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Nesse sentido, tomando como ponto de partida o que Laville (1999) retoma a respeito
do nascer do conhecimento a partir da observação que o homem primitivo fazia do
mundo e que, a partir de seus instintos primários de sobrevivência, passaram a utilizar
as hipóteses dessas observações a seu favor, tendo em conta a hostilidade do mundo na
época pré-histórica.
A partir disso, é possível pensar no termo tecnologia, bastante difundido a partir das
Revoluções Industriais, mas que tem relação com técnicas empregadas para facilitar a
vida e a convivência do homem com a sociedade e com o mundo. Diante disso,
tecnologia pode ser o desenvolver de conhecimentos capazes de fazer com que o
homem manipule o fogo a seu favor ou a roda, por exemplo. Esses são considerados os
saberes espontâneos, segundo o autor.
A partir dessa definição etimológica das palavras, é possível pensar na tradição como o
conhecimento passado pelos antepassados para as gerações futuras. Pensando também
que na língua de Roma, colo significou eu moro/ eu trabalho/ eu cultivo o campo, e
pensando em cultus relacionado ao culto aos mortos, àqueles que aprenderam a se
alimentar da terra e depois serviram de alimento para ela, e pensar em culturus como
cultura, ensinamentos passados para as gerações posteriores, é possível ter um
vislumbre de quão importante foi a tradição no sentido de produção do saber
espontâneo.
No entanto, esses saberes são pautados apenas na observação do mundo, logo, a tradição
pode transmitir valores e comportamentos que não condizem com a realidade racional
dos fatos. Além disso, nem todos têm o poder de construir saberes espontâneos. Dessa
forma, torna-se cômodo incorporar saberes já transmitidos através da tradição de
determinadas autoridades, como a Igreja, a Família, a Escola e outras instituições
detentoras desse poder. Diante dessa perspectiva, nasce o saber racional, ou seja, os
questionamentos levantados pelos seres humanos, principalmente pelos filósofos, em
relação à observação e percepção do mundo e suas contradições com o que é
considerado senso comum.
Em outras palavras, o positivismo não acredita em ideias inatas, mas na percepção que
se tem da realidade enquanto experiência; na objetividade ― tratar apenas do objeto
estudado e intervir o mínimo possível; na experimentação, pois é através dela que se
confirmam ou se negam as hipóteses surgidas através da observação e a validade que é
apoiada nas ciências matemáticas, mensurando-se os resultados iguais obtidos pela
reprodução repetitiva para generalizá-los, além das leis e previsões ditas as leis da
natureza que submetem também os ser humano.
Émile Durkheim, importante teórico positivista estudado até os tempos atuais afirmava
que era preciso “considerar os fatos sociais como coisas”. Entretanto, os fatos sociais
são mais complexos. Por exemplo, as leis da física são imutáveis, entretanto, os fatos
sociais estão em constante movimento no contexto histórico e social.
Ainda que a realidade das ciências sociais seja complexa, ela segue uma estrutura, ainda
que subjetiva. Basta dominar os conceitos e entender os paradigmas, ou seja, os
modelos para a observação e investigação. Para tanto, é necessário entender a
epistemologia, ou seja, a raiz filosófica do método de conhecimento humano, através da
identificação de fatos relevantes, da formulação de hipóteses acerca do fenômeno
observado, preparação de técnicas empíricas específicas a cada situação.
Além disso, é necessário não só entender esses paradigmas, como substituí-los por
outros. Como na hipótese de galileu que, posteriormente, confirmou-se como o
paradigma mais coerente com a realidade física do mundo, assim como com Newton e a
força gravitacional e Einstein com a relatividade do tempo-espaço.
De acordo com Moreno Lopez (2016), ainda que a realidade das ciências sociais seja
complexa, ela segue uma estrutura, mesmo que subjetiva. Basta dominar os conceitos e
entender os paradigmas, ou seja, os modelos para a observação e investigação.
Ele divide esses paradigmas em três, sendo o primeiro o paradigma positivista, já citado
anteriormente; o segundo o paradigma interpretativo que procura conhecer não a
realidade, mas a interpretação de cada sujeito, ou seja, de que modo cada sujeito ou
sociedade vê a realidade, sendo a percepção a única verdade; e o terceiro paradigma o
construtivismos, que é um pouco mais radical que os outros, pois coloca a realidade
como uma construção social unicamente.
A partir da análise do filme O homem que viu o infinito e tomando como pressupostos
teóricos as concepções dos autores citados, percebe-se a urgência de uma nova
perspectiva do Ocidente em relação ao saber científico.
Durante todo filme, o pesquisador, de origem indiana, está o tempo todo sob provação
de seus conhecimentos e de sua evidente descoberta, chegando até a ser submetido a se
tornar estudante para que haja uma validação Ocidental de seus saberes. Tudo isso por
conta das diferenças culturais e do eurocentrismo científico que promove e promoveu,
ao longo da história, o apagamento do saber Oriental.
Diante do exposto, é possível relacionar os saberes espontâneos, racionais e científicos,
pois um dependeu do outro para acontecerem. Como exemplo, no livro A dança do
Universo (1997), do físico e astrônomo brasileiro Marcelo Gleiser, o autor inicia suas
ponderações acerca da física expondo uma série de mitos de criação do Universo e
como eles foram as primeiras formas de conhecimento do homem em relação a ele
próprio e ao mundo. Aquilo que não se podia explicar, era definido através dos mitos e,
de certa forma, quebrar alguns mitos foi o que desencadeou o que chamamos de ciência
moderna.
Bibliografia Complementar: