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49- Estaca raiz

Integrando o grupo de fundações profundas, à estaca raiz tem se mostrado uma excelente opção
para obras de todo os portes, com uma grande capacidade de carga, que chega a atingir 140 tf,
e com diâmetros de 80 a 500 mm, tem um processo executivo que a coloca num patamar
diferente das demais estacas.

Executada pelo sistema de perfuração rotativa ou a percussão, o solo escavado e extraído

através de uma hélice rotativa com o auxilio de água, em certos casos há também a necessidade
do uso de fluido estabilizante como lama bentonítica ou polímeros sintéticos. Por ter uma
grande tensão no decorrer do seu fuste, a estaca raiz deve ser armada por completo, e por conta
dessa alta taxa de armadura, o seu preenchimento é feito com argamassa de alta resistência
que pode ser pressurizada, o que aumenta sua capacidade de carga uma vez que a pressão
exercida na argamassa produz bulbos no interior do maciço de solo aumentando a rugosidade
da estaca, impossibilitando também a entregada de água durante o processo de concretagem
quando não há o uso de fluido estabilizante. Por essa razão a estaca raiz é a principal alternativa
ao tubulão ar-comprimido.

49.1- Processo executivo

49.1.1 - Execução do furo
O furo da estaca é executado com um equipamento relativamente compacto chamado de
perfuratriz, utilizando segmentos de camisas metálicas rotativas, que na sua ponta possui uma
faca, que ajuda a cortar e penetrar no solo, os furos podem ser executados na vertical ou com
qualquer inclinação de 0 a 90°. O solo escavado é extraído com auxílio de uma hélice rotativa e
água, o que expulsa o solo escavado para fora. Após a execução do furo é feita a lavagem,
retirando qualquer contaminação de solo presente no interior do furo.

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49.1.2- Fabricação e instalação da armadura

As armaduras das estacas do tipo raiz, tem uma alta taxa de aço, se comparadas com os outros
tipos, essas armaduras podem ser montadas fora do canteiro ou no canteiro, o que é mais
comum, para garantir os cobrimentos e facilitar a instalação dentro do furo, são aplicados
espaçadores nas armadura, além de um afunilamento das armaduras da ponta da estaca. Essa
instalação pode ser feita por segmentos quanto o pé direito é limitado, no caso de um reforço
estrutural por exemplo, ou com a armadura total com o auxilio de um equipamento de içamento
ou do próprio equipamento de perfuração. Esse tipo de estaca pode atingir profundidades
superiores a 50m além da possibilidade da perfuração de rochas e matacões, o que permite
inclusive o engastamento da ponta em rocha.

49.1.3- Injeção da argamassa

A argamassa utilizada leva uma alta concentração de cimento, cerca de 600 kg/m³ quase o dobro
do concreto convencional, sua resistência mínima deve ser de 20 Mpa, para garantir a dissipação
das altas tensões no decorrer do seu fuste. A argamassa pode ser simplesmente injetada, ou
injetada e pressurizada, com uma pressão 2 a 4 kg/cm², essa pressurização possibilita uma
penetração da argamassa no solo aumentando a capacidade de carga da estaca. Essa injeção e
feita com as camisas ainda dentro do solo, feita de baixo pra cima, de modo a expulsar a água
ou fluido estabilizante no interior do furo, enquanto a pressurização é feita durante o processo
de retirada das camisas, pressurizada a cada segmento retirado, como a retirada do segmento
somado ao volume do próprio segmento há uma diminuição do nível da argamassa que é
preenchido a cada retirada de segmento

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49.2 - Vantagens da estaca Raiz

 Alta capacidade de carga

 Sem vibração, possibilitando execução próximo a outras edificações
 Não provoca poluição sonora
 Possibilidade de ser executada em espaços pequenos
 Perfura rochas e matacões
 Executa estaca inclinadas de 0° a 90°
 Resiste muito bem a esforços de flexão e cisalhamento

49.3 - Desvantagens da estaca raiz

 Custo muito elevado

 Obra alagada
 Alto consumo de cimento
 Taxa de armadura muito elevada
 Gera impacto ambiental

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49.3- Capacidade de carga em estaca Raiz

Apesar de métodos como Aoki-Velloso e Decourt-Quaresma possibilitarem o calculo de

capacidade de carga para estaca raiz, recomenda-se a utilização de métodos próprios, devido as
características únicas do método executivo, como a aplicação de pressão na injeção da
argamassa, além disso os métodos citados acima, podem dar uma capacidade de carga maior
do que a real para esse tipo de estaca.

Um dos métodos mais aceitos para esse caso é o de David Cabral (1986), que considera a pressão
na argamassa no calculo da capacidade, calculado da seguinte forma:

𝑄𝑢 = 𝑄𝑝 + 𝑄𝑙
Sendo

𝑄𝑝 = 𝐶𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 ú𝑙𝑡𝑖𝑚𝑎 𝑑𝑎 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑎

𝑄𝑙 = 𝐶𝑎𝑝𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑢𝑙𝑡𝑖𝑚𝑎 𝑝𝑜𝑟 𝑎𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜 𝑙𝑎𝑡𝑒𝑟𝑎𝑙

Calculados com:

𝑄𝑙 = 𝑈. 𝑁. 𝛽0. 𝛽1 ; 𝑟𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜 𝑒𝑚 𝑘𝑔𝑓

𝑄𝑝 = 𝐴𝑏. 𝑁. 𝛽0. 𝛽2 ; 𝑟𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜 𝑒𝑚 𝑘𝑔𝑓

Sendo

𝑈 = 𝑃𝑒𝑟í𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑎 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑐𝑎;
𝑁 = 𝑁𝑠𝑝𝑡 𝑑𝑜 𝑠𝑜𝑙𝑜 𝑛𝑎 𝑐𝑎𝑚𝑎𝑑𝑎 𝑒𝑠𝑡𝑢𝑑𝑎𝑑𝑎;

𝐴𝑏 = Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑠𝑒
𝛽0 = 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑐𝑎𝑟𝑎𝑐𝑡𝑒𝑟𝑖𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑎 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 → 1 + 0,11. 𝑡 − 0,01. 𝐷
𝑡 = 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑎 𝑖𝑛𝑗𝑒çã𝑜 𝑒𝑚 𝑘𝑔/𝑐𝑚²
𝐷 = 𝐷𝑖â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑎 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑐𝑎

Valores de β1 e β2
Solo β1 β2
Areia 7 3
Areia Siltosa 8 2,8
Areia argilosa 8 2,3
Silte 5 1,8
Silte arenoso 6 2
Silte argiloso 3 1
Argila 5 1
Argila arenosa 5 1,5
Argila Siltosa 4 1

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49.3.1- Armadura mínima para estaca raiz em razão da carga

Figura 185 - Armadura mínima para estacas raiz - FONTE: Fundesp

49.3.2- Especificações da argamassa para estaca raiz

Estacas Consumo Resistencia a Traço (Cimento: Areia) Relação

mínimo de compressão água/cimento
cimento Fck (Mpa)
(kg/m³)
Armada 600 20 Volume Latas Litros 0,7
(18L)
1:1,5 1:3 36:60

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