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ESTRATÉGIA
Cristiano Klanovicz
Centro Universitário Ritter dos Reis
RESUMO
PALAVRAS-CHAVE
ABSTRACT
The objective of this research is to identify the strategic business practices with
suppliers adopted by cooperation networks and analyze them through theoret-
ical perspective Strategy as Social Practice. The method used in the survey was
split into two stages with different procedures. Initially it was applied survey in
50 networks of cooperation, allowing the selection of 14 networks with similar
characteristics that have been analyzed in detail through interviews and docu-
ment collection in order to maintain consistency with the approach of Strategy
as Social Practice. Three strategic practices were identified: negotiating team;
manual trading and extranet technology. It was revealed that the three practices
identified are revealed as strategic as they increase the potential of gain of as-
sociated firms, as well as strengthen the organization and network cooperation,
since it fosters the maintenance of social mechanisms among members.
KEYWORDS
50 R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 17 n. 1 p. 48-69 jan./mar. 2018. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa)
http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2018V17N1ART4731
CRISTIANO KLANOVICZ, JORGE RENATO DE SOUZA VERSCHOORE, CARLO FRANZATOA
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Enquanto um espaço socialmente consti- NER; PADULA, 2012). Para tanto, as orga-
tuído, as redes de cooperação pressupõem nizações em rede promovem estratégias
uma relação de colaboração e interdepen- coletivas, ou seja, a formulação conjunta
dência. Se, por um lado, as empresas per- de políticas e a implementação de ações
cebem que, isoladamente, não são capazes (ASTLEY, 1984). Dessa forma, elas conse-
de desenvolver os recursos necessários à guem diminuir as incertezas do mercado e
competição, por outro, através da união e sustentar vantagens competitivas a partir
colaboração, tais recursos podem ser mais de uma estrutura colaborativa, de relações
facilmente acessados para o aumento da sinérgicas e do aprendizado mútuo (EBERS;
competitividade no mercado (PERROW, JARILLO, 1998).
1993; GRANDORI; SODA, 1995). Desse Um desses processos refere-se à ne-
modo, enquanto o termo rede é emprega- gociação com fornecedores (CAMPBELL;
do para justificar o relacionamento vanta- GOOLD, 1999). Hames (2012) considera a
joso entre três ou mais empreendimentos negociação uma atividade social em que as
individuais, o termo cooperação é utiliza- pessoas interagem entre si visando a for-
do por ser o conceito fundamental que mação acordos e a resolução de conflitos.
norteia as ações dos participantes (VERS- Embora as definições de negociação apre-
CHOORE, 2006). sentem diferenças em alguns aspectos, os
Para Balestrin e Verschoore (2008, autores que abordam a temática compra-
p.151), “a formação de redes pressupõe a tilham elementos em comum: (1) existem
relação de três condições fundamentais: dois ou mais participantes interdependen-
objetivos comuns, interação e gestão”. A tes, (2) cada um deles tem objetivos indivi-
interação social entre os atores da rede duais que podem ser parcialmente incom-
proporciona a identificação de objetivos patíveis. A negociação consiste em um (3)
comuns que são transformados em ganhos processo em que (4) alternativas são inves-
competitivos através da execução de ações tigadas (5) com o propósito de se chegar
estratégicas que compõem a gestão. Esse a um acordo entre ambas as partes (DE
processo retroalimenta o ambiente de co- MOOR; WEIGAND, 2004).
operação entre os atores envolvidos, pois Nas redes de cooperação, a negociação
os ganhos alcançados estimulam a criação é uma atividade que procura atender al-
de relacionamentos mais consistentes e a ternativas de ganho comum entre os asso-
definição de novos objetivos que possam ciados através das transações econômicas
ser alcançados coletivamente pelos seus com fornecedores (FISHER; URY; PATTON,
integrantes (BALESTRIN; VERSCHOORE, 2005). Entre as possibilidades de estruturar
2008; BORTOLASO, 2009). o processo de negociação, algumas redes
Constituída por uma diversidade de ato- optam por constituir uma equipe como
res que passam a interagir e integrar o sis- intermediadora responsável por gerenciar
tema organizacional, as redes de empresas e acompanhar o processo de compra. As-
configuram um cenário bastante complexo sim, a peculiaridade da estratégia nas redes
e a sua formação não garante os ganhos está nos atores que, agrupados em equipes
que se pode obter através da cooperação estratégicas formadas pelos próprios asso-
(VERSCHOORE; BALESTRIN, 2008;WEG- ciados, devem se acordar sobre a alocação
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trategista poderia elaborar as estratégias contínuo, engendrado para lidar com algu-
de uma organização sem necessariamente ma determinada situação, gerando maior
mergulhar em seus processos (WILSON; desempenho e competitividade para as or-
JARZABKOWSKI, 2004). Os planos previa- ganizações (MINTZBERG; AHLSTRAND;
mente definidos pela alta gestão seriam logo LAMPEL, 2000; JOHNSON; MELIN; WHIT-
executados pelos demais atores de uma or- TINGTON, 2003; WHITTINGTON, 2004).
ganização e sua execução seria controlada A EPS como abordagem de investigação
por meio do alcance das metas estabelecidas. das práticas estratégicas atua sobre as con-
Nos últimos vinte anos, tornou-se cada dutas, interações, métodos, técnicas e ferra-
vez mais clara a importância da operacio- mentas adotadas pelos atores sociais, consi-
nalização desses planos para a elaboração derando a consciência que eles detêm sobre
estratégica. Diversos autores passaram a os procedimentos de uma ação, ou seja, o
considerar a estratégia como um processo conhecimento que é compartilhado por to-
social de ação e interação entre todos os dos os atores sociais presentes no ambiente
atores que colaboram no âmbito de uma organizacional (JOHNSON; MELIN; WHIT-
organização (WHITTINGTON, 1996). TINGTON, 2003). O estudo da prática es-
Na abordagem da EPS, a estratégia é en- tratégica procura, portanto, conciliar a atua-
tendida como o conjunto de práticas or- ção e ações dos agentes humanos sem, por
ganizacionais cotidianas socialmente cons- outro lado, desconsiderar os fatores exter-
tituídas (JARZABKOWSKI; SPEE, 2009). nos às organizações que são referências para
Considerando que nenhum ator é capaz aqueles mesmos agentes em um processo de
de realizar individualmente uma atividade interação social (GOFFMAN, 1983).
complexa sem a contribuição de outros Outra implicação do ponto de vista me-
participantes, os atores devem interagir todológico no emprego da EPS consiste na
entre si, dialogando, colaborando e, assim, interpretação de três componentes rela-
moldando o contexto no qual estão in- cionados com o fazer estratégico: prática,
seridos. O surgimento de novas práticas práxis e praticantes. A prática consiste no
nas organizações provoca tensões com as conjunto rotineiro e articulado de ativida-
práticas antigas, permitindo sua evolução des que colaboram no âmbito estratégico
(JARZABKOWSKI, 2005). de uma organização (WHITTINGTON,
Na perspectiva da EPS, dicotomias 2006). Para Jarzabkowski (2004), a prática
como pensar/agir e formular/implementar implica um desempenho repetitivo de um
são supridas no constante movimento co- conjunto de atividades com o objetivo de
letivo de construção das práticas estraté- tornar-se recorrente e habitual para rati-
gicas (JARZABKOWSKI, 2005). As práticas ficar determinada estratégia. No emprego
estratégicas compreendem “a habilidade da EPS, a investigação das práticas tende a
astuciosa para usar, adaptar e manipular identificar questões como: quais as práticas
os recursos empregados para engajar-se utilizadas? Como as práticas são emprega-
na formação da atividade da estratégia ao das? Quais as alterações que estas sofrem
longo do tempo” (JARZABKOWSKI, 2005, com sua utilização? Quais fatores da or-
p.34). As práticas são consideradas estraté- ganização contribuem para o desenvolvi-
gicas quando apresentam um curso de ação mento da estratégia? (JARZABKOWSKI;
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tes ao objetivo do estudo foram surgindo. O tados também foram solicitados a apresen-
questionário foi aplicado por dois técnicos tar o planejamento das ações das reuniões
especialistas em redes de cooperação pre- gerais e das assembleias como evidências
viamente treinados para coletar os dados de que determinadas práticas e atividades
seguindo três procedimentos: 1) visitar citadas durante as entrevistas pudessem
as redes de cooperação; 2) entrevistar os ser ou não comprovadas.
respondentes alvos; e 3) buscar evidências A fim de manter coerência com a abor-
para sustentar a identificação das práticas dagem da EPS, três principais orientações
estratégicas. Três representantes de cada foram consideradas no processo de coleta
uma das 14 redes selecionadas foram en- dos dados: minimizar a influência de uma
trevistados – o presidente e dois asso- teoria predefinida e modelos pressupos-
ciados – totalizando 42 entrevistas com tos; analisar o objeto utilizando diferentes
duração média de 60 minutos cada uma, meios de investigação; e quando necessá-
gravadas em áudio e transcritas. rio, ajustar o método de acesso às práticas
Segundo Balogun, Huff e Johnson (2003), propriamente ditas (FOOK, 2002). Enquan-
a estratégia não é de propriedade apenas to o material foi sendo coletado, as infor-
dos principais executivos, mas também de mações relativas eram confrontadas com
todos os integrantes que a colocam em as informações procedentes das entrevis-
prática. Assim, torna-se relevante compre- tas, para que fosse possível obter novos in-
ender a percepção dos diversos atores que sights de investigação.
atuam tanto em nível estratégico, quanto A útima etapa envolveu o tratamento
em nível operacional e que, em conjunto, dos dados através da técnica de análise
influenciam o ambiente organizacional da de conteúdo, cujo objetivo é interpretar
rede. A partir da entrevista em profundi- as informações coletadas, conduzindo à
dade, foi possível compreender as expecta- organização e descrição sistemáticas das
tivas pessoais, bem como o entendimento evidências que permitem atingir uma com-
de cada indivíduo sobre o comportamento preensão mais profunda sobre os aspectos
dos outros atores envolvidos no processo. e fenômenos da vida social de outro modo
A coleta documental, por sua vez, é ca- inacessíveis (OLABUENAGA; ISPIZÚA,
racterizada pela coleta de materiais, escri- 1989; MORAES, 1999). Inicialmente, os da-
tos ou não, antes, no momento ou depois dos foram reunidos, revisados e organiza-
da ocorrência do fenômeno estudado. O dos em pastas para que pudessem ser iden-
conhecimento destes documentos consti- tificados. A releitura do conteúdo em con-
tuem evidências empíricas que permitem junto com as anotações (palavras-chave e
situar e suscitar as informações com maior ideias sucintas) permitiu maior exploração
segurança para o pesquisador (COMBES- e interpretação das evidências que foram
SIE, 2004). As fontes documentais incluíram sendo classificadas por grau de parentes-
os manuais de negociação, sites, anúncios, co de sentido (BARDIN, 1994) na medida
cartazes, panfletos e encartes promocio- em que as diferentes práticas estratégicas
nais da rede que apresentavam os produ- eram identificadas. O Quadro 2 apresenta
tos negociados conjuntamente pelos asso- uma síntese das etapas que envolveram o
ciados com os fornecedores. Os entrevis- desenvolvimento da presente pesquisa.
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Survey com 50 redes de cooperação do Programa Redes de Cooperação com base em Bortolaso (2009).
Etapa 1 Seleção das redes de cooperação com pontuação média superior ou igual a 4,00 (nível de adequação e
referência) em seus processos de negociação.
Entrevistas em profundidade aplicadas por dois técnicos especialistas em redes de cooperação com três
representantes de cada uma das redes selecionadas para a etapa 2.
Etapa 2
Coleta documental como fonte de comprovação das atividades citadas nas entrevistas – manuais de negociação,
sites, anúncios, cartazes e planejamentos.
Análise de conteúdo - revisão e organização dos materiais; interpretação dos dados e identificação das práticas,
Etapa 3
práxis e praticantes.
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cesso de negociação. Em alguns casos, os então falamos daquele que já é nosso par-
membros da equipe são eleitos de modo ceiro. (Membro da equipe de negociação
democrático através do voto, enquanto da rede 08, comunicação pessoal, 10 de ju-
que em outros, os membros assumem a nho de 2013).
partir de um consenso estabelecido pelos Os encontros periódicos promovem a
integrantes da rede. Ainda, um represen- interação e união entre os membros da
tante da equipe também é eleito para lide- equipe que compartilham valores e obje-
rá-la a equipe: tivos comuns. A equipe possui autoridade
A definição da equipe ocorre por livre e necessária, delegada pela rede, para ge-
espontânea vontade dos associados. A gen- renciar o processo de compra conjunta,
te busca avaliar dois principais aspectos: a cujo principal objetivo é comprar em es-
disponibilidade de tempo deste associado cala para aumentar o poder de negociação
e se as competências dele, vamos assim di- frente aos fornecedores e reduzir o preço
zer, estão de acordo com as exigências que final dos produtos. Os objetivos são cons-
a equipe precisa [...]. Se ele se relaciona truídos a partir da identificação dos inte-
bem com fornecedores, por exemplo, en- resses comuns dos associados e caracte-
tão ele vai participar da equipe de negocia- rizam uma etapa fundamental para a rede,
ção. (Presidente da rede 02, comunicação pois representam a base para garantir os
pessoal, 27 de setembro de 2013). resultados esperados:
A formação de equipes permite a divi- O nosso principal objetivo [da equipe
são interna do trabalho demandada pelas de negociação] é comprar os produtos que
diferentes atividades que envolvem a nego- são de interesse de todos os associados
ciação, o que garante um sistema de moni- por um preço mais baixo e ampliar cada
toramento mais eficiente das ações empre- vez mais a quantidade de fornecedores
endidas pela rede, além da sustentação de parceiros da rede. (Presidente da rede 09,
mecanismos sociais. Através das equipes, comunicação pessoal, 30 de julho de 2013).
a realização de tarefas conjuntas alcança Na negociação nós temos como obje-
uma nova perspectiva, visto que os proble- tivo cumprir um volume de compras dos
mas são mais facilmente superados ou mi- produtos que são propostos pela equipe
nimizados. A equipe estabelece rotinas de e aprovado em assembleia. (Presidente da
encontros e reuniões como um meio de rede 03, comunicação pessoal, 20 de maio
organizar e discutir as atividades penden- de 2013).
tes ou já realizadas pelos seus membros. O acompanhamento da equipe de ne-
Assim, a formação da equipe é realizada no gociação é realizado por meio de uma di-
intuito de fomentar a cooperação e a troca retoria também composta por membros
de informações entre os associados: das empresas associadas à rede. A principal
A equipe faz reuniões periódicas, nor- função da diretoria é gerenciar as ações
malmente semanais. Nas reuniões a gente empreendidas em conjunto, organizando
conversa sobre os fornecedores, se o fo- e facilitando a realização dos objetivos ge-
necedor é bom ou ruim. Tem um produto rais da rede. A diretoria oferece suporte
bom em oferta, a gente compartilha.Vamos para a concretização das decisões tomadas
trazer um novo fonecedor para a rede, ou coletivamente, monitorando as atividades
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lume que foi acertado com os fornecedo- ganizados em parceria com as empresas
res. (Membro da equipe de negociação da desenvolvedoras dos softwares.
rede 03, comunicação pessoal, 23 de maio
de 2013). Discussão e Conclusões
O acesso ao extranet pelos associados é Nesta pesquisa, adotamos a perspectiva
periódico conforme as datas do calendário teórico-metodológica da EPS para a iden-
de pedidos. Normalmente, o acesso ocorre tificação e análise das práticas estratégicas
no próprio estabelecimento dos membros de negociação de 14 redes de empresas
associados. Ainda, além dos associados, os varejistas formadas pelo Programa Redes
funcionários das empresas integrantes das de Cooperação do Governo do Estado do
redes também são responsáveis por cole- Rio Grande do Sul com seus fornecedo-
tar as informações referentes às caracte- res. Uma vez que as redes de cooperação
rísticas dos produtos, preços, condições de apresentam diferenças significativas das de-
pagamento, e realizar os pedidos. mais formas de organização (VERSCHOO-
Assim, é possível observar que a extra- RE; BALESTRIN, 2008), torna-se relevante
net conecta os associados com os fornece- compreender as práticas estratégicas que
dores, facilitando e agilizando a logísitca de permitem o desenvolvimento deste mode-
pedidos em uma plataforma centralizada. lo de negócio. Assim, identificamos e anali-
Sua implementação aumenta significativa- samos três práticas estratégicas frequentes
mente o nível de controle das informações na negociação das redes de cooperação
dos associados da rede, permitindo uma com fornecedores.
gestão mais eficaz da compra conjunta ao Equipes de negociação. O crescimento
garantir o cumprimento dos requisitos do número de associados de uma rede
acordados na negociação, tais como o volu- de cooperação empresarial permite a di-
me mínimo de compras, preços, condições visão e especialização do trabalho entre
de pagamento e benefícios adicionais. Em seus membros. Através de processos de-
algumas redes, um relatório do histórico mocráticos, alguns integrantes são escolhi-
de compras individual é enviado para cada dos para formar equipes com finalidades
associado e o associado que mais comprou específicas. Especialmente no segmento
dos fornecedores parceiros é premiado varejista, a formação de equipes de nego-
pela rede. ciação é frequente pela oportunidade de
É importante ressaltar que nem todas as se relacionar e contratar os fornecedores,
empresas das redes pesquisadas possuem além de gerenciar as compras. Nas práxis
bons conhecimentos e competências in- das redes analisadas, além da busca por
formáticas. Mesmo assim, todas as redes novos fornecedores e do monitoramento
resolveram implementar a extranet, que é daqueles já parceiros da rede, as equipes
vista como uma plataforma indispensável procuram compartilhar suas ações e resul-
para o processamento de informações re- tados com os demais membros. Como foi
lativas à negociação e para a comunicação destacado na análise, as equipes procuram
entre os membros e com os fornecedores. a integração e a participação de todos os
Para tanto, algumas redes disponibilizaram membros. Assim, pode-se inferir que a prá-
a seus membros cursos de capacitação or- tica estratégica de formação de equipes de
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negociação, além de seu objetivo mais dire- são do porte de sua ação tornam necessá-
to (a negociação), contribui para reforçar ria a adoção de formas mais eficientes de
a organização e a estrutura estratégica das compartilhar as informações e de comuni-
redes de cooperação empresarial. A forma- car. Nesta direção, os membros das redes
ção de equipes de negociação representa passaram a se conectar entre eles e com
uma evolução organizacional que não so- os fornecedores através de redes privadas
mente mantém, mas também reforça a ho- de computadores. Também nesta terceira
rizontalidade das redes. prática estratégica, a adoção de tecnologias
Manuais de negociação. O processo de extranet reforça a organização em rede.
negociação claramente comporta a coleta Devido à diversidade de atores e seus
de informações sobre os fornecedores e respectivos interesses envolvidos, reco-
o desenvolvimento de conhecimentos e nhecemos a complexidade da estratégia
competências específicas entre seus mem- nas redes de cooperação empresarial ana-
bros. Pela já citada procura de compartilhar lisadas. Percebemos, também, os limites
ações e resultados, as equipes de negocia- dos modelos das redes que permitiram à
ção devem formalizar a sabedoria ama- alta gestão predefinir planos estratégicos
durecida. Nas práxis das redes analisadas, a serem executados pelos seus demais
encontramos diversas ações que vão nesta membros em um dualismo pensar/agir.
direção, como o preenchimento de listas de Não negamos a importância de tais mo-
contatos, o envio de relatórios via e-mail e delos para a compreensão da estratégia e
até o desenvolvimento de manuais de ne- para sua elaboração. No entanto, afirma-
gociação. Tais manuais permitem a organi- mos a necessidade da prática estratégica.
zação do aprendizado e sua transmissão. Entendida como o conjunto articulado de
Dessa forma, a capacidade de negociação práticas sociais cotidianas, a estratégia é
das redes é mantida e progressivamente construída e continuamente reconstruída
evoluída, apesar da mudança da composi- nas ações e interações diárias de seus pra-
ção das equipes, que é natural ao processo ticantes (WHITTINGTON, 1996; JARZA-
democrático. Como no caso anterior, tam- BKOWSKI; SPEE, 2009).
bém esta prática estratégica reforça a or- A adoção da abordagem da estratégia
ganização em rede. Uma das características como prática social possibilitou identificar
das redes é habilitar e promover o fluxo de as práticas estratégicas no contexto da ne-
informações e de conhecimento. Por meio gociação das redes com seus fornecedo-
de práticas estratégicas como esta, as re- res. Jarzabkowski, Balogun e Seidl (2007)
des de cooperação empresarial se tornam ressaltam que as práticas são compreendi-
redes de aprendizagem. das como estratégicas quando produzem
Tecnologia extranet. Há um loop de fee- impacto nos resultados das organizações,
dback positivo entre a difusão e a incidên- possibilitando vantagens competitivas. Por
cia da organização em rede e o emprego meio da análise, é possível perceber que as
de tecnologias da informação e da comuni- três práticas estratégicas permitem a qua-
cação. Também nas redes analisadas se ma- lificação do sistema de negociação da rede,
nifesta esta correlação. O crescimento do gerando maior poder de barganha e ganhos
número de membros das redes e a expan- em escala para as empresas associadas.
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RE, 2008) é confirmado pelas três práticas retrizes para que as redes possam qualificar
estratégicas identificadas e analisadas: to- o sistema de negociação com fornecedores
das reforçam a organização em rede. Este por meio da adoção das práticas estratégi-
modelo de organização favorece um tipo cas analisadas. A principal limitação da pes-
de processualidade horizontal e interativo, quisa refere-se ao fato de que todas as redes
de fluxo contínuo entre conexões variá- analisadas estão concentradas no estado do
veis, ou seja, um tipo de processualidade Rio Grande do Sul, podendo apresentar
que admite imprevistos e até desvios. Por particularidades quanto às características
esta razão, a EPS constitui uma perspectiva culturais da região. No entanto, este estu-
teórico-metodológica especialmente ade- do possibilita que novas pesquisas similares
quada para conduzir pesquisas em redes de sejam realizadas no intuito de identificar e
cooperação empresarial e em outras reali- analisar novas práticas estratégicas ligadas à
dades organizacionais que se fundam sobre negociação ou a outras dimensões da cons-
a organização em rede. trução e contínua reconstrução da estraté-
Por fim, o presente trabalho oferece di- gia nas redes de cooperação.
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PRÁTICAS ESTRATÉGICAS DE NEGOCIAÇÃO EM REDES DE COOPERAÇÃO
REFERÊNCIAS
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