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Obras em Terra

Aula 02 – Processos de Dinâmica


Superficial
Prof. Bruno Tiago Angelo da Silva

Mossoró, 05 de dezembro de 2012


Movimentos de Massa

 Movimentos de massa ocorrem basicamente


quando as forças de tração, dadas pela
gravidade atuando na declividade do terreno,
superam as forças de resistências,
principalmente as forças de atrito. A principal
força de tração que causa movimentos de
massas é a força de cisalhamento, quando esta
supera o atrito, ocorre o movimento
(Montgomery, 1992).
Movimentos de Massa
 Os principais movimentos de massa existentes
no Brasil são:

 rastejos,
 escorregamentos,
 movimento de blocos,
 corridas.
Rastejo (creep)
 Movimento descendente, lento e contínuo da
massa de solo de um talude, caracterizando uma
deformação plástica, sem geometria e superfície
de ruptura definidas.

 Ocorrem geralmente em horizontes superficiais


de solo e de transição solo/rocha, como também
em rochas alteradas e fraturadas.
Rastejo (creep)
 A ocorrência de rastejo pode ser identificada
através da observação de indícios indiretos, tais
como:

 encurvamento de árvores, postes e cercas,


 fraturamento da superfície do solo e de pavimentos,
 "embarrigamento" de muros de arrimo
 Nota-se o encurvamento dos troncos das árvores
e o estufamento de algumas porções do solo
Rastejo (creep)
 Pode causar danos econômicos significativos,
principalmente afetando as encostas próximas à
obras civis, ou seja, interferindo em fundações,
linhas de transmissão, dutos, pontes, viadutos,
entre outras.

 Os rastejos são bons indicadores da ocorrência


eminente de escorregamentos
Escorregamento (slide)
 Movimento rápido de massas do solo e/ou rocha,
com volume bem definido, sendo que o centro de
gravidade do material se desloca para baixo e
para fora do talude, seja ele natural, de corte ou
aterro.

 Processo associado à ruptura de cisalhamento,


devido ao aumento das forças de tensões ou a
queda de resistência, em períodos relativamente
curtos, podendo ser classificados de acordo com
sua geometria e a natureza do material, da
seguinte forma:
Escorregamento (slide)

 Escorregamentos Planares (Translacionais);

 Escorregamentos Circulares (Rotacionais);

 Escorregamentos em cunha
Escorregamentos planares
 Podem ocorrer em maciços rochosos, sendo
condicionados pela xistosidade, fraturamento,
foliação, etc.

 Xistosidade
- Trata-se de um elemento estrutural da rocha,
evidenciado pela existência de planos paralelos
(foliação) resultantes da existência de uma forte
recristalização dos minerais que a constituem. Como
resultado a rocha divide-se em finas lâminas
paralelas.
 o sentido do movimento é paralelo ao plano de
ruptura
Escorregamentos planares
 Bastante comuns nas regiões serranas
brasileiras.
Escorregamentos circulares
 Movimento de caráter rotacional segundo um
eixo imaginário, ao longo de uma superfície
encurvada de ruptura, sendo comum uma série
de deslizamentos.

 Esse tipo de processo é muito comum ao longo


de estradas e rodovias, devido à construção de
taludes artificiais, principalmente durante as
épocas chuvosas, onde a saturação de água no
solo é grande, fazendo com que a resistência do
mesmo diminua.
 Pode-se notar a forma arredondada do local
movimentado e o degrau de abatimento formado
acima do massa deslizada
Escorregamentos em cunha

 Condicionado por estruturas planares de maciços


rochosos, apresentando sua direção de
movimento ao longo da linha de intersecção das
superfícies de ruptura.
 Pode-se observar a forma do material
movimentado e as superfícies e direção de
ruptura
 Área que sofreu escorregamento do tipo em cunha,
sendo o referido processo comum em taludes de
corte ou encostas que sofreram algum tipo de
desconfinamento, natural ou antrópico
Movimentos de blocos
 Deslocamentos, por gravidade, de blocos de rocha, sendo divididos em
4 tipos básicos:

 Queda de Blocos: blocos de rochas que se desprendem do maciço e


se deslocam em queda livre encosta abaixo, podendo ocorrer em
volumes e litologias diversas.

 Tombamento de Blocos: movimento de rotação de blocos rochosos,


condicionado por estruturas geológicas no maciço rochoso sub-
verticais.

 Rolamento de Blocos: movimento de blocos rochosos ao longo de


encostas, que ocorre geralmente pela perda de apoio (descalçamento).

 Desplacamento: movimento em queda livre ou por deslizamento de


blocos rochosos, ao longo de superfícies estruturais (xistosidade,
acamamento), que ocorre devido às variações térmicas ou por alívio de
pressão.
Queda de blocos
 Pode-se notar que
esse processo está
associado a fraturas
no maciço rochoso.

 O movimento é
essencialmente
vertical, onde os
fragmentos de rocha
se movimentam por
encostas abruptas,
sem contato com
nenhuma superfície,
ou seja em queda
livre.
Queda de blocos
 Em geral, quedas de blocos ocorrem em
encostas verticais, em maciço fraturado, ou seja,
locais como: pedreiras de diabásio, basalto,
granito e regiões serranas. A foto a seguir mostra
uma área sujeita ao processo em questão.
Trata-se de uma pedreira abandonada em zona
urbana, caso muito comum nas cidades
brasileiras.
Tombamento de blocos
 Pode-se notar que os
fragmentos de rocha
desprendem-se do
maciço na superfície
das descontinuidades.

 Em geral, o processo
em questão ocorre em
áreas com encosta
bastante abruptas,
principalmente em
pedreiras de basalto,
granito, diabásio e
regiões serranas.
Tombamento de blocos
 A foto a seguir apresenta um exemplo de
tombamento de blocos, ocasionado pela
percolação de água nas fraturas do maciço,
fazendo com que as mesmas sejam alargadas
pela alteração da rocha e seu conseqüente
enfraquecimento.

 Com o passar do tempo, tem-se o


desprendimento e tombamento do bloco,
seguindo movimento de rotação em seu próprio
eixo.
Rolamento de blocos
 Esse processo
geralmente acontece
devido ao intemperismo
de rochas ígneas ou
metamórficas, gerando
grandes blocos rochosos
em superfície (matacões)
ou saprolito que contém
blocos de rochas
envoltos em uma matriz
de solo alterado.
Rolamento de blocos

 A foto a seguir apresenta uma área com alta


potencialidade de ocorrência de rolamentos de
blocos, que provavelmente irão causar
consequências sócio-econômicas, e até
possíveis mortes, devido a presença de
residências na base da encosta. Essa situação é
bastante frequente em regiões serranas,
principalmente nas Serras do Mar, da
Mantiqueira, entre outras.
Rolamento de blocos

 Para remediar situações de risco envolvendo


blocos de rochas em iminência de rolamento,
pode-se optar pelo desmonte parcial ou total
do bloco ou pela realização de obras de
contenção, com a finalidade de assegurar
condições de segurança para uma comunidade,
uma rodovia e etc.
 Obra na qual um fragmento de rocha de grandes
dimensões, que estava ameaçando residências
localizadas na base da encosta, foi escorado por
colunas de concreto e tirantes, estabilizando-o.
Desplacamento de blocos

 Consiste no movimento ocasionado pelo


desprendimento de fragmentos ou placas de
rochas, ao longo da superfície de estruturas
geológicas (xistosidade, acamamento,
fraturamento), devido principalmente às
variações térmicas ou à alívios de tensão. É
desenvolvido geralmente devido a presença de
descontinuidades inclinadas, associado a
encostas íngremes
Desplacamento em blocos

 A foto a seguir mostra uma área com alta


suscetibilidade à ocorrência de desplacamento.
Pode-se observar que o alto ângulo de mergulho
das camadas está acompanhando o declive do
terreno, contribuindo para o desencadeamento
do processo e colocando em risco uma ferrovia e
uma rodovia, no estado de Montana, nos EUA.
Corridas (flow)

 Movimentos gravitacionais na forma de


escoamento rápido, envolvendo grandes volumes
de materiais. Caracterizados pelas dinâmicas da
mecânica dos sólidos e dos fluidos, pelo volume
de material envolvido e pelo extenso raio de
alcance que possuem, chegando até alguns
quilômetros, apresentando alto potencial
destrutivo.
Corridas (flow)
 Os mecanismos de geração de corridas de massa
podem ser classificados quanto a origem da seguinte
forma:

 Primária: corresponde as corridas de massa


envolvendo somente os materiais provenientes das
encostas.

 Secundária: corridas de massa nas drenagens


principais, formadas pela remobilização de detritos
acumulados no leito e por barramentos naturais,
envolvendo ainda o material de escorregamentos das
encostas e grandes volumes de água das cheias das
drenagens.
Corridas (flow)
 Considerando as características do material
mobilizado, as corridas podem ser classificadas em 3
tipos básicos:

 Corrida de Terra (earth flow): fluxo de solo com baixa


quantidade de água, apresentando baixa velocidade
relativa.

 Corrida de Lama (mud flow): fluxo de solo com alto


teor de água, apresentando média velocidade relativa e
com alto poder destrutivo.

 Corrida de Detritos (debris flow): material


predominantemente grosseiro, constituído por blocos de
rocha de vários tamanhos, apresentando um maior
poder destrutivo.
Corrida de Lama
 Na corrida de lama o material movimentado
apresenta uma alta quantidade de água,
formando verdadeiros rios de lama com grande
poder destrutivo. São em geral movimentos
rápidos que acontecem inesperadamente, sendo
associados a locais de solos facilmente
desagregados e à aterros (Proin/Capes &
Unesp/IGCE, 1999).
 A foto ao lado ilustra as
conseqüências de uma corrida
de lama ocorrida em 1985 na
cidade de Armero, Colombia.

 A corrida de lama foi deflagrada


por erupção de um vulcão
andino recoberto por neve,
sendo que o material
apresentava-se saturado de
fragmentos vulcânicos.

 Nesse evento catastrófico


morreram mais de 23.000
pessoas e muitos poucos
edifícios ficaram de pé
Corrida de detritos

 As corridas de detritos (ou de blocos) são


movimentos rápidos e de alta energia, nos quais
fragmentos, detritos e blocos de rochas escoam
encosta abaixo em conjunto com restos vegetais.
São geralmente associados a uma sequência de
escorregamentos consecutivos, que juntam-se
com blocos de rochas do canal principal da
drenagem, mobilizando uma grande quantidade
de material, com energia e poder destrutivo muito
elevados.
Corrida de detritos
 Esse processo representa uma séria ameaça à
população, como é o caso mostrado nas fotos a
seguir e ao lado, do evento ocorrido em
Lavrinhas (MG) em 1986 (com 11 mortes) e
Petrópolis (RJ) em 1988 (que causou a morte de
6 pessoas - no município os vários
escorregamentos provocaram a morte de um
total de 171 pessoas, deixando 5.500
desabrigados).
Corrida de detritos

 Uma das formas existentes para o


monitoramento de processos de corridas é a
filmagem de alguns pontos pré-estabelecidos nos
canais de drenagens, que apresentam grande
incidência dos referidos processos. Tal
procedimento tem a finalidade de acompanhar a
dinâmica do movimento, principalmente o
parâmetro velocidade.
Corrida de detritos

 Em alguns casos mais desenvolvidos existem


sistemas de alarmes que identificam a ocorrência
de movimentos de massa, acionando sirenes
para alertar a população, que já recebeu um
treinamento prévio de como agir nessas
situações. Esses tipos de sistemas são muito
comuns no Japão.
 Na foto 1, os fragmentos de
rochas estão barrando parte
do fluxo de lama, sendo que
parte da lama avança da
esquerda para a direita no leito
do canal, logo à frente dos
fragmentos de rocha.

 Na foto 2, os fragmentos de
rocha que serviam como uma
barragem natural, foram
rompidos pela força do fluxo
de lama, estando agora a
cerca de 2 metros à frente
(jusante) e movendo-se a uma
velocidade de 1,3 m/s.
 Na foto 3, o fluxo apresenta
uma concentração de
sedimentos (material sólido)
de aproximadamente 80% e
move-se à 3 m/s,
apresentando viscosidade
suficiente para carregar
blocos e fragmentos
rochosos em suspensão.
Próxima aula

 Assoreamento
 Inundação
 Subsidiências e colapsos

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