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Revista Ultramares Resenha Nº 2, Vol.

2, Jan-Jul/2012 ISSN 2316-1655

Uma visão municipal do mundo português


A municipal look on the portuguese world

Arthur Almeida Santos de Carvalho Curvelo1

APRECIAÇÃO:

MAGALHÃES, Joaquim Romero. Concelhos e organização municipal na Época Moderna. Coimbra:


Imprensa da Universidade de Coimbra, 2011. 254p.

Nas últimas duas décadas é possível observar uma tendência cada vez maior entre os
pesquisadores de divulgar seus trabalhos por meio de artigos. Isso se deve, em boa medida, ao
acesso amplo e gratuito que a maior parte das revistas e periódicos online tem permitido, assim
como à praticidade de se congregar os resultados de projetos de pesquisa em um único livro2.
Se por um lado, essa modalidade de publicação é extremamente benéfica, por permitir um
acesso mais conciso às ideias que cada autor quer transmitir, por outro, acaba estimulando a
dispersão de suas contribuições historiográficas.
É tentando contornar esse problema e, ao mesmo tempo, articulando alguns resultados
de 44 anos de carreira que Joaquim Romero Magalhães publicou pela Editora da
Universidade de Coimbra o seu “Concelhos e organização municipal na Época Moderna”.
Trata-se do primeiro volume de uma série prevista para três coletâneas intitulada “Miunças”
(termo que, aludindo ao conjunto de produtos menos volumosos que compunham parte dos
dízimos, explica o lugar que este trabalho tem na totalidade da obra do autor: um conjunto de
miudezas que passam a ser agrupadas segundo alguma temática e que assim, ganha algum
sentido mais amplo) que tem por objetivo reunir as publicações do autor sobre as temáticas

1
Agradeço a CAPES pelo financiamento da pesquisa.
2
Note-se, por exemplo, a repercussão que as coletâneas organizadas por professores da Universidade Federal
Fluminense e da Universidade de São Paulo tem alcançado sobre as monografias de conclusão de curso,
dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado. Cf.: FRAGOSO, João; GOUVÊA, Maria de Fátima & BICALHO,
Maria Fernanda B. (Orgs.). O antigo regime nos trópicos: a dinâmica imperial portuguesa (séculos XVI-XVIII).
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003; FERLINI, Vera Lúcia & BICALHO, Maria Fernanda (Orgs.). Modos
de Governar: ideias e práticas políticas no Império português – séculos XVI a XIX. São Paulo: Alameda, 2005;
SOUZA, Laura de Mello e; FURTADO, Júnia Ferreira; BICALHO, Maria Fernanda (Orgs.). O Governo dos
Povos. São Paulo: Alameda, 2009; FRAGOSO, João e GOUVÊA, Maria de Fátima (Orgs.). Na trama das redes:
política e negócios no mundo português, séculos XVI-XVIII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.

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dos Concelhos Municipais3, da História Econômica do Algarve e do Regime Republicano em


Portugal.
Nesse primeiro volume, encontram-se reunidos oito artigos – publicados entre 1994 e
2011 – que destacam a força da organização municipal no espaço político português, do reino
e do ultramar, além de trazer um apanhado de fontes que utiliza para trabalhar a atuação de
juízes ordinários, na América Portuguesa, fora do âmbito concelhio.
No primeiro deles, “As estruturas sociais de enquadramento da economia portuguesa de
Antigo Regime: os concelhos” 4, a ideia central é a de que o processo de estruturação dos
poderes em Portugal, no início da Época Moderna, condicionou suas principais
características econômicas. Como principal estratégia para fazer frente à dependência que
tinham em relação aos senhorios e visando fortalecer seu próprio poder, os monarcas
portugueses, passaram a tentar colocar em prática uma série de medidas voltadas, por um
lado, ao fortalecimento do poder concelhio e, por outro, à tentativa de sua uniformização. Com
essa tese, Romero Magalhães nos apresenta um quadro de fortalecimento mútuo dos poderes
centrais e dos poderes locais na constituição do Estado Moderno Português. Para ele, uma
autoridade central só poderia fazer-se presente ao longo daquele território se contasse com o
apoio dos homens poderosos de cada localidade. Estes, ao longo do século XVI e do XVII,
terão suas bases de poder e autonomia cada vez mais ampliadas e garantidas, chegando a
formar, de acordo com o autor, uma verdadeira “oligarquia concelhia” 5. Assim, a distribuição
do Poder em Portugal, pela “hipertrofia” das competências municipais, tem – nas palavras do
autor – uma característica “a-regional” e “anti-regional”. Tal distribuição espacial do poder
seria mantida pelos interesses de uma elite local forte e engajada num posicionamento
político voltado a conservá-la dessa forma, negociando diretamente com o centro e sem
tolerar qualquer espécie de intermediário regional. Ele conclui então que o principal corolário
econômico dessa característica é o isolamento, ou “enquadramento”, de cada concelho em si
mesmo: as câmaras municipais, atuando sobre a regulação do mercado e preservando, cada

3
Optou-se por preservar a grafia lusitana do termo “concelho”, já que mantém a distinção entre os órgãos locais
(concelhos) e aqueles que compunham a Coroa Portuguesa (Conselhos).
4
Publicado com o mesmo título, pela primeira vez, no periódico: Notas econômicas. Coimbra: FEUC, nº 4, 1994.
5
Nuno Gonçalo fez uma ressalva em relação ao uso da expressão “Oligarquias” para referir-se aos grupos que
ocupavam os cargos nas centenas de câmaras portuguesas, já que tende a enquadrar uma vasta pluralidade de
composições sociais num grupo homogêneo. Além disso, ele argumenta que “o termo oligarquias municipais’
tende a conferir uma identidade social a uma categoria institucional (a dos vereadores camarários) cuja
existência como grupo social carece de demonstração” (MONTEIRO, 2006, p.45). Essa serve de “ponto de
partida” para que ele comprove a tendência a um desinteresse das elites locais dos pequenos municípios em
ocupar os espaços da vereança, pelas poucas oportunidades de acrescentamento social que trariam.
MONTEIRO, Nuno. Elites locais e mobilidade social em Portugal no final do Antigo Regime. In: Elites e Poder:
entre o antigo regime e o liberalismo. 2ª Edição revista. Lisboa: ICS. Imprensa de Ciências Sociais, 2006. pp. 37 a
82.

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uma, seus próprios interesses, impediram a formação de mercados regionais integrados e,


consequentemente, a integração econômica do reino.
Seguindo a proposta do primeiro artigo, no segundo, intitulado “Os nobres da
governança das terras”6 Joaquim Romero Magalhães vai examinar mais a fundo o surgimento
desse grupo social que se forma a partir da ocupação dos cargos municipais e do exercício da
vereança. Ele entende que essa “nobreza” finca suas raízes nos “cidadãos” dos concelhos
medievais, grupo que, com as tentativas de uniformização postuladas desde as Ordenações
Afonsinas e das reformas nos forais, tende a se perpetuar na ocupação desses espaços ao
mesmo tempo em que vão se fechando enquanto oligarquias locais. O interesse da monarquia
em fortalecer e, ao mesmo tempo, perpetuar esses “nobres” no governo dos povos é
demonstrado no conjunto de leis que tinham o objetivo de controlar a “qualidade” das pessoas
que poderiam governar os concelhos. Assim, aquilo que poderia parecer uma demonstração da
fraqueza dos poderes centrais em relação à força dos poderes locais é, na verdade, uma
estratégia política da Coroa visando garantir as bases de sustentação de seu poder fora de
Lisboa.
Partindo de uma comparação entre a metade ocidental e a metade oriental do império
português o terceiro artigo, “Algumas notas sobre o poder municipal no Império Português do
oriente durante o século XVI” 7, foca-se sobre as especificidades das Câmaras Municipais do
Estado da Índia. Para ele, o que caracteriza a ocupação portuguesa no Oriente é seu caráter
marcadamente militar. Por conta disso, suas câmaras embrenharam-se nos assuntos militares
com uma frequência muito maior. Era um Estado muito mais difícil de ser administrado, não
só por sua dispersão e pela tremenda distância que o separa do reino, mas, pela quantidade e
pelo poderio dos inimigos, com quem se tinha de lidar frequentemente. Assim, a autonomia
das Câmaras poderia ser bem menor onde houvesse uma autoridade militar de destaque,
como um Governador. Entretanto, Romero Magalhães destaca o incrível poder de resistência
e de denunciação que essas instituições tinham diante de poderes que, teoricamente,
deveriam supervisionar os delas, como os Ouvidores e até os Capitães das Fortalezas.
Em “Uma estrutura do império português – o município: o caso de Macau”8, quarto
artigo da coletânea, é feito um estudo do maior exemplo que a força da organização municipal

6
Publicado pela primeira vez em: Optima Pars, Elites Ibero-Americanas do Antigo Regime. MONTEIRO, Nuno
Gonçalo; CARDIM, Pedro e CUNHA, Mafalda Soares da (Orgs.). Lisboa: ICS. Imprensa de Ciências Sociais,
2005.
7
Publicado sob o título “Algumas notas sobre o poder municipal no império português durante o século XVI” na
Revista Crítica de Ciências Sociais. Coimbra: CES nº 25-26, 1998.
8
Originalmente intitulado “Uma estrutura do mundo português: o município”, publicado no Ciclo de
Conferencias Portugal e o Oriente. Lisboa: Fundação Oriente Quetzal, 1994.

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possuía no mundo português. Por ser a localidade mais distante de Lisboa, o caso de Macau
apresenta-se, ao mesmo tempo, paradigmático e singular no contexto do império.
Paradigmático porque confirma a organização municipal não só como “mais um modelo”, mas
“o” principal modelo de organização da vida em coletividade: Macau surge como tantos
outros municípios, fundado de forma quase automática, pela comunidade mercantil ali
estabelecida, de acordo com as formas de administração que se conheciam no reino. Singular,
porque sua Câmara acumulou poderes e capacidade de autogoverno como nenhuma outra no
império: chama a atenção seu papel diplomático reconhecido e respeitado pelos poderes
centrais e pelos Imperadores da China; além disso, é dessa câmara que provinha a nomeação
do corpo eclesiástico e militar. É, portanto, a câmara que mais potencializou as capacidades
de negociação e de representação nela investidas.
O quinto artigo “Elementos da História Municipal comparada: os impérios português e
espanhol no Atlântico” é formado pela junção e rearranjo de três trabalhos apresentados em
congressos pelo autor, portanto inédito, até então9. Através de uma comparação entre os
modelos de organização municipal aplicados no império português e no espanhol, ele traça
semelhanças e diferenças. Em ambos os casos, as fases de conquista foram logo seguidas pela
fundação de Câmaras Municipais e Cabildos, algo que encara como uma predisposição natural
de se organizar a vida em comunidade com base nos modelos trazidos da península ibérica.
Da mesma forma que no reino, se formaram comunidades políticas no ultramar, dirigidas por
elites locais, cuja lealdade a seus respectivos soberanos assentava a manutenção dos impérios.
Quanto às diferenças, ele dá enfoque à especificidade na composição desses dois órgãos: nas
Câmaras, os oficiais eram escolhidos anualmente por um complexo sistema que envolvia
indicação, eleição e sorteio, de dois juízes ordinários e, no máximo, três vereadores; já nos
Cabildos, por outro lado, poderia haver até doze regidores (oficial equivalente ao vereador
português) que, a partir de 1545, poderia ser um cargo adquirido por meio de compra ou
sistema de herança – que no mundo português só seria cabível a alguns poucos, como os de
tabelião e escrivão.

9
Do mesmo autor: “Os primórdios de uma vida ‘segura e confortável’ no Brasil”. In: O poder local em tempo de
globalização, uma história e um futuro. Coimbra: Imprensa da Universidade – CEFA, 2005; “Respeito e lealdade:
poder real e municípios nas colônias hispânicas durante os séculos XVI e XVII”. In: História do Municipalismo –
Poder Local e poder central no mundo ibérico. Funchal: CEHA, 2006; “A rede concelhia nos domínios
portugueses”. In: Poder Local, cidadania e globalização. Actas do Congresso Comemorativo dos 500 anos de
elevação de Ribeira Grande a Vila (1507-2007). Ribeira Grande: Câmara Municipal, 2008.

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Em “Reflexões sobre a estrutura municipal portuguesa e a sociedade colonial brasileira”


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, tenta demonstrar que o modelo de distribuição dos poderes no reino de Portugal, isto é,
numa estrutura horizontal de caráter “antiregional” e “a-regional”, é aplicável às suas
possessões na América. Argumentando que mesmo havendo poderes nomeados para terem
uma jurisdição e uma abrangência regional (como os Governadores, Ouvidores e Capitães-
Mores) as Câmaras Municipais foram responsáveis por dar estabilidade social aos grupos
políticos locais que, através delas, detinham capacidade elevada para contestar esses poderes
e, na maioria das vezes, saírem vitoriosas nos conflitos de jurisdição. Numa conclusão cheia de
provocações ele defende a existência de uma vasta rede oligárquica que, amparada nos
privilégios que o acesso ao poder municipal lhe garante, perpetua sua estabilidade e coesão: a
força dessas oligarquias municipais é o que explica, em sua opinião, a unidade política de um
território tão vasto como o Estado do Brasil.
“Os municípios e a justiça na colonização portuguesa do Brasil – na primeira metade do
século XVIII”, sétimo artigo, é fruto de uma conferência que o autor proferiu no Recife, no III
Encontro Internacional de História Colonial, sendo esta sua primeira publicação. Nele,
Romero Magalhães atentou que, acompanhando o movimento de expansão das fronteiras na
América Portuguesa, na virada do século XVII para o XVIII, sucede a criação de algumas vilas
nos territórios recém-conquistados. Justificando-se essas fundações na necessidade de melhor
administrar a justiça, criava-se outro problema: a cada nova vila que se funda, se amputa
automaticamente o termo de outra, com ele, fontes de renda e de jurisdição para uma dada
Câmara; além disso, já que ter uma quantidade razoável de habitantes era critério necessário
para se elevar uma povoação à categoria de Vila, não se poderia fundá-las em qualquer
localidade, pois estes se encontrariam territorialmente dispersos. Constituem essas as
condições para a ocorrência de uma das maiores especificidades da administração da justiça
no Brasil: a nomeação de “juízes ordinários”, homens iletrados e sem ligações com Câmaras
Municipais, que exerciam jurisdição por vastos territórios, cuja população estava dispersa e
separada por grandes distâncias de qualquer freguesia ou vila.
O oitavo, e derradeiro artigo, “Documentos sobre ‘Juízes Ordinários’ nos territórios
brasileiros no século XVIII”, até então inédito, aprofunda a discussão proposta no artigo
anterior. Tratando de casos na Bahia, Piauí, Goiás e Minas Gerais, ele identificou um
procedimento comum na nomeação desses “juízes ordinários”. Primeiramente, é feita uma
representação demonstrando a necessidade de a justiça ser administrada numa região remota

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Do mesmo autor, com o mesmo título, foi publicado na Revista de História Económica e Social. Lisboa: Sá da
Costa nº 16, 1985.

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e, em seguida, alguma autoridade de competências centrais, seja um Ouvidor ou um


Governador, procede à criação desse cargo, justificando-a sempre como uma medida
emergencial e provisória, sujeita a confirmação do Conselho Ultramarino. Romero Magalhães
encara a criação desses cargos, nomeados arbitrariamente por autoridades régias, como uma
necessidade advinda da expansão das estruturas de governo para áreas antes não colonizadas
o que prenuncia a formação de uma vila e, com ela, de uma Câmara.
O conjunto da obra oferece uma visão do mundo português através de sua forma de
organização administrativa mais elementar: o município. Sendo a monarquia portuguesa
construída, no reino, com base nas alianças entre uma autoridade central e múltiplas
autoridades locais não é difícil fazer abranger essa dinâmica para a formação do espaço
político dos ultramares. A maior parte dos territórios não contava com a presença de oficiais
régios, mas grande parte deles contava com a organização municipal, ou um representante da
justiça (mesmo que ordinária e iletrada). Mesmo assim, as autoridades régias raramente saíam
dos locais de sua residência, e mesmo quando o faziam, nem sempre tinham condições de
jurisdicionar em todas as povoações debaixo de sua alçada: ao longo de um ano, o ouvidor de
Pernambuco, por exemplo, no último quartel do século XVII, não tinha a menor condição de
percorrer todas as povoações da Capitania, ao ponto de aparecer em algumas delas, como
Alagoas do Sul, uma vez a cada dois anos11.
Assim, temos o vislumbre de uma monarquia interligada pela “malha” ou “rede
concelhia”. Esta rede garantia a possibilidade de negociação de interesses centrais e locais
aonde quer que sua abrangência alcançasse. Para o rei, sua existência materializava um
verdadeiro campo de comunicação e de conexão. Para as elites locais, significava um portal de
acesso ao monarca e, portanto, um canal de legitimação de sua distinção social. Se o Reino de
Portugal e suas conquistas formavam efetivamente uma monarquia pluricontinental12, suas
bases se assentam na força dos municípios: em situações de guerras, forneciam condições para
a defesa das praças; na frequente escassez de recursos do Erário, eles arrecadavam os
donativos; aonde a justiça régia não chegava, lá estavam a jurisdicionar. Entretanto, não basta
entender esta rede como uma mera cadeia de transmissão de ordens, pois receber ordens de
um poder central não significa, necessariamente, cumprir com elas. Como defende Joaquim
Romero Magalhães, as Câmaras estavam sempre dispostas a negociar e esquivar-se das
vontades de El Rei.
11
Algumas correições dos Ouvidores de Pernambuco ficaram registradas no Segundo Livro de Vereações da
Câmara de Santa Maria Madalena da Lagoa do Sul: Arquivo do IHGAL 00006-01-02-01 2º Livro de Vereações da
Câmara de Alagoas do Sul.
12
Como tem sugerido, dentre outros, os trabalhos de João Fragoso e Maria de Fátima Gouvêa, Cf. FRAGOSO e
GOUVÊA, 2010, Op. Cit.

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