
posterior e sulco mediano posterior.

Sulco bulbopontino – Situado no sentido transversal, é o limite entre o bulbo inferiormente e a


ponte superiormente. Observam-se neste sulco a emergência (origem aparente) de cada lado do
plano mediano, de medial para lateral, os seguintes nervos: abducente (VI par), facial (VII
par) e vestibulococlear (VIII par).

Pirâmide – É uma eminência alongada situada de cada lado da fissura mediana anterior;
formada por um feixe compacto de fibras nervosas descendentes que ligam a área motora do
giro pré-central (neurônios motores superiores) do cérebro aos neurônios motores inferiores
situados na coluna anterior do “H medular”, denominado trato corticospinal.

Decussação das pirâmides – Na parte caudal do bulbo, fibras nervosas do trato corticospinal
cruzam obliquamente o plano mediano que obliteram a fissura mediana anterior e constituem a
decussação das pirâmides. Cerca de 75%-90% das fibras nervosas decussam e constituem o
trato corticospinal lateral, os 10%-25% das fibras nervosas que não decussam constituem o trato
corticospinal anterior.

93
Sulco lateral anterior – situado entre a oliva e a pirâmide, contínuo com o homônimo da
medula espinal. Observa-se emergindo deste sulco (origem aparente) o nervo hipoglosso (XII
par).

Sulco lateral posterior – Situado posteriormente à oliva, contínuo com o homônimo da medula
espinal. Observa-se emergindo deste sulco (origem aparente), de superior para inferior, os
nervos glossofaríngeo (IX par), vago (X par) e acessório (XI par) com suas raízes bulbar e
espinal.

Sulco mediano posterior – Contínuo com o homônimo da medula espinal, termina a meia
altura do bulbo, em virtude do afastamento de seus lábios, que contribuem para formar os
limites laterais do quarto ventrículo.

Área posterior do bulbo – Situada entre os sulcos mediano posterior e lateral posterior, é
continuação do funículo posterior da medula espinal e, como este, dividida em livros-texto
grácil e cuneiforme.

Livros-texto grácil e cuneiforme – Situados em posição, respectivamente, medial e lateral; são


formados por feixes de fibras nervosas ascendentes, provenientes da medula espinal. Estes
livros-texto estão relacionados com impulsos nervosos de propriocepção consciente, tato
epicrítico, sensibilidade vibratória e estereognosia. As fibras nervosas ascendentes que
constituem estes livros-texto terminam em sinapse com neurônios que se agrupam em massas de
substância cinzenta, os núcleos grácil e cuneiforme.

8.4.2 Ponte
Sulco bulbopontino – Situado no sentido transversal, é o limite entre o bulbo inferiormente e a
ponte superiormente. Observa-se neste sulco a emergência (origem aparente) de cada lado do
plano mediano, de medial para lateral, os seguintes nervos: abducente (VI par), facial (VII
par) e vestibulococlear (VIII par).

Pedúnculo cerebelar médio (=braço da ponte) – Formado por um grosso feixe de fibras
nervosas transversais que penetram no hemisfério cerebelar correspondente. Estas fibras
nervosas são provenientes dos neurônios dos núcleos pontinos situados na base da ponte. Os
neurônios dos núcleos pontinos recebem axônios provenientes do córtex cerebral (o trato
corticopontino), e seus axônios constituem as fibras transversais da ponte (fibras
pontocerebelares) que convergem para formar o pedúnculo cerebelar médio, que se destina ao

94
cerebelo, constituindo a via cortico-ponto-cerebelar (córtex cerebral – núcleos pontinos –
cerebelo). Esta via está relacionada com o aprendizado motor e coordenação motora fina.
Nervo trigêmeo (V par) – Sua emergência (origem aparente) é considerada o limite entre ponte
e pedúnculo cerebelar médio (braço da ponte).

8.4.3 Quarto ventrículo (Fossa romboide)


É uma cavidade em forma de losango, situada entre o bulbo e a ponte ventralmente e o cerebelo,
dorsalmente. Continua inferiormente com o canal central do bulbo e superiormente com o
aqueduto do mesencéfalo. A cavidade do quarto ventrículo expande-se lateralmente para formar
os recessos laterais. Estes recessos comunicam-se com o espaço subaracnóideo por meio das
aberturas laterais do quarto ventrículo. Há também uma abertura mediana do quarto
ventrículo que se abre para o mesmo espaço. Estas aberturas permitem a circulação do líquido
cerebrospinal, que preenche a cavidade do quarto ventrículo, para o espaço subaracnóideo.

8.4.4 Mesencéfalo
O mesencéfalo situa-se entre a ponte, inferiormente, e diencéfalo, superiormente; é atravessado
longitudinalmente por um canal, o aqueduto do mesencéfalo.
Aqueduto do mesencéfalo – Atravessa longitudinalmente o mesencéfalo, comunicando o
terceiro ventrículo ao quarto ventrículo. Este ducto é circundado por uma espessa camada de
substância cinzenta, denominada substância cinzenta periaquedutal. A parte do mesencéfalo
situada dorsalmente a este aqueduto denomina-se tecto do mesencéfalo; ventralmente
observamos os pedúnculos cerebrais.

Tecto do mesencéfalo: região do mesencéfalo situada posteriormente ao aqueduto do


mesencéfalo; visto posteriormente, o tecto apresenta quatro eminências, os colículos superiores
e inferiores.

Colículo superior: baseados em suas conexões eferentes, podemos afirmar que o colículo
superior está relacionado, respectivamente, com a motricidade da musculatura postural e certos
reflexos que movimentam o bulbo do olho no sentido vertical.
Colículo inferior: corresponde a uma massa de substância cinzenta, o núcleo do colículo
inferior. Este núcleo é um importante relé intermediário das vias auditivas.

Nervo troclear (IV par): emerge (origem aparente) inferiormente ao colículo inferior.

95
Pedúnculos cerebrais: região do mesencéfalo situada anteriormente ao aqueduto do
mesencéfalo; vistos ventralmente, aparecem como dois pilares de fibras nervosas que surgem na
margem superior da ponte para penetrar profundamente no diencéfalo.

Fossa interpeduncular: profunda depressão triangular entre os pedúnculos cerebrais.

Nervo oculomotor (III par): emerge (origem aparente) no sulco medial do pedúnculo cerebral
no interior da fossa interpeduncular.

8.4.4.1 Secção transversal do mesencéfalo


Em cada pedúnculo cerebral distingue-se:

Base do pedúnculo cerebral: formada por fibras nervosas descendentes dos tratos
corticospinal, corticonuclear e corticopontino, que formam um conjunto compacto de fibras.

Tegmento do mesencéfalo: continuação do tegmento da ponte. Como este, apresenta formação


reticular, substância cinzenta e substância branca. A substância cinzenta apresenta os núcleos
dos nervos oculomotor e troclear e o núcleo do trato mesencefálico do nervo trigêmeo. Além
dos núcleos dos nervos cranianos acima, apresenta o núcleo rubro e a substância negra.

Substância negra: núcleo compacto, situado entre a base do pedúnculo cerebral e o tegmento,
formado por neurônios que apresentam inclusões de melanina (razão da coloração escura). São
neurônios dopaminérgicos (utilizam a dopamina como neurotransmissor) que apresentam
conexões complexas; destacamos aquelas feitas com o corpo estriado em ambos os sentidos
(fibras nigroestriatais e fibras estriatonigrais).

8.5 Cerebelo
O cerebelo é um órgão do sistema nervoso suprassegmentar. Tem sua origem na parte dorsal do
mesencéfalo. Está situado dorsalmente ao bulbo e à ponte, onde contribui para a formação do
tecto do quarto ventrículo. Repousa sobre a fossa cerebelar do osso occipital e está separado do
lobo occipital por uma prega da dura-máter denominada tenda do cerebelo. Através do
pedúnculo cerebelar inferior liga-se à medula e ao bulbo e pelos pedúnculos cerebelares médio e
superior à ponte e ao mesencéfalo, respectivamente. Suas funções estão relacionadas à
coordenação dos movimentos e equilíbrio.

96
Principais estruturas anatômicas:

Córtex cerebelar: fina camada de substância cinzenta que reveste o corpo medular do cerebelo.
Hemisférios do cerebelo: são duas grandes massas laterais ligadas a uma estrutura mediana que
é o verme do cerebelo. Na face superior do cerebelo há pouca separação entre verme e
hemisférios; já na inferior existem dois sulcos bem evidentes separando estas estruturas.
O cerebelo pode ser dividido em três regiões, os lobos cerebelares floculonodular, anterior e
posterior. Estes lobos agrupam outras áreas, os lóbulos. Estes lóbulos são delimitados pelas
fissuras cerebelares. Visto isso podemos então continuar a descrição das principais estruturas do
cerebelo.

Verme do cerebelo: porção ímpar e mediana ligada aos dois hemisférios cerebelares. Na face
superior, os limites com os hemisférios são pouco evidentes, por outro lado, na porção inferior,
dois sulcos evidentes o separam dos hemisférios cerebelares. As estruturas importantes dessa
região são:

Pirâmide e Úvula: estruturas situadas na região inferior do cerebelo, entre os lóbulos biventres
e tonsilas cerebelares de cada lado. A úvula situa-se anteriormente à pirâmide. Também é bem
vista em corte sagital mediano.
Nódulo: estrutura localizada ventralmente à úvula. Encontra-se conectado ao flóculo de cada
lado através de um pedúnculo, constituindo com este o lóbulo floculonodular.

Núcleos centrais do cerebelo

Massas de substância cinzenta dentro do corpo medular do cerebelo que é de substância branca.
Grupos delimitados de neurônios com aproximadamente a mesma estrutura e função. Melhor
visualizados em corte transversal do cerebelo. São estes:
Núcleo Denteado: é o maior dos núcleos centrais do cerebelo; localiza-se lateralmente.
Núcleos Emboliforme e globoso: localizados entre os núcleos denteado (lateralmente) e o do
fastígio (medialmente). Estes núcleos são semelhantes do ponto de vista funcional e estrutural,
sendo denominados de núcleo interpósito.
Núcleo do Fastígio: localiza-se próximo ao plano mediano.

Corpo medular do cerebelo

97
Substância branca que é revestida por uma fina camada de substância cinzenta (córtex
cerebelar). O corpo medular com as lâminas brancas que dele irradiam, estas quando vistas em
cortes sagitais, recebe o nome de árvore da vida.

Pedúnculos cerebelares

Estruturas situadas na parte ventral do órgão que o ligam a outras partes do sistema nervoso
central. Estes são:
Pedúnculo cerebelar superior: liga o cerebelo ao mesencéfalo e à medula.
Pedúnculo cerebelar médio: liga o cerebelo à ponte.
Pedúnculo cerebelar inferior: liga o cerebelo à medula e ao bulbo.

Divisão filogenética do cerebelo

O cerebelo é dividido em:

Arquicerebelo: constituído pelo lobo floculonodular e núcleo do fastígio, que por receberem
impulsos originados no vestíbulo da orelha interna que informam sobre o posicionamento da
cabeça, controla o equilíbrio e a postura do animal que no princípio vivia no meio aquático.

Paleocerebelo: das estruturas estudadas, entra em sua constituição o lobo anterior do cerebelo
(lóbulo quadrangular anterior), pirâmide-úvula e o núcleo interpósito. Esta parte do cerebelo se
desenvolveu com os peixes e por receber impulsos proprioceptivos oriundos dos fusos
neuromusculares e órgão neurotendíneo, controla o tônus muscular e a postura básica do animal,
além de coordenar os movimentos voluntários.

Neocerebelo: das estruturas estudadas, entra em sua constituição todo o lobo posterior do
cerebelo e o núcleo denteado. O neocerebelo atingiu seu maior desenvolvimento na espécie
humana e recebe impulsos de áreas motoras secundárias do cérebro e controla os movimentos
finos, delicados e assimétricos.

8.6 Diencéfalo
O diencéfalo possui posição mediana, podendo ser visto na face inferior do cérebro já que é
quase completamente encoberto pelo telencéfalo superolateralmente. O diencéfalo compreende

98
as seguintes partes: tálamo, hipotálamo, epitálamo e subtálamo, todas guardando estreita
relação com a cavidade do diencéfalo, o terceiro ventrículo.

8.6.1 Terceiro Ventrículo


É a cavidade do diencéfalo. Comunica-se com o quarto ventrículo através do aqueduto do
mesencéfalo e com os ventrículos laterais através dos forames interventriculares.

8.6.2 Epitálamo
Região que limita posteriormente o terceiro ventrículo, acima do sulco hipotalâmico, já na
transição com o mesencéfalo. Nesta região se destaca a seguinte estrutura:

Glândula pineal (=corpo pineal, epífise): glândula endócrina, piriforme, ímpar e mediana, que
repousa sobre o tecto mesencefálico. Suas células, os pinealócitos, sintetizam melatonina a
partir da serotonina. O processo de síntese é ativado pela noradrenalina liberada pelas fibras
simpáticas. Durante o dia essas fibras têm pouca atividade e os níveis de melatonina são baixos;
durante a noite a inervação simpática é ativada, aumentando os níveis de melatonina, desta
forma, a síntese de melatonina e suas concentrações não são contínuas, seguindo um ritmo
circadiano.

8.6.3 Tálamo
São duas massas ovoides, volumosas, e de substância cinzenta, situadas uma de cada lado, na
porção laterodorsal do diencéfalo.

8.6.4 Hipotálamo
Área relativamente pequena do diencéfalo, localizada inferiormente ao tálamo. Apresenta
importantes funções, relacionadas em sua maioria com a atividade visceral. Inferiormente, o
hipotálamo está conectado à neurohipófise.

8.7 Telencéfalo
Também denominado cérebro, é a região mais desenvolvida e mais importante do encéfalo,
ocupando aproximadamente 80% da cavidade craniana. O telencéfalo compreende os dois
hemisférios cerebrais e uma pequena parte que delimita anteriormente o terceiro ventrículo, a
lâmina terminal.

99
A superfície cerebral nos humanos e em vários animais apresenta sulcos que delimitam os giros
ou circunvoluções cerebrais. A existência dos sulcos permite aumento da superfície cerebral
sem grande aumento do seu volume.

Os dois hemisférios cerebrais são incompletamente separados pela fissura longitudinal do


cérebro, cujo assoalho é formado por fibras comissurais que constituem o chamado corpo
caloso, principal meio de união entre os dois hemisférios.

Cada hemisfério possui três polos: frontal, temporal e occipital; e três faces: superolateral
(convexa), medial (plana) e inferior ou base do cérebro (irregular) que repousa anteriormente
nos soalhos das fossas anterior e média do crânio e posteriormente sobre a tenda do cerebelo.

8.7.1 Face superolateral do hemisfério cerebral


Estudando o telencéfalo pela face superolateral, identificamos:

Sulco lateral – Inicia-se na base do cérebro e dirige-se para cima como uma fenda profunda
entre os lobos frontal e temporal; termina dividindo-se em três ramos: anterior, ascendente,
anterior e posterior.

Sulco central – É um sulco profundo e geralmente contínuo que se inicia na face medial,
percorre obliquamente para baixo e para frente a face superolateral, terminando próximo ao
ramo posterior do sulco lateral.

Os sulcos lateral e central ajudam a delimitar os lobos cerebrais. A divisão em lobos, embora de
grande importância clínica, não corresponde a uma divisão funcional, excetuando, o lobo
occipital que direta e indiretamente está relacionado com a visão.

8.7.1.1 Lobo frontal


Situado acima do sulco lateral e adiante do sulco central. Estendendo-se para as faces medial e
inferior do hemisfério cerebral.

Giro pré-central – Situado adiante do sulco central, entre este e o sulco pré-central. A área
cortical da parte posterior deste giro corresponde à área 4 de Brodmann, sendo portanto a área
motora primária. A estimulação elétrica desta área determina movimentos de grupos musculares
isolados. A área motora primária foi mapeada de acordo com a representação cortical das
diversas partes do corpo (=somatotopia), denominada de homúnculo motor, cuja representação
está de cabeça para baixo. As principais conexões aferentes desta área são com o tálamo, área
100
somestésica e áreas pré-motora e motora suplementar; por outro lado, as fibras eferentes da área
motora primária dão origem a maior parte das fibras dos tratos corticospinal e corticonuclear,
responsáveis pela motricidade voluntária.

Giro frontal superior – É perpendicular ao giro pré-central; situado entre o sulco frontal
superior e a margem anterossuperior do hemisfério, através da qual continua-se pela face
medial, constituindo o giro frontal medial.

Giro frontal médio – Paralelo ao giro frontal superior; situa-se entre os sulcos frontal superior
e frontal inferior.

Giro frontal inferior – Paralelo ao giro frontal médio; situa-se entre os sulcos frontal inferior e
lateral. Os ramos anterior e ascendente do sulco lateral subdividem este giro em três partes:
orbital, opercular e triangular. As áreas corticais das partes triangular e opercular do giro frontal
inferior, principalmente aquele do hemisfério esquerdo, corresponde à área 44 e parte da área 45
de Brodmann que estão associadas com a atividade motora relacionada com a expressão da
linguagem (=área de Broca). Lesões da área de Broca resultam em alterações da linguagem
denominadas afasias.

Adjacentes à área motora primária, existem áreas motoras secundárias com as quais ela se
relaciona. São consideradas áreas motoras secundárias ou de associação motoras as seguintes:
de Broca, motora suplementar e pré-motora.

A área motora suplementar ocupa a parte mais superior da área 6 de Brodmann, que
corresponde à área cortical do giro frontal superior, imediatamente à frente do giro pré-central,
estendendo-se à face medial do hemisfério. Esta área cortical está relacionada com o
planejamento de sequências complexas de movimentos (=planejamento motor), principalmente
aqueles que envolvem a musculatura distal dos membros. As principais conexões desta área são
com o corpo estriado e área motora primária no giro pré-central. Lesões dessa área causam um
déficit motor na execução de determinados atos voluntários, pois estão associadas com áreas do
planejamento motor e não com a execução do movimento (=apraxias).

A área pré-motora localiza-se adiante da área motora primária, ocupando toda a extensão da
área 6 de Brodmann na superfície lateral do hemisfério. As respostas motoras obtidas por
estimulação desta área envolvem grupos musculares maiores, como os do tronco e os proximais
dos membros. Nas lesões desta área, o paciente não perde a ação nestes grupos musculares, mas
terá a força muscular diminuída (=paresia).
101
8.7.1.2 Lobo parietal
Situado acima do sulco lateral e posterior ao sulco central, estendendo-se para a face medial do
hemisfério cerebral; na face superolateral limita-se com o lobo occipital, posteriormente, e lobo
temporal, inferiormente.

Giro pós-central – situado posteriormente ao sulco central, entre este e o sulco pós-central.
Neste giro localiza-se a principal área cortical da sensibilidade somática geral, a área
somestésica primária que corresponde às áreas 3, 2, 1 de Brodmann. Nesta área chegam as
radiações talâmicas, que se originam nos núcleos ventral posterolateral e ventral posteromedial
do tálamo e trazem impulsos nervosos relacionados à temperatura, dor, tato, pressão e
propriocepção consciente do lado oposto do corpo. A porção inferior do giro pós-central,
situada na profundidade do sulco lateral, próximo à ínsula, corresponde à área 43 de Brodmann,
sendo a área cortical gustativa, adjacente à área somestésica da língua.

Sulco intraparietal – variável e perpendicular ao giro pós-central, estende-se posteriormente


para terminar no lobo occipital. Separa no lobo parietal os lóbulos parietal superior e parietal
inferior.

Lóbulo parietal superior – situado atrás do giro pós-central (área somestésica primária) e
acima do sulco intraparietal. É a área somestésica secundária que corresponde à área 5 e parte
da área 7 de Brodmann.

Lóbulo parietal inferior – situado atrás do giro pós-central e abaixo do sulco intraparietal.
Neste lóbulo encontramos dois giros: o giro supramarginal (corresponde à área 40 de
Brodmann), curvado em torno do ramo posterior do sulco lateral, e o giro angular (corresponde
à área 39 de Brodmann), curvado em torno da porção terminal do sulco temporal superior.
A área cortical do lóbulo parietal inferior é a área temporoparietal (área de associação terciária),
situada entre as áreas secundárias (somestésica, auditiva e visual), funcionando como centro de
integração das informações destas três áreas. Esta área é importante para a percepção espacial
dos objetos no espaço extrapessoal e permite que se tenha uma imagem das partes componentes
do próprio corpo (área do esquema corporal).

8.7.1.3 Lobo temporal


Situado inferiormente ao sulco lateral, estendendo-se para a face inferior ou base do cérebro,
limita-se com o lobo occipital, posteriormente, e lobo parietal, superiormente.

102
Giro temporal superior – localizado entre os sulcos lateral e temporal superior; sua porção
mais posterior, próxima ao lóbulo parietal inferior, corresponde à porção posterior da área 22 de
Brodmann, considerada a área posterior da linguagem, também conhecida por área de
Wernicke, relacionada com a percepção da linguagem. O livro-texto longitudinal superior ou
livro-texto arqueado conecta esta área com a área de Broca (=área anterior da linguagem)
situada no giro frontal inferior, através do qual informações relevantes para a correta expressão
da linguagem passam da área posterior (=de Wernicke) para a área anterior (=de Broca). Lesões
destas áreas dão origem a distúrbios de linguagem denominados afasias.

Giro temporal médio – situado entre os sulcos temporais superior e inferior, corresponde à
área 21 de Brodmann.

Giro temporal inferior – situado entre os sulcos temporal inferior e occipitotemporal na face
inferior do cérebro. Este giro forma a margem ínferolateral do hemisfério cerebral, corresponde
à área 20 de Brodmann.

A área cortical visual secundária no lobo temporal corresponde às áreas 20, 21 e 37 de


Brodmann, respectivamente, giro temporal inferior, giro temporal médio e porções posteriores
dos giros temporais médio, inferior e occipitotemporal lateral em seus limites com o lobo
occipital.

Giros temporais transversos – para observar estes giros, afastamos os lábios do sulco lateral,
onde aparece o seu assoalho, que é continuidade do giro temporal superior. A porção posterior
deste assoalho é atravessada por pequenos giros, os giros temporais transversos, sendo o mais
evidente o giro temporal transverso anterior (=giro de Heschl), que corresponde às áreas 41 e 42
de Brodmann (=área cortical auditiva primária), onde chegam fibras da radiação auditiva,
originadas em neurônios do corpo geniculado medial. Na área auditiva existe tonotopia, ou seja,
sons de determinada frequência projetam-se em áreas específicas desta área, o que implica uma
correspondência dessas partes com as partes da cóclea na orelha interna.

8.7.1.4 Lobo occipital


O lobo occipital na face superolateral é delimitado por uma linha imaginária que une a
terminação do sulco parietoccipital, na margem superior do hemisfério cerebral, à incisura pré-
occipital, situada na margem inferolateral do hemisfério. Nesta face, o lobo occipital apresenta
pequenos sulcos e giros inconstantes, que correspondem às projeções das áreas 18, 19

103
(associadas com a área visual secundária) e uma pequena parte da área 17 de Brodmann,
associada com a área visual primária.

8.7.1.5 Lobo insular


A observação deste lobo é feita após afastarmos os lábios do sulco lateral. Este lobo de forma
cônica, cujo ápice (=límen da ínsula) é voltado para frente e para baixo, cresce menos durante o
desenvolvimento, sendo portanto envolvido pelos demais lobos cerebrais. O lobo insular
apresenta sulcos e giros longo e curtos da ínsula.

8.7.2 Face medial do hemisfério cerebral


Nesta face do hemisfério cerebral temos a exposição de estruturas telencefálicas inter-
hemisféricas como o corpo caloso, a comissura anterior, a lâmina terminal, o fórnice e o septo
pelúcido; observamos também dois sulcos importantes que passam do lobo frontal para o
parietal.

Corpo caloso – é a maior das comissuras inter-hemisféricas, formado por um grande feixe de
fibras mielínicas que cruzam o plano mediano e penetram no centro branco medular do cérebro
conectando áreas corticais simétricas.

8.7.2.1 Lobo frontal


Giro do cíngulo – contorna o corpo caloso, entre o sulco do corpo caloso e os sulcos do cíngulo
e subparietal, sua porção anterior situa-se no lobo frontal e sua porção posterior no lobo parietal.
Está ligado ao giro para-hipocampal pelo istmo do giro do cíngulo, que é posterior ao esplênio
do corpo caloso. O giro do cíngulo é percorrido por um feixe de fibras, o livro-texto do cíngulo
que conecta sua área cortical à aquela do giro para-hipocampal, fazendo parte do circuito de
Papez, relacionado com o controle das emoções.

Área septal – é a região situada abaixo do rostro do corpo caloso, adiante da comissura anterior
e lâmina terminal. Compreende grupos de neurônios, conhecidos como núcleos septais. A área
septal possui conexões amplas e complexas, destacamos suas projeções para o hipotálamo e
formação reticular, através do feixe prosencefálico medial. É considerada uma área límbica
relacionada com o centro do prazer.

Giro frontal medial – é a face medial do giro frontal superior, que nesta face medial é
delimitado pelo sulco do cíngulo, inferiormente, e o sulco paracentral, posteriormente. A porção

104
posterior deste giro, situada anteriormente ao sulco paracentral, corresponde à área 6 de
Brodmann, que é contínua com a homóloga na face superolateral, estando associada com a área
motora suplementar que é uma área motora secundária, relacionada com o planejamento motor.

Lóbulo paracentral – delimitado pelo sulco paracentral, anteriormente, sulco do cíngulo,


inferiormente, e ramo marginal do sulco do cíngulo, posteriormente. Recebe esta denominação
devido à relação que apresenta com o sulco central cuja extremidade superior termina
aproximadamente em seu meio. O lóbulo paracentral pertence aos lobos frontal e parietal, sendo
a região situada anteriormente ao sulco central, denominada giro paracentral anterior,
pertencente ao lobo frontal, que está relacionada com a área motora primária da perna e pé; a
região situada posteriormente ao sulco central, denominada giro paracentral posterior,
pertence ao lobo parietal, que está relacionada com a área somestésica primária da perna e pé.

8.7.2.2 Lobo parietal


Giro do cíngulo

Lóbulo paracentral

Pré-cúneo – região situada entre o ramo marginal do sulco do cíngulo, anteriormente, sulco
subparietal, inferiormente, e sulco parietoccipital, posteriormente. Está relacionada em sua
porção anterior com a área somestésica secundária que é contínua com a homóloga no lóbulo
parietal superior na face superolateral.

8.7.2.3 Lobo occipital


Sulco parietoccipital – é o limite entre os lobos parietal e occipital e forma um ângulo agudo
com o sulco calcarino.

Sulco calcarino – inicia-se inferiormente ao esplênio do corpo caloso e possui um trajeto


arqueado em direção ao polo occipital. Na profundidade deste sulco e em seus lábios,
encontramos a área cortical visual primária que corresponde à área 17 de Brodmann.

Cúneo – giro complexo, de forma triangular, situado entre os sulcos parietoccipital e calcarino.
Seu córtex está associado em grande parte com a área cortical visual secundária, que
corresponde às áreas 18 e 19 de Brodmann, que são contínuas com aquelas do lobo occipital na
face superolateral.

Giro occipitotemporal medial – localizado entre os sulcos calcarino e colateral. Este giro
continua-se anteriormente com o giro para-hipocampal, situado na face inferior do cérebro e
105
pertencente ao lobo temporal. Seu córtex está relacionado com a área cortical visual primária e
secundária, que corresponde, respectivamente, às áreas 17 e 18 de Brodmann.

Giro occipitotemporal lateral – localizado entre os sulcos colateral e occipitotemporal. Este


giro continua-se anteriormente no lobo temporal, lateralmente ao giro para-hipocampal. Seu
córtex está relacionado em sua porção occipital, com a área cortical visual secundária, que
corresponde às áreas 18 e 19 de Brodmann.

8.7.3 Face inferior do hemisfério cerebral


8.7.3.1 Lobo temporal
Giro temporal inferior – situado entre os sulcos temporal inferior na face superolateral do
hemisfério e occipitotemporal na face inferior do cérebro. Este giro forma a margem
ínferolateral do hemisfério cerebral.

Giro occipitotemporal lateral – localizado entre os sulcos occipitotemporal e colateral. Este


giro continua-se posteriormente no lobo occipital, lateralmente ao giro occipitotemporal medial.

Sulco colateral – inicia-se próximo ao polo occipital e se dirige para frente, delimitando com o
sulco calcarino, o giro occipitotemporal medial, e com o sulco do hipocampo, o giro para-
hipocampal, cuja porção anterior curva-se sobre o sulco do hipocampo, constituindo o unco.

Giro para-hipocampal – situado entre os sulcos colateral e do hipocampo, sua porção anterior
curva-se sobre o sulco do hipocampo, constituindo o unco. O giro para-hipocampal se liga
posteriormente com o giro do cíngulo através de um giro estreito, o istmo do giro do cíngulo.
A área cortical olfativa primária situa-se na parte anterior do unco e do giro para-hipocampal,
que corresponde à área 28 de Brodmann.

Hipocampo – o hipocampo não é visualizado pela superfície do hemisfério cerebral. É


profundo, situado acima do giro para-hipocampal, constituindo uma elevação pronunciada no
assoalho do corno temporal do ventrículo lateral. É constituído por um tipo muito antigo de
córtex (arquicórtex) e faz parte do sistema límbico, tendo importantes funções psíquicas
relacionadas com o comportamento emocional e memória. O hipocampo liga-se às pernas do
fórnice por um feixe de fibras, a fímbria do hipocampo.

8.7.3.2 Lobo frontal


Sulco olfatório – sulco profundo e de direção anteroposterior, aloja o bulbo e trato olfatórios.
106
Giro reto – situado medialmente ao sulco olfatório e continua dorsalmente como giro frontal
superior.

Sulcos e giros orbitários – são sulcos e giros irregulares situados lateralmente ao sulco
olfatório, recebem esta denominação por estarem relacionados com a parte orbital do osso
frontal, que constitui o teto da órbita.

Bulbo olfatório – o bulbo olfatório é uma dilatação ovoide de substância cinzenta situado sobre
a lâmina cribriforme do osso etmoide. No bulbo olfatório chegam os filamentos nervosos
amielínicos que constituem o nervo olfatório (=I par craniano) que se originam na mucosa
olfatória da cavidade do nariz, e após atravessarem os forames da lâmina cribriforme fazem
sinapse com o neurônio II da via olfatória.

Trato olfatório – é um feixe de fibras nervosas mielínicas que se dirigem posteriormente


partindo do bulbo olfatório. Bulbo e trato olfatórios localizam-se no sulco olfatório.

Estrias olfatórias lateral e medial – o trato olfatório bifurca-se posteriormente constituindo as


denominadas estrias olfatórias que delimitam uma área triangular, o trígono olfatório. Admite-
se que os impulsos olfatórios conscientes sigam as fibras nervosas que constituem a estria
olfatória lateral que termina na área cortical olfativa, situada na parte anterior do unco e do giro
para-hipocampal, que corresponde à área 28 de Brodmann; os impulsos olfatórios que seguem
pela estria olfatória medial chegam ao córtex da área septal.

Substância perfurada anterior – situada entre o trígono olfatório, anteriormente, e o trato


óptico, posteriormente. É uma área contendo vários pequenos orifícios para passagem de vasos.

8.7.4 Lobo límbico


Alguns autores consideram como lobo límbico, a disposição continuada das seguintes
formações telencefálicas que circundam estruturas inter-hemisféricas: giro do cíngulo – istmo
do giro do cíngulo – giro para-hipocampal – unco, e que estão relacionadas com o
comportamento emocional e o controle do sistema nervoso autônomo.

8.8 Ventrículos Laterais


Os hemisférios cerebrais possuem cavidades preenchidas por líquido cerebrospinal (=líquor), os
ventrículos laterais direito e esquerdo, que se comunicam com o terceiro ventrículo pelos
respectivos forames interventriculares. O plexo corioide da parte central do ventrículo é

107
contínuo com o terceiro ventrículo, cuja função é a produção do líquido cerebrospinal ou líquor.
8.9 Núcleos da Base
Núcleo caudado – É uma massa volumosa de substância cinzenta, relacionada em toda a sua
extensão com o ventrículo lateral. Sua extremidade anterior, dilatada, constitui a cabeça do
núcleo caudado que continua com o corpo do núcleo caudado e segue afilando-se para
constituir a cauda do núcleo caudado.

Corpo estriado – reúne o núcleo caudado, putâmen e globo pálido.

Sabe-se hoje que as funções do corpo estriado são exercidas através de um circuito básico
[córtex cerebral – corpo estriado (núcleo caudado + putâmen) – globo pálido – tálamo (núcleos
ventromedial e ventrolateral) – córtex motor secundário – córtex motor primário – trato
corticospinal e trato corticonuclear]. Tem-se assim um mecanismo através do qual informações
originadas em diversas áreas corticais, após processadas no corpo estriado, influenciam a
atividade motora somática através dos tratos corticospinal e corticonuclear, função importante
no planejamento motor. Entre os circuitos subsidiários que coordenam e modulam o circuito
básico, dois são especialmente importantes, os realizados pela ação dos neurônios da substância
negra (nigro-estriato-nigral) e pelos neurônios do núcleo subtalâmico (pálido-subtálamo-
palidal).

Cápsula interna – é um grande feixe de fibras que separa o tálamo e o núcleo caudado, situado
medialmente do núcleo lentiforme, lateralmente. Acima, a cápsula interna continua-se com a
coroa radiada e abaixo com a base do pedúnculo cerebral. Distinguem-se na cápsula interna três
partes: ramo anterior, joelho e ramo posterior da cápsula interna. Pela cápsula interna
passam fibras que saem ou que entram no córtex cerebral.

8.10 Vias Aferentes


As vias aferentes são todas as vias de sensibilidade, sejam elas gerais (temperatura, dor, tato,
pressão, sensibilidade vibratória e propriocepção consciente ou inconsciente) ou especiais
(visão, olfação, gustação e audição). As vias aferentes têm início nos receptores que são
terminações nervosas periféricas e se dirigem ao sistema nervoso central, mais especificamente
o córtex cerebral, exceto a via de propriocepção inconsciente que chega ao córtex cerebelar.
Estas vias podem, portanto, ser consideradas cadeias neuronais que unem os receptores ao
córtex. Nas vias inconscientes dois neurônios compõem esta cadeia e nas vias conscientes,
geralmente três neurônios contribuem para a sua formação. O neurônio I encontra-se em um
gânglio sensitivo, exceto aqueles da via óptica (as células cones e bastonetes da retina) e da via

108
olfatória (na mucosa olfatória da cavidade do nariz); estes neurônios apresentam um
prolongamento periférico que se conecta ao receptor e outro central que penetra no sistema
nervoso central. O neurônio II situa-se na coluna posterior do “H medular” ou em núcleos do
tronco encefálico, fazem exceção aqueles da via óptica (as células bipolares da retina) e da via
olfatória (no bulbo olfatório); os axônios destes neurônios normalmente cruzam o plano
mediano e ascendem para compor os tratos ou lemniscos. O neurônio III está situado no tálamo,
exceto os da via óptica (as células ganglionares da retina), seus axônios por meio da radiação
talâmica chegam às áreas específicas do córtex cerebral.
Desta forma, os elementos básicos que compõem uma via aferente são:

- os receptores: terminações nervosas sensitivas capazes de gerar um estímulo quando


excitados. Há receptores especializados para cada modalidade de sensibilidade;

- o trajeto periférico: que compreende um nervo espinal e ou craniano e seu gânglio sensitivo
anexo;

- o trajeto central: constituído por feixes de fibras nervosas que se agrupam em tratos, livros-
texto e lemniscos que percorrem o neuroeixo;

- área de projeção cortical do córtex cerebral: permite distinguir a modalidade de


sensibilidade que caracteriza a via, ou seja, é consciente; por outro lado, o impulso que chega ao
córtex cerebelar não determina qualquer manifestação sensorial e está envolvido com a
integração motora realizada pelo cerebelo.

8.10.1 Via da temperatura e dor aguda (neoespinotalâmica)


É constituída basicamente pelo trato espinotalâmico lateral envolvendo uma cadeia de três
neurônios. O neurônio I está localizado em um gânglio espinal; seu prolongamento periférico
está conectado aos receptores, que são terminações nervosas livres, por meio dos nervos
espinais. O prolongamento central penetra na coluna posterior do H medular por meio das raízes
dorsais dos nervos espinais e fazem sinapse com o neurônio II. Os axônios destes neurônios
cruzam o plano mediano pela comissura branca, ganham o funículo lateral contralateral e
curvam-se para formar o trato espinotalâmico lateral. As fibras deste trato ascendem pela
medula espinal, penetram no tronco encefálico, na altura da ponte unem-se com as fibras do
trato espinotalâmico anterior para constituirem o lemnisco espinhal que termina fazendo sinapse
com os neurônios III do núcleo ventral posterolateral do tálamo. Os axônios destes neurônios
chegam à área cortical do giro pós-central.

109
8.10.2 Via da dor crônica, difusa (paleoespinotalâmica)
Esta via apresenta mais de três neurônios em sua cadeia. O neurônio I tem comportamento
semelhante ao da via anterior. Os axônios do neurônio II, situados na coluna posterior do H
medular (lâmina V), cruzam e não cruzam o plano mediano, mas em ambas as situações,
constituem os tratos espinorreticulares que ascendem pelo funículo lateral juntamente com o
trato espinotalâmico lateral. As fibras do trato espinorreticular fazem sinapses com os neurônios
III situados em vários pontos da formação reticular; no entanto, são vários os neurônios da
formação reticular que participam desta via e cujos axônios fazem sinapses com os neurônios
dos núcleos intralaminares do tálamo de onde projetam fibras para diversas áreas do córtex
cerebral.

8.10.3 Via de pressão e tato protopático


Os neurônios I desta via, situados no gânglio espinal, apresentam prolongamento periférico
conectado aos receptores de tato e pressão, que são os Corpúsculos de Meissner e de Ruffini e
as, exclusivamente táteis, ramificações axonais em torno dos folículos pilosos. O
prolongamento central penetra na coluna posterior do H medular, onde se ramifica em um ramo
ascendente longo e outro descendente curto. Estes ramos fazem sinapse com os neurônios II em
vários segmentos medulares. Os axônios destes neurônios cruzam o plano mediano e ascendem
para formar o trato espinotalâmico anterior que ascende pelo funículo anterior, atravessa o bulbo
e no nível da ponte une-se ao trato espinotalâmico lateral para constituir o lemnisco espinhal;
este chega ao tálamo onde suas fibras fazem sinapses com os neurônios III do núcleo ventral
posterolateral. Deste núcleo partem fibras que atingem a área cortical somestésica no giro pós-
central.

8.10.4 Via de propriocepção consciente, tato epicrítico, e sensibilidade


vibratória
Os neurônios I desta via, situado no gânglio espinal, apresentam prolongamento periférico
conectado aos receptores táteis Corpúsculos de Meissner e de Ruffini e às ramificações axonais
em torno dos folículos pilosos, aos receptores proprioceptivos, os fusos neuromusculares e
órgãos neurotendíneos, e os receptores da sensibilidade vibratória, os corpúsculos de Vater
Paccini. O prolongamento central penetra na coluna posterior do H medular e ganha o funículo
posterior ipsilateral e forma o livro-texto grácil (que traz impulsos originados nos membros
inferiores e metade inferior do tronco) ou livro-texto cuneiforme (impulsos originados nos
membros superiores e metade superior do tronco). As fibras que ascendem pelos livros-texto
110
grácil e cuneiforme no funículo posterior terminam em sinapses com os neurônios localizados,
respectivamente, nos núcleos grácil e cuneiforme, situados na região posterior do bulbo. Os
axônios destes neurônios constituem as fibras arqueadas internas, cruzam o plano mediano e
ascendem para formar o lemnisco medial que termina fazendo sinapse com os neurônios III do
núcleo ventral posterolateral do tálamo, de onde partem axônios que chegam na área cortical do
giro pós-central.

8.10.5 Via de propriocepção inconsciente


Esta via caracteriza-se por apresentar dois neurônios em sua cadeia e terminar no córtex
cerebelar. O neurônio I desta via localiza-se no gânglio espinal e seu prolongamento periférico
liga-se aos receptores proprioceptivos, o fuso neuromuscular que se situa no ventre muscular e
informa o grau de estiramento ou alongamento das fibras musculares e o órgão neurotendíneo,
situado no ponto de encontro das fibras musculares e o tendão, que é sensível ao grau de
contração do músculo. O prolongamento central penetra na medula espinal pela coluna posterior
e termina fazendo sinapse com o neurônio II que pode estar localizado em três localidades
diferentes, a saber: 1) núcleo torácico na coluna posterior, os axônios destes neurônios
constituem o trato espinocerebelar posterior que ascende pelo funículo lateral ipsilateral e
penetra no cerebelo via pedúnculo cerebelar inferior situado posteriormente no bulbo; 2) base da
coluna posterior e substância cinzenta intermédia, os axônios originários destes neurônios
cruzam ou não cruzam o plano mediano, em ambas as situações, constituem o trato
espinocerebelar anterior que ascende pelo funículo lateral da medula e penetra no cerebelo pelo
pedúnculo cerebelar superior; antes de penetrar no cerebelo as fibras que cruzaram no nível da
medula espinal descruzam, pois a via é considerada homolateral, e 3) núcleo cuneiforme
acessório do bulbo, de onde partem fibras que formam o trato cuneocerebelar e penetram no
cerebelo pelo pedúnculo cerebelar inferior. Os impulsos que chegam ao cerebelo por estas fibras
são oriundas dos membros superiores e pescoço.

8.10.6 Vias vestibulares conscientes e inconscientes


Os receptores da porção vestibular da orelha interna, as cristas ampulares das ampolas dos
canais semicirculares e as máculas do utrículo e sáculo, são considerados proprioceptivos, pois
semelhante aos fusos neuromusculares e órgão neurotendíneo, informam sobre a posição da
cabeça no espaço. Estes receptores constituem a terminação dos prolongamentos periféricos dos
neurônios I situados no gânglio vestibular e cujos prolongamentos centrais formam a parte
vestibular do nervo vestibulococlear (VIII par) que ao penetrar no tronco encefálico faz sinapse
com os neurônios II dos núcleos vestibulares da ponte. Na via vestibular inconsciente, as fibras
111
dos neurônios II partem em direção ao cerebelo (as fibras vestibulocerebelares) que é
responsável pela manutenção do equilíbrio e postura a partir dos deslocamentos da cabeça e na
via vestibular consciente as fibras dirigem-se, via tálamo, para uma pequena área cortical no
lobo parietal anexa à área somestésica da cabeça.

8.11 Vias Eferentes


Conectam áreas suprassegmentares do sistema nervoso aos órgãos efetuadores, que podem ser:
músculo estriado esquelético (via eferente somática) que controla os movimentos voluntários ou
automáticos, tônus e postura, e músculo estriado cardíaco, músculo liso e glândulas (via
eferente visceral ou sistema nervoso autônomo) que regulam a atividade visceral e glandular.

8.11.1 Via eferente somática


O sistema motor está relacionado com a motricidade voluntária ou automática e as respostas
reflexas. A medula espinal, o tronco encefálico e o córtex motor representam os três níveis do
controle motor; sendo que, na hierarquia, a medula espinal representa o nível mais baixo e
contém circuitos neuronais que mediam padrões motores automáticos, estereotipados e reflexos.
As áreas corticais motoras (área motora primária, pré-motora e motora suplementar) do córtex
cerebral constituem o nível mais alto do controle motor. Estas áreas mantêm conexões diretas
com os neurônios motores inferiores dos núcleos dos nervos cranianos (trato corticonuclear) e
com aqueles da coluna anterior da medula espinal (trato corticospinal) constituindo a via
piramidal. As conexões indiretas se fazem por meio de estruturas motoras do tronco encefálico,
que constituem os tratos reticulospinal, vestibulospinal, tetospinal e rubrospinal das vias
extrapiramidais. Sabe-se hoje que os tratos piramidais e extrapiramidais agem ao mesmo tempo
para possibilitar o controle motor em seu mais alto nível, propiciando marcha, equilíbrio,
postura, manutenção do tônus e motricidade fina. De acordo com a influência sobre os
interneurônios e neurônios motores inferiores do grupo medial ou lateral da coluna anterior,
estes tratos são divididos, respectivamente, no sistema medial (controle da musculatura axial e
proximal dos membros) e no sistema lateral (controle da musculatura distal dos membros), mas
por razões didáticas abordaremos como vias piramidal e extrapiramidal.

8.11.1.1 Vias piramidais


As fibras nervosas que formam os tratos corticospinal e corticonuclear originam-se,
principalmente, na área cortical motora primária (M1) do giro pré-central e em áreas corticais
112
motoras secundárias (área pré-motora e motora suplementar), todas no lobo frontal; porém,
parte de suas fibras originam-se em área cortical sensoriomotora do lobo parietal. A área
cortical motora primária possui disposição somatotópica e, desta forma, as fibras que se
originam na área cortical de representação da cabeça constituem o trato corticonuclear,
enquanto que nas áreas de representação dos membros e do tronco as fibras formam o trato
corticospinal.

A partir do córtex, as fibras corticospinais e corticonucleares atravessam a coroa radiada e


passam, respectivamente, pelo ramo posterior e joelho da cápsula interna. Estas fibras de trajeto
descendente passam pela base do pedúnculo cerebral do mesencéfalo, de onde partem fibras do
trato corticonuclear para os núcleos dos nervos oculomotor e troclear. Ao penetrarem na base da
ponte, as fibras corticospinais e corticonucleares passam entre os núcleos pontinos e são, desta
forma, divididas em vários feixes longitudinais que voltam a se unir para penetrar no bulbo. Ao
cruzar a ponte, algumas fibras corticonucleares se destacam para estabelecer sinapse com os
neurônios motores inferiores dos núcleos dos nervos trigêmeo, abducente e facial. No bulbo,
estas fibras oriundas de ambos os lados do córtex constituem duas elevações anteriores e
paramedianas, as pirâmides. Nesta região, as fibras do trato corticonuclear terminam em
conexões com os neurônios dos núcleos motores dos nervos glossofaríngeo, vago, acessório e
hipoglosso. Por outro lado, na porção inferior do bulbo, 75 – 90% das fibras do trato
corticospinal direito e esquerdo cruzam o plano mediano (decussação das pirâmides) e
constituem o trato corticospinal lateral que se posiciona na porção posterior do funículo lateral
da medula espinal; as demais fibras que não decussaram (10 – 25%) constituem o trato
corticospinal anterior que desce pela porção medial do funículo anterior. As fibras do trato
corticospinal lateral fazem sinapse com neurônios motores inferiores do grupo lateral da coluna
anterior do mesmo lado; estes neurônios estão envolvidos com a motricidade da musculatura
distal dos membros e, desta forma, relacionam com o controle motor fino. As fibras do trato
corticospinal anterior fazem sinapse com os neurônios motores inferiores do grupo medial da
coluna anterior do lado oposto e estes estão relacionados com a inervação motora da
musculatura axial e proximal dos membros, sendo, portanto, de controle postural. É bom
destacar que as fibras dos tratos corticospinal lateral e anterior, na grande maioria, fazem
sinapse com interneurônios, localizados na substância cinzenta intermédia, e estes se conectam
com os neurônios motores inferiores e exercem tanto ação excitatória quanto inibitória. Nos
primatas e inclusive na espécie humana um número significativo de fibras corticospinais
estabelece sinapses diretas com os neurônios motores inferiores alfa e gama e estes estariam
associados aos movimentos finos dos dedos. As fibras originárias na área cortical
113
sensoriomotora do lobo parietal fazem sinapse com neurônios situados na base da coluna
posterior e teriam uma provável função de controle nas respostas sensitivomotoras.

8.11.1.2 Vias extrapiramidais


Do tronco encefálico partem os seguintes tratos que influenciam os interneurônios e neurônios
motores inferiores da coluna anterior: vestibulospinal, reticulospinal, tetospinal e rubrospinal.
O trato rubrospinal tem origem no núcleo rubro, situado no tegmento do mesencéfalo. No
funículo lateral, suas fibras correm paralelamente ao trato corticospinal lateral, com o qual
mantém semelhança funcional, ou seja, influenciam os neurônios motores inferiores do grupo
lateral que estão associados ao controle da musculatura distal dos membros. Este trato,
desenvolvido nos primatas, não possui importância funcional na espécie humana.

O trato vestibulospinal é constituído por fibras que se originam em núcleos vestibulares e


levam, aos neurônios motores inferiores do grupo medial da coluna anterior, impulsos nervosos
para a manutenção do equilíbrio, mesmo após deslocamentos súbitos do corpo no espaço. Para
manter o equilíbrio, os núcleos vestibulares recebem impulsos gerados em receptores da parte
vestibular da orelha interna que informam sobre a posição e o movimento da cabeça, e impulsos
vindos do cerebelo que permitem ajustar o grau de contração dos músculos durante o
deslocamento do indivíduo.

O trato tetospinal origina-se no colículo superior, teto do mesencéfalo, que por sua vez recebe
impulsos oriundos da retina e do córtex visual. As fibras deste trato influenciam neurônios
motores inferiores de segmentos cervicais que estão envolvidos nos movimentos reflexos da
parte cervical da coluna e da cabeça mediante estímulos visuais.

O trato reticulospinal é constituído por fibras que se originam em vários núcleos da formação
reticular. Sabe-se que as informações que chegam à formação reticular são oriundas de diversas
áreas encefálicas, como cerebelo e área cortical motora. Devido à diversidade de informações,
as funções motoras da formação reticular são complexas e envolvem tanto o controle motor
voluntário quanto automático da musculatura axial e proximal dos membros, determinado pela
influência deste trato sobre os neurônios motores inferiores do grupo medial. Por conectar-se à
área pré-motora (área motora secundária), o trato reticulospinal determina o grau de contração
desta musculatura, e coloca o corpo em uma postura básica que será suporte para a execução
dos movimentos finos, pela musculatura distal dos membros, que é controlado pelas fibras do
trato corticospinal lateral e rubrospinal.

114
8.12 Atividades

1. Quais as divisões do sistema nervoso e seus componentes no ponto de vista


anatômico, embriológico, fisiológico e segmentar?

2. Descreva, estruturalmente, a medula espinal.

3. Quais as divisões do diencéfalo e do telencéfalo?

4. Quais são os ventrículos encefálicos, onde estão localizados e como se


comunicam entre si?

5. Diferencie vias aferentes e eferentes.

115
116
Referências
MACHADO, A.B.Neuroanatomia funcional. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2000.

MENESES, M.S. Neuroanatomia aplicada. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

MOORE, K.L.; DALLEY, A.F. Anatomia orientada para a clínica. 6. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2010.

117
Referências Complementares
DÂNGELO, J.G. & FATTINI C.A. Anatomia humana sistêmica e segmentar. 2. ed. São
Paulo: Atheneu, 1997.

DRAKE, R.L.; VOGL, W. & MITCHELL, A.W.M. Gray’s anatomia para estudantes. São
Paulo: Elsevier, 2005.

GARDNER, E.; GRAY, D.S.; O´RAHILLY, R. Anatomia - estudo regional do corpo humano.
4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1990.

JUNQUEIRA, L.C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica. 11. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2008.

MARTINI, H.F.; TIMMONS J.M. & TALLITSCH, R.B. Anatomia Humana. 6. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2009.

MOORE, K.L.; DALLEY, A.F. Anatomia orientada para a clínica. 6. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2010.

MOORE, K.L. & PERSUAD, T.V.N. Embriologia Clínica. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier
Editora Ltda., 2004.

NETTER, F.H. Atlas de anatomia humana. 10. ed. Porto Alegre: Guanabara Koogan, 2008.

SOBOTTA, J. Atlas de anatomia humana. 20. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.

VAN DE GRAAF, K.M. Anatomia humana. 6. ed. São Paulo: Manole, 2003.

118
Sites recomendados
www.auladeanatomia.com

Generalidades: história da anatomia, posição anatômica, planos e termos anatômicos,


nomenclatura atualizada e epônimos anatômicos.

Sistemas orgânicos

Aprendizagem: estudo dirigido, testes de anatomia, ensino da anatomia com artigos


relacionados.

Matérias: anatomia comparada, o alemão Gunther Von Hagens e seus cadáveres


plastinados e capela de ossos.

http://laboratoriodeanatomia.blogspot.com

Conceitos básicos para o estudo da anatomia humana como definição, divisões,


nomenclatura, planos, eixos e termos de direção.

Vídeos e testes.

Sistemas orgânicos com apostilas para baixar, testes, jogos e tutoriais.

www.anatomiaonline.com

Anatomia conteúdo online: história da anatomia e introdução à anatomia.

Galeria de imagens e vídeos.

Últimas publicações: textos como neuroanatomia, osteologia e artrologia.

http://bloganatomiahumana.blogspot.com

categorias: sistemas orgânicos

119

Você também pode gostar