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De acordo José Filho (2002, p.56): O Serviço Social actua na área das relações sociais, mas
sua especificidade deve ser buscada nos objetivos profissionais tendo estes que serem
adequadamente formulados guardando estreita relação com objeto. Essa formulação dos
objetivos garante-nos, em parte, a especificidade de uma profissão.
A Assistência Social é uma politica pública, ou seja, um direito de todo cidadão que
dela necessitar. Ela está organizada por meio do Sistema Único de Assistência Social
(SUAS). Seu objetivo é garantir a proteção social aos cidadãos, por meio de serviços,
benefícios, programas e projetos que se constituem como apoio aos indivíduos, famílias
e para a comunidade no enfrentamento de suas dificuldades.
Desde o Brasil colonial, a assistência aos pobres foi marcada por: um caráter
filantrópico e caritativo, sob a liderança da Igreja e dos chamados “homens bons”, e
tinha por atividade principal o recolhimento e a distribuição de esmolas. A assistência
encontrava-se associada à tutela e ao controle dos grupos assistidos, inicialmente sob
uma perspectiva voltada principalmente para as questões de higiene e saúde da
população, confundindo-se com a assistência médica.
Aqueles que não conseguiam garantir sua sobrevivência pelo trabalho ou pelo apoio
familiar restavam, portanto, o provimento de amparo social pelas entidades e
organizações da sociedade civil. Com isso, as pessoas atendidas pelas entidades sociais
eram vistas como pobres, carentes, incapazes para o trabalho. Eram responsabilizadas
pela sua situação e eram percebidas, ainda, como incapazes de lutar por seus próprios
interesses e de se organizar politicamente.
Assim, de acordo Faleiros (1991) citado por Quive (s/d), diz que estas relações
caracterizam-se por ser de familiaridade, de amizade e vizinhança, em que cada um
pode ajudar o outro na esperança de que amanhã também vai receber ajuda, sem, no
entanto, precisar de pagar monetariamente. Os moçambicanos adotaram este princípio
ao longo da sua vida, com o propósito de enfrentar as diferentes formas de riscos sociais
que predominam até hoje nas zonas rurais e urbanas, referenciadas a um grupo de
pertença e obedecendo a regras sociais de cada grupo ou comunidade “numa economia
de subsistência”.
Faleiros (2001), ao abordar o surgimento do serviço social a nível mundial, aponta que
o serviço social era estruturado por organizações religiosas, especialmente da Igreja
Católica Romana e nesse momento, tinha sua prática fundamentada e inspirada na
providência divina, uma vez que “o trabalho social consistia no reforço da moralidade e
da submissão das classes dominadas. Era, portanto, o controlo social da família operária
para adequar e ajustar seu comportamento às exigências da ordem social estabelecida”.
Voltando ao contexto moçambicano sobre o surgimento do serviço social, Quive (s/d),
refere que a segunda etapa ocorreu nos finais do século XIX. Com a colonização
introduziram-se novas formas de trabalho, o trabalho assalariado, particularmente nas
zonas urbanas, o que promoveu o êxodo rural, bem como à dissociação dos indivíduos
dos seus grupos de referência, criando-lhes novas necessidades por passarem a
trabalhadores assalariados.
Neste período colonial, o regime colonial, dada a sua natureza, era constituído por três
classes de cidadãos:
Ainda de acordo com Quive (s/d), aponta que com o objectivo de beneficiar os
servidores do regime colonial, foi introduzido em 1901 em Moçambique o Regulamento
da Fazenda do Ultramar, redigido na Metrópole, que garantia a Previdência Social aos
Servidores do Aparelho do Estado Colonial, em detrimento dos trabalhadores
moçambicanos e indígenas. Uma das razões primordiais para a aplicação deste
Regulamento visava a reintegração destes trabalhadores portugueses no sistema de
segurança social português quando regressassem à Metrópole. Outra razão, é justificada
pelo facto destes possuírem condições económicas e financeiras que lhes possibilitavam
as contribuições para a segurança social.
Importa ainda referir segundo Quive (s/d) que logo depois da independência nacional,
em 1975, o Governo moçambicano criou vários programas de assistência social. Mais
tarde em 1994, a partir da Secretaria do Estado para a Acção Social, é criado o
Ministério para a Coordenação da Acção Social (MCAS), o qual, por decreto
presidencial n.º 01/2000 de 17 de Janeiro, deu origem ao Ministério da Mulher e da
Coordenação da Acção Social (MMCAS). A partir de 2005, este Ministério foi
transformado em Ministério da Mulher e Acção Social.