Você está na página 1de 24

Introdução à

Saúde Coletiva
Material Teórico
Epidemiologia em Saúde Bucal

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Ms. Viviane Rodrigues Vilela
Profa. Ms. Gizela Faleiros Dias Costa

Revisão Textual:
Profa. Ms. Sandra Regina F. Moreira
Epidemiologia em Saúde Bucal

• Epidemiologia em Saúde Bucal


• Epidemiologia da Cárie Dentária
• Epidemiologia da Doença Periodontal
• Epidemiologia do Câncer Bucal
• Epidemiologia do Traumatismo Dentário
• Epidemiologia da Fluorose Dentária
• Epidemiologia do Edentulismo
• Epidemiologia da Má-Oclusão

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Entender a importância da epidemiologia no conhecimento e
enfrentamento dos principais problemas de saúde bucal da população.
· Para maiores informações sobre esses assuntos e para aprofundar
seus conhecimentos, a sugestão é a leitura do capítulo 3 do livro
Saúde Coletiva: Políticas, Epidemiologia da Saúde Bucal e Redes de
Atenção Odontológica, do autor Samuel Jorge Moysés, e do capítulo
5 do livro Saúde Bucal Coletiva, do autor Vitor Gomes Pinto.
· Também, é muito importante que você leia e assista aos vídeos do
material complementar sugeridos para esta unidade.
· Durante a realização desta Unidade, não esqueça:
· Fique atento à realização da Atividade de Sistematização, não
deixe para resolvê-la na última hora, e, caso necessite de ajuda,
entre em contato com seu professor tutor.
· Realize a atividade de Reflexão, que é uma produção de texto.
· Participe do Fórum de Discussão. Ele é uma ferramenta importante
de interação entre você, seus colegas e seu professor tutor.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.

No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Epidemiologia em Saúde Bucal

Epidemiologia em Saúde Bucal


Epidemiologia, sua origem deriva do grego, onde epi=sobre, demos=povo e
logos =estudo, portanto, a definição mais aceita é a proposta por Last (1988)
como o estudo da frequência, da distribuição e dos determinantes de estados ou
eventos relacionados à saúde em populações específicas, e a aplicação desses
estudos no controle dos problemas de saúde.

A epidemiologia no SUS (Sistema Único de Saúde) está prevista na Lei 8080


de 1990, em seu capítulo II, artigo 7, onde enfatiza: “a utilização da epidemiologia
para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação
programática”

A Epidemiologia em saúde bucal, portanto, é o estudo das doenças bucais


numa população, identificando mudanças na distribuição de doenças no tempo ou
espaço, além de reconhecer os grupos populacionais com maior necessidade em
saúde. Através desse estudo busca-se conhecer todos os aspectos dessas doenças
e sua inter-relação com os determinantes biopsicossociais para que seja possível
alcançar os princípios do SUS de universalidade, integralidade e equidade.

Em Síntese Importante!

A epidemiologia favorece a tomada de decisões para que sejam realizadas ações de


saúde pautadas na realidade local, apontando os grupos que necessitam de priori-
dade de atenção, possibilitando, assim, a avaliação dos impactos das ações que
foram desenvolvidas.

É importante definir alguns conceitos relacionados à epidemiologia:


• Índices: são expressados em valores numéricos precisos. Os índices geralmente
são empregados em estudos de prevalência e incidência.
• Prevalência: é o número de casos da doença em um determinado local e em
determinado período de tempo. É definida pela fórmula:

Nº de casos existentes de uma doença ocorridos numa população em determinado período x 10n
Total da população

• Incidência: número de casos novos da doença que surgiram em determinado


período de tempo em determinada população. É definida pela fórmula:

Nº de casos novos de uma doença ocorridos numa população em determinado período x 10n
Total da população

8
• Indicadores: possuem um sentido mais amplo e podem incluir tanto alguns
índices, quanto informações qualitativas como condições de vida, acesso a
serviços de saúde etc. São os dados já analisados.

Uma mesma doença pode apresentar:


Explor

• Baixa incidência e alta prevalência – como na hipertensão.


• Alta incidência e baixa prevalência – como no surto recente de febre amarela.

Algumas doenças bucais são identificadas como problemas de saúde pública,


por isso, merecem destaque em sua epidemiologia. Dentre elas: a cárie, uma das
doenças mais prevalentes em todo o mundo; a doença periodontal; alterações de
oclusão dentária e outros agravos de saúde bucal que serão comentados a seguir.

Epidemiologia da Cárie Dentária


Cárie dentária é uma condição multifatorial dependente de biofilme-açúcar, na
qual a lesão do esmalte é decorrente do acúmulo de bactérias sobre os dentes e da
ingestão frequente de açúcar, provocada pelo desequilíbrio de fatores considerados
fisiológicos, pertencentes à biodiversidade da cavidade bucal.

A presença de biofilme sobre os dentes é um fator necessário para ocorrência da


cárie, a ingestão de açúcares na dieta e a sua frequência são fatores determinantes
positivos para o aparecimento da lesão. Pode-se, ainda, enfatizar os fatores
moduladores, dentre eles os salivares e os comportamentais que podem alterar o
processo de des-remineralização, levando ao início da desmineralização.

O sucesso na prevenção da cárie está diretamente relacionado ao conhecimento


do ambiente e à realidade da população estudada, o que explica e justifica a
necessidade do conhecimento de sua epidemiologia.

Os fatores que interferem na Epidemiologia da Cárie Dental são: Idade: há uma


possível correlação positiva entre a doença e a idade; Sexo: maior prevalência no
sexo feminino até os 18 anos, provavelmente porque nas mulheres a dentição
erupciona mais cedo; Grupo étnico: a prevalência independe do grupo étnico.

Indíces de cárie:
• Knust: Divide-se os indivíduos em dois grupos: aqueles que já apresentaram
ou apresentam lesões de cárie e os livres de cárie. O resultado é expresso
em percentual.
• CPO-D: Esse índice mede o ataque de cárie. Foi formulado por Klein e Palmer
em 1937, e ainda é considerado o índice mais utilizado para o diagnóstico das
condições dentais, e para criação e avaliação de programas de saúde bucal.
Suas iniciais CPO significam (Cariado, Perdido, Obturado).

9
9
UNIDADE Epidemiologia em Saúde Bucal

• ceo-d: Para a dentição decídua são utilizados as letras minúsculas c cariado,


e extração indicada e o obturado. A extração indicada é utilizada devido às
perdas dentárias que ocorrem naturalmente pela esfoliação.

Para obtenção do CPO-D e ceo-d, faz-se necessário a realização de um


levantamento epidemiológico no qual as condições apresentadas são anotadas em
um formulário, disponibilizado pela OMS, na 4ª. edição do Manual de Instruções
para Levantamento Epidemiológico Básico em Saúde Bucal (WHO, 1997).

São utilizados letras (dentes decíduos) e números (dentes permanentes) para o


registro da cárie dentária, recebendo cada dente apenas uma codificação. Quando
há, simultaneamente, a presença de decíduos e permanentes, só a condição do
permanente deve ser considerada.

Tabela 1
Código
Dentes Decíduos Dentes Permanentes Condição/Estado
Coroa Coroa Raiz
A 0 0 Hígido
B 1 1 Cariado
C 2 2 Restaurado mas com cárie
D 3 3 Restaurado e sem cárie
E 4 Não se aplica Perdido devido à cárie
F 5 Não se aplica Perdido por outras razões
G 6 Não se aplica Apresenta selante
H 7 7 Apoio de ponte ou coroa
Não erupcionado –
K 8 8
Raiz não exposta
T T Não se aplica Trauma (fratura)
L 9 9 Dente excluído

Os critérios de diagnóstico e sua codificação são os que seguem abaixo, extraídos


na íntegra do Manual de equipe de campo do último levantamento epidemiológico
realizado no Brasil, SB BRASIL 2010.

0(A) – Coroa Hígida. Não há evidência de cárie. Estágios iniciais da doença


não são levados em consideração. Os seguintes sinais devem ser codificados como
hígidos: • manchas esbranquiçadas; • manchas rugosas resistentes à pressão da
sonda OMS; • sulcos e fissuras do esmalte manchados, mas que não apresentam
sinais visuais de base amolecida, esmalte socavado, ou amolecimento das paredes,
detectáveis com a sonda OMS; • áreas escuras, brilhantes, duras e fissuradas do
esmalte de um dente com fluorose moderada ou severa; • lesões que, com base
na sua distribuição ou história, ou exame táctil/visual, resultem de abrasão. Raiz
Hígida. A raiz está exposta e não há evidência de cárie ou de restauração (raízes não
expostas são codificadas como “8”). Nota: Todas as lesões questionáveis devem ser
codificadas como dente hígido.

10
1(B) – Coroa Cariada Sulco, fissura ou superfície lisa apresenta cavidade
evidente, ou tecido amolecido na base, ou descoloração do esmalte, ou de parede,
ou há uma restauração temporária (exceto ionômero de vidro). A sonda OMS deve
ser empregada para confirmar evidências visuais de cárie nas superfícies oclusal,
vestibular e lingual. Na dúvida, considerar o dente hígido. Na presença de cavidade
originada por cárie, mesmo sem doença no momento do exame, deve-se, como
regra de decisão, considerar o dente atacado por cárie, registrando-se cariado.
Entretanto, este enfoque epidemiológico não implica admitir que há necessidade
de uma restauração. Raiz Cariada. A lesão pode ser detectada com a sonda OMS.

2(C) – Coroa Restaurada, mas cariada. Há uma ou mais restaurações e, ao


mesmo tempo, uma ou mais áreas estão cariadas. Não há distinção entre cáries
primárias e secundárias, ou seja, se as lesões estão, ou não, em associação física
com a(s) restauração(-ões). Raiz Restaurada, mas cariada. Idem coroa restaurada,
mas cariada.

3(D) – Coroa Restaurada e Sem Cárie. Há uma ou mais restaurações definitivas


e inexiste cárie primária ou recorrente. Um dente com coroa colocada devido
à cárie inclui-se nesta categoria. Se a coroa resulta de outras causas, como
suporte de prótese, é codificada como 7 (H). Raiz Restaurada e Sem Cárie. Idem
coroa restaurada e sem cárie. Em situações onde coroa e raiz estão envolvidas,
a localização mais provável da lesão primária é registrada como restaurada.
Quando não é possível avaliar essa probabilidade, tanto a coroa quanto a raiz são
registradas como restauradas. Nota: Com relação aos códigos 2(C) e 3(D), apesar
de ainda não ser uma prática consensual, a presença de ionômero de vidro em
qualquer elemento dentário será considerada, neste estudo, como condição para
elemento restaurado.

4(E) – Dente Perdido Devido à Cárie. Um dente permanente ou decíduo foi


extraído por causa de cárie e não por outras razões. Essa condição é registrada
na casela correspondente à coroa. No caso de dentes decíduos, deve-se aplicar
apenas quando o indivíduo está numa faixa etária na qual a esfoliação normal não
constitui justificativa suficiente para a ausência. Nesses casos, o código registrado
na casela correspondente à raiz é 9 ou 7 (quando tiver um implante no lugar). Em
algumas idades pode ser difícil distinguir entre dente não irrompido (código 8) e
dente perdido (códigos 4 ou 5). Fazer relações (cronologia da erupção, experiência
de cárie etc.) pode ajudar na tomada de decisão.

5(F) – Dente Perdido por Outra Razão. A ausência se deve a razões ortodônticas,
periodontais, traumáticas ou congênitas. Nesses casos, o código registrado na
casela correspondente à raiz é “7” ou “9”. O código para decíduos (F) nestes
casos, deverá ser utilizado com certa cautela, uma vez que, a partir dos 5 anos,
geralmente o espaço vazio se deve à exfoliação natural, devendo ser codificado
como coroa não erupcionada (código “8”).

11
11
UNIDADE Epidemiologia em Saúde Bucal

6(G) – Selante. Há um selante de fissura ou a fissura oclusal foi alargada para


receber um compósito. Se o dente possui selante e está cariado, prevalece o código
1 ou B (cárie).

7(H) – Apoio de Ponte ou Coroa. Indica um dente que é parte de uma prótese
fixa. Este código é também utilizado para coroas instaladas por outras razões que
não a cárie, ou para dentes com facetas estéticas. Dentes extraídos e substituídos
por um elemento de ponte fixa são codificados, na casela da condição da coroa,
como 4 ou 5, enquanto o código 9 deve ser lançado na casela da raiz. Implante:
Registrar este código (7) na casela da raiz.

8(K) – Coroa Não Erupcionada. Quando o dente permanente ou decíduo


ainda não foi erupcionado, atendendo à cronologia da erupção. Não inclui dentes
perdidos por problemas congênitos, trauma etc. Raiz Não Exposta. Não há
exposição da superfície radicular, isto é, não há retração gengival para além da
junção cemento-esmalte.

T(T) – Trauma (Fratura). Parte da superfície coronária foi perdida em


consequência de trauma e não há evidência de cárie. Restaurações decorrentes de
fratura coronária devem ser registrados como Trauma (T).

9(L) – Dente Excluído. Aplicado a qualquer dente permanente que não possa ser
examinado (bandas ortodônticas, hipoplasias severas etc.). Quando há 5 ou mais
dentes com bandas o portador será excluído da amostra. Braquetes, em qualquer
número, não inviabilizam os exames e, assim, não constituem obstáculo para
aproveitamento do elemento amostral.

Indica-se ainda que, junto com a análise das condições dentárias, sejam realizadas
as necessidades de tratamento, conforme a tabela abaixo:

Tabela 2
Código Tratamento
0 Nenhum
1 Restauração de 1 superfície
2 Restauração de 2 ou mais superfícies
3 Coroa por qualquer razão
4 Faceta estética
5 Tratamento pulpar e restauração
6 Extração
7 Remineralização de mancha branca
8 Selante
9 Sem informação

12
Trocando ideias...Importante!
O CPO-d será a somatória da quantidade de dentes com os números: 1+2+3+4.
O ceo-d será a somatória da quantidade de dentes com as letras: B+C+D+E.

Nos gráficos abaixo é possível avaliar a situação epidemiológica frente à doença


cárie. Os dados foram obtidos durante o último levantamento epidemiológico
realizado no Brasil, SB-2010.

CPO-D e componentes aos 12 anos, segundo a região


3,5
3,16
3,0
2,63 2,63
2,5
2,06 2,07
2,0 1,72
1,5

1,0

0,5

0,0
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil

Cariado Obt/Cariado Obturado Perdido

Figura 1

Média do CEO/CPO e respectivos componentes, segunto o grupe etário


30,0
27,53
25,0

20,0
16,75
15,0

10,0

5,0 4,25
2,43 2,07
0,0
5 anos 12 anos 15 a 19 anos 35 a 44 anos 65 a 74 anos

Cariado Obt/Cariado Obturado Perdido

Figura 2

13
13
UNIDADE Epidemiologia em Saúde Bucal

Você Sabia? Importante!

No final de 1993, durante o “4° Congresso Mundial de Odontologia Preventiva”,


realizado em Umea (Suécia), a OMS propôs novas metas para o ano 2010 em
relação à saúde bucal:
•  90% de pessoas sem cárie na idade de 5 a 6 anos;
•  CPOD menor que 1 aos 12 anos de idade;
•  Não haver perda dental aos 18 anos de idade;
•  Entre as idades de 35 a 44 anos não haver mais que 2% de desdentados.

Epidemiologia da Doença Periodontal


A doença periodontal é caracterizada por ser uma condição inflamatória, de
caráter crônico e de origem bacteriana. Sua extensão pode ser limitada ao tecido
de suporte (gengiva), ou avançar e atingir os tecidos de sustentação (cemento,
ligamento periodontal e osso) dos dentes envolvidos.
O índice mais utilizado para avaliar a condição periodontal é o CPI (Índice
Periodontal Comunitário), proposto pela OMS, que é complementado pelo exame
da Perda de Inserção Periodontal (PIP) para a população adulta e idosa.
• Índice Periodontal Comunitário:
permite avaliar a condição perio-
dontal quanto à higidez, sangra-
mento e presença de cálculo ou
bolsa. Para realização dos exames
11,5 mm
utiliza-se a sonda da OMS. 8,5 mm

Dentes-Índices – Até 19 anos: 16,


5,5 mm

3,5 mm
11, 26, 36, 31 e 46. - 20 anos ou
mais: 17, 16, 11, 26, 27, 37, 36,
Figura 3
31, 46 e 47. Fonte: saude.gov.br

O registro das condições deve ser feito de forma separada para sangramento,
cálculo e bolsa, do seguinte modo:
Tabela 3
0 1 2 X 9
Sangramento Normal Presença ---- Sextante excluído Não examinado
Cálculo Dentário Normal Presença ---- Sextante excluído Não examinado
Bolsa Periodontal Normal Presença de Bolsa Presença de Bolsa Sextante excluído Não examinado
Rasa (entre 4 e 5 Profunda (maior
mm) que 6 mm)

• Índice de Perda de Inserção Periodontal: permite avaliar a condição da


inserção periodontal, tomando como base a visibilidade da junção cemento-
esmalte (JCE).

14
Tabela 4
Códi go Con di ção Critéri o
0 Perda de inserção entre 0 e 3 mm JCE não visível e CPI entre 0 e 3.
1 Perda de inserção entre 4 mm e 5 mm JCE visível na área preta da sonda CPI.
2 Perda de inserção entre 6 mm e 8 mm JCE visível entre limite superior da área preta da sonda CPI
e a marca de 8,5 mm.
3 Perda de inserção entre 9 mm e 11 mm JCE visível entre as marcas de 8,5 mm e 11,5 mm.
4 Perda de inserção de 12 mm ou mais JCE visível além da marca de 11,5 mm
X Sextante Excluído Quando menos de dois dentes funcionais estão presentes
9 Não examinado Quando não se aplica à idade em questão
Exemplos

0 0 1 2 3 4

WHO 96220
Fonte: saude.gov.br

No SB Brasil 2010, notou-se que a presença de cálculo foi a condição mais


expressiva, presente em 28,6% dos adultos examinados. E que 19,4% tinham
bolsas periodontais, sendo 15,2% rasas e 4,2% profundas.

Outra condição que merece destaque é a presença de sangramento gengival,


que foi apresentada por um quarto dos adolescentes de 12 anos de idade, um terço
dos adolescentes de 15 a 19 anos, aproximadamente a metade dos adultos entre
35 a 44 anos de idade e menos de um quinto dos idosos.
Explor

Doença Periodontal: https://youtu.be/zryZWS_PDrk

Epidemiologia do Câncer Bucal


O câncer bucal é aquele que afeta lábios e o interior da cavidade oral. Dentre
os fatores de risco destaca-se o tabagismo, sendo relatado pelo INCA que 90%
dos portadores desse tipo de tumor são fumantes. Outros fatores que devem ser
levados em consideração são: hábito de ingerir bebidas alcoólicas, radiação solar
e o vírus HPV (papilomavírus humano).

15
15
UNIDADE Epidemiologia em Saúde Bucal

O câncer bucal representa o 6º câncer mais comum no mundo, constituindo-se


em um grande problema de saúde pública. A estimativa do INCA (Instituto Nacional
de Câncer) para 2016 é de 15.490 casos novos da doença, sendo 11.140 homens
e 4.350 mulheres. No ano de 2013 foram registradas 5.401 mortes.

Figura 5
Fonte: Acervo do conteudista

Epidemiologia do Traumatismo Dentário


O trauma dentário pode ser de natureza térmica, química ou mecânica. Um
dente traumatizado não possui reparo biológico, o que o diferencia de qualquer
outro órgão do organismo.

No último levantamento epidemiológico, o SB-2010, foi inédita a avaliação


da presença de traumatismo na idade de 12 anos, sendo utilizados critérios para
identificar sinais de fratura coronária e avulsão dentária em incisivos superiores e
inferiores permanentes. Os códigos utilizados encontram-se na tabela abaixo:

Tabela 5
Códi go Critéri o Descri ção

0 Nenhum traumatismo Nenhum sinal de fratura ou ausência dentária devido a


traumatismo
1 Fratura de esmalte Perda de pequena porção da coroa envolvendo apenas esmalte,
ou fratura envolvendo esmalte.
2 Fratura de esmalte e dentina Perda de porção maior da coroa envolvendo esmalte e dentina
(nota-se a diferença de coloração, sendo mais amarelada para a
estrutura dentinária) ou fratura envolvendo esmalte e dentina
3 Fratura de esmalte e dentina com Perda de porção maior da coroa envolvendo esmalte, dentina
exposição pulpar (nota-se a diferença de coloração, sendo mais amarelada para a
estrutura dentinária) e exposição da polpa, sangramento ou
ponto escuro na porção central da estrutura de dentina exposta
ou fratura envolvendo esmalte, dentina e polpa
4 Ausência do dente devido a Ausência do dente devido à avulsão ou dente perdido devido a
traumatismo traumatismo

9 Exame não realizado O dente não pode ser examinado devido a uso de aparelho
ortodôntico ou outro motivo.

Fonte: saude.gov.br

16
Para o Brasil, a prevalência de traumatismo dentário foi 20,5%. O tipo de
lesão mais frequente foi a fratura de esmalte. A fratura de esmalte e dentina foi
identificada em 4,0% das amostras, e somente 0,2% dos examinados apresentaram
fratura de esmalte e dentina com exposição pulpar. A perda dentária causada por
um traumatismo foi de 0,1%. Confira na tabela abaixo:
Tabela 6
Fratura de esmalte / Fratura c/ exposição
Nenhum traumatismo Fratura de esmalte Ausência devida a trauma
Região n dentina pulpar
IC (95%) IC (95%) IC (95%) IC (95%) IC (95%)
% % % % %
L.I. L.S. L.I. L.S. L.I. L.S. L.I. L.S. L.I. L.S.
Norte 1.695 74,7 69,8 79,0 21,8 18,3 25,8 2,9 1,8 4,9 0,5 0,1 1,7 0,1 0,0 0,2
Nordeste 2.014 77,6 73,6 81,1 17,7 14,8 21,0 4,2 3,1 5,8 0,2 0,1 0,7 0,3 0,1 1,2
Sudeste 1.331 81,2 78,7 83,5 14,7 12,5 17,2 4,0 2,4 6,6 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0 0,3
Sul 998 79,0 72,9 84,0 17,6 13,4 22,8 2,8 1,1 6,9 0,6 0,1 2,5 0,0 0,0 0,2
Centro-Oeste 1.170 75,5 71,6 79,0 21,1 17,7 25,0 3,0 1,9 4,6 0,4 0,1 1,5 0,1 0,0 0,4
Brasil 7.208 79,5 77,7 81,3 16,5 14,9 18,3 3,7 2,6 5,2 0,2 0,1 0,3 0,1 0,0 0,2

Fonte: saude.gov.br

Epidemiologia da Fluorose Dentária


A fluorose dentária é caracterizada pela presença de manchas brancas, ou de
defeitos de maior grau de severidade, que acontecem na mineralização do esmalte,
causada pela exposição crônica à altas concentrações de flúor durante o processo
de formação do germe dentário.

As pesquisas epidemiológicas sobre fluorose dentária são importantes para


avaliarem as medidas de saúde pública de prevenção à cárie, dentre elas, a
fluoretação das águas e o uso de creme dental fluoretado.

A Fluorose Dentária, no SB BRASIL 2010, foi avaliada em crianças de 12


anos. A análise foi feita através da classificação conhecida como Índice de Dean
onde, seguindo as recomendações da OMS, anota-se o escore dos dois dentes mais
afetados. Os critérios e códigos para registro estão descritos no quadro a seguir:

Tabela 7
Classificação Valor Critério de diagnóstico

Normal 0 O esmalte apresenta translucidez usual com estrutura semi-vitriforme. A superfície é


lisa, polida, cor creme clara.

Questionável 1 O esmalte revela pequena diferença em relação à translucidez normal, com


ocasionais manchas esbranquiçadas. Usar este código quando a classificação “normal”
não se justifica.

Muito Leve 2 Áreas esbranquiçadas, opacas, pequenas manchas espalhadas irregularmente pelo
dente, mas envolvendo não mais que 25% da superfície. Inclui opacidades claras com
1mm a 2 mm na ponta das cúspides de molares (picos nevados).

Leve 3 A opacidade é mais extensa, mas não envolve mais que 50% da superfície.

Moderada 4 Todo o esmalte dentário está afetado e as superfícies sujeitas à atrição mostram-se
desgastadas. Pode haver manchas castanhas ou amareladas freqüentemente
desfigurantes.

Grave 5 A hipoplasia está generalizada e a própria forma do dente pode ser afetada. O sinal
mais evidente é a presença de depressões no esmalte, que parece corroído. Manchas
castanhas generalizadas.

Sem Informação 9 Quando, por alguma razão (próteses, p. ex.), um indivíduo não puder ser avaliado
quanto à fluorose dentária. Utilizar este código também nas situações em que o
exame não estiver indicado (65 a 74 anos, p.ex.).

Fonte: saude.gov.br

17
17
UNIDADE Epidemiologia em Saúde Bucal

Figura 6
Fonte: fluoridesandhealth.ie

Epidemiologia do Edentulismo
O edentulismo, em sua definição, é a ausência parcial ou total de dentes, sendo
considerado como problema de saúde pública de suma importância, devido à sua
alta prevalência e por acarretar danos estéticos, funcionais, psicológicos e sociais.
A importância de avaliar o edentulismo, em levantamentos epidemiológicos, é
tanto para analisar a gravidade do problema como para realizar o planejamento a
partir da análise das necessidades.
O edentulismo, no SB Brasil 2010, foi avaliado nos grupos etários de 15 a 19,
35 a 44 e 65 a 74 anos. Foram avaliadas as próteses presentes e as necessidades
de prótese, seja por ausência, ou por troca de uma antiga que não estivesse mais
adequada para o uso. Os resultados em relação à necessidade de prótese estão
apresentados na tabela abaixo:

Tabela 8
Necessidade de Prótese
Não Necessita
Parcial 1 maxilar Parcial 2 maxilar Total 1 maxilar Parcial + Total Total 2 maxilar
Região n
IC (95%) IC (95%) IC (95%) IC (95%) IC (95%) IC (95%)
% % % % % %
L.I. L.S. L.I. L.S. L.I. L.S. L.I. L.S. L.I. L.S. L.I. L.S.
Norte 1.342 71,0 63,9 77,1 21,7 16,2 28,5 7,3 4,8 11,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Nordeste 1.409 83,0 79,2 86,3 12,5 9,9 15,8 4,4 2,9 6,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
15 a 19 anos

Sudeste 900 88,1 83,1 91,7 8,9 6,1 12,8 3,1 1,7 5,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Sul 808 90,8 86,3 93,9 6,8 4,3 10,3 2,5 1,2 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Centro-Oeste 878 88,5 84,2 91,7 10,3 7,1 14,9 1,2 0,7 2,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Brasil 5.337 86,3 83,3 88,9 10,3 8,3 12,6 3,4 2,4 4,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Norte 2.275 16,7 13,5 20,5 47,5 40,9 54,2 34,0 26,6 42,3 0,4 0,2 1,0 1,1 0,5 2,4 0,3 0,1 1,4
Nordeste 2.204 21,1 18,4 24,1 45,6 42,5 48,7 31,2 28,4 34,1 0,7 0,4 1,4 1,1 0,6 2,2 0,3 0,1 0,6
35 a 44 anos

Sudeste 1.471 33,2 28,2 38,6 39,5 35,1 44,1 26,1 22,6 29,8 0,7 0,3 1,6 0,2 0,1 0,9 0,3 0,1 0,7
Sul 1.489 37,1 30,3 44,6 41,8 35,7 48,2 19,9 16,8 23,5 0,4 0,1 1,2 0,4 0,1 1,2 0,3 0,1 1,4
Centro-Oeste 1.297 26,6 22,4 31,4 44,0 40,1 48,0 27,9 24,5 31,6 0,5 0,2 1,2 0,8 0,4 1,9 0,1 0,0 0,7
Brasil 8.736 31,2 27,9 34,8 41,3 38,3 44,3 26,1 23,8 28,6 0,6 0,3 1,1 0,4 0,3 0,7 0,3 0,2 0,5
Norte 985 2,8 1,3 5,6 36,3 28,8 44,5 15,4 11,2 20,9 23,4 17,2 30,9 4,6 3,1 6,7 17,6 13,4 22,8
Nordeste 1.303 3,9 2,6 5,8 29,0 25,3 33,1 26,0 22,0 30,5 18,3 14,5 22,8 6,7 4,9 9,0 16,1 12,6 20,4
65 a 74 anos

Sudeste 613 7,3 4,4 11,7 33,0 25,4 41,6 20,8 15,0 27,9 17,9 14,2 22,4 4,2 1,8 9,2 16,9 11,5 24,2
Sul 523 12,7 8,6 18,4 45,7 39,3 52,1 14,3 10,3 19,5 14,3 9,4 21,1 6,1 3,0 12,1 6,9 3,8 12,1
Centro-Oeste 501 5,2 3,2 8,5 26,9 21,5 33,2 21,3 15,4 28,8 20,3 15,3 26,5 8,2 5,2 12,6 18,0 12,2 25,9
Brasil 3.925 7,3 5,3 9,9 34,2 29,3 39,5 20,1 16,4 24,4 17,9 15,4 20,8 5,0 3,3 7,7 15,4 11,9 19,8

Fonte: saude.gov.br

18
As desigualdades regionais relativas às perdas dentárias são marcantes,
principalmente entre jovens e adultos. De maneira geral, residentes nas regiões
Norte e Nordeste apresentam maiores perdas e, portanto, maiores necessidades
de prótese dentária. Esses dados refletem a diferença das ações de prevenção e o
acesso ao tratamento dentário entre as diferentes regiões do país.

O IBGE realizou, em 2013, uma Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), em convênio com o
Explor

Ministério da Saúde e visitou cerca de 80 mil domicílios, em 1.600 municípios de todo o


país. O resultado foi que o Brasil tem 11% da sua população sem nenhum dente, o que
corresponde a um montante de 16 milhões de pessoas. Das pessoas com 60 anos ou mais,
41,5% já perderam todos os dentes. E 22,8% dos brasileiros sem nenhuma instrução, ou
sem ensino fundamental concluído, estão completamente desdentados. Além disso, 23%
dos brasileiros perderam 13 dentes ou mais, e 33% usam algum tipo de prótese dentária.
https://goo.gl/6TrQxe

Epidemiologia da Má-Oclusão
A má-oclusão é a desarmonia das estruturas dentofaciais, bem como qualquer
inconveniente estético ou funcional que possa interferir no relacionamento do
indivíduo, ou na função mastigatória.

No levantamento SB-2010, a oclusão dentária foi avaliada nas idades de 12


anos e na faixa etária entre 15 a 19 anos, através da DAI (sigla derivada da
expressão inglesa ‘Dental Aesthetic Index’) que em seu conjunto, expressa o estado
oclusal do indivíduo e sua respectiva necessidade de tratamento ortodôntico. Isso
é devido à composição do índice, que considera o comprometimento estético,
além da oclusão. Ao todo, são obtidas 11 medidas, considerando- se três grandes
dimensões que devem ser avaliadas: a dentição, o espaço e a oclusão propriamente
dita. A oclusão na dentição decídua foi avaliada através da Chave de caninos.

Os resultados relevantes foram:


• 77,1% das crianças de 5 anos apresentaram oclusão normal para chave de
caninos (classe I);
• 60% das crianças, aos 12 anos de idade, apresenta a oclusão considerada normal;
• 7,1% de prevalência de oclusopatia severa aos 12 anos de idade;
• 6,6% de prevalência de oclusopatia severa dos 15 aos 19 anos de idade;
• 10,3% de prevalência de oclusopatia muito severa dos 15 aos 19 anos de idade.

19
19
UNIDADE Epidemiologia em Saúde Bucal

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Vídeos
Divulgados os Novos Números da Saúde Bucal no Brasil
https://youtu.be/ek-kBp08YFs
Informação é Aliada na Prevenção do Câncer de Boca
https://youtu.be/2fQqbnyOlUQ

 Leitura
Perdas Dentárias no Brasil: Análise da Pesquisa Nacional de Saúde Bucal
https://goo.gl/TT4BYS
Cárie Dentária: Um Novo Conceito
https://goo.gl/cU7FaY
Determinantes Sociais da Saúde e Cárie Dentária no Brasil: Revisão Sistemática da Literatura
no Período de 1999 a 2010
https://goo.gl/cTP2Ds
Perfil Epidemiológico dos Traumatismos Dentários em Crianças e Adolescentes no Brasil
https://goo.gl/EQW54a

20
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde, Instituto Nacional de Câncer. Estimativa 2016:
Incidência de Câncer no Brasil. INCA, Rio de Janeiro, 2015. Disponível em:
<http://www.inca.gov.br/estimativa/2016/estimativa-2016-v11.pdf>.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de


Atenção Básica. Projeto SB Brasil 2010: pesquisa nacional de saúde bucal 2010:
resultados principais – Brasília: Ministério da Saúde, 2011. Disponível em: <http://
dab.saude.gov.br/CNSB/sbbrasil/arquivos/projeto_sb2010_relatorio_final.pdf>.

ANDREASEN J.O., ANDREASEN F.M. Texto e Atlas colorido de Traumatismo


dental. Porto Alegre: Art Med., 2001.

DIAS, A. A. Saúde bucal coletiva: metodologia de trabalho e práticas. São Paulo:


Santos, 2006.

FEJERSKOV O.; MANJI F.; BALEUM V; MOLLER I.J. Fluorose Dentária: um


manual para profissionais da saúde. São Paulo: Editora Santos,1994.

KRAMER, P. F.; FELDENS, C. A. Cárie Dentária na Infância: uma abordagem


contemporânea. São Paulo: Editora Santos, 2013.

LAST JM. A dictionary of epidemiology. New York: Oxford University Press, 1988.

MASSARA, M.L.A.; RÉDUA, P.C.B. Manual de Referência para Procedimentos


Clínicos em Odontopediatria. São Paulo: Editora Santos, 2013.

MOYSÉS, S. J. Saúde Coletiva: políticas, epidemiologia da saúde bucal e redes


de atenção odontológica. Porto Alegre: Artes Médicas, 2013.

OMS. Levantamento Epidemiológico básico de saúde bucal. 4. ed. São Paulo:


Santos, 1999.

PINTO, V.G. Saúde Bucal Coletiva. São Paulo: Santos, 2000.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Oral health surveys: basic methods.


Geneva: ORH/EPID, 1997.

21
21

Você também pode gostar