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CroáCia no Brasil após 1941:

terceira fase de imigração

São Paulo
2019
suMário

Apresentação 17

1 História da Língua Croata como História da Croácia


Milan Puh 27

2 A Croácia na Iugoslávia socialista (1945 -1991)


Gustavo Oliveira 43

3 O (des)projeto brasileiro de Nação e os imigrantes do pós-


guerra, 1946-1980.
Roger Cavalheiro Silva 109

4 Estatísticas e números migrantes: a situação no pós-guerra


Milan Puh e Roger Cavalheiro Silva 127

5 História da comunidade croata no Brasil após Segunda Guerra


Mundial: correspondências e publicações
Milan Puh 151

6 Enciclopédia dos Croatas no Brasil


Milan Puh 237

7 Histórias pessoais como vivências croatas


Milan Puh 263

Agora somos todos croatas, um tanto diferentes e um tanto


iguais: conclusões e reflexões sobre a imigração croata no Brasil 367

Sobre os autores 374


história da língua Croata CoMo
história da CroáCia

Milan puh
28 Croácia no Brasil após 1941

Esta introdução foi elaborada a partir da tese de doutoramento Folclore como ação educati-
va na constituição de políticas linguísticas em e para comunidades rurais de origem ucraniana na
Croácia e no Brasil (2017), de Milan Puh, na Universidade de São Paulo.
29

A
or a o pro o pol ico co r la o l n a c o
C
parte de uma discussão mais ampla acerca do rumo do país que
1
a pela predominância de uma posição a respeito do
-
cida como unitarismo

como emancipacionismo
procurando caminhos individuais para o desenvolvimento e reconheci-
mento do estado nacional croata e sua língua. Esse assunto abordamos

19 19
1
tentativas para formar uma política (linguística) própria. Esse enqua-
dramento histórico-conceitual serve como ponto de partida para a
-
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línguas do território croata estabeleceram com ela.

se estabelecer laços políticos com o próprio passado e a necessidade


-
30 Croácia no Brasil após 1941

-
cuparam com o estabelecimento da ligação entre o estágio presente
da língua e seu passado. Como -

consiga garantir às novas gerações o acesso à história e cultura do

proporciona uma identidade a alguma língua está inserido em um

C é importante salientar

-
gua durante a sua história e de toda a nação teve um papel de homo-

a respeito da língua quando prestamos atenção às várias denomina-


-
-

intuito de oferecermos nessa introdução uma outra história pouco co-


B
bastante com o seu estudo e uso).
Sustentaremos a tese de que a posição do croata como língua
-
cias históricas nas quais o país se encontrava e uma série de documen-

pela discussão acerca da posição da língua croata no cenário linguísti-


n a croa a co o is ória croa a 31

-
mente um meio de comunicação.

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C 9 1

1
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língua croata;
1 -
bre a língua croata no âmbito de solução das questões da
4 -
trou no período revolucionário-nacionalista e a Croácia

4 -
191

C -
tarismo como uma nova política da língua chamada de
servo-croata;
4 191
conforme a ideologia unitarista da primeira Iugoslávia
1941 -

posse do país;
1941 -
32 Croácia no Brasil após 1941

da língua croata dos elementos do sérvio e de outras in-


194

novamente preferindo a política unitarista;


194
19 -
ração em Defesa da Língua Croata” como reação à políti-
ca unitarista até então dominante;
19
1991 C -

1991 -
guística chegou a ser comparada à política do período
-

sobre a posição da língua croata no mundo e a entrada do

multiculturalismo e o respeito às minorias nacionais.

-
-

etc.).

entendemos necessário retomar alguns momentos cruciais da história


croata e vinculá-los às questões linguísticas para elucidarmos melhor
C -
ta independente e individual apareceu no século XIX com os ilíricos
- escritores românticos que queriam a emancipação da língua croata
-
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4 C
B -
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1
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um bósnio e um eslove-
no. B 4 -

19 -

cada país continuou aplicando as suas regras e gramáticas. No perío-


-
1941 194 C

do século XIX silenciadas na primeira Iugoslávia; b) a origem da futura

C 1991

B
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anos 1920

fato de que a língua (literária) croata teve sua posição subordinada ao

1941 194
-

1999 1

novo país iria “cuidar” de todos os aspectos considerados importan-


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199 14
C B
-
-
C 19

-
meras línguas.
C
estado concebida e posta em prática desde 1941 no Hrvatski državni
ured za jezik

1 2

pois se considerava que a Croácia pertencia ao mundo ocidental por


-

folclóricos e culturais.
1 No nível morfossintático, a maior dificuldade foi eliminar os sufixos considera-
dos sérvios e os tempos feitos com as preposições em vez de usar os auxiliares (ex. Moram
da kupim (preciso comprar em sérvio) – moram kupiti (preciso comprar em croata) = o
sérvio usa a preposição da + o presente do verbo e o croata somente o infinitivo para
expressar a mesma ação).
2 O léxico representa a maior divergência entre as duas línguas porque o sér-
vio mostra a tendência de aceitar as palavras de várias outras línguas enquanto o croa-
ta tem a tendência de buscar palavras na literatura croata antiga ou de construir novas
palavras como nos seguintes exemplos: funkcioner (sér.) / službenik(cro.) = funcionário;
pantalone (sér.) / hla e (cro.) = calças; pasoš (sér.) / putovnica (cro.) = passaporte; avion
(sér.) /zrakoplov (cro.) = avião; kancelarija (sér.) /ured (cro.) = escritório; peškir (sér.) /
ru nik (cro.) = toalha.
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tudo isso mudou com a formação do Estado Novo Croata em 1941.

19 19 -
mente da política linguística vigente. Com o término da Segunda Guer-

sendo uma temática importante durante a segunda Iugoslávia por-

9
O Partido Comunista combatia o nacionalismo político e o in-
-

19 -
-
nalismo e individualismo linguístico. C período entre
194 19

croata-servo (na Croácia). Para resolver o problema da designação do


que seguiu as prin-
1

9
36 Croácia no Brasil após 1941

como deveria funcionar idealmente) e parou de ser publicado depois


do segundo volume.
Com a mudança da percepção da língua e da importância de

assinada a “Declaração para a Defesa da Língua Croata”. Os signatá-


rios da Declaração de 1968 estavam cientes do fato de que a repres-

dimensão. A condenação da Declaração foi feita por parte das elites

os signatários eram croatas. C 99


que incomodava os críticos croatas que escreveram a Declaração era a
constante ideia de unitarismo presente na política linguística. Também

e com a posição subestimada da língua croata e de sua história. Re-

-
sonagens que participaram da formação da política linguística croata
1991 C
Iugoslávia. Trata-se do primeiro período da história da Croácia em que
houve a elaboração de políticas linguísticas incorporadas ao ensino de
C -

-
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B -

Língua croata como política linguística individual

Esta parte do livro é dedicada à apresentação de um caso es-

C -
ça familiar permanecesse viva no seio da sua família.
-

C -
tante Brasil.

1. Quando começou a aprender a língua?


Comecei a aprender croata aos 11 ou 12 anos (por volta de
1986). Naquela época a minha mãe me mostrou alguns calendários da
C

2. Quem te ensinou? O avô ou a mãe/pai?


38 Croácia no Brasil após 1941

morreu antes do meu nascimento e minha mãe não aprendeu muito


sobre a língua.

3. Como você aprendeu? Quais materiais utilizou e como os utilizou?


Comecei a aprender comparando as frases dos artigos do ca-

funciona. Alguns dos casos como o genitivo e instrumental eram mais

B -

calendário da Matica.

havia muito material disponível na internet.

C
C -

(apenas em croata) e um pequeno livro “Croata em conversação”.


B C
-
n a croa a co o is ória croa a 39

C
pré-requisito.

4. Conversa com alguém na Croácia? E na família?


C B

-
guros. Acho que eles vão começar a falar em croata quando lerem mais
em croata e conseguirem mais vocabulário.

5. O que para te significa aprender croata?


-

Nestas respostas podemos perceber algumas das estratégias


C

comunitário que normalmente serve como incentivador e preservador


da língua aprendida na família. Entendemos que a língua que perma-
-

costumam a perder a base para a sua manutenção.

o acesso principal à língua escrita e aos momentos educativos foi por


C

ele pensou em dois modos de ter acesso à gramáticas e outros materiais


didáticos de apoio.
40 Croácia no Brasil após 1941

Primeiramente entrou em contato com a família que morava na


C -
-

C
língua por meio de cartas e e-mails que eram corrigidas pelo primo
B
a procurar outras pessoas dispostas a trocarem cartas ou outro tipo de
-
tuguesa interessados em troca de conhecimento.

muitas possibilidades de intercâmbio linguístico.


-

depende da boa vontade do indivíduo especialista em responder para


-

C
Zagreb que inclusive oferece cursos gratuitos para os descendentes e
C

C
Fora da Croácia que pode ser um interlocutor interessante para alguém
que procura informações e maneiras de aprender e manter o contato

B
Croatia Sacra Paulistana e Sociedade Amigos da Dalmácia que ofere-

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-
ção de um método pessoal que pode facilitar o estudo de uma língua
-

em aspectos de vocabulário e passível de questionamentos sobre a sua


C
-
mitindo que a vontade de aprender e ensinar crie um círculo de auto
alimentação que nos parece a base mais sólida de garantia de vida para

Aqui encerramos a nossa abordagem introdutória por meio de

C
-
-
B
1

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