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ANAIS 4 l SIMPÓSIO BRASILEIRO PROCEEDINGS

SOORE TUBULAÇÕES E VASOS DE PRESSÃO


SALVADOR. 28 - 30d» outubro d* 1986

TRABALHO N° 25 PP 373-390

QUALIFICAÇÃO DE PROCEDIMENTOS DF. EXPANSÃO ü SOLDACEM Dl; JUNTAS


TUBO/ESPELHO PARA TROCADORES DK CALOR EM CENTRAIS NUCLEARES

GUILHERME D'AVILA MELLO CAMARGO


JOSÉ GONZU0 VILLAVERDE COUTO
LUIZ ALBERTO SANT'ANNA DE CASTRO
Nuclebrás Engenharia S.A. - NUCLEN

SUMARIO

A perda de ostunqueidude nas junções tubo/espelho c um dos


defeitos mais freqüentes na operação du trocadores de calor tubu-
lares. No caso de centrais nucleares, este tipo de problema requer
um tratamento especial visando minimizar vazamentos e paradas para
manutenção. O presente trabalho descreve os critérios adotados
para a pré-qualificação de juntas tubo/espelho e apresenta um re-
sumo dos experiências jã obtidas durante os testes c a fabricação
dos componentes fornecidos pela indústria nacional.

SUMMARY
Leaking tube-to-tubesheet joints are among the most frequent
defects detected in the operation of tubular heat exchangers.
This ' ind of problem requires a special treatment, in the case of
heat exchangers installed in nucloar power plants, aiming at a
minimum of leakages and further repair outages. The present paper
describes the criteria used for the pre-quolifixation of tubc-to-
tubeshect joints and summarises the experience alr^adv «"•i.«#H.ci
during the tests «nd fabrication of several components supplied
by notional manufacturers.
374

\. Introdução
Çm uma central nuclear do tipo Angra 2 estão instalados mais de •
100 trccadorcs de calor, alguns de grande porte como c o caso do con-
densador da turbina com cerca de 3S.000 tubos e área de troca térmica
de aprox. 31.000m2. Dentre os materiais utilizados, incluem-se aços
ferríticos e austeníticos, ligas de cobre, ligas de alto níquel e ti-
tânio.
No caso de alguns destes componentes, a ocorrência de vazamentos
na juntas tubo/espelho constitui um problema considerável, que poderia
eventualmente determinar a paradn da contrai, por razões tie segurança.
Por outro lado, a literatura aponta a perda de estanque idade nas
juntas tubo/espelho como sendo um dos tipos de defeitos mais freqüen-
temente detectados na operação de trocadores tubulares. A maioria dos
vazamentos decorre de trincas, poros ou falta de fusão jã existentes
nos cordões de solda, assim como devido ao fissuramento por vibração
em juntas onde a fresta entre o tubo e o espelho estava larga demais.
I 1] . I 8 ] ,
Consequentemente, foram estabelecidas normas básicas para a pré
qualificação «Ir juntas tubo/espelho que integram o conjunto ik- especi
licações e requisitos mínimos necessários à fabricação de trocadores
de calor para centrais nucleares. A qualificação de procedimentos pa-
ra a execução destas juntas torna-se, assim, um instrumento utilíss inio
para determinar as condições ótimas de fabricação, eliminar as consi-
derações intuitivas ("guess-work") c assegurar a qualidade dos compo-
nentes. A maioria dos fabricantes envolvidos nestas atividades têm ,
desta forma, a oportunidade de estabelecer padrões próprios de fabri-
cação, controle e garantia da qualidade que se estendem ã toda a sua
linha de produção de trocadores tubulares.
Basicamente, poderíamos classificar os tipos de juntas tubo/es-
pelho em 3 grupos principais:

- apenas expandidas
- apenas soldadas
- soldadas e expandidos (ou vfce-versa)

As juntas apenas expandidas apresentam a vantagem do baixo cus-


to de produção.
São deficientes, no entanto, nas utilizações de alta pressão,al-
ta temperatura, ou onde as rest, ições a vazamentos são elevadas.
As juntas apenas soldadas, cuja solda é localizada n.i face ex-
terna do espelho, apresentam o grave inconveniente de serem susceptíveis
375

a corrosão localizada na fresta, além de serem pouco resistente ã vji.


bração dos tubos.
As juntas soldadas sen fresta, isto é, soldadas pela face in-
terna do espelho, apresentam custos elevadíssimos de produção e sã
se justificam em utilizações muito especiais.
As juntas soldadas e expandidas representam a tendência atual
cm trocadores tubulares de qualidade.
Estas juntas apresentam características de alta resistência me
clinica c estanqueidade. São pouco susceptíveis n corrosão na fresta
(corrosão intcrsticial). Alem disso, o rápido desenvolvimento das
técnicas de soldagcm c expansão provocou um aumento considerável da
iconomicidade deste tipo de juntos. [1]*[2] , [3] , [4].
I!m uma central nuclear como Angra 2, mais de 901 dos trocadores
tubulares possuem juntas deste último tipo.
0 presente trabalho, apesar de analisar individualmente os as-
pectos de expansão e soldagcm, tratará principalmente das juntas sol_
dadas c expandidas.

2• Criterios para a_ qua 1 i f_icação de juntas tubo/espclho


l:uml.'iincnl;i Intente, a jun.a tubo/espelho deve preencher as suas
üccess itlades funcionais: ela deve ser estanque e deve resistir aos
esforços mecânicos aplicados.
O principal problema na fabricação destas juntas c que a sua
testabilidade através de ensaios não-destrutivos é bastante limitada.
N;i prática, sõ é possível realizar um ensaio de líquido penetrante
dos cordões de solda para detectar a existência de trincas superfi-
ciais e realizar um teste de vazamento do componente já pronto.
Desta forma, existe sempre a possibilidade de ijuo uma junta de
aparência perfeita, liberada após os testes acima mencionados, venha
a originar vazamentos durante a operação, devido à evolução de defei^
tos internos.
0 processo de qualificação de juntas tubo/espelho para trocado
res cm centrais nucleares envolve as seguintes etapas: f

a) Preparação do um corpo de prova, consistindo de um espelho


c determinado número de tubos. Os ttbos devem ser do mesmo
lote, material c dimensões dos tubo: que serão utilizados
na fabricação, ü espelho deverá ser do me. mo material dos
espelhos originais. A espessura do espelho 5 determinada com
o intuito de cobrir a faixa mais ampla possível de espes-
suras de espelhos.naquele material, a serem utilizados na
fabricação, O número de juntas produzidas no corpo dt» provu
376

c determinado en função do escopo dos testes que serão rcalji


zados. lim algumas das juntas deve ser feita una simulação de
reparo por solda.
•. •

b) Etapa de testes do corpo de prova.


Os seguintes testes podem ser realizados, o exato escopo de
testes e n* de juntas testadas dependendo dos nateriais uti-
lizados e do tipo de junta produzida:
- ensaios não destrutivos
. inspeção visual da junta, verificação do cordão de solda,
verificação da região expandida (p.ex. com endoscõpio).
. inspeção de trincas superficiais através de ensaio de ] íqui^
do penetrante.
. controle dimensional dos tubos, medição dos diâmetros in-
ternos, controle da ovalização, determinação e registro do
comprimento de expansão.
. determinação e registro da porcentagem de expansão aderente.

- ensaios ties t rui i vos


. cnsaius ilo ;i mcuun'iitu de um numero pre-determinado de tubos,
com determin. vão e registro das respectivas tensões de rup-
tura .
. dotermi nação do perfil de durezu nus faixas expandida o não
expandiu:! do tubo (algumas juntas).
. determinação do perfil de dureza na região soldada (somente
para materiais ferríticos, .-ilgunuis juntas).

- exames mctalograficos
, preparação de seções mctalograficas transversais (alguc: A
juntas) o pelo menos 1 rcção paralela.
. análise macrográfica (magníficação 7,1 a 10.1) e rnúrr •;:"»•
fica (magnificaçHo 50*1) das seções metalogriíficas.
c) Avaliarão -.Io:» resultados.
Os rr : terios de aceitação das juntas executadas são descri-
tos, de forma resumida, o seguir:

- quanto aos ensaios não destrutivos


, as juntas dovem estar completa c uniformemente expandidas .
A ovalíznção dos tubos deve se situar dentro das tolerân-
cias estabelecidas. Danos ou arranhões na superfície inter*
na dos tubo» não são tolerados. Os cordões de solda devom
377

ter aparência uniforme c coloração dentro da faixa recomen-


dada .
. trincas de qualquer espécie não são permitidas.
. a porcentagem de expansão aderente deve estar dentro da fai
XÍ previamente especificada.

- quanto aos ensaios destrutivos


. as tensões de ruptura, medidas nos ensaios de arrancamento
dos tubos, devem estar acima dos valores determinados pelo
cálculo, segundo normas AD-B5 ou TEMA.
. os valores dos ensaios de dureza devem estar abaixo dos va-
lores máximos especificados.

- quanto aos exames metalográficos


. trincas de qualquer espécie não são permitidas.
. poros, desde que esporádicos e não sistemáticos, são tolera
dos.
. a espessura mínima de reforço de solda (dimensão "a", ver
Fig. 1) deve ser maior ou igual à 0,8 vezes a espessura de
parede do tubo.
A dimensão "a" deve ser medida a -partir do final da fresta,
oti Ü p a r t i r d o final d a piop;iji,;iv,ão i!;i i'resia, s e e s t a a c o n -
tecer.
. a propagação da fresta ocorre através de fissiiramento do me
tal depositado devido Ti contração por resfriamento, c é to-
lerada desde que o reforço de solda atinja o valor mínimo ,
conforme aciinn mencionado.
A Figura 1 mostra de forma esquomática, a geometria da jun-
ta tubo/espelho c a sua relação com os diversos critérios de
aceitação aqui mencionados.

3• JL?IÍ££Íencias prãtieis oht idas n.i qualificação de procedimen-


tos.
0
'•1 Aspectos Gerais
Ao sc projetar uma junta tubo/espelho, o primeiro problema com
o qual nos defrontamos c a definição da geometria do clianfro para sojl
da. A norma DJN 28182 apresenta vários exemplos de geometria» do chan
fros c respectivas distâncias entre tubos ("pitch") recomendadas.
Na seleção do tipo de chanfro devem ser considerados vários fatores
373

OIOAS DE DUREZA NA
6IÃO EXPANDIDA

DETALHE DIMENSÃO V = mímnt© tf* o l , o 2 , a 3


JPOSIÇÃO APROMMADA
flOA SEÇÃO PARALELA

PROPAGAÇÃO
FRESTA

«DAS DE DUREZA
SOLDA

DETALHE

[MEDIDAS DE DUREZA NA
EXPANDIDA

f
ílÇÁO APROXIMADA
DETALHE SEÇÃO PARALELA DIMENSÃO V « m / n l m o <taa1,o2,o3

Ar


Sf?SSSSSS//V* %Á9.
POSSÍVEL PROPAGAÇÃO
DA FRESCA

MEDPAS DE DUREZA
NA SOLDA

DETALHE

F\q, I Seções Tronsversals de Juntos Tubo/Espelho

ii influência «Io " p i t c h " n o ttfinaiihu J o trorador decalor, ;i » ' i ' s i s -


tciui.i (l.ij m i t í i ;i c s f i i r ^ o s t?srút icoi; v cTrlictri, i-tc. As rrfiTtMJ» i ; r .
[ f> } e í i> J n t m l i s . - i m d e t ;i 1 l i n d a m e n t e esta t|tie.st;"io. Aolongo das varias
q u a l i f i e; I Ç O O K rcil iznilus junto H industria twicional , o u t r a s {tromríri-
íi". i l ri'!iani'n>, aU*m d a « | u c l a s contidas n a U I N .! K 1 8 2 a p r e s e n t a r a m exce-
lentes IÍTSUI tatlos, i*onforme mostrado na se^ão 3 . 3 .
Outra questàu crucial, q u e t c!" g e r a d o inuíl.is dúvida^, e s<'l>ie
qual a liter;Mi»r:i mostra posições Oi v e r t e n t e s { > ] , í'.'] , [ 10] , diz
respoito â c o r r e t a seqüência de fabricação da j u n t a : a expansão ilrve
ser f e i t a a n t e s ou após a solda?
A experiência mostrou que a seqüência maU correta e que deu me-
lhore» resultados na gronde maioria dos custos 5 a seguinte:

19 Pré-cxpansão dos tubos no espelho, utilizando-se um expandi-


dor cênico, de modo a centrar e fixar uniformemente os tubos
na furacão, através de uma leve c estreita interferência dos
tubos com o espelho.
379

2* Soldagem dos tubos no espelho.


3» Teste de trincas superficiais (líquido penetrante) dos cor-
dões de solda.
4» Se as soldas estiverem em ordem, proceder ã* expansão final
paralela. Se não, reparar as soldas, testá-las novamente e
proceder ã expansão final. ir
Em alguns casos (p.ex.. em soldas de reparo) é necessário soldar
os tubos quando estes já estão totalmente expandidos no espelho. Nes_
tes casos pode acontecer que usia pequena quantidade de ar que fique
retida na fresta, seja aquecida pelo calor da solda c forçada a re-
tornar ã poça (já que o outro lado está praticamente vedado). Este
fato pode ocasionar a formação sistemática de poros. Na seção 3.4 es^
ta questão será discutida novamente, onde serão mostradas possíveis
maneiras de se minoTar este problema.

3.2 Aspectos de expansão mecânica


A expansão mecânica (mandrilagem) de tubos em caldeiras, atra-
ves de ferramentas expandidoras equipadas com 3 ou mais roletes, é
um processo de fabricação que vem sendo apl içado a m;iis de um século.
12] . Apenas recentemente, novos processou de expansão ilc tubos em
i-!.[)il lios Foram desenvolvidos, dentre os quais destaca-se o processo
.!-• r.\|>;uis;io h i d r á u l i c a . l.n<|u:int o i»ue n:i e x p a n s ã o m e c â n i c a o s tubos
• .lo t r ;il»a I liados a frio a t r a v é s d a r o t a ç ã o d o e x p a n d i d o r , o c a s i o n a n d o
i.nci r t d u ç a o da e s p e s s u r a il.i p a r e d e d o l iil>o, n o p r o c e s s o d e e x p a n s ã o
hidráulica um fluido é introduzido no segmento de tubo ;ue se deseja
expandir e, através de alta pressão, provoca a expansão do tubo no
espvlho sem que, contudo, haja redução na espessura de parede do IIKSIIKI.
Ambos os processos conduzem a uma junta na qual o Uibo é de for
mudo pláslicamente e o espelho é deformado elásl icimente, o que j;a-
i.inlt a »'i}'. idez e a est aucnieidade do conjunto.
Na prática, todavia, o processo de expansão mecânica continua
a dominar a ijrande maioria das aplicações. A expansão hidráulicu ,
devido ao »c> alto custo de produção, fica restrita a algumas apli-
cações especiais. 0 presente trabalho tratará apenas da expansão roe
cânica. Um estudo pormunorizado da expansão hidráulica c feito na
referencia [7).
0 problema mais importante no processo de expansão mecânica i
como mensurar eu quantificar o nível de expansão desejado e, em se-
guida, reproduzir este mesmo nível de expansão a todas as outras juntas
com as mesmas características.
380

O parâmetro universalmente consagrado para mensurar o nível de


expansão é a porcentagem de redução da espessura da parede do tubo .
Neste trabalho usaremos um parâmetro semelhante, que ê a porcentage...
de expansão aderente, dada pela fórmula:

df
E.A.« (1 - ' d i ex ) . 200% (1)
2s

onciQ,

E.A. * porcentagem de expansão aderente


df = i :- Io furo
di = dir.metro interno do tubo apôs a expansão.
s = espessura da parede do tubo antes da expansão.

Como pode-se verificar, a porcentagem de expansão aderente c


o dobro da porcentagem de redução da parede do tubo.
A partir daí, a primeira pergunta a se fazer é: qual a porcen
tagem ótima de expansão aderente para uma determinada junta?
A norma TKMA (Standards of Tubular Exchanger Manufacturers
Association) diz o seguinte:
"lim um;i junta tubo/espelho expandida, o valor ótimo de redução
ila parede ilo tubo di-ponde de uma serie de fatores sobre os quais não
existe nenhuma correlação hásiia ou consenso estabelecido. Alguns
destes fatores são:
- acabamento superficial e rugositladc da furacão.
- diâmetro da furacão e tolerâncias.
- distância mínima entre 2 furos adjacentes (1ignmenfo) c
sua relação com o diâmetro c espessura do tubo.
• espessura da parede do tuho,
- dureza do tubo c variação da dureza após a expansão.
- tolerâncias dimensionais do tubo.
- tipo de expandidor utilizado.
- modalidade de controle da expansão (p.ex. através do tor-
que).
- objetivo visado na expansão (resistência mecânica da jun-
ta, estanqueidade, e t c ) .
- comprimento expandido*
- natureza dos materiais dos tubos e do espelho.
Desta forma, não existe nenhuma regra prática para determinar
381

a expansão ótima c sugcrc-sc que a experiência do fabricante seja le-


vada cm consideração".
Alguns autores, contudo, recomendam uma redução de espessura de
parede entre 41 a 61 como sendo, via de regra, um nível ideal de ex-
pansão na maioria dos casos.
Tal recomendação, infelizmente, não pôde ser confirmada na prá-
tica. A Fig. (2) mostra vários ensaios de arrancamento realiz|dos com
tubos e espelhos de materiais e dimensões diferentes, porém de ca-
racterísticas (tolerâncias, dureza, rugosidade, etc.) idênticas entre
si.
Destes ensaios pode-se tirar algumas conclusões, que são con-
firmadas também por outros autores:
a) A expansão ótima fica restrita a uma faixa limitada (Fig.
2.a). Valores abaixo desta faixa (sub-expansão) ou acima
desta faixa (sôbre-expansão) conduzem a juntas com menor
resistência mecânica e maior possibilidade de vazamentos.
[2],UlJ,[12],tl3l •
b) A influência da folga entre o tuoo e o espelho, "6", é d£
cisiva para a determinação da porcentagem de expansão ide
ai. Ger.i!mente, qunnto menor ;i folga maior c a resistência
c!u junta (Fig. 2.b). [ 2 ] . U U * ( 1 2 ] .
Contudo, quando a furai;fio estiver fora tins tolerâncias, é
possível levar a junta aos níveis normais tie res istetu* iu
mecânica (12], através de um aumento na porcentagem de ex
pan.são. lista última constai ação c válida nos casos onde
o material dos tubos é relativamente diíctil c cujo limite
de escoamento c inferior ao do material do espelho (Fig.
Z.c).
c) Materiais com menor limite de escoamento (p.ex, 1-atão, li
gas de cobre) necessitam de menos expansão do que materi-
ais mais resistentes (p.ex., aço, ligas de níquel .titânio),
para atingir o ponto ótimo. [\Z\, (1*11 >
Com relação li reprodução do nível de expansão desejado durante
a fabricação, o método consagrado c o do controle através do torque.
Utilizando-se um controlador eletrônico do torque, que desliga a má-
quina no momento em que o torque pré-estabeleeiilo for atingido, con-
segue-se reproduzir o nível de expansão dentro de uma faixa de tole-
rância razoável, liste método deve, preferencialmente, ser utilizado
quando us tolerâncias dimensionais da furacão e dos tubos sejam ele
v.ulas.
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% EXPANSÃO ADERENTE

Fig. 2 Ensolos de Arroncomtnto d t Tubof.


383

3.3 Soldagero tubo/cspelho cm materiais susceptíveis a microtrin.


cas a quente pelo processo TIG - manual,com material de adição

Os espelhos em materiais austeníticos, como p.ex.o aço DIN 1.4S50


(AWS 347), ou em ligas de alto níquel, como o Incoloy 825 (DIN 2.48S8).
apresentaram problemas de soldabilidade e formação de microtrincas ã
quente que podem ser basicamente dos seguintes tipos: -,
a) microtrincas à quente no metal de depósito.
Vários suo os motivos que levam ao aparecimento de micro-
trincas no metal de depósito:
composição química do metal de adição.
No caso do Incoloy 825 a escolha de materiais de adição ,
com teores de Ni e Cr da ordem de 00 c 201, bem como Mo da
ordem de St, foi a que apresentou melhores resultados quan
to 5 suscetibilidade de microtrincas ã quente. No caso de
varetas TIG a classificação segundo AWS seria ERNiCrMo-3.
Para este material deve-se evitar selecionar materiais de
adição sem Mo e com teor de Ni do depósito da ordem de 351,
pois, experiências mostraram que a suscetibilidade do op£
recimento de nicrotrincas ã quente, com esta análise quí-
mica é incrementada.
No caso do material anstiMiít ico MIN l.ir»5() (AWS 317), a
escolha de materiais tk* adição com leor do Si da onlcm de
0,31 s ã o inti i s i ml u "iulos <lo q u e , p o r rxiMuplo i|iiaiult> se ti I i
1 i znni v a r e t a s c o m t e o r ili- Si m a i o r q u e 0 . 7 0 1 .

Constata-se, na prática, que ao se ca Idear uma vareta TKí


com baixo silício, consegue-se uma maior velocidade tie soj[
dagem e, consequentemente, uma menor energia imposta, o
que desempenha um papel decisivo para evitar-se a formação
de microtrincas n quente. Da mesma forma que o caso ante-
rior, o elemento Mo também se torna importante como ele-
mento indispensável no material de depósito, a fin» de re-
duzir a susectibilidade de formação de nicrotrincas â quen
te.
- energia imposta por unidade tie comprimento,
Nas soldai tubo/espelho T1C manual, dever-se-á utilizar u
mais baixa energia imposta por unidade de comprimento, se
jo utrave* tia utilização das vareta* TIC de menor seção
transversal, consequentemente menoT corrente de solda, bem
384

como treinar a habilidade do soldador em conduzir a solda-


gen com a maior velocidade possível, a fim de se reduzir a
energia imposta.

técnica de caldeamento
Cabe salientar que a técnica de caldeamento empregada pelo
soldador c de fundamental importância, principalmente no
primeiro passe.onde é imprescindível que o soldador adicio
ne material de depósito na junta. Pois, caso contrário, no
local de ligação,início e término de cordão tende a ocorrer
fissuramento.
Um dos mecanismos mais freqüentes de fissuramonto ã quente
é o fenômeno de propagação da fresta já mencionado anterior
mente. A Fig. 3 mostra um exemplo deste tipo de fissura.

Fij». 3 Propagação Ua fresta

b) Cal tu de fusão ou penetração


Três são o$ fatores principais que levam ã falta de fusão
ou penetração neste tipo de juntas.
- tipo de chanfro do espelho
0 chanfro em 1/2 tulipa ou 1/2 U CFig« 4) foi o que apre-
sentou melhores resultados quanto à probabilidade de ocor-
rência desse defeito, porque o soldador possui mais espaço
para a entrada tanto do arco elétrico, quanto do material
de adição na parte mais profunda do chanfro, facilitando
desta forma a execução do primeiro passe.
t

Fig. 4 Chonfro 1/2 tulipo ou 1/2 U

- bitola da vareta TIG


Dever-se-ã empregar as menores bitolas de vareta TIG. Caso
não existirem bitolas menores de 2,0mm pode-se utilizarara
mes MIC de diâmetros 0,88, 1.2 e l,6mm cortados cm compri-
mentos das varetas TIG.
0 objetivo é facilitar ao soldador a entrada do material
do adição no chanfro, principalmente no primeiro passe.
- técnica de caldcamcnto
0 soídador deve, obrigatoriamente no primeiro passe, inci
dir o arco elétrico tanto na parede do tubo quanto no espe
lho. Evidentemente que isto só sera" possível se os dois ia
tores anteriores forem cumpridos. Gaso contrário, facilita
-se o aparecimento deste defeito.
A Fig. 5 mostra este tipo de defeito.

c) porosidade
Embora o Incoloy 825 o os materiais austeníticos , não tenham
apresentado problemas quanto ã porosidade, evidentemente que
os cuidados quanto a limpeza devem ser observados, princi-
palmente no Incoloy.
386

Fig. 5 Falta de fusão

Como precaução deve-se elaborar um procedimento de limpeza


para assegurar a limpeza dos tubos, dos Curos, dos chanfros,
antes c após a entubação, após a expansão cônica,e das va
retas de adição.
Este defeito, e bastante crítico na soldagem tubo/espelho
de titânio como veremos a seguir.

3.4 Soldagcm tuho/espelho em titânio pelo processo semi-automá-


tico TIC-orbital, sem material de adição.

A soldagcm tubo/espelho em titânio, para trocadores de calor com


tubos de parcue fina ( < l m m ) , envolve um problema básico: devido 5 b;n
xa condutividadc térmica deste material, deve-se proceder â expansão d£
finitiva do tubo antes da soldagem, com o intuito de promover um conta
to mais estreito entre os materiais do tubo c do espelho, pois ciso con
trãrio, durante a solda somente o material do tubo seria caldeado. {4}
Neste caso, a principal dificuldade encontrada c a incidência
de poros no material depositado, geralmente localizados na raiz da jun
to, na continuidade da fresta entre o tubo e o espelho.
A 1'ig. 6 mostra este tipo de defeito.
A formação sistemática do poros pode ser contornada através das
seguintes medidas:
387

I'ig.6 Poros

Fig.7 SoJcia perfeita


388

a) Garantir que a firesta c bo/espelho, próxima ã região a


ser caldeada, esteja rigorosamente limpa. Para isto, re-
comenda-se que no ato da entubação final seja aplicado
um procedimento de limpeza adequado.
Logo após a entubação e i centragem do tubo, deve-se re<i
lizar a expansão, a fim de se evitar que na refer ida fres^
ta ocorra contaminação de impurezas tais como poeira e
condensação da umidade do ar.
b) Frcsar o chanfro, se possível, logo antes da execução da
solda.
c) Evitar qualquer tipo de entalhe na região a ser caldeada.
Caso existam pequenas frestas tubo/espelho, detectadas
visualmente recomenda-se passar um jato de ar quente irae
diatamente antes da solda e antes do seu fechamento.
Todos estes cuidados são para evitar que no momento do
caldegmento da junta não haja qualquer resíduo orgânico
ou mesmo a presença de umidade, tanto no chanfro quanto
na referida fresta a fim de se evitar poros.
d) Conforme discutido anteriormente, no item 3.1 sempre que
a expansão paralela é realizada antes da soldarem, corre
-se o risco de haver poros idade na solda, devido u difi-
culdade da saida do ar quente pela parte inferior da
fresta tubo/espelho.
Assim, recomenda-se executar um pré aquecimento somente
nas proximidades da primeira junta tubo/espelho, a ser
soldada a fim de minimizar esse problema.
A Fig. 7 mostra uma junta tubo/espelho de titânio cm per-
feitas condições (espessura do tubo* 0,7mm).
c) Cara evitur-so a coloração dourado claro dos cordões de
solda, devido a contaminação intcrsticial do metal cal-
deado pelo ar,recomendn-sc que, alem da proteção externa
(tenda), seja incrementado o tempo da proteção gasosa
do sistema TlC orbital, principalmente na soldagom dos
últimos tubos quando a temperatura do espelho encontra-
se bastante elevada..
389

4. Conclusões

a) A qualificação de procedimentos de expansão c soldagcm de jun


tas tubo/espelho é, um pré-requisito fundamental para a fabri
cação de quaisquer trocadores de calor de qualidade.
b) A limitação da testabilidade de juntas tubo/espelho, durante
a fabricação, possibilita que eventuais defeitos interjios à
junta evoluam durante a operação do componente e venham a
constituir futuros locais de vazamentos.
c) A seqüência correta de fabricação Ja junta, conforme mostra-
do no item 3.1, é fundamental para a obtenção de'bons resul-
tados.
d) A determinação do nível ótimo de expansão mecânica, para uma
determinada junta, depende de uma série de variáveis e deve
ser apurada adequadamente através de simulações, ou durante a
própria qualificação do procedimento.
c) A soldagem de juntas tubo/espelho c um processo de fabrica-
ção bastante delicado.
Algumas recomendações básicas para garantir bons resultados
são apresentadas a seguir:
- utilização de equipamento semi-automático TIG-orbital ou sol^
dadores altamente treinados c condicionados para este tipo
de tarefa.
* condições de limpeza ideais durante as etapas de entubação ,
expansão e soldagem.
. reduzir ao máximo a energia imposta através da utilização de
varetas TIG com a menor bitola possivel.
- Selecionar criteriosamente o tipo de chanfro c o material de
adição de acordo com as características de cada junta.

5» Agradecimento» ,
Agradecemos ã NUCLEP - Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A pela
colaboração através da cessão de fotografias e pela acolhida dispensa
da aos nossos engenheiros.
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REFERÊNCIAS

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