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Arquitetura e cidade Marcus Vinicius
de Campina Grande Dantas de Queiroz
em transformação
1930 – 1950
© Todos os direitos desta edição são reservados aos autores/organizadores e à EDUFCG
30/50
Campina Grande em transformação (1930-1950) / Marcus
Vinicius Dantas de Queiroz. ─ Campina Grande: EDUFCG, 2016.
262 f.: il.
ISBN: 978-85-8001-148-7
CDU 72(813.3)
João Faissal
Capa
CONSELHO EDITORIAL
Antônia Arisdélia Fonseca Matias Aguiar Feitosa (CFP)
Benedito Antônio Luciano (CEEI)
Consuelo Padilha Vilar (CCBS)
Erivaldo Moreira Barbosa (CCJS)
Janiro da Costa Rego (CTRN)
Marcelo Bezerra Grilo (CCT)
Marisa de Oliveira Apolinário (CES)
Naelza de Araújo Wanderley (CSTR)
Railene Hérica Carlos Rocha (CCTA)
Rogério Humberto Zeferino (CH)
Valéria Andrade (CDSA)
SUMÁRIO
11 Prefácio
por Maria Ângela Bortolucci
15 Apresentação
19 Quem te viu...
256 Referências
PREFÁCIO
É com muita honra que cumprimos a incumbência de realizar este prefácio e
poderíamos elencar diversas razões, mas queremos destacar pelo menos duas.
A primeira é decorrente da grande admiração que aprendemos a cultivar pelo
competente pesquisador Marcus Vinicius Dantas de Queiroz, a partir dos anos
em que tivemos a oportunidade de orientá-lo no desenvolvimento de seu mes-
trado. A segunda razão está relacionada à própria concretização desta obra.
Dá-nos uma enorme satisfação ver sua cuidadosa dissertação resultar na pu-
blicação de um livro, um livro que fala de sua querida terra natal, Campina
Grande, num tempo em que se buscava a modernização e a identificação com
os preceitos higienistas já conhecidos nas grandes cidades brasileiras no final
do século XIX e começo do século XX.
De maneira muito apropriada, Marcus Vinicius estabelece, como início
do recorte cronológico da pesquisa, a cidade que estava prestes a receber
intenso processo de intervenções urbanas. O marco final é assinalado pela
demolição da antiga sede dos Correios e Telégrafos para dar lugar à Praça da
Bandeira, que caracteriza a área central e encerra esse primeiro ciclo de mo-
dernizações pelo qual passou a cidade de Campina Grande.
Assim, a partir de um recorte temporal preciso, Marcus Vinicius se pau-
tou em uma cuidadosa revisão bibliográfica, contemplando os principais auto-
res pertinentes à temática, que lhe deram respaldo para discutir as reformas
ocorridas à luz de conceitos e experiências em voga no Brasil e no exterior. Sua
pesquisa abarcou também um amplo levantamento documental em arquivos
particulares e públicos e foi fortemente pautada na análise desses documentos
(jornais, fotografias, crônicas, planos urbanos e projetos arquitetônicos, entre
outros), valendo destacar aqui a significativa contribuição do Arquivo Munici-
pal de Campina Grande, uma grata surpresa pela quantidade, qualidade e di-
versidade do acervo existente. Muitos desses documentos foram investigados
pela primeira vez e, juntamente com o valioso material obtido nas entrevistas
com personagens envolvidos nas ações reformistas da época, possibilitaram
que o autor pudesse mergulhar no cotidiano da época, percebendo, inclusive,
o quanto custou à sociedade se adequar às exigências governamentais.
Ao autor interessava, sobretudo, revelar a relação entre o discurso e as
ações executadas pelos vários agentes dessa trama que levaram em pouco
tempo a suplantar a cidade de estrutura oitocentista, onde predominavam os
edifícios térreos e de gosto eclético, por uma nova Campina Grande repleta de
edificações com mais de um pavimento e identificadas com o art-déco, estilo
que foi tão prontamente transformado em símbolo da modernidade que se
desejava conquistar.
10 11
Estamos seguros da importante lacuna que esta obra vem preencher ao nos
permitir acompanhar os meandros das intensas transformações urbanas e ar-
quitetônicas campinenses ocorridas entre as décadas de 1930 e 1950, inspiradas
em teorias e práticas urbanísticas vindas de fora do país e adotadas em outras
cidades brasileiras de contextos econômicos, sociais, políticos e culturais tão
diversos dos de uma cidade do interior paraibano. O autor vai nos surpreendendo
circulação
e nos revelando este universo imbricado de motivações e ações que redunda-
ram em tantas mudanças em tão poucos anos. Um processo que resultou em
um morar aburguesado nos edifícios elegantes da cidade, de novos cotidianos
de uma elite que, todavia, teve que conviver com a permanência de excluídos e
de hábitos ultrapassados. E, por mais que nos pareça transformada, como diz a
música do saudoso Jackson do Pandeiro, afinal, nas palavras muito oportunas do
próprio autor, “não temos uma cidade passada soterrada, mas uma cidade que
foi acumulando camadas a cada vivência, sobrepondo temporalidades”.
A leitura desse livro de Marcus Vinicius, certamente, interessa muito aos
campinenses, mas interessa muito mais a arquitetos, urbanistas, engenheiros e
demais profissionais que lidam com a complexidade das relações urbanas das
cidades brasileiras.
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A P RE S E N TAÇ ÃO
AGRADECIMENTOS
15
FORMATO
16x26cm
TIPOLOGIA
Família Apercu e Apercu Mono
PAPEL
Offset 90 g/m2
NÚMERO DE PÁGINAS
261
Este belo poema de Alberto Caeiro discorre sobre o olhar, mas reporta, também, a outra
forma de poesia: a história. Fazer história é aperceber-se do passado. Não para explicar o
presente, muito menos para aludir à ideia de progresso, mas, para, como nos mostra Caeiro,
ver aquilo que “nunca antes se tinha visto”.
Este livro é uma das mais bem acabadas materializações do que o “aperceber-se do
passado” pode gerar. Em outras palavras, posso dizer que o leitor tem em mãos uma das mais
bem talhadas obras de história urbana produzidas nos últimos anos, no país.
Redigido pelo Professor Marcus Vinicius Dantas de Queiroz, da UFCG, arquiteto e urba-
nista de formação, e historiador por “talento latente”, este livro, originalmente uma disser-
tação de mestrado defendida na USP, em São Carlos, interior paulista, nos mostra como o
conhecimento histórico sobre nossas cidades é uma estrada privilegiada, pois permite apre-
ender ângulos, territórios, rostos, políticas e arquiteturas que ladeiam a constituição do nosso
ambiente e de nossos comportamentos. Redigido com rigor de investigador, lirismo de ho-
mem de letras e conhecimento de arquiteto, produtor de espaços, a obra está longe de ser
um relato memorialista da terra natal, pois, se a motivação inicial era estudar a localidade do
autor, o trabalho se forjou com ímpeto e dedicação profissionais, mobilizando fontes diversas,
como plantas, mapas, fotografias, relatos, jornais, livros, manuscritos... enfim, fontes que,
ao serem vistas para além da dimensão de “informantes sobre o passado”, foram vistas, elas
mesmas, como dotadas de historicidade, revelando dimensões da Modernidade na cidade de
Campina Grande.
Dessa forma, teceu-se uma obra que congrega valor histórico, deleite textual, mas, so-
bretudo, apreciação espacial, pois, sem perder o foco de produzir conhecimento sobre a
arquitetura e a urbanidade, Marcus Queiroz nos revela que uma simples espiadela para o pas-
sado pode render frutos saborosos no presente.