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Nessa perspectiva, uma prática pedagógica reflexiva leva o docente a ser o principal
responsável pelos caminhos que seus alunos irão traçar em busca do conhecimento,
refletindo sempre sobre quais suas finalidades e como alcançar os objetivos almejados.
Quando ocorre a reflexão da prática o professor sai da zona de conforto e este estará
sempre buscando os melhores caminhos em busca da solução de problemas existentes
no processo de ensino aprendizagem, sendo assim este se torna um profissional crítico e
reflexivo levando-o a busca de ações que transforme o meio que ele está inserido. Cabe
ressaltar que a teoria adquirida durante a formação é de suma importância e devem
sempre estar alinhadas a prática, lembrando que estas devem sempre ser analisadas,
pensando se cabem a determinada realidade em que se está trabalhando.
De acordo com a autora a pedagogia marca-se como uma ação social da organização da
educação de uma sociedade e é vista também como uma prática teórica política. Nesse
sentido não adianta oferecer ao educador teorias sobre fatos e normas observadas que
ele professor deva aplicar; mas o fundamental é auxiliar o educador “a perceber as
exigências de cada situação educacional concreta, de tal forma que ele se torne
apto a levá-las a cabo autonomamente”. (SCHMIED-KOWARZIK, 1983, p. 50). O
que se realça é a necessária formação do professor, do pedagogo, para o
pensamento autônomo, crítico, uma vez que, esta posição sobre a reflexão da
responsabilidade do educador, deve ser o cerne da ciência pedagógica e que por
isto, a prática pedagógica não pode se realizar de forma neutra, sem os compromissos
com o sujeito e suas circunstâncias. Considero que toda pedagogia deva transformar-se
em uma pedagogia do oprimido, no sentido de trazer o sujeito ao diálogo, à
reflexão, ao compromisso com a formação.(pg. 166)
Nesse sentido cabe o professor exercer sua criticidade, pois quando o professor está
ciente de seu papel social como educador, sabendo a favor e contra o que está atuando
este está pensando e agindo com autonomia e conscientização da política de sua prática.
Por isso a formação continuada de professores é tão importante, pois impede que o
ensino seja apenas voltado para suas finalidades, como afirma a autora: A educação se
faz em processo, em diálogos, nas múltiplas contradições que são inexoráveis
entre sujeitos e natureza que mutuamente se transformam. Medir apenas resultados
e produtos de aprendizagens, como forma de avaliar o ensino, pode se
configurar e tem se configurado como uma grande falácia! (Pág.166)
É necessário levantarmos algumas questões quando estamos diante de qualquer que seja
o processo de ensino- aprendizagem: O que a se está ensinando? Por quê? para que fim?
Com que objetivo? Qual sentido em estudar isto ou aquilo? Incentivamos nossos
aprendizes a fazer o que com o que aprendem na escola? Todo aprendizado é permeado
por uma visão de mundo e, portanto, por uma escolha política que privilegia um
determinado conjunto de saberes que necessariamente expressa um determinado
conjunto de crenças e valores. Quando a escola democrática, os gestores, os professores,
os alunos e as suas famílias participam ativamente da do projeto político pedagógico da
escola, sendo assim fica possível que todos pensem qual educação está chegando para
os futuros cidadãos, por outro lado quando a gestão é autoritária não perpassa pelas
mãos da comunidade escolar e seguem valores próprios, e muitas vezes sua posição
ideológica é a favor de alguma coisa ou contra alguma coisa, ou seja a favor de alguns
e contra outros. . Nesse aspecto Paulo Freire defende que a educação tem que ser
política e observou que toda e qualquer educação está permeada de valores e que o
discurso da neutralidade esconde uma escolha política a favor da permanência, é um
empenho deliberado para manter um determinado sistema de conhecimento, e por
consequência um determinado sistema social. Sendo assim, a opção pela neutralidade é
uma escolha política. Constatando que toda educação é política, a escola e o professor
têm que ter consciência de que todo observador constrói a sua visão de mundo a partir
de um ponto de vista, por isso a importância da criticidade compreensão de seu papel
social como educador. Pois não cabe aos aprendizes apenas reproduzir aquilo que
aprendeu para passar de ano ou no vestibular, mas sim se perguntar o porquê disso na
sua vida, refletindo, buscando sentido. Sendo assim a função pedagógica é de preparar
organizar e configurar a prática docente.
Para tanto, a pedagogia precisa de pedagogos e docentes bem formados, com crítica e
autonomia. Pois, o objetivo da educação não é ensinar “coisas”, é criar nos educandos a
curiosidade, a experiência de pensar, não dando respostas prontas, educar cidadãos
capazes de resistir à estrutura social que retira as possibilidades de humanidade do
processo educativo. Pois a educação exerce grande influência na transformação da
sociedade, quando temos pedagogos bem-preparados sem nenhuma dúvida os frutos
serão colhidos futuramente.
Portanto como disse a autora: “ A pedagogia como prática social precisa constantemente
ser alimentada pela perspectiva do novo, do pressentido, da transgressão, de forma a não
se aprisionar a modelos que engessam e limitam seu necessário poder de profetizar
mudanças, e organizar ações transformadoras, dando espaços para que seja uma
ciência crítico reflexiva, pratico teórica, impregnada de reflexão filosófica, sobre
ideais e valores educativos, confirmando a impossibilidade de uma ciência da
educação neutra ou desinteressada.(pág.172)