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Introdução à

Saúde Coletiva
Material Teórico
Educação em Saúde Bucal

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Ms. Viviane Rodrigues Vilela
Profa. Ms. Gizela Faleiros Dias Costa

Revisão Textual:
Profa. Ms. Sandra Regina F. Moreira
Educação em Saúde Bucal

• Introdução
• Importância da Educação em Saúde Bucal na Odontologia
• Educação em Saúde Bucal Individual e Coletiva
• Público Alvo e Educação em Saúde Bucal ao Longo
das Diferentes Fases do Ciclo de Vida
• Instrumentos Educativos, Objetivos Educacionais e Métodos
e Técnicas Utilizados

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Perceber a importância da educação em saúde bucal no controle
saúde-doença e contribuir para o empoderamento individual ou
coletivo com vistas à melhoria da qualidade de vida dos indivíduos.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.

No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Educação em Saúde Bucal

Introdução
A concepção de saúde, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) não
se restringe à ausência de doença ou enfermidade, mas também considera que o
indivíduo necessita de qualidade de vida para ser saudável. Compreendendo, assim,
uma ideia subjetiva de bem-estar que engloba características positivas e negativas
resultantes de aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais da sociedade.

Desse modo, intervir nos determinantes sociais da saúde de maneira a viabilizar a


equidade e a justiça social surge como assunto relevante na elaboração das políticas
públicas de saúde.

Nesse contexto, as Políticas Nacionais de Promoção da Saúde e Atenção Básica


definidas pelo Ministério da Saúde no ano de 2006 propuseram que a organização
da atenção envolvesse ações e serviços que atuassem tanto nos determinantes da
doença como também na conjuntura de vida dos indivíduos.

Importância da Educação em Saúde


Bucal na Odontologia
Gradualmente, a odontologia foi adquirindo espaço no serviço público, porém,
suas condutas ainda permaneciam centradas em práticas mutiladoras, enfatizando
o atendimento de urgência para alívio da dor. A odontologia, praticada no serviço
público, reproduzia o serviço particular com a mínima atenção na prevenção das
doenças, sem se preocupar com ações de promoção da saúde.

Apesar do enorme desenvolvimento nas últimas décadas, a transformação dos


paradigmas na odontologia ainda encontra resistência. A saúde bucal continua a
ser considerada principalmente por parâmetros clínicos, não apontando os reais
problemas que acometem a saúde geral dos indivíduos. Entretanto, na atualidade,
faz-se necessário a avaliação do estado de saúde sob uma concepção holística,
associando a qualidade de vida das pessoas com a saúde bucal.

Inserida em uma perspectiva abrangente de saúde, a promoção da saúde bucal


ultrapassa o aspecto técnico da prática odontológica, sendo incorporada às demais
ações de saúde coletiva. As práticas de promoção e proteção à saúde destinam-se
à diminuição dos fatores de risco das doenças bucais e a estratégias direcionadas
para a melhoria da situação de saúde bucal, através da transformação dos padrões
de vida da população.

A promoção de saúde bucal deve ser assegurada por intermédio da realização de


diversas estratégias, atuando nos determinantes sociais e em diferentes ambientes
como, por exemplo, escolas, centros comunitários, domicílios e, nesse sentido, a
educação em saúde tem sido apontada como um importante elemento do processo
de promoção da saúde dos indivíduos.

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Importante! Importante!

Compreende-se como educação em saúde tanto a transferência de conhecimentos,


quanto mudanças de atitudes comportamentais. É um processo dinâmico, que ocorre
pela busca progressiva por conhecimento, podendo ser enriquecido com base na troca
de informações e experiências pessoais. A educação em saúde é uma ação social, sendo
uma metodologia que auxilia na construção e evolução da consciência crítica das
pessoas, relacionada aos problemas de saúde, além de estimular a busca por soluções e
a organização de ações coletivas.

Historicamente, a finalidade da educação em saúde na odontologia sempre


esteve pautada na prevenção da cárie dentária e doença periodontal, pois eram
as doenças bucais de maior incidência na população. O modelo era baseado nas
condutas de ensino do modelo curativista, visto que especialistas acreditavam existir
um padrão de evolução das enfermidades, e medidas preventivas precisariam ser
tomadas para evitar a manifestação, ou o agravo da doença.

Por ser uma profissão que evoluiu com características tecnicistas marcantes, a
odontologia ainda enfrenta problemas para promover ações coletivas relacionadas
à educação em saúde de acordo com as necessidades da coletividade, atuando nos
determinantes sociais da população.

Entretanto, a partir da nova organização do modelo de Atenção Básica, por


intermédio da Estratégia Saúde da Família, a educação em saúde alcança destaque
como estratégia de autonomia comunitária no âmbito da saúde. As alterações
ocorridas na esfera das políticas públicas de saúde têm colocado em discussão o
perfil de formação e as ações dos profissionais. Há a necessidade de profissionais
capacitados para exercer a profissão com qualidade e resolutividade no campo
da saúde pública, com o desafio de estabelecer projetos adequados à realidade da
sociedade brasileira.

Ao identificar a necessidade de melhorar a qualidade de vida dos indivíduos,


especialmente relacionada à saúde bucal, a educação em saúde bucal se faz
importante, pois se destina a estimular a participação da comunidade com
comprometimento consciente na promoção da saúde, assegurando que forças
políticas e sociais construam um novo paradigma de saúde.

Importante! Importante!

A educação em saúde bucal é um elemento do conceito de Promoção da Saúde de caráter


específico, tanto como prática, quanto como área de conhecimento, desenvolvendo
habilidades e atitudes, e construindo valores que levem o sujeito a agir em benefício
da própria saúde e da coletividade. É um processo destinado a preservar e elevar a
qualidade de saúde bucal dos cidadãos. Pode ser definida como ações sociais que se
estabelecem entre profissionais que atuam em instituições de saúde e usuários.

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UNIDADE Educação em Saúde Bucal

A base da prática educativa é o conhecimento contínuo dos indivíduos, viabi-


lizado por uma escuta atenta e interessada, de forma a criar um vínculo de con-
fiança e respeito mútuo e promover a coparticipação no processo de resolução
dos problemas.

Em Síntese Importante!

Existem alguns itens fundamentais para o sucesso da transmissão de conhecimentos


relacionadas à saúde bucal como, por exemplo, um diálogo esclarecedor entre os sujeitos,
sendo este a síntese da educação, a humanização e o desenvolvimento de uma percepção
holística do indivíduo, trabalhando aspectos biológicos, sociais e culturais. As ações
precisam ser dinâmicas e participativas, valorizando a aprendizagem, e desenvolvendo
competências como criatividade, solidariedade e habilidade para solucionar problemas.

Importante! Importante!

Objetivos gerais das ações educativas em saúde bucal:


• Ampliar conhecimentos, auxiliando na compreensão sobre os fatores protetores e
determinantes dos processos saúde-doença, com a intenção de contribuir para a
adoção das medidas de prevenção individuais e coletivas;
• Enfatizar a autoestima e o autocuidado;
• Consolidar os vínculos sociais e a participação da comunidade;
• Desenvolver competências e habilidades para a implantação de hábitos saudáveis e
controlar os fatores de risco às doenças bucais.

Educação em Saúde Bucal


Individual e Coletiva
A sistemática educativa relacionada à saúde bucal altera conforme a população
ou indivíduo que se pretende atingir. Pode ser destinada, por exemplo, à toda
população, à uma comunidade limitada, a frequentadores de um centro de saúde,
a escolares, a familiares de pacientes, ou individualmente, durante a consulta
odontológica.

Educação em Saúde Bucal Coletiva


Considerando que as práticas de promoção e proteção da saúde são diretrizes da
Política Nacional de Saúde Bucal, as ações de educação em saúde bucal direcionadas
à população objetivam a propagação do conhecimento sobre o processo saúde-
doença, que engloba os fatores de risco e de proteção relativos à saúde bucal,
observando as diferenças sociais e peculiaridades culturais.

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A educação em saúde bucal dispõe de um excelente potencial de transformação
do panorama de saúde populacional, entretanto, para tal, deve inevitavelmente
gerar novos e saudáveis comportamentos numa maioria significativa da população.

A Organização Mundial da Saúde recomenda que a prioridade para o controle e


prevenção das doenças bucais seja atribuída a problemas relacionados aos fatores
de risco mais comuns na população, ligados à sua qualidade de vida.

As estratégias direcionadas para educação em saúde bucal, com dimensões


populacionais, precisam aumentar o interesse da sociedade e o seu apoio às políticas
públicas saudáveis, influenciar na modificação dos hábitos e do meio ambiente,
tornando-os mais apropriados e, além disso, prevenir e controlar a incidência das
principais doenças bucais.

Educação em Saúde Bucal Individual


Os espaços de atendimentos individuais são repletos de oportunidades para o
estabelecimento de uma atenção integral à saúde que fortaleça a autoestima do
paciente, promova conhecimentos e auxilie na autonomia e no controle sobre a
sua saúde.

A introdução de um programa educativo como componente da prática odon-


tológica em consultório, particular ou público, depende fundamentalmente da re-
lação entre o que é ensinado e das experiências vividas pelo paciente durante a
consulta odontológica e sua rotina diária.

Existem métodos preventivos e de educação em saúde que encontram no


consultório um ambiente ideal para seu desenvolvimento, pois o contato direto
entre o paciente e o profissional forma uma atmosfera educativa adequada, em que
as orientações podem ser detalhadas de acordo com a necessidade individual, sendo
ajustado conforme a idade, entendimento e desenvolvimento social do paciente.

RELAÇÃO PROFISSIONAL–CLIENTE

CLIENTE

História pessoal
PROFISSIONAL
Representações de saúde
Conhecimentos técnico-
Conhecimentos sobre científicos sobre a
processo saúde-doença bucal determinação do processo
Construção saúde–doença bucal
compartilhada do
Práticas em saúde
conhecimento
Conhecimentos sobre
Apoio social e recursos terapêuticos
dinâmica familiar
Tecnologias disponíveis
Acordo/decisão
Expectativas em torno mútua sobre o
do tratamento Compromisso ético-político
tratamento
com a promoção da saúde e
Sentimentos e conflitos melhoria da qualidade de vida

Aspectos físicos e psicológicos Relação com os demais


associados à experiência profissionais e grupos
de doença organizados da comunidade

Condições para fazer opções


saudáveis e mantê-las

Figura 1
Fonte: saude.gov.br

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UNIDADE Educação em Saúde Bucal

Público Alvo e Educação em Saúde Bucal ao


Longo das Diferentes Fases do Ciclo de Vida
Público Alvo
A Política Nacional de Saúde Bucal promoveu uma discussão relacionada às
linhas de cuidado, visto que existem duas configurações de introdução da saúde
bucal nos programas integrais de saúde: uma relativa às condições de cada faixa
etária, e outra por circunstâncias de vida, referente à condição em que o indivíduo
se encontra.

O modelo de atenção básica em saúde bucal no nosso país tem como estratégia de
atuação a Saúde da Família, cujas diretrizes indicam uma nova organização do mo-
delo assistencial no âmbito de saúde pública. Isso presume a expansão e qualificação
da atenção primária, proporcionando o acesso a todas as faixas etárias, de modo a
alcançar a equidade do acesso às ações e serviços públicos de saúde bucal.

O ambiente familiar é o mais adequado para o estabelecimento de hábitos


saudáveis. A família é unidade essencial e simboliza o núcleo social mais influente de
toda a sociedade. No núcleo familiar se desenvolvem a formação da personalidade,
costumes e hábitos. É de fundamental importância que os programas de educação
em saúde bucal envolvam toda a família.

Importante! Importante!

Enfocando as ações de educação em saúde bucal na família, estende-se a percepção


de atendimento integral à saúde, uma vez que as ações são estendidas para o grupo,
organizando práticas preventivas coletivas e de promoção de saúde. Os métodos
utilizados para realizar o trabalho devem se basear na realidade local.

Educação em Saúde Bucal ao Longo das Diferentes Fases


do Ciclo de Vida
O ciclo de vida é um fenômeno complexo e faz parte da evolução familiar
conforme as gerações avançam no tempo de seu desenvolvimento, indo do
nascimento à morte.

A perspectiva de ciclos de vida nos possibilita estruturar e programar as ações


de educação em saúde bucal, adotando como vertentes programáticas as seguintes
fases: infância, adolescência, maturidade e envelhecimento. Nesse contexto, as ca-
racterísticas de cada fase constituem importantes subsídios para a determinação de
estratégias das ações educativas, conforme o esquema a seguir:

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ESTRUTURA DA PROGRAMAÇÃO DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE BUCAL

Saúde Bucal

determinantes

BIOLÓGICOS CONDIÇÕES DE VIDA ESTILO DE VIDA

FATORES DE RISCO E FATORES PROTETORES


SIMULTÂNEOS À SAÚDE BUCAL E À SAÚDE GERAL

ciclo da vida

infância adolescência maturidade envelhecimento

prioridades cenários /espaços sociais

AÇÕES /PROGRAMAÇÃO DE
EDUCAÇÃO EM SAÚDE

Figura 2
Fonte: saude.gov.br

Educação em Saúde Bucal para Gestantes e Bebês (0 a 3 anos):


O Ministério da Saúde determina que todas as gestantes inscritas no pré-natal
médico devem ser agendadas para atendimento odontológico de rotina nas unidades
básicas de saúde, e que estas promovam ações em saúde bucal como prevenção
de problemas odontológicos, educação em saúde bucal objetivando possibilitar
melhores condições para o autocuidado, além dos cuidados com o bebê.

Os programas odontológicos propostos para gestantes devem considerar a saúde


bucal sobre dois aspectos significativos: o da preservação da saúde e qualidade de
vida da gestante, e o da prevenção dos principais problemas que afetam a saúde
geral e bucal da criança.

É importante salientar a necessidade do desenvolvimento de estratégias que


facilitem o acesso ao atendimento assistencial, preventivo e educativo da gestante
na sua própria comunidade, e que sejam adequadas a sua realidade familiar.

O incentivo da participação dos pais nas consultas de pré-natal proporciona o


fortalecimento familiar e a formação do vínculo. As ações preventivo-educativas
sobre saúde bucal devem ser realizadas mesmo antes do nascimento do bebê,
independente do risco, pois durante o processo gestacional, a mulher se mostra
com maior receptividade às mudanças que serão revertidas em benefício do

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UNIDADE Educação em Saúde Bucal

bebê. Desse modo, as condutas e escolhas maternas provavelmente refletirão no


desenvolvimento e nascimento de um bebê saudável.

A prevenção da doença cárie, através de controle da dieta, deve ser desenvolvida


desde o quarto mês de gestação, visto que é o período em que se inicia o
desenvolvimento do paladar do bebê. Desse modo, a implantação de hábitos
alimentares saudáveis para a gestante possibilitará uma melhor condição de saúde
bucal para o bebê. Outros assuntos precisam ser discutidos durante as ações de
educação em saúde bucal, como o aleitamento materno, higiene bucal e hábitos de
sucção não nutritivos, como o uso de chupetas, mamadeiras e sucção digital.

Educação em Saúde Bucal para Crianças (3 a 12 anos):


A saúde da criança, especialmente a saúde bucal, manifesta-se notoriamente
pelas condições do meio social onde ela vive e, sobretudo, pela forma como
são estabelecidos os relacionamentos entre as pessoas e familiares. A criança
apresenta um processo dinâmico de mudanças de crescimento e desenvolvimento.
Nessa circunstância, a melhor forma de motivar as crianças sobre a saúde bucal é
através da família, já que esses indivíduos exercem um papel psicossocial importante
na vida delas. Deste modo, o exemplo estabelecido pela família apresenta um
enorme impacto no desenvolvimento da saúde bucal, pois a primeira infância é o
período ideal para a inserção de hábitos de vida saudáveis.

As creches e pré-escolas são ambientes propícios e apresentam um papel


importante de socialização da criança, incluindo ensino e introdução de bons hábitos.
Além disso, podem ser considerados lugares favoráveis para o desenvolvimento de
ações de promoção da saúde, melhorando a qualidade de vida das crianças.

Educação em Saúde Bucal para Adolescentes (12 a 18 anos):


O adolescente precisa ter acesso a ações e serviços que objetivam promover
saúde, educação e bem-estar, sendo essencial que a equipe de saúde e a família
entendam os processos dessa fase de vida denominada adolescência.

A equipe de saúde bucal deve trabalhar com atendimentos a grupos de adolescentes


através de uma linguagem apropriada para essa faixa etária, transmitindo conceitos
de promoção de saúde bucal. Deve-se dar continuidade ao trabalho desenvolvido
com a criança e fortalecer a ideia do autocuidado, dando ênfase aos cuidados com
a saúde bucal e estimulando a alimentação balanceada.

Educação em Saúde Bucal para Adultos:


Os adultos, especialmente os trabalhadores, apresentam dificuldades no acesso
às unidades de saúde devido aos seus horários de trabalho. Essas circunstâncias
conduzem a uma piora dos problemas bucais pré-existentes, com consequentes
perdas dentárias. Possibilitar horários de atendimento compatíveis com as neces-
sidades desse grupo e integrar ações de educação em saúde bucal nos programas
de saúde do trabalhador são recursos que facilitam a detecção dos riscos à saúde.

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Nesse ciclo de vida deve-se dar atenção ao reconhecimento precoce de algumas
patologias, como o diabetes, hipertensão e câncer bucal. É importante que o plane-
jamento em saúde bucal inclua ações direcionadas à conscientização dos indivíduos
para a prevenção, tratamento e controle dos fatores de risco. A equipe de saúde
bucal deve realizar uma avaliação e acompanhamento sistemático dos resultados
atingidos, como componente do processo de planejamento e programação.

Educação em Saúde Bucal para Idosos:


São considerados idosos, no Brasil, os indivíduos acima dos 60 anos de idade,
sendo a terceira idade uma fase da vida desses indivíduos.

O idoso necessita de uma avaliação global, envolvendo a atenção de várias


especialidades, não só pelo processo do envelhecimento, como também, por
apresentar problemas sistêmicos.

Os profissionais de saúde precisam ficar atentos às transformações ocasionadas


pelo envelhecimento fisiológico do paciente e adaptar suas atividades às condições
do paciente idoso, respeitando suas dificuldades e limitações.

Com relação às atividades promotoras de saúde para esse grupo específico, é


necessário que os profissionais da saúde elaborem estratégias de promoção da saúde
e prevenção de doenças, objetivando alcançar um processo de envelhecimento
mais saudável, favorecendo a qualidade de vida dos idosos. Deve-se trabalhar
com a abordagem de risco comum para promoção da saúde, como, por exemplo,
o câncer bucal, enfatizando as orientações relacionadas ao autoexame bucal e à
prevenção da doença.

Instrumentos Educativos, Objetivos


Educacionais e Métodos e Técnicas Utilizados
Os objetivos educativos essenciais da ação em saúde buscam, a todo momento,
intervir nos fatores determinantes da saúde, propiciando transformações nos motivos
de adoção de determinados estilos de vida, nas circunstâncias que favorecem a
decisão e nos apoios sociais que a reforçam. Esses aspectos devem estar presentes
quando formulamos nossos objetivos educativos e no planejamento das práticas.

Nesse sentido, é fundamental conhecer os indivíduos com quem iremos trabalhar,


no seu contexto de vida e em sua percepção de saúde-doença.

A metodologia utilizada será baseada na participação dos indivíduos e


problematização, alcançando a aprendizagem com base no confronto, discussão
e busca de soluções a situações reais relacionadas às circunstâncias de vida das
pessoas e coletividade.

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UNIDADE Educação em Saúde Bucal

Explor
Atividades básicas:
• Oficina inicial para trabalhar conhecimentos e práticas relacionados à saúde bucal com
os diferentes grupos etários;
• Visita orientada para que os indivíduos tenham o primeiro contato com a equipe de
saúde bucal;
• Orientações coletivas ou individuais sobre saúde bucal;
• Oficinas com atividades dinâmicas, lúdicas e outros recursos interativos, com grupos
específicos, para trabalhar conhecimentos e habilidades associados à prevenção das
principais doenças bucais conforme as características, necessidades e demandas de cada
ciclo de vida;
• Participação em campanhas ligadas à comunidade, desenvolvendo práticas educativas
de prevenção às doenças bucais.

A tabela a seguir exemplifica alguns instrumentos educativos com os seus obje-


tivos educativos principais:

Tabela 1
Instrumentos Educativos Público Alvo Objetivos Educacionais Métodos e Técnicas Utilizados
• Auxiliar no entendimento dos
Reuniões em grupo ou
fenômenos saúde/doença bucal.
individualizadas com dinâmicas
• Estimular ações individuais e
de apresentação da proposta
Oficina inicial para conhecer Todos os coletivas que contribuam para a
de trabalho, verdades e mitos
os pacientes e/ou população. grupos saúde pessoal e qualidade de vida.
proporcionando discussões e
• Viabilizar a coparticipação
resolução de problemas por
no processo de resolução dos
intermédio de profissionais da saúde.
problemas identificados.
Oficinas temáticas associadas • Possibilitar a abordagem de
Dinâmicas com jogos e experiências
à prevenção do processo conteúdos relacionados ao
Crianças de acordo com o entendimento do
saúde-doença, com ênfase processo saúde–doença da cárie
público-alvo.
na cárie dentária. dentária.
• Desenvolver autonomia para
Adolescentes o controle dos fatores de risco Dinâmicas de aquecimento e debates
Trabalhando com figuras.
e adultos envolvidos na determinação do através de figuras.
processo saúde-doença.
Exemplos de jogos para • Possibilita a produção do Jogo da velha humano;
Todos os
abordagem de diferentes conhecimento, num divertido Caça ao tesouro; jogo dos pares com
grupos
temáticas. exercício de ensinar brincando. dados; bingo da saúde bucal.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Leitura
Saúde Bucal por Ciclo de Vida
https://goo.gl/3ubnLa
Manual Técnico de Educação em Saúde Bucal
https://goo.gl/JfJPBj
Educação em Saúde: uma Reflexão Histórica de suas Práticas
https://goo.gl/bAJw1H

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UNIDADE Educação em Saúde Bucal

Referências
Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Coordenação de Saúde da
Comunidade. Saúde da Família: uma estratégia para a reorientação do modelo
assistencial, 1997.

Ministério da Saúde. Caderno de Atenção Básica n. 17 – Saúde Bucal, 2008.


Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_bucal.pdf>.

GENIOLE, L.A.I. et al. Saúde bucal por ciclo de vida. Campo Grande, MS: Ed.
UFMS: Fiocruz Unidade Cerrado Pantanal, 2011. Disponível em: <http://www.
portalsaude.ufms.br/manager/titan.php?target=openFile&fileId=376>.

MOYSÉS, S. J. Saúde coletiva: políticas, epidemiologia da saúde bucal e redes de


atenção odontológica. Porto Alegre: Artes Médicas, 2013.

SESC. DN. DPD. Manual técnico de educação em saúde bucal / Claudia


Márcia Santos Barros, coordenador. – Rio de Janeiro: SESC, Departamento
Nacional, 2007. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
manualTecnicoEducacaoSaudeBucal.pdf>.

SILVA,C.M.C. et al. Educação em saúde: uma reflexão histórica de suas


práticas. Ciência & Saúde Coletiva. 15(5).2010. Disponível em: <http://www.
scielo.br/pdf/csc/v15n5/v15n5a28.pdf> .

SOUZA, I.P.M.A. et al. Educação em saúde e suas versões na história brasileira.


Revista Baiana de Saúde Pública. v.33, n.4, p.618-627 out./dez. 2009.
Disponível em: <http://inseer.ibict.br/rbsp/index.php/rbsp/article/viewFile/293/
pdf_106>.

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