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Nova York
Para a condução do estudo, Labov escolheu, não aleatoriamente, como fontes da análise
sistemática, vendedores de lojas de departamento da cidade de Nova York e jornais
onde essas lojas publicavam seus anúncios, tendo a Saks da 5° Avenida como
representante de status superior, a Macy’s, na 6° Avenida, como representante de status
intermediário e a S. Klein, na Broadway, como representante de status inferior, As
fontes de publicação publicitária escolhidas foram o Daily News, que é o jornal lido,
sobretudo, pela classe trabalhadora, onde veiculam a maior parte dos anúncios da
Macy’s e da S. Klein, e o New York Times, com leitores da classe média, onde veiculam
os anúncios das três lojas.
Anterior ao estudo, o que levou Labov a definir os dois objetivos propostos foi a coleta
de dados através de 70 entrevistas individuais e quantidades consideráveis de
observações anônimas em lugares públicos. Através desses dados, notou a presença ou
ausência da consoante /r/ em posição pós-vocálica e a efetividade de observações
rápidas e anônimas no sentido de obter dados de uma comunidade de fala produzidos de
forma mais natural, sem que o método da observação monitorada interferisse.
A partir da colocação do sociólogo Wright Mills, de que “vendedoras em grandes lojas
de departamento tendem a se apropriar do prestígio de seus clientes ou, pelo menos, a
fazer um esforço nessa direção” (Mills, 1956, p.173), Labov escolhe os vendedores para
observar o comportamento a partir da relação hierárquica de status das lojas e dos
postos de trabalho semelhantes. Diante dessa análise, percebe que há uma ligação entre
o cargo de trabalho e o comportamento linguístico do funcionário. Nesse sentido,
espera-se que os vendedores de lojas de status mais alto, apresentem valores mais altos
de /r/; os vendedores de lojas com status mediano apresentem valores medianos de /r/;
os vendedores de lojas com status mais baixo apresentem valores mais baixos de /r/.
O resultado da análise mostra maior valor de /r/ nas lojas de maior status e menor valor
de /r/ nas lojas de menor status. Além disso, mostra a relação dessa variável com as
diferenças na população da loja em relação ao andar da loja, sexo, idade, cargo, raça e
sotaque estrangeiro ou regional. Outra variável, já usada em diversos estudos de
estratificação, é a /th/, sendo a variante mais estigmatizada a oclusiva /t/. Dessa forma,
essa variante também foi observada, tendo como resultado 15 ocorrências na S.Klein, 4
na Macy’s e nenhuma na Saks.
A partir da epígrafe escolhida por Labov, de autoria de John Walker, que ressalta o
caráter de imperfeição do /r/ enquanto consoante, é possível observar variáveis
relacionadas a esse fonema, no português brasileiro (PB), e também relacioná-las à
estratificação social. Nesse sentido, é preciso destacar que o apagamento dos róticos em
codas silábicas é um fenômeno recorrente no PB. Segundo Bortoni (2004, p.173),
“independentemente da forma como o /r/ pós vocálico é pronunciado, essa consoante
tende a ser suprimida quando vem no final de palavras. No entanto, ainda que esse seja
um processo fonológico comum, algumas variantes de apagamento do /r/ pós vocálico
são estratificadas socialmente dependendo da região em que ocorre.
Anexo:
Referências: