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A JUSTIÇA SOB A ÓTICA MAÇÔNICA

Por Kennyo Ismail

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Justiça é um termo muito presente na Maçonaria, principalmente porque está diretamente


ligada a um personagem presente nas lendas maçônicas, Rei Salomão, tido como o rei mais
sábio e justo de todos.

Mas a justiça não é algo natural, não é um elemento da natureza, encontrado em todos os
lugares. A justiça é algo alcançado, conquistado. E assim como para se fazer a Luz havia
antes a Escuridão, ou não haveria necessidade da Luz ser feita, para se fazer Justiça deve
haver antes a Injustiça, ou não haverá a necessidade de Justiça.

Entendendo a ligação entre Injustiça e Justiça como início e fim, ação e reação, causa e
efeito, percebe-se a necessidade de um “fio condutor”, de um “combustível” que promova tal
mudança. E, nesse caso, é a Compaixão.

É muito fácil compreender o papel fundamental da Compaixão. Afinal de contas, mesmo


num mundo inundado de Injustiças, se não houvesse Compaixão, por que alguém desejaria e
buscaria promover a Justiça para outros? Faltaria o tal fio condutor, o combustível.
Compaixão é exatamente aquele sentimento benévolo que domina o homem ao presenciar
uma infelicidade ou mal alheio. Nós sentimos compaixão quando vemos alguém sofrendo
uma injustiça. Ou quando assistimos pessoas passando fome e outras necessidades, não por
opção, mas pela falta de opção, pela injustiça socioeconômica.
O maçom deve ter os olhos abertos para os males da sociedade. Ele não pode fechar os olhos
para o sofrimento do próximo, pois o compromisso do maçom é buscar a felicidade da
humanidade. O maçom é um homem de atitude, que procura construir templos às virtudes e
cavar masmorras aos vícios. Ele busca trabalhar de forma Justa e Perfeita. E a compaixão
nada mais é do que um sentimento de quem se incomoda com a infelicidade alheia, pois
deseja a felicidade da humanidade. Nada mais é do que um sentimento de quem se irrita com
as injustiças, pois tem um compromisso com o que é justo. Enfim, a Compaixão é um
sentimento próprio do Maçom, que faz parte do seu ser enquanto houver injustiças no
mundo. É o seu combustível, o mobiliza para seu objetivo como Maçom.

E quais são os caminhos que essa Compaixão nos leva, em direção à Justiça? Podemos crer
que, dentre tantos caminhos, o principal talvez seja a Caridade. Como um dos três pilares da
Escada de Jacó, a Caridade pode ser interpretada como a ação de um homem livre e de bons
costumes quando sente compaixão perante o sofrimento do próximo. Ele tenta reduzir as
injustiças com as quais se depara através de um ato de amor. Não há caminho melhor.

A compaixão é sentimento típico daqueles puros de coração, daqueles que amam ao próximo
e não fecham seus olhos. E a caridade nada mais é do que a prática desse amor. A caridade é
a reação, o efeito da Compaixão.

A busca pela Justiça é um trabalho diário de auto-desenvolvimento. E esse aperfeiçoamento


pessoal não tem valor se não é voltado ao bem do próximo e da humanidade. Albert Pike
bem registrou que "O que fazemos por nós mesmos morre conosco. O que fazemos pelos
outros e pelo mundo permanece e é imortal".

Vê-se que a Compaixão é parte fundamental em todo o processo de evolução maçônica,


porque um maçom nunca se faz de cego perante uma injustiça, ele a sente como se fosse a si
mesmo. E se a evolução se alcança pelo amor ou pela dor, a compaixão está diretamente
ligada a ambos. E o maçom, como construtor social, não se restringe a sentir a compaixão,
ele age a partir dela.

Por Kennyo Ismail

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